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Animação de Jorge Pimentel
Era uma vez um rei que tinha três filhas.  A princesa mais velha  e a princesa do meio eram muito vaidosas, e egoístas.  A princesa mais nova era muito simples e muito bela. O rei, que em tempos tinha sido um dos homens mais ricos do mundo inteiro, estava na miséria porque o seu reino tinha sido atingido por guerras, terramotos, epidemias e desgraças.
Para que o seu povo não sofresse tanto, o rei distribuiu toda a sua riqueza e resolveu pedir ajuda aos reis de outros países. Antes de partir, perguntou a cada uma das princesas que presentes gostariam que lhes trouxesse.
Quero que me tragas um vestido bordado a ouro com a mais fina seda que encontrares. Quero que me tragas um colar com as maiores pérolas que achares.   Tu não pedes nada? A mais bela rosa que encontrares.
Hi! Hi! Hi! Hi! Hi! Hi! O rei acenou com a cabeça e as outras princesas começaram a rir e a troçar do pedido da irmã mais nova.
O rei montou um cavalo branco e partiu de madrugada.  Antes de voltar para o palácio, o rei comprou as prendas que as filhas tinham pedido: Um vestido bordado a ouro e feito com seda muito fina e um colar de pérolas enormes.
Só lhe faltava colher uma rosa para a filha mais nova.  Mas não estava fácil encontrá-la.  Ele queria oferecer-lhe uma rosa como nunca se tinha visto outra igual.
No jardim, cresciam as mais belas rosas que ele já tinha visto. Quando já estava mais perto do seu reino, o rei passou junto de um enorme palácio, cercado por um grande jardim.
O rei desmontou e dirigiu-se à porta principal do palácio e tocou a sineta e esperou que o viessem atender. Mas não apareceu ninguém. Voltou a fazer soar a sineta, uma, duas, dez, vinte vezes, mas ninguém atendeu. Então, o rei resolveu entrar. Caminhando por todo o jardim, bateu palmas, chamou, gritou, mas não encontrou ninguém. Então, curvou-se e, com muita delicadeza, colheu uma bela e perfumada rosa.
Nesse momento, uma enorme serpente saltou do meio das rosas e gritou com voz rouca A quem pediste autorização para colheres essa rosa? Muito assustado e aflito, o rei explicou à serpente tudo o que se tinha passado no seu reino, falou-lhe das filhas e das prendas que elas tinham pedido. Por falares a verdade, podes levar a rosa para a tua filha mais nova.  Mas dou-te três dias para me trazeres aqui a tua filha! Ou então morrerás.
Muito triste com aquela conversa, o rei montou o seu cavalo branco e cavalgou uma noite e um dia até chegar ao seu palácio.
A princesa mais nova recebeu a rosa, fixou os seus olhos nos de seu pai e ficou preocupada por ver um olhar tristíssimo.  Aí chegado, mandou chamar as filhas e entregou-lhes as prendas, não falando com nenhuma delas sobre o que tinha acontecido.
Deixou que as irmãs fossem enfeitar-se para os seus quartos e perguntou ao pai porque é que ele estava assim tão triste, tão magoado. O pai não queria responder. Mas a filha tanto insistiu que o rei, banhado em lágrimas, lhe contou do encontro e da conversa que tivera entre ele e a serpente. Pai, não fiques triste nem preocupado; eu vou ter com a serpente.
E assim aconteceu. Nessa mesma noite, ela montou um cavalo preto e pôs-se a caminho do palácio desabitado, deixando para trás o pai a chorar e as irmãs a rir.
Chegada ao palácio, a princesa ficou admirada com tanta grandeza e tanta riqueza. Desmontou do cavalo e fez como o pai lhe disse: dirigiu-se à porta para fazer soar a sineta. Mas não foi preciso. A porta abriu-se imediatamente.
Com muito medo, a princesa entrou no palácio e procurou gente nas salas, saletas e salões muito limpos e arrumados. Mas não encontrou ninguém. Cansada, acabou por deitar-se numa cama bordada a ouro.
A princesa viu surgir a cabeça duma enorme serpente que deslizava lentamente por debaixo da roupa da cama. Por favor, não tenhas medo de mim. Ai! Já estava quase a dormir, quando sentiu que havia qualquer coisa na cama que mexia e era muito fria. Horrorizada, deu um enorme grito e um grande salto na cama.
Cheia de medo, mas vendo que a serpente não lhe fazia mal, foi-se aproximando dela, muito devagarinho.  A seguir, fez-lhe algumas carícias. Pouco depois, de tão cansada que estava adormeceu.
De manhã, ao acordar, a princesa lembrou-se do que tinha acontecido. Tirou os lençóis e os cobertores da cama, mas não encontrou a serpente. Ela tinha desaparecido.
Olhou para uma mesa e ficou admirada. Por cima de uma branca toalha de linho havia muita comida, sumos variados, chá, leite, muita fruta e muitos doces. Cheia de apetite, a princesa saciou a fome.
E passou o dia a cuidar das belas flores do jardim.
À noite, encontrou a mesa cheia das melhores comidas e, quando se foi deitar, a serpente voltou a aparecer na cama. Já sem medo, a princesa acariciou a serpente e depois adormeceu. E assim se foram passando os dias e os meses.
A certa altura, a princesa acordou com muitas saudades dos seu pai e das suas irmãs.
Quando ia a sair do palácio, ouviu uma voz rouca a dizer. Sim, vai visitar a tua família, mas terás de regressar antes de se terem passado três dias. Sentindo que já não conseguia estar tanto tempo sozinha, resolveu fazer-lhes uma visita.
A princesa montou o seu cavalo preto e cavalgou todo o dia e toda a noite. Quando chegou ao palácio, o seu pai encheu-se de alegria e as irmãs ficaram de boca aberta, muito admiradas. Eram tantas as saudades que a princesa perdeu a noção das horas e dos dias. E quando se lembrou do que a serpente lhe tinha recomendado, ficou muito aflita e partiu a galope.
Quando chegou ao palácio desabitado, já os três dias tinham passado há muito tempo. A princesa entrou no palácio e procurou a serpente por todo o lado. Ao fim de muito procurar, encontrou-a no jardim, no meio das rosas, quase morta e num sofrimento muito grande. Cheia de pena, a princesa pegou na serpente ao colo e, chorando em silêncio, acariciou-lhe todo o corpo. Uma lágrima muito transparente caiu de mansinho no peito da serpente e imediatamente apareceu um enorme clarão azul, vermelho e amarelo.
Quando o clarão desapareceu, a serpente transformou-se num belo príncipe, que lhe disse com a sua voz rouca. Princesa, acabaste de me salvar.  Uma bruxa transformou-me há muitos anos numa horrorosa serpente. E o encanto só acabaria se uma princesa chorasse sobre o meu peito.
Queres casar comigo? Quero.
FIM

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  • 2. Era uma vez um rei que tinha três filhas. A princesa mais velha e a princesa do meio eram muito vaidosas, e egoístas. A princesa mais nova era muito simples e muito bela. O rei, que em tempos tinha sido um dos homens mais ricos do mundo inteiro, estava na miséria porque o seu reino tinha sido atingido por guerras, terramotos, epidemias e desgraças.
  • 3. Para que o seu povo não sofresse tanto, o rei distribuiu toda a sua riqueza e resolveu pedir ajuda aos reis de outros países. Antes de partir, perguntou a cada uma das princesas que presentes gostariam que lhes trouxesse.
  • 4. Quero que me tragas um vestido bordado a ouro com a mais fina seda que encontrares. Quero que me tragas um colar com as maiores pérolas que achares. Tu não pedes nada? A mais bela rosa que encontrares.
  • 5. Hi! Hi! Hi! Hi! Hi! Hi! O rei acenou com a cabeça e as outras princesas começaram a rir e a troçar do pedido da irmã mais nova.
  • 6. O rei montou um cavalo branco e partiu de madrugada. Antes de voltar para o palácio, o rei comprou as prendas que as filhas tinham pedido: Um vestido bordado a ouro e feito com seda muito fina e um colar de pérolas enormes.
  • 7. Só lhe faltava colher uma rosa para a filha mais nova. Mas não estava fácil encontrá-la. Ele queria oferecer-lhe uma rosa como nunca se tinha visto outra igual.
  • 8. No jardim, cresciam as mais belas rosas que ele já tinha visto. Quando já estava mais perto do seu reino, o rei passou junto de um enorme palácio, cercado por um grande jardim.
  • 9. O rei desmontou e dirigiu-se à porta principal do palácio e tocou a sineta e esperou que o viessem atender. Mas não apareceu ninguém. Voltou a fazer soar a sineta, uma, duas, dez, vinte vezes, mas ninguém atendeu. Então, o rei resolveu entrar. Caminhando por todo o jardim, bateu palmas, chamou, gritou, mas não encontrou ninguém. Então, curvou-se e, com muita delicadeza, colheu uma bela e perfumada rosa.
  • 10. Nesse momento, uma enorme serpente saltou do meio das rosas e gritou com voz rouca A quem pediste autorização para colheres essa rosa? Muito assustado e aflito, o rei explicou à serpente tudo o que se tinha passado no seu reino, falou-lhe das filhas e das prendas que elas tinham pedido. Por falares a verdade, podes levar a rosa para a tua filha mais nova. Mas dou-te três dias para me trazeres aqui a tua filha! Ou então morrerás.
  • 11. Muito triste com aquela conversa, o rei montou o seu cavalo branco e cavalgou uma noite e um dia até chegar ao seu palácio.
  • 12. A princesa mais nova recebeu a rosa, fixou os seus olhos nos de seu pai e ficou preocupada por ver um olhar tristíssimo. Aí chegado, mandou chamar as filhas e entregou-lhes as prendas, não falando com nenhuma delas sobre o que tinha acontecido.
  • 13. Deixou que as irmãs fossem enfeitar-se para os seus quartos e perguntou ao pai porque é que ele estava assim tão triste, tão magoado. O pai não queria responder. Mas a filha tanto insistiu que o rei, banhado em lágrimas, lhe contou do encontro e da conversa que tivera entre ele e a serpente. Pai, não fiques triste nem preocupado; eu vou ter com a serpente.
  • 14. E assim aconteceu. Nessa mesma noite, ela montou um cavalo preto e pôs-se a caminho do palácio desabitado, deixando para trás o pai a chorar e as irmãs a rir.
  • 15. Chegada ao palácio, a princesa ficou admirada com tanta grandeza e tanta riqueza. Desmontou do cavalo e fez como o pai lhe disse: dirigiu-se à porta para fazer soar a sineta. Mas não foi preciso. A porta abriu-se imediatamente.
  • 16. Com muito medo, a princesa entrou no palácio e procurou gente nas salas, saletas e salões muito limpos e arrumados. Mas não encontrou ninguém. Cansada, acabou por deitar-se numa cama bordada a ouro.
  • 17. A princesa viu surgir a cabeça duma enorme serpente que deslizava lentamente por debaixo da roupa da cama. Por favor, não tenhas medo de mim. Ai! Já estava quase a dormir, quando sentiu que havia qualquer coisa na cama que mexia e era muito fria. Horrorizada, deu um enorme grito e um grande salto na cama.
  • 18. Cheia de medo, mas vendo que a serpente não lhe fazia mal, foi-se aproximando dela, muito devagarinho. A seguir, fez-lhe algumas carícias. Pouco depois, de tão cansada que estava adormeceu.
  • 19. De manhã, ao acordar, a princesa lembrou-se do que tinha acontecido. Tirou os lençóis e os cobertores da cama, mas não encontrou a serpente. Ela tinha desaparecido.
  • 20. Olhou para uma mesa e ficou admirada. Por cima de uma branca toalha de linho havia muita comida, sumos variados, chá, leite, muita fruta e muitos doces. Cheia de apetite, a princesa saciou a fome.
  • 21. E passou o dia a cuidar das belas flores do jardim.
  • 22. À noite, encontrou a mesa cheia das melhores comidas e, quando se foi deitar, a serpente voltou a aparecer na cama. Já sem medo, a princesa acariciou a serpente e depois adormeceu. E assim se foram passando os dias e os meses.
  • 23. A certa altura, a princesa acordou com muitas saudades dos seu pai e das suas irmãs.
  • 24. Quando ia a sair do palácio, ouviu uma voz rouca a dizer. Sim, vai visitar a tua família, mas terás de regressar antes de se terem passado três dias. Sentindo que já não conseguia estar tanto tempo sozinha, resolveu fazer-lhes uma visita.
  • 25. A princesa montou o seu cavalo preto e cavalgou todo o dia e toda a noite. Quando chegou ao palácio, o seu pai encheu-se de alegria e as irmãs ficaram de boca aberta, muito admiradas. Eram tantas as saudades que a princesa perdeu a noção das horas e dos dias. E quando se lembrou do que a serpente lhe tinha recomendado, ficou muito aflita e partiu a galope.
  • 26. Quando chegou ao palácio desabitado, já os três dias tinham passado há muito tempo. A princesa entrou no palácio e procurou a serpente por todo o lado. Ao fim de muito procurar, encontrou-a no jardim, no meio das rosas, quase morta e num sofrimento muito grande. Cheia de pena, a princesa pegou na serpente ao colo e, chorando em silêncio, acariciou-lhe todo o corpo. Uma lágrima muito transparente caiu de mansinho no peito da serpente e imediatamente apareceu um enorme clarão azul, vermelho e amarelo.
  • 27. Quando o clarão desapareceu, a serpente transformou-se num belo príncipe, que lhe disse com a sua voz rouca. Princesa, acabaste de me salvar. Uma bruxa transformou-me há muitos anos numa horrorosa serpente. E o encanto só acabaria se uma princesa chorasse sobre o meu peito.
  • 29. FIM