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o
Outubro 2010 | N 10 | Ano 93
ISSN1679-0243
Exemplar avulso
R$ 4,90
9771679024000
Confessionalidade
O mosquito e o camelo
Educação
Autismo, uma
realidade também
dentro das igrejas
Testemunho
Vou ligar para o
Papai do Céu
pág. 14 pág. 16 pág. 40
a força da Reforma
A Reforma da Igreja se faz com a
pregação da Lei e do Evangelho
A Palavra
Descontos e prazos especiais
para mais unidades.
Fone: (51) 3272.3456
www.editoraconcordia.com.br
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365 mensagens que vão
fazer a diferença na
sua vida em 2011
Consulte o agente de literatura, o pastor
da sua congregação, ou entre em
contato com a Editora Concórdia.
Reserve já o seu!
34
Educação
Desenvolvimento
infantil e saúde mental
Frente de missão
Ex-futuro padre entra
para a Igreja Luterana
Idosos
É tempo...da melhor idade
Comportamento
Quem ama educa
Nesta edição
08
18
38
Mensagem do presidente 			 05
Vida com Deus					 06
Em foco					 07
Adoração e louvor				 09
Capa						 10
Confessionalidade					 14
Educação						 16
Educação Teológica				 33
Comportamento					 34
O que as congregações fazem			 36
ANEL						 37
Reação do leitor				 39
Do leitor					 41
Notícias						 42
Virando a página				 50
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 3
Nilo Wachholz
Editor-Redator
editor@editoraconcordia.com.br
Ao leitor
Reforma, educação
e testemunho
O Mensageiro Luterano do mês de outubro contempla
temas que dão ênfase à educação – seja na família, na es-
cola, na igreja ou em nosso Seminário. Isto acontece por
outubro ser o mês das crianças, do professor, do Seminário
e da Reforma.
Começamos com a matéria de capa
relembrando a Reforma liderada por
Martinho Lutero, não apenas recontan-
do parte da história, mas apontando
para a verdadeira força que fez esse
movimento de reforma ter êxito – a
Palavra de Deus. Sem ela, Lutero e
seus colaboradores teriam sucumbi-
do em suas lutas teológicas. O texto
mostra que só a correta pregação
e aplicação da Lei e do Evangelho
vão sustentar a caminhada da
Igreja, com fidelidade e sob as
bênçãos do Senhor da Igreja.
Através das páginas relacionadas à educação, sob
diferentes enfoques e situações, queremos ajudar os pais,
professores e educadores nesta grande e nobre missão-desafio
que é educar e formar para a vida. Começamos na família,
continuamos na escola e na igreja. O Seminário também é
lembrado na Mensagem do presidente, na Educação teológica
e no Virando a página. Já antes, no espaço Vida com Deus,
mulheres da bíblia são lembradas como mães dos nossos
pastores e de decisiva participação no despertamento e na
formação ministerial de muitos.
As crianças também têm especial participação nesta edição.
Não só pela lição do Mensageiro das Crianças e os trabalhos
que elas nos enviaram, mas acima de tudo pelo testemunho do
pequeno Rogério Dezzotti da Silva (pág. 40), que hoje já mora
na Casa do Pai do Céu. Fui tocado profundamente por esse
depoimento, transmitido pela vó Izilda, a quem tive a alegria
de conhecer pessoalmente no Culto de Aniversário da Hora
Luterana. Vale a pena ler, refletir, reler e seguir o seu exemplo
de compartilhar a sua experiência de vida com Deus!
No abraço especial que ofereço a avó e mãe do Rogério,
pequeno em estatura, mas grande na fé, abraço a todos os
leitores do Mensageiro Luterano!
Até a próxima edição, se Deus assim o permitir!
Fotos:LeandroR.Camaratta
4 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Prêmio Areté
Concórdia
E d i t o r a
ISSN 1679-0243
Órgão Oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)
de periodicidade mensal (exceto janeiro e fevereiro - edição
única). Registrado sob nº 249, livro M, nº 1, em dezembro de
1935, no Registro de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro,
conforme o Decreto-Lei de Imprensa nº 24776 de 14/07/1934.
Projeto e Produção Gráfica
Editora Concórdia Ltda.
Redação: mensageiro@editoraconcordia.com.br
Editor
Nilo Wachholz - Reg. Prof. MTb: 42140/SP
Assistente Editorial
Daiene Bauer Kühl - Reg. Prof. MTb: 14623/RS
Revisão
Aline Lorentz Sabka
Diagramação
Leandro da Rosa Camaratta
Estagiário de Design
Christian Schünke
Colaboradores fixos
Bruno Ries, Luisivan Vellar Strelow
Marcos Schmidt, Mona Liza Fuhrmann,
Rosemarie K. Lange, Vitor Radünz, Waldyr Hoffmann
Assinaturas
Lianete Schneider de Souza
Logística
Marcelo Azambuja
Tiragem desta edição: 9 mil exemplares
A Redação reserva-se o direito de publicar ou não o material a
enviado, bem como editá-lo para fins de publicação. Matérias
assinadas não expressam necessariamente a opinião da Redação
ou da Administração Nacional da IELB. O conteúdo do Mensa-
geiro pode ser reproduzido, mencionados o autor e a fonte.
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Diretoria Executiva
Henry J. Rheinheimer (presidente),
Clóvis J. Prunzel, Nilo Wachholz,
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Gerente
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Depto Financeiro
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Comissão Editorial
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Diretoria Nacional 2010/2014
Presidente
Egon Kopereck
1º Vice-presidente
Arnildo Schneider
2º Vice-presidente
Geraldo Walmir Schüler
Secretário
Rubens José Ogg
Tesoureiro
Renato Bauermann
A IELB crê, confessa e ensina que os livros canônicos das
Escrituras Sagradas, do Antigo e do Novo Testamento, são a
Palavra infalível revelada por Deus e aceita, como exposição
correta dessa Palavra, os livros simbólicos da Igreja Evangélica
Luterana, reunidos no Livro de Concórdia do ano 1580.
IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL
Assinatura no Brasil
Semestral R$ 29,00; Anual R$ 46,00; Bianual R$ 86,00
Assinatura para outros países
Anual US$ 52,00; Bianual US$ 100,00
A Editora Concórdia recebeu,
no dia 19 de agosto, o Prêmio
Areté de Literatura – prêmio da
excelência no meio editorial cris-
tão. Em cerimônia realizada em
São Paulo, durante o Congresso
da Associação de Editores Cristãos
(ASEC), o editor, pastor Nilo Wa-
chholz, recebeu o troféu pelo livro
premiado, Teologia e prática de
métodos evangelísticos, de Anselmo
Graff (organizador) na catego-
ria Evangelização/Nacional.
De acordo com o editor, o prêmio
foi festejado por todos os presentes.
“Eles torceram muito por nós, que
participávamos pela primeira vez.
Havia muita gente, inclusive a presi-
dente da CBL (Câmara Brasileira do
Livro), o que foi inédito também”.
A Editora Concórdia participou com
seis obras, sendo que foram finalis-
tas os livros: O homem sem medo,
de Decio Dalke, na categoria Bio-
grafia/Nacional; e A Epístola aos
Gálatas, de Paulo Flor, na categoria
Comentário/Nacional.
Ao todo, concorreram mais de
400 obras, em 30 diferentes catego-
rias. Os trabalhos foram avaliados
por 170 julgadores, sem vínculos
com as editoras concorrentes.
O Congresso anual da ASEC
aconteceu durante a 21ª edição
da Bienal Internacional do Livro
de São Paulo, que foi memorável
para as editoras cristãs, pelo nú-
mero expressivo de participantes.
As editoras cristãs filiadas a ASEC
ocuparam o maior espaço da feira.
Durante o Congresso, convidados
que são referência no meio do livro
compareceram para falar de perfil
e tendências do leitor cristão, dos
desafios do livro digital para as
editoras cristãs, além de gestão,
vendas e empreendedorismo.
Editora Concórdia
conquista prêmio
PRÊMIOARETÉ2010
Daiene Bauer Kühl
Equipe Editorial Concórdia
Foto: Arquivo Editora Concórdia
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 5
Mensagem do presidente
Egon Kopereck
Pastor, presidente da IELB
presidente@ielb.org.br
O
utubro é o mês da educação
teológica. Você já agradeceu ao
Senhor por ter um Seminário que
prepara pastores para cuidar, pastorear
e zelar pelo povo de Deus? Você já agra-
deceu a Deus porque neste Seminário há
professores, que foram abençoados por ele
com um dom especial? Que se prepararam,
estudaram, se tornaram mestres, alguns
doutores, para poderem assim servir na
preparação de outros? Você já pensou na
possibilidade de estimular alguém a estu-
dar no Seminário e se tornar um pastor
da Igreja? Você já pensou em patrocinar
os estudos de alguém nesta caminhada
rumo ao ministério? Você tem orado pelo
seu pastor, pela pregação do Evangelho
em sua Comunidade, no Distrito, na IELB
e especialmente nas frentes de missão?
Eis algumas perguntas que merecem
reflexão e atenção.
O pastor
Vejo, praticamente em cada exemplar
do nosso Mensageiro Luterano, o pastor
A educação teológica
é o destaque do mês
Benjamin Jandt na função de provedor
para o nosso Seminário. O pastor Jandt
sempre fala, estimula e busca apoio ao
nosso Seminário, à formação dos nossos
teologandos, destacando a importância
do ministério. E de fato, um pastor é uma
benção para a Igreja.
Vejo congregações sofrendo por não
terem um pastor. Vejo comunidades cla-
mando por bons pastores. Jesus, em Mar-
cos 6.34, se compadeceu de uma multidão,
porque pareciam como ovelhas sem pastor.
Um pastor é um guia, alguém que orienta,
que equipa, que prepara, que consola,
que corrige, exorta, repreende com toda
a longanimidade e doutrina (2 Tm 4.2).
E ele o faz como alguém que deve prestar
contas desse seu ministério (Hb 13.17).
Isso é uma benção que muitas vezes é
pouco valorizada e reconhecida.
A comunidade
Querido povo de Deus! Em primeiro
lugar, lembrem sempre de orar pelo vosso
pastor, para que ele, como disse o apósto-
lo Paulo em
Efésios 6.19,
tenha sem-
pre coragem
e ousadia de
abrir a boca
e anunciar a
mensagem
do amor de
Deus em toda
a sua pureza
e verdade.
Em segundo
lugar, deem
apoio a ele.
Incentivem o
seu trabalho.
Não esque-
çam que o pastor não é nenhum super-
homem. Ele é um ser normal, com fra-
quezas e defeitos. Saibam compreende-lo.
Digam-lhe uma palavra de ânimo. Estejam
prontos para ampará-lo, assim como fize-
ram Arão e Hur com Moisés (Êx 17.12).
Deem-lhe o reconhecimento também
no salário, pois “digno é o trabalhador do
seu salário” (1 Tm 5.18).
Resultados
Valorizando o seu pastor, ele, certa-
mente, fará o seu trabalho com mais ale-
gria. Além disso, você estará estimulando
seu filho, os jovens da sua Congregação,
a pensar no ministério como algo bom,
prazeroso, digno. Uma grande honra!
Seminário Concórdia
Parabéns ao nosso Seminário pelos
seus 107 anos desde a sua fundação. Que
Deus abençoe esta nossa casa de profe-
tas. Que Deus abençoe nossa IELB, para
que sempre tenhamos bons professores,
bons alunos e, desta maneira, pastores
fiéis e dedicados.
Conselho Diretor
Teremos agora, entre os dias 9 e 12 de
outubro, a reunião do Conselho Diretor. O
planejamento, a organização, os trabalhos
da nossa querida Igreja estarão lá, sendo
avaliados, debatidos e decididos.
Orem pelas reuniões e decisões do
Conselho Diretor.
Um grande abraço a nossa que-
rida Igreja! m
Fotos:ArquivoEditoraConcórdia
6 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Vida com DeusVida com Deus
Luisivan Vellar Strelow
Ana, Maria, Eunice e as
mães dos pastores na igreja
Sua mãe lhe fazia uma túnica pequena e, de ano em ano, lha tra-
zia... o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do SENHOR
e dos homens. 1 Samuel 2.19,26
Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no
coração. E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante
de Deus e dos homens. Lucas 2.51,52
Tua avó Lóide... tua mãe Eunice.... Desde a infância sabes as sa-
gradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé
em Cristo Jesus. 2 Timóteo 1.5; 3.15
O
menino Samuel tornou-se mi-
nistro do Senhor (1 Sm 3.21); o
menino Jesus ensinou no templo
(Lc 2.46,47); desde a infância, Timóteo
conhecia as Escrituras (At 16.1-3; 1 Tm
4.12); Jeremias, quando chamado, se
disse uma criança (Jr 1.6). Mas o que eles
tinham em comum? A graça de Deus esta-
va sobre todos eles (1 Sm 2.26; Jr 1.8,9;
Lc 1.52; At 16.1; 1 Tm 4.14).
Ana, a cada ano, tecia uma nova
túnica para Samuel, o qual crescia em
estatura e favor diante de Deus e dos
homens (1 Sm 2.26); Maria guardava
no coração as palavras: “Não sabíeis que
me cumpria estar na casa de meu Pai?”
(Lc 2.49); Eunice enviou Timóteo como
evangelista (At 16. 1-5; 2 Tm 2.1).
As Anas, Marias e Eunices de hoje são as
mães dos pastores na igreja. Muitas delas,
já idosas, cedo deixaram ir seus filhos, para
que se formassem ministros da Palavra de
Deus. São mães que oram fervorosamente,
como Ana; que servem humildemente,
como Maria; e que educam seus filhos na
Palavra de Deus, como Eunice. São mães
que zelam para que seus filhos não cres-
çam apenas em estatura, mas também em
sabedoria e graça diante do Senhor e dos
homens. Dentre esses, muitos são arregi-
mentados para o bom combate da pregação
do Evangelho (2 Tm 2.3,4).
Asfamíliaspiedosassãoomelhorseminá-
rio. Pois um “seminário” nada mais é do que
uma“sementeira”oucanteiro,ondesedepo-
sitam sementes ou se preparam mudas.
Os primeiros professores de teologia,
temos em nossa própria casa: “desde a
infância, sabes as sagradas letras” (2 Tm
3.15). Firme alicerce teológico dos pasto-
res é a instrução de suas mães (Pv 1.8).
Pois com verdadeira fé no Senhor Jesus,
elas cultivam sementes para o Reino de
Deus (2 Tm 1.5). As mães de pastores
oram para que seus filhos sejam bons
soldados de Cristo (1 Sm 2.4; Lc 1.51; 2
Tm 2.3,4), que manejem bem a Palavra
da Verdade, que é a espada do Espírito (2
Tm 2.15; Ef 6.17).
Para formar soldados que, na vida e no
ministério, usam apenas “as armas da luz”
(Rm 13.12), não basta um bom curso de
teologia... É preciso de mães que confiam,
oram e servem a Deus. Pois, o Senhor dos
Exércitos escolhe seus soldados muito
cedo: antes que eu te formasse no ventre
materno, eu te conheci, e, antes que saísses
da madre, te consagrei, e te constituí por
profeta às nações (Jr 1.5).
Quandoosfilhospartemparaamissão,as
mães cristãs celebram o poder e a vitória do
Senhor (1 Sm 2.4; Lc 1.51). Sua esperança
estáemDeus,enãoempoder,nememrique-
zas terrenas (Hb 11.35; 1 Sm 2.5; Lc 1.53).
É delas também a oração de Ana: Por este
menino orava eu... Pelo que também o trago
aoSENHOR,portodososdiasqueviver;pois
do SENHOR o pedi (1 Sm 1.27,28). E Deus,
queamparouaAna,tambémnãodeixaessas
mães desamparadas (1 Sm 2.21). São para
nós e para elas as palavras de Jesus: eis aí teu
filho... eis aí tua mãe (Jo 19.27).
Paulo nos deixa um exemplo de como
honrar as mães de pastores na igreja: saudai
a Rufo, esse eleito do Senhor e sua mãe, que
é também a minha (Rm 16.13).
Se,emnossascongregações,temosmães,
especialmente as mais idosas, de pastores
servindo ao Senhor em lugares distantes,
sejamos nós, para elas, o seu filho e a sua
filha.Lembremosqueelassão,paranós,Ana,
Eunice e Maria.
“Os primeiros professores de teologia, temos em nossa própria casa
_
‘desde a infância, sabes as sagradas
letras’ (2 Tm 3.15). Firme alicerce teológico dos pastores é a instrução de suas mães (Pv 1.8). Com verdadeira
fé no Senhor Jesus, elas cultivam sementes para o Reino de Deus (2 Tm 1.5).”
Luisivan Vellar Strelow. Pastor,
filho de Lili (família Vellar).
Colaborador do ML
m
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 7
Em foco
Pastor da IELB em Novo Hamburgo, RS
Colaborador do ML
marsch@terra.com.br
Marcos Schmidt
Q
uando os Estados Unidos invadi-
ram o Iraque em 2003, busquei
na parábola do joio a sabedoria
de Jesus, para dizer que George W. Bush
cometia um grande erro. Foi no artigo O
joio e a guerra – aqui mesmo, nesta colu-
na. Na famosa história, os empregados
perguntam ao patrão: “O senhor quer que
arranquemos o joio?” A resposta veio logo:
“Não, porque quando vocês forem tirar o
joio, poderão arrancar também o trigo”
(Mateus 13.29). Sete anos depois, os sol-
dados americanos deixam o Iraque e, nas
areias do deserto, o trigo queimado junto
ao joio – a vida ceifada de 100 mil civis, 13
mil soldados iraquianos, 4.446 soldados
americanos e 40 mil feridos. Um rastro de
destruição e de incertezas, além da própria
expansão terrorista dos extremistas muçul-
manos no mundo inteiro, em represália à
invasão desse território islâmico.
Vejo algo semelhante acontecendo
no âmbito religioso cristão, numa guer-
ra entre a moralidade e a imoralidade,
a santificação e o pecado. Em meio aos
violentos ataques contra as torres das
leis morais, o grande perigo é invadir o
território do outro com armas humanas
e truculentas. Igual à espada de Pedro
que arranca a orelha do soldado, mas
que recebe a reprimenda de Jesus: “Você
não sabe que, se eu pedisse ajuda ao meu
Pai, ele me mandaria agora mesmo doze
exércitos de anjos?” (Mateus 26.53). Tais
palavras deveriam tranquilizar os seguido-
res do Mestre, que, no desejo de defender
a vontade divina, podem menosprezar o
poder do Evangelho.
A grande missão da Igreja sempre será
semear e não ceifar, evangelizar e não mora-
lizar. Por isso, a explicação da parábola por
aquele que a proferiu: “Quem semeia a boa
semente é o Filho do Homem. O terreno é
o mundo. A boa semente são as pessoas que
pertencem ao Reino; e o joio, as que per-
tencem ao Maligno. O inimigo que semeia
o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim
dos tempos, e os que fazem a colheita são os
anjos”(Mateus13.37-39).Bastaaodiscípulo
ser a boa semente que germine, cresça e
frutifique; e deixar que os anjos separem o
joio do trigo e façam a colheita.
Dias atrás, um pastor norte-americano
tentou, ele mesmo, separar o joio do trigo.
Felizmente, desistiu de queimar exem-
plares do Alcorão, o que aumentaria a
intolerância religiosa. No site desta Igreja,
afirma-se: “Devemos nos levantar contra
o pecado e chamar as pessoas ao arre-
pendimento. O aborto é um homicídio. A
homossexualidade é um pecado. Devemos
chamar essas coisas do que são e anunciar
ao mundo a verdadeira mensagem: Jesus
é o caminho, a verdade e a vida”. Isto
que pregam está na Bíblia e é a mais pura
verdade. No entanto, tem um problema:
a forma como anunciam transforma o
Evangelho em mentira.
“Não, porque quando vocês forem
tirar o joio, poderão arrancar também o
trigo” é uma ordem, igual ao “vão por
todo o mundo e preguem o Evangelho”.
Desobedecer este imperativo é arrancar o
trigo em vez de colhê-lo. É semear o ódio
no lugar do amor, a injustiça no lugar da
justiça, a Lei no lugar do Evangelho. É
voltar para casa igual aos soldados que
estão saindo do Iraque.
“A grande missão da
Igreja sempre será semear
e não ceifar, evangelizar
e não moralizar. Por isso,
a explicação da parábola
por aquele que a proferiu:
“Quem semeia a boa
semente é o Filho do
Homem. O terreno é o
mundo. A boa semente
são as pessoas que
pertencem ao Reino, e o
joio, as que pertencem ao
Maligno. O inimigo que
semeia o joio é o próprio
Diabo. A colheita é o fim
dos tempos, e os que
fazem a colheita são
os anjos.”
Joio,
trigo
e o Iraque
m
Foto:ArquivoEditoraConcórdia
8 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Idosos
Fabrício Sobrosa Iung,
pastor da IELB em Simões Filho, BA
É tempo... da melhor idade!
H
á muito tempo, o cantor sertanejo
Sérgio Reis escreveu esta música:
“Conheço um velho ditado, que
é de muito tempo dos atrás. Diz que um
pai trata dez filhos, dez filhos não trata um
pai. Sentindo o peso dos anos sem poder
mais trabalhar, o velho, peão estradeiro,
com seu filho foi morar. O rapaz era casado
e a mulher deu de implicar. ‘Você manda o
velho embora, se não quiser que eu vá.’ E
o rapaz, de coração duro, com o velhinho
foi falar: ‘Para o senhor se mudar, meu pai
eu vim lhe pedir. Hoje aqui da minha casa
o senhor tem que sair, leve este couro de
boi que eu acabei de curtir pra lhe servir de
coberta aonde o senhor dormir’. O pobre
velho, calado, pegou o couro e saiu, seu
neto de oito anos que aquela cena assistiu
correu atrás do avô, seu paletó sacudiu
metade daquele couro, chorando ele pe-
diu. O velhinho, comovido, pra não ver o
neto chorando partiu o couro no meio, e
pro netinho foi dando. O menino chegou
em casa, seu pai foi lhe perguntando. ‘Pra
quê você quer este couro que seu avô ia
levando?’ Disse o menino ao pai: ‘um dia
vou me casar. O senhor vai ficar velho e
comigo vem morar. Pode ser que aconteça
de nós não se combinar, essa metade do
couro vou dar pro senhor levar”.
No dia 1° de outubro, comemoramos o
dia dos idosos. Celebrar este dia significa
celebrar a experiência de vida, reconhecer o
valordasabedoriaadquirida,nãoapenasnos
livros,ounasescolas,masnoconvíviocomas
pessoas e com a própria natureza. Significa
valorizar mãos calejadas e rostos enrugados
pela experiência de uma vida inteira.
Infelizmente, não é isso o que temos
vivido neste mundo. Em nossa sociedade
atarefada e sempre atrasada, parece não
sobrar mais tempo para ouvirmos e valo-
rizarmos aqueles que já vivem na “melhor
idade”. Nossos velhos são desprezados, e
nós perdemos a chance de aprender com a
história viva que eles podem nos ensinar.
Como seria bom se aprendêssemos
com os orientais, que cuidam e valorizam
muito os idosos e as crianças. Eles sabem
que, sem a história que os idosos viveram
e sem o futuro que as crianças irão viver,
o mundo acabará.
A Bíblia Sagrada nos diz que só há uma
forma de alcançarmos um coração sábio:
“aprendendo a contar os nossos dias”. Que
verdade esplêndida! Quando aprendermos
a valorizar cada uma das nossas experiên-
cias, quando aprendermos a viver intensa-
mente cada um dos nossos minutos, é que
alcançaremos um coração sábio.
Queremos viver intensamente e aca-
bamos, muitas vezes, fazendo besteiras;
enquanto pouco seria necessário, muito
queremos fazer. Como seria bom se pudés-
semos viver intensamente enquanto somos
jovens, mas na nossa juventude ainda não
aprendemos a contar os nossos dias. E
quando por fim alcançamos um coração
sábio, já não temos muito vigor.
Que nós, enquanto jovens, possamos
valorizar e amar aqueles que já alcançaram
um coração sábio. Que nós, antes de lhes
dar um pedaço de couro de boi, possamos
lhes dar nosso carinho nosso amor e nossa
atenção. Que nós possamos valorizar o seu
coração sábio e que aprendamos a viver
com os nossos avós.
E que, quando alcançarmos nossa ve-
lhice, possamos viver intensamente, com
leveza de coração, com sabedoria, e com-
partilhando com todos nossa vida, nossas
histórias. Mostrando a todos, especialmente
aosjovens,comoébomalcançarumcoração
sábio, pois os dias passam, a beleza e a vai-
dade ficam para trás, mas as mãos calejadas
mostram a verdadeira sabedoria.
Por isso, é tempo de amar, de valorizar e
viver de forma completa a melhor idade.
Fabrício Sobrosa Iung
Senhor, que eu aprenda a
contar os meus dias e possa
alcançar um coração sábio.
Que eu valorize os idosos e que
possa mostrar a todos os que
nos rodeiam como é bom e
maravilhoso estar dia após dia
na tua presença. Amém!
m
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 9
Adoração e louvor
David Karnopp
As cruzes do templo
O que é importante saber sobre o uso da cruz na igreja?
A
cruz é o símbolo que mais iden-
tifica a presença do cristianismo
em todo mundo. Desde o início da
Igreja Cristã, ela foi usada para identificar
templos, instituições e cemitérios. É tam-
bém costume antigo usá-la como adorno
pessoal, pendurada ao pescoço. Hoje, ela
continua sendo uma das melhores formas
de identificar a presença da fé cristã.
Ao longo da história, foram desenvol-
vidos diversos estilos de cruzes. No meu
livro A dinâmica do culto cristão (Editora
Concórdia), mais precisamente no último
capítulo, tem uma parte que fala sobre
estilos de cruzes. Neste espaço, vou falar
apenas sobre as formas de cruzes mais
usadas na IELB.
Alguns evangélicos e pentecostais não
admitem qualquer forma de cruz. Alegam
que o uso dela é uma adoração a um objeto,
o que seria idolatria. Há pessoas que usam
a cruz como espécie de amuleto, que serve
para proteger contra perigos e até “mau
olhado”. A falta de conhecimento sobre o
significado e importância da cruz
pode levar a distorções.
O Crucifixo
É a cruz com o corpo de Cristo
esculpido. Ele enfatiza a natureza
humana de Cristo e o seu sacrifício
por nós. Um crucifixo sempre nos
lembra que Cristo morreu por nós,
para que tivéssemos perdão e sal-
vação. Porém, ele também lembra
que a nossa vida aqui na terra ainda
está sob a cruz. Muitos entendem
que, após a ressurreição de Jesus,
o cristão não tem sofrimentos e
que sua vida é sempre alegre, mas
a Palavra de Deus condena esta
interpretação. Jesus diz que, para
ser discípulo dele, é preciso tomar
a cruz e carregá-la.
Algumas igrejas até admitem
o uso da cruz, mas apenas a cruz vazia e
não o crucifixo. Dizem que o importante é
anunciar o Cristo ressurreto. “Nós prega-
mos o Cristo crucificado”, diz o apóstolo
Paulo (1 Co 1.23). Ao dizer isso, Paulo
lembra que a obra salvadora de Cristo
culminou com o seu sacrifício na cruz e
que, sem ele, não haveria vitória.
No templo, o melhor lugar para o
crucifixo é em cima do altar, um pouco à
frente da cruz vazia, pois o altar sempre
lembra o sacrifício dos animais no Antigo
Testamento. Como Cristo é o perfeito Cor-
deiro sacrificado por nós, estes sacrifícios
não são mais necessários. Lembrando o
sacrifício de Jesus por nós, o crucifixo é o
ornamento mais importante do altar.
A Cruz Vazia
Lembra a ressurreição e a vitória de
Jesus sobre o pecado e a morte. Seu maior
propósito é dizer que Cristo vive e que nós,
pela fé, viveremos com ele. Ela sempre
serve de consolo para o povo de Deus,
pois tem nela um símbolo da esperança
pela ressurreição.
Dentro da igreja, a cruz vazia deve ficar
por trás do altar e sobressaindo acima dele,
dando a ideia de que, após a ressurreição,
Jesus subiu ao céu. Na frente dela está o
crucifixo, geralmente menor. Assim, quem
olha de frente para o altar, visualiza o cru-
cifixo e lembra que sua caminhada ainda
está sob a cruz, mas já pode levantar os
olhos e, ao visualizar a cruz vazia, pode
estar certo da sua ressurreição e vida eter-
na com Jesus no céu.
A Cruz da Procissão
Em festividades especiais, por ocasião
da entrada dos ministros e dos oficiantes,
pode-se usar uma cruz “processional”. Ela
é composta de uma cruz pequena, inserida
numa haste de metal. Na procissão de en-
trada, ela deve ir à frente e sobressair a tudo
e a todos, para mostrar que é por causa de
Cristo que podemos prestar culto a Deus. É
conveniente que o portador da cruz cubra-se
com uma sobrepeliz.
A Cruz da IELB
A cruz que identifica a IELB é bastante
conhecida em todo Brasil. Ela é um
logotipo de uma instituição e não
de toda a Igreja Cristã. Sua função é
identificar a IELB e não a Igreja Cristã
numtodo.Assim,ébomqueelaesteja
emlugaresvisíveis,comonasfachadas
de templos, nas torres, portas e placas
das igrejas e em adesivos. Em alguns
templosdaIELB,elaestáafixadaatrás
doaltar,quenãoéomelhorlugarpara
ela. Lá, deveria estar a cruz vazia e o
crucifixo, que são símbolos litúrgicos
universais,osquaispertencemàIgreja
Cristã de todos os tempos. O altar e
seus ornamentos devem lembrar a
obra de Cristo em favor do pecador,
enquanto que a cruz da IELB quer
apenas identificar uma instituição.
David Karnopp, pastor em Vacaria, RS
Membro da Comissão de Culto da IELB
m
Foto: Marcelo Kortz
Fotos:ArquivoEditoraConcórdia
10 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Capa
A
A Reforma da Igreja se faz com a pregação da Lei e do Evangelho,
porque somente a Lei e o Evangelho produzem o verdadeiro
arrependimento e a verdadeira mudança de vida.
Mensageiro Luterano - Qual o contexto histórico-
teológico da Reforma liderada por Martinho Lutero?
Luisivan Velar Strelow - A Reforma da Igreja era um sonho
antigo. Bernardo de Claraval (1090-1153) já havia anunciado que,
tendo passado a era dos mártires e a dos doutores, viria a era
dos reformadores. A falsa segurança dos cristãos, o esfriamento
da fé e a acomodação ao mundo ameaçariam a Igreja no fim dos
tempos. Os reformadores seriam pregadores do arrependimento,
como João Batista.
O clamor pela reforma, na época de Lutero, havia crescido
muito. No ano em que Lutero publicou as 95 Teses, terminava
um concílio sobre a Reforma da Igreja.
As ordens religiosas também promoviam reformas internas,
inclusive a de Lutero. Sua viagem a Roma, em 1510, havia sido
para resolver assuntos ligados à reforma da ordem. João Staupitz,
superior e responsável pela formação teológica de Lutero, era
um reconhecido pregador da Reforma da Igreja e da renovação
da piedade monástica. Erasmo de Roterdã e outros humanistas
promoviam a Reforma da Igreja pela renovação dos estudos
bíblicos e teológicos.
Lutero não se tornou reformador aos denunciar os abusos da
Igreja. Ao contrário, a formação de Lutero fez dele um reformador,
ou seja, a “descoberta” do Evangelho fez dele o “Reformador”.
Reforma da Igreja
força da Palavra
acontece pela
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 11
ML – Qual a mensagem central (e es-
tratégica) de Lutero na condução deste
movimento reformista?
Strelow - Como reformador, Lutero con-
frontou os vendedores de indulgências. Para
ele, a humildade e a cruz eram o caminho do
cristão. As indulgências, contudo, promoviam
o desprezo à verdadeira penitência ou arrepen-
dimento cristão.
A Reforma, para Lutero, não era assunto ex-
clusivo da alta hierarquia da Igreja, mas de cada
pastor no cuidado do rebanho que lhe havia sido
confiado. Lutero, desde a chegada a Wittenberg,
em 1511, conduziu a Reforma em sua esfera de
ação, no mosteiro, na igreja e na universidade.
Em Romanos 12.1, 2, Paulo chama os cris-
tãos a não se conformarem ao mundo, mas
a deixarem-se transformar pela pregação da
Palavra de Deus. Na antiga tradução latina, o
texto diz: “reformai-vos pela renovação do vosso
pensamento”. O apóstolo repete o “arrependei-
vos” da pregação de Jesus e dos apóstolos (Mt
4.17; At 2.38; cf. Mt 3.2). Lutero sempre foi, sob
este aspecto, um reformador.
Aos ouvintes na igreja, Lutero pregava contra
a piedade, baseado em obras exteriores sem
renovação interior;
Aos alunos, na universidade, ensinava que
Paulo, na Carta aos Romanos, queria destruir
toda confiança em obras e conduzir os homens
unicamente à fé em Cristo;
Aos frades agostinianos, ensinava que a teolo-
gia da glória busca a justificação por obras, mas
que a teologia da cruz busca justificação interior,
pela fé em Cristo;
Nas 95 Teses, ensinou a todos que o papa
poderia dispensar os cristãos apenas dos castigos
impostos pela Igreja, jamais do arrependimento
ou da cruz. A teologia das 95 Teses era, deste
modo, essencialmente reformatória, pois cha-
mava os cristãos da confiança em obras e coisas
exteriores, como a compra de indulgências, para
a confiança na graça de Deus em Cristo.
ML – Lutero pode ser caracterizado
mais como teólogo (pesquisador) ou
como pastor (pregador)?
Strelow - No estudo da teologia de Lutero,
as 95 Teses foram relegadas a um segundo pla-
no. A redescoberta de manuscritos de Lutero,
no início do século XX, deu força à tendência
de estudar Lutero como um pesquisador bíblico
moderno e não como um pregador do arrepen-
dimento do final da idade média.
Muitos estudos enfatizaram a nova metodo-
logia de interpretação bíblica de Lutero, ou a
sua peregrinação intelectual de ruptura com a
teologia medieval. Em vista disso, o confronto
com os vendedores de indulgências e com as
autoridades eclesiásticas teriam servido apenas
para afastar Lutero do seu trabalho de pesquisa
bíblica e das aulas na universidade.
O centro do debate acadêmico, no século
passado, foi ocupado pela questão da gênese
ou origem da teologia de Lutero, especialmente
em relação à descoberta da doutrina justificação
pela fé em Romanos 1.17. A pesquisa sobre-
valorizou os textos acadêmicos de Lutero, as
anotações que fez sobre os textos bíblicos em
preparação para suas aulas, em detrimento das
teses e de outros escritos da época. Nestes textos,
estariam os vestígios do progresso teológico de
Lutero em direção à descoberta que teria feito
dele o Reformador.
ML – Como Lutero chegou a compre-
ensão da chamada justiça de Deus?
Strelow - Segundo o relato de Lutero, ele
começou expondo os Salmos (1513-1514),
mas sentiu-se pouco preparado para a tarefa.
Em vista disso, concentrou seus esforços no
estudo e ensino de Romanos, Gálatas e Hebreus
“A Reforma, para
Lutero, não era
assunto exclusivo
da alta hierarquia
da Igreja, mas
de cada pastor
no cuidado do
rebanho que lhe
havia sido confiado.
Lutero pregava
para reformar a
Igreja na sua esfera
de atuação: no
mosteiro, na igreja
e na universidade
em Wittenberg.”
“
Foto:LeandroR.Camaratta
12 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Capa
(1514-1518), antes de voltar a lecionar sobre
os Salmos (1519-1521).
A dificuldade estava no termo justiça de Deus,
que Lutero compreendia como a punição de Deus
aos pecadores. As palavras: “a justiça de Deus
se revela no Evangelho, de fé em fé, como está
escrito, o justo viverá por fé” (Rm 1.17) estavam
lacradas para Lutero, porque ainda interpreta-
va o termo justiça de Deus em sentido jurídico
(latino) de punição, e não em sentido teológico
(hebraico) de misericórdia.
Em sentido jurídico-latino, o termo justiça de
Deus significa a justiça com a qual Deus pune os
pecadores. Já, em sentido teológico-hebraico, a
expressão deve significar a justiça com a qual
Deus salva os pecadores, a justiça de Cristo, o
Cordeiro de Deus.
A justiça de Deus revelada no Evangelho é
a que recebemos de Deus pela fé (justiça pas-
siva), não a que Deus exige de nós por meio
de obras (justiça ativa). Em outras palavras, o
Evangelho não revela a dívida do cristão diante
de Deus, mas o presente gratuito de Deus para
o cristão.
A justiça de Deus é Cristo, o Cordeiro de Deus,
e sua obra redentora. O Evangelho que revela a
justiça de Deus é a mesma palavra de absolvição
dita ao pecador arrependido na confissão ou
penitência. O Evangelho é a promessa de per-
dão dos pecados por causa de Cristo, não uma
exigência de novas obras de satisfação.
A doutrina medieval colocava as obras huma-
nas dentro da justificação, induzindo os cristãos,
segundo Lutero, à insegurança quanto à graça
de Deus. Os cristãos não eram levados a colocar
sua confiança no fundamento firme da graça
de Deus e da obra redentora de Cristo, mas nas
areias inconstantes das obras humanas.
Na prática penitencial (confessionário), central
na vida da Igreja da época, o conforto do Evangelho
estava soterrado debaixo do medo de não estar sufi-
cientemente arrependido, ou de ter deixado algum
pecado de fora da confissão, ou de não ter feito
obras suficientes para merecer a vida eterna.
Da prática pastoral, no confessionário e no
púlpito, e da prática acadêmica, em suas leituras
e aulas, Lutero descobriu a importância de dis-
tinguir corretamente entre Lei e Evangelho.
ML – Qual a importância da correta
distinção entre Lei e Evangelho?
Strelow - Lutero aprendeu a separar a jus-
tiça do Evangelho, recebida pela fé, da justiça
da Lei, feita de obras.
... a verdadeira Reforma da Igreja é
diária. A Reforma da Igreja está em
curso em toda casa, igreja e escola
onde a Palavra de Cristo é pregada.
Pais e mães, professores, pastores são
os verdadeiros reformadores da igreja:
uma família reunida em oração e estudo
bíblico, segundo Lutero, é um verdadeiro
concílio reformador da Igreja; um
professor contando histórias bíblicas para
seus alunos, ou um pastor ensinando
o catecismo, é um verdadeiro papa
reformador da Igreja.
Se as autoridades da igreja apenas
permitissem a livre pregação do
Evangelho na Igreja [...] também eles se
converteriam em verdadeiros pastores
do rebanho de Deus e verdadeiros
reformadores [...] Onde o Evangelho é
livremente pregado, a reforma da Igreja
está em curso. E novos reformadores são
formados continuamente nesses mesmos
lares, escolas e igrejas.
“
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 13
Em Romanos 1.17, Lutero compreen-
deu que toda exigência de obras pertence
à Lei e que o Evangelho é o anúncio da
graça de Deus aos pecadores. A desco-
berta permitiu a Lutero ler Rm 1.17, e
toda a Escritura, à luz da distinção entre
a palavra da Lei, que ordena e exige
obras, e a do Evangelho, que oferece a
graça de Deus. Lutero descobriu que a
verdadeira contrição não é exercício hu-
mano, mas obra de Deus pela pregação
da Lei, e que a palavra de perdão dos
pecados, ou absolvição, dá ao pecador
arrependido o que Cristo obteve por nós
na cruz: perdão, vida e salvação.
O morrer diário do velho homem
é obra da Lei (obra estranha de Deus,
de mortificação) e o nascer diário do
novo homem é obra do Evangelho (obra
própria de Deus, de vivificação). A jus-
tificação pela fé somente significa que o
Evangelho somente revela a justiça ou a
graça de Deus, em Cristo.
ML – Como aconteceu e acontece
ainda hoje a Reforma da Igreja?
Strelow - A Reforma da Igreja se faz
com a pregação da Lei e do Evangelho,
porque somente a Lei e o Evangelho pro-
duzem o verdadeiro arrependimento e a
verdadeira mudança de vida.
Em 1539, em um estudo sobre os con-
cílios, Lutero escreveu que a verdadeira
Reforma da Igreja é diária. A Reforma
da Igreja está em curso em toda casa,
igreja e escola onde a palavra de Cristo
é pregada. Pais e mães, professores, pas-
tores são os verdadeiros reformadores da
Igreja: uma família reunida em oração
e estudo bíblico, segundo Lutero, é um
verdadeiro concílio reformador da Igreja;
um professor contando histórias bíblicas
para seus alunos, ou um pastor ensinando
o catecismo, é um verdadeiro papa refor-
mador da igreja.
Se as autoridades da Igreja apenas
permitissem a livre pregação do Evangelho
na Igreja, disse Lutero em escritos dessa
época, também eles se converteriam em
verdadeiros pastores do rebanho de Deus
e verdadeiros reformadores. Mas a Igreja
não tem necessidade, segundo Lutero, de
papas, bispos, concílios e outras estruturas
que não estejam comprometidas com a
pregação diária e livre do Evangelho de
Cristo na Igreja.
Onde o Evangelho é livremente pre-
gado, a Reforma da Igreja está em curso.
E novos reformadores são formados con-
tinuamente nesses mesmos lares, escolas
e igrejas.
ML – Para Lutero, qual o alcance
da Reforma na vida da Igreja?
Strelow - Lutero não queria uma
reforma restrita à teologia ou doutrina,
como um tema acadêmico, mas uma
reforma que fosse verdadeira renovação
Lutero não queria uma reforma
restrita à teologia ou doutrina, como
um tema acadêmico, mas uma reforma
que fosse verdadeira renovação da vida
cristã. Lutero ensinou os cristãos a
colocarem em prática, diariamente,
o significado do Batismo, o morrer
diário do velho homem e o renascer
diário do novo homem.”
da vida cristã. Lutero ensinou os cristãos
a colocarem em prática, diariamente, o
significado do Batismo, o morrer diário
do velho homem e o renascer diário do
novo homem.
Nos Dez Mandamentos, segundo Lu-
tero, os cristãos aprendem quais são as
obras que devem ser afogadas e mortas
com o velho homem e quais são os fru-
tos da nova vida que devem florescer na
vida diária. Na Santa Ceia, os cristãos
aprendem a receber o pão da vida que
os transforma em pão para o mundo em
suas vocações e afazeres diários. Essa
nova vida é fruto da justificação, pois
boas obras seguem à fé.
Essa era a reforma da vida cristã que
os contemporâneos de Lutero também
esperavam. Lutero não convenceu os
seus ouvintes a abandonarem o ideal
de Reforma da Igreja que tinham, mas
ofereceu a eles um firme fundamento
para essa reforma, a graça de Deus, em
lugar das obras humanas. A doutrina da
obra foi substituída pela doutrina da fé
no Cordeiro de Deus. Lutero não dei-
xou de pregar o arrependimento, mas
resgatou para todos nós o Evangelho
de Cristo, no qual temos perdão, vida
e salvação.
“
Nilo Wachholz
Editor
m
Arte sobre fotos Arquivo Editora Concórdia
14 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Confessionalidade
Carlos Walter Winterle
P
articipei, há alguns anos, de uma reunião internacional entre luteranos de diversas linhas teológicas. O tema da reunião
era: “O que nos une... e o que nos separa”. As diversas igrejas luteranas, espalhadas pelo mundo, têm em comum a acei-
tação da Bíblia Sagrada, os três Credos Ecumênicos (Apostólico, Niceno e Atanasiano), os Catecismos Menor e Maior, de
Martinho Lutero, e a Confissão de Augsburgo, entre outros.
Quais são as diferenças? São muitas, mas, em minha opinião, todas podem ser resumidas em um só ponto: a maneira como
interpretamos a Bíblia. Cito na página seguinte dois exemplos.
O mosquito e o camelo
Quando vejo
camelos em algumas
ruas aqui de Nairóbi,
me lembro desta
advertência de
Jesus. Quanta
picuinha é discutida
nas igrejas, quantos
“mosquitos” estão
sendo coados,
enquanto os
“camelos”, doutrinas
e práticas falsas,
estão invadindo as
igrejas, inclusive
as luteranas.
Estão “engolindo
camelos”, como é
o caso da recente
aceitação do
casamento entre
pessoas do mesmo
sexo e da ordenação
de pastores (as)
homossexuais por
parte de algumas
igrejas.
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 15
Carlos Walter Winterle é pastor da IELB
em Nairóbi, Quenia.
Aceitou chamado para a
Cidade do Cabo, África do Sul.
1
Apesar de todos confessarem:
“Creio em Deus Pai Todo-
Poderoso, Criador dos céus e
da terra”, muitos não aceitam
o relato bíblico da Criação como regis-
trado por Deus em Gênesis 1 e 2, e em
muitas outras passagens da Escritura,
tanto do Antigo como do Novo Testa-
mento; apoiam a Teoria da Evolução
(que continua sendo uma “teoria” que
jamais foi comprovada).
Conversando com um pastor de outra
Igreja Luterana, ele me ridicularizou
quando eu disse que acreditava no rela-
to de Gênesis 1 e 2, assim como estava
escrito na Bíblia. Diante das risadas debo-
chadas dele, eu disse: “Se eu devo arran-
car as primeiras páginas da Bíblia, devo
arrancar também os últimos capítulos
dos quatro Evangelhos e o capítulo 15 da
Primeira Carta aos Coríntios, que tratam
da ressurreição de Cristo. Eu também
não consigo entender a ressurreição, mas
creio nela, assim como creio na criação
do mundo, conforme registrado por Deus
na Bíblia.”
2
Na reunião, eu estava usando
uma gravata que havia ganha-
do de presente, e nela estava
escrita a oração do Pai Nosso
(em inglês). Foi então que uma senhora,
doutora em teologia, presente à reunião,
e que visivelmente defendia o casamento
entre pessoas do mesmo sexo e a orde-
nação de pastores (as) homossexuais, a
certo momento, no intervalo da reunião,
chegou perto de mim e disse: “Eu não
gosto desta gravata; eu não gosto desta
comercialização da Palavra de Deus,
escrita em vestuários, em copos de uso
diário, e em outros objetos...” Contra-
argumentei dizendo: “Deuteronômio 6.
6-9 diz: ‘Estas palavras que hoje, te orde-
no estarão em teu coração... Também as
atarás como sinal na tua mão, e te serão
por frontal entre os olhos. E as escreverás
nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.’
Por que não usar a Palavra de Deus numa
gravata ou no vestuário como testemunho
de minha fé?”
Estas situações me lembram a crítica
de Jesus aos fariseus do seu tempo, que
defendiam as tradições inventadas pela
Igreja, mesmo que contrárias à Escri-
tura. Jesus diz: “Ai de vós, hipócritas...
Tendes negligenciado os preceitos mais
importantes da Lei: a justiça, a miseri-
córdia e a fé... Guias cegos, que coais o
mosquito e engolis o camelo” (Mateus
23.23-24).
Quando vejo camelos em algumas
ruas aqui de Nairóbi, me lembro desta
advertência de Jesus. Quanta picuinha
é discutida nas igrejas, quantos “mos-
quitos” estão sendo coados, enquanto os
“camelos”, doutrinas e práticas falsas,
estão invadindo as igrejas, inclusive as
luteranas. Estão “engolindo camelos”,
como é o caso da recente aceitação do
casamento entre pessoas do mesmo sexo
e da ordenação de pastores (as) homosse-
xuais por parte de algumas igrejas.
Por bem, o Conselho Luterano In-
ternacional (do qual a IELB faz parte)
e algumas igrejas luteranas da África se
manifestaram radicalmente contra esta
decisão contrária à Palavra de Deus. Te-
nho o documento de uma grande Igreja
Luterana aqui da África (com mais de
quatro milhões de membros), fruto de
missão de igrejas européias e norte-
americanas, que cortou os laços com as
respectivas igrejas-mãe, porque estas
tomaram uma decisão favorável ao casa-
mento entre pessoas do mesmo sexo e à
ordenação de pastores homossexuais. No
documento diz que “rejeitamos o vosso
apoio, seja ele qual for, e a vossa ajuda
financeira... rejeitamos interpretações
inapropriadas e falsas da Escritura que
procuram justificar a união entre pessoas
do mesmo sexo...”.
Queira Deus nos manter firmes e fiéis
à Escritura Sagrada e aos seus ensinos,
conforme expostos no Livro de Concórdia
(As Confissões Luteranas). Saibamos
tanto “coar o mosquito” como rejeitar “o
camelo”, confiando na graça de nosso Se-
nhor Jesus Cristo e mantendo a verdadei-
ra unidade entre as igrejas genuinamente
fiéis à Palavra de Deus.
Casamento
entre primos
O que a Bíblia diz sobre isto?
O que a Igreja aconselha? O
que a medicina diz sobre isto?
Anônima
Primeiramente, agradeço pela sua
pergunta.
O casamento entre primos de pri-
meiro grau (filhos de irmão ou irmã do
pai ou da mãe) é desaconselhado por
causa da consanguinidade, pois pode
resultar em problemas na formação
do feto.
No capítulo 18 do livro de Levíticos,
a Bíblia enumera os casamentos proi-
bidos. Neste capítulo, porém, não há
menção de casamento entre primos.
A medicina apenas adverte para a
possibilidade de má formação do feto,
mencionada acima. 	
Sendo assim, em vista do problema
que pode acontecer com os filhos de
pais primos entre si, a Igreja desacon-
selha esta união.
Espero ter ajudado.
Paulo Kerte Jung,
pastor emérito da IELB.
Envie a sua pergunta para:
mensageiro@editoraconcordia.com.br
Perguntas
m
16 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Educação
Autismo, uma realidade
também dentro das igrejas
Waldyr Hoffmann
S
eguidamente, somos surpreendidos quando, ao
estarmos diante de pessoas que aparentemente são
normais como qualquer ser humano, percebemos,
que estamos diante de alguém que procede diferente dos
“nossos conceitos comportamentais”. Algo que só notamos
à medida em que convivemos mais com estas pessoas. Isso
pode nos levar a um misto de medo, ou insegurança, por
não sabermos como lidar com a situação existente.
Entre estas pessoas diferentes, encontramos os autistas,
que configuram também uma realidade dentro das igrejas.
Como lidar com eles? Posso tocar neles? Dar-lhes um abra-
ço? Ou até mesmo cumprimentá-los?
O que proponho neste artigo é convidar todos a refle-
tirem sobre este tema.
O que é autismo?
Segundo pesquisas, ainda em estudo, o autismo é uma
deficiência no desenvolvimento mental, que começa a ser
observadoduranteostrêsprimeirosanosdevidadacriança.
É o resultado de uma desordem neurológica que afeta o
funcionamento do cérebro. Muito comum em meninos, sua
proporção é de um a cada 110 indivíduos (de acordo com
pesquisa realizada nos Estados Unidos). Não tem nada a
ver com condição social ou racial. O desenvolvimento nor-
mal das áreas do cérebro relacionadas à interação social e
habilidades de comunicação é afetado. Podemos observar
característicasnosmovimentoscorporaisrepetitivos(balan-
ço do corpo, por exemplo), resistência à mudança de rotina,
etc. Em alguns casos, é necessário o uso de medicamentos
para que os autistas não se machuquem.
Há também vários mitos sobre o assunto. Um deles é
de que o autista vive (constrói) o seu próprio mundo, não
interagindo com as pessoas – como se não se importasse
com elas. Isto não é verdade, pois esta atitude é uma
decorrência de sua dificuldade em comunicar-se com as
outras crianças. Ou seja, não há falta de interesse.
Outro mito é o de que todas as pessoas autistas tenham
retardos mentais. Isso também é uma inverdade, pois a
desordem neurológica não significa necessariamente um
retardo mental. Quando as pessoas rotulam desta maneira,Foto: Arquivo Editora Concórdia
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 17
refletem um total desconhecimento sobre
este assunto e, com esta postura, acabam fe-
rindo especialmente os pais, ou familiares,
que têm um filho ou um familiar autista.
Apesar de todos os avanços científicos
e educacionais, ainda são pequenos os
avanços sobre como lidar com o autismo.
Tudo o que é feito tem o intuito de tornar
a vida deles menos difícil. Lidar com um
autista na família é um desafio enorme,
mas, ao mesmo tempo, um aprendizado
sem igual. Percebe-se o quanto a socieda-
de está alheia a este tipo de situação com
atitudes das mais diversas possíveis, desde
preconceito ou até atitudes de ajuda, mes-
mo não sabendo como agir.
Ainda é pequena a solidariedade para
com as famílias onde há um autista. A pró-
priafamílianemsempreestápreparadapara
aquela situação. E isso também se reflete
dentro da Igreja, onde se busca por apoiado-
res,pessoassensíveisesolidárias.Entretanto,
neste espaço também não é fácil assim.
O apoio necessário
A comunidade é um lugar de refúgio,
onde as pessoas se apoiam mutuamente,
pelo menos sob o ângulo teórico. A comuni-
dade de fé cristã exercita-se quando somos
companheiros uns dos outros, especialmen-
te em momentos de dor ou em situações
onde há carências afetivas e materiais pre-
sente. Esse era o comportamento da Igreja
Primitiva que não media esforços para que
todos pudessem estar satisfeitos em suas
necessidades (Livro de Atos).
O que temos observado é um total des-
conhecimento destas necessidades especiais
por parte das pessoas (membros), o que se
reflete na postura que tomam em relação
ao assunto. Uma boa orientação seria as
igrejas, em suas prédigas e reflexões, tra-
tarem destes assuntos a fim de informar a
comunidade sobre o que é isto. Além disso,
deveriam ser aptas a aconselharem sobre
como lidar com o autista, diminuindo a
distância entre as pessoas envolvidas, for-
necendo uma teologia mais humana e pal-
pável, inclusive buscando esclarecimentos
com a ajuda de profissionais da área. Porém,
como isto só acontece, imagino, quando há
uma situação real, não sabemos agir com
essa situação no momento em que nos de-
paramos com ela de forma repentina.
Desafios
Uma pergunta que fazemos é: como
integrar o autista à comunidade? Aliás,
esta tem sido a tônica das igrejas: integrar
o indivíduo ao seu meio. O ponto de parti-
da, apesar de ser válido, não corresponde
com a real necessidade do autista. Em
vez disso, apesar de serem semelhantes
as propostas, com o mesmo fim último,
a pergunta deveria ser: como integrar a
comunidade ao autista? Na prática não é a
mesma coisa. A responsabilidade e desafio
de integrar são da comunidade como um
todo, daí a necessidade de ser instruída
(capacitada) em como trabalhar com essa
situação, o que é um grande desafio a
ser vencido. Caminhando nesta direção,
podemos seguir alguns passos:
- Acolher bem, sendo afetuoso ao
cumprimentá-los. Aliás, esta é uma caracte-
rística do autista: eles gostam de afetos, por
mais que imaginemos que eles não compre-
endam. Não tenha medo do autista.
-Tratá-loscomopessoascomuns.Elesnão
sãoignorantes!E,sefornecessário,chamara
atenção, assim como fazemos com qualquer
indivíduoquetenhafeitoalgoerrado,istonão
é problema para eles. Pois precisam dos limi-
tes para se integrarem melhor e não serem
alvos das críticas ou afastamentos.
- Apoiar-se junto aos pais. Eles têm as
orientações feitas por profissionais, e o
fazem com o objetivo de ajudar os seus
filhos a crescerem. Isto significa que se, em
algum momento, tomaram uma atitude
mais séria, não significa que não gostem
da criança. Só quem vive diariamente com
o autista sabe exatamente o que é melhor
para ele. Por isso, os pais precisam ser
respeitados neste quesito em particular.
- Jamais deixar de convidar, seja para
um almoço ou festa de aniversário, temen-
do que a criança vá atrapalhar. Esta atitude
Waldir Hoffmann é pastor da
IELB em Joinvile, SC,
e colaborador do ML
pode configurar falta de solidariedade e
amor para com o próximo, o que não é
recomendado pelo Senhor Jesus.
- Procurar reconhecer que para que o
autista tenha uma qualidade de vida melhor,
ele precisa de rotinas. Por isso, tudo o que
foge à sua rotina é novidade para ele e, em
razão disso, ele pode ter um comportamen-
to estranho ao normal. Neste sentido, os
limites que foram colocados não podem ser
quebrados pelas pessoas que estão na sua
volta. Entretanto, o bom-senso nos ajudará a
tomaromelhorprocedimentocomoautista,
quando este estiver fora do seu contexto.
- Orar com ele e por ele. O autista, a
seu modo, também compreende as ver-
dades cristãs.
- Respeitar as diferentes etapas – fí-
sica e psicológica do autista – que são as
mesmas de outras crianças. Não podemos
lidar com um adolescente autista como se
ele fosse uma criança.
- Conversar com ele – manter o diá-
logo. Ele, do seu modo, irá compreender
e corresponder.
- Buscar capacitação junto à profissionais
naáreapsicológica,quedarãotodasasorien-
tações com o objetivo de ajudar o autista a
crescer em seu meio e ser amado por todos.
Quem convive com um autista se sur-
preende com os pequenos avanços dele.
Aceitar a situação é o primeiro grande
passo para pais e também para a Igreja,
pois esta terá no seu meio alguém muito
especial, que também é amado e perdoado
por Deus. Desta forma, com sabedoria,
estaremos buscando caminhos para me-
lhor levar o Evangelho de Jesus a todos,
também aos autistas.
Apesar de todos os
avanços científicos e
educacionais, ainda são
pequenos os avanços
sobre como lidar com
o autismo. Tudo o que
é feito tem o intuito de
tornar a vida deles
menos difícil.
Esta é uma
característica do
autista: eles gostam
de afetos, por mais
que imaginemos que eles
não compreendam. Não
tenha medo do autista.
m
Educação
18 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Bruno Edgar Ries
U
ma das grandes responsabilida-
des dos pais, perante Deus e a
sociedade, diz respeito à educa-
ção dos filhos. A maioria tem consciência
deste papel, e questiona-se, frequente-
mente, se está conseguindo realizá-lo de
forma plena.
No passado, quando prevalecia a
família ampliada (em contraposição à
família nuclear atual), essa função era
compartilhada por todo o clã: pais, avós,
bisavós, tios, irmãos mais velhos, etc.
Toda a comunidade familiar cuidava da
criança e a ajudava na aprendizagem da
vida. A Igreja também participava muito
desse processo.
Agora, cabe aos pais, quase exclusi-
vamente, a educação dos filhos. Por essa
razão, tornou-se difícil a tarefa educativa,
particularmente num momento em que
o desenvolvimento do conhecimento e a
mudança da cultura levam os pais a ques-
tionarem seu papel. Hoje, não temos mais a
segurança proporcionada por uma tradição
para realizar a intervenção educativa.
Neste contexto, surgem muitos ques-
tionamentos a respeito: Como posso
saber se estou sendo uma boa mãe ou
um bom pai? Como devo agir nesta ou
naquela situação? A preocupação maior
envolve a saúde física, a saúde mental ou
o aprimoramento moral da criança e do
adolescente? Que tipo de adulto espero
que meu filho venha a ser?
Formação do vínculo
Um fato que marca o início do desen-
volvimento infantil é o estabelecimento
de vínculo entre pais e filhos. Acreditava-
se, no passado, que o vínculo estava
formado naturalmente com a gestação.
Porém, pesquisas demonstraram que ele
se desenvolve com os primeiros contatos
entre a mãe e o filho. Os obstetras têm
tido o cuidado de favorecer um relaciona-
mento afetivo inicial da mãe com o bebê,
colocando-o em contato com o corpo dela
assim que nasce.
O período após o nascimento constitui
o momento mais adequado para a forma-
ção do vínculo. Tanto a criança quanto
a mãe estão particularmente sensíveis
neste momento. Para que o processo se
estabeleça, ressaltam-se como aspectos
fundamentais o contato físico imediato,
e também aquele propiciado pela ama-
mentação e outras situações, a interação
mãe-filho nos dias subsequentes, bem
como a sensibilidade dos pais aos sinais e
preferências manifestas pelo bebê.
O estabelecimento do vínculo garante
proteção e atenção à criança, e evita maus
tratos, abandono e negligência.
Depressão pós-parto
A depressão constitui um fato bastante
comum (15 a 20%), que ocorre já na pri-
Desenvolvimento infantil
e saúde mental
Para o cristão, é na
infância que se
educa para a vida
Foto: Arquivo Editora Concórdia
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 19
meira semana após o parto, e tem duração
e intensidade variável. Manifesta-se com
sintomas de tristeza, choro, desânimo, im-
paciência, irritabilidade, comprometendo
o relacionamento da mãe com a criança e
dificultando a formação do vínculo.
As consequências mais comuns envol-
vem: negligência na alimentação e nos
cuidados do bebê, maus tratos e sérios
prejuízos ao desenvolvimento cognitivo e
afetivo. Ao aparecerem esses sintomas, o
médico deve ser consultado e a mãe
tratada, para não prejudicar o desen-
volvimento da criança.
Desenvolvimento sadio
Enquanto uma pessoa se desen-
volve, ela aumenta suas capacidades,
e torna-se cada vez mais eficiente
nas suas relações com o meio físico
e social.
Cabe à educação oferecer as condi-
ções de um aprimoramento saudável
e, ao mesmo tempo, de ampliação
progressiva das habilidades e com-
petências próprias de um indivíduo
crítico, reflexivo, e que manifeste a
verdadeira fraternidade, honestidade
e responsabilidade oferecidas por uma
formação cristã.
Como pais, não podemos ter a expecta-
tiva de realizar sonhos frustrados através
dos nossos filhos. É fundamental que eles
façam suas escolhas com responsabilidade
e sigam um caminho próprio.
Questões para reflexão
A educação constitui uma tarefa
complexa e que exige segurança para
o seu exercício. A dúvida em relação a
como devemos agir numa determinada
situação nos aflige a todo o momento.
Não se admite nem omissão e nem fuga
da responsabilidade.
O renomado psiquiatra brasileiro,
Içami Tiba, tem apresentado ideias muito
controversas sobre educação, mas que nos
levam a questionar sobre a melhor inter-
venção para um desenvolvimento sadio
de nossos filhos.
Ele afirma que:
• Pai e mãe devem seguir o mesmo
“catecismo”. O que um estabeleceu não
pode ser alterado unilateralmente pelo
outro. Também o exercício da autoridade
exige compartilhamento, e não pode ser
desempenhado de forma exclusiva pelo
pai ou pela mãe. Posturas contraditórias
levam à delinquência.
• A responsabilidade maior pela edu-
cação das crianças é dos pais. A família não
deve delegar esta função à escola.
• O papel da mãe, na educação, é
similar ao do pai. A orientação e firmeza
precisam ser efetivadas por ambos. Não
nem a razão de viver dos pais.
• A droga representa, talvez, a maior
preocupação dos pais na atualidade. Ela
resulta da falta de disciplina, de limites e
da super proteção.
• Os estudos em sala de aula e a
realização de temas escolares em casa
exigem a compreensão da matéria, e não
meramente uma decoreba. Também é
importante exigir que os filhos deem o
máximo de si, e não se limitem à média
exigida para aprovação. A criança
que fica na média acaba acumulan-
do defasagens anuais que, ao final
do ensino fundamental, podem
representar quatro ou cinco anos
de escolarização perdidos...
• Levar o filho à igreja certa-
mente o afastará da cadeia.
• Os filhos precisam aprender
a gerenciar seu dinheiro. Mesmo
que o orçamento familiar seja
folgado, persiste a necessidade
desse aprendizado.
• Podemos recompensar, oca-
sionalmente, a conduta correta
ou um bom desempenho escolar,
mas nunca prometer antes algum
presente se ele fizer algo desejado.
• As decisões e as regras na família
são de competência dos pais. Submeter-se
aos desejos das crianças pode significar a
perda de autoridade dos adultos e a do-
minação dos filhos.
O que diz a Bíblia
O cristão sempre orienta seus atos
pelos preceitos bíblicos. E a Bíblia afirma
que é na infância que se educa para a
vida; devemos disciplinar as crianças,
estabelecer limites e ensinar as normas,
não sujeitar-se às vontades delas, bem
como devemos corrigir seus comporta-
mentos equivocados (Pv 13.24; 22.6 e
15; 29.15; Dt 6.7). O Novo Testamento
diz que aos pais é vedado irritar os filhos,
e estes lhes devem obediência, (Cl 3.20 e
21); reforça também o papel da discipli-
na (Ef 6.4; Hb 12.7-11).
Bruno Edgar Ries é psicólogo
e colaborador do ML
A educação constitui uma
tarefa complexa e que
exige segurança para o
seu exercício. A dúvida em
relação ao como devemos
agir numa determinada
situação nos aflige a todo
o momento. Não se admite
nem omissão e nem fuga da
responsabilidade.
cabe à mãe “engolir sapos” do filho, nem
tentar argumentar, em momentos em que
deve prevalecer a disciplina.
• Aos avós compete apoiar a educação
dada pelos pais, e nunca dar palpites ou
interferir na educação dos netos.
• Educação pode exigir punição, mas
esta exige correspondência com o com-
portamento inconveniente da criança.
Precisamos ter o cuidado de não premiar
a conduta imprópria.
•A disciplina e a liberdade com limites
implicam em combinar regras e horários.
Devem existir horários para as refeições,
para o estudo, para as brincadeiras, TV,
computador, etc.
• Se um filho apronta alguma das
grandes, o melhor a fazer não é reagir
com fúria, mas dizer à criança, ou ado-
lescente, que ficou nervoso com o fato,
que vai dar um tempo para se acalmar e
depois decidir qual o castigo. Neste tem-
po, estão suspensas as festas, saídas com
amigos, o computador... Depois se volta
a conversar.
• Filho não é o centro do universo,
m
20 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Educação
O cristianismo e a educação
Q
uandopensamosemeducação,fre-
quentemente, lembramos a voca-
ção da Igreja Cristã para o ensino.
Não é de hoje que cristãos criam e mantêm
escolas e Universidades. Lembro isso, por-
que ouço algumas pessoas afirmarem que
“fé é coisa de gente sem instrução”. Alguns
afirmam que quanto menos conhecimento
uma pessoa tem, mais ela estará disposta a
crer em um deus.
Richard Dawkings, famoso pregador do
ateísmo,dissequeafaltadeinformaçãoéque
leva as pessoas a recorrerem à fé religiosa. E
éinteressantecomoestaafirmativadeDawk-
ings é aceita por muitas pessoas. Lembro da
minha juventude, na escola, quando entre os
colegas existia a ideia de que os alunos mais
espertos eram aqueles que se diziam ateus.
E esta mentalidade ainda existe.
Muitas pessoas medíocres pensam ga-
nhar um certificado de sabedoria apenas
por afirmar que Deus não existe. Afinal,
dizem, pessoas inteligentes não podem crer
que o mundo foi criado em seis dias; nem
que a Bíblia é a Palavra inspirada por Deus
e isenta de erros.
A expressão de Marx de que “a Religião
é o ópio do povo” continua a ser repetida
de peito aberto. Com isso, se insinua que o
objetivo da fé é alienar as pessoas e torná-
las ignorantes.
Podemos até concordar que o fanatismo
religioso e as superstições escravizam e do-
ensino do Evangelho. Os pais eclesiásticos,
cedo, introduziram na Igreja o sistema de
catequese. Martinho Lutero, ao se defrontar
com uma Alemanha de analfabetos, que
por isso não podia ler a Bíblia, escreveu
um tratado com o título: “Aos conselhos
de todas as cidades da Alemanha, para
que criem e mantenham escolas”. E aos
pais desmotivados em enviar seus filhos à
escola escreve: “Uma prédica para que se
mandem os filhos à escola”. Estes escritos
estão no volume 5 das Obras Selecionadas
de Lutero, em língua portuguesa.
Além disso, gostaria de dividir com os
leitores um pouco da história da criação de
uma pequena escola. Apenas seis anos após
achegadadoscristãospuritanosaMassachu-
sets, nos Estados Unidos, a Corte Geral
daquela colônia aprovou investir algum
dinheiro para a criação de uma escola,
mas não era suficiente. Foi então que o
pastor John Harvard fez uma doação de
cerca de 800 libras. Isto era a metade de
tudo o que ele tinha. Doou também livros
que somavam cerca de 260 títulos – uma
verdadeira biblioteca. E o Colégio foi
criado em 1636, na vila de New Town.
Após a morte do pastor, a escola passou a
ser chamada pelo seu nome, e até hoje ela
existe sendo conhecida como Universidade
deHarvard(amelhoruniversidadedomun-
do). Sim, a melhor universidade do mundo
foi fundada por cristãos, com o objetivo de
dar ensino cristão aos jovens.
A própria pedagogia moderna tam-
bém mistura a sua história com a história
da Igreja. O pai da pedagogia moderna,
“Comenius”, era um dedicado pastor que
acreditava na educação. No século 17,
Comenius escreve Didática Magna, onde
defendia que educar era ensinar “tudo a
todos”. Lançou assim os pilares do ensino
obrigatório, tanto para meninos quanto
para meninas, sistematizou a educação e
defendeuacriaçãodeescolasatraentes,que
incluíssem recreação e o lazer aos alunos.
Olhando para a história da Igreja Cristã,
somos convencidos que a afirmação do ateu
Richard Dawkings é enganosa. O cristianis-
monãoseapoianaignorância,maspromove
e incentiva o ensino e o crescimento.
Conforme o grande amigo de Lutero,
Felipe Melanchton: “A ignorância é a maior
adversária da fé, e, por isso, ela deve ser
combatida”. Esta é a razão pela qual, como
Igreja, insistimos em manter escolas cristãs.
Está em nosso coração esta vocação pelo
ensino, este amor pela educação. Especial-
mente a educação que leva aos jovens o
conhecimento do Salvador Jesus Cristo.
Igreja e escola – tudo a ver.
Fernando E. Garske, pastor capelão do Colégio
Concórdia, São Leopoldo, RS
Fernando E. Garske
“A ignorância é a maior
adversária da fé, e, por isso,
ela deve ser combatida”.
Esta é a razão pela qual,
como Igreja, insistimos em
manter escolas cristãs.”
minam. Religiões fanáticas e supersticiosas
realmente não combinam e nem querem
saber de ensino e conhecimento. Porém,
isto não tem nada a ver com a fé cristã. Pois
esta, historicamente, tem demonstrado zelo
e amor pela educação.
O próprio Jesus deu aos santos apósto-
los a ordem de fazer discípulos batizando
e ensinando. É claro que aqui se fala do
m
Educação Teológica
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 33
Seminário,
escola de profetas
A
ssim é conhecido entre nós, cristãos
luteranos, o Seminário Concór-
dia… É nossa escola de profetas
que, no próximo dia 27 de outubro, com-
pletará 107 anos. Já dá para dizer que ele
sobrevive há gerações. E sempre cumprin-
do sua finalidade – a de formar profetas.
Mas, seria esta uma nova profissão, a de
ser profeta? E as outras escolas também
formam profetas? O que são profetas? E
profetas de quem?
Profetas
O que são profetas? Dá para dizer que
existe dois significados. No Antigo Testa-
mento, o primeiro significado era dizer coi-
sas futuras, o que ainda havia de acontecer,
ou seja, revelar o futuro – especialmente
todos os detalhes a respeito da vinda de
Jesus ao mundo. Quando o profeta era
chamado por Deus, significava que Deus se
revelava a ele, e ele anunciava a profecia
recebida. Em Hebreus 1.1, lemos que, no
princípio, Deus falou pelos profetas.
Porém, a palavra profeta adquiriu tam-
bém um segundo sentido. No Novo Testa-
mento, a palavra profeta passou a significar
também a pessoa chamada por Deus e que
prega o Evangelho, ou seja, que anuncia
as boas notícias, a mensagem da salvação
em Jesus. A importância não estava na pes-
soa, mas na sua função de anunciar Jesus
Cristo como Salvador de todos os homens.
E sempre que alguém prega Jesus Cristo,
e todas as verdades acerca dele, também
estará anunciando profecias e coisas vin-
douras. Porque algumas verdades de nossa
salvação ainda estão por se cumprir, como
a ressurreição dos mortos e a nossa subida
para o céu, por exemplo.
Profetas de Deus
Seminário, escola de profetas de Deus!
O Seminário é uma escola de profetas de
Deus pelo que ele faz. Aos que Deus cha-
ma e dá a vocação, o Seminário ensina a
pregar o Evangelho com todas as profecias
escritas na Bíblia.
Como é importante compreendermos
isso! Como é importante as famílias in-
centivarem e darem seus filhos a Deus,
para serem profetas! Como é importante
ouvirmos os profetas! É como ouvir o pró-
prio Jesus. Nesta pregação, está a nossa
salvação, porque a fé vem pelo ouvir, e o
ouvir do Evangelho de Cristo.
Certa vez, um professor de alunos do Se-
minário de nossa Igreja, nos Estados Unidos,
disseaeles:“selhesofereceremapresidência
dos Estados Unidos em troca de seu ministé-
rio,nãoaceitem.SerpastoreprofetadeDeus
é sumamente mais importante”.
Que grande função tem o Seminário:
ser ESCOLA DE PROFETAS!
Benjamin Jandt
provedoria@seminarioconcordia.com.br
34 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Quem ama
educa!
N
os últimos meses, um assunto ocupou a mídia: o ato
de dar uma palmadinha é certo ou errado? Educa
ou traumatiza?
O presidente Lula assinou um projeto de lei que modifica o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 18.
Pelo novo texto, fica vedado aos pais usar castigos corporais,
de qualquer natureza, na educação dos filhos. De acordo com
a nova lei, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado Federal,
o pai ou mãe que, por exemplo, der uma palmada na mão do
filho que insiste em enfiar o dedo na tomada elétrica poderá se
sujeitar a penas que variam da advertência à obrigatoriedade de
se submeter a acompanhamento psicológico, ou programas de
orientação à família.
“A lei confronta o poder familiar, que é direito do pai e da
mãe de exercer sua autoridade”, diz a advogada Renata di Pierro,
especialista em direito de família.
Revista Veja de 21/07/2010
“O novo texto do ECA também não deixa claro como o poder
público vai dimensionar o castigo corporal. Ficará ao critério
discricionário de um juiz estabelecer punição para uma palmada
leve e para uma palmada que deixe a pele vermelha? Além disso,
fica em aberto como será fiscalizado o cumprimento da nova lei.
A polícia terá o direito de invadir o lar de um cidadão, como faz
na casa de um bandido perigoso, caso receba uma denúncia de
que o pai aplicou uma palmada corretiva nos filhos?”
Em resumo, a revista coloca: não é de uma nova lei que de-
pendem a felicidade e o futuro das crianças, e sim do bom-senso
e equilíbrio dos pais.
Bom-senso
Este é o problema! Falta bom-senso e equilíbrio a muitos pais.
Se assim não fosse, não careceríamos de mais uma lei ensinando-
nos a educar nossos filhos. Mas o que mais falta é o bom-senso
cristão de educar os seus filhos.
Bom-senso! É exatamente o que Deus espera de um pai que
deseja o melhor para os seus filhos. Em Lucas 11.11,12, lemos:
“Por acaso algum de vocês será capaz de dar uma cobra ao seu
filho, quando ele pede um peixe? Ou, se o filho pedir um ovo,
vai lhe dar um escorpião?”
O maior mandamento na Escritura é este: “Portanto, amem o
Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com
todas as forças” (Deuteronômio 6.5). Retrocedendo ao versículo 2,
Comportamento
André Luiz Müller
Fotos: Arquivo Editora Concórdia
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 35
lemos: “Temam o Senhor, nosso Deus, vocês,
os seus filhos e os seus netos, e cumpram
sempre todos os Mandamentos e Leis que
eu lhes estou dando e assim vocês viverão
muitos anos.” Seguindo os versículos mais
adiante, vemos: “Guardem sempre no co-
ração as Leis que eu lhes estou dando hoje
e não deixem de ensiná-las aos seus filhos.
Repitam essas Leis em casa e fora de casa,
quando se deitarem e quando se levanta-
rem” (versos 6 e 7).
A história dos hebreus revela que o pai
deveria ser zeloso, maduro, preocupado
em instruir seus filhos nos caminhos e na
Palavra do Senhor, para seu desenvolvi-
mento e bem-estar espiritual. O pai que era
obediente aos mandamentos das Escrituras,
fazia justamente isso. Este texto nos ensina
que é responsabilidade dos pais criar os
seus filhos na “disciplina e no temor do
Senhor”. Isso nos leva a uma passagem no
livro de Provérbios 22.6-11, principalmente
no verso 6, que diz: “Educa a criança no
caminho em que deve andar; e até o fim
da vida não se desviará dele.”
A educação tem como objetivo revelar
perante a criança como a vida é, preparan-
do-a para o futuro. Iniciar a educação da
criança desta forma é de grande importân-
cia, para que cresça na direção certa e não
se desvie, assim como uma árvore segue a
inclinação de seus primeiros anos.
Qual o limite bíblico
para a educação?
No Novo Testamento, temos uma clara
instrução do Senhor para um pai em rela-
ção à educação de seus filhos. Efésios 6.4
diz: “Pais, não tratem os seus filhos de um
jeito que faça com que eles fiquem irritados.
Pelo contrário, vocês devem criá-los com a
disciplina e os ensinamentos cristãos”.
- O aspecto negativo deste verso indica
que um pai não deve fomentar maus senti-
mentos em seus filhos, sendo severo, injusto,
parcialouexercitandosuaautoridadedefor-
ma brutal e violenta. Isso só servirá para que
o filho alimente rancor em seu coração.
- O aspecto positivo é expresso em uma
instrução compreensiva, ou seja, eduque-o,
crie-o, desenvolva sua conduta em todos
os aspectos da vida pela disciplina e os
ensinamentos cristãos. Na tradução Revista
e Atualizada (ARA), este versículo traz a
palavra “admoestação”. A palavra “admoes-
tação” carrega consigo a ideia de “colocar na
mente da criança”, o que é o ato de lembrar
a criança de suas faltas de forma construtiva
oudesuasresponsabilidades,deacordocom
seu nível de idade e compreensão.
Somenteopai cristão consegue entender
o seu filho na plenitude do “ser”, pois vê nele
um militante desde criança. Alguém que foi
declarado justo no Batismo pela obra de
Cristo na cruz e que agora vive seu processo
de santificação, com acertos e fracassos, mas
sempreamadoporDeus.Porisso,aeducação
cristã,queauxilianoprocessodesantificação,
étãonecessáriaaodesenvolvimentodamen-
te quanto do conhecimento.
O pai cristão é um instrumento na mão
de Deus na questão da educação. Ele não
deve jamais se apresentar como autoridade
final, que determine verdade e dever. Isto
simplesmente desenvolve o aspecto humano
do“eu”.SomentefazendocomqueDeus,em
Cristo Jesus, seja o mestre e governante, é
possível alcançar os objetivos da educação.
O pai cristão não deve irritar, estressar,
exagerar em sua autoridade. Isso é resulta-
do de um espírito e métodos equivocados,
ou seja, severidade, autoritarismo, dureza,
exigências cruéis, restrições desnecessárias
e insistência egoísta em relação à auto-
ridade. Essas provocações resultarão em
reações contrárias, murchando o afeto,
criando obstáculos ao desejo por santida-
de e fazendo o filho sentir que não pode,
de modo algum, agradar a seus pais. Pais
cristãos buscam fazer com que a obediên-
cia seja algo desejável e alcançável através
do amor e gentileza, eles não devem ser
agressores tiranos.
Martinho Lutero dizia: “deixe a maçã
ao lado da vara e dê a seu filho quando
fizer o certo”. A disciplina na educação
deve ser exercitada com cuidadosa vigi-
lância e constante ensino, com muita ora-
ção. Admoestação é castigar, disciplinar e
aconselhar pela Palavra de Deus, propor-
cionando, à criança, tanto a repreensão
pelo erro cometido como o encorajamen-
to no perdão e na orientação para fazer
certo da próxima vez. A instrução vem
do Senhor, e ela é aprendida na escola da
experiência cristã, que passa de geração a
geração e é administrada pelos pais.
A disciplina cristã é necessária para im-
pedir que a criança cresça sem a reverência
a Deus, respeito pela autoridade dos pais,
conhecimento da vida cristã e, finalmente,
para formar bons cidadãos.
“Pois toda a Escritura é inspirada por
Deus e é útil para ensinar a verdade, conde-
nar o erro, corrigir as faltas e ensinar a ma-
neira certa de viver. E isso para que o servo
de Deus esteja completamente preparado e
prontoparafazertodo tipodeboasações” (2
Timóteo 3.16, 17). Isto é o que diz a Bíblia
sobre ser um bom pai. Os meios e métodos
que os pais podem usar, a fim de ensinar
a verdade de Deus, irão necessariamente
variar. Alguns nunca precisarão dar uma
palmadinha, outros talvez até mais de duas!
Contudo, estas verdades bíblicas sempre
devem nortear os pais, para serem aplicadas
como principal método pedagógico.
O pai que é fiel em seu papel de modelo
para os filhos permite que a criança apren-
da, através dele, sobre Deus. Ensinamento
este que permanecerá com ele por toda a
sua vida, não importando o que faça ou
onde vá. Os filhos aprenderão a “amar a
Deus de todo o coração, alma e força”, e te-
rão o desejo de servir a Deus em tudo o que
fizerem. Pois como diz no texto de Lucas
11.13: “Vocês, mesmo sendo maus, sabem
dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais
o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo
aos que lhe pedirem!”
Quem ama educa! Quem ama a Deus
educa com bom-senso e equilíbrio, pre-
parando os filhos para esta vida e para
vida eterna.
“Não é de uma nova lei que depende a felicidade e o futuro das crianças,
e sim do bom-senso e equilíbrio dos pais.” André Luiz Müller, pastor da CELSP, Canoas, RS
m
36 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
O que as congregações fazem
Inglês tem foco missionário
em Ribeirão Preto
Pela Inclusão digital,
Ulbra faz parceria
com congregação
Visando ampliar o trabalho com projetos sociais
que já estão em andamento, a ULBRA Guaíba firmou
parceria com a CEL Cristo para Todos, de Guaíba, RS,
oportunizandocursosdeinclusãodigitalparaascomu-
nidades carentes de Santa Rita, Cohab e Ipê.
Foraminstalados10computadoresnasdependên-
ciasdaigreja,queestarãoàdisposiçãodacomunidade
para a realização de cursos de informática. Nesta par-
ceria, a Congregação cedeu as dependências, com a
segurança necessária, e passa a coordenar os horários
de cursos, fazendo divulgação no bairro – nas escolas
públicasondefuncionaoEJA(EducaçãoparaJovense
Adultos)enostrabalhoscomgruposdeterceiraidade.
A universidade se compromete com a manutenção
técnica, atestados, monitores e formação dos alunos.
Aideiaévalorizaropúblicodebaixarenda,pessoas
desempregadas ou com dificuldade de locomoção e
inclusão social, oferecendo-lhes a oportunidade de
seremincluídosnavidasocial.Oprojetoétambémum
ótimo espaço missionário e a proposta é mostrar que a
igreja está de portas abertas, em conformidade com o
lema da IELB que é levar Cristo Para Todos.
Asalafoiinauguradaem8dejulho,contandocom
a presença do pastor local, Arsildo Wendler, do pastor
capelão, Irmo Wagner (coordenador do Programa
ULBRASol/PastoralULBRAGuaíba),dopresidenteda
Congregação, Jairo Haas, bem como de líderes de en-
tidades sociais dos bairros, organizações da sociedade
e membros da Congregação.
Foram abertas três turmas de alunos, sendo uma
delas de terceira idade. Na parceria com o curso de
Sistemas de Informação do campus, o professor Cesar
Loureiro atua como coordenador.
A CEL Cristo Para Todos, de Ri-
beirão Preto, SP, iniciou um projeto
missionáriofocadoemaulasdelíngua
inglesa.Ocurso,voltadoparaadoles-
centes,prevêdoisencontrossemanais
e participações regulares dos alunos
em eventos da Congregação.
A primeira participação dos alu-
nos em um culto aconteceu durante
a celebração do Dia dos Pais, em 8
de agosto, quando os alunos apre-
sentaram música e textos, em inglês,
alusivos a data.
As aulas, dirigidas pela professo-
ra Stael Witt Jagnow, são gratuitas e
abertas para os adolescentes da Con-
gregação e demais interessados. Os
dois encontros semanais acontecem
na sede da igreja.
O envolvimento dos alunos nas
aulas e nas dependências da Congre-
gação favorecem um contato melhor
com os familiares daqueles que não
são membros, favorecendo o foco
missionário. Existe também interesse
de oferecer um curso para adultos.
Apresentação dos alunos do curso de inglês
Foto: Dieter Joel Jagnow
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 37
ANEL
ANEL debate confessionalidade
e competitividade
O
11º Encontro Nacional de Direto-
res, Mantenedores e Capelães da
Associação Nacional das Escolas
Luteranas (ANEL), aconteceu na Pousada
Betânia, em Curitiba, PR, de 24 a 26 de
agosto. O tema escolhido para o encontro,
Escola Luterana – a organização adminis-
trativa a serviço da confessionalidade e
competitividade, teve o objetivo de qua-
lificar o aspecto confessional das escolas
da rede luterana, segundo Nelci Senger,
tesoureiro da ANEL. “Queremos que a
reflexão em governança corporativa possa
valorizar ainda mais o enfoque cristão em
nossas escolas”, afirmou. Participaram do
evento, representantes de 38 escolas asso-
ciadas e o Conselheiro do Distrito Vale do
Rio dos Sinos, pastor Arnildo Figur.
Palestras
O destaque do primeiro dia foi a palestra
do consultor Roberto Rinaldi, sobre Gover-
nançaeGestão:BoasPráticasparamaximizar
valor na escola cristã. Rinaldi é fundador e
sócio-diretor da ProBusiness, consultoria de
desenvolvimento organizacional, centrada
na abordagem de processos de negócio.
Segundo o palestrante, o princípio
da liderança é servir – quem serve lide-
ra. “Uma escola, na perspectiva cristã,
é prioritariamente um serviço à família,
em obediência a Deus”, afirmou. Também
destacou que é preciso entender o objetivo
de uma escola como um ministério e tratar
a sua realização como um negócio.
O professor Max Haetinger foi o pa-
lestrante do último dia de atividades do
encontro, sob o tema Equipes comprometidas
com mudanças e resultados. Max abordou a
relação do gestor com a equipe, que precisa
encontrar formas de comprometer todos em
um tempo de grandes desafios. “É importan-
te ter gestão participativa, integradora, isso
motiva”, afirmou. Ao falar sobre as equipes
comprometidas, lembrou que é preciso ter
objetividade e metas. “Comprometimento é
igual a resultados duradouros”, destacou.
Visitantes
Os pastores Paulo Teixeira e Denis Timm
e o sr. Walter Eidam, da Sociedade Bíblica do
Brasil, entregaram material de divulgação e
falaram dos projetos. Também destacaram o
apoio do grupo de pastores, que trabalham
na revisão e adequação dos materiais de
Educação Cristã, com a coordenação do 1º
vice-presidente da IELB, Arnildo Schneider.
O editor da IELB, pastor Nilo Wachholz,
Tatiana Sodré – Jornalista, Assessora
de Comunicação da IELB
mostrou aos participantes o troféu Areté
2010, conquistado pela Editora Concórdia,
na Bienal do Livro de São Paulo, no dia 19
de agosto. A obra vencedora na categoria
Evangelização, Teologia e Prática de Métodos
Evangelísticos, foi organizada pelo professor
Anselmo Graff.
O Diretor Executivo da Hora Luterana,
Paulo Roberto Warth, e o pastor Nilo Figur,
Diretor para América Latina e Caribe da
Lutheran Hour Ministries, passaram rapida-
mente pelo encontro da ANEL. Figur falou
da bênção que é ver diretores de escolas e
capelães reunidos pelo mesmo objetivo: a
educação com enfoque cristão.
O consultor jurídico da ANEL, Dr. Leonel
Szubert, esteve no evento para esclarecer
dúvidasedarorientações.Representantesde
empresasparceirasdaANEL,vieramdivulgar
seus produtos e lançamentos. m
Fotos: Tatiana Sodré
Foto: Leandro R. Camaratta
38 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
Frente de missão
O
ano de 2009 não sairá tão cedo
da memória de Renato José
Sucupira da Costa. Muita coisa
aconteceu neste ano… De um futuro in-
gressante num seminário católico, hoje ele
pensa em ser pastor luterano.
Católico Apostólico Romano, Renato
foi catequista de primeira eucaristia e
também coordenou um grupo da Pas-
toral da Juventude. Desde os 17 anos,
sentia forte inclinação a servir a Deus
como padre.
Em 2007, foi para um seminário ca-
tólico, onde ficou um ano estudando no
curso de Filosofia, num instituto para a
formação de novos padres. Porém, Renato
desistiu deste intuito temporariamente,
sentindo-se incapaz de cumprir a missão
e prometendo repensar o assunto.
Ele voltou a apostar no desafio de
estudar para padre no ano seguinte. Foi
chamado para fazer um período de ex-
periência para entrar no Mosteiro de São
Bento, em Milão, na Itália. Porém, algo
Ex-futuro padre entra
para a Igreja Luterana
lhe dizia que aquela vida de reclusão de
monge não era para si e, mais uma vez, às
portas de ingressar no curso de Teologia
para padres, Renato desistiu.
Ele fez ainda mais uma viagem a
Belém na derradeira tentativa de ser se-
minarista. E ao falar com o padre deixou
tudo acertado, de fato entraria para a o
Seminário em 2010. Mas aí aconteceu
algo que ele não esperava: apaixounou-se
por Josélia Bezerra, hoje sua namorada.
Então, resolveu que ser padre não era
para ele e desistiu definitivamente. Além
disso, não concordava com as diretrizes
normativas que regem o Código de Direi-
to Canônico da Igreja Católica Romana.
Outro motivo que teve forte impacto na
sua vontade de mudar de Igreja foi a
questão da adoração de imagens.
A mudança
Renato já sabia um pouco da história
da Igreja Luterana. Já escutara sobre a
coragem que Martinho Lutero teve em
bater de frente com a Igreja Romana e suas
doutrinas papistas. E foi em Macapá, AP,
onde mora, que conheceu a Igreja Lutera-
na, mais precisamente quando foi deixar o
carro numa oficina que fica em frente ao
templo luterano. Ao ver o templo, avistou
também a placa da igreja. Ficou surpreso,
pois somente naquele momento soube que
a Igreja Luterana está presente no Estado
do Amapá. Renato ficou muito interessado
em ser membro luterano.
E assim aconteceu. Após conhecer a
Igreja Luterana numa ida à oficina, deci-
diu que viria assistir a um culto luterano,
e sua namorada o acompanhou. Os dois
gostaram da IELB porque tem história para
contar, preocupa-se com formação de seus
pastores e é uma instituição dedicada na
promoção da vida, através dos projetos
sociais que realiza.
E quem pensa que Renato desistiu da
ideia de ingressar no ministério pastoral
engana-se. Mesmo durante o período de
instrução de adultos, concluído no culto
de Natal de 2009, quando ele e
Josélia foram aceitos como lute-
ranos, ele manifestou interesse
em ir ao seminário luterano para
estudar. Essa vontade perma-
nece ainda hoje, e ele não vê a
hora dos três anos necessários
para neófitos ingressarem no
Seminário passarem voando,
para ele arrumar as malas e ir do
Oiapoque ao Chuí, atravessando
o país, a fim de começar a estu-
dar Teologia. Então, realizará
seu sonho de ser um ministro da
Palavra de Deus.
Aline Gehm Koller Albrecht, com auxílio
do pastor Tiago Albrecht
m
Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 39
Militares
Reação do leitor
Santos & Santos
No Mensageiro Luterano de agos-
to/2010, a Sra. Ieda ClarisseLang,sugere
algo jamais pensado por Lutero e, que,
certamente, não teria sua aprovação.
Há duas espécies de santos: os sepa-
rados/perdoados por Deus e os criados
pelo homem. Na Igreja Católica, o signi-
ficado está fundamentado na mitologia
greco-romana. Isto é, a partir dos chama-
dos heróis da fé, nos primórdios da Igreja
Cristã. Eles serviam de exemplo, modelo
de fé, pois morriam em defesa dela. O
povo buscou na mitologia semelhanças
nos deuses e deusas greco-romanos
como protetores, patronos e outros, pas-
sando de veneração à adoração. Séculos
depois, a Igreja aceitou o fato.
Pedro, Paulo e os outros citados no início
do texto não surgiram da mente do povo. Fo-
ram santificados pelo Espírito Santo, jamais
produzidosporaçãohumana.Omesmovale
para Martinho Lutero, cujo centro de sua
confissão estava única e exclusivamente na
fé. Com exceção de Maria, que confessou
que a criança em seu ventre é o seu Salva-
dor, desconheço a fé que os outros tiveram,
alguns sendo lendas. É muito provável que
sejafundamentadanasobras,queédoutrina
Católica. Ainda que possamos admitir que,
talvez, alguns tenham sido santificados pela
fé. Porém, acima de tudo, santificação é
atributo exclusivo do Espírito Santo.
Daí a querer colocar nomes estranhos
em uma comunidade luterana vai mi-
lhões de anos-luz. Acho que precisamos
cuidar para não cairmos no sincretismo
religioso de outras denominações. Diria
que divulgar a razão de nossa Igreja ser
chamada de Evangélica é uma, e base-
ada em 2 Co 5.19: “...a saber, que Deus
estava em Cristo, reconciliando consigo
o mundo, não imputando aos homens as
suas transgressões, e nos confiou a palavra
da reconciliação”. Não vamos “macular”
nossa herança luterana por questões que
não edificam...
Decio Dalke, Canoas, RS
Militares celebram culto
No dia 24 de junho, foi celebrado
em Brasília, DF, sob a coordena-
ção da Aeronáutica, a Páscoa dos
Militares Evangélicos de Brasília.
Estiveram presentes militares de
todas as forças (Marinha, Exército,
Aeronáutica, Polícia Militar e Corpo
de Bombeiros Militar). Somente a
Marinha não teve a presença de seu
capelão, visto que não há capelão
evangélico nesta força em Brasília.
Um pastor da Marinha, militar da
reserva, participou entre os capelães
na condução do culto.
Os cantores e músicos foram cha-
madosdentretodasasforças.ABanda
da Base Aérea de Brasília conduziu
o Hino Nacional e o hino final: Um
pendão real vos entregou o Rei!
A Igreja Presbiteriana Nacional
de Brasília sediou o culto. Seu
pastor presidente, Obedes Ferreira
da Cunha Júnior, participou na direção
da liturgia. Estiveram presentes cerca de
1000 militares.
A coordenação geral do Culto e a
Pregação estiveram por conta do 1º Ten
QCOA-PAS, Valdemar Alcindo Arend,
também pastor da Congregação Cristo
Para Todos, do Guará II, DF. A pregação
apontou para Jesus como o fundamento
da verdadeira Paz, e aquele que faz de
seus seguidores pacificadores (promotores
da Paz).
Foto: Arquivo Editora Concórdia
40 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93
HORA LUTERANA
Abril é o mês de aniversár
Hora Luterana
Abril é o mês de aniversár
Hora Luterana
Testemunho
Vou ligar para a casa
do Papai do Céu
Testemunho apresentado pelo pastor Carlos Kracke no
culto alusivo aos 63 anos da Hora Luterana 2010, na
CEL Concórdia, de São Paulo, SP, em agosto último.
Rogério Dezzotti da Silva, criança
amada, querida e mimada. Aos oito meses
de idade, foi diagnosticado ser portador
de um tumor maligno no fígado. Foi
internado por oito meses, passou por
18 cirurgias, entre cateter e cirurgias
grandes, na tentativa de retirar o tumor.
Porém, sem sucesso! Em 2002, foi desen-
ganado pelos médicos, com apenas 1 ano
e 4 meses de vida.
Passou-se o tempo e, pela misericórdia
de Deus, até esquecemos o tumor. E o
Rogério cada dia mais forte e lindo. Grata
ao Senhor pelo milagre, queria falar do
amor de Deus para o pequeno Rogério, e
não sabia como fazêr para ele entender,
pois uma criança tão pequena, com ape-
nas dois aninhos. Então, lembrei-me da
Hora Luterana, e daquele telefone que
passa mensagens para adultos e crian-
ças. Liguei para 5097-7620 e coloquei o
Rogério para ouvir.
Ele ficava quietinho e atento até o final
da historinha, e assim eu ligava todos os
dias até ele aprender a discar sozinho.
Com apenas 4 anos, ele dizia que ia ligar
para a “casa do Papai do Céu”. Já grandi-
nho ouvia as histórias, gostava, tinha fé
em Jesus e dizia ao primo e aos amigos
da escola para ligarem para a “casa do
Papai do céu” que, todo dia tinha uma
historinha linda.
Hoje, a Hora Luterana não recebe mais
esta ligação. Pois no dia 5 de fevereiro de
2007, perto de completar 6 anos, Papai de
Céu, levou o Rogério. Levou nosso anjo
que alegrava nossas vidas e divulgava esta
ligação para os amiguinhos. Mas deixou
muitas lembranças lindas e hoje cai muitas
lágrimas de saudades dos olhos da mamãe
Michele e da vovó “Bolinha” (era assim
que ele me chamava, pois dizia que eu era
baixinha e gordinha). Eu amava esse jeito
carinhoso e alegre que ele me chamava.
Em nossos corações, ficou uma pergun-
ta: Para que Senhor?
O Senhor poupou a vida dele por
quase 5 anos a mais, com uma qualidade
de vida maravilhosa, sem nunca mais
ter tomado nenhum medicamento. E, de
repente o Senhor o chama, dilacerando
nosso coração.
O que é que o Senhor quer nos mostrar?
É um mistério que só o Senhor sabe.
Ainda em meio a tanta dor, digo de
coração: “Deus deu, Deus levou. Louvado
seja o nome do Senhor”
Vovó Izilda (vovó Bolinha)
(11) 5097-7600
www.cptn.org.br
atendimento@horaluterana.org.br
m
Fotos:Álbumdefamília
”
“
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Formação de pastores: a importância da educação teológica

  • 1. o Outubro 2010 | N 10 | Ano 93 ISSN1679-0243 Exemplar avulso R$ 4,90 9771679024000 Confessionalidade O mosquito e o camelo Educação Autismo, uma realidade também dentro das igrejas Testemunho Vou ligar para o Papai do Céu pág. 14 pág. 16 pág. 40 a força da Reforma A Reforma da Igreja se faz com a pregação da Lei e do Evangelho A Palavra
  • 2. Descontos e prazos especiais para mais unidades. Fone: (51) 3272.3456 www.editoraconcordia.com.br pedido@editoraconcordia.com.br R$17,50Preço de catálogo (sem desconto) 365 mensagens que vão fazer a diferença na sua vida em 2011 Consulte o agente de literatura, o pastor da sua congregação, ou entre em contato com a Editora Concórdia. Reserve já o seu!
  • 3. 34 Educação Desenvolvimento infantil e saúde mental Frente de missão Ex-futuro padre entra para a Igreja Luterana Idosos É tempo...da melhor idade Comportamento Quem ama educa Nesta edição 08 18 38 Mensagem do presidente 05 Vida com Deus 06 Em foco 07 Adoração e louvor 09 Capa 10 Confessionalidade 14 Educação 16 Educação Teológica 33 Comportamento 34 O que as congregações fazem 36 ANEL 37 Reação do leitor 39 Do leitor 41 Notícias 42 Virando a página 50 Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 3 Nilo Wachholz Editor-Redator editor@editoraconcordia.com.br Ao leitor Reforma, educação e testemunho O Mensageiro Luterano do mês de outubro contempla temas que dão ênfase à educação – seja na família, na es- cola, na igreja ou em nosso Seminário. Isto acontece por outubro ser o mês das crianças, do professor, do Seminário e da Reforma. Começamos com a matéria de capa relembrando a Reforma liderada por Martinho Lutero, não apenas recontan- do parte da história, mas apontando para a verdadeira força que fez esse movimento de reforma ter êxito – a Palavra de Deus. Sem ela, Lutero e seus colaboradores teriam sucumbi- do em suas lutas teológicas. O texto mostra que só a correta pregação e aplicação da Lei e do Evangelho vão sustentar a caminhada da Igreja, com fidelidade e sob as bênçãos do Senhor da Igreja. Através das páginas relacionadas à educação, sob diferentes enfoques e situações, queremos ajudar os pais, professores e educadores nesta grande e nobre missão-desafio que é educar e formar para a vida. Começamos na família, continuamos na escola e na igreja. O Seminário também é lembrado na Mensagem do presidente, na Educação teológica e no Virando a página. Já antes, no espaço Vida com Deus, mulheres da bíblia são lembradas como mães dos nossos pastores e de decisiva participação no despertamento e na formação ministerial de muitos. As crianças também têm especial participação nesta edição. Não só pela lição do Mensageiro das Crianças e os trabalhos que elas nos enviaram, mas acima de tudo pelo testemunho do pequeno Rogério Dezzotti da Silva (pág. 40), que hoje já mora na Casa do Pai do Céu. Fui tocado profundamente por esse depoimento, transmitido pela vó Izilda, a quem tive a alegria de conhecer pessoalmente no Culto de Aniversário da Hora Luterana. Vale a pena ler, refletir, reler e seguir o seu exemplo de compartilhar a sua experiência de vida com Deus! No abraço especial que ofereço a avó e mãe do Rogério, pequeno em estatura, mas grande na fé, abraço a todos os leitores do Mensageiro Luterano! Até a próxima edição, se Deus assim o permitir!
  • 4. Fotos:LeandroR.Camaratta 4 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Prêmio Areté Concórdia E d i t o r a ISSN 1679-0243 Órgão Oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) de periodicidade mensal (exceto janeiro e fevereiro - edição única). Registrado sob nº 249, livro M, nº 1, em dezembro de 1935, no Registro de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro, conforme o Decreto-Lei de Imprensa nº 24776 de 14/07/1934. Projeto e Produção Gráfica Editora Concórdia Ltda. Redação: mensageiro@editoraconcordia.com.br Editor Nilo Wachholz - Reg. Prof. MTb: 42140/SP Assistente Editorial Daiene Bauer Kühl - Reg. Prof. MTb: 14623/RS Revisão Aline Lorentz Sabka Diagramação Leandro da Rosa Camaratta Estagiário de Design Christian Schünke Colaboradores fixos Bruno Ries, Luisivan Vellar Strelow Marcos Schmidt, Mona Liza Fuhrmann, Rosemarie K. Lange, Vitor Radünz, Waldyr Hoffmann Assinaturas Lianete Schneider de Souza Logística Marcelo Azambuja Tiragem desta edição: 9 mil exemplares A Redação reserva-se o direito de publicar ou não o material a enviado, bem como editá-lo para fins de publicação. Matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da Redação ou da Administração Nacional da IELB. O conteúdo do Mensa- geiro pode ser reproduzido, mencionados o autor e a fonte. Av. São Pedro, 633 – Bairro São Geraldo CEP 90230-120 – Porto Alegre – RS Fone/Fax: (51) 3272 3456 www.editoraconcordia.com.br twitter.com/edconcordia Editora: editora@editoraconcordia.com.br Livraria: comercial@editoraconcordia.com.br Diretoria Executiva Henry J. Rheinheimer (presidente), Clóvis J. Prunzel, Nilo Wachholz, Nilson Krick e Rubens José Ogg Gerente Nilson Krick nilson@editoraconcordia.com.br Depto Financeiro Joel Weber Editor Nilo Wachholz editor@editoraconcordia.com.br Comissão Editorial Rubens José Ogg, Célia M. Bündchen, Clóvis J. Prunzel, Nilo Wachholz, Adilson Schünke e Nilson Krick Rua Cel. Lucas de Oliveira, 894 Bairro Mont’Serrat - CEP 90440-010 Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3332 2111 / Fax: (51) 3332 8145 e-mail: ielb@ielb.org.br Diretoria Nacional 2010/2014 Presidente Egon Kopereck 1º Vice-presidente Arnildo Schneider 2º Vice-presidente Geraldo Walmir Schüler Secretário Rubens José Ogg Tesoureiro Renato Bauermann A IELB crê, confessa e ensina que os livros canônicos das Escrituras Sagradas, do Antigo e do Novo Testamento, são a Palavra infalível revelada por Deus e aceita, como exposição correta dessa Palavra, os livros simbólicos da Igreja Evangélica Luterana, reunidos no Livro de Concórdia do ano 1580. IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL Assinatura no Brasil Semestral R$ 29,00; Anual R$ 46,00; Bianual R$ 86,00 Assinatura para outros países Anual US$ 52,00; Bianual US$ 100,00 A Editora Concórdia recebeu, no dia 19 de agosto, o Prêmio Areté de Literatura – prêmio da excelência no meio editorial cris- tão. Em cerimônia realizada em São Paulo, durante o Congresso da Associação de Editores Cristãos (ASEC), o editor, pastor Nilo Wa- chholz, recebeu o troféu pelo livro premiado, Teologia e prática de métodos evangelísticos, de Anselmo Graff (organizador) na catego- ria Evangelização/Nacional. De acordo com o editor, o prêmio foi festejado por todos os presentes. “Eles torceram muito por nós, que participávamos pela primeira vez. Havia muita gente, inclusive a presi- dente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), o que foi inédito também”. A Editora Concórdia participou com seis obras, sendo que foram finalis- tas os livros: O homem sem medo, de Decio Dalke, na categoria Bio- grafia/Nacional; e A Epístola aos Gálatas, de Paulo Flor, na categoria Comentário/Nacional. Ao todo, concorreram mais de 400 obras, em 30 diferentes catego- rias. Os trabalhos foram avaliados por 170 julgadores, sem vínculos com as editoras concorrentes. O Congresso anual da ASEC aconteceu durante a 21ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que foi memorável para as editoras cristãs, pelo nú- mero expressivo de participantes. As editoras cristãs filiadas a ASEC ocuparam o maior espaço da feira. Durante o Congresso, convidados que são referência no meio do livro compareceram para falar de perfil e tendências do leitor cristão, dos desafios do livro digital para as editoras cristãs, além de gestão, vendas e empreendedorismo. Editora Concórdia conquista prêmio PRÊMIOARETÉ2010 Daiene Bauer Kühl Equipe Editorial Concórdia
  • 5. Foto: Arquivo Editora Concórdia Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 5 Mensagem do presidente Egon Kopereck Pastor, presidente da IELB presidente@ielb.org.br O utubro é o mês da educação teológica. Você já agradeceu ao Senhor por ter um Seminário que prepara pastores para cuidar, pastorear e zelar pelo povo de Deus? Você já agra- deceu a Deus porque neste Seminário há professores, que foram abençoados por ele com um dom especial? Que se prepararam, estudaram, se tornaram mestres, alguns doutores, para poderem assim servir na preparação de outros? Você já pensou na possibilidade de estimular alguém a estu- dar no Seminário e se tornar um pastor da Igreja? Você já pensou em patrocinar os estudos de alguém nesta caminhada rumo ao ministério? Você tem orado pelo seu pastor, pela pregação do Evangelho em sua Comunidade, no Distrito, na IELB e especialmente nas frentes de missão? Eis algumas perguntas que merecem reflexão e atenção. O pastor Vejo, praticamente em cada exemplar do nosso Mensageiro Luterano, o pastor A educação teológica é o destaque do mês Benjamin Jandt na função de provedor para o nosso Seminário. O pastor Jandt sempre fala, estimula e busca apoio ao nosso Seminário, à formação dos nossos teologandos, destacando a importância do ministério. E de fato, um pastor é uma benção para a Igreja. Vejo congregações sofrendo por não terem um pastor. Vejo comunidades cla- mando por bons pastores. Jesus, em Mar- cos 6.34, se compadeceu de uma multidão, porque pareciam como ovelhas sem pastor. Um pastor é um guia, alguém que orienta, que equipa, que prepara, que consola, que corrige, exorta, repreende com toda a longanimidade e doutrina (2 Tm 4.2). E ele o faz como alguém que deve prestar contas desse seu ministério (Hb 13.17). Isso é uma benção que muitas vezes é pouco valorizada e reconhecida. A comunidade Querido povo de Deus! Em primeiro lugar, lembrem sempre de orar pelo vosso pastor, para que ele, como disse o apósto- lo Paulo em Efésios 6.19, tenha sem- pre coragem e ousadia de abrir a boca e anunciar a mensagem do amor de Deus em toda a sua pureza e verdade. Em segundo lugar, deem apoio a ele. Incentivem o seu trabalho. Não esque- çam que o pastor não é nenhum super- homem. Ele é um ser normal, com fra- quezas e defeitos. Saibam compreende-lo. Digam-lhe uma palavra de ânimo. Estejam prontos para ampará-lo, assim como fize- ram Arão e Hur com Moisés (Êx 17.12). Deem-lhe o reconhecimento também no salário, pois “digno é o trabalhador do seu salário” (1 Tm 5.18). Resultados Valorizando o seu pastor, ele, certa- mente, fará o seu trabalho com mais ale- gria. Além disso, você estará estimulando seu filho, os jovens da sua Congregação, a pensar no ministério como algo bom, prazeroso, digno. Uma grande honra! Seminário Concórdia Parabéns ao nosso Seminário pelos seus 107 anos desde a sua fundação. Que Deus abençoe esta nossa casa de profe- tas. Que Deus abençoe nossa IELB, para que sempre tenhamos bons professores, bons alunos e, desta maneira, pastores fiéis e dedicados. Conselho Diretor Teremos agora, entre os dias 9 e 12 de outubro, a reunião do Conselho Diretor. O planejamento, a organização, os trabalhos da nossa querida Igreja estarão lá, sendo avaliados, debatidos e decididos. Orem pelas reuniões e decisões do Conselho Diretor. Um grande abraço a nossa que- rida Igreja! m
  • 6. Fotos:ArquivoEditoraConcórdia 6 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Vida com DeusVida com Deus Luisivan Vellar Strelow Ana, Maria, Eunice e as mães dos pastores na igreja Sua mãe lhe fazia uma túnica pequena e, de ano em ano, lha tra- zia... o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do SENHOR e dos homens. 1 Samuel 2.19,26 Sua mãe, porém, guardava todas estas coisas no coração. E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. Lucas 2.51,52 Tua avó Lóide... tua mãe Eunice.... Desde a infância sabes as sa- gradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 2 Timóteo 1.5; 3.15 O menino Samuel tornou-se mi- nistro do Senhor (1 Sm 3.21); o menino Jesus ensinou no templo (Lc 2.46,47); desde a infância, Timóteo conhecia as Escrituras (At 16.1-3; 1 Tm 4.12); Jeremias, quando chamado, se disse uma criança (Jr 1.6). Mas o que eles tinham em comum? A graça de Deus esta- va sobre todos eles (1 Sm 2.26; Jr 1.8,9; Lc 1.52; At 16.1; 1 Tm 4.14). Ana, a cada ano, tecia uma nova túnica para Samuel, o qual crescia em estatura e favor diante de Deus e dos homens (1 Sm 2.26); Maria guardava no coração as palavras: “Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.49); Eunice enviou Timóteo como evangelista (At 16. 1-5; 2 Tm 2.1). As Anas, Marias e Eunices de hoje são as mães dos pastores na igreja. Muitas delas, já idosas, cedo deixaram ir seus filhos, para que se formassem ministros da Palavra de Deus. São mães que oram fervorosamente, como Ana; que servem humildemente, como Maria; e que educam seus filhos na Palavra de Deus, como Eunice. São mães que zelam para que seus filhos não cres- çam apenas em estatura, mas também em sabedoria e graça diante do Senhor e dos homens. Dentre esses, muitos são arregi- mentados para o bom combate da pregação do Evangelho (2 Tm 2.3,4). Asfamíliaspiedosassãoomelhorseminá- rio. Pois um “seminário” nada mais é do que uma“sementeira”oucanteiro,ondesedepo- sitam sementes ou se preparam mudas. Os primeiros professores de teologia, temos em nossa própria casa: “desde a infância, sabes as sagradas letras” (2 Tm 3.15). Firme alicerce teológico dos pasto- res é a instrução de suas mães (Pv 1.8). Pois com verdadeira fé no Senhor Jesus, elas cultivam sementes para o Reino de Deus (2 Tm 1.5). As mães de pastores oram para que seus filhos sejam bons soldados de Cristo (1 Sm 2.4; Lc 1.51; 2 Tm 2.3,4), que manejem bem a Palavra da Verdade, que é a espada do Espírito (2 Tm 2.15; Ef 6.17). Para formar soldados que, na vida e no ministério, usam apenas “as armas da luz” (Rm 13.12), não basta um bom curso de teologia... É preciso de mães que confiam, oram e servem a Deus. Pois, o Senhor dos Exércitos escolhe seus soldados muito cedo: antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí por profeta às nações (Jr 1.5). Quandoosfilhospartemparaamissão,as mães cristãs celebram o poder e a vitória do Senhor (1 Sm 2.4; Lc 1.51). Sua esperança estáemDeus,enãoempoder,nememrique- zas terrenas (Hb 11.35; 1 Sm 2.5; Lc 1.53). É delas também a oração de Ana: Por este menino orava eu... Pelo que também o trago aoSENHOR,portodososdiasqueviver;pois do SENHOR o pedi (1 Sm 1.27,28). E Deus, queamparouaAna,tambémnãodeixaessas mães desamparadas (1 Sm 2.21). São para nós e para elas as palavras de Jesus: eis aí teu filho... eis aí tua mãe (Jo 19.27). Paulo nos deixa um exemplo de como honrar as mães de pastores na igreja: saudai a Rufo, esse eleito do Senhor e sua mãe, que é também a minha (Rm 16.13). Se,emnossascongregações,temosmães, especialmente as mais idosas, de pastores servindo ao Senhor em lugares distantes, sejamos nós, para elas, o seu filho e a sua filha.Lembremosqueelassão,paranós,Ana, Eunice e Maria. “Os primeiros professores de teologia, temos em nossa própria casa _ ‘desde a infância, sabes as sagradas letras’ (2 Tm 3.15). Firme alicerce teológico dos pastores é a instrução de suas mães (Pv 1.8). Com verdadeira fé no Senhor Jesus, elas cultivam sementes para o Reino de Deus (2 Tm 1.5).” Luisivan Vellar Strelow. Pastor, filho de Lili (família Vellar). Colaborador do ML m
  • 7. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 7 Em foco Pastor da IELB em Novo Hamburgo, RS Colaborador do ML marsch@terra.com.br Marcos Schmidt Q uando os Estados Unidos invadi- ram o Iraque em 2003, busquei na parábola do joio a sabedoria de Jesus, para dizer que George W. Bush cometia um grande erro. Foi no artigo O joio e a guerra – aqui mesmo, nesta colu- na. Na famosa história, os empregados perguntam ao patrão: “O senhor quer que arranquemos o joio?” A resposta veio logo: “Não, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo” (Mateus 13.29). Sete anos depois, os sol- dados americanos deixam o Iraque e, nas areias do deserto, o trigo queimado junto ao joio – a vida ceifada de 100 mil civis, 13 mil soldados iraquianos, 4.446 soldados americanos e 40 mil feridos. Um rastro de destruição e de incertezas, além da própria expansão terrorista dos extremistas muçul- manos no mundo inteiro, em represália à invasão desse território islâmico. Vejo algo semelhante acontecendo no âmbito religioso cristão, numa guer- ra entre a moralidade e a imoralidade, a santificação e o pecado. Em meio aos violentos ataques contra as torres das leis morais, o grande perigo é invadir o território do outro com armas humanas e truculentas. Igual à espada de Pedro que arranca a orelha do soldado, mas que recebe a reprimenda de Jesus: “Você não sabe que, se eu pedisse ajuda ao meu Pai, ele me mandaria agora mesmo doze exércitos de anjos?” (Mateus 26.53). Tais palavras deveriam tranquilizar os seguido- res do Mestre, que, no desejo de defender a vontade divina, podem menosprezar o poder do Evangelho. A grande missão da Igreja sempre será semear e não ceifar, evangelizar e não mora- lizar. Por isso, a explicação da parábola por aquele que a proferiu: “Quem semeia a boa semente é o Filho do Homem. O terreno é o mundo. A boa semente são as pessoas que pertencem ao Reino; e o joio, as que per- tencem ao Maligno. O inimigo que semeia o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos”(Mateus13.37-39).Bastaaodiscípulo ser a boa semente que germine, cresça e frutifique; e deixar que os anjos separem o joio do trigo e façam a colheita. Dias atrás, um pastor norte-americano tentou, ele mesmo, separar o joio do trigo. Felizmente, desistiu de queimar exem- plares do Alcorão, o que aumentaria a intolerância religiosa. No site desta Igreja, afirma-se: “Devemos nos levantar contra o pecado e chamar as pessoas ao arre- pendimento. O aborto é um homicídio. A homossexualidade é um pecado. Devemos chamar essas coisas do que são e anunciar ao mundo a verdadeira mensagem: Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. Isto que pregam está na Bíblia e é a mais pura verdade. No entanto, tem um problema: a forma como anunciam transforma o Evangelho em mentira. “Não, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo” é uma ordem, igual ao “vão por todo o mundo e preguem o Evangelho”. Desobedecer este imperativo é arrancar o trigo em vez de colhê-lo. É semear o ódio no lugar do amor, a injustiça no lugar da justiça, a Lei no lugar do Evangelho. É voltar para casa igual aos soldados que estão saindo do Iraque. “A grande missão da Igreja sempre será semear e não ceifar, evangelizar e não moralizar. Por isso, a explicação da parábola por aquele que a proferiu: “Quem semeia a boa semente é o Filho do Homem. O terreno é o mundo. A boa semente são as pessoas que pertencem ao Reino, e o joio, as que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeia o joio é o próprio Diabo. A colheita é o fim dos tempos, e os que fazem a colheita são os anjos.” Joio, trigo e o Iraque m
  • 8. Foto:ArquivoEditoraConcórdia 8 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Idosos Fabrício Sobrosa Iung, pastor da IELB em Simões Filho, BA É tempo... da melhor idade! H á muito tempo, o cantor sertanejo Sérgio Reis escreveu esta música: “Conheço um velho ditado, que é de muito tempo dos atrás. Diz que um pai trata dez filhos, dez filhos não trata um pai. Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar, o velho, peão estradeiro, com seu filho foi morar. O rapaz era casado e a mulher deu de implicar. ‘Você manda o velho embora, se não quiser que eu vá.’ E o rapaz, de coração duro, com o velhinho foi falar: ‘Para o senhor se mudar, meu pai eu vim lhe pedir. Hoje aqui da minha casa o senhor tem que sair, leve este couro de boi que eu acabei de curtir pra lhe servir de coberta aonde o senhor dormir’. O pobre velho, calado, pegou o couro e saiu, seu neto de oito anos que aquela cena assistiu correu atrás do avô, seu paletó sacudiu metade daquele couro, chorando ele pe- diu. O velhinho, comovido, pra não ver o neto chorando partiu o couro no meio, e pro netinho foi dando. O menino chegou em casa, seu pai foi lhe perguntando. ‘Pra quê você quer este couro que seu avô ia levando?’ Disse o menino ao pai: ‘um dia vou me casar. O senhor vai ficar velho e comigo vem morar. Pode ser que aconteça de nós não se combinar, essa metade do couro vou dar pro senhor levar”. No dia 1° de outubro, comemoramos o dia dos idosos. Celebrar este dia significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valordasabedoriaadquirida,nãoapenasnos livros,ounasescolas,masnoconvíviocomas pessoas e com a própria natureza. Significa valorizar mãos calejadas e rostos enrugados pela experiência de uma vida inteira. Infelizmente, não é isso o que temos vivido neste mundo. Em nossa sociedade atarefada e sempre atrasada, parece não sobrar mais tempo para ouvirmos e valo- rizarmos aqueles que já vivem na “melhor idade”. Nossos velhos são desprezados, e nós perdemos a chance de aprender com a história viva que eles podem nos ensinar. Como seria bom se aprendêssemos com os orientais, que cuidam e valorizam muito os idosos e as crianças. Eles sabem que, sem a história que os idosos viveram e sem o futuro que as crianças irão viver, o mundo acabará. A Bíblia Sagrada nos diz que só há uma forma de alcançarmos um coração sábio: “aprendendo a contar os nossos dias”. Que verdade esplêndida! Quando aprendermos a valorizar cada uma das nossas experiên- cias, quando aprendermos a viver intensa- mente cada um dos nossos minutos, é que alcançaremos um coração sábio. Queremos viver intensamente e aca- bamos, muitas vezes, fazendo besteiras; enquanto pouco seria necessário, muito queremos fazer. Como seria bom se pudés- semos viver intensamente enquanto somos jovens, mas na nossa juventude ainda não aprendemos a contar os nossos dias. E quando por fim alcançamos um coração sábio, já não temos muito vigor. Que nós, enquanto jovens, possamos valorizar e amar aqueles que já alcançaram um coração sábio. Que nós, antes de lhes dar um pedaço de couro de boi, possamos lhes dar nosso carinho nosso amor e nossa atenção. Que nós possamos valorizar o seu coração sábio e que aprendamos a viver com os nossos avós. E que, quando alcançarmos nossa ve- lhice, possamos viver intensamente, com leveza de coração, com sabedoria, e com- partilhando com todos nossa vida, nossas histórias. Mostrando a todos, especialmente aosjovens,comoébomalcançarumcoração sábio, pois os dias passam, a beleza e a vai- dade ficam para trás, mas as mãos calejadas mostram a verdadeira sabedoria. Por isso, é tempo de amar, de valorizar e viver de forma completa a melhor idade. Fabrício Sobrosa Iung Senhor, que eu aprenda a contar os meus dias e possa alcançar um coração sábio. Que eu valorize os idosos e que possa mostrar a todos os que nos rodeiam como é bom e maravilhoso estar dia após dia na tua presença. Amém! m
  • 9. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 9 Adoração e louvor David Karnopp As cruzes do templo O que é importante saber sobre o uso da cruz na igreja? A cruz é o símbolo que mais iden- tifica a presença do cristianismo em todo mundo. Desde o início da Igreja Cristã, ela foi usada para identificar templos, instituições e cemitérios. É tam- bém costume antigo usá-la como adorno pessoal, pendurada ao pescoço. Hoje, ela continua sendo uma das melhores formas de identificar a presença da fé cristã. Ao longo da história, foram desenvol- vidos diversos estilos de cruzes. No meu livro A dinâmica do culto cristão (Editora Concórdia), mais precisamente no último capítulo, tem uma parte que fala sobre estilos de cruzes. Neste espaço, vou falar apenas sobre as formas de cruzes mais usadas na IELB. Alguns evangélicos e pentecostais não admitem qualquer forma de cruz. Alegam que o uso dela é uma adoração a um objeto, o que seria idolatria. Há pessoas que usam a cruz como espécie de amuleto, que serve para proteger contra perigos e até “mau olhado”. A falta de conhecimento sobre o significado e importância da cruz pode levar a distorções. O Crucifixo É a cruz com o corpo de Cristo esculpido. Ele enfatiza a natureza humana de Cristo e o seu sacrifício por nós. Um crucifixo sempre nos lembra que Cristo morreu por nós, para que tivéssemos perdão e sal- vação. Porém, ele também lembra que a nossa vida aqui na terra ainda está sob a cruz. Muitos entendem que, após a ressurreição de Jesus, o cristão não tem sofrimentos e que sua vida é sempre alegre, mas a Palavra de Deus condena esta interpretação. Jesus diz que, para ser discípulo dele, é preciso tomar a cruz e carregá-la. Algumas igrejas até admitem o uso da cruz, mas apenas a cruz vazia e não o crucifixo. Dizem que o importante é anunciar o Cristo ressurreto. “Nós prega- mos o Cristo crucificado”, diz o apóstolo Paulo (1 Co 1.23). Ao dizer isso, Paulo lembra que a obra salvadora de Cristo culminou com o seu sacrifício na cruz e que, sem ele, não haveria vitória. No templo, o melhor lugar para o crucifixo é em cima do altar, um pouco à frente da cruz vazia, pois o altar sempre lembra o sacrifício dos animais no Antigo Testamento. Como Cristo é o perfeito Cor- deiro sacrificado por nós, estes sacrifícios não são mais necessários. Lembrando o sacrifício de Jesus por nós, o crucifixo é o ornamento mais importante do altar. A Cruz Vazia Lembra a ressurreição e a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte. Seu maior propósito é dizer que Cristo vive e que nós, pela fé, viveremos com ele. Ela sempre serve de consolo para o povo de Deus, pois tem nela um símbolo da esperança pela ressurreição. Dentro da igreja, a cruz vazia deve ficar por trás do altar e sobressaindo acima dele, dando a ideia de que, após a ressurreição, Jesus subiu ao céu. Na frente dela está o crucifixo, geralmente menor. Assim, quem olha de frente para o altar, visualiza o cru- cifixo e lembra que sua caminhada ainda está sob a cruz, mas já pode levantar os olhos e, ao visualizar a cruz vazia, pode estar certo da sua ressurreição e vida eter- na com Jesus no céu. A Cruz da Procissão Em festividades especiais, por ocasião da entrada dos ministros e dos oficiantes, pode-se usar uma cruz “processional”. Ela é composta de uma cruz pequena, inserida numa haste de metal. Na procissão de en- trada, ela deve ir à frente e sobressair a tudo e a todos, para mostrar que é por causa de Cristo que podemos prestar culto a Deus. É conveniente que o portador da cruz cubra-se com uma sobrepeliz. A Cruz da IELB A cruz que identifica a IELB é bastante conhecida em todo Brasil. Ela é um logotipo de uma instituição e não de toda a Igreja Cristã. Sua função é identificar a IELB e não a Igreja Cristã numtodo.Assim,ébomqueelaesteja emlugaresvisíveis,comonasfachadas de templos, nas torres, portas e placas das igrejas e em adesivos. Em alguns templosdaIELB,elaestáafixadaatrás doaltar,quenãoéomelhorlugarpara ela. Lá, deveria estar a cruz vazia e o crucifixo, que são símbolos litúrgicos universais,osquaispertencemàIgreja Cristã de todos os tempos. O altar e seus ornamentos devem lembrar a obra de Cristo em favor do pecador, enquanto que a cruz da IELB quer apenas identificar uma instituição. David Karnopp, pastor em Vacaria, RS Membro da Comissão de Culto da IELB m Foto: Marcelo Kortz
  • 10. Fotos:ArquivoEditoraConcórdia 10 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Capa A A Reforma da Igreja se faz com a pregação da Lei e do Evangelho, porque somente a Lei e o Evangelho produzem o verdadeiro arrependimento e a verdadeira mudança de vida. Mensageiro Luterano - Qual o contexto histórico- teológico da Reforma liderada por Martinho Lutero? Luisivan Velar Strelow - A Reforma da Igreja era um sonho antigo. Bernardo de Claraval (1090-1153) já havia anunciado que, tendo passado a era dos mártires e a dos doutores, viria a era dos reformadores. A falsa segurança dos cristãos, o esfriamento da fé e a acomodação ao mundo ameaçariam a Igreja no fim dos tempos. Os reformadores seriam pregadores do arrependimento, como João Batista. O clamor pela reforma, na época de Lutero, havia crescido muito. No ano em que Lutero publicou as 95 Teses, terminava um concílio sobre a Reforma da Igreja. As ordens religiosas também promoviam reformas internas, inclusive a de Lutero. Sua viagem a Roma, em 1510, havia sido para resolver assuntos ligados à reforma da ordem. João Staupitz, superior e responsável pela formação teológica de Lutero, era um reconhecido pregador da Reforma da Igreja e da renovação da piedade monástica. Erasmo de Roterdã e outros humanistas promoviam a Reforma da Igreja pela renovação dos estudos bíblicos e teológicos. Lutero não se tornou reformador aos denunciar os abusos da Igreja. Ao contrário, a formação de Lutero fez dele um reformador, ou seja, a “descoberta” do Evangelho fez dele o “Reformador”. Reforma da Igreja força da Palavra acontece pela
  • 11. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 11 ML – Qual a mensagem central (e es- tratégica) de Lutero na condução deste movimento reformista? Strelow - Como reformador, Lutero con- frontou os vendedores de indulgências. Para ele, a humildade e a cruz eram o caminho do cristão. As indulgências, contudo, promoviam o desprezo à verdadeira penitência ou arrepen- dimento cristão. A Reforma, para Lutero, não era assunto ex- clusivo da alta hierarquia da Igreja, mas de cada pastor no cuidado do rebanho que lhe havia sido confiado. Lutero, desde a chegada a Wittenberg, em 1511, conduziu a Reforma em sua esfera de ação, no mosteiro, na igreja e na universidade. Em Romanos 12.1, 2, Paulo chama os cris- tãos a não se conformarem ao mundo, mas a deixarem-se transformar pela pregação da Palavra de Deus. Na antiga tradução latina, o texto diz: “reformai-vos pela renovação do vosso pensamento”. O apóstolo repete o “arrependei- vos” da pregação de Jesus e dos apóstolos (Mt 4.17; At 2.38; cf. Mt 3.2). Lutero sempre foi, sob este aspecto, um reformador. Aos ouvintes na igreja, Lutero pregava contra a piedade, baseado em obras exteriores sem renovação interior; Aos alunos, na universidade, ensinava que Paulo, na Carta aos Romanos, queria destruir toda confiança em obras e conduzir os homens unicamente à fé em Cristo; Aos frades agostinianos, ensinava que a teolo- gia da glória busca a justificação por obras, mas que a teologia da cruz busca justificação interior, pela fé em Cristo; Nas 95 Teses, ensinou a todos que o papa poderia dispensar os cristãos apenas dos castigos impostos pela Igreja, jamais do arrependimento ou da cruz. A teologia das 95 Teses era, deste modo, essencialmente reformatória, pois cha- mava os cristãos da confiança em obras e coisas exteriores, como a compra de indulgências, para a confiança na graça de Deus em Cristo. ML – Lutero pode ser caracterizado mais como teólogo (pesquisador) ou como pastor (pregador)? Strelow - No estudo da teologia de Lutero, as 95 Teses foram relegadas a um segundo pla- no. A redescoberta de manuscritos de Lutero, no início do século XX, deu força à tendência de estudar Lutero como um pesquisador bíblico moderno e não como um pregador do arrepen- dimento do final da idade média. Muitos estudos enfatizaram a nova metodo- logia de interpretação bíblica de Lutero, ou a sua peregrinação intelectual de ruptura com a teologia medieval. Em vista disso, o confronto com os vendedores de indulgências e com as autoridades eclesiásticas teriam servido apenas para afastar Lutero do seu trabalho de pesquisa bíblica e das aulas na universidade. O centro do debate acadêmico, no século passado, foi ocupado pela questão da gênese ou origem da teologia de Lutero, especialmente em relação à descoberta da doutrina justificação pela fé em Romanos 1.17. A pesquisa sobre- valorizou os textos acadêmicos de Lutero, as anotações que fez sobre os textos bíblicos em preparação para suas aulas, em detrimento das teses e de outros escritos da época. Nestes textos, estariam os vestígios do progresso teológico de Lutero em direção à descoberta que teria feito dele o Reformador. ML – Como Lutero chegou a compre- ensão da chamada justiça de Deus? Strelow - Segundo o relato de Lutero, ele começou expondo os Salmos (1513-1514), mas sentiu-se pouco preparado para a tarefa. Em vista disso, concentrou seus esforços no estudo e ensino de Romanos, Gálatas e Hebreus “A Reforma, para Lutero, não era assunto exclusivo da alta hierarquia da Igreja, mas de cada pastor no cuidado do rebanho que lhe havia sido confiado. Lutero pregava para reformar a Igreja na sua esfera de atuação: no mosteiro, na igreja e na universidade em Wittenberg.” “
  • 12. Foto:LeandroR.Camaratta 12 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Capa (1514-1518), antes de voltar a lecionar sobre os Salmos (1519-1521). A dificuldade estava no termo justiça de Deus, que Lutero compreendia como a punição de Deus aos pecadores. As palavras: “a justiça de Deus se revela no Evangelho, de fé em fé, como está escrito, o justo viverá por fé” (Rm 1.17) estavam lacradas para Lutero, porque ainda interpreta- va o termo justiça de Deus em sentido jurídico (latino) de punição, e não em sentido teológico (hebraico) de misericórdia. Em sentido jurídico-latino, o termo justiça de Deus significa a justiça com a qual Deus pune os pecadores. Já, em sentido teológico-hebraico, a expressão deve significar a justiça com a qual Deus salva os pecadores, a justiça de Cristo, o Cordeiro de Deus. A justiça de Deus revelada no Evangelho é a que recebemos de Deus pela fé (justiça pas- siva), não a que Deus exige de nós por meio de obras (justiça ativa). Em outras palavras, o Evangelho não revela a dívida do cristão diante de Deus, mas o presente gratuito de Deus para o cristão. A justiça de Deus é Cristo, o Cordeiro de Deus, e sua obra redentora. O Evangelho que revela a justiça de Deus é a mesma palavra de absolvição dita ao pecador arrependido na confissão ou penitência. O Evangelho é a promessa de per- dão dos pecados por causa de Cristo, não uma exigência de novas obras de satisfação. A doutrina medieval colocava as obras huma- nas dentro da justificação, induzindo os cristãos, segundo Lutero, à insegurança quanto à graça de Deus. Os cristãos não eram levados a colocar sua confiança no fundamento firme da graça de Deus e da obra redentora de Cristo, mas nas areias inconstantes das obras humanas. Na prática penitencial (confessionário), central na vida da Igreja da época, o conforto do Evangelho estava soterrado debaixo do medo de não estar sufi- cientemente arrependido, ou de ter deixado algum pecado de fora da confissão, ou de não ter feito obras suficientes para merecer a vida eterna. Da prática pastoral, no confessionário e no púlpito, e da prática acadêmica, em suas leituras e aulas, Lutero descobriu a importância de dis- tinguir corretamente entre Lei e Evangelho. ML – Qual a importância da correta distinção entre Lei e Evangelho? Strelow - Lutero aprendeu a separar a jus- tiça do Evangelho, recebida pela fé, da justiça da Lei, feita de obras. ... a verdadeira Reforma da Igreja é diária. A Reforma da Igreja está em curso em toda casa, igreja e escola onde a Palavra de Cristo é pregada. Pais e mães, professores, pastores são os verdadeiros reformadores da igreja: uma família reunida em oração e estudo bíblico, segundo Lutero, é um verdadeiro concílio reformador da Igreja; um professor contando histórias bíblicas para seus alunos, ou um pastor ensinando o catecismo, é um verdadeiro papa reformador da Igreja. Se as autoridades da igreja apenas permitissem a livre pregação do Evangelho na Igreja [...] também eles se converteriam em verdadeiros pastores do rebanho de Deus e verdadeiros reformadores [...] Onde o Evangelho é livremente pregado, a reforma da Igreja está em curso. E novos reformadores são formados continuamente nesses mesmos lares, escolas e igrejas. “
  • 13. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 13 Em Romanos 1.17, Lutero compreen- deu que toda exigência de obras pertence à Lei e que o Evangelho é o anúncio da graça de Deus aos pecadores. A desco- berta permitiu a Lutero ler Rm 1.17, e toda a Escritura, à luz da distinção entre a palavra da Lei, que ordena e exige obras, e a do Evangelho, que oferece a graça de Deus. Lutero descobriu que a verdadeira contrição não é exercício hu- mano, mas obra de Deus pela pregação da Lei, e que a palavra de perdão dos pecados, ou absolvição, dá ao pecador arrependido o que Cristo obteve por nós na cruz: perdão, vida e salvação. O morrer diário do velho homem é obra da Lei (obra estranha de Deus, de mortificação) e o nascer diário do novo homem é obra do Evangelho (obra própria de Deus, de vivificação). A jus- tificação pela fé somente significa que o Evangelho somente revela a justiça ou a graça de Deus, em Cristo. ML – Como aconteceu e acontece ainda hoje a Reforma da Igreja? Strelow - A Reforma da Igreja se faz com a pregação da Lei e do Evangelho, porque somente a Lei e o Evangelho pro- duzem o verdadeiro arrependimento e a verdadeira mudança de vida. Em 1539, em um estudo sobre os con- cílios, Lutero escreveu que a verdadeira Reforma da Igreja é diária. A Reforma da Igreja está em curso em toda casa, igreja e escola onde a palavra de Cristo é pregada. Pais e mães, professores, pas- tores são os verdadeiros reformadores da Igreja: uma família reunida em oração e estudo bíblico, segundo Lutero, é um verdadeiro concílio reformador da Igreja; um professor contando histórias bíblicas para seus alunos, ou um pastor ensinando o catecismo, é um verdadeiro papa refor- mador da igreja. Se as autoridades da Igreja apenas permitissem a livre pregação do Evangelho na Igreja, disse Lutero em escritos dessa época, também eles se converteriam em verdadeiros pastores do rebanho de Deus e verdadeiros reformadores. Mas a Igreja não tem necessidade, segundo Lutero, de papas, bispos, concílios e outras estruturas que não estejam comprometidas com a pregação diária e livre do Evangelho de Cristo na Igreja. Onde o Evangelho é livremente pre- gado, a Reforma da Igreja está em curso. E novos reformadores são formados con- tinuamente nesses mesmos lares, escolas e igrejas. ML – Para Lutero, qual o alcance da Reforma na vida da Igreja? Strelow - Lutero não queria uma reforma restrita à teologia ou doutrina, como um tema acadêmico, mas uma reforma que fosse verdadeira renovação Lutero não queria uma reforma restrita à teologia ou doutrina, como um tema acadêmico, mas uma reforma que fosse verdadeira renovação da vida cristã. Lutero ensinou os cristãos a colocarem em prática, diariamente, o significado do Batismo, o morrer diário do velho homem e o renascer diário do novo homem.” da vida cristã. Lutero ensinou os cristãos a colocarem em prática, diariamente, o significado do Batismo, o morrer diário do velho homem e o renascer diário do novo homem. Nos Dez Mandamentos, segundo Lu- tero, os cristãos aprendem quais são as obras que devem ser afogadas e mortas com o velho homem e quais são os fru- tos da nova vida que devem florescer na vida diária. Na Santa Ceia, os cristãos aprendem a receber o pão da vida que os transforma em pão para o mundo em suas vocações e afazeres diários. Essa nova vida é fruto da justificação, pois boas obras seguem à fé. Essa era a reforma da vida cristã que os contemporâneos de Lutero também esperavam. Lutero não convenceu os seus ouvintes a abandonarem o ideal de Reforma da Igreja que tinham, mas ofereceu a eles um firme fundamento para essa reforma, a graça de Deus, em lugar das obras humanas. A doutrina da obra foi substituída pela doutrina da fé no Cordeiro de Deus. Lutero não dei- xou de pregar o arrependimento, mas resgatou para todos nós o Evangelho de Cristo, no qual temos perdão, vida e salvação. “ Nilo Wachholz Editor m
  • 14. Arte sobre fotos Arquivo Editora Concórdia 14 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Confessionalidade Carlos Walter Winterle P articipei, há alguns anos, de uma reunião internacional entre luteranos de diversas linhas teológicas. O tema da reunião era: “O que nos une... e o que nos separa”. As diversas igrejas luteranas, espalhadas pelo mundo, têm em comum a acei- tação da Bíblia Sagrada, os três Credos Ecumênicos (Apostólico, Niceno e Atanasiano), os Catecismos Menor e Maior, de Martinho Lutero, e a Confissão de Augsburgo, entre outros. Quais são as diferenças? São muitas, mas, em minha opinião, todas podem ser resumidas em um só ponto: a maneira como interpretamos a Bíblia. Cito na página seguinte dois exemplos. O mosquito e o camelo Quando vejo camelos em algumas ruas aqui de Nairóbi, me lembro desta advertência de Jesus. Quanta picuinha é discutida nas igrejas, quantos “mosquitos” estão sendo coados, enquanto os “camelos”, doutrinas e práticas falsas, estão invadindo as igrejas, inclusive as luteranas. Estão “engolindo camelos”, como é o caso da recente aceitação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da ordenação de pastores (as) homossexuais por parte de algumas igrejas.
  • 15. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 15 Carlos Walter Winterle é pastor da IELB em Nairóbi, Quenia. Aceitou chamado para a Cidade do Cabo, África do Sul. 1 Apesar de todos confessarem: “Creio em Deus Pai Todo- Poderoso, Criador dos céus e da terra”, muitos não aceitam o relato bíblico da Criação como regis- trado por Deus em Gênesis 1 e 2, e em muitas outras passagens da Escritura, tanto do Antigo como do Novo Testa- mento; apoiam a Teoria da Evolução (que continua sendo uma “teoria” que jamais foi comprovada). Conversando com um pastor de outra Igreja Luterana, ele me ridicularizou quando eu disse que acreditava no rela- to de Gênesis 1 e 2, assim como estava escrito na Bíblia. Diante das risadas debo- chadas dele, eu disse: “Se eu devo arran- car as primeiras páginas da Bíblia, devo arrancar também os últimos capítulos dos quatro Evangelhos e o capítulo 15 da Primeira Carta aos Coríntios, que tratam da ressurreição de Cristo. Eu também não consigo entender a ressurreição, mas creio nela, assim como creio na criação do mundo, conforme registrado por Deus na Bíblia.” 2 Na reunião, eu estava usando uma gravata que havia ganha- do de presente, e nela estava escrita a oração do Pai Nosso (em inglês). Foi então que uma senhora, doutora em teologia, presente à reunião, e que visivelmente defendia o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a orde- nação de pastores (as) homossexuais, a certo momento, no intervalo da reunião, chegou perto de mim e disse: “Eu não gosto desta gravata; eu não gosto desta comercialização da Palavra de Deus, escrita em vestuários, em copos de uso diário, e em outros objetos...” Contra- argumentei dizendo: “Deuteronômio 6. 6-9 diz: ‘Estas palavras que hoje, te orde- no estarão em teu coração... Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.’ Por que não usar a Palavra de Deus numa gravata ou no vestuário como testemunho de minha fé?” Estas situações me lembram a crítica de Jesus aos fariseus do seu tempo, que defendiam as tradições inventadas pela Igreja, mesmo que contrárias à Escri- tura. Jesus diz: “Ai de vós, hipócritas... Tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a miseri- córdia e a fé... Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo” (Mateus 23.23-24). Quando vejo camelos em algumas ruas aqui de Nairóbi, me lembro desta advertência de Jesus. Quanta picuinha é discutida nas igrejas, quantos “mos- quitos” estão sendo coados, enquanto os “camelos”, doutrinas e práticas falsas, estão invadindo as igrejas, inclusive as luteranas. Estão “engolindo camelos”, como é o caso da recente aceitação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da ordenação de pastores (as) homosse- xuais por parte de algumas igrejas. Por bem, o Conselho Luterano In- ternacional (do qual a IELB faz parte) e algumas igrejas luteranas da África se manifestaram radicalmente contra esta decisão contrária à Palavra de Deus. Te- nho o documento de uma grande Igreja Luterana aqui da África (com mais de quatro milhões de membros), fruto de missão de igrejas européias e norte- americanas, que cortou os laços com as respectivas igrejas-mãe, porque estas tomaram uma decisão favorável ao casa- mento entre pessoas do mesmo sexo e à ordenação de pastores homossexuais. No documento diz que “rejeitamos o vosso apoio, seja ele qual for, e a vossa ajuda financeira... rejeitamos interpretações inapropriadas e falsas da Escritura que procuram justificar a união entre pessoas do mesmo sexo...”. Queira Deus nos manter firmes e fiéis à Escritura Sagrada e aos seus ensinos, conforme expostos no Livro de Concórdia (As Confissões Luteranas). Saibamos tanto “coar o mosquito” como rejeitar “o camelo”, confiando na graça de nosso Se- nhor Jesus Cristo e mantendo a verdadei- ra unidade entre as igrejas genuinamente fiéis à Palavra de Deus. Casamento entre primos O que a Bíblia diz sobre isto? O que a Igreja aconselha? O que a medicina diz sobre isto? Anônima Primeiramente, agradeço pela sua pergunta. O casamento entre primos de pri- meiro grau (filhos de irmão ou irmã do pai ou da mãe) é desaconselhado por causa da consanguinidade, pois pode resultar em problemas na formação do feto. No capítulo 18 do livro de Levíticos, a Bíblia enumera os casamentos proi- bidos. Neste capítulo, porém, não há menção de casamento entre primos. A medicina apenas adverte para a possibilidade de má formação do feto, mencionada acima. Sendo assim, em vista do problema que pode acontecer com os filhos de pais primos entre si, a Igreja desacon- selha esta união. Espero ter ajudado. Paulo Kerte Jung, pastor emérito da IELB. Envie a sua pergunta para: mensageiro@editoraconcordia.com.br Perguntas m
  • 16. 16 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Educação Autismo, uma realidade também dentro das igrejas Waldyr Hoffmann S eguidamente, somos surpreendidos quando, ao estarmos diante de pessoas que aparentemente são normais como qualquer ser humano, percebemos, que estamos diante de alguém que procede diferente dos “nossos conceitos comportamentais”. Algo que só notamos à medida em que convivemos mais com estas pessoas. Isso pode nos levar a um misto de medo, ou insegurança, por não sabermos como lidar com a situação existente. Entre estas pessoas diferentes, encontramos os autistas, que configuram também uma realidade dentro das igrejas. Como lidar com eles? Posso tocar neles? Dar-lhes um abra- ço? Ou até mesmo cumprimentá-los? O que proponho neste artigo é convidar todos a refle- tirem sobre este tema. O que é autismo? Segundo pesquisas, ainda em estudo, o autismo é uma deficiência no desenvolvimento mental, que começa a ser observadoduranteostrêsprimeirosanosdevidadacriança. É o resultado de uma desordem neurológica que afeta o funcionamento do cérebro. Muito comum em meninos, sua proporção é de um a cada 110 indivíduos (de acordo com pesquisa realizada nos Estados Unidos). Não tem nada a ver com condição social ou racial. O desenvolvimento nor- mal das áreas do cérebro relacionadas à interação social e habilidades de comunicação é afetado. Podemos observar característicasnosmovimentoscorporaisrepetitivos(balan- ço do corpo, por exemplo), resistência à mudança de rotina, etc. Em alguns casos, é necessário o uso de medicamentos para que os autistas não se machuquem. Há também vários mitos sobre o assunto. Um deles é de que o autista vive (constrói) o seu próprio mundo, não interagindo com as pessoas – como se não se importasse com elas. Isto não é verdade, pois esta atitude é uma decorrência de sua dificuldade em comunicar-se com as outras crianças. Ou seja, não há falta de interesse. Outro mito é o de que todas as pessoas autistas tenham retardos mentais. Isso também é uma inverdade, pois a desordem neurológica não significa necessariamente um retardo mental. Quando as pessoas rotulam desta maneira,Foto: Arquivo Editora Concórdia
  • 17. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 17 refletem um total desconhecimento sobre este assunto e, com esta postura, acabam fe- rindo especialmente os pais, ou familiares, que têm um filho ou um familiar autista. Apesar de todos os avanços científicos e educacionais, ainda são pequenos os avanços sobre como lidar com o autismo. Tudo o que é feito tem o intuito de tornar a vida deles menos difícil. Lidar com um autista na família é um desafio enorme, mas, ao mesmo tempo, um aprendizado sem igual. Percebe-se o quanto a socieda- de está alheia a este tipo de situação com atitudes das mais diversas possíveis, desde preconceito ou até atitudes de ajuda, mes- mo não sabendo como agir. Ainda é pequena a solidariedade para com as famílias onde há um autista. A pró- priafamílianemsempreestápreparadapara aquela situação. E isso também se reflete dentro da Igreja, onde se busca por apoiado- res,pessoassensíveisesolidárias.Entretanto, neste espaço também não é fácil assim. O apoio necessário A comunidade é um lugar de refúgio, onde as pessoas se apoiam mutuamente, pelo menos sob o ângulo teórico. A comuni- dade de fé cristã exercita-se quando somos companheiros uns dos outros, especialmen- te em momentos de dor ou em situações onde há carências afetivas e materiais pre- sente. Esse era o comportamento da Igreja Primitiva que não media esforços para que todos pudessem estar satisfeitos em suas necessidades (Livro de Atos). O que temos observado é um total des- conhecimento destas necessidades especiais por parte das pessoas (membros), o que se reflete na postura que tomam em relação ao assunto. Uma boa orientação seria as igrejas, em suas prédigas e reflexões, tra- tarem destes assuntos a fim de informar a comunidade sobre o que é isto. Além disso, deveriam ser aptas a aconselharem sobre como lidar com o autista, diminuindo a distância entre as pessoas envolvidas, for- necendo uma teologia mais humana e pal- pável, inclusive buscando esclarecimentos com a ajuda de profissionais da área. Porém, como isto só acontece, imagino, quando há uma situação real, não sabemos agir com essa situação no momento em que nos de- paramos com ela de forma repentina. Desafios Uma pergunta que fazemos é: como integrar o autista à comunidade? Aliás, esta tem sido a tônica das igrejas: integrar o indivíduo ao seu meio. O ponto de parti- da, apesar de ser válido, não corresponde com a real necessidade do autista. Em vez disso, apesar de serem semelhantes as propostas, com o mesmo fim último, a pergunta deveria ser: como integrar a comunidade ao autista? Na prática não é a mesma coisa. A responsabilidade e desafio de integrar são da comunidade como um todo, daí a necessidade de ser instruída (capacitada) em como trabalhar com essa situação, o que é um grande desafio a ser vencido. Caminhando nesta direção, podemos seguir alguns passos: - Acolher bem, sendo afetuoso ao cumprimentá-los. Aliás, esta é uma caracte- rística do autista: eles gostam de afetos, por mais que imaginemos que eles não compre- endam. Não tenha medo do autista. -Tratá-loscomopessoascomuns.Elesnão sãoignorantes!E,sefornecessário,chamara atenção, assim como fazemos com qualquer indivíduoquetenhafeitoalgoerrado,istonão é problema para eles. Pois precisam dos limi- tes para se integrarem melhor e não serem alvos das críticas ou afastamentos. - Apoiar-se junto aos pais. Eles têm as orientações feitas por profissionais, e o fazem com o objetivo de ajudar os seus filhos a crescerem. Isto significa que se, em algum momento, tomaram uma atitude mais séria, não significa que não gostem da criança. Só quem vive diariamente com o autista sabe exatamente o que é melhor para ele. Por isso, os pais precisam ser respeitados neste quesito em particular. - Jamais deixar de convidar, seja para um almoço ou festa de aniversário, temen- do que a criança vá atrapalhar. Esta atitude Waldir Hoffmann é pastor da IELB em Joinvile, SC, e colaborador do ML pode configurar falta de solidariedade e amor para com o próximo, o que não é recomendado pelo Senhor Jesus. - Procurar reconhecer que para que o autista tenha uma qualidade de vida melhor, ele precisa de rotinas. Por isso, tudo o que foge à sua rotina é novidade para ele e, em razão disso, ele pode ter um comportamen- to estranho ao normal. Neste sentido, os limites que foram colocados não podem ser quebrados pelas pessoas que estão na sua volta. Entretanto, o bom-senso nos ajudará a tomaromelhorprocedimentocomoautista, quando este estiver fora do seu contexto. - Orar com ele e por ele. O autista, a seu modo, também compreende as ver- dades cristãs. - Respeitar as diferentes etapas – fí- sica e psicológica do autista – que são as mesmas de outras crianças. Não podemos lidar com um adolescente autista como se ele fosse uma criança. - Conversar com ele – manter o diá- logo. Ele, do seu modo, irá compreender e corresponder. - Buscar capacitação junto à profissionais naáreapsicológica,quedarãotodasasorien- tações com o objetivo de ajudar o autista a crescer em seu meio e ser amado por todos. Quem convive com um autista se sur- preende com os pequenos avanços dele. Aceitar a situação é o primeiro grande passo para pais e também para a Igreja, pois esta terá no seu meio alguém muito especial, que também é amado e perdoado por Deus. Desta forma, com sabedoria, estaremos buscando caminhos para me- lhor levar o Evangelho de Jesus a todos, também aos autistas. Apesar de todos os avanços científicos e educacionais, ainda são pequenos os avanços sobre como lidar com o autismo. Tudo o que é feito tem o intuito de tornar a vida deles menos difícil. Esta é uma característica do autista: eles gostam de afetos, por mais que imaginemos que eles não compreendam. Não tenha medo do autista. m
  • 18. Educação 18 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Bruno Edgar Ries U ma das grandes responsabilida- des dos pais, perante Deus e a sociedade, diz respeito à educa- ção dos filhos. A maioria tem consciência deste papel, e questiona-se, frequente- mente, se está conseguindo realizá-lo de forma plena. No passado, quando prevalecia a família ampliada (em contraposição à família nuclear atual), essa função era compartilhada por todo o clã: pais, avós, bisavós, tios, irmãos mais velhos, etc. Toda a comunidade familiar cuidava da criança e a ajudava na aprendizagem da vida. A Igreja também participava muito desse processo. Agora, cabe aos pais, quase exclusi- vamente, a educação dos filhos. Por essa razão, tornou-se difícil a tarefa educativa, particularmente num momento em que o desenvolvimento do conhecimento e a mudança da cultura levam os pais a ques- tionarem seu papel. Hoje, não temos mais a segurança proporcionada por uma tradição para realizar a intervenção educativa. Neste contexto, surgem muitos ques- tionamentos a respeito: Como posso saber se estou sendo uma boa mãe ou um bom pai? Como devo agir nesta ou naquela situação? A preocupação maior envolve a saúde física, a saúde mental ou o aprimoramento moral da criança e do adolescente? Que tipo de adulto espero que meu filho venha a ser? Formação do vínculo Um fato que marca o início do desen- volvimento infantil é o estabelecimento de vínculo entre pais e filhos. Acreditava- se, no passado, que o vínculo estava formado naturalmente com a gestação. Porém, pesquisas demonstraram que ele se desenvolve com os primeiros contatos entre a mãe e o filho. Os obstetras têm tido o cuidado de favorecer um relaciona- mento afetivo inicial da mãe com o bebê, colocando-o em contato com o corpo dela assim que nasce. O período após o nascimento constitui o momento mais adequado para a forma- ção do vínculo. Tanto a criança quanto a mãe estão particularmente sensíveis neste momento. Para que o processo se estabeleça, ressaltam-se como aspectos fundamentais o contato físico imediato, e também aquele propiciado pela ama- mentação e outras situações, a interação mãe-filho nos dias subsequentes, bem como a sensibilidade dos pais aos sinais e preferências manifestas pelo bebê. O estabelecimento do vínculo garante proteção e atenção à criança, e evita maus tratos, abandono e negligência. Depressão pós-parto A depressão constitui um fato bastante comum (15 a 20%), que ocorre já na pri- Desenvolvimento infantil e saúde mental Para o cristão, é na infância que se educa para a vida Foto: Arquivo Editora Concórdia
  • 19. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 19 meira semana após o parto, e tem duração e intensidade variável. Manifesta-se com sintomas de tristeza, choro, desânimo, im- paciência, irritabilidade, comprometendo o relacionamento da mãe com a criança e dificultando a formação do vínculo. As consequências mais comuns envol- vem: negligência na alimentação e nos cuidados do bebê, maus tratos e sérios prejuízos ao desenvolvimento cognitivo e afetivo. Ao aparecerem esses sintomas, o médico deve ser consultado e a mãe tratada, para não prejudicar o desen- volvimento da criança. Desenvolvimento sadio Enquanto uma pessoa se desen- volve, ela aumenta suas capacidades, e torna-se cada vez mais eficiente nas suas relações com o meio físico e social. Cabe à educação oferecer as condi- ções de um aprimoramento saudável e, ao mesmo tempo, de ampliação progressiva das habilidades e com- petências próprias de um indivíduo crítico, reflexivo, e que manifeste a verdadeira fraternidade, honestidade e responsabilidade oferecidas por uma formação cristã. Como pais, não podemos ter a expecta- tiva de realizar sonhos frustrados através dos nossos filhos. É fundamental que eles façam suas escolhas com responsabilidade e sigam um caminho próprio. Questões para reflexão A educação constitui uma tarefa complexa e que exige segurança para o seu exercício. A dúvida em relação a como devemos agir numa determinada situação nos aflige a todo o momento. Não se admite nem omissão e nem fuga da responsabilidade. O renomado psiquiatra brasileiro, Içami Tiba, tem apresentado ideias muito controversas sobre educação, mas que nos levam a questionar sobre a melhor inter- venção para um desenvolvimento sadio de nossos filhos. Ele afirma que: • Pai e mãe devem seguir o mesmo “catecismo”. O que um estabeleceu não pode ser alterado unilateralmente pelo outro. Também o exercício da autoridade exige compartilhamento, e não pode ser desempenhado de forma exclusiva pelo pai ou pela mãe. Posturas contraditórias levam à delinquência. • A responsabilidade maior pela edu- cação das crianças é dos pais. A família não deve delegar esta função à escola. • O papel da mãe, na educação, é similar ao do pai. A orientação e firmeza precisam ser efetivadas por ambos. Não nem a razão de viver dos pais. • A droga representa, talvez, a maior preocupação dos pais na atualidade. Ela resulta da falta de disciplina, de limites e da super proteção. • Os estudos em sala de aula e a realização de temas escolares em casa exigem a compreensão da matéria, e não meramente uma decoreba. Também é importante exigir que os filhos deem o máximo de si, e não se limitem à média exigida para aprovação. A criança que fica na média acaba acumulan- do defasagens anuais que, ao final do ensino fundamental, podem representar quatro ou cinco anos de escolarização perdidos... • Levar o filho à igreja certa- mente o afastará da cadeia. • Os filhos precisam aprender a gerenciar seu dinheiro. Mesmo que o orçamento familiar seja folgado, persiste a necessidade desse aprendizado. • Podemos recompensar, oca- sionalmente, a conduta correta ou um bom desempenho escolar, mas nunca prometer antes algum presente se ele fizer algo desejado. • As decisões e as regras na família são de competência dos pais. Submeter-se aos desejos das crianças pode significar a perda de autoridade dos adultos e a do- minação dos filhos. O que diz a Bíblia O cristão sempre orienta seus atos pelos preceitos bíblicos. E a Bíblia afirma que é na infância que se educa para a vida; devemos disciplinar as crianças, estabelecer limites e ensinar as normas, não sujeitar-se às vontades delas, bem como devemos corrigir seus comporta- mentos equivocados (Pv 13.24; 22.6 e 15; 29.15; Dt 6.7). O Novo Testamento diz que aos pais é vedado irritar os filhos, e estes lhes devem obediência, (Cl 3.20 e 21); reforça também o papel da discipli- na (Ef 6.4; Hb 12.7-11). Bruno Edgar Ries é psicólogo e colaborador do ML A educação constitui uma tarefa complexa e que exige segurança para o seu exercício. A dúvida em relação ao como devemos agir numa determinada situação nos aflige a todo o momento. Não se admite nem omissão e nem fuga da responsabilidade. cabe à mãe “engolir sapos” do filho, nem tentar argumentar, em momentos em que deve prevalecer a disciplina. • Aos avós compete apoiar a educação dada pelos pais, e nunca dar palpites ou interferir na educação dos netos. • Educação pode exigir punição, mas esta exige correspondência com o com- portamento inconveniente da criança. Precisamos ter o cuidado de não premiar a conduta imprópria. •A disciplina e a liberdade com limites implicam em combinar regras e horários. Devem existir horários para as refeições, para o estudo, para as brincadeiras, TV, computador, etc. • Se um filho apronta alguma das grandes, o melhor a fazer não é reagir com fúria, mas dizer à criança, ou ado- lescente, que ficou nervoso com o fato, que vai dar um tempo para se acalmar e depois decidir qual o castigo. Neste tem- po, estão suspensas as festas, saídas com amigos, o computador... Depois se volta a conversar. • Filho não é o centro do universo, m
  • 20. 20 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Educação O cristianismo e a educação Q uandopensamosemeducação,fre- quentemente, lembramos a voca- ção da Igreja Cristã para o ensino. Não é de hoje que cristãos criam e mantêm escolas e Universidades. Lembro isso, por- que ouço algumas pessoas afirmarem que “fé é coisa de gente sem instrução”. Alguns afirmam que quanto menos conhecimento uma pessoa tem, mais ela estará disposta a crer em um deus. Richard Dawkings, famoso pregador do ateísmo,dissequeafaltadeinformaçãoéque leva as pessoas a recorrerem à fé religiosa. E éinteressantecomoestaafirmativadeDawk- ings é aceita por muitas pessoas. Lembro da minha juventude, na escola, quando entre os colegas existia a ideia de que os alunos mais espertos eram aqueles que se diziam ateus. E esta mentalidade ainda existe. Muitas pessoas medíocres pensam ga- nhar um certificado de sabedoria apenas por afirmar que Deus não existe. Afinal, dizem, pessoas inteligentes não podem crer que o mundo foi criado em seis dias; nem que a Bíblia é a Palavra inspirada por Deus e isenta de erros. A expressão de Marx de que “a Religião é o ópio do povo” continua a ser repetida de peito aberto. Com isso, se insinua que o objetivo da fé é alienar as pessoas e torná- las ignorantes. Podemos até concordar que o fanatismo religioso e as superstições escravizam e do- ensino do Evangelho. Os pais eclesiásticos, cedo, introduziram na Igreja o sistema de catequese. Martinho Lutero, ao se defrontar com uma Alemanha de analfabetos, que por isso não podia ler a Bíblia, escreveu um tratado com o título: “Aos conselhos de todas as cidades da Alemanha, para que criem e mantenham escolas”. E aos pais desmotivados em enviar seus filhos à escola escreve: “Uma prédica para que se mandem os filhos à escola”. Estes escritos estão no volume 5 das Obras Selecionadas de Lutero, em língua portuguesa. Além disso, gostaria de dividir com os leitores um pouco da história da criação de uma pequena escola. Apenas seis anos após achegadadoscristãospuritanosaMassachu- sets, nos Estados Unidos, a Corte Geral daquela colônia aprovou investir algum dinheiro para a criação de uma escola, mas não era suficiente. Foi então que o pastor John Harvard fez uma doação de cerca de 800 libras. Isto era a metade de tudo o que ele tinha. Doou também livros que somavam cerca de 260 títulos – uma verdadeira biblioteca. E o Colégio foi criado em 1636, na vila de New Town. Após a morte do pastor, a escola passou a ser chamada pelo seu nome, e até hoje ela existe sendo conhecida como Universidade deHarvard(amelhoruniversidadedomun- do). Sim, a melhor universidade do mundo foi fundada por cristãos, com o objetivo de dar ensino cristão aos jovens. A própria pedagogia moderna tam- bém mistura a sua história com a história da Igreja. O pai da pedagogia moderna, “Comenius”, era um dedicado pastor que acreditava na educação. No século 17, Comenius escreve Didática Magna, onde defendia que educar era ensinar “tudo a todos”. Lançou assim os pilares do ensino obrigatório, tanto para meninos quanto para meninas, sistematizou a educação e defendeuacriaçãodeescolasatraentes,que incluíssem recreação e o lazer aos alunos. Olhando para a história da Igreja Cristã, somos convencidos que a afirmação do ateu Richard Dawkings é enganosa. O cristianis- monãoseapoianaignorância,maspromove e incentiva o ensino e o crescimento. Conforme o grande amigo de Lutero, Felipe Melanchton: “A ignorância é a maior adversária da fé, e, por isso, ela deve ser combatida”. Esta é a razão pela qual, como Igreja, insistimos em manter escolas cristãs. Está em nosso coração esta vocação pelo ensino, este amor pela educação. Especial- mente a educação que leva aos jovens o conhecimento do Salvador Jesus Cristo. Igreja e escola – tudo a ver. Fernando E. Garske, pastor capelão do Colégio Concórdia, São Leopoldo, RS Fernando E. Garske “A ignorância é a maior adversária da fé, e, por isso, ela deve ser combatida”. Esta é a razão pela qual, como Igreja, insistimos em manter escolas cristãs.” minam. Religiões fanáticas e supersticiosas realmente não combinam e nem querem saber de ensino e conhecimento. Porém, isto não tem nada a ver com a fé cristã. Pois esta, historicamente, tem demonstrado zelo e amor pela educação. O próprio Jesus deu aos santos apósto- los a ordem de fazer discípulos batizando e ensinando. É claro que aqui se fala do m
  • 21. Educação Teológica Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 33 Seminário, escola de profetas A ssim é conhecido entre nós, cristãos luteranos, o Seminário Concór- dia… É nossa escola de profetas que, no próximo dia 27 de outubro, com- pletará 107 anos. Já dá para dizer que ele sobrevive há gerações. E sempre cumprin- do sua finalidade – a de formar profetas. Mas, seria esta uma nova profissão, a de ser profeta? E as outras escolas também formam profetas? O que são profetas? E profetas de quem? Profetas O que são profetas? Dá para dizer que existe dois significados. No Antigo Testa- mento, o primeiro significado era dizer coi- sas futuras, o que ainda havia de acontecer, ou seja, revelar o futuro – especialmente todos os detalhes a respeito da vinda de Jesus ao mundo. Quando o profeta era chamado por Deus, significava que Deus se revelava a ele, e ele anunciava a profecia recebida. Em Hebreus 1.1, lemos que, no princípio, Deus falou pelos profetas. Porém, a palavra profeta adquiriu tam- bém um segundo sentido. No Novo Testa- mento, a palavra profeta passou a significar também a pessoa chamada por Deus e que prega o Evangelho, ou seja, que anuncia as boas notícias, a mensagem da salvação em Jesus. A importância não estava na pes- soa, mas na sua função de anunciar Jesus Cristo como Salvador de todos os homens. E sempre que alguém prega Jesus Cristo, e todas as verdades acerca dele, também estará anunciando profecias e coisas vin- douras. Porque algumas verdades de nossa salvação ainda estão por se cumprir, como a ressurreição dos mortos e a nossa subida para o céu, por exemplo. Profetas de Deus Seminário, escola de profetas de Deus! O Seminário é uma escola de profetas de Deus pelo que ele faz. Aos que Deus cha- ma e dá a vocação, o Seminário ensina a pregar o Evangelho com todas as profecias escritas na Bíblia. Como é importante compreendermos isso! Como é importante as famílias in- centivarem e darem seus filhos a Deus, para serem profetas! Como é importante ouvirmos os profetas! É como ouvir o pró- prio Jesus. Nesta pregação, está a nossa salvação, porque a fé vem pelo ouvir, e o ouvir do Evangelho de Cristo. Certa vez, um professor de alunos do Se- minário de nossa Igreja, nos Estados Unidos, disseaeles:“selhesofereceremapresidência dos Estados Unidos em troca de seu ministé- rio,nãoaceitem.SerpastoreprofetadeDeus é sumamente mais importante”. Que grande função tem o Seminário: ser ESCOLA DE PROFETAS! Benjamin Jandt provedoria@seminarioconcordia.com.br
  • 22. 34 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Quem ama educa! N os últimos meses, um assunto ocupou a mídia: o ato de dar uma palmadinha é certo ou errado? Educa ou traumatiza? O presidente Lula assinou um projeto de lei que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 18. Pelo novo texto, fica vedado aos pais usar castigos corporais, de qualquer natureza, na educação dos filhos. De acordo com a nova lei, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado Federal, o pai ou mãe que, por exemplo, der uma palmada na mão do filho que insiste em enfiar o dedo na tomada elétrica poderá se sujeitar a penas que variam da advertência à obrigatoriedade de se submeter a acompanhamento psicológico, ou programas de orientação à família. “A lei confronta o poder familiar, que é direito do pai e da mãe de exercer sua autoridade”, diz a advogada Renata di Pierro, especialista em direito de família. Revista Veja de 21/07/2010 “O novo texto do ECA também não deixa claro como o poder público vai dimensionar o castigo corporal. Ficará ao critério discricionário de um juiz estabelecer punição para uma palmada leve e para uma palmada que deixe a pele vermelha? Além disso, fica em aberto como será fiscalizado o cumprimento da nova lei. A polícia terá o direito de invadir o lar de um cidadão, como faz na casa de um bandido perigoso, caso receba uma denúncia de que o pai aplicou uma palmada corretiva nos filhos?” Em resumo, a revista coloca: não é de uma nova lei que de- pendem a felicidade e o futuro das crianças, e sim do bom-senso e equilíbrio dos pais. Bom-senso Este é o problema! Falta bom-senso e equilíbrio a muitos pais. Se assim não fosse, não careceríamos de mais uma lei ensinando- nos a educar nossos filhos. Mas o que mais falta é o bom-senso cristão de educar os seus filhos. Bom-senso! É exatamente o que Deus espera de um pai que deseja o melhor para os seus filhos. Em Lucas 11.11,12, lemos: “Por acaso algum de vocês será capaz de dar uma cobra ao seu filho, quando ele pede um peixe? Ou, se o filho pedir um ovo, vai lhe dar um escorpião?” O maior mandamento na Escritura é este: “Portanto, amem o Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças” (Deuteronômio 6.5). Retrocedendo ao versículo 2, Comportamento André Luiz Müller Fotos: Arquivo Editora Concórdia
  • 23. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 35 lemos: “Temam o Senhor, nosso Deus, vocês, os seus filhos e os seus netos, e cumpram sempre todos os Mandamentos e Leis que eu lhes estou dando e assim vocês viverão muitos anos.” Seguindo os versículos mais adiante, vemos: “Guardem sempre no co- ração as Leis que eu lhes estou dando hoje e não deixem de ensiná-las aos seus filhos. Repitam essas Leis em casa e fora de casa, quando se deitarem e quando se levanta- rem” (versos 6 e 7). A história dos hebreus revela que o pai deveria ser zeloso, maduro, preocupado em instruir seus filhos nos caminhos e na Palavra do Senhor, para seu desenvolvi- mento e bem-estar espiritual. O pai que era obediente aos mandamentos das Escrituras, fazia justamente isso. Este texto nos ensina que é responsabilidade dos pais criar os seus filhos na “disciplina e no temor do Senhor”. Isso nos leva a uma passagem no livro de Provérbios 22.6-11, principalmente no verso 6, que diz: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até o fim da vida não se desviará dele.” A educação tem como objetivo revelar perante a criança como a vida é, preparan- do-a para o futuro. Iniciar a educação da criança desta forma é de grande importân- cia, para que cresça na direção certa e não se desvie, assim como uma árvore segue a inclinação de seus primeiros anos. Qual o limite bíblico para a educação? No Novo Testamento, temos uma clara instrução do Senhor para um pai em rela- ção à educação de seus filhos. Efésios 6.4 diz: “Pais, não tratem os seus filhos de um jeito que faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los com a disciplina e os ensinamentos cristãos”. - O aspecto negativo deste verso indica que um pai não deve fomentar maus senti- mentos em seus filhos, sendo severo, injusto, parcialouexercitandosuaautoridadedefor- ma brutal e violenta. Isso só servirá para que o filho alimente rancor em seu coração. - O aspecto positivo é expresso em uma instrução compreensiva, ou seja, eduque-o, crie-o, desenvolva sua conduta em todos os aspectos da vida pela disciplina e os ensinamentos cristãos. Na tradução Revista e Atualizada (ARA), este versículo traz a palavra “admoestação”. A palavra “admoes- tação” carrega consigo a ideia de “colocar na mente da criança”, o que é o ato de lembrar a criança de suas faltas de forma construtiva oudesuasresponsabilidades,deacordocom seu nível de idade e compreensão. Somenteopai cristão consegue entender o seu filho na plenitude do “ser”, pois vê nele um militante desde criança. Alguém que foi declarado justo no Batismo pela obra de Cristo na cruz e que agora vive seu processo de santificação, com acertos e fracassos, mas sempreamadoporDeus.Porisso,aeducação cristã,queauxilianoprocessodesantificação, étãonecessáriaaodesenvolvimentodamen- te quanto do conhecimento. O pai cristão é um instrumento na mão de Deus na questão da educação. Ele não deve jamais se apresentar como autoridade final, que determine verdade e dever. Isto simplesmente desenvolve o aspecto humano do“eu”.SomentefazendocomqueDeus,em Cristo Jesus, seja o mestre e governante, é possível alcançar os objetivos da educação. O pai cristão não deve irritar, estressar, exagerar em sua autoridade. Isso é resulta- do de um espírito e métodos equivocados, ou seja, severidade, autoritarismo, dureza, exigências cruéis, restrições desnecessárias e insistência egoísta em relação à auto- ridade. Essas provocações resultarão em reações contrárias, murchando o afeto, criando obstáculos ao desejo por santida- de e fazendo o filho sentir que não pode, de modo algum, agradar a seus pais. Pais cristãos buscam fazer com que a obediên- cia seja algo desejável e alcançável através do amor e gentileza, eles não devem ser agressores tiranos. Martinho Lutero dizia: “deixe a maçã ao lado da vara e dê a seu filho quando fizer o certo”. A disciplina na educação deve ser exercitada com cuidadosa vigi- lância e constante ensino, com muita ora- ção. Admoestação é castigar, disciplinar e aconselhar pela Palavra de Deus, propor- cionando, à criança, tanto a repreensão pelo erro cometido como o encorajamen- to no perdão e na orientação para fazer certo da próxima vez. A instrução vem do Senhor, e ela é aprendida na escola da experiência cristã, que passa de geração a geração e é administrada pelos pais. A disciplina cristã é necessária para im- pedir que a criança cresça sem a reverência a Deus, respeito pela autoridade dos pais, conhecimento da vida cristã e, finalmente, para formar bons cidadãos. “Pois toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, conde- nar o erro, corrigir as faltas e ensinar a ma- neira certa de viver. E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e prontoparafazertodo tipodeboasações” (2 Timóteo 3.16, 17). Isto é o que diz a Bíblia sobre ser um bom pai. Os meios e métodos que os pais podem usar, a fim de ensinar a verdade de Deus, irão necessariamente variar. Alguns nunca precisarão dar uma palmadinha, outros talvez até mais de duas! Contudo, estas verdades bíblicas sempre devem nortear os pais, para serem aplicadas como principal método pedagógico. O pai que é fiel em seu papel de modelo para os filhos permite que a criança apren- da, através dele, sobre Deus. Ensinamento este que permanecerá com ele por toda a sua vida, não importando o que faça ou onde vá. Os filhos aprenderão a “amar a Deus de todo o coração, alma e força”, e te- rão o desejo de servir a Deus em tudo o que fizerem. Pois como diz no texto de Lucas 11.13: “Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!” Quem ama educa! Quem ama a Deus educa com bom-senso e equilíbrio, pre- parando os filhos para esta vida e para vida eterna. “Não é de uma nova lei que depende a felicidade e o futuro das crianças, e sim do bom-senso e equilíbrio dos pais.” André Luiz Müller, pastor da CELSP, Canoas, RS m
  • 24. 36 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 O que as congregações fazem Inglês tem foco missionário em Ribeirão Preto Pela Inclusão digital, Ulbra faz parceria com congregação Visando ampliar o trabalho com projetos sociais que já estão em andamento, a ULBRA Guaíba firmou parceria com a CEL Cristo para Todos, de Guaíba, RS, oportunizandocursosdeinclusãodigitalparaascomu- nidades carentes de Santa Rita, Cohab e Ipê. Foraminstalados10computadoresnasdependên- ciasdaigreja,queestarãoàdisposiçãodacomunidade para a realização de cursos de informática. Nesta par- ceria, a Congregação cedeu as dependências, com a segurança necessária, e passa a coordenar os horários de cursos, fazendo divulgação no bairro – nas escolas públicasondefuncionaoEJA(EducaçãoparaJovense Adultos)enostrabalhoscomgruposdeterceiraidade. A universidade se compromete com a manutenção técnica, atestados, monitores e formação dos alunos. Aideiaévalorizaropúblicodebaixarenda,pessoas desempregadas ou com dificuldade de locomoção e inclusão social, oferecendo-lhes a oportunidade de seremincluídosnavidasocial.Oprojetoétambémum ótimo espaço missionário e a proposta é mostrar que a igreja está de portas abertas, em conformidade com o lema da IELB que é levar Cristo Para Todos. Asalafoiinauguradaem8dejulho,contandocom a presença do pastor local, Arsildo Wendler, do pastor capelão, Irmo Wagner (coordenador do Programa ULBRASol/PastoralULBRAGuaíba),dopresidenteda Congregação, Jairo Haas, bem como de líderes de en- tidades sociais dos bairros, organizações da sociedade e membros da Congregação. Foram abertas três turmas de alunos, sendo uma delas de terceira idade. Na parceria com o curso de Sistemas de Informação do campus, o professor Cesar Loureiro atua como coordenador. A CEL Cristo Para Todos, de Ri- beirão Preto, SP, iniciou um projeto missionáriofocadoemaulasdelíngua inglesa.Ocurso,voltadoparaadoles- centes,prevêdoisencontrossemanais e participações regulares dos alunos em eventos da Congregação. A primeira participação dos alu- nos em um culto aconteceu durante a celebração do Dia dos Pais, em 8 de agosto, quando os alunos apre- sentaram música e textos, em inglês, alusivos a data. As aulas, dirigidas pela professo- ra Stael Witt Jagnow, são gratuitas e abertas para os adolescentes da Con- gregação e demais interessados. Os dois encontros semanais acontecem na sede da igreja. O envolvimento dos alunos nas aulas e nas dependências da Congre- gação favorecem um contato melhor com os familiares daqueles que não são membros, favorecendo o foco missionário. Existe também interesse de oferecer um curso para adultos. Apresentação dos alunos do curso de inglês Foto: Dieter Joel Jagnow
  • 25. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 37 ANEL ANEL debate confessionalidade e competitividade O 11º Encontro Nacional de Direto- res, Mantenedores e Capelães da Associação Nacional das Escolas Luteranas (ANEL), aconteceu na Pousada Betânia, em Curitiba, PR, de 24 a 26 de agosto. O tema escolhido para o encontro, Escola Luterana – a organização adminis- trativa a serviço da confessionalidade e competitividade, teve o objetivo de qua- lificar o aspecto confessional das escolas da rede luterana, segundo Nelci Senger, tesoureiro da ANEL. “Queremos que a reflexão em governança corporativa possa valorizar ainda mais o enfoque cristão em nossas escolas”, afirmou. Participaram do evento, representantes de 38 escolas asso- ciadas e o Conselheiro do Distrito Vale do Rio dos Sinos, pastor Arnildo Figur. Palestras O destaque do primeiro dia foi a palestra do consultor Roberto Rinaldi, sobre Gover- nançaeGestão:BoasPráticasparamaximizar valor na escola cristã. Rinaldi é fundador e sócio-diretor da ProBusiness, consultoria de desenvolvimento organizacional, centrada na abordagem de processos de negócio. Segundo o palestrante, o princípio da liderança é servir – quem serve lide- ra. “Uma escola, na perspectiva cristã, é prioritariamente um serviço à família, em obediência a Deus”, afirmou. Também destacou que é preciso entender o objetivo de uma escola como um ministério e tratar a sua realização como um negócio. O professor Max Haetinger foi o pa- lestrante do último dia de atividades do encontro, sob o tema Equipes comprometidas com mudanças e resultados. Max abordou a relação do gestor com a equipe, que precisa encontrar formas de comprometer todos em um tempo de grandes desafios. “É importan- te ter gestão participativa, integradora, isso motiva”, afirmou. Ao falar sobre as equipes comprometidas, lembrou que é preciso ter objetividade e metas. “Comprometimento é igual a resultados duradouros”, destacou. Visitantes Os pastores Paulo Teixeira e Denis Timm e o sr. Walter Eidam, da Sociedade Bíblica do Brasil, entregaram material de divulgação e falaram dos projetos. Também destacaram o apoio do grupo de pastores, que trabalham na revisão e adequação dos materiais de Educação Cristã, com a coordenação do 1º vice-presidente da IELB, Arnildo Schneider. O editor da IELB, pastor Nilo Wachholz, Tatiana Sodré – Jornalista, Assessora de Comunicação da IELB mostrou aos participantes o troféu Areté 2010, conquistado pela Editora Concórdia, na Bienal do Livro de São Paulo, no dia 19 de agosto. A obra vencedora na categoria Evangelização, Teologia e Prática de Métodos Evangelísticos, foi organizada pelo professor Anselmo Graff. O Diretor Executivo da Hora Luterana, Paulo Roberto Warth, e o pastor Nilo Figur, Diretor para América Latina e Caribe da Lutheran Hour Ministries, passaram rapida- mente pelo encontro da ANEL. Figur falou da bênção que é ver diretores de escolas e capelães reunidos pelo mesmo objetivo: a educação com enfoque cristão. O consultor jurídico da ANEL, Dr. Leonel Szubert, esteve no evento para esclarecer dúvidasedarorientações.Representantesde empresasparceirasdaANEL,vieramdivulgar seus produtos e lançamentos. m Fotos: Tatiana Sodré
  • 26. Foto: Leandro R. Camaratta 38 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 Frente de missão O ano de 2009 não sairá tão cedo da memória de Renato José Sucupira da Costa. Muita coisa aconteceu neste ano… De um futuro in- gressante num seminário católico, hoje ele pensa em ser pastor luterano. Católico Apostólico Romano, Renato foi catequista de primeira eucaristia e também coordenou um grupo da Pas- toral da Juventude. Desde os 17 anos, sentia forte inclinação a servir a Deus como padre. Em 2007, foi para um seminário ca- tólico, onde ficou um ano estudando no curso de Filosofia, num instituto para a formação de novos padres. Porém, Renato desistiu deste intuito temporariamente, sentindo-se incapaz de cumprir a missão e prometendo repensar o assunto. Ele voltou a apostar no desafio de estudar para padre no ano seguinte. Foi chamado para fazer um período de ex- periência para entrar no Mosteiro de São Bento, em Milão, na Itália. Porém, algo Ex-futuro padre entra para a Igreja Luterana lhe dizia que aquela vida de reclusão de monge não era para si e, mais uma vez, às portas de ingressar no curso de Teologia para padres, Renato desistiu. Ele fez ainda mais uma viagem a Belém na derradeira tentativa de ser se- minarista. E ao falar com o padre deixou tudo acertado, de fato entraria para a o Seminário em 2010. Mas aí aconteceu algo que ele não esperava: apaixounou-se por Josélia Bezerra, hoje sua namorada. Então, resolveu que ser padre não era para ele e desistiu definitivamente. Além disso, não concordava com as diretrizes normativas que regem o Código de Direi- to Canônico da Igreja Católica Romana. Outro motivo que teve forte impacto na sua vontade de mudar de Igreja foi a questão da adoração de imagens. A mudança Renato já sabia um pouco da história da Igreja Luterana. Já escutara sobre a coragem que Martinho Lutero teve em bater de frente com a Igreja Romana e suas doutrinas papistas. E foi em Macapá, AP, onde mora, que conheceu a Igreja Lutera- na, mais precisamente quando foi deixar o carro numa oficina que fica em frente ao templo luterano. Ao ver o templo, avistou também a placa da igreja. Ficou surpreso, pois somente naquele momento soube que a Igreja Luterana está presente no Estado do Amapá. Renato ficou muito interessado em ser membro luterano. E assim aconteceu. Após conhecer a Igreja Luterana numa ida à oficina, deci- diu que viria assistir a um culto luterano, e sua namorada o acompanhou. Os dois gostaram da IELB porque tem história para contar, preocupa-se com formação de seus pastores e é uma instituição dedicada na promoção da vida, através dos projetos sociais que realiza. E quem pensa que Renato desistiu da ideia de ingressar no ministério pastoral engana-se. Mesmo durante o período de instrução de adultos, concluído no culto de Natal de 2009, quando ele e Josélia foram aceitos como lute- ranos, ele manifestou interesse em ir ao seminário luterano para estudar. Essa vontade perma- nece ainda hoje, e ele não vê a hora dos três anos necessários para neófitos ingressarem no Seminário passarem voando, para ele arrumar as malas e ir do Oiapoque ao Chuí, atravessando o país, a fim de começar a estu- dar Teologia. Então, realizará seu sonho de ser um ministro da Palavra de Deus. Aline Gehm Koller Albrecht, com auxílio do pastor Tiago Albrecht m
  • 27. Mensageiro Luterano | Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 39 Militares Reação do leitor Santos & Santos No Mensageiro Luterano de agos- to/2010, a Sra. Ieda ClarisseLang,sugere algo jamais pensado por Lutero e, que, certamente, não teria sua aprovação. Há duas espécies de santos: os sepa- rados/perdoados por Deus e os criados pelo homem. Na Igreja Católica, o signi- ficado está fundamentado na mitologia greco-romana. Isto é, a partir dos chama- dos heróis da fé, nos primórdios da Igreja Cristã. Eles serviam de exemplo, modelo de fé, pois morriam em defesa dela. O povo buscou na mitologia semelhanças nos deuses e deusas greco-romanos como protetores, patronos e outros, pas- sando de veneração à adoração. Séculos depois, a Igreja aceitou o fato. Pedro, Paulo e os outros citados no início do texto não surgiram da mente do povo. Fo- ram santificados pelo Espírito Santo, jamais produzidosporaçãohumana.Omesmovale para Martinho Lutero, cujo centro de sua confissão estava única e exclusivamente na fé. Com exceção de Maria, que confessou que a criança em seu ventre é o seu Salva- dor, desconheço a fé que os outros tiveram, alguns sendo lendas. É muito provável que sejafundamentadanasobras,queédoutrina Católica. Ainda que possamos admitir que, talvez, alguns tenham sido santificados pela fé. Porém, acima de tudo, santificação é atributo exclusivo do Espírito Santo. Daí a querer colocar nomes estranhos em uma comunidade luterana vai mi- lhões de anos-luz. Acho que precisamos cuidar para não cairmos no sincretismo religioso de outras denominações. Diria que divulgar a razão de nossa Igreja ser chamada de Evangélica é uma, e base- ada em 2 Co 5.19: “...a saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação”. Não vamos “macular” nossa herança luterana por questões que não edificam... Decio Dalke, Canoas, RS Militares celebram culto No dia 24 de junho, foi celebrado em Brasília, DF, sob a coordena- ção da Aeronáutica, a Páscoa dos Militares Evangélicos de Brasília. Estiveram presentes militares de todas as forças (Marinha, Exército, Aeronáutica, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar). Somente a Marinha não teve a presença de seu capelão, visto que não há capelão evangélico nesta força em Brasília. Um pastor da Marinha, militar da reserva, participou entre os capelães na condução do culto. Os cantores e músicos foram cha- madosdentretodasasforças.ABanda da Base Aérea de Brasília conduziu o Hino Nacional e o hino final: Um pendão real vos entregou o Rei! A Igreja Presbiteriana Nacional de Brasília sediou o culto. Seu pastor presidente, Obedes Ferreira da Cunha Júnior, participou na direção da liturgia. Estiveram presentes cerca de 1000 militares. A coordenação geral do Culto e a Pregação estiveram por conta do 1º Ten QCOA-PAS, Valdemar Alcindo Arend, também pastor da Congregação Cristo Para Todos, do Guará II, DF. A pregação apontou para Jesus como o fundamento da verdadeira Paz, e aquele que faz de seus seguidores pacificadores (promotores da Paz). Foto: Arquivo Editora Concórdia
  • 28. 40 Mensageiro Luterano |Outubro 2010 | Nº 10 | Ano 93 HORA LUTERANA Abril é o mês de aniversár Hora Luterana Abril é o mês de aniversár Hora Luterana Testemunho Vou ligar para a casa do Papai do Céu Testemunho apresentado pelo pastor Carlos Kracke no culto alusivo aos 63 anos da Hora Luterana 2010, na CEL Concórdia, de São Paulo, SP, em agosto último. Rogério Dezzotti da Silva, criança amada, querida e mimada. Aos oito meses de idade, foi diagnosticado ser portador de um tumor maligno no fígado. Foi internado por oito meses, passou por 18 cirurgias, entre cateter e cirurgias grandes, na tentativa de retirar o tumor. Porém, sem sucesso! Em 2002, foi desen- ganado pelos médicos, com apenas 1 ano e 4 meses de vida. Passou-se o tempo e, pela misericórdia de Deus, até esquecemos o tumor. E o Rogério cada dia mais forte e lindo. Grata ao Senhor pelo milagre, queria falar do amor de Deus para o pequeno Rogério, e não sabia como fazêr para ele entender, pois uma criança tão pequena, com ape- nas dois aninhos. Então, lembrei-me da Hora Luterana, e daquele telefone que passa mensagens para adultos e crian- ças. Liguei para 5097-7620 e coloquei o Rogério para ouvir. Ele ficava quietinho e atento até o final da historinha, e assim eu ligava todos os dias até ele aprender a discar sozinho. Com apenas 4 anos, ele dizia que ia ligar para a “casa do Papai do Céu”. Já grandi- nho ouvia as histórias, gostava, tinha fé em Jesus e dizia ao primo e aos amigos da escola para ligarem para a “casa do Papai do céu” que, todo dia tinha uma historinha linda. Hoje, a Hora Luterana não recebe mais esta ligação. Pois no dia 5 de fevereiro de 2007, perto de completar 6 anos, Papai de Céu, levou o Rogério. Levou nosso anjo que alegrava nossas vidas e divulgava esta ligação para os amiguinhos. Mas deixou muitas lembranças lindas e hoje cai muitas lágrimas de saudades dos olhos da mamãe Michele e da vovó “Bolinha” (era assim que ele me chamava, pois dizia que eu era baixinha e gordinha). Eu amava esse jeito carinhoso e alegre que ele me chamava. Em nossos corações, ficou uma pergun- ta: Para que Senhor? O Senhor poupou a vida dele por quase 5 anos a mais, com uma qualidade de vida maravilhosa, sem nunca mais ter tomado nenhum medicamento. E, de repente o Senhor o chama, dilacerando nosso coração. O que é que o Senhor quer nos mostrar? É um mistério que só o Senhor sabe. Ainda em meio a tanta dor, digo de coração: “Deus deu, Deus levou. Louvado seja o nome do Senhor” Vovó Izilda (vovó Bolinha) (11) 5097-7600 www.cptn.org.br atendimento@horaluterana.org.br m Fotos:Álbumdefamília ” “