1. O documento apresenta os principais conceitos da ética deontológica de Kant, como dever moral, intenção, imperativo categórico e boa vontade.
2. Kant defendia que o valor moral de uma ação depende unicamente da intenção com que é praticada, e não de suas consequências. Uma ação só tem valor se for feita por dever.
3. O imperativo categórico, expresso em duas fórmulas, estabelece a obrigação de agir segundo máximas universalizáveis e tratar a humanidade sempre
1. A Teoria Ética
de Kant
Escola Secundária de Bocage
Profª Júlia Martins | Fev 2011
2. Ética Kantiana . Uma ética deontológica
Ética deontológica – porquê?
Defende que o valor moral de uma
acção reside em si mesmo e
não nas suas consequências
na sua intenção
3. Valor moral das acções .
Kant defende que o valor moral das acções depende
unicamente da intenção com que são praticadas.
Porquê?
Porque sem conhecermos as intenções dos agentes
não podemos determinar o valor das acções.
Na verdade, uma acção pode não ter valor moral
apesar de ter boas consequências.
4. Valor moral das acções .
Quando é que a intenção tem valor moral ou é boa?
Quando o propósito do agente é cumprir
o dever pelo dever.
O que é o dever?
5. DEVER .
Dever é o puro respeito à lei moral, é aquilo
que temos a obrigação de fazer.
em conformidade com o
dever
Acções
por dever
contrárias ao dever.
6. DEVER .
O cumprimento do dever é o
por dever único motivo em que a
acção se baseia
EXEMPLO:
Não roubar porque esse
acto é errado e não
porque posso ser
castigado.
7. Uma acção moral .
O que é uma acção com valor moral?
É uma acção que cumpre o dever por dever
Cumpre o dever sem “segundas intenções”,
liberto das inclinações
Deveres como não matar inocentes indefesos, não roubar ou
não mentir devem ser cumpridos porque não os respeitar
é absolutamente errado.
8. Acções e intenções algumas conclusões
1. A mesma acção pode ser praticada
com diferentes intenções: posso
ajudar um amigo por compaixão, para
obter um benefício ( por exemplo,
para ficar bem visto) ou por sentir que
tenho esse DEVER;
2. Para determinar o valor de uma
acção é preciso saber a intenção com
que foi praticada;
3. Segundo Kant, ajudar um amigo só
tem valor moral se isso tiver sido
feito em nome do DEVER
9. Obrigações particulares e lei moral .
1. Obrigações morais particulares como não mentir, não
roubar ou não matar pessoas inocentes , têm em
comum o facto de as suas máximas serem
universalizáveis;
2. Esta característica comum reflecte a nossa obrigação
moral básica: agir segundo máximas que possam ser
usadas/aplicadas por todos;
3. Esta obrigação moral é o fundamento de todas as
nossas obrigações morais particulares.
4. Trata-se do IMPERATIVO CATEGÓRICO ou LEI MORAL.
10. Imperativo categórico .
1.O DEVER MORAL apresenta-se ao
ser humano sob a forma de um
IMPERATIVO CATEGÓRICO e
expressa-se de forma
incondicionada
2. O IMPERATIVO CATEGÓRICO
deve ser UNIVERSALIZÁVEL
11. As duas fórmulas mais importantes
do Imperativo Categórico
Age apenas segundo uma
máxima tal que possas ao mesmo
tempo que ela se torne lei universal
Age de tal maneira que uses
a humanidade, tanto na tua pessoa
como na pessoa de qualquer outro,
sempre e simultaneamente como fim
e nunca simplesmente como meio
12. Fórmulas do Imperativo Categórico um exemplo
Eva precisa de dinheiro. Pediu algum dinheiro
emprestado a Bernardo com a promessa de lho
devolver. No entanto, já tinha a intenção de não lhe
devolver o dinheiro.
A não aplicação da 1ª fórmula conduzia à ausência de confiança. É
preciso que Bernardo confie na Eva, para poder ser enganado por ela. Mas se
souber que todos mentem, não confiará em ninguém e Bernardo não iria
emprestar o dinheiro à Eva. Não vale a pena Eva prometer porque Bernardo
não irá acreditar em nada que ela diga. Logo, Bernardo não lhe iria emprestar o
dinheiro se a máxima de Eva fosse uma lei universal.
A não aplicação da 2ª fórmula faria com que Eva estivesse a usar
Bernardo como um meio para resolver um problema e não como alguém que
merece respeito, consideração. Eva pensou utilizar Bernardo para resolver
uma situação financeira grave sem qualquer respeito pela pessoa de
Bernardo.
13. Imperativo categórico
Retomando o dilema de Henrique já
analisado na aula.
1. Se o Henrique decidir não roubar o
medicamento , para não ir preso, a sua acção
é conforme ao dever, uma vez que na sua
base está o medo das consequências
2. Se o Henrique optar por não roubar o
medicamento . Age por dever
age de acordo com o IMPERATIVO
CATEGÓRICO uma vez que roubar
não se pode tornar lei universal.
14. Imperativos Hipotéticos
1. Uma obrigação, uma acção é hipotética quando implica
condições;
Exemplo:
Tenho a obrigação de estudar para os exames de acesso
a Medicina se quero ser médico.
2. Está implícito um desejo do agente
15. Boa vontade
Só uma vontade que se submeta de
forma incondicionada ao DEVER moral
pode ser designada, com propriedade,
como uma BOA VONTADE
16. Vontade autónoma e heterónoma
Vontade autónoma Vontade heterónoma
Vontade que cumpre o dever pelo dever. Vontade que não cumpre o dever pelo dever.
É uma boa vontade. ão é uma boa vontade.
É uma vontade puramente racional, que faz O cumprimento do dever não é motivo
sua uma lei da razão, que diz a si mesma suficiente para agir tendo de se invocar
“Eu quero o que a lei moral exige.” razões externas como receio das
consequências, o temor a Deus, etc..
Ao agir por dever obedeço à voz da minha A vontade submete-se a autoridades que não
razão e nada mais a razão.
17. A Razão formula de forma totalmente incondicionada, a lei moral e o
ser humano deve orientar as escolhas morais pela ideia de DEVER que
assenta na obediência a essa Lei, a priori e essa obediência não é uma
limitação da liberdade, mas, pelo contrário, a garantia de que somos livres na
nossa acção uma vez que nos guiamos pela Razão e não pelas inclinações
ou impulsos egoístas.
18. Kant defende que a
moral não é
axiológica, ou seja,
não depende de
valores ( pois estes
estão ligados à
cultura de cada
sociedade).
A razão é superior
aos valores e
permite ao homem
submeter-se a uma
legislação que ele
próprio cria ao guiar-
se exclusivamente
pela sua Razão
19. Críticas à ética Kantiana
1.É Vazia.
Só nos oferece o enquadramento que revela a estrutura dos juízos
morais sem ajudar em nada os que estão perante tomadas de decisão
morais efectivas. Dá pouca ajuda às pessoas que tenham decidir o que
devem fazer ( ) a teoria de Kant não oferece soluções satisfatórias
para muitas questões morais.
Não consegue responder a muitos dos conflitos entre deveres. Se,
por exemplo, eu tenho o dever de dizer sempre a verdade e também o
de proteger os meus amigos, a teoria de Kant não me poderá mostrar o
que deverei fazer quando estes deveres entram em conflito. Se um louco
Com um machado me perguntasse onde está o meu amigo, a minha
primeira reacção seria mentir-lhe. Dizer a verdade seria fugir ao meu dever
de proteger o meu amigo. Mas, por outro lado, segundo Kant, dizer
uma mentira, mesmo numa situação-limite como esta, seria uma
acção imoral: tenho o dever absoluto de nunca mentir.
Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia
20. Críticas à ética Kantiana
2. Aspectos Implausíveis
Kant afasta as emoções ( compaixão, simpatia, piedade, etc ) como irrelevantes
para a moral: a única motivação apropriada para a acção moral é o sentido de
DEVER.
Sentir compaixão pelos mais necessitados ( ) não tem, para Kant, nada a ver
com a moral. Pelo contrário, muitas pessoas pensam que há emoções
distintamente morais - tais como a compaixão, a simpatia e o remorso – e
separá-las da moral, como Kant tentou fazer, será ignorar um aspecto central
do comportamento moral.
Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia
Não dá atenção às consequências da acção.
( ) em alguns casos, as consequências das acções parecem relevantes para
uma apreciação do seu valor moral: pense como se sentiria em relação a uma
babysitter que tentasse secar o seu gato no microondas. [ a sua intenção
tinha sido boa]
Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia