SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 6
Descargar para leer sin conexión
Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8
1
Principais perigos associados à produção de cerveja
Para qualquer produto alimentício, os potenciais riscos podem ser agrupados num grupo relativamente
pequeno de categorias:
 Componentes naturais das matérias-primas em que os próprios contêm uma toxicidade inerente;
 Contaminantes ambientais associados às matérias-primas;
 Infecções microbiológicas;
 Contaminantes derivados do transporte, distribuição, armazenamento ou embalamento;
 Contaminantes associados com aditivos, ajudantes ao processamento ou outros materiais
utilizados no processamento que podem vir a estar em contacto com a comida;
 Contaminação deliberada de um produto alimentício com um material nocivo;
 Componentes alérgenos que, embora inofensivos para a maioria da população, podem na mesma
representar um risco significativo a uma pequena minoria.
A cerveja não é excepção a estes riscos. Contudo, alguns são menos preocupantes. Por exemplo, um dos
riscos mais sérios com muitos alimentos é o potencial de contaminação por bactérias causadoras de
intoxicação alimentar, como a Clostridia e a Listeria. A cerveja é inerentemente, um produto muito
seguro do ponto de vista microbiológico. Isto deve-se parcialmente ao estágio da fervura, que
essencialmente mata qualquer contaminante microbiológico proveniente das matérias-primas, e
também aos efeitos anti-bacterianos do álcool, ao baixo pH, ao dióxido de carbono e aos ácidos do
lúpulo. Isto não significa que infecções através da cerveja sejam impossíveis, apenas que é pouco
provável que sejam perigosas.
Diferentes estratégias devem ser aplicadas às categorias de riscos acima mencionadas de forma
a eliminar ou minimizar os mesmos. Por exemplo, enquanto um contaminante procedente do
transporte ou da cadeia de distribuição pode, pelo menos teoricamente, ser completamente erradicado,
pode ser biologicamente impossível eliminar um tóxico que seja um componente integral de um certo
alimento. Neste último caso devem ser planeados e impostos controlos de modo a que as
concentrações do material tóxico sejam mantidas a níveis aceitáveis. É preciso também perceber que
nada na vida pode ser 100% garantido como seguro. Um número de materiais, incluindo os mais básicos
requisitos de oxigénio, comida e água, são essenciais à vida a uma determinada concentração, mas
podem ser altamente perigosos a outra. O velho ditado ‘a dose faz o veneno’ ainda se mantém.
Matérias-primas
As principais matérias-primas para o fabrico de cerveja são a cevada maltada, lúpulos (ou produtos do
lúpulo como grão ou extractos), levedura e água. Outros cereais, tanto maltados como não maltados, na
forma de farinhas, ou grãos inteiros, também podem ser utilizados em algumas cervejas de modo a
concederem características específicas. Os xaropes de cereais também podem ser utilizados como uma
fonte adicional de açúcares fermentáveis.
Cereais e malte
Os principais riscos nestes materiais são os contaminantes químicos, infecções fúngicas e infestações de
insectos. Estão estabelecidos limites legais para contaminantes tais como resíduos de pesticidas e
metais pesados (como o chumbo) nas plantações agrícolas.
Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8
2
Perigos biológicos:
 Fusaria: Espécie fúngica produtora de toxinas mais comum que ocorre no campo na Europa e na
América do Norte. Esta está muito difundida nos cereais, especialmente no milho, trigo e
também na cevada. Os moldes Fusarium podem produzir uma variedade de micotoxinas.
Quimicamente estas são conhecidas como tricotecenos, e incluem tais compostos como
desoxinivalenol, nivalenol e toxina T-2. Estas são consideravelmente menos tóxicas que as
aflatoxinas, e neste momento não existem limites legais na UE, embora ‘níveis de acção’ de
entre 500 e 750 µg/kg para cereais e produtos de cereais estejam em discussão.
 Penicillium e Aspergillus: Podem desenvolver-se nos pequenos níveis de humidade do grão
maduro (entre 16 e 20% de humidade). Em condições adequadas de temperatura e humidade
estas espécies podem produzir outra micotoxina, ocratoxina A. Pensa-se que a ocratoxina A seja
cancerígena, e os limites legais para o grão estão actualmente a ser introduzidos pela UE (3-5
µg/kg).
 Infestações de insectos: São um potencial problema onde o grão é armazenado durante algum
tempo. É essencial a atenção à limpeza e higiene nos armazéns de grão. A secagem e o
arrefecimento também são importantes, já que muitos insectos não se conseguem reproduzir
abaixo de certos níveis de humidade e temperatura.
Perigos químicos:
 NDMA (N-nitrosodimetilamina): Pode se formar, enquanto o malte está na estufa de secagem,
através da reacção entre óxidos de nitrogénio (NOx) nos gases da estufa com as aminas no grão.
Níveis máximos serão estabelecidos para nitrosaminas voláteis.
 Micotoxinas: A mais tóxica destas, a aflatoxina, está largamente confinada às culturas feitas em
climas tropicais, porque os fungos que as produzem requerem temperaturas mais elevadas e
humidades que as que são normalmente encontradas na Europa. Controlos legais foram
introduzidos pela UE de modo a proteger contra possíveis contaminações de produtos
importados, especialmente amendoins e milho. Estes impõem um limite de 4 µg/kg para o total
de aflatoxinas nos cereais, e um limite de 2 µg/kg para a mais tóxica, B1.
 Bifenilos policlorados: Um grupo de contaminantes ambientais que cada vez mais causa
problemas são os BPCs e as dioxinas estruturalmente relacionadas. Estes contaminantes
orgânicos derivam quase completamente de fontes artificiais. Uma fonte particularmente
importante é a incineração de resíduos, que, se não for realizada a temperaturas altas o
suficiente, pode gerar tanto BPCs como dioxinas, ambas são químicos extremamente tóxicos e
podem contaminar as pastagens e culturas nas áreas circunvizinhas.
Lúpulos e produtos do lúpulo
Tal como com os cereais, os principais riscos são de resíduos de pesticidas e metais pesados. Os limites
podem também ser ajustados para os nitratos, que tendem a acumular nas partes folhudas de qualquer
planta, e podem estar em grande quantidade nos cones do lúpulo. O processamento, por exemplo para
produzir extractos de lúpulo no qual os ácidos do lúpulo são concentrados, geralmente reduz
significativamente a concentração de tais contaminantes.
Água
Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8
3
Mais de 90% da cerveja é água. Não é surpreendente por tanto, que a qualidade dessa água é de grande
importância para a qualidade do produto final. A água utilizada para o fabrico de cerveja, quer dos
poços próprios da cervejeira quer das nascentes, deve ser da qualidade da água potável no que toca
qualquer tipo de químicos nocivos e contaminantes microbiológicos. Isto significa que deve estar em
conformidade com toda a legislação corrente. Dentro de UE, a legislação para a água potável designa
limites para contaminantes químicos e microbiológicos e especifica a regularidade dos testes para cada
parâmetro (ver Tabela 1 no anexo).
Levedura
Perigos biológicos/químicos:
 Obesumbacteria proteus: Este é um exemplo de uma bactéria de deterioração, estas são bactérias
que se adaptaram às condições da cerveja. Estas bactérias podem ser uma preocupação de
segurança indirecta, visto que são capazes de reduzir nitratos a nitrito, que por sua vez podem
formar nitrosaminas. Ao contrário do NDMA, estas nitrosaminas são não voláteis e formam um
grupo de compostos que ainda não foi completamente caracterizado. Estes são portanto
usualmente referidos como TACN, ou Total Aparente de Compostos N-nitrosos.
Processamento e armazenamento
Perigos biológicos:
 Megasphaera cerevisiae, Pectinatus cerevisiiphillus, entre outros: Dadas as características
selectivas da cerveja, estes microrganismos não são patogénicos, e são então denominados de
contaminantes secundários. Estes tipos de organismos são veiculados por correntes de ar,
aparecendo como contaminantes de garrafas, esteiras transportadoras, engrenagens, juntas dos
enchedores, colocadores de tampas, pisos, etc. O seu crescimento só é notável após 5 a 6
semanas em garrafa.
Perigos químicos:
 Resíduos de soda cáustica da lavadora;
 Resíduos de óleo;
 Graxa do colocador de tampas;
 Respingo de detergente das esteiras;
 Respingo de lubrificante;
 Mistura com outro produto;
 Presença de resíduos de solventes no vedante.
Perigos físicos:
 Corpos estranhos provenientes de uma lavagem ou inspecção mal feita;
 Vidro proveniente do estouro de garrafas no enchimento;
 Garrafas com micro fissuras;
 Resíduos da tampa;
Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8
4
 Partículas de vidro no exterior das garrafas (em caso de queda ou quebra do vasilhame durante o
armazenamento ou distribuição).
Anexo
Substâncias alérgenas
Dois potenciais alérgenos devem ser considerados em relação à cerveja. Um é o glúten, que é o nome
dado ao complexo de proteínas gliadinas e hidratos de carbono presentes no trigo. Estas proteínas
podem irritar as células que revestem o estômago de certas pessoas, causando a doença celíaca, de
modo que os sofredores de celíaca devem evitar consumir qualquer alimento que contenha derivados
do trigo ou qualquer outro dos cereais em questão. A cevada e o malte são obviamente nocivos aos
sofredores de celíaca. Existe algum debate quanto ao facto da cerveja também ser nociva, já que uma
proporção substancial das proteínas da cevada é deixada para trás nos resíduos dos grãos. Também,
muito do que é extraído para o mosto é posteriormente removido juntamente com a camada de
sedimento que aparece no fundo do fermento ou é filtrado antes do embalamento, portanto não
persiste na cerveja. A análise química da cerveja ou outros alimentos processados ao conteúdo de
glúten está sujeita a uma série de limitações e, a presença de proteínas celíacas-positivas na cerveja não
foi provada conclusivamente, embora alguns péptidos derivados do malte estejam certamente
presentes. Ainda assim, sofredores de celíaca são aconselhados a experimentar a cerveja com cuidado,
já que as sensibilidades podem variar largamente entre indivíduos.
A outra reacção alérgica (mais propriamente descrita como uma intolerância alimentar) que
pode estar associada com a cerveja é uma reacção ao dióxido de enxofre. Este é um aditivo aprovado
que tem sido utilizado como um conservante numa variedade de alimentos durante muitos anos e, aos
níveis utilizados, não representa perigos para a saúde da maioria das pessoas. Contudo, um pequeno
número de indivíduos são hipersensíveis ao sulfito e estas pessoas podem sofrer reacções asmáticas
severas, que podem até ser fatais, mesmo a pequenos níveis de exposição. Os níveis de sulfito são
controlados pela legislação da UE, com o limite para a cerveja engarrafada sendo 20 mg/kg (50 mg/kg
são aceites em cerveja de barril), que é relativamente baixo quando comparado com outros alimentos.
Legislação Portuguesa
No site da ASAE pudemos encontrar um artigo publicado no Diário da República em 3 de Janeiro de
1996 com a seguinte informação acerca dos limites legislados em Portugal para contaminantes na
cerveja.
Segundo o mesmo, as cervejas terão de apresentar as seguintes características.
 Teor de acidez total, após eliminação do dióxido de carbono, igual ou inferior a 3g/l, expresso em
ácido láctico;
 Valor do pH compreendido entre 3.5 e 5 (inclusive);
 Teor de acidez volátil, por destilação numa corrente de vapor, igual ou inferior a 36 mg por 100 ml
de cerveja, expresso em ácido acético;
 Não conter contaminantes que ultrapassem os seguintes limites:
o Zinco: 1 mg/l;
o Ferro: 0.3 mg/l;
o Cobre: 0.2 mg/l;
o Chumbo: 0.2 mg/l;
o Arsénio: 0.1 mg/l;
o Cobalto: 0.05 mg/l.
Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8
5
Tabelas
Tabela 1. Requisitos de segurança e qualidade para a água utilizada no fabrico de cerveja
Parâmetro Unidades Concentração máxima
Químicos tóxicos
Arsénio µg l-1
50
Cádmio µg l-1
5
Cianeto µg l-1
50
Crómio µg l-1
50
Mercúrio µg l-1
1
Níquel µg l-1
50
Chumbo µg l-1
50α
Antimónio µg l-1
10
Selénio µg l-1
10
Pesticidas e produtos relacionados
substâncias individuais
total de substâncias
µg l-1
µg l-1
0.1
0.5
Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos µg l-1
0.2
Trihalometanos µg l-1
100
Parâmetros de qualidade
Sulfato mg SO4 l-1
250
Magnésio mg Mg l-1
50
Sódio mg Na l-1
150
Potássio mg K l-1
12
Nitrato mg NO3 l-1
50
Nitrito mg NO4 l-1
0.1
Amónio mg NH4 l-1
0.5
Hidrocarbonetos µg l-1
10
Fenóis µg C6H5OH l-1
0.5
Surfactantes µg l-1
200
Alumínio µg Al l-1
200
Ferro µg Fe l-1
200
Manganês µg Mn l-1
50
Cobre µg Cu l-1
3000
Zinco µg Zn l-1
5000
Fósforo µg P l-1
2200
Fluoreto µg F l-1
1500
Prata µg Ag l-1
10
Parâmetros microbiológicos
Total de coliformes número/100ml 0
Coliformes fecais número/100ml 0
Estreptococos fecais número/100ml 0
Clostridia sulfito-redutora número/100ml ≤ 1
Fonte: The Water Supply (Water Quality) Regulations 1989; UK Statutory Instrument 1989 No. 1147.
α
Este irá reduzir para 25 e depois para 10 µg l-1
no projecto de lei que irá entrar em vigor.
Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8
6
Bibliografia:
Asae.pt. ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica:
dre.pt/pdf1sdip/1996/01/002b00/00080009.PDF. Obtido em 16-12-09.
Fc.ul.pt. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Em: Aula de Bromatologia:
dqb.fc.ul.pt/cup/441142/Aula%20de%20bromatologia.pdf. Obtido em 11-12-09.
Hughes PS, Baxter ED. 2001. Beer: Quality, safety and nutritional aspects. The Royal Society of
Chemistry. Cambridge, UK.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Fatores intrínsecos e extrínsecos
Fatores intrínsecos e extrínsecosFatores intrínsecos e extrínsecos
Fatores intrínsecos e extrínsecosGleyson Costa
 
Controle crescimento-microbiano . esterilização
Controle crescimento-microbiano . esterilizaçãoControle crescimento-microbiano . esterilização
Controle crescimento-microbiano . esterilizaçãoGildo Crispim
 
ConservaçãO De Alimentos
ConservaçãO De AlimentosConservaçãO De Alimentos
ConservaçãO De AlimentosNuno Correia
 
Aula 01 embalagens para Alimentos
Aula 01 embalagens para AlimentosAula 01 embalagens para Alimentos
Aula 01 embalagens para AlimentosLORRANE BRANDÃO
 
Aula 2 introducao a microb de alimentos 20140316141849
Aula 2   introducao a microb de alimentos 20140316141849Aula 2   introducao a microb de alimentos 20140316141849
Aula 2 introducao a microb de alimentos 20140316141849Elmo Oliveira
 
Microbiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos net
Microbiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos netMicrobiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos net
Microbiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos netAna Paula Alves
 
Tecnicas de conservação de alimentos
Tecnicas de conservação de alimentosTecnicas de conservação de alimentos
Tecnicas de conservação de alimentosCátia Magrinho
 
Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)
Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)
Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)Rossana Martins
 
Bactérias utilizadas na produção de alimentos
Bactérias utilizadas na produção de alimentosBactérias utilizadas na produção de alimentos
Bactérias utilizadas na produção de alimentosLuan Queiroz
 
fatores intrinsecos e fatores extrinsecos
fatores intrinsecos e fatores extrinsecosfatores intrinsecos e fatores extrinsecos
fatores intrinsecos e fatores extrinsecosFlavio Richard
 
Aula 2-introdução-a-química-de-alimentos
Aula 2-introdução-a-química-de-alimentosAula 2-introdução-a-química-de-alimentos
Aula 2-introdução-a-química-de-alimentosfcanico
 
Microbiologia dos alimentos aula 1
Microbiologia dos alimentos aula 1Microbiologia dos alimentos aula 1
Microbiologia dos alimentos aula 1Clelia Picinin
 
Microbiologia aplicada aula13 alimentos
Microbiologia aplicada aula13 alimentosMicrobiologia aplicada aula13 alimentos
Microbiologia aplicada aula13 alimentosAmanda Fraga
 

La actualidad más candente (20)

Fatores intrínsecos e extrínsecos
Fatores intrínsecos e extrínsecosFatores intrínsecos e extrínsecos
Fatores intrínsecos e extrínsecos
 
Controle crescimento-microbiano . esterilização
Controle crescimento-microbiano . esterilizaçãoControle crescimento-microbiano . esterilização
Controle crescimento-microbiano . esterilização
 
ConservaçãO De Alimentos
ConservaçãO De AlimentosConservaçãO De Alimentos
ConservaçãO De Alimentos
 
Aula 01 embalagens para Alimentos
Aula 01 embalagens para AlimentosAula 01 embalagens para Alimentos
Aula 01 embalagens para Alimentos
 
Hsa
HsaHsa
Hsa
 
Aula 2 introducao a microb de alimentos 20140316141849
Aula 2   introducao a microb de alimentos 20140316141849Aula 2   introducao a microb de alimentos 20140316141849
Aula 2 introducao a microb de alimentos 20140316141849
 
Microbiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos net
Microbiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos netMicrobiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos net
Microbiologia dos alimentos fatores intrinsecos e extrinsecos net
 
Tecnicas de conservação de alimentos
Tecnicas de conservação de alimentosTecnicas de conservação de alimentos
Tecnicas de conservação de alimentos
 
Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)
Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)
Aula 02-alimentacao-e-alteracoes-em-alimentos (1)
 
Hsa
HsaHsa
Hsa
 
43.conservaçãoalimentos2013
43.conservaçãoalimentos201343.conservaçãoalimentos2013
43.conservaçãoalimentos2013
 
Bactérias utilizadas na produção de alimentos
Bactérias utilizadas na produção de alimentosBactérias utilizadas na produção de alimentos
Bactérias utilizadas na produção de alimentos
 
Controle De Microorganismos
Controle De MicroorganismosControle De Microorganismos
Controle De Microorganismos
 
54
5454
54
 
Manual
ManualManual
Manual
 
Introdução a microbiologia dos alimentos
Introdução a microbiologia dos alimentosIntrodução a microbiologia dos alimentos
Introdução a microbiologia dos alimentos
 
fatores intrinsecos e fatores extrinsecos
fatores intrinsecos e fatores extrinsecosfatores intrinsecos e fatores extrinsecos
fatores intrinsecos e fatores extrinsecos
 
Aula 2-introdução-a-química-de-alimentos
Aula 2-introdução-a-química-de-alimentosAula 2-introdução-a-química-de-alimentos
Aula 2-introdução-a-química-de-alimentos
 
Microbiologia dos alimentos aula 1
Microbiologia dos alimentos aula 1Microbiologia dos alimentos aula 1
Microbiologia dos alimentos aula 1
 
Microbiologia aplicada aula13 alimentos
Microbiologia aplicada aula13 alimentosMicrobiologia aplicada aula13 alimentos
Microbiologia aplicada aula13 alimentos
 

Destacado

Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)
Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)
Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)Julio C Finkbeiner
 
TABELA PARA Carbonatacao FORÇADA //// CARBONATION TABLE FORCED
TABELA PARA  Carbonatacao FORÇADA   //// CARBONATION TABLE FORCEDTABELA PARA  Carbonatacao FORÇADA   //// CARBONATION TABLE FORCED
TABELA PARA Carbonatacao FORÇADA //// CARBONATION TABLE FORCEDJulio C Finkbeiner
 
Cerveja com frutas (FRUIT BEER)
Cerveja com   frutas    (FRUIT BEER)Cerveja com   frutas    (FRUIT BEER)
Cerveja com frutas (FRUIT BEER)Julio C Finkbeiner
 
Processamento artesanal de frutas licor
Processamento artesanal de frutas   licorProcessamento artesanal de frutas   licor
Processamento artesanal de frutas licorJulio C Finkbeiner
 
Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0
Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0
Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0Julio C Finkbeiner
 
Transformando a geladeira em kegeladeira
Transformando a geladeira em kegeladeiraTransformando a geladeira em kegeladeira
Transformando a geladeira em kegeladeiraJulio C Finkbeiner
 
Faz a tua própria cerveja - Módulo Inicial
Faz a tua própria cerveja - Módulo InicialFaz a tua própria cerveja - Módulo Inicial
Faz a tua própria cerveja - Módulo InicialFazatuapropriacerveja
 
Tabela de variedades de lupulo
Tabela de variedades de lupuloTabela de variedades de lupulo
Tabela de variedades de lupuloJulio C Finkbeiner
 

Destacado (20)

Beer 101 - em ingles
Beer 101 - em inglesBeer 101 - em ingles
Beer 101 - em ingles
 
Epeciarias // Spice
Epeciarias  //  SpiceEpeciarias  //  Spice
Epeciarias // Spice
 
Panela e resistenciass
Panela e resistenciassPanela e resistenciass
Panela e resistenciass
 
Beer periodic-table
Beer periodic-tableBeer periodic-table
Beer periodic-table
 
BJCP em português
BJCP em portuguêsBJCP em português
BJCP em português
 
Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)
Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)
Descritivo com fazer_cerveja_com_kit_extrato_e_graos (alduimia da cerveja)
 
TABELA PARA Carbonatacao FORÇADA //// CARBONATION TABLE FORCED
TABELA PARA  Carbonatacao FORÇADA   //// CARBONATION TABLE FORCEDTABELA PARA  Carbonatacao FORÇADA   //// CARBONATION TABLE FORCED
TABELA PARA Carbonatacao FORÇADA //// CARBONATION TABLE FORCED
 
Cerveja com frutas (FRUIT BEER)
Cerveja com   frutas    (FRUIT BEER)Cerveja com   frutas    (FRUIT BEER)
Cerveja com frutas (FRUIT BEER)
 
Hop varietal-guide-2013
Hop varietal-guide-2013Hop varietal-guide-2013
Hop varietal-guide-2013
 
Dicas para cervejeiros
Dicas para cervejeirosDicas para cervejeiros
Dicas para cervejeiros
 
Processamento artesanal de frutas licor
Processamento artesanal de frutas   licorProcessamento artesanal de frutas   licor
Processamento artesanal de frutas licor
 
Tabela equivalência maltes
Tabela equivalência maltesTabela equivalência maltes
Tabela equivalência maltes
 
Catálogo de equipamentos
Catálogo de equipamentosCatálogo de equipamentos
Catálogo de equipamentos
 
Catálogo dos Preparados
Catálogo dos PreparadosCatálogo dos Preparados
Catálogo dos Preparados
 
Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0
Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0
Tabela+de+equivalência+castle+malting+ +weyermann+2.0
 
Transformando a geladeira em kegeladeira
Transformando a geladeira em kegeladeiraTransformando a geladeira em kegeladeira
Transformando a geladeira em kegeladeira
 
Faz a tua própria cerveja - Módulo Inicial
Faz a tua própria cerveja - Módulo InicialFaz a tua própria cerveja - Módulo Inicial
Faz a tua própria cerveja - Módulo Inicial
 
JOLA - Catálogo de Equipamentos
JOLA - Catálogo de EquipamentosJOLA - Catálogo de Equipamentos
JOLA - Catálogo de Equipamentos
 
Tabela de variedades de lupulo
Tabela de variedades de lupuloTabela de variedades de lupulo
Tabela de variedades de lupulo
 
Guia del-cultivo-del-lupulo
Guia del-cultivo-del-lupuloGuia del-cultivo-del-lupulo
Guia del-cultivo-del-lupulo
 

Similar a Principais riscos cerveja produção

Perigos no processamento de alimentos
Perigos no processamento de alimentosPerigos no processamento de alimentos
Perigos no processamento de alimentosPriscilla Macêdo
 
Perigos durante o processamento de alimentos
Perigos durante o processamento de alimentosPerigos durante o processamento de alimentos
Perigos durante o processamento de alimentosPriscilla Macêdo
 
Trabalho escrito problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...
Trabalho escrito  problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...Trabalho escrito  problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...
Trabalho escrito problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...Maria Paredes
 
Apostila de embalagem
Apostila de embalagemApostila de embalagem
Apostila de embalagemandreiafaion
 
Monografia apresentação
Monografia   apresentaçãoMonografia   apresentação
Monografia apresentaçãodanielmassarani
 
42.prod.alim.fermentação2013
42.prod.alim.fermentação201342.prod.alim.fermentação2013
42.prod.alim.fermentação2013Leonor Vaz Pereira
 
Nutrição Inadequada e Alimentos Contaminados
Nutrição Inadequada e Alimentos ContaminadosNutrição Inadequada e Alimentos Contaminados
Nutrição Inadequada e Alimentos ContaminadosFrancisco
 
i008577 (1).pdf
i008577 (1).pdfi008577 (1).pdf
i008577 (1).pdfNuno374749
 
Conservantes em cosméticos
Conservantes em cosméticosConservantes em cosméticos
Conservantes em cosméticosJean Carlos
 
Manual de boas práticas agrícolas
Manual de boas práticas agrícolasManual de boas práticas agrícolas
Manual de boas práticas agrícolasRobson Peixoto
 
Aula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicos
Aula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicosAula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicos
Aula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicosIFMT - Pontes e Lacerda
 
Doenças transmitidas por água e alimentos
Doenças transmitidas por água e alimentosDoenças transmitidas por água e alimentos
Doenças transmitidas por água e alimentosLeuemay
 
Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011
Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011
Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011Flavio Nicolielo
 
Contaminação microbiológica pós-colheita
Contaminação microbiológica pós-colheitaContaminação microbiológica pós-colheita
Contaminação microbiológica pós-colheitaRural Pecuária
 

Similar a Principais riscos cerveja produção (20)

Perigos no processamento de alimentos
Perigos no processamento de alimentosPerigos no processamento de alimentos
Perigos no processamento de alimentos
 
Perigos durante o processamento de alimentos
Perigos durante o processamento de alimentosPerigos durante o processamento de alimentos
Perigos durante o processamento de alimentos
 
Trabalho escrito problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...
Trabalho escrito  problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...Trabalho escrito  problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...
Trabalho escrito problemática-do-uso-de-biocidas-e-de-métodos-alternativos-n...
 
Embutidos
EmbutidosEmbutidos
Embutidos
 
Apostilaproctecnalim 2015
Apostilaproctecnalim 2015Apostilaproctecnalim 2015
Apostilaproctecnalim 2015
 
Apostila de embalagem
Apostila de embalagemApostila de embalagem
Apostila de embalagem
 
Monografia apresentação
Monografia   apresentaçãoMonografia   apresentação
Monografia apresentação
 
Aquaculture brasil almeida, s.a.a. (2017)
Aquaculture brasil almeida, s.a.a. (2017)Aquaculture brasil almeida, s.a.a. (2017)
Aquaculture brasil almeida, s.a.a. (2017)
 
42.prod.alim.fermentação2013
42.prod.alim.fermentação201342.prod.alim.fermentação2013
42.prod.alim.fermentação2013
 
Nutrição Inadequada e Alimentos Contaminados
Nutrição Inadequada e Alimentos ContaminadosNutrição Inadequada e Alimentos Contaminados
Nutrição Inadequada e Alimentos Contaminados
 
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
AQUACULTURE LINE PRESENTATION 2014
 
i008577 (1).pdf
i008577 (1).pdfi008577 (1).pdf
i008577 (1).pdf
 
Conservantes em cosméticos
Conservantes em cosméticosConservantes em cosméticos
Conservantes em cosméticos
 
Manual de boas práticas agrícolas
Manual de boas práticas agrícolasManual de boas práticas agrícolas
Manual de boas práticas agrícolas
 
Artigo bioterra v21_n1_01
Artigo bioterra v21_n1_01Artigo bioterra v21_n1_01
Artigo bioterra v21_n1_01
 
Aula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicos
Aula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicosAula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicos
Aula de reatividade, toxicologia e incompatibilidade de produtos quimicos
 
Doenças transmitidas por água e alimentos
Doenças transmitidas por água e alimentosDoenças transmitidas por água e alimentos
Doenças transmitidas por água e alimentos
 
Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011
Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011
Vida+de+prateleira+ +utfpr+2011
 
Ii.6
Ii.6Ii.6
Ii.6
 
Contaminação microbiológica pós-colheita
Contaminação microbiológica pós-colheitaContaminação microbiológica pós-colheita
Contaminação microbiológica pós-colheita
 

Principais riscos cerveja produção

  • 1. Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8 1 Principais perigos associados à produção de cerveja Para qualquer produto alimentício, os potenciais riscos podem ser agrupados num grupo relativamente pequeno de categorias:  Componentes naturais das matérias-primas em que os próprios contêm uma toxicidade inerente;  Contaminantes ambientais associados às matérias-primas;  Infecções microbiológicas;  Contaminantes derivados do transporte, distribuição, armazenamento ou embalamento;  Contaminantes associados com aditivos, ajudantes ao processamento ou outros materiais utilizados no processamento que podem vir a estar em contacto com a comida;  Contaminação deliberada de um produto alimentício com um material nocivo;  Componentes alérgenos que, embora inofensivos para a maioria da população, podem na mesma representar um risco significativo a uma pequena minoria. A cerveja não é excepção a estes riscos. Contudo, alguns são menos preocupantes. Por exemplo, um dos riscos mais sérios com muitos alimentos é o potencial de contaminação por bactérias causadoras de intoxicação alimentar, como a Clostridia e a Listeria. A cerveja é inerentemente, um produto muito seguro do ponto de vista microbiológico. Isto deve-se parcialmente ao estágio da fervura, que essencialmente mata qualquer contaminante microbiológico proveniente das matérias-primas, e também aos efeitos anti-bacterianos do álcool, ao baixo pH, ao dióxido de carbono e aos ácidos do lúpulo. Isto não significa que infecções através da cerveja sejam impossíveis, apenas que é pouco provável que sejam perigosas. Diferentes estratégias devem ser aplicadas às categorias de riscos acima mencionadas de forma a eliminar ou minimizar os mesmos. Por exemplo, enquanto um contaminante procedente do transporte ou da cadeia de distribuição pode, pelo menos teoricamente, ser completamente erradicado, pode ser biologicamente impossível eliminar um tóxico que seja um componente integral de um certo alimento. Neste último caso devem ser planeados e impostos controlos de modo a que as concentrações do material tóxico sejam mantidas a níveis aceitáveis. É preciso também perceber que nada na vida pode ser 100% garantido como seguro. Um número de materiais, incluindo os mais básicos requisitos de oxigénio, comida e água, são essenciais à vida a uma determinada concentração, mas podem ser altamente perigosos a outra. O velho ditado ‘a dose faz o veneno’ ainda se mantém. Matérias-primas As principais matérias-primas para o fabrico de cerveja são a cevada maltada, lúpulos (ou produtos do lúpulo como grão ou extractos), levedura e água. Outros cereais, tanto maltados como não maltados, na forma de farinhas, ou grãos inteiros, também podem ser utilizados em algumas cervejas de modo a concederem características específicas. Os xaropes de cereais também podem ser utilizados como uma fonte adicional de açúcares fermentáveis. Cereais e malte Os principais riscos nestes materiais são os contaminantes químicos, infecções fúngicas e infestações de insectos. Estão estabelecidos limites legais para contaminantes tais como resíduos de pesticidas e metais pesados (como o chumbo) nas plantações agrícolas.
  • 2. Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8 2 Perigos biológicos:  Fusaria: Espécie fúngica produtora de toxinas mais comum que ocorre no campo na Europa e na América do Norte. Esta está muito difundida nos cereais, especialmente no milho, trigo e também na cevada. Os moldes Fusarium podem produzir uma variedade de micotoxinas. Quimicamente estas são conhecidas como tricotecenos, e incluem tais compostos como desoxinivalenol, nivalenol e toxina T-2. Estas são consideravelmente menos tóxicas que as aflatoxinas, e neste momento não existem limites legais na UE, embora ‘níveis de acção’ de entre 500 e 750 µg/kg para cereais e produtos de cereais estejam em discussão.  Penicillium e Aspergillus: Podem desenvolver-se nos pequenos níveis de humidade do grão maduro (entre 16 e 20% de humidade). Em condições adequadas de temperatura e humidade estas espécies podem produzir outra micotoxina, ocratoxina A. Pensa-se que a ocratoxina A seja cancerígena, e os limites legais para o grão estão actualmente a ser introduzidos pela UE (3-5 µg/kg).  Infestações de insectos: São um potencial problema onde o grão é armazenado durante algum tempo. É essencial a atenção à limpeza e higiene nos armazéns de grão. A secagem e o arrefecimento também são importantes, já que muitos insectos não se conseguem reproduzir abaixo de certos níveis de humidade e temperatura. Perigos químicos:  NDMA (N-nitrosodimetilamina): Pode se formar, enquanto o malte está na estufa de secagem, através da reacção entre óxidos de nitrogénio (NOx) nos gases da estufa com as aminas no grão. Níveis máximos serão estabelecidos para nitrosaminas voláteis.  Micotoxinas: A mais tóxica destas, a aflatoxina, está largamente confinada às culturas feitas em climas tropicais, porque os fungos que as produzem requerem temperaturas mais elevadas e humidades que as que são normalmente encontradas na Europa. Controlos legais foram introduzidos pela UE de modo a proteger contra possíveis contaminações de produtos importados, especialmente amendoins e milho. Estes impõem um limite de 4 µg/kg para o total de aflatoxinas nos cereais, e um limite de 2 µg/kg para a mais tóxica, B1.  Bifenilos policlorados: Um grupo de contaminantes ambientais que cada vez mais causa problemas são os BPCs e as dioxinas estruturalmente relacionadas. Estes contaminantes orgânicos derivam quase completamente de fontes artificiais. Uma fonte particularmente importante é a incineração de resíduos, que, se não for realizada a temperaturas altas o suficiente, pode gerar tanto BPCs como dioxinas, ambas são químicos extremamente tóxicos e podem contaminar as pastagens e culturas nas áreas circunvizinhas. Lúpulos e produtos do lúpulo Tal como com os cereais, os principais riscos são de resíduos de pesticidas e metais pesados. Os limites podem também ser ajustados para os nitratos, que tendem a acumular nas partes folhudas de qualquer planta, e podem estar em grande quantidade nos cones do lúpulo. O processamento, por exemplo para produzir extractos de lúpulo no qual os ácidos do lúpulo são concentrados, geralmente reduz significativamente a concentração de tais contaminantes. Água
  • 3. Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8 3 Mais de 90% da cerveja é água. Não é surpreendente por tanto, que a qualidade dessa água é de grande importância para a qualidade do produto final. A água utilizada para o fabrico de cerveja, quer dos poços próprios da cervejeira quer das nascentes, deve ser da qualidade da água potável no que toca qualquer tipo de químicos nocivos e contaminantes microbiológicos. Isto significa que deve estar em conformidade com toda a legislação corrente. Dentro de UE, a legislação para a água potável designa limites para contaminantes químicos e microbiológicos e especifica a regularidade dos testes para cada parâmetro (ver Tabela 1 no anexo). Levedura Perigos biológicos/químicos:  Obesumbacteria proteus: Este é um exemplo de uma bactéria de deterioração, estas são bactérias que se adaptaram às condições da cerveja. Estas bactérias podem ser uma preocupação de segurança indirecta, visto que são capazes de reduzir nitratos a nitrito, que por sua vez podem formar nitrosaminas. Ao contrário do NDMA, estas nitrosaminas são não voláteis e formam um grupo de compostos que ainda não foi completamente caracterizado. Estes são portanto usualmente referidos como TACN, ou Total Aparente de Compostos N-nitrosos. Processamento e armazenamento Perigos biológicos:  Megasphaera cerevisiae, Pectinatus cerevisiiphillus, entre outros: Dadas as características selectivas da cerveja, estes microrganismos não são patogénicos, e são então denominados de contaminantes secundários. Estes tipos de organismos são veiculados por correntes de ar, aparecendo como contaminantes de garrafas, esteiras transportadoras, engrenagens, juntas dos enchedores, colocadores de tampas, pisos, etc. O seu crescimento só é notável após 5 a 6 semanas em garrafa. Perigos químicos:  Resíduos de soda cáustica da lavadora;  Resíduos de óleo;  Graxa do colocador de tampas;  Respingo de detergente das esteiras;  Respingo de lubrificante;  Mistura com outro produto;  Presença de resíduos de solventes no vedante. Perigos físicos:  Corpos estranhos provenientes de uma lavagem ou inspecção mal feita;  Vidro proveniente do estouro de garrafas no enchimento;  Garrafas com micro fissuras;  Resíduos da tampa;
  • 4. Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8 4  Partículas de vidro no exterior das garrafas (em caso de queda ou quebra do vasilhame durante o armazenamento ou distribuição). Anexo Substâncias alérgenas Dois potenciais alérgenos devem ser considerados em relação à cerveja. Um é o glúten, que é o nome dado ao complexo de proteínas gliadinas e hidratos de carbono presentes no trigo. Estas proteínas podem irritar as células que revestem o estômago de certas pessoas, causando a doença celíaca, de modo que os sofredores de celíaca devem evitar consumir qualquer alimento que contenha derivados do trigo ou qualquer outro dos cereais em questão. A cevada e o malte são obviamente nocivos aos sofredores de celíaca. Existe algum debate quanto ao facto da cerveja também ser nociva, já que uma proporção substancial das proteínas da cevada é deixada para trás nos resíduos dos grãos. Também, muito do que é extraído para o mosto é posteriormente removido juntamente com a camada de sedimento que aparece no fundo do fermento ou é filtrado antes do embalamento, portanto não persiste na cerveja. A análise química da cerveja ou outros alimentos processados ao conteúdo de glúten está sujeita a uma série de limitações e, a presença de proteínas celíacas-positivas na cerveja não foi provada conclusivamente, embora alguns péptidos derivados do malte estejam certamente presentes. Ainda assim, sofredores de celíaca são aconselhados a experimentar a cerveja com cuidado, já que as sensibilidades podem variar largamente entre indivíduos. A outra reacção alérgica (mais propriamente descrita como uma intolerância alimentar) que pode estar associada com a cerveja é uma reacção ao dióxido de enxofre. Este é um aditivo aprovado que tem sido utilizado como um conservante numa variedade de alimentos durante muitos anos e, aos níveis utilizados, não representa perigos para a saúde da maioria das pessoas. Contudo, um pequeno número de indivíduos são hipersensíveis ao sulfito e estas pessoas podem sofrer reacções asmáticas severas, que podem até ser fatais, mesmo a pequenos níveis de exposição. Os níveis de sulfito são controlados pela legislação da UE, com o limite para a cerveja engarrafada sendo 20 mg/kg (50 mg/kg são aceites em cerveja de barril), que é relativamente baixo quando comparado com outros alimentos. Legislação Portuguesa No site da ASAE pudemos encontrar um artigo publicado no Diário da República em 3 de Janeiro de 1996 com a seguinte informação acerca dos limites legislados em Portugal para contaminantes na cerveja. Segundo o mesmo, as cervejas terão de apresentar as seguintes características.  Teor de acidez total, após eliminação do dióxido de carbono, igual ou inferior a 3g/l, expresso em ácido láctico;  Valor do pH compreendido entre 3.5 e 5 (inclusive);  Teor de acidez volátil, por destilação numa corrente de vapor, igual ou inferior a 36 mg por 100 ml de cerveja, expresso em ácido acético;  Não conter contaminantes que ultrapassem os seguintes limites: o Zinco: 1 mg/l; o Ferro: 0.3 mg/l; o Cobre: 0.2 mg/l; o Chumbo: 0.2 mg/l; o Arsénio: 0.1 mg/l; o Cobalto: 0.05 mg/l.
  • 5. Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8 5 Tabelas Tabela 1. Requisitos de segurança e qualidade para a água utilizada no fabrico de cerveja Parâmetro Unidades Concentração máxima Químicos tóxicos Arsénio µg l-1 50 Cádmio µg l-1 5 Cianeto µg l-1 50 Crómio µg l-1 50 Mercúrio µg l-1 1 Níquel µg l-1 50 Chumbo µg l-1 50α Antimónio µg l-1 10 Selénio µg l-1 10 Pesticidas e produtos relacionados substâncias individuais total de substâncias µg l-1 µg l-1 0.1 0.5 Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos µg l-1 0.2 Trihalometanos µg l-1 100 Parâmetros de qualidade Sulfato mg SO4 l-1 250 Magnésio mg Mg l-1 50 Sódio mg Na l-1 150 Potássio mg K l-1 12 Nitrato mg NO3 l-1 50 Nitrito mg NO4 l-1 0.1 Amónio mg NH4 l-1 0.5 Hidrocarbonetos µg l-1 10 Fenóis µg C6H5OH l-1 0.5 Surfactantes µg l-1 200 Alumínio µg Al l-1 200 Ferro µg Fe l-1 200 Manganês µg Mn l-1 50 Cobre µg Cu l-1 3000 Zinco µg Zn l-1 5000 Fósforo µg P l-1 2200 Fluoreto µg F l-1 1500 Prata µg Ag l-1 10 Parâmetros microbiológicos Total de coliformes número/100ml 0 Coliformes fecais número/100ml 0 Estreptococos fecais número/100ml 0 Clostridia sulfito-redutora número/100ml ≤ 1 Fonte: The Water Supply (Water Quality) Regulations 1989; UK Statutory Instrument 1989 No. 1147. α Este irá reduzir para 25 e depois para 10 µg l-1 no projecto de lei que irá entrar em vigor.
  • 6. Trabalho 4 Qualidade e Segurança Alimentar Grupo 8 6 Bibliografia: Asae.pt. ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica: dre.pt/pdf1sdip/1996/01/002b00/00080009.PDF. Obtido em 16-12-09. Fc.ul.pt. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Em: Aula de Bromatologia: dqb.fc.ul.pt/cup/441142/Aula%20de%20bromatologia.pdf. Obtido em 11-12-09. Hughes PS, Baxter ED. 2001. Beer: Quality, safety and nutritional aspects. The Royal Society of Chemistry. Cambridge, UK.