Desastres climáticos como enchentes costumam ser imprevisíveis, mas políticas públicas eficazes de prevenção podem reduzir danos. Petrópolis sofreu nova enchente poucos anos depois da tragédia anterior, indicando que lições não foram aprendidas e medidas como remoção de moradias em áreas de risco ainda são tabus. É preciso que autoridades cumpram seu papel para evitar novas tragédias.
Desastres climáticos: a necessidade de políticas públicas eficazes de prevenção
1.
2. Desastres
climáticos, naturais ou
ambientais costumam ser
expressão do imponderável.
Apesar dos avanços nos sistemas
de previsão, nem sempre se
pode determinar com precisão
quando uma determinada
região será atingida por um
desses fenômenos que
alimentam tragédias e prejuízos.
3.
Mesmo quando a
população é
surpreendida pela
natureza,
principalmente nas
manifestações
sazonais, a adoção
de políticas públicas
eficazes de
prevenção é crucial
para reduzir danos e
aumentar as
barreiras de
proteção dos
moradores. Não é o
caso de Petrópolis.
4. Vítima de nova
enchente, pouco
mais de dois anos
após a tragédia
que matou quase
mil pessoas na
Região Serrana do
Rio, inclusive nesse
município, a
cidade voltou a
sepultar mortos
pela precipitação
de chuvas fortes.
Repetiu-se a
fórmula que
contribuiu para
agravar as
consequências do
temporal do início
de 2011
5. Burocracia
na aprovação
de obras e na liberação de
verbas para intervenções de
infraestrutura , leniência das
autoridades com a
ocupação de áreas de risco
para moradia, inoperância
em ações de remoção de
casas, etc.
6.
Conclui-se que a
tragédia de 2011, na
qual desapareceram
famílias inteiras em
deslizamentos de
terra, não deixou
ensinamentos. Apesar
de ser um instrumento
de política urbana
ligado à segurança
das pessoas, a
remoção ainda é um
tabu para o poder
público em geral, e
seu complemento, o
reassentamento, uma
ficção.
7.
A declaração da
presidente Dilma, de
que “as pessoas não
querem sair”, é uma
meia verdade: de fato
o risco existe, mas
como abandonar a
residência sem ter
para onde ir?
Neste dilema, já houve
casos, no Rio, de pessoas
desalojadas por
enchentes que voltaram
a ocupar áreas de risco
pagando, com o
chamado aluguel social
da prefeitura, para
morar em casas
condenadas pelo
próprio município.
Bizarro.
8.
Não se pode impedir
que chova, mas é
inaceitável que suas
consequências sejam
enfrentadas com
programas tíbios de
prevenção e redução
de danos. É preciso
que o poder público
faça, enfim, o dever
de casa. Caso
contrário, novos
temporais voltarão a
trazer à tona os
mesmos relatos da
leniência que
alimenta tragédias.