O artigo descreve a história de Kenneth Corrêa, um empreendedor brasileiro que fundou uma empresa de tecnologia em 2005. A empresa cresceu e hoje é um grupo empresarial com mais de 50 funcionários. O artigo também discute como o empreendedorismo no Brasil está crescendo, com mais de 5 milhões de pequenos negócios no país.
1. r e v i s ta b r a s i l e i r a d e a d m i n i s t r a ç ã o Ano XXIV • Nº 101 • Julho/Agosto de 2014
R$ 9,90
O exemplo de empreendedorismo a base de cupcakes
e o líder desprendido que encoraja a inovação.
Branding, uma
força para a sua
marca
Ação e investimentos
ajudam a fidelizar clientes,
fornecedores e funcionários
Personalidade e
postura dão toque
especial
Quando os currículos são
parecidos, traços pessoais
passam a valer pontos
Entrevista
Adm. Sérgio Bezerra defende a criação de
escolas técnicas profissionalizantes
Pleito
Sistema CFA/CRAs inicia os preparativos
para realizar as suas eleições
Vote consciente
Participar do processo eleitoral é mais que demonstrar
interesse pela política. Trata-se de uma opção que
influencia de forma direta o futuro do Brasil
9 771517 200009 0 0 1 0 1
2. EMPRENDE-DORISMO
POR_Nájia Furlan
Mudança de hábito...
O Brasil está deixando para trás o receio de empreender
e os resultados começam a aparecer
A té há bem pouco tempo, ter sucesso na pro-fissão
significava encontrar a “vaga perfeita”,
a posição mais alta em uma grande empresa,
um emprego fixo, de preferência em empresa ou órgão
público que, mediante concurso, de quebra ainda garan-tia
a tão almejada estabilidade.
Porém, assim como vêm mudando as características gerais
da humanidade, muda também o perfil dos profissionais
que, cada vez mais, o que querem mesmo é se encontrar;
nem que para isso tenham que trocar o certo pelo risco de
um mercado que, hoje em dia, também está mais “agitado”.
O caminho para essa busca constante no setor profissional
tem sido o empreendedorismo. Cada vez mais aumenta o
número de pessoas que apostam em suas próprias ideias,
dentro de empresas próprias, com novos negócios. Tem au-mentado
no Brasil, assim como no mundo, a quantidade de
pessoas arrojadas, que se propõem, que tentam e que fazem.
Isso é, segundo o dicionário, ser empreendedor.
E, como mostra uma pesquisa recente do Serviço Brasilei-ro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo
(Sebrae-SP), “o brasileiro tem DNA empreendedor (43,5%
sonham em ter um negócio próprio) e uma determinação
férrea em ter sucesso”. Mas, afinal, o que tem mudado?
O consultor do Sebrae Paraná Paulo Tadeu Graciano, res-ponde:
“Antes abria-se um novo negócio por necessidade,
em um mercado estagnado. Hoje, não. Isso se faz por opor-tunidade,
em um mercado dinâmico e globalizado”.
julho/agosto – 2014 | nº 101 21
3. Mudança
de hábito
Foto: La Imagem
Segundo o especialista, hoje, quando
se pensa em um novo negócio, é pre-ciso
pensar em oferecer algo a mais –
não apenas o melhor preço, o melhor
serviço, o melhor atendimento; tem
que ser uma boa proposta de valor. Isso
que, segundo Tadeu, tem feito com que
os empreendedores estejam ainda mais
comprometidos com essa oportunida-de
que está disposto a agarrar.
Quando é a melhor hora para arriscar?
Quem já passou por isso pode dizer:
“Se você está numa empresa onde não
há oportunidade de ter autonomia e
conduzir atividades na direção que
acha correta, a hora, com todos os in-centivos
e conhecimentos disponíveis
para novos negócios, é de correr para
iniciar seu novo negócio! Não vai atra-palhar
ter juntado um pouco de grana,
e também conhecer bastante da área
de atuação, para que você (que pro-vavelmente
não vai começar com um
time formado) tenha um valor real
para agregar a alguém”, afirma o Admi-nistrador
Kenneth Corrêa.
Visão + garra = o
sucesso de Kenneth
Kenneth Corrêa tem 31 anos. É Admi-nistrador,
formado pela Universidade
Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS),
com pós-graduação em Gestão Empre-sarial
pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV). Além de professor universitário
de graduação e pós-graduação, ele tem
experiência profissional nos segmentos
de concessão de energia, imóveis, agro-negócio
e consultoria.
Pelas experiências que adquiriu e pela
formação que fez questão de buscar,
poderia ter sido um excelente empre-gado,
executivo, em qualquer grande
empresa. Porém, resolveu “arriscar”.
Ele é um empreendedor.
“Sempre pensei em ter meus próprios
negócios! Já abri vários; alguns deram
certo, outros não”, conta. A “aposta”
certa veio em 2005, quando resolveu
criar a empresa que, hoje, se trans-formou
num grupo empresarial com
atuação nacional.
Como lembra Corrêa, a ideia começou
com uma ligação de um amigo, que
sabia que ele desenvolvia sites (como
freelancer). “Ele me perguntou se eu
poderia atender um amigo dele, que a
família era dona de uma fábrica.”
Com aquela oportunidade, aparente-mente
simples, o Administrador enxer-gou
longe. “Resolvi que seria melhor
atender como empresa (apenas crian-do
a marca) do que como freelancer.
Fizemos isso em três sócios. Depois
que vimos que as empresas que atu-avam
no segmento à época não tinham
boa qualidade de serviço (atendimento
e produto), e que nossa equipe tinha os
conhecimentos técnicos necessários, a
visão de mercado para apoiar o cliente
entregando uma solução e a gana de
solucionar problemas, tínhamos um
negócio”, revela o empresário.
Ele mesmo admite que a ideia não era
novidade. O diferencial foi enxergar o
que muitos ainda não tinham sequer
notado. “Foi uma oportunidade de
mercado que vimos à época, agarra-mos
com unhas e dentes, e construí-mos
uma empresa. Aliamos a isso nos-sa
experiência em gestão – eu e mais
um sócio somos administradores de
formação –, que nos ajudou a planejar o
crescimento”, conta.
A primeira empresa do grupo foi a
Gestão Ativa Soluções Web, que ofe-rece
Desenvolvimento Web + SEO,
com sede em Campo Grande, no Mato
Grosso do Sul. Bastou sete anos de
consolidação para partirem para a
expansão.
Em 2012, o grupo abriu uma filial
comercial em São Paulo. Em 2013,
passaram por um processo de fusão
e adquiriram outra empresa. No co-meço
deste ano já fizeram mais uma
aquisição, formando o Grupo WTW.
“Somos um grupo empresarial com
mais de 50 pessoas e a motivação ago-ra
é continuar construindo um grande
negócio. Hoje meu desafio é evoluir do
espírito empreendedor para a liderança
empresarial e, principalmente, forma-ção
de líderes em meu negócio, no qual
minha experiência profissional prévia
e na participação de alguns conselhos
de administração têm me ajudado bas-tante”,
comenta o Administrador.
Ainda cheio de ideias, mas focado,
hoje diretor comercial e de tecnologia
do próprio grupo, Corrêa incentiva
Paulo Tadeu Graciano, consultor do
Sebrae Paraná: a abertura de um negócio
deve se basear na oportunidade.
22 rba | revista brasileira de administração
4. O Brasil
empreendedor
De acordo com o Book de Pesquisas so-bre
Micro e Pequenas Empresas (MPEs)
Paulistas, apresentado no início deste ano,
na Feira do Empreendedor Sebrae-SP, no
Brasil, existem mais de cinco milhões de
pessoas que são empresários. “O Estado
de São Paulo possui 1,5 milhão desses ne-gócios
(28,8% do total do país)”, estando
à frente de países como Holanda, França,
Bélgica, Dinamarca, entre outros.
Segundo a pesquisa, quase metade desses
negócios, no país, se encontram no setor
do comércio. O segundo maior ramo
dessas novas empresas (ainda pequenas
e micro) está em serviços. Ainda são mais
homens (67%) que mulheres (33%) esses
empreendedores e, acreditem, os mais ve-lhos
estão arriscando muito mais: em sua
maioria, os empreendedores brasileiros se
encontram na faixa etária entre 35 e 64
(69%). Os mais jovens – de 25 a 34 anos –
representam 23% do total.
Outro dado interessante é que o empre-endedor
pode não querer montar uma
empresa; hoje também é grande o número
de microempreendedores individuais: são
3,6 milhões de pessoas no Brasil.
Para quem quer empreender, o consultor
do Sebrae Paraná, Paulo Tadeu Graciano,
orienta: “Se já me planejei, já pesquisei, já
fiz tudo o que depende de mim. Aí é hora
de arriscar. Se o mercado estiver aquecido,
ótimo. Se não, vou precisar apenas me
esforçar um pouco mais e ser mais agres-sivo
para conquistar a minha porção. Po-rém,
vou ter garra para isso, pois vou estar
fazendo algo pelo qual tenho excelência e,
principalmente, paixão”, afirma.
massa. Elas têm espaço para isso. Fora
isso, agora que estamos maiores já te-mos
uma rede de fornecedores dentro
e fora do país que já depende do giro de
negócios gerados pelo grupo, estamos
ajudando algumas empresas a crescer,
além dos clientes que estão começan-do
seus negócios, desde um pequeno
negócio “físico” que precisa de um
site para aparecer para seus clien-tes,
até negócios virtuais (como um
eCommerce), que existem apenas
online”, afirma o empresário.
Para encurtar essa história de sucesso
– pelo menos aqui no texto –, não é só
uma boa ideia que faz o futuro de um
empreendedor. Como Corrêa mesmo
garante, o negócio é executar e poder
contar com um bom time, “que esteja
envolvido em transformar a boa ideia
em um negócio promissor”. Ou seja, a
inspiração não basta. Tem que trans-pirar
(e “perseverar, independente-mente
das adversidades”).
outras pessoas a empreender, tan-to
os profissionais da própria equipe
quanto de outras empresas. “Na em-presa
temos várias pessoas com perfil
empreendedor. São pessoas que estão
num ambiente com oportunidades de
negócio, em que elas podem se anteci-par
aos fatos e também botar a mão na
Foto: Arquivo Pessoal
Adm. Kenneth Corrêa, o empreendedor
aliou experiência em gestão com a
oportunidade de mercado.
julho/agosto – 2014 | nº 101 23