O documento discute o atendimento inicial a pacientes politraumatizados e queimados. Ele descreve a avaliação primária do ABCDE, classificação de queimaduras, fatores que determinam a gravidade, sinais de choque e medidas iniciais de tratamento para politraumatizados e queimados.
2. Atendimento inicial ao
Politraumatizado
No Brasil o trauma é a segunda causa
geral de morte e a primeira abaixo dos 45
anos, sendo responsável por mais de 90
mil mortes anuais, deixa mais de 200 mil
vítimas por ano com sequelas e consome
mais anos de vida útil que as doenças
cardiovasculares e câncer.
3. O atendimento ao paciente
vítima de trauma requer avaliação
rápida e sistemática das lesões,
com imediata instituição de
medidas terapêuticas de suporte.
4. A morte decorrente do trauma
ocorre em três momentos
Primeiro pico: primeiros minutos após o trauma (
imediata) – lesões incompatíveis com a vida.
Segundo pico: dentro de minutos a várias horas
após o trauma ( golden hour- necessidade
imediata de avaliação e reanimação). As mortes
ocorridas neste pico são chamadas mediata.
Terceiro pico: ocorre vários dias a semanas
após o traumatismo inicial e corresponde
geralmente ao desenvolvimento de sepse ou
insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas.
Consideradas mortes tardia.
5. Integração/ equipe
Pré hospitalar/ hospitalar
Comunicação antes da remoção
Recursos humanos e materiais
Proximidade X Estrutura/ Suporte
7. Exame primário/ reanimação
Priorizar a assistência através da
sequencia lógica do ABCDE.
A – Vias aéreas com proteção da coluna
cervical
B- Respiração e ventilação
C- Circulação com controle da hemorragia
D- Avaliação neurológica
E- Exposição controle do ambiente
8. A - Vias aéreas com proteção da
coluna cervical
Avaliar Permeabilidade – perguntar o que
aconteceu para avaliar se a voz está normal
( via aérea pérvia), se está com rouquidão ou
não responde ( via aérea comprometida).
Diagnosticar causas de obstrução ( aspiração
de secreções e sangue, remoção de fragmentos
de dentes, próteses dentárias ou outros corpos
estranhos; avaliação de feridas na cavidade oral
e fraturas faciais, mandibular e traqueolaríngea.
9. Durante todas as manobras manter colar
cervical
Primeira medida para otimizar a permeabilidade
da via aérea é a hiperextensão da mandíbula.
Paciente inconsciente deve ser mantido com
cânula de Guedel ( orofaríngea).
Paciente com trauma neurológico exige o
estabelecimento de via aérea definitiva não
cirúrgica ( intubação orotraqueal e nasotraqueal)
e cirúrgica ( traqueostomia e
cricotireoidostomia).
10. Respiração e ventilação
Após garantir a permeabilidade da via
aérea, deve – se assegurar ventilação
adequada considerando a participação
dos pulmões, parede torácica e
diafragma.
Realizar exame de tórax ( inspeção,
palpação, percussão e ausculta).
11. C- Circulação com controle da
hemorragia
Verificar a presença de choque e
identificar
Avaliar o estado hemodinâmico:
Nível de consciência ( agitação e
sonolência)
Cor da pele ( palidez, pele fria e pegajosa
Pulso ( rápido e filiforme sinais de
hipovolemia)
12. Confirmado o choque:
Dois acessos venosos de grosso calibre
Reposição volêmica inicial é com Ringer
lactato aquecido
Tipagem sanguínea/ prova cruzada
Exames laboratoriais de rotina
Após ter iniciado reposição volêmica
deve-se identificar a origem do
sangramento.
Exames de imagem
13. D- Avaliação neurológica
Escala de glasgow:
Abertura ocular
Resposta verbal
Resposta motora
Varia de 3 a 15
Exame pupilar
Midríase ou miose
14. E- Exposição controle do ambiente
Despir o paciente
Avaliação geral
Evitar hipotermia
Manter imobilização cervical
15. Medidas auxiliares ao exame
primário e a reanimação
ECG
Sondas vesicais ( durante a reanimação
para avaliar débito urinário) exceto em
casos de lesão do meato uretral.
Sondas gástricas ( esvaziar o estômago e
diminuir o risco de aspiração).
Monitorização ( pulso, PA, FR,TC,
gasometria arterial e débito urinário)
16. o Radiografias e procedimentos diagnóstico
( raio x de tórax, pelve e coluna cervical ).
o Transferência ( quando necessário e com
segurança )
17. Exame secundário
o Documentar história do paciente
o Exame físico detalhado
o exames complementares adicionais
Geralmente é realizado após procedimentos
cirúrgico
18. Reavaliação
Atentar para possível agravamento do
quadro do paciente através do
monitoramento de sinais vitais e exames.
20. Queimaduras
Queimaduras são lesões dos tecidos
orgânicos em decorrência de trauma de
origem térmica resultante da exposição a
chamas, líquidos quentes, superfícies
quentes, frio, substâncias químicas,
radiação, atrito ou fricção.
22. CLASSIFICAÇÃO DAS
QUEIMADURAS
As queimaduras podem ser
classificadas quanto ao:
Agente causador
Profundidade ou grau
Extensão ou severidade
Localização e
Período evolutivo.
23. AGENTES CAUSADORES DE
QUEIMADURAS
Físicos: temperatura: vapor, objetos
aquecidos, água quente, chama, etc.
eletricidade : corrente elétrica, raio, etc.
radiação : sol, aparelhos de raios X, raios
ultra-violetas, nucleares, etc.
Químicos: produtos químicos: ácidos,
bases, álcool, gasolina, etc. e
Biológicos: animais: lagarta-de-fogo,
água-viva, medusa, etc. e vegetais : o
látex de certas plantas, urtiga, etc.
24. CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES
Lesão de Primeiro Grau
Atinge a epiderme (camada mais
externa) e não provoca alterações na
hemodinâmica. Clinicamente caracteriza-
se por eritema e dor local sem a presença
de bolhas ou flictenas. Um bom exemplo é
a queimadura solar.
25.
26. Lesão de Segundo Grau
Queimadura que atinge tanto a derme
quanto a epiderme. A característica mais
marcante é a presença de bolhas.
Lesão de Segundo Grau Superficial: Atinge
epiderme e superfície da derme apresentando
lesões bolhosas eritematosas.
Lesão de Segundo Grau Profunda: Acomete
também uma porção mais profunda da derme.
As bolhas apresentam fundo de coloração
violácea ou esbranquiçada. O diagnóstico
diferencial principal é com a lesão de terceiro
grau ( queimaduras de segundo grau são
dolorosas e as de terceiro grau não costumam
doer).
27.
28. Lesão de Terceiro Grau
É uma queimadura que acomete todas
as camadas da pele e pode atingir
também outros tecidos (subcutâneos
músculos e ossos). A lesão característica
apresenta-se com aspecto duro,
inelástico, esbranquiçado , perda de
sensibilidade no local e presença de
vasos trombosados. Surge a cor preta,
devido a carbonização dos tecidos.
30. EXTENSÃO OU SEVERIDADE DA
QUEIMADURA
O mais importante na queimadura é a
extensão da pele queimada , ou seja, a
área corporal atingida.
Baixa : menos de 15% da superfície
corporal atingida
Média : entre 15 e menos de 40% da pele
coberta e
Alta : mais de 40% do corpo queimado.
33. COMPLEXIDADE DAS
QUEIMADURAS
Pequeno queimado
Considera-se como queimado de pequena
gravidade o paciente com:
• Queimaduras de primeiro grau em qualquer
extensão, e/ou
• Queimaduras de segundo grau com área
corporal atingida até 5% em crianças menores
de 12 anos e 10% em maiores de 12 anos.
No pequeno queimado as repercussões da
lesão são locais.
34. Médio queimado
Considera-se como queimado de média
gravidade o paciente com:
• Queimaduras de segundo grau com área
corporal atingida entre 5% a 15% em menores
de 12 anos e 10% a 20% em maiores de 12
anos, ou
• Queimaduras de terceiro grau com até 10% da
área corporal atingida em adultos, quando não
envolver face ou mão ou períneo ou pé, e menor
que 5% nos menores de 12 anos, ou
• Qualquer queimadura de segundo grau
envolvendo mão ou pé ou face ou pescoço ou
axila.
35. Grande queimado
As repercussões da lesão manifestam-se de maneira
sistêmica. Considera-se como queimado de grande
gravidade o paciente com:
• Queimaduras de segundo grau com área corporal
atingida maior do que 15% em menores de 12 anos ou
maior de 20% em maiores de 12 anos, ou
• Queimaduras de terceiro grau com mais de 10% da
área corporal atingida no adulto e maior que 5% nos
menores de 12 anos, ou
• Queimaduras de períneo, ou
• Queimaduras por corrente elétrica, ou
• Queimaduras de mão ou pé ou face ou pescoço ou
axila que tenha terceiro grau.
Observação: É considerado também como grande
queimado o paciente que for vítima de queimadura de
qualquer extensão que tenha associada a esta lesão
uma condição clínica que possa deteriorar seu estado
geral.
36. QUEIMADURAS QUE DEVEM SER
ENCAMINHADAS A UM CENTRO
ESPECIALIZADO DE QUEIMADOS
• Queimaduras de espessura parcial superiores a 10% da superfície
corporal;
• Queimaduras que envolvem a face, mãos, pés, genitália, períneo
e/ou articulações importantes;
• Queimaduras de terceiro grau em grupos de qualquer idade;
• Queimaduras causadas por eletricidade, inclusive aquelas
causadas por raio;
• Queimaduras químicas;
• Lesão por inalação;
• Queimadura em pacientes com problemas médicos preexistentes;
• Qualquer paciente com queimaduras e trauma concomitante (tais
como fraturas, etc.) no qual a queimadura apresenta o maior risco
de morbidade ou mortalidade;
• Crianças queimadas sendo tratadas em hospital sem pessoal
qualificado ou equipamentos para o cuidado do caso.
37. TRATAMENTO DAS
QUEIMADURAS
PRIMEIRO ATENDIMENTO DO
PACIENTE QUEIMADO
A – Vias Aéreas
B – Boa Respiração
C – Circulação
D – Dano Neurológico
E – Exposição
38. Cuidados imediatos
Parar o processo da queimadura, retirando objetos que
possam perpetuar o processo ( relógio, pulseira, anéis,
lentes de contato,etc.)
Cuidados iniciais
Remoção de roupas queimadas ou intactas nas áreas
da queimadura;
Avaliação clínica completa e registro do agente
causador da extensão e da profundidade da
queimadura;
Analgesia: oral ou intramuscular no pequeno queimado
e endovenosa no grande queimado.
Pesquisar história de queda ou trauma associado;
Profilaxia de tétano;
Hidratação oral ou venosa (dependendo da extensão da
lesão).
39. Cuidados locais
•Aplicação de compressas úmidas com soro fisiológico até alívio da
dor.
•Remoção de contaminantes
Verificar queimaduras de vias aéreas superiores, principalmente em
pacientes com queimaduras de face.
• Verificar lesões de córnea;
• Resfriar agentes aderentes com água corrente, mas não tentar a
remoção imediata;
• Em casos de queimaduras por agentes químicos, irrigar
abundantemente com água corrente de baixo fluxo (após retirar o
excesso do agente químico em pó, se for o caso), por pelo menos
20 a 30 minutos.
Após a limpeza das lesões, os curativos deverão ser realizados.
40. Reposição hidro-eletrolítica (Grande
Queimado)
Cateterizar preferencialmente veia
periférica de grosso calibre e calcular
reposição inicial com Ringer lactato
Antibioticoterapia
Antibióticos são utilizados no caso de
uma suspeita clínica ou laboratorial de
infecção.Não utilizar antibiótico profilático.
41. Cuidados de enfermagem ao
paciente queimado
Garantir oxigenação e ventilação adequada
Manter reposição volêmica adequada
Monitorizar sinais vitais
Atentar para sinais de choque hipovolêmico
Avaliar débito urinário
Administrar vacina antitetânica
Manter paciente aquecido
42. Estudo de caso
1- A.S.M. 68 ANOS DEU ENTRADA NO
PRONTO SOCORRO COM
QUEIMADURAS DE ASPECTO
HIPEREMIADO E BOLHOSO NOS MMSS
E MID. REFERIU TER SE ACIDENTADO
COM AGUA QUENTE. CLASSIFIQUE
ESTE CASO QUANTO AO AGENTE
CAUSADOR, PROFUNDIDADE,
EXTENSAO OU SEVERIDADE E
COMPLEXIDADE DA QUEIMADURA:
43. CASO 1
AGENTE CAUSADOR : FISICO
PROFUNDIDADE: LESAO DE SEGUNDO
GRAU
EXTENSAO OU SEVERIDADE: MSD- 18%
MSE- 18%
MID- 18%
T- 54%
SEVERIDADE ALTA
GRANDE QUEIMADO- queimadura de 2 grau
mais que 20%
44. ESTUDO DE CASO
2- A.S.C. 25 ANOS, DIABETICO FOI
ADMITIDO EM CLINICA MEDICA
DEVIDO QUEIMADURA COM ACIDO,
NA MAO DIREITA ASPECTO DA LESAO
HIPEREMIADA COM BOLHAS.
CLASSIFIQUE ESTE CASO:
45. CASO 2
AGENTE CAUSADOR : QUIMICO
PROFUNDIDADE: LESAO DE SEGUNDO
GRAU
EXTENSAO OU SEVERIDADE: MAO- 4%
Palma da mao 1%
SEVERIDADE BAIXA
GRANDE QUEIMADO- DIABETICO