1. MODERNISMO BRASILEIRO
VANGUARDA DOS TRÓPICOS
Influências externas
O século XX é (re)conhecido como o tempo da velocidade, das mudanças
bruscas, revolucionárias e rápidas que geram reações diversas no homem
ainda ligado às carruagens e lamparinas.
LUZ ELÉTRICA, AUTOMÓVEL, RÁDIO, CINEMA transformam o cenário lento
e calmo.
As vanguardas artísticas que surgiram na Europa, a partir da primeira década
do século são reflexo do impacto das transformações provocadas pela
tecnologia e pelo avanço da ciência. Aquilo que, a princípio, prenunciava
mais conforto e longevidade para as pessoas choca-se com
CRISE ECONÔMICA EM 1.929, GUERRAS MUNDIA, REVOLUÇÃO RUSSA.
2. O Brasil, no início do século XX, não era
mais a ilha paradisíaca dos colonizadores e
dos artistas tradicionais. Para os centros
urbanos, convergem ideias cosmopolitas que
apagam pouco a pouco o provincianismo de
um país agrícola e rural. O comércio e a
indústria progridem rapidamente. A arte
tradicional, de imitação, perde espaço para
uma estética chocante, para muitos, já que o
olhar dos artistas é inovador, pois nova era a
realidade. Anita Malfatti, em 1917, assusta os
conservadores com imagens como estas: O
homem amarelo, A boba, O farol, A
estudante.
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3. Monteiro Lobato, enraivecido, explode no artigo
Paranóia ou mistificação? O que todos viam na
exposição eram pinturas absolutamente diferentes
das habituais. A sociedade brasileira estava
acostumada a assimilar a arte conservadora.
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4. Compare o traço de
Renoir, no quadro Leitura,
com a obra de Anita
Malfatti em Tropical. O que
pode ter assustado o autor
de O sítio do pica-pau
amarelo?
Justifique essa atitude
de Monteiro Lobato a partir
destas imagens.
MODERNISMO BRASILEIRO
5. VANGUARDA DOS TRÓPICOS
Na poesia e nas artes plásticas, o modernismo brasileiro
representava um esforço de atualização de nosso ambiente
cultural em relação às vanguardas europeias. O modernismo
foi, nos anos 20, entre tardio e antenado, nossa vanguarda
tupiniquim.
(Ítalo Moriconi)
Justifique a última frase do texto de Moriconi.
MODERNISMO BRASILEIRO
6. Em que as obras de Oswald de Andrade
e Di Cavalcanti, a seguir, lembram as
vanguardas europeias?
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7. Bucólica
Agora vamos correr o pomar antigo
Bicos aéreos de patos selvagens
Tetas verdes entre folhas
E uma passarinhada nos vaia
Num tamarindo
Que decola para o anil
Árvores sentadas
Quitandas vivas de laranjas maduras
Vespas
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8. VANGUARDA DOS TRÓPICOS
Tupy or not tupy that is the question.
O movimento de 1922 consegue a façanha de
fazer o Brasil olhar para si mesmo e não deixar de
lado o que ocorria fora daqui. A História oficial do
país foi (re)escrita com irreverência e senso de
humor.
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9. erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena .
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
(Oswald de Andrade)
Analise a linguagem e a pontuação do poema.
Qual é o efeito do duplo sentido causado pela expressão
e rro de po rtug uê s?
MODERNISMO BRASILEIRO
10. Destaque palavras ou
expressões do texto que
respondam às questões
abaixo:
1. De quem é a voz poética?
2. Com qual acontecimento
histórico os versos
dialogam?
3. Comente a ironia que está
implícita no título do
poema.
Pre parativo s da pe scaria
Qualq ue r dia do u um g rito
Mando às favas Po rtug al,
To da a co rte de Brag ança.
Qualq ue r dia do u um cascudo
No talde m inistro ing lê s.
Me u pai não fe z co isa alg um a
Po r vo cê s, ó vraz ile iro s.
Se m e u pai disse q ue fe z
Ele m e nte pe la g o rja. . .
(Murilo Mendes)
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11. VANGUARDA DOS TRÓPICOS
A Semana de Arte Moderna
“(...) Arte não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os
grandes artistas, ora conscientes (...) ora inconscientes ( a grande maioria)
foram deformadores da natureza. Donde infiro que o belo artístico será
tanto mais artístico, tanto mais subjetivo quanto mais se afastar do belo
natural. Outros infiram o que quiserem. Pouco me importa”.
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês- burguês!...
O homem-curva! O homem nádegas!
(Mário de Andrade)
MODERNISMO BRASILEIRO
12. A Semana de 22
Principais tendências e legados para épocas seguintes
• Rompimento com a estética conservadora, dessacralização do limite rígido
entre o poético e o não poético.
Vou jogar o meu guarda-chuva
No depósito dos objetos sem uso.
Guarda-chuva ridículo, monstruoso morcego
Que abro contra o céu negro.
Não mais me adianta abri-lo contra a chuva das horas.
(Carlos D. Andrade)
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13. • Desrespeito à norma gramatical, uso de coloquialismos linguísticos,
apropriação dos traços regionais do idioma falado no Brasil pelo homem
comum.
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
(Oswald de Andrade)
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14. A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada.
(Manuel Bandeira)
Qué apanhá, sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada. (Oswald de Andrade)
MODERNISMO BRASILEIRO
15. Percebe-se, na implantação do Modernismo, que os
artistas faziam de seus textos manifestos estéticos que
sugeriam como deveriam ser os autores sintonizados
com uma postura revolucionária. Por isso, disseram:
Não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não
queremos.
MODERNISMO BRASILEIRO
16. Busca da verdadeira origem brasileira, nacionalismo autêntico.
Reflexões de como acontecera a miscigenação no Brasil.
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! Uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
Canhém Babá Canhém Babá Cum cum!
E fizeram o Carnaval
(Oswald de Andrade)
MODERNISMO BRASILEIRO
17. Incorporação do presente progressista
mundial às letras nacionais.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
(Oswald de Andrade)
Sou um trem
Um navio
Um aeroplano
Sou a força centrífuga e centrípeta
Todas as forças da terra
(Luís Aranha)
Qual a ponte que pode ser feita entre os
versos e São Paulo e EFCB, de Tarsila do
Amaral?
MODERNISMO BRASILEIRO
18. Releitura parodística de textos brasileiros.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras?
Não. Minha terra tem engenhocas de rapadura e cachaça
E açúcar marrom, tiquinho, para o gasto.
As fazendas misturam dor e consolo
Em caldo verde-garrafa
E sessenta mil réis de imposto fazendeiro.
(Carlos Drummond de Andrade)
A romântica Canção do Exílio, de Gonçalves Dias é, talvez, o poema mais
parodiado em nossa literatura.
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19. Liberdade formal e temática permitiu aos autores
flexibilidade criativa. Vinícius de Morais escreveu sonetos,
Paulo Leminski criticou tal modelo de composição, João
Cabral de Melo Neto fez textos com rimas. Há espaço e
reconhecimento para todos os três, o que era impensável
para os artistas até o século XIX.
Composições poéticas com versos brancos e livres, ou
seja, sem rimas e com métrica variada.
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20. Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos. (Carlos Drummond de Andrade)
Abaixo a carestia
Chega de comer angustia e solidão.
( Marcelo Dolabela
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21. POEMA TIRADO DE UMA NOTÍCIA DE JORNAL
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia
num barraco sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(Manuel Bandeira)
1930 1960 1980
amor homem ama
dor come cama
fome
(Paulo Leminski)
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22. Imagens fragmentadas, busca de síntese, exploração do espaço em branco,
abolição de sinais de pontuação.
SOLTO
Sol
to
do
sol
o
(Arnaldo Antunes)
• Quantas leituras diferentes você consegue fazer deste poema ?
• De que maneira a disposição das palavras interfere na interpretação do
texto?
• Justifique o título do texto.
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23. Reflexões metalinguísticas apontam para uma postura estética inovadora.
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que nunca vi (Oswald de Andrade)
Não sou futurista de Marinetti. Disse e repito-o. Tenho pontos de
contacto com o futurismo. Oswald de Andrade, chamando-me futurista,
errou...
(Mário de Andrade)
Sou mais chegado ao escracho que ao desempenho
mais chegado à música que à porrada
mais chegado ao vício que à virtude
sou pedestre sim senhor
sou panfleta de uma sociedade anônima.
(Charles)
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24. Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo:
- Mais nada.
(Cecília Meireles)
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25. Por que o homem que come gente,
o abaporu, em tupi-guarani, tornou-se o símbolo do Modernismo
brasileiro?
26. BRASIL TARSILA
(...)Tarsila acordando para o pesadelo
De assombrações pré-colombianas tão vivas como outrora
Abaporu das noites na fazenda
Bichos que não existem? Mas existentes
Cactos-animais, pedras-árvores, monstros a expulsar de nossa mente
Ou a recolher para melhor
Seguir nosso traçado preternatural
Tarsila mágica,
Meu Deus, tão simples,
Alheia às teorias analíticas de Freud
E desvendando
As grutas, os alçapões, as pirambeiras
Da consciência rural
Expondo ao sol
A alegria colorida da libertação. Carlos Drummond de Andrade
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27. Como se pode reconhecer nos versos de
Drummond, as intenções da pintora Tarsila do
Amaral?
MODERNISMO BRASILEIRO
28. A que corrente europeia a figura do quadro de Tarsila poderia ser associada?
Por quê?
Observe:
• a desproporção do corpo da personagem,
• as referências de Drummond a respeito da figura monstruosa,
• a simplicidade do traço de Tarsila do Amaral,
• as cores da pintura são reprodução da bandeira brasileira,
• a vegetação e o sol tropicais.
Os modernistas conseguiram trazer para o sul do Equador a postura do artista de
vanguarda da Europa. Isso foi feito sem ser imitação ou cópia do que era produzido do
outro lado do Atlântico. É com a Semana de 22 que a literatura brasileira abre suas
portas para a produção autêntica dos que aqui vivem.
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29. QUADRO-RESUMO
Antecedentes do Modernismo:
Movimentos de Vanguarda Europeia, a partir de 1905, na Alemanha
Exposição de Anita Malfatti, em 1917
Reações às pinturas de Malfatti
Contexto sociocultural do Modernismo:
Avanço da tecnologia e da ciência
Industrialização e urbanização do Brasil
Volta de artistas brasileiros que estavam na Europa
Decisão de promover evento com as diversas formas de manifestação
artísticas.
Características da arte modernista:
Simplicidade
Busca das raízes de um Brasil autêntico
Rompimento com a estética passadista, tradicional
Humor, irreverência
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30. Características da arte modernista:
Linguagem do homem comum
Pesquisa estética
Respeito ao regionalismo
Reprodução dos diversos falares do
brasileiro
Artistas modernistas de primeira hora
Anita Malfatti
Tarsila do Amaral
Mário de Andrade
Oswald de Andrade Menotti del Picchia
Cassiano Ricardo
Ronald de Carvalho
Graça Aranha
Augusto Frederico Schimidt
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