SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 45
Descargar para leer sin conexión
ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ 
KILDER DANJAS 
A INDEPENDÊNCIA DA LINHA DO CONTRABAIXO ORQUESTRAL EM 
TRÊS PEÇAS DE RADAMÉS GNATTALI: SUÍTE PARA PEQUENA 
ORQUESTRA, CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS E 
CANÇÃO E DANSA 
Dissertação apresentada ao Curso de 
Especialização da Escola de Música e 
Belas Artes do Paraná como requisito 
parcial à obtenção do título de 
Especialista em Música. Área de 
concentração: Análise Musical. 
Orientador: Prof. Dr. Fausto Borém de 
Oliveira. 
CURITIBA 
2007
ii 
Aos meus pais Benício e Maria pelo 
apoio desde o princípio dos estudos 
musicais. 
À Aneli pela dedicação e incentivo.
iii 
Agradecimentos 
Ao Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira, pela dedicação e apoio. 
À Raquel e demais funcionários da Biblioteca Flausino Valle da Escola de 
Música da UFMG pela paciência e competência com que realizam seus 
respectivos trabalhos. 
À Prof.ª Dr.ª Lea Lígia e à Escola de Música e Belas Artes do Paraná pela 
iniciativa de ofertar este curso de Especialização. 
A todas as demais pessoas que contribuíram para este trabalho.
iv 
Sumário 
TABELA ........................................................................................................ vi 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................... vii 
LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS ............................................................... viii 
RESUMO ....................................................................................................... xii 
ABSTRACT ................................................................................................... xiii 
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 
1 O COMPOSITOR E INSTRUMENTISTA RADAMÉS GNATTALI ............ 3 
2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA .................................................. 4 
2.1 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – I MOVIMENTO - 
BRINQUEDO ............................................................................................ 4 
2.2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – II MOVIMENTO - 
ACALANTO .............................................................................................. 8 
2.3 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO - 
VALSA ...................................................................................................... 10 
2.4 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – IV MOVIMENTO – 
ABÔIO ...................................................................................................... 12 
2.5 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO – 
DESFILE ................................................................................................... 13 
3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS ................... 16 
3.1 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – I 
MOVIMENTO ........................................................................................... 16 
3.2 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – II 
MOVIMENTO ........................................................................................... 20 
3.3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – III 
MOVIMENTO ........................................................................................... 21 
4 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E 
ORQUESTRA DE 1982) ................................................................................ 24 
4.1 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E 
ORQUESTRA DE 1982) – CANÇÃO ....................................................... 24 
4.2 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E 
ORQUESTRA DE 1982) – DANSA .......................................................... 27 
CONCLUSÃO ................................................................................................ 29
v 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 30 
APÊNDICE ................................................................................................... 31 
TABELA 
1 - DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA 
PEQUENA ORQUESTRA, CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA 
E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) ............ 21
vi 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
acell. - Acelerando 
c. - Compasso 
Cb. ou Bas. - Contrabaixo 
Cl. - Clarinete 
cresc. - Crescendo 
dim. - Diminuendo 
div. - Divisi
vii 
Ex. - Exemplo 
f - Forte 
mf - Mezzo forte 
não div. - Não divisi 
pizz. - Pizzicato 
p - Piano 
pp - Pianíssimo 
rall. - Ralentando 
tr. - Trinado 
Va. - Viola 
Vc. ou Cel. - Violoncelo 
Vn.1 - Primeiro violino 
Vn.2 - Segundo violino 
Vn.3 - Terceiro violino 
3ª - Intervalo de terça 
4ª - Intervalo de quarta justa 
5ª - Intervalo de quinta justa 
6ª - Intervalo de sexta-feira 
7ª - Intervalo de sétima
viii 
LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS 
1 - Tessitura do contrabaixo em relação ao piano .................................... 2 
2 - Violoncelos em divisi de quintas e contrabaixos sustentando a tônica. 4 
3 - Uníssono em degraus nas cordas ........................................................ 4 
4 - Semínimas seguidas de pausas nos contrabaixos e semínimas 
seguidas de colcheias nos cellos ............................................................... 5 
5 - Divisi nos violoncelos enquanto os contrabaixos sustentam com a 
nota Mi-1 ..................................................................................................... 5 
6 - Divisi nos contrabaixos usando a quinta corda ou extensor ................ 6 
7ª - Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos ................... 6 
7b - Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos (cont.) ........ 6 
8a. - Trinado nos violoncelos e tacet para os contrabaixos ....................... 7 
8b - Trinado nos violoncelos e contrabaixos em pizzicato ........................ 7 
9 - Pizzicato em cascata nas cordas finalizando com os contrabaixos ..... 7 
10 - Divisi nos contrabaixos em 1º e 2º e não divisi nos cellos ................. 8 
11 - Movimento ascendente começando com contrabaixos em pizzicato 8 
12 - Ostinato em pizzicato nos contrabaixos ............................................. 9 
13 - Contrabaixos passam a tocar com arco ............................................. 9 
14 - Contrabaixos e violoncelos em intervalos de quintas ........................ 9 
15 - Contraste entre voz principal e contrabaixos e escrita vertical na 
base harmônica .......................................................................................... 10 
16 - Contrabaixos em pizzicato “com sentimento popular” ....................... 10 
17 - Linha descendente formando um contracanto baixo nos 
contrabaixos ............................................................................................... 11 
18 - Linha independente nos contrabaixos ................................................ 11 
19 - Pedal em Lá nos contrabaixos e dueto entre violoncelos e violas ..... 12 
20 - Contrabaixos e violoncelos em intervalos de terças .......................... 12 
21 - Divisi a dois nos contrabaixos com arco e pizzicato 
simultaneamente ........................................................................................ 13 
22 - Contrabaixos em ostinato tocando baião em pizzicato ...................... 13 
23 - Tacet para as cordas enquanto contrabaixos continuam a tocar ....... 13 
24 - Troca de arco para pizzicato com a corda solta Sol1......................... 14 
25 - Trecho com tratamento contrapontístico ............................................ 14
ix 
26 - Contrabaixos reforçando o divisi dos violoncelos, numa seção grave 
das cordas .................................................................................................. 15 
27 - Divisi nos contrabaixos durante o solo dos violoncelos ..................... 15 
28 - Contrabaixos e violoncelos complementando-se ritmicamente ......... 15 
29 - Semínima nos violoncelos e semibreve nos contrabaixos ................. 16 
30 - Pedal nos contrabaixos criando diversos intervalos em relação aos 
violoncelos .................................................................................................. 16 
31 - Violoncelos e contrabaixos em intervalos de quintas paralelas ......... 17 
32 - Violoncelos a tempo com arco e contrabaixos em contratempo com 
pizzicato ...................................................................................................... 17 
33 - Pontuação dos contrabaixos no último e primeiro tempos dos 
compassos ................................................................................................. 17 
34 - Contrabaixos e violoncelos em contraponto rítmico ........................... 18 
35 - Intervalo de quinta justa entre violoncelos e contrabaixos ................. 18 
36 - Cruzamento aparente das vozes entre violoncelos e contrabaixos ... 18 
37 - Acompanhamento popular dos contrabaixos ..................................... 19 
38 - Violoncelos e contrabaixos seguem rumos diferentes ....................... 19 
39 - Cordas com arco e contrabaixos em pizzicato ................................... 19 
40 - Efeito der aceleração produzida pelo ritmo deslocado ...................... 20 
41 - Acompanhamento popular nos contrabaixos ..................................... 20 
42 - Ostinato nos contrabaixos e melodia cromática descendente nos 
violoncelos .................................................................................................. 21 
43 - Cânon entre violoncelos e contrabaixos ............................................ 21 
44 - Divisi nos contrabaixos e violoncelos ................................................. 21 
45 - Contrabaixos sustentam o acorde de sexta e nona com divisi nos 
violoncelos e violas ..................................................................................... 22 
46 - Intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos ........................ 22 
47 - Ostinato nos violoncelos e escala ascendente e descendente nos 
contrabaixos ............................................................................................... 23 
48 - Intervalos de terças e quintas entre violoncelos e contrabaixos ........ 23 
49 - Ostinato nos contrabaixos e melodia nos violoncelos ........................ 23 
50 - Diferenciação de dinâmica entre contrabaixos e cordas .................... 24 
51 - Melodia nos violoncelos e pedal em ostinato de síncopas nos 
contrabaixos ............................................................................................... 25
x 
52 - Divisi nos violoncelos e síncopas nos contrabaixos ........................... 25 
53 - Intervalo de quintas entre violoncelos e contrabaixos ........................ 26 
54 - Contrabaixos tocam notas diferentes das notas do divisi dos 
violoncelos. ................................................................................................. 26 
55 - Acompanhamento “popular” nos contrabaixos. .................................. 27 
56 - Movimentos contrários entre as vozes dos contrabaixos e 
violoncelos .................................................................................................. 27 
57 - Ostinato nos violoncelos e contrabaixos ............................................ 28 
58 - Pedal na linha do contrabaixo ............................................................ 28
xi 
RESUMO 
Radamés Gnattali foi um dos compositores brasileiros que mais desenvolveu a 
escrita idiomática para o contrabaixo, tanto em relação à sua técnica 
tradicionalmente associada à musica erudita, quanto em relação à inserção de 
elementos da música popular, comuns em suas composições. Este estudo 
compara a escrita da linha do contrabaixo orquestral nos diferentes estilos de 
composição (orquestral, de câmara e solista) em três obras selecionadas: a 
Suíte para Pequena Orquestra, o Concerto Para Harpa e Orquestra de Cordas 
e Canção e Dansa. Verificam-se graus variáveis de independência do 
contrabaixo em relação aos demais membros da orquestra de cordas, 
especialmente o violoncelo, do qual é tradicionalmente dependente. Verificam-se 
diversos tratamentos idiomáticos na linha do contrabaixo. O tratamento 
conferido à linha do contrabaixo mostra uma integração dos gêneros erudito e 
popular. 
Palavras-chave: Radamés Gnattali, contrabaixo, literatura orquestral, análise 
musical, música brasileira, escrita idiomática.
xii 
ABSTRACT 
Radamés Gnattali was one of the main Brazilian composers to develop the 
idiomatic writing for double bass, not only in relation to its technique traditionally 
associated to classical music, but also in relation to the absortion of popular 
music elements, a common trait in his works. This paper compares the double 
bass orchestral writing in different composition styles (orchestral, chamber and 
solo) of three selected works: Suíte para Pequena Orquestra, Concerto Para 
Harpa e Orquestra de Cordas and Canção e Dansa. It reveals variable levels of 
the double bass´s independence in relation to the other members of the string 
orchestra, especially the violoncello, to which it is traditionally dependent. The 
treatment conferred to the double bass line shows an integration of classical 
and popular genres. 
Keywords: Radamés Gnattali, double bass, orchestral literature, musical 
analysis, Brazilian music, idiomatic writing.
1 
INTRODUÇÃO 
Radamés Gnattali foi uma das figuras mais importantes para a música 
brasileira do século XX. Compositor, pianista, arranjador, maestro e professor, 
Gnattali desenvolveu um intenso trabalho no cenário musical brasileiro. Sua 
escrita idiomática tem uma importância singular no contexto popular e erudito. 
Suas composições privilegiam a linha do contrabaixo, tornando-o independente 
do violoncelo. 
Gnattali foi um compositor nacionalista, como define Gerard Béhague: “A 
tendência contemporânea é uma volta para o nacionalismo1, porém com a 
inserção de elementos populares de diversas culturas, devido à globalização 
da informação.” (BEHAGUE, 1977). 
Esse nacionalismo em Radamés Gnattali pode ser observado através da 
inserção de elementos populares em suas composições, como escreve Janet 
Grice: “Compositores da música erudita responderam à dinâmica e variada 
cultura da música popular que varreu o Brasil no fim do século XIX 
incorporando essas tendências musicais nos seus trabalhos.” (GRICE, 2004). 
Gnattali trabalhou com dois gêneros de músicas simultaneamente, como 
lembra Vasco Mariz: “Radamés Gnattali [...] fez questão de estabelecer um 
marco definido entre os dois setores da sua produção: clássico e popular.” 
(MARIZ, 2002). 
As peças aqui analisadas são: Concerto para harpa e orquestra de 
cordas, Suíte para pequena orquestra e Canção e Dansa para contrabaixo e 
orquestra de cordas, que apresentam um tipo de escrita idiomática, onde 
Gnattali cuidadosamente escreveu cada parte extraindo o máximo de cada 
instrumento e pensando em quem e como iria executá-lo. 
1 O nacionalismo na música, caracterizado por uma forte ênfase nos elementos nacionais 
inerentes à música de uma região, se mostrou presente no Brasil no fim do século XIX e atingiu 
seu ápice durante o período de 1920 e 1940, quando a ditadura de Getúlio Vargas (1930-1945) 
encorajou e amparou manifestações artísticas de patriotismo e de apreço a uma identidade 
brasileira. (GRICE, 2004).
2 
Radamés faz uso de elementos jazzísticos em suas composições, 
elementos que são descritos por BORÉM & SANTOS (2003): 
No caso da música popular, destacam-se alguns aspectos 
idiomáticos da práticas de performance como (1) o conceito de 
“suingado” (swing eights) e “liso” (straight eights) do jazz, aplicado às 
músicas cubana e brasileira; (2) uma realização mais “relaxada” dos 
padrões rítmicos em relação ao pulso; (3) acentuações que enfatizam 
a síncopa, especialmente em linhas melódicas (BORÉM & SANTOS, 
2003, p.5) 
O sistema de alturas utilizado neste trabalho refere-se ao som real do 
contrabaixo, ou seja, as cordas soltas Mi, Lá, Ré e Sol têm o som real: Mi-1, 
Lá-1, Ré1, Sol1 (GUEST, 1996, p.17). (Ex.1): 
Ex.1: Tessitura do contrabaixo em relação ao piano.
3 
1 O COMPOSITOR E INSTRUMENTISTA RADAMÉS GNATTALI 
Nascido em Porto Alegre, no dia 27 de janeiro de 1906 e falecido no Rio 
de Janeiro em 3 de fevereiro de 1988, Radamés Gnattali foi exímio pianista de 
formação erudita, tendo abandonado sua promissora carreira solo e passado a 
dividir seu tempo entre a composição e a orquestração. 
Participou em 1936, da inauguração da Rádio Nacional, importante meio 
produção e divulgação cultural da época, como maestro da orquestra. Durante 
trinta anos, realizou as atividades de pianista recitalista, solista de orquestra, 
regente, membro de conjunto de câmara, compositor e arranjador na Radio 
Nacional, o que facilitou divulgando seu trabalho por todo o Brasil. 
Radamés também destacou-se pela ousadia e habilidade de fundir 
tendências da música erudita e popular. Gnattali passou grande parte do tempo 
centrado em seu trabalho, como afirma ROCHA (1996, p.18): “Com um 
trabalho de auto-sugestão, Radamés passa a se sentir satisfeito em compor só 
para si”. 
Mesmo com tendências nacionalistas e influências jazzísticas, Gnattali 
não se preocupou em ser moderno, integrando esses elementos em suas 
obras. Acusado de ter sido conservador quanto ao tratamento da forma, 
harmonia e por fazer referências a estereótipos da chamada “música 
brasileira”, deixa transparecer o gosto pelo novo, experimentando novas 
maneiras de orquestrar compor para instrumentos negligenciados pela maioria 
dos compositores ou característicos da nossa música popular. 
Entre estas obras, pode-se mencionar o Concerto para harpa (1958), a 
Suíte para pequena orquestra, o Concerto para gaita e orquestra (1958), a 
Sonatina para violão e flauta (1959), a suíte Retratos, composta para bandolim, 
orquestra de cordas e conjunto regional (1964), o Concerto para acordeão, 
tumbadoras e cordas (1978) e a própria Canção e Dansa, dentre outras. 
Gnattali valorizou a inserção de instrumentos populares no meio erudito, e vice-versa. 
Em sua primeira fase composicional, Radamés desenvolveu 
características de influência nacionalista e do romantismo tardio, ao estilo de 
Grieg e também referências ao jazz. Empregava habitualmente motivos 
folclóricos populares nordestinos (MARIZ, 1970, p.50-51).
4 
2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA 
Nesta suíte encontraremos algumas peculiaridades na escrita, que se 
fazem presentes também em outras obras de Radamés, como é o caso dos 
intervalos de 5ª justa tocados pelos violoncelos em divisi, enquanto os 
contrabaixos sustentam a tônica, ou os contrabaixos tocando em pizzicato 
enquanto os violoncelos usam o arco. 
Estas e outras ocorrências constituem o estilo próprio do compositor e 
serão aqui apontadas e acompanhadas de um breve comentário. 
2.1 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – I MOVIMENTO - BRINQUEDO 
O acompanhamento inicia-se no c.14, onde os violoncelos fazem um 
intervalo de quinta justa com as notas Fá1 e Dó2, dando a falsa impressão de 
que estes estão abaixo dos contrabaixos, que reforçam com um Fá-1 e Dó1 
(som real)2. (Ex.2): 
c.14 
Vc. 
Cb. 
Ex.2: Violoncelos em divisi de quintas e contrabaixos sustentando a tônica. 
Nos c.21-24, todas as cordas sobem em uníssono, como se fossem 
degraus, começando com os contrabaixos e chegando até os violinos. (Ex.3): 
Vn.1 
Vn.2 
c.21 
Ex.3: Uníssono em degraus nas cordas. 
Vn.3 
Va. 
Vc. 
Cb. 
2 Na partitura escreve-se Fá1 e Dó2 nos contrabaixos para facilitar a leitura e evitar as notas 
suplementares, porém, o som real produzido é Fá-1 e Dó-1, uma oitava abaixo do que está 
escrito.
5 
A partir do c.26, começam a surgir os primeiros traços de independência 
da linha do contrabaixo em relação ao violoncelo. Trata-se de uma seção em 
pizzicato. O contrabaixo toca uma seqüência de semínimas seguidas de 
pausas, enquanto o violoncelo executa semínimas seguidas de colcheias. 
(Ex.4): 
c.26 
Vn.1 
Vn.2 
Vn.3 
Va. 
Vc. 
Cb. 
Ex.4: Semínimas seguidas de pausas nos contrabaixos e semínimas seguidas de colcheias 
nos cellos. 
Nos c.50-51 observa-se um uníssono com a nota Lá. Nos c.52-53 o 
violoncelo volta a fazer um intervalo de 5ª justa entre as notas Mi1 e Si1 e o 
contrabaixo reforça a harmonia com a nota Mi-1. (Ex.5): 
c.50 
Vc. 
Cb. 
Ex.5: Divisi nos violoncelos enquanto os contrabaixos sustentam com a nota Mi-1. 
É grande a quantidade de divisi nos violoncelos, principalmente com 
intervalos de quinta justa. Já na linha dos contrabaixos, essa divisão é usada 
mais como um reforço, principalmente quando há na orquestra contrabaixos de 
cinco cordas ou de quatro cordas com extensor, ambos chegando até o Dó-1 
ou Si-2. Esse divisi que aparece muitas vezes na linha dos violoncelos, com 
intervalos de quinta justa, também aparecerá na linha dos contrabaixos, nos 
c.241-243 do V Movimento, porém aqui em oitavas. (Ex.6): 
c.241 
Vc. 
Cb. 
Ex.6: Divisi nos contrabaixos usando a quinta corda ou extensor.
6 
Neste trecho, apenas os contrabaixos de quatro cordas com extensor, 
cinco cordas, ou usando scordatura3 é que poderão executar o Mib-1. Na 
seqüência que compreende os c.57-65, há uma pequena diferenciação entre 
as partes do violoncelo e contrabaixo. 
Trata-se de um movimento contrário entre as vozes dos dois 
instrumentos, onde o violoncelo toca Ré1 e Lá1, simultaneamente, resolvendo 
em Sol1 e Ré2, num movimento ascendente. Já o contrabaixo toca Ré1 e Sol-1 
(som real), em movimento descendente, c.57-58. (Ex.7a): 
c.57 
Vc. 
Cb. 
Ex.7a: Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos. 
Toda a sequência se processa por movimentos contrários até o c.65. 
(Ex.7b): 
c.60 
Ex.7b: Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos (cont.) 
Do c.65 ao c.73 o violoncelo toca um Ré3 com trinado, enquanto que os 
Vc. 
Cb. 
contrabaixos têm tacet até o c.71. (Ex.8a): 
c.65 
Vlc 
Cbx 
Ex.8a: Trinado nos violoncelos e tacet para os contrabaixos. 
3 Scordatura é o nome que se dá às diferentes maneiras de organizar a afinação das cordas de 
um instrumento de cordas. O contrabaixo, que é normalmente afinado em quartas (Mi Lá Ré 
Sol), quando com scordatura, pode ser afinado Dó Lá Ré Sol. Alguns contrabaixos possuem 
um extensor sobre a caixa de cravelhas que permite a colocação de uma corda Dó, onde 
podem ser executadas as notas Dó (solta), Dó#, Ré, Mib. Com o uso de dois grampos que 
podem ficar presos ou soltos pode-se obter as notas Ré (prendendo o grampo superior) e a 
nota Mi (ao prender o grampo inferior).
7 
Nos c.72-73 o contrabaixo toca pizzicato em semínimas. (Ex.8b). 
c.72 
Vc. 
Cb. 
Ex.8b: Trinado nos violoncelos e contrabaixos em pizzicato. 
A próxima ocorrência significativa neste movimento se dá entre os c.82- 
85, onde os primeiros violinos iniciam uma frase que se completa em forma de 
“cascata” pelos segundos violinos, violas, violoncelos e contrabaixos, num 
movimento descendente, finalizando com estes últimos. (Ex.9). 
Vn.1 
Vn.2 
Vn.3 
Va. 
Vc. 
Cb. 
Entre os c.87-92 há uma indicação 1º arco, 2º pizz., para um divisi na 
linha dos contrabaixos e não divisi para a linha dos violoncelos (Ex.10). Esse 
tipo de procedimento é comum em Radamés Gnattali, chegando até mesmo a 
aparecer arco e pizzicato simultaneamente na peça Canção e Dansa para 
contrabaixo e piano. 
Ex.10: Divisi nos contrabaixos em 1º e 2º e não divisi nos cellos. 
c.87 
Vc. 
Cb. 
c.82 
Ex.9: Pizzicato em cascata nas cordas finalizando com os contrabaixos.
8 
Entre os c.106-109 ocorre algo similar, em movimento ascendente, com 
a frase iniciando nos contrabaixos, passando pelos violoncelos até chegar nas 
violas, reforçado pelo piano. (Ex.11): 
Va. 
Ex.11: Movimento ascendente começando com contrabaixos em pizzicato. 
2.2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – II MOVIMENTO – ACALANTO 
O segundo movimento intitulado “Acalanto” caracteriza-se por um 
ostinato em pizzicato pelos contrabaixos entre os c.1-15, onde os violoncelos, 
juntamente com os outros instrumentos, executam uma base harmônica na 
dinâmica pp e com surdina. (Ex.12). 
c.1 
O c.16 é uma preparação para uma nova seção mais movimentada, que 
se dará mais adiante. 
c.106 
Vc. 
Cb. 
Ex. 12: Ostinato em pizzicato nos contrabaixos.
9 
Neste compasso, os contrabaixos tocam com arco, sustentando a nota 
Dó1. (Ex.13): 
c.16 
Cb. 
Ex.13: Contrabaixos passam a tocar com arco. 
Entre os c.23-26, os contrabaixos e violoncelos tocam em intervalo de 
quintas paralelas, onde os contrabaixos iniciam com a nota Dó1 (som real) e os 
violoncelos tocam Sol1. (Ex.14): 
Vc. 
Cb. 
c.23 
5ªjusta 
Ex.14: Contrabaixos e violoncelos em intervalos de quintas. 
2.3 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO - VALSA 
É clara a independência da linha do contrabaixo neste movimento, onde 
Radamés deu um “toque popular” ao acompanhamento por ele realizado, com 
reforços na base harmônica de maneira esparsa e isolada. Radamés contrasta 
a melodia principal, tocada pelo clarinete, com as vozes intermediárias que 
soam como um único bloco, e o contrabaixo em pizzicato, marcando a 
pulsação e pontuando a harmonia, c.3-5; c.7-9. (Ex.15): 
c.3 
Vn. 
1 
Vn. 
Vn. 
Va 
. 
Vc 
Ex.15: Contraste entre voz principal, escrita vertical na base harmônica.e 
contrabaixos. 
Cl. 
Cb 
.
10 
No c.17 há uma indicação “com sentimento popular” apenas nas cordas, 
onde os contrabaixos desenvolvem uma linha de acompanhamento em 
pizzicato. (Ex.16). 
c.17 
Vn.1 
Vn.2 
Vn.3 
Va. 
Vc. 
Cb. 
Ex.16: Contrabaixos em pizzicato “com sentimento popular”. 
Entre os c.50-72 os contrabaixos realizam uma linha descendente, 
utilizando as notas características dos acordes, formando um contracanto 
baixo4 (GUEST, 1996, p.17). (Ex. 17): 
c.63 
Cb. 
Ex.17: Linha descendente formando um contracanto baixo nos contrabaixos. 
4 “O contrabaixo executa o som mais grave da orquestra. É encarregado, dentro da seção 
rítmico-harmônica de tocar os baixos dos acordes e notas de passagem que soam bem com os 
mesmos. Ao ler as cifras, o baixista usa o seu livre critério, não só na escolha dessas notas, 
mas também na figuração rítmica, integrando-se na pulsação da música.” (GUEST, 1996, p.69)
11 
O trecho compreendido entre os c.90-97 inicia com uma seção 
contrastante, onde os contrabaixos, juntamente com as violas e os terceiros 
violinos, realizam uma base harmônica para que o violoncelo toque sua 
melodia em pizzicato. (Ex.18): 
Ex.18: Linha independente nos contrabaixos. 
c.90 
Outra entrada importante acontece no c.165, onde os violoncelos e 
Vn.1 
Vn.2 
Vn.3 
Va. 
Vc. 
Cb. 
violas executam um dueto, contrastando com os contrabaixos, que seguram 
um pedal em Lá. (Ex.19): 
c.165 
Va. 
Vc. 
Cb. 
Ex.19: Pedal em Lá nos contrabaixos e dueto entre violoncelos e violas. 
Depois desse evento, os contrabaixos continuam atuando de modo 
“popular”, com pizzicato, ou em entradas isoladas com arco, entre tacets. 
2.4 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – IV MOVIMENTO - ABÔIO 
As linhas melódicas dos violoncelos e contrabaixos iniciam-se 
simultaneamente no c.12, em intervalos de terças, onde os contrabaixos
12 
iniciam com a nota Sol1 (som real) e os violoncelos tocam um Sib1, em 
ostinato. (Ex.20). 
c.12 
Ex.20: Contrabaixos e violoncelos em intervalos de terças. 
No c.37 ocorre algo inusitado para os contrabaixos: um divisi a 2, onde o 
contrabaixo 1 faz um jogo rítmico com ostinato de síncopas em pizzicato, e o 
contrabaixo 2 toca uma semibreve com arco. (Ex.21): 
c.37 
Vc. 
Cb. 
Ex.21: Divisi a dois nos contrabaixos com arco e pizzicato simultaneamente. 
2.5 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – V MOVIMENTO - DESFILE 
Novamente a presença do ostinato, onde os contrabaixos tocam o ritmo 
de baião, sempre em pizzicato. (Ex.22). 
c.1 
Vc. 
Cb. 
Ex.22: Contrabaixos em ostinato tocando baião em pizzicato. 
Dos c.83-87 há uma seção chamada “Tempo de Marcha”, onde há tacet 
para as cordas e os contrabaixos continuam tocando. Também aqui é clara a 
independência da linha do contrabaixo na escrita de Radamés.
13 
Este movimento segue um caráter de Marcha, onde os contrabaixos 
tocam sempre em ostinato. (Ex.23): 
c.83 
Ex.23: Tacet para as cordas enquanto contrabaixos continuam a tocar. 
No trecho que compreende os c.114-121, Radamés escreve uma 
passagem em ostinato para os contrabaixos, onde é necessário trocar 
rapidamente de pizz. para arco. A nota que fica soando ao trocar para arco é o 
Sol1, que pode ser tocada como corda solta, mostrando uma solução bastante 
idiomática do compositor. (Ex.24): 
c.114 
Cb. 
corda solta 
Ex.24: Troca de arco para pizzicato com a corda solta Sol1.
14 
Entre os c.137-143, há um trecho contrapontístico entre os contrabaixos 
e o restante da orquestra, onde Radamés mescla as semínimas-em-tercinas 
nos sopros com a pausa-de-colcheia/semínima/colcheia nas cordas e os 
contrabaixos, diferentemente do grupo, toca pausa-de-colcheia/colcheia/pausa-de- 
colcheia/colcheia. (Ex.25): 
c.138 
Ex.25: Trecho com tratamento contrapontístico. 
O trecho que compreende os c.172-181, Radamés reforça o divisi dos 
violoncelos escrevendo para os contrabaixos de forma que estes soem em 
uníssono com aqueles. (Ex.26): 
c.172 
Va. 
Vc. 
Cb 
Ex.26: Contrabaixos reforçando o divisi dos violoncelos, numa seção grave das cordas. 
Outro momento significante da investigação aparece nos c.241-243, num 
novo divisi dos contrabaixos, com uma linha independente dos violoncelos. 
(Ex.27): 
c.241 
Vc 
Cb. 
Ex.27: Divisi nos contrabaixos durante o solo dos violoncelos.
15 
O c.307 dá início a uma nova seção de ostinatos, onde há uma 
indicação: “cantado” e os contrabaixos e violoncelos complementam-se 
ritmicamente. (Ex.28): 
Vc. 
Cb. 
c.307 
Ex.28: Contrabaixos e violoncelos complementando-se ritmicamente. 
A partir deste momento, não há mais ocorrências significantes até o final 
da peça. 
3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS 
O Concerto para Harpa e Orquestra de Cordas de Radamés Gnattali 
revela algumas particularidades, como intervalos de terças e quintas entre 
violoncelos e contrabaixos, além de contraponto rítmico e um tratamento 
popular da linha do contrabaixo. Há também um divise na linha dos 
contrabaixos. 
3.1 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – I 
MOVIMENTO 
A primeira ocorrência do I movimento do Concerto para Harpa e 
Orquestra de Cordas acontece entre os c.11-15, onde os violoncelos tocam 
quatro semínimas, contra uma semibreve dos contrabaixos, criando intervalos 
compostos de quarta justa, terça maior e segunda maior. (Ex.29): 
c.11 
Vc. 
Cb. 
Ex.29: Semínima nos violoncelos e semibreve nos contrabaixos.
16 
Depois os contrabaixos fazem um pedal em Réb, criando diversos 
intervalos em relação à melodia dos violoncelos. (Ex.30): 
c.12 
Vc. 
Cb. 
5 7 
Ex.30: Pedal nos contrabaixos criando diversos intervalos em relação aos violoncelos. 
Entre os c.65-73, as cordas tocam sem a harpa, numa seção solo, onde 
violoncelos e contrabaixos tocam em intervalos de quintas, com os 
contrabaixos iniciando na nota Ré1 (som real) e os violoncelos em Lá1. 
(Ex.31): 
c.65 
Vc. 
Cb. 
5 
Ex.31: Violoncelos e contrabaixos em intervalos de quintas paralelas. 
Do c.76 ao c.83, há uma nova seção que evidencia a independência das 
linhas dos dois instrumentos citados acima, onde os contrabaixos tocam em 
contratempo e em pizzicato e os violoncelos executam duas mínimas por 
compasso. (Ex.32): 
Uma nova seção, iniciada no c.103, mostra as cordas tocando notas 
longas com ligaduras. 
9 7 6 5 6 7 7 6 5 
6 
Vc. 
Cb. 
c.77 
Ex.32: Violoncelos no tempo com arco e contrabaixos em contratempo com pizzicato
17 
Os contrabaixos, especificamente, fazem apenas uma pontuação no 
último tempo do compasso e no primeiro tempo do compasso seguinte, c.103- 
107. (Ex.33): 
c.103 
Vc. 
Cb. 
Ex.33: Pontuação dos contrabaixos no último e primeiro tempos dos compassos. 
Uma finalização interessante acontece nos c.130-132, onde os 
violoncelos têm notas com ligaduras e uma síncopa, já os contrabaixos têm 
pausa e notas sem ligadura, criando um contraponto rítmico e melódico. 
(Ex.34): 
c.130 
Vc. 
Cb. 
Ex.34: Contrabaixos e violoncelos em contraponto rítmico. 
Os c.135-136 revelam um intervalo de quinta justa novamente entre 
contrabaixos e violoncelos. (Ex.35): 
c.135 
Vc. 
Cb. 
Ex.35: Intervalo de quinta justa entre violoncelos e contrabaixos. 
Entre os c.147-149, parece um cruzamento das vozes dos violoncelos e 
contrabaixos, mas considerando a convenção usada na escrita para o 
contrabaixo de orquestra, onde se escreve uma oitava acima do som real, não 
há qualquer cruzamento. 
Este é mais um claro exemplo da escrita idiomática usada por Gnattali 
em suas composições, mostrando que o compositor conhecia além da
18 
instrumentação, os detalhes de cada instrumento e como ele soaria melhor em 
combinação com outro. (Ex.36): 
Ex.36: Cruzamento aparente das vozes entre violoncelos e contrabaixos. 
Entre os c.159-165 os contrabaixos assumem um caráter popular de 
acompanhamento, onde o ritmo é pontuado pelo primeiro e quarto tempos. 
(Ex.37): 
Entre os c.169-174 (com anacruse) há outro ponto de independência das 
vozes. Mais especificamente entre os c.169-180 (Ex.9) e c.182-184 aparecem 
dois momentos interessantes, onde violoncelos e contrabaixos seguem rumos 
distintos. (Ex.38): 
Do c.175 ao c.183 as cordas tocam com arco e contrabaixos fazem 
pizzicato. (Ex. 39): 
c.147 
Vc. 
Cb. 
c.159 
Vc. 
Cb. 
Ex.37: Acompanhamento popular dos contrabaixos. 
c.169 
Vc. 
Cb. 
Ex.38: Violoncelos e contrabaixos seguem rumos diferentes. 
c.175 
Ex.39: Cordas com arco e contrabaixos em pizzicato. 
Vc. 
Cb.
19 
Dos c.200-206, Radamés trabalha nos contrabaixos a sensação de 
aceleração5 através do deslocamento e diminuição dos tempos das células 
rítmicas. (Ex.40): 
c.200 
Ex.40: Efeito der aceleração produzida pelo ritmo deslocado. 
Vc. 
Cb. 
Aparecem nos c.216-223 os intervalos de quinta justa, agora com notas 
longas. Também entre os c.342-346 e novamente entre os c.350-354. Entre os 
c.270-277 e c.322-328 há uma seção onde os contrabaixos assumem um estilo 
de acompanhamento mais voltado para a música popular e os violoncelos 
tocam notas longas em divise. (Ex.41): 
c.270 
Vc. 
Cb. 
Ex.41: Acompanhamento popular nos contrabaixos. 
3.2 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – II 
MOVIMENTO 
A primeira ocorrência interessante se dá entre os c.6-8, onde os 
contrabaixos mantêm um ostinato na nota Fá1 (som real), enquanto os 
violoncelos descem cromaticamente do Fá2 até o Fá1. Os contrabaixos 
descem para o Fá-1 (som real). (Ex.42): 
c.7 
Vc. 
Cb. 
Ex.42: Ostinato nos contrabaixos e melodia cromática descendente nos violoncelos. 
5 Através de um efeito psico-acústico produzido pelo deslocamento dos tempos.
20 
Entre os c.57-60 há um breve cânon iniciando nos violoncelos, no c.57 
com anacruse e repetido nos contrabaixos um tom acima, no c.59 com 
anacruse. (Ex.43): 
c.57 
Vc. 
Cb. 
Ex.43: Cânon entre violoncelos e contrabaixos. 
Há também um divisi na linha dos contrabaixos e violoncelos, criando 
quatro vozes graves entre estes instrumentos, c.61-71. (Ex.44): 
c.61 
Vc. 
Cb. 
Ex.44: Divisi nos contrabaixos e violoncelos. 
3.3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – III 
MOVIMENTO 
O movimento inicia com um acorde de Bb69 com a tônica no baixo, onde 
os violoncelos tocam a nona e a quinta do acorde simultaneamente num divisi 
assim como as violas, que tocam a terça e a sexta. (Ex.45): 
c.1 
Va. 
Vc. 
Cb. 
Ex.45: Contrabaixos sustentam o acorde de sexta e nona com divisi nos violoncelos e 
violas.
21 
Neste exemplo, podem ser observados também os acentos deslocados 
que aparecem com menos freqüência, mas que constituem uma característica 
da escrita de Radamés. Nesta peça, isso ocorre nos c.1-8; c.63-68; c.105-108; 
c.121-124; c.196-204; c.311-319 deste III Movimento e no c.190 da Dansa. 
Num trecho bastante camerístico localizado entre os c.9-13, Radamés 
utiliza na harmonia acordes híbridos, onde mais especificamente entre os c.11- 
13, o compositor usa intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos. 
(Ex.46): 
c.9 
Vn.1 
Vn.2 
Vn.3 
Va. 
Vc. 
Cb. 
Ex.46: Intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos. 
Há um pequeno trecho onde os contrabaixos tocam um fragmento de 
escala, enquanto os violoncelos tocam colcheias (c.127-129). (Ex.47): 
c.127 
Vc. 
Cb. 
Ex.47: Ostinato nos violoncelos e escala ascendente e descendente nos contrabaixos. 
Novamente intervalos de terças (c.194) e quintas (c.195). (Ex.48): 
c.194 
Vc. 
Cb. 
terças quintas 
Ex.48: Intervalos de terças e quintas entre violoncelos e contrabaixos.
22 
Uma última ocorrência relevante se dá por conta de um ostinato nos 
contrabaixos enquanto os violoncelos tocam uma escala (c.282-289). Ex.49). 
c.282 
Vc. 
Cb. 
Ex.49: Ostinato nos contrabaixos e melodia nos violoncelos. 
4 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 
1982) 
A obra Canção e Dansa é original para contrabaixo e piano, mas há uma 
versão de 1982 para contrabaixo e orquestra, escrita pelo próprio compositor. 
Trata-se de uma peça camerística, com apenas 216 compassos, onde 
Radamés não economiza na independência da linha do contrabaixo, libertando-o 
para realizar melodias, síncopes, divisis, contrapontos, pizzicatos e tudo o 
que pode ser feito por um instrumento num conjunto de câmara. 
Novamente aqui, podem ser observados os intervalos de terças, quartas, 
quintas, sextas e sétimas entre violoncelos e contrabaixos, com predominância 
de terças na Canção e quintas na Dansa, além do divisi nos violoncelos com o 
reforço da fundamental nos contrabaixos, entre outras peculiaridades que 
marcam o estilo de Gnattali. 
4.1 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 
1982) – CANÇÃO 
A linha dos contrabaixos inicia-se no c.4. Há nesse trecho uma 
diferenciação da dinâmica entre contrabaixos e violoncelos e as outras cordas, 
onde os contrabaixos e violoncelos tocam em pp; as violas em mp e as outras 
cordas mais o contrabaixo solista tocam em p.
23 
Existem, portanto, três planos de dinâmica acontecendo 
simultaneamente neste trecho da peça. (Ex.50): 
c.3 
Cb.solo 
Vn.1 
Vn.2 
Va. 
Vc. 
Cb. 
Ex.50: Diferenciação de dinâmica entre contrabaixos e cordas. 
Os contrabaixos seguem fazendo síncopas com um pedal na nota La-1 
desde o c.4, enquanto os violoncelos executam uma escala, caracterizando um 
dos muitos episódios onde os contrabaixos assumem uma independência em 
relação aos violoncelos. O resultado dessa independência é a formação de 
intervalos de 4ª, 5ª, 6ª e 7ª, por conta do pedal na voz grave. (Ex.51): 
c.7 
Vc. 
Cb. 
4ª 5ª 6ª 7ª 
Ex.51: Melodia nos violoncelos e pedal em ostinato de síncopas nos contrabaixos. 
Algumas combinações de elementos musicais como ritmos, timbres, 
melodias e harmonias numa peça produzem sensações absorvidas que podem 
ser descritas como efeitos psico-acústicos. Por exemplo, as síncopas 
combinadas com as notas a tempo dão a sensação de continuidade rítmica no 
trecho. Essas síncopas estão presentes por todo o movimento chamado 
Canção, nos c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48 e na Dansa: c.89-90. 
No trecho com indicação de “Movido”, Radamés usa o tema do “abôio”, 
do contrabaixo solo, para compor o acompanhamento nos contrabaixos da
24 
orquestra (c.13-17). Contrabaixos e violoncelos combinam ritmos que lembram 
um acompanhamento de violão. (Ex.52): 
c.13 
A partir do c.21, Radamés escreve pizzicatos para os contrabaixos, que 
lembram um acompanhamento de música popular que, por isso, é considerado 
um tratamento idiomático popular. 
Entre os c.25-27 há novamente a presença de quintas entre violoncelos 
e contrabaixos, onde, para conseguir o efeito desejado, Radamés escreve para 
os contrabaixos uma oitava acima dos violoncelos, tendo em mente o som real 
(Ex.53): 
c.25 
Vc. 
Cb. 
Ex.53: Intervalo de quintas entre violoncelos e contrabaixos. 
Gnattali insere novamente as síncopas nos contrabaixos, dando a idéia 
de movimento à peça, impulsionando o tema para frente (c.32-36). Entre os 
c.33-40, há um divisi nos violoncelos, cujas notas em conjunto com as notas 
dos contrabaixos, produzem intervalos de quintas, quartas e nonas. Neste 
divisi, as notas dos contrabaixos são sempre das duas notas tocadas pelos os 
violoncelos, formando um acorde de três sons, numa clara demonstração da 
otimização do contrabaixo de orquestra. (Ex.54): 
c.34 
Vc. 
Cb. 
Ex.54: Contrabaixos tocam notas diferentes das notas do divisi dos violoncelos. 
Vc. 
Cb. 
Ex.52: Divisi nos violoncelos e síncopas nos contrabaixos.
25 
Os cruzamentos de vozes, característica da escrita orquestral de 
Radamés, são aqui encontrados com muita freqüência. O compositor usa de 
modo racional os contrabaixos, procurando extrair o melhor resultado da 
combinação entre estes e os violoncelos, buscando resultados tímbricos 
adequados às passagem. 
Estes cruzamentos acontecem muitas vezes durante o decorrer da peça, 
como pode ser observado na CANÇÃO: c.10-20; c.25-36; c.50-51 e na DANSA: 
c.80; c.89-110; c.119-121; c.131-133; c.138-139; c.161-162; c.166-168; c.173- 
176; c.182-187; c.190-193; c.195-196; c.199-202; c.204; c.206-215. 
4.2 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA 
DE 1982) – DANSA 
Os contrabaixos recebem um tratamento popular quanto ao ritmo e ao 
estilo, neste, como pode ser observado nos c.91-97 deste movimento e nos 
c.21-24 da Canção, onde Radamés faz uso do pizzicato apenas nos 
contrabaixos. A exemplo do que já foi observado em outras peças analisadas 
acima, o compositor usa pausas de colcheia depois da colcheia nos 
contrabaixos para reduzir o valor da nota e obter articulação desejada do 
pizzicato. (Ex.55): 
c.91 
Vc. 
Cb. 
Ex.55: Acompanhamento “popular” nos contrabaixos.
26 
O movimento contrário entre as vozes dos violoncelos e contrabaixos 
pode ser encontrado em três episódios no decorrer deste movimento, nos c.91- 
98; c.134; c.136 e c.193 evidenciando a otimização da escrita para o 
contrabaixo na orquestra, através do uso do contraponto. (Ex.56): 
Vc. 
Cb. 
Vc. 
Cb. 
Vc. 
Cb. 
Ostinatos são também uma constantes na escrita orquestral de 
Radamés Gnattali para o contrabaixo, podendo ser encontrado na Canção nos 
c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48 e na Dansa: c.157-177. (Ex.57): 
c.157 
Vc. 
Cb. 
Ex.57: Ostinato nos violoncelos e contrabaixos. 
Por fim, o pedal, outro recurso bastante utilizado por Radamés em suas 
obras, é encontrado nas três peças aqui analisadas. Em Canção e Dansa, 
encontra-se nos c.4-9, c.13-17 e c.44-49 da Canção e nos c.129-131 e c.210- 
214 da Dansa. (Ex.58): 
c.210 
Cb. 
Ex.58: Pedal na linha do contrabaixo. 
c.134 
c.136 
c.192 
Ex.56: Movimentos contrários entre as vozes dos contrabaixos e violoncelos.
27 
CONCLUSÃO 
Uma das qualidades do grande compositor brasileiro Radamés Gnattali 
é a sua habilidade em mesclar as linguagens erudita e popular, trazendo à tona 
de maneira original a cultura brasileira. Em relação ao contrabaixo, instrumento 
que ocupou um espaço bem definido em diversos gêneros das músicas erudita 
e popular, o compositor soube explorá-lo nas suas diversas possibilidades 
idiomáticas enquanto instrumento orquestral. 
As três peças aqui analisadas demonstraram que Gnattali tinha um 
grande conhecimento de orquestração, harmonia e contraponto, tendo o 
cuidado em cada nota colocada na partitura. Alguns elementos musicais se 
fazem recorrentes nas três peças, como é o caso do uso dos intervalos de 
quintas entre violoncelos e contrabaixos, cuja combinação resulta num melhor 
preenchimento das freqüências na região grave. Outros intervalos também se 
fazem presentes nesses encontros de vozes entre os dois instrumentos, como: 
terças, quartas, sextas, sétimas, nonas etc, muitas vezes resultantes de divisi 
entre violoncelos e contrabaixos simultaneamente e sem repetição de notas. 
Os cruzamentos aparentes das vozes dos violoncelos e contrabaixos 
permitem também uma aproximação não convencional de suas linhas. 
Extremos de dinâmica encontrados na Suíte para pequena orquestra como, por 
exemplo, o pppp escrito para os contrabaixos, demonstra a confiança do 
compositor no potencial expressivo do instrumento, lembrando a escrita 
sofisticada de compositores orquestrais sofisticados, pouco comum na 
literatura musical brasileira. 
A independência da linha do contrabaixo é uma marca registrada de 
Gnattali, liberando o contrabaixo da tradicional dependência dos violoncelos. A 
escrita idiomática usada pelo compositor busca uma realização confortável no 
instrumento e o melhor resultado sonoro integrado à peça como um todo.
28 
REFERÊNCIAS 
BÉHAGUE, Gerard. Análise dos elementos nacionalizantes na música 
brasileira do século XIX – Popular musical currents in the art music of the early 
nationalistic period in Brazil (1870-1920), Rio de Janeiro: Funarte, 1977. 
BORÉM, Fausto; SANTOS, Rafael dos. Práticas de performance 
"erudito-populares" no contrabaixo: técnicas e estilos de arco e pizzicato 
em três obras da MPB. In: Anais do XIV Encontro Anual da ANPPOM-ASSOCIAÇÃO 
NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM MÚSICA. 
Luciana Del Ben, ed. Porto Alegre, 2003 (CD ROM). 
GNATTALI, Radamés. Canção e Dança, para contrabaixo e piano. Rio de 
Janeiro: Funarte, 1985. (1 partitura, 1 parte). 
______. Canção e Dansa, para contrabaixo e piano.1934 (1partitura para piano 
manuscrita). 
______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Rio de Janeiro:1982 
(1grade de orquestra manuscrita). 
______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Rio de Janeiro [s.n.t.] 
( 1 partitura, 6 partes). 
______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Sandrino Santoro, 
contrabaixista; Nilo Hack, regente; Orquestra de Cordas da Rádio MEC. Rio de 
Janeiro: Rádio MEC, 1982. 
GUEST, Ian. Arranjo I: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar editora, 1996, 
p.69.
29 
APÊNDICE 1 - DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA 
PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E 
CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) 
DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; 
CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA 
ORQUESTRA DE 1982) 
SUÍTE PARA PEQUENA 
ORQUESTRA 
CONCERTO PARA 
HARPA E 
ORQUESTRA 
CANÇÃO E 
DANSA (VERSÃO 
PARA 
ORQUESTRA DE 
1982) 
D 
A 
D 
O 
S 
G 
E 
R 
A 
I 
S 
Nº de 
compassos 
MOVIMENTO I: 136; 
MOVIMENTO II: 46 
MOVIMENTO III: 233; 
MOVIMENTO IV: 44; 
MOVIMENTO V: 330; 
TOTAL: 789. 
MOVIMENTO I: 360; 
MOVIMENTO II: 139; 
MOVIMENTO III: 
320; 
TOTAL: 819. 
CANÇÃO: 56; 
DANSA: 160; 
TOTAL: 216. 
Nº de 
movimentos 
5 3 2 
Acentos 
deslocados 
MOVIMENTO III: c.1- 
8; c.63-68; c.105- 
108; c.121-124; 
c.196-204; c.311- 
319. 
DANSA: c.190. 
Arco MOVIMENTO I: c.14-24; 
c.50-65; c.93-104; c.129- 
132. MOVIMENTO II: c.15- 
26; c.39-46. MOVIMENTO 
III: c.10-16; c.25; c.41-48; 
c.57-72; c.87-97; c.106- 
142; c.155-159; c.190; 
c.202-203; c.212-218; 
c.226-231. MOVIMENTO 
IV: c.12-19; c.23-31. 
MOVIMENTO V: c.62-62; 
c.67-70; c.116-121; c.164- 
181; c.184-189; c.205-208; 
c.231-235; c.257-258; 
c.290-302; c.324-fim. 
MOVIMENTO I: c.6- 
12; c.65-73; c.140- 
146; c.149-151; 
c.235-237; c.251- 
256; c.278-280; 
c.288-306; c.342- 
354; MOVIMENTO II: 
c.4-60; c.51-89; 
c.101. MOVIMENTO 
III: c.1-135; c.174- 
179; 194-208; c.282- 
fim. 
CANÇÃO: c.4-20; 
c.25-39; c.44-56. 
DANSA: 97-110, 
c.117-133; c.157- 
fim. 
Arco+pizzicato MOVIMENTO I: c.87-92. 
MOVIMENTO IV: c.37-44. 
CANÇÃO: (Cb. 
Solo) c.12. 
Pizzicato MOVIMENTO I: c.26-33; 
c.72-73; c.85-86; c.106. 
MOVIMENTO II: c.1-15; 
c.33-34. MOVIMENTO III: 
c.3-9; c.17-21; c.29-37; 
c.49-56; c.78-86; c.102; 
c.143-147; c.180-186; 
c.194-195; c.204-208. 
MOVIMENTO IV: c.22; 
c.33-36. MOVIMENTO V: 
c.1-61; c.77-81; c.82-112; 
c.114-119; c.130-150; 
c.158-161; c.182-187; 
c.198-204; c.209-230; 
c.259-284; c.303-321. 
MOVIMENTO I: c.76- 
146; c.130-136; 
c.147-149; c.159- 
206; c.225-228; 
c.260-277; c.281- 
287; 322-329; c.358- 
fim. MOVIMENTO II: 
c.48-49; c.99-100. 
MOVIMENTO III: 
c.136-172; c.185- 
186; c.261-270. 
CANÇÃO: c.21-24; 
c.40. DANSA: 
c.91-97; c.115; 
c.134-139.
30 
DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; 
CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA 
ORQUESTRA DE 1982) 
SUÍTE PARA PEQUENA 
ORQUESTRA 
CONCERTO PARA 
HARPA E 
ORQUESTRA 
CANÇÃO E 
DANSA (VERSÃO 
PARA 
ORQUESTRA DE 
1982) 
Contrabaixos 
com surdina 
MOVIMENTO II: inteiro. 
Cruzamento 
entre as linhas 
do violoncelo e 
do contrabaixo 
MOVIMENTO I: c.15-16; 
c.57; c.59; c.61; c.63; 
c.65; c.87-92; c.94-97. 
MOVIMENTO II: c.1-16; 
c.39-46. MOVIMENTO III: 
c.17-21; c.29-37; c.52; 
c.82-86; c.180-182; 
c.194-195; c.205-208. 
MOVIMENTO IV: c.12- 
19; c.22-27. 
MOVIMENTO V: c.1-54; 
c.137-150; c.172-181; 
c.245-246; c.260-284; 
c.279-284. 
MOVIMENTO I: c.12- 
17; c.25-28; c.65-73; 
c.76-92; c.103-107; 
c.135-136; c.159-172; 
c.175-227; c.251-277; 
c.281-290; c.342-354. 
MOVIMENTO II: c.58. 
MOVIMENTO III: c.1- 
29; c.47-49; c.58; 
c.121-124; c.147; 194- 
195; c.261-291; c.311- 
319. 
CANÇÃO: c.10-20; 
c.25-36;c.50-51. 
DANSA: c.80; c.89- 
110; c.119-121; 
c.131-133; c.138- 
139; c.161-162; 
c.166-168; c.173- 
176; c.182-187; 
c.190-193; c.195- 
196; c.199-202; 
c.204; c.206-215. 
Divisi nos 
contrabaixos 
MOVIMENTO I: c.87-92; 
MOVIMENTO II: c.1-15. 
MOVIMENTO IV: c.33- 
44. MOVIMENTO V: 
c.241-243. 
MOVIMENTO II: c.61- 
71. MOVIMENTO: 
c.311-319. 
Efeitos psico-acústicos 
MOVIMENTO II: c.17-19. CANÇÃO: c.7-8; 
c.13-17; c.31-36; 
c.44-48; 
Extremos de 
dinâmica nos 
contrabaixos 
MOVIMENTO I: (pp) 
c.85-86; c.129-132. 
MOVIMENTO II: (pp) c.1- 
17; c.20. MOVIMENTO 
III; (pp) c.3-8; c.15-21; (ff) 
c.163-171; (ppp) c.174. 
MOVIMENTO IV: (ppp) 
c.32. MOVIMENTO V: 
(pppp) c.48; (f) c.49; 
(ppp) c.150; (ff) c.231- 
235; (pppp) c.276; (ppp) 
c.321; (ff) c.324. 
MOVIMENTO II: (ff) 
c.37-38; (pp) c.40-49. 
CANÇÃO: c.3-7. 
DANSA: c.210-fim. 
Independência 
do contrabaixo 
em relação ao 
violoncelo 
MOVIMENTO I: c.72-73; 
c.106. MOVIMENTO II; 
c.1-15. MOVIMENTO III: 
c.3-10; c.90-98; c.167- 
170. MOVIMENTO IV: 
c.37-44. MOVIMENTO V: 
c.1-54; c.105-112; c.115; 
c.119; c.158-161; c.209- 
230; c.241-243; c.303- 
321. 
MOVIMENTO I: c.11- 
17; c.27-28; c.76-92; 
c.103-107; c.159-165; 
c.170; c.172-174; 
c.181-183; c.185-186; 
c.200-206; c.260; 
c.270-277; c.322-329; 
c.330-341. 
MOVIMENTO II: c.48- 
50; c.58-60. 
MOVIMENTO III: 
c.261-269; c.282-290. 
CANÇÃO: c.4-9; 
c.13-17; c.21-24; 
c.27; c.30-40; c.44- 
51. DANSA: c.91- 
102; c.157-178.
31 
(continuação) 
DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; 
CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA 
ORQUESTRA DE 1982) 
SUÍTE PARA PEQUENA 
ORQUESTRA 
CONCERTO PARA 
HARPA E 
ORQUESTRA 
CANÇÃO E 
DANSA 
(VERSÃO PARA 
ORQUESTRA 
DE 1982) 
Movimentos 
contrários 
entre 
violoncelos e 
contrabaixos 
MOVIMENTO I: c.57-59; 
c.61-65; c.92. MOVIMENTO 
III: c.9-10. MOVIMENTO V: 
c.105-112; c.259-276. 
MOVIMENTO II: c.59- 
60. 
DANSA: c.91-98; 
c.134; c.136; 
c.193. 
Ostinato nos 
contrabaixos 
MOVIMENTO II: c.1-15. 
MOVIMENTO III: c.131-136. 
MOVIMENTO IV: c.37-44. 
MOVIMENTO V: c.1-48; c.82- 
104; c.105-111; c.114-121; 
c.182-189; c.209-230; c.303- 
321. 
MOVIMENTO I: c.76- 
82; c.173-174; 
MOVIMENTO II: c.6-9. 
MOVIMENTO III: c.1- 
8; c.33-46; c.266-269; 
c.282-290; c.295-319. 
CANÇÃO: c.4-8; 
c.13-17; c.32-36; 
c.44-48. DANSA: 
c.157-177. 
Pedal MOVIMENTO I: c.87-92; 
c.94-97; c.98-101; c.102-104; 
c.129-132. MOVIMENTO III: 
c.125-130; c.137-142; c.226- 
231. 
MOVIMENTO I: c.12- 
17; c.294-306. 
MOVIMENTO II: c.40- 
47; c.51-53; c.60-71. 
CANÇÃO c.4-9; 
c.13-17; c.44-49. 
DANSA: c.129- 
131; c.210-214. 
Síncopas MOVIMENTO IV: c.37-44. 
MOVIMENTO V: c.1-49. 
MOVIMENTO II: c.6-9. (CANÇÃO) c.4-8; 
c.13-17; c.32-36; 
c.44-48. DANSA: 
c.89-90. 
Tacet MOVIMENTO I: c.1-13; c.34- 
49; c.66-71; c.74-84; c.107- 
128; c.133-135. 
MOVIMENTO II: c.27-32; 
c.35-39. MOVIMENTO III: 
c.11-14; c.22-24; c.26-28; 
c.38-40; c.98-101; c.103-105. 
c.123-124; c.148-154; c.160- 
162; c.175-179; c.183-184; 
c.187-189; c.191-193; c.209- 
211; c.219-225; 
MOVIMENTO IV: c.1-11; 
c.28; MOVIMENTO V: c.57- 
61; c.64-66, c.71-76; c.122- 
129; c.131; c.133; c.135-136; 
c.151-157; c.162-163; c.190- 
197; c.236-240; c.240; c.244; 
c.247-256; c.278; c.285-289; 
c.292-294. 
MOVIMENTO I: c.1-5; 
c.18-24; c.29-64; c.74- 
75; c.93-95; c.105; 
c.108-129; c.152-158; 
c.184; c.187-195; 
c.197-199; c.207-215; 
c.229-232; c.238-250; 
c.254-255; c.259; 
c.262-269; c.307-321; 
c.355-357; 
MOVIMENTO II: c.1-3; 
c.11-22; c.28-36; c.54- 
57; c.90-98; c.102-fim. 
MOVIMENTO III: c.10; 
c.25-28; c.30-32; c.50- 
57; c.60; c.70; c.74- 
104; c.114-120; c.125- 
126; c.130-135; c.138- 
145; c.173; c.176-177; 
c.180-184; c.187-193; 
c.209-260; c.263-265; 
c.271-281. 
CANÇÃO: c.1-3; 
c.18; c.52-54. 
DANSA: c.57-79; 
c.81-88, c.101; 
c.103-108; c.111- 
114; c.116-118; 
c.125-128; c.140- 
156; c.165; 
c.203; c.205. 
Tratamento 
popular na 
linha do 
contrabaixo 
MOVIMENTO I: c.26-33. 
MOVIMENTO III: c.3-9; c.17- 
até o fim do movimento (com 
sentimento popular). 
MOVIMENTO V: c.1-49. 
MOVIMENTO I: c.159- 
206. 
(CANÇÃO) c.21- 
24. DANSA: c.91- 
97. 
Trêmolo MOVIMENTO V: c.231-234.
32 
(continuação) 
DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; 
CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA 
ORQUESTRA DE 1982) 
SUÍTE PARA 
PEQUENA 
ORQUESTRA 
CONCERTO PARA 
HARPA E 
ORQUESTRA 
CANÇÃO E 
DANSA (VERSÃO 
PARA 
ORQUESTRA DE 
1982) 
I 
N 
T 
E 
R 
V 
A 
L 
O 
S 
Terças MOVIMENTO IV: c.12- 
19; c.25-27; c.31-32. 
MOVIMENTO V: c.105; 
c.107; c.111-112; c.245- 
246. 
MOVIMENTO I: c.11; 
c.77-78; c.80-81; c.173. 
MOVIMENTOII: c.8; 
c.61-63. MOVIMENTO 
III: c.11-13; c.194; 
c.287. 
CANÇÃO: c.17. 
DANSA: c.115; 
c.130-131; c.137; 
c.162-163; c.170; 
c.173; c.182-183; 
c.202. 
Quartas MOVIMENTO V: c.183; 
c.187. 
MOVIMENTO I: c.27; 
c.83. MOVIMENTO II: 
c.7. MOVIMENTO III: 
c.285; c.289. 
CANÇÃO: c.8; 
c.14; c.16; c.33-36; 
c.47; c.49. 
DANSA: c.200. 
Quintas 
justas 
MOVIMENTO II: c.23- 
26; c.39-46. 
MOVIMENTO V: c.91; 
c.95-104; c.108; c.110; 
c.245-246. 
MOVIMENTO I: c.12; 
c.14. c.15-17; c.65- 
73;c.76; c.78-79; c.81; 
c.135-136; c.173-174; 
c.251-258. 
MOVIMENTO II: c.7; 
c.63-71. MOVIMENTO 
III: c.1-9; c.17-29; c.63- 
69; c.105-108; c.121- 
124; c.195; c.282-283; 
c.285-286; c.289-291; 
c.311-319. 
(CANÇÃO) c.6-7; 
10-20; c.22-27; 
c.29-40; c.44; 
c.46-47; c.49-51. 
DANSA: c.80; 
c.89-90; c.92; c.94; 
c.96-100; c.102; 
c.115; c.119-124; 
c.129; c.131-132; 
c.135; c.137-139; 
c.163; c.171-172; 
c.175-176; c.182- 
187; c.190-192; 
c.198-202; c.204; 
c.206-215. 
Quintas 
aums. 
MOVIMENTO V: c.109. 
Quintas 
dims. 
MOVIMENTO V: c.93. MOVIMENTO I: c.11. 
Sextas MOVIMENTO V: c.106; 
c.107; c.111-112. 
MOVIMENTO I: c.12-17. 
MOVIMENTO II: c.7. 
MOVIMENTO III: c.283- 
284; c.286; c.289; 
c.311-319. 
CANÇÃO: c.7-8; 
c.15; c.45; c.47. 
DANSA: c.130- 
131; c.135; c.195. 
Sétimas MOVIMENTO V: c.88, 
c.105; c.106; c.108; 
c.110. 
MOVIMENTO I: c.12-14; 
c.77; c.80; c.173. 
MOVIMENTO II: c.6. 
MOVIMENTO III: c.284; 
c.288; 
CANÇÃO: c.6; c.8; 
c.17; c.27-28; c.34; 
c.45-46; c.48. 
DANSA: c.133; 
c.157-161; c.163- 
164; c.166-168; 
c.170; c.196-197. 
Nonas MOVIMENTO V: c.90; 
c.92; c.94; c.109. 
MOVIMENTO I: c.11; 
c.173. MOVIMENTO II: 
c.8. MOVIMENTO III: 
c.1-8; c.17-24; c.63-69; 
c.105-108; c.121-124; 
c.287; c.311-319. 
CANÇÃO: c.13-17; 
c.27; c.33-36. 
DANSA: c.124; 
c.134; c.177; 
c.182-183.
33

Más contenido relacionado

Destacado (6)

Artigo Gnattali A N P P O M2011
Artigo  Gnattali  A N P P O M2011Artigo  Gnattali  A N P P O M2011
Artigo Gnattali A N P P O M2011
 
Análise da Sonata para viola e piano de Radamés Gnattali: primeiro movimento
Análise da Sonata para viola e piano de Radamés Gnattali: primeiro movimentoAnálise da Sonata para viola e piano de Radamés Gnattali: primeiro movimento
Análise da Sonata para viola e piano de Radamés Gnattali: primeiro movimento
 
Zé Barbeiro, O Tremendão do Choro. Jornal Alagoas.
Zé Barbeiro, O Tremendão do Choro. Jornal Alagoas.Zé Barbeiro, O Tremendão do Choro. Jornal Alagoas.
Zé Barbeiro, O Tremendão do Choro. Jornal Alagoas.
 
Radamés
RadamésRadamés
Radamés
 
O choro em Belo Horizonte
O choro em Belo HorizonteO choro em Belo Horizonte
O choro em Belo Horizonte
 
Manual Aula Cavaquinho
Manual Aula CavaquinhoManual Aula Cavaquinho
Manual Aula Cavaquinho
 

Similar a Dissertacao especializacao a_independenciadalinhadocontrabaixoorquestralemtrespecasderadamesgnattali_kilderdanjas

Similar a Dissertacao especializacao a_independenciadalinhadocontrabaixoorquestralemtrespecasderadamesgnattali_kilderdanjas (12)

Bartoloni g dr_assis
Bartoloni g dr_assisBartoloni g dr_assis
Bartoloni g dr_assis
 
[Método] henrique pinto iniciação ao violão, vol. i
[Método] henrique pinto   iniciação ao violão, vol. i[Método] henrique pinto   iniciação ao violão, vol. i
[Método] henrique pinto iniciação ao violão, vol. i
 
[Método] henrique pinto iniciação ao violão, vol. i
[Método] henrique pinto   iniciação ao violão, vol. i[Método] henrique pinto   iniciação ao violão, vol. i
[Método] henrique pinto iniciação ao violão, vol. i
 
(Es)henrique pinto iniciação ao violão - vol i
(Es)henrique pinto   iniciação ao violão - vol i(Es)henrique pinto   iniciação ao violão - vol i
(Es)henrique pinto iniciação ao violão - vol i
 
Henrique pinto iniciaç o ao viol-o - vol i
Henrique pinto   iniciaç o ao viol-o - vol iHenrique pinto   iniciaç o ao viol-o - vol i
Henrique pinto iniciaç o ao viol-o - vol i
 
Introdução aos Estudos de Sonoridade e Técnica no Saxofone
Introdução aos Estudos de Sonoridade e Técnica no SaxofoneIntrodução aos Estudos de Sonoridade e Técnica no Saxofone
Introdução aos Estudos de Sonoridade e Técnica no Saxofone
 
Método de saxofone mib ccb
Método de saxofone mib  ccbMétodo de saxofone mib  ccb
Método de saxofone mib ccb
 
Silva, daniel della savia. oriental. a importância do timbre na obra de pattá...
Silva, daniel della savia. oriental. a importância do timbre na obra de pattá...Silva, daniel della savia. oriental. a importância do timbre na obra de pattá...
Silva, daniel della savia. oriental. a importância do timbre na obra de pattá...
 
Método de saxofone sib ccb
Método de saxofone sib ccbMétodo de saxofone sib ccb
Método de saxofone sib ccb
 
Instrumentos musicais
Instrumentos musicais Instrumentos musicais
Instrumentos musicais
 
Método Duo de iniciação em Flauta Transversal by Mascolo - 17.09.21.pdf
Método Duo de iniciação em Flauta Transversal by Mascolo - 17.09.21.pdfMétodo Duo de iniciação em Flauta Transversal by Mascolo - 17.09.21.pdf
Método Duo de iniciação em Flauta Transversal by Mascolo - 17.09.21.pdf
 
Afinação do violão
Afinação do violãoAfinação do violão
Afinação do violão
 

Último

Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
AntonioVieira539017
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
andrenespoli3
 

Último (20)

About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdfProjeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
Projeto de Extensão - DESENVOLVIMENTO BACK-END.pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptxProdução de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVAEDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
 
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.pptTexto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
Texto dramático com Estrutura e exemplos.ppt
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
 

Dissertacao especializacao a_independenciadalinhadocontrabaixoorquestralemtrespecasderadamesgnattali_kilderdanjas

  • 1. ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ KILDER DANJAS A INDEPENDÊNCIA DA LINHA DO CONTRABAIXO ORQUESTRAL EM TRÊS PEÇAS DE RADAMÉS GNATTALI: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA, CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS E CANÇÃO E DANSA Dissertação apresentada ao Curso de Especialização da Escola de Música e Belas Artes do Paraná como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Música. Área de concentração: Análise Musical. Orientador: Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira. CURITIBA 2007
  • 2. ii Aos meus pais Benício e Maria pelo apoio desde o princípio dos estudos musicais. À Aneli pela dedicação e incentivo.
  • 3. iii Agradecimentos Ao Prof. Dr. Fausto Borém de Oliveira, pela dedicação e apoio. À Raquel e demais funcionários da Biblioteca Flausino Valle da Escola de Música da UFMG pela paciência e competência com que realizam seus respectivos trabalhos. À Prof.ª Dr.ª Lea Lígia e à Escola de Música e Belas Artes do Paraná pela iniciativa de ofertar este curso de Especialização. A todas as demais pessoas que contribuíram para este trabalho.
  • 4. iv Sumário TABELA ........................................................................................................ vi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................... vii LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS ............................................................... viii RESUMO ....................................................................................................... xii ABSTRACT ................................................................................................... xiii INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1 1 O COMPOSITOR E INSTRUMENTISTA RADAMÉS GNATTALI ............ 3 2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA .................................................. 4 2.1 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – I MOVIMENTO - BRINQUEDO ............................................................................................ 4 2.2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – II MOVIMENTO - ACALANTO .............................................................................................. 8 2.3 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO - VALSA ...................................................................................................... 10 2.4 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – IV MOVIMENTO – ABÔIO ...................................................................................................... 12 2.5 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO – DESFILE ................................................................................................... 13 3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS ................... 16 3.1 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – I MOVIMENTO ........................................................................................... 16 3.2 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – II MOVIMENTO ........................................................................................... 20 3.3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – III MOVIMENTO ........................................................................................... 21 4 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 1982) ................................................................................ 24 4.1 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 1982) – CANÇÃO ....................................................... 24 4.2 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 1982) – DANSA .......................................................... 27 CONCLUSÃO ................................................................................................ 29
  • 5. v BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 30 APÊNDICE ................................................................................................... 31 TABELA 1 - DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA, CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) ............ 21
  • 6. vi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS acell. - Acelerando c. - Compasso Cb. ou Bas. - Contrabaixo Cl. - Clarinete cresc. - Crescendo dim. - Diminuendo div. - Divisi
  • 7. vii Ex. - Exemplo f - Forte mf - Mezzo forte não div. - Não divisi pizz. - Pizzicato p - Piano pp - Pianíssimo rall. - Ralentando tr. - Trinado Va. - Viola Vc. ou Cel. - Violoncelo Vn.1 - Primeiro violino Vn.2 - Segundo violino Vn.3 - Terceiro violino 3ª - Intervalo de terça 4ª - Intervalo de quarta justa 5ª - Intervalo de quinta justa 6ª - Intervalo de sexta-feira 7ª - Intervalo de sétima
  • 8. viii LISTA DE EXEMPLOS MUSICAIS 1 - Tessitura do contrabaixo em relação ao piano .................................... 2 2 - Violoncelos em divisi de quintas e contrabaixos sustentando a tônica. 4 3 - Uníssono em degraus nas cordas ........................................................ 4 4 - Semínimas seguidas de pausas nos contrabaixos e semínimas seguidas de colcheias nos cellos ............................................................... 5 5 - Divisi nos violoncelos enquanto os contrabaixos sustentam com a nota Mi-1 ..................................................................................................... 5 6 - Divisi nos contrabaixos usando a quinta corda ou extensor ................ 6 7ª - Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos ................... 6 7b - Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos (cont.) ........ 6 8a. - Trinado nos violoncelos e tacet para os contrabaixos ....................... 7 8b - Trinado nos violoncelos e contrabaixos em pizzicato ........................ 7 9 - Pizzicato em cascata nas cordas finalizando com os contrabaixos ..... 7 10 - Divisi nos contrabaixos em 1º e 2º e não divisi nos cellos ................. 8 11 - Movimento ascendente começando com contrabaixos em pizzicato 8 12 - Ostinato em pizzicato nos contrabaixos ............................................. 9 13 - Contrabaixos passam a tocar com arco ............................................. 9 14 - Contrabaixos e violoncelos em intervalos de quintas ........................ 9 15 - Contraste entre voz principal e contrabaixos e escrita vertical na base harmônica .......................................................................................... 10 16 - Contrabaixos em pizzicato “com sentimento popular” ....................... 10 17 - Linha descendente formando um contracanto baixo nos contrabaixos ............................................................................................... 11 18 - Linha independente nos contrabaixos ................................................ 11 19 - Pedal em Lá nos contrabaixos e dueto entre violoncelos e violas ..... 12 20 - Contrabaixos e violoncelos em intervalos de terças .......................... 12 21 - Divisi a dois nos contrabaixos com arco e pizzicato simultaneamente ........................................................................................ 13 22 - Contrabaixos em ostinato tocando baião em pizzicato ...................... 13 23 - Tacet para as cordas enquanto contrabaixos continuam a tocar ....... 13 24 - Troca de arco para pizzicato com a corda solta Sol1......................... 14 25 - Trecho com tratamento contrapontístico ............................................ 14
  • 9. ix 26 - Contrabaixos reforçando o divisi dos violoncelos, numa seção grave das cordas .................................................................................................. 15 27 - Divisi nos contrabaixos durante o solo dos violoncelos ..................... 15 28 - Contrabaixos e violoncelos complementando-se ritmicamente ......... 15 29 - Semínima nos violoncelos e semibreve nos contrabaixos ................. 16 30 - Pedal nos contrabaixos criando diversos intervalos em relação aos violoncelos .................................................................................................. 16 31 - Violoncelos e contrabaixos em intervalos de quintas paralelas ......... 17 32 - Violoncelos a tempo com arco e contrabaixos em contratempo com pizzicato ...................................................................................................... 17 33 - Pontuação dos contrabaixos no último e primeiro tempos dos compassos ................................................................................................. 17 34 - Contrabaixos e violoncelos em contraponto rítmico ........................... 18 35 - Intervalo de quinta justa entre violoncelos e contrabaixos ................. 18 36 - Cruzamento aparente das vozes entre violoncelos e contrabaixos ... 18 37 - Acompanhamento popular dos contrabaixos ..................................... 19 38 - Violoncelos e contrabaixos seguem rumos diferentes ....................... 19 39 - Cordas com arco e contrabaixos em pizzicato ................................... 19 40 - Efeito der aceleração produzida pelo ritmo deslocado ...................... 20 41 - Acompanhamento popular nos contrabaixos ..................................... 20 42 - Ostinato nos contrabaixos e melodia cromática descendente nos violoncelos .................................................................................................. 21 43 - Cânon entre violoncelos e contrabaixos ............................................ 21 44 - Divisi nos contrabaixos e violoncelos ................................................. 21 45 - Contrabaixos sustentam o acorde de sexta e nona com divisi nos violoncelos e violas ..................................................................................... 22 46 - Intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos ........................ 22 47 - Ostinato nos violoncelos e escala ascendente e descendente nos contrabaixos ............................................................................................... 23 48 - Intervalos de terças e quintas entre violoncelos e contrabaixos ........ 23 49 - Ostinato nos contrabaixos e melodia nos violoncelos ........................ 23 50 - Diferenciação de dinâmica entre contrabaixos e cordas .................... 24 51 - Melodia nos violoncelos e pedal em ostinato de síncopas nos contrabaixos ............................................................................................... 25
  • 10. x 52 - Divisi nos violoncelos e síncopas nos contrabaixos ........................... 25 53 - Intervalo de quintas entre violoncelos e contrabaixos ........................ 26 54 - Contrabaixos tocam notas diferentes das notas do divisi dos violoncelos. ................................................................................................. 26 55 - Acompanhamento “popular” nos contrabaixos. .................................. 27 56 - Movimentos contrários entre as vozes dos contrabaixos e violoncelos .................................................................................................. 27 57 - Ostinato nos violoncelos e contrabaixos ............................................ 28 58 - Pedal na linha do contrabaixo ............................................................ 28
  • 11. xi RESUMO Radamés Gnattali foi um dos compositores brasileiros que mais desenvolveu a escrita idiomática para o contrabaixo, tanto em relação à sua técnica tradicionalmente associada à musica erudita, quanto em relação à inserção de elementos da música popular, comuns em suas composições. Este estudo compara a escrita da linha do contrabaixo orquestral nos diferentes estilos de composição (orquestral, de câmara e solista) em três obras selecionadas: a Suíte para Pequena Orquestra, o Concerto Para Harpa e Orquestra de Cordas e Canção e Dansa. Verificam-se graus variáveis de independência do contrabaixo em relação aos demais membros da orquestra de cordas, especialmente o violoncelo, do qual é tradicionalmente dependente. Verificam-se diversos tratamentos idiomáticos na linha do contrabaixo. O tratamento conferido à linha do contrabaixo mostra uma integração dos gêneros erudito e popular. Palavras-chave: Radamés Gnattali, contrabaixo, literatura orquestral, análise musical, música brasileira, escrita idiomática.
  • 12. xii ABSTRACT Radamés Gnattali was one of the main Brazilian composers to develop the idiomatic writing for double bass, not only in relation to its technique traditionally associated to classical music, but also in relation to the absortion of popular music elements, a common trait in his works. This paper compares the double bass orchestral writing in different composition styles (orchestral, chamber and solo) of three selected works: Suíte para Pequena Orquestra, Concerto Para Harpa e Orquestra de Cordas and Canção e Dansa. It reveals variable levels of the double bass´s independence in relation to the other members of the string orchestra, especially the violoncello, to which it is traditionally dependent. The treatment conferred to the double bass line shows an integration of classical and popular genres. Keywords: Radamés Gnattali, double bass, orchestral literature, musical analysis, Brazilian music, idiomatic writing.
  • 13. 1 INTRODUÇÃO Radamés Gnattali foi uma das figuras mais importantes para a música brasileira do século XX. Compositor, pianista, arranjador, maestro e professor, Gnattali desenvolveu um intenso trabalho no cenário musical brasileiro. Sua escrita idiomática tem uma importância singular no contexto popular e erudito. Suas composições privilegiam a linha do contrabaixo, tornando-o independente do violoncelo. Gnattali foi um compositor nacionalista, como define Gerard Béhague: “A tendência contemporânea é uma volta para o nacionalismo1, porém com a inserção de elementos populares de diversas culturas, devido à globalização da informação.” (BEHAGUE, 1977). Esse nacionalismo em Radamés Gnattali pode ser observado através da inserção de elementos populares em suas composições, como escreve Janet Grice: “Compositores da música erudita responderam à dinâmica e variada cultura da música popular que varreu o Brasil no fim do século XIX incorporando essas tendências musicais nos seus trabalhos.” (GRICE, 2004). Gnattali trabalhou com dois gêneros de músicas simultaneamente, como lembra Vasco Mariz: “Radamés Gnattali [...] fez questão de estabelecer um marco definido entre os dois setores da sua produção: clássico e popular.” (MARIZ, 2002). As peças aqui analisadas são: Concerto para harpa e orquestra de cordas, Suíte para pequena orquestra e Canção e Dansa para contrabaixo e orquestra de cordas, que apresentam um tipo de escrita idiomática, onde Gnattali cuidadosamente escreveu cada parte extraindo o máximo de cada instrumento e pensando em quem e como iria executá-lo. 1 O nacionalismo na música, caracterizado por uma forte ênfase nos elementos nacionais inerentes à música de uma região, se mostrou presente no Brasil no fim do século XIX e atingiu seu ápice durante o período de 1920 e 1940, quando a ditadura de Getúlio Vargas (1930-1945) encorajou e amparou manifestações artísticas de patriotismo e de apreço a uma identidade brasileira. (GRICE, 2004).
  • 14. 2 Radamés faz uso de elementos jazzísticos em suas composições, elementos que são descritos por BORÉM & SANTOS (2003): No caso da música popular, destacam-se alguns aspectos idiomáticos da práticas de performance como (1) o conceito de “suingado” (swing eights) e “liso” (straight eights) do jazz, aplicado às músicas cubana e brasileira; (2) uma realização mais “relaxada” dos padrões rítmicos em relação ao pulso; (3) acentuações que enfatizam a síncopa, especialmente em linhas melódicas (BORÉM & SANTOS, 2003, p.5) O sistema de alturas utilizado neste trabalho refere-se ao som real do contrabaixo, ou seja, as cordas soltas Mi, Lá, Ré e Sol têm o som real: Mi-1, Lá-1, Ré1, Sol1 (GUEST, 1996, p.17). (Ex.1): Ex.1: Tessitura do contrabaixo em relação ao piano.
  • 15. 3 1 O COMPOSITOR E INSTRUMENTISTA RADAMÉS GNATTALI Nascido em Porto Alegre, no dia 27 de janeiro de 1906 e falecido no Rio de Janeiro em 3 de fevereiro de 1988, Radamés Gnattali foi exímio pianista de formação erudita, tendo abandonado sua promissora carreira solo e passado a dividir seu tempo entre a composição e a orquestração. Participou em 1936, da inauguração da Rádio Nacional, importante meio produção e divulgação cultural da época, como maestro da orquestra. Durante trinta anos, realizou as atividades de pianista recitalista, solista de orquestra, regente, membro de conjunto de câmara, compositor e arranjador na Radio Nacional, o que facilitou divulgando seu trabalho por todo o Brasil. Radamés também destacou-se pela ousadia e habilidade de fundir tendências da música erudita e popular. Gnattali passou grande parte do tempo centrado em seu trabalho, como afirma ROCHA (1996, p.18): “Com um trabalho de auto-sugestão, Radamés passa a se sentir satisfeito em compor só para si”. Mesmo com tendências nacionalistas e influências jazzísticas, Gnattali não se preocupou em ser moderno, integrando esses elementos em suas obras. Acusado de ter sido conservador quanto ao tratamento da forma, harmonia e por fazer referências a estereótipos da chamada “música brasileira”, deixa transparecer o gosto pelo novo, experimentando novas maneiras de orquestrar compor para instrumentos negligenciados pela maioria dos compositores ou característicos da nossa música popular. Entre estas obras, pode-se mencionar o Concerto para harpa (1958), a Suíte para pequena orquestra, o Concerto para gaita e orquestra (1958), a Sonatina para violão e flauta (1959), a suíte Retratos, composta para bandolim, orquestra de cordas e conjunto regional (1964), o Concerto para acordeão, tumbadoras e cordas (1978) e a própria Canção e Dansa, dentre outras. Gnattali valorizou a inserção de instrumentos populares no meio erudito, e vice-versa. Em sua primeira fase composicional, Radamés desenvolveu características de influência nacionalista e do romantismo tardio, ao estilo de Grieg e também referências ao jazz. Empregava habitualmente motivos folclóricos populares nordestinos (MARIZ, 1970, p.50-51).
  • 16. 4 2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA Nesta suíte encontraremos algumas peculiaridades na escrita, que se fazem presentes também em outras obras de Radamés, como é o caso dos intervalos de 5ª justa tocados pelos violoncelos em divisi, enquanto os contrabaixos sustentam a tônica, ou os contrabaixos tocando em pizzicato enquanto os violoncelos usam o arco. Estas e outras ocorrências constituem o estilo próprio do compositor e serão aqui apontadas e acompanhadas de um breve comentário. 2.1 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – I MOVIMENTO - BRINQUEDO O acompanhamento inicia-se no c.14, onde os violoncelos fazem um intervalo de quinta justa com as notas Fá1 e Dó2, dando a falsa impressão de que estes estão abaixo dos contrabaixos, que reforçam com um Fá-1 e Dó1 (som real)2. (Ex.2): c.14 Vc. Cb. Ex.2: Violoncelos em divisi de quintas e contrabaixos sustentando a tônica. Nos c.21-24, todas as cordas sobem em uníssono, como se fossem degraus, começando com os contrabaixos e chegando até os violinos. (Ex.3): Vn.1 Vn.2 c.21 Ex.3: Uníssono em degraus nas cordas. Vn.3 Va. Vc. Cb. 2 Na partitura escreve-se Fá1 e Dó2 nos contrabaixos para facilitar a leitura e evitar as notas suplementares, porém, o som real produzido é Fá-1 e Dó-1, uma oitava abaixo do que está escrito.
  • 17. 5 A partir do c.26, começam a surgir os primeiros traços de independência da linha do contrabaixo em relação ao violoncelo. Trata-se de uma seção em pizzicato. O contrabaixo toca uma seqüência de semínimas seguidas de pausas, enquanto o violoncelo executa semínimas seguidas de colcheias. (Ex.4): c.26 Vn.1 Vn.2 Vn.3 Va. Vc. Cb. Ex.4: Semínimas seguidas de pausas nos contrabaixos e semínimas seguidas de colcheias nos cellos. Nos c.50-51 observa-se um uníssono com a nota Lá. Nos c.52-53 o violoncelo volta a fazer um intervalo de 5ª justa entre as notas Mi1 e Si1 e o contrabaixo reforça a harmonia com a nota Mi-1. (Ex.5): c.50 Vc. Cb. Ex.5: Divisi nos violoncelos enquanto os contrabaixos sustentam com a nota Mi-1. É grande a quantidade de divisi nos violoncelos, principalmente com intervalos de quinta justa. Já na linha dos contrabaixos, essa divisão é usada mais como um reforço, principalmente quando há na orquestra contrabaixos de cinco cordas ou de quatro cordas com extensor, ambos chegando até o Dó-1 ou Si-2. Esse divisi que aparece muitas vezes na linha dos violoncelos, com intervalos de quinta justa, também aparecerá na linha dos contrabaixos, nos c.241-243 do V Movimento, porém aqui em oitavas. (Ex.6): c.241 Vc. Cb. Ex.6: Divisi nos contrabaixos usando a quinta corda ou extensor.
  • 18. 6 Neste trecho, apenas os contrabaixos de quatro cordas com extensor, cinco cordas, ou usando scordatura3 é que poderão executar o Mib-1. Na seqüência que compreende os c.57-65, há uma pequena diferenciação entre as partes do violoncelo e contrabaixo. Trata-se de um movimento contrário entre as vozes dos dois instrumentos, onde o violoncelo toca Ré1 e Lá1, simultaneamente, resolvendo em Sol1 e Ré2, num movimento ascendente. Já o contrabaixo toca Ré1 e Sol-1 (som real), em movimento descendente, c.57-58. (Ex.7a): c.57 Vc. Cb. Ex.7a: Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos. Toda a sequência se processa por movimentos contrários até o c.65. (Ex.7b): c.60 Ex.7b: Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos (cont.) Do c.65 ao c.73 o violoncelo toca um Ré3 com trinado, enquanto que os Vc. Cb. contrabaixos têm tacet até o c.71. (Ex.8a): c.65 Vlc Cbx Ex.8a: Trinado nos violoncelos e tacet para os contrabaixos. 3 Scordatura é o nome que se dá às diferentes maneiras de organizar a afinação das cordas de um instrumento de cordas. O contrabaixo, que é normalmente afinado em quartas (Mi Lá Ré Sol), quando com scordatura, pode ser afinado Dó Lá Ré Sol. Alguns contrabaixos possuem um extensor sobre a caixa de cravelhas que permite a colocação de uma corda Dó, onde podem ser executadas as notas Dó (solta), Dó#, Ré, Mib. Com o uso de dois grampos que podem ficar presos ou soltos pode-se obter as notas Ré (prendendo o grampo superior) e a nota Mi (ao prender o grampo inferior).
  • 19. 7 Nos c.72-73 o contrabaixo toca pizzicato em semínimas. (Ex.8b). c.72 Vc. Cb. Ex.8b: Trinado nos violoncelos e contrabaixos em pizzicato. A próxima ocorrência significativa neste movimento se dá entre os c.82- 85, onde os primeiros violinos iniciam uma frase que se completa em forma de “cascata” pelos segundos violinos, violas, violoncelos e contrabaixos, num movimento descendente, finalizando com estes últimos. (Ex.9). Vn.1 Vn.2 Vn.3 Va. Vc. Cb. Entre os c.87-92 há uma indicação 1º arco, 2º pizz., para um divisi na linha dos contrabaixos e não divisi para a linha dos violoncelos (Ex.10). Esse tipo de procedimento é comum em Radamés Gnattali, chegando até mesmo a aparecer arco e pizzicato simultaneamente na peça Canção e Dansa para contrabaixo e piano. Ex.10: Divisi nos contrabaixos em 1º e 2º e não divisi nos cellos. c.87 Vc. Cb. c.82 Ex.9: Pizzicato em cascata nas cordas finalizando com os contrabaixos.
  • 20. 8 Entre os c.106-109 ocorre algo similar, em movimento ascendente, com a frase iniciando nos contrabaixos, passando pelos violoncelos até chegar nas violas, reforçado pelo piano. (Ex.11): Va. Ex.11: Movimento ascendente começando com contrabaixos em pizzicato. 2.2 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – II MOVIMENTO – ACALANTO O segundo movimento intitulado “Acalanto” caracteriza-se por um ostinato em pizzicato pelos contrabaixos entre os c.1-15, onde os violoncelos, juntamente com os outros instrumentos, executam uma base harmônica na dinâmica pp e com surdina. (Ex.12). c.1 O c.16 é uma preparação para uma nova seção mais movimentada, que se dará mais adiante. c.106 Vc. Cb. Ex. 12: Ostinato em pizzicato nos contrabaixos.
  • 21. 9 Neste compasso, os contrabaixos tocam com arco, sustentando a nota Dó1. (Ex.13): c.16 Cb. Ex.13: Contrabaixos passam a tocar com arco. Entre os c.23-26, os contrabaixos e violoncelos tocam em intervalo de quintas paralelas, onde os contrabaixos iniciam com a nota Dó1 (som real) e os violoncelos tocam Sol1. (Ex.14): Vc. Cb. c.23 5ªjusta Ex.14: Contrabaixos e violoncelos em intervalos de quintas. 2.3 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – III MOVIMENTO - VALSA É clara a independência da linha do contrabaixo neste movimento, onde Radamés deu um “toque popular” ao acompanhamento por ele realizado, com reforços na base harmônica de maneira esparsa e isolada. Radamés contrasta a melodia principal, tocada pelo clarinete, com as vozes intermediárias que soam como um único bloco, e o contrabaixo em pizzicato, marcando a pulsação e pontuando a harmonia, c.3-5; c.7-9. (Ex.15): c.3 Vn. 1 Vn. Vn. Va . Vc Ex.15: Contraste entre voz principal, escrita vertical na base harmônica.e contrabaixos. Cl. Cb .
  • 22. 10 No c.17 há uma indicação “com sentimento popular” apenas nas cordas, onde os contrabaixos desenvolvem uma linha de acompanhamento em pizzicato. (Ex.16). c.17 Vn.1 Vn.2 Vn.3 Va. Vc. Cb. Ex.16: Contrabaixos em pizzicato “com sentimento popular”. Entre os c.50-72 os contrabaixos realizam uma linha descendente, utilizando as notas características dos acordes, formando um contracanto baixo4 (GUEST, 1996, p.17). (Ex. 17): c.63 Cb. Ex.17: Linha descendente formando um contracanto baixo nos contrabaixos. 4 “O contrabaixo executa o som mais grave da orquestra. É encarregado, dentro da seção rítmico-harmônica de tocar os baixos dos acordes e notas de passagem que soam bem com os mesmos. Ao ler as cifras, o baixista usa o seu livre critério, não só na escolha dessas notas, mas também na figuração rítmica, integrando-se na pulsação da música.” (GUEST, 1996, p.69)
  • 23. 11 O trecho compreendido entre os c.90-97 inicia com uma seção contrastante, onde os contrabaixos, juntamente com as violas e os terceiros violinos, realizam uma base harmônica para que o violoncelo toque sua melodia em pizzicato. (Ex.18): Ex.18: Linha independente nos contrabaixos. c.90 Outra entrada importante acontece no c.165, onde os violoncelos e Vn.1 Vn.2 Vn.3 Va. Vc. Cb. violas executam um dueto, contrastando com os contrabaixos, que seguram um pedal em Lá. (Ex.19): c.165 Va. Vc. Cb. Ex.19: Pedal em Lá nos contrabaixos e dueto entre violoncelos e violas. Depois desse evento, os contrabaixos continuam atuando de modo “popular”, com pizzicato, ou em entradas isoladas com arco, entre tacets. 2.4 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – IV MOVIMENTO - ABÔIO As linhas melódicas dos violoncelos e contrabaixos iniciam-se simultaneamente no c.12, em intervalos de terças, onde os contrabaixos
  • 24. 12 iniciam com a nota Sol1 (som real) e os violoncelos tocam um Sib1, em ostinato. (Ex.20). c.12 Ex.20: Contrabaixos e violoncelos em intervalos de terças. No c.37 ocorre algo inusitado para os contrabaixos: um divisi a 2, onde o contrabaixo 1 faz um jogo rítmico com ostinato de síncopas em pizzicato, e o contrabaixo 2 toca uma semibreve com arco. (Ex.21): c.37 Vc. Cb. Ex.21: Divisi a dois nos contrabaixos com arco e pizzicato simultaneamente. 2.5 SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA – V MOVIMENTO - DESFILE Novamente a presença do ostinato, onde os contrabaixos tocam o ritmo de baião, sempre em pizzicato. (Ex.22). c.1 Vc. Cb. Ex.22: Contrabaixos em ostinato tocando baião em pizzicato. Dos c.83-87 há uma seção chamada “Tempo de Marcha”, onde há tacet para as cordas e os contrabaixos continuam tocando. Também aqui é clara a independência da linha do contrabaixo na escrita de Radamés.
  • 25. 13 Este movimento segue um caráter de Marcha, onde os contrabaixos tocam sempre em ostinato. (Ex.23): c.83 Ex.23: Tacet para as cordas enquanto contrabaixos continuam a tocar. No trecho que compreende os c.114-121, Radamés escreve uma passagem em ostinato para os contrabaixos, onde é necessário trocar rapidamente de pizz. para arco. A nota que fica soando ao trocar para arco é o Sol1, que pode ser tocada como corda solta, mostrando uma solução bastante idiomática do compositor. (Ex.24): c.114 Cb. corda solta Ex.24: Troca de arco para pizzicato com a corda solta Sol1.
  • 26. 14 Entre os c.137-143, há um trecho contrapontístico entre os contrabaixos e o restante da orquestra, onde Radamés mescla as semínimas-em-tercinas nos sopros com a pausa-de-colcheia/semínima/colcheia nas cordas e os contrabaixos, diferentemente do grupo, toca pausa-de-colcheia/colcheia/pausa-de- colcheia/colcheia. (Ex.25): c.138 Ex.25: Trecho com tratamento contrapontístico. O trecho que compreende os c.172-181, Radamés reforça o divisi dos violoncelos escrevendo para os contrabaixos de forma que estes soem em uníssono com aqueles. (Ex.26): c.172 Va. Vc. Cb Ex.26: Contrabaixos reforçando o divisi dos violoncelos, numa seção grave das cordas. Outro momento significante da investigação aparece nos c.241-243, num novo divisi dos contrabaixos, com uma linha independente dos violoncelos. (Ex.27): c.241 Vc Cb. Ex.27: Divisi nos contrabaixos durante o solo dos violoncelos.
  • 27. 15 O c.307 dá início a uma nova seção de ostinatos, onde há uma indicação: “cantado” e os contrabaixos e violoncelos complementam-se ritmicamente. (Ex.28): Vc. Cb. c.307 Ex.28: Contrabaixos e violoncelos complementando-se ritmicamente. A partir deste momento, não há mais ocorrências significantes até o final da peça. 3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS O Concerto para Harpa e Orquestra de Cordas de Radamés Gnattali revela algumas particularidades, como intervalos de terças e quintas entre violoncelos e contrabaixos, além de contraponto rítmico e um tratamento popular da linha do contrabaixo. Há também um divise na linha dos contrabaixos. 3.1 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – I MOVIMENTO A primeira ocorrência do I movimento do Concerto para Harpa e Orquestra de Cordas acontece entre os c.11-15, onde os violoncelos tocam quatro semínimas, contra uma semibreve dos contrabaixos, criando intervalos compostos de quarta justa, terça maior e segunda maior. (Ex.29): c.11 Vc. Cb. Ex.29: Semínima nos violoncelos e semibreve nos contrabaixos.
  • 28. 16 Depois os contrabaixos fazem um pedal em Réb, criando diversos intervalos em relação à melodia dos violoncelos. (Ex.30): c.12 Vc. Cb. 5 7 Ex.30: Pedal nos contrabaixos criando diversos intervalos em relação aos violoncelos. Entre os c.65-73, as cordas tocam sem a harpa, numa seção solo, onde violoncelos e contrabaixos tocam em intervalos de quintas, com os contrabaixos iniciando na nota Ré1 (som real) e os violoncelos em Lá1. (Ex.31): c.65 Vc. Cb. 5 Ex.31: Violoncelos e contrabaixos em intervalos de quintas paralelas. Do c.76 ao c.83, há uma nova seção que evidencia a independência das linhas dos dois instrumentos citados acima, onde os contrabaixos tocam em contratempo e em pizzicato e os violoncelos executam duas mínimas por compasso. (Ex.32): Uma nova seção, iniciada no c.103, mostra as cordas tocando notas longas com ligaduras. 9 7 6 5 6 7 7 6 5 6 Vc. Cb. c.77 Ex.32: Violoncelos no tempo com arco e contrabaixos em contratempo com pizzicato
  • 29. 17 Os contrabaixos, especificamente, fazem apenas uma pontuação no último tempo do compasso e no primeiro tempo do compasso seguinte, c.103- 107. (Ex.33): c.103 Vc. Cb. Ex.33: Pontuação dos contrabaixos no último e primeiro tempos dos compassos. Uma finalização interessante acontece nos c.130-132, onde os violoncelos têm notas com ligaduras e uma síncopa, já os contrabaixos têm pausa e notas sem ligadura, criando um contraponto rítmico e melódico. (Ex.34): c.130 Vc. Cb. Ex.34: Contrabaixos e violoncelos em contraponto rítmico. Os c.135-136 revelam um intervalo de quinta justa novamente entre contrabaixos e violoncelos. (Ex.35): c.135 Vc. Cb. Ex.35: Intervalo de quinta justa entre violoncelos e contrabaixos. Entre os c.147-149, parece um cruzamento das vozes dos violoncelos e contrabaixos, mas considerando a convenção usada na escrita para o contrabaixo de orquestra, onde se escreve uma oitava acima do som real, não há qualquer cruzamento. Este é mais um claro exemplo da escrita idiomática usada por Gnattali em suas composições, mostrando que o compositor conhecia além da
  • 30. 18 instrumentação, os detalhes de cada instrumento e como ele soaria melhor em combinação com outro. (Ex.36): Ex.36: Cruzamento aparente das vozes entre violoncelos e contrabaixos. Entre os c.159-165 os contrabaixos assumem um caráter popular de acompanhamento, onde o ritmo é pontuado pelo primeiro e quarto tempos. (Ex.37): Entre os c.169-174 (com anacruse) há outro ponto de independência das vozes. Mais especificamente entre os c.169-180 (Ex.9) e c.182-184 aparecem dois momentos interessantes, onde violoncelos e contrabaixos seguem rumos distintos. (Ex.38): Do c.175 ao c.183 as cordas tocam com arco e contrabaixos fazem pizzicato. (Ex. 39): c.147 Vc. Cb. c.159 Vc. Cb. Ex.37: Acompanhamento popular dos contrabaixos. c.169 Vc. Cb. Ex.38: Violoncelos e contrabaixos seguem rumos diferentes. c.175 Ex.39: Cordas com arco e contrabaixos em pizzicato. Vc. Cb.
  • 31. 19 Dos c.200-206, Radamés trabalha nos contrabaixos a sensação de aceleração5 através do deslocamento e diminuição dos tempos das células rítmicas. (Ex.40): c.200 Ex.40: Efeito der aceleração produzida pelo ritmo deslocado. Vc. Cb. Aparecem nos c.216-223 os intervalos de quinta justa, agora com notas longas. Também entre os c.342-346 e novamente entre os c.350-354. Entre os c.270-277 e c.322-328 há uma seção onde os contrabaixos assumem um estilo de acompanhamento mais voltado para a música popular e os violoncelos tocam notas longas em divise. (Ex.41): c.270 Vc. Cb. Ex.41: Acompanhamento popular nos contrabaixos. 3.2 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – II MOVIMENTO A primeira ocorrência interessante se dá entre os c.6-8, onde os contrabaixos mantêm um ostinato na nota Fá1 (som real), enquanto os violoncelos descem cromaticamente do Fá2 até o Fá1. Os contrabaixos descem para o Fá-1 (som real). (Ex.42): c.7 Vc. Cb. Ex.42: Ostinato nos contrabaixos e melodia cromática descendente nos violoncelos. 5 Através de um efeito psico-acústico produzido pelo deslocamento dos tempos.
  • 32. 20 Entre os c.57-60 há um breve cânon iniciando nos violoncelos, no c.57 com anacruse e repetido nos contrabaixos um tom acima, no c.59 com anacruse. (Ex.43): c.57 Vc. Cb. Ex.43: Cânon entre violoncelos e contrabaixos. Há também um divisi na linha dos contrabaixos e violoncelos, criando quatro vozes graves entre estes instrumentos, c.61-71. (Ex.44): c.61 Vc. Cb. Ex.44: Divisi nos contrabaixos e violoncelos. 3.3 CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA DE CORDAS – III MOVIMENTO O movimento inicia com um acorde de Bb69 com a tônica no baixo, onde os violoncelos tocam a nona e a quinta do acorde simultaneamente num divisi assim como as violas, que tocam a terça e a sexta. (Ex.45): c.1 Va. Vc. Cb. Ex.45: Contrabaixos sustentam o acorde de sexta e nona com divisi nos violoncelos e violas.
  • 33. 21 Neste exemplo, podem ser observados também os acentos deslocados que aparecem com menos freqüência, mas que constituem uma característica da escrita de Radamés. Nesta peça, isso ocorre nos c.1-8; c.63-68; c.105-108; c.121-124; c.196-204; c.311-319 deste III Movimento e no c.190 da Dansa. Num trecho bastante camerístico localizado entre os c.9-13, Radamés utiliza na harmonia acordes híbridos, onde mais especificamente entre os c.11- 13, o compositor usa intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos. (Ex.46): c.9 Vn.1 Vn.2 Vn.3 Va. Vc. Cb. Ex.46: Intervalos de terças entre violoncelos e contrabaixos. Há um pequeno trecho onde os contrabaixos tocam um fragmento de escala, enquanto os violoncelos tocam colcheias (c.127-129). (Ex.47): c.127 Vc. Cb. Ex.47: Ostinato nos violoncelos e escala ascendente e descendente nos contrabaixos. Novamente intervalos de terças (c.194) e quintas (c.195). (Ex.48): c.194 Vc. Cb. terças quintas Ex.48: Intervalos de terças e quintas entre violoncelos e contrabaixos.
  • 34. 22 Uma última ocorrência relevante se dá por conta de um ostinato nos contrabaixos enquanto os violoncelos tocam uma escala (c.282-289). Ex.49). c.282 Vc. Cb. Ex.49: Ostinato nos contrabaixos e melodia nos violoncelos. 4 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 1982) A obra Canção e Dansa é original para contrabaixo e piano, mas há uma versão de 1982 para contrabaixo e orquestra, escrita pelo próprio compositor. Trata-se de uma peça camerística, com apenas 216 compassos, onde Radamés não economiza na independência da linha do contrabaixo, libertando-o para realizar melodias, síncopes, divisis, contrapontos, pizzicatos e tudo o que pode ser feito por um instrumento num conjunto de câmara. Novamente aqui, podem ser observados os intervalos de terças, quartas, quintas, sextas e sétimas entre violoncelos e contrabaixos, com predominância de terças na Canção e quintas na Dansa, além do divisi nos violoncelos com o reforço da fundamental nos contrabaixos, entre outras peculiaridades que marcam o estilo de Gnattali. 4.1 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 1982) – CANÇÃO A linha dos contrabaixos inicia-se no c.4. Há nesse trecho uma diferenciação da dinâmica entre contrabaixos e violoncelos e as outras cordas, onde os contrabaixos e violoncelos tocam em pp; as violas em mp e as outras cordas mais o contrabaixo solista tocam em p.
  • 35. 23 Existem, portanto, três planos de dinâmica acontecendo simultaneamente neste trecho da peça. (Ex.50): c.3 Cb.solo Vn.1 Vn.2 Va. Vc. Cb. Ex.50: Diferenciação de dinâmica entre contrabaixos e cordas. Os contrabaixos seguem fazendo síncopas com um pedal na nota La-1 desde o c.4, enquanto os violoncelos executam uma escala, caracterizando um dos muitos episódios onde os contrabaixos assumem uma independência em relação aos violoncelos. O resultado dessa independência é a formação de intervalos de 4ª, 5ª, 6ª e 7ª, por conta do pedal na voz grave. (Ex.51): c.7 Vc. Cb. 4ª 5ª 6ª 7ª Ex.51: Melodia nos violoncelos e pedal em ostinato de síncopas nos contrabaixos. Algumas combinações de elementos musicais como ritmos, timbres, melodias e harmonias numa peça produzem sensações absorvidas que podem ser descritas como efeitos psico-acústicos. Por exemplo, as síncopas combinadas com as notas a tempo dão a sensação de continuidade rítmica no trecho. Essas síncopas estão presentes por todo o movimento chamado Canção, nos c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48 e na Dansa: c.89-90. No trecho com indicação de “Movido”, Radamés usa o tema do “abôio”, do contrabaixo solo, para compor o acompanhamento nos contrabaixos da
  • 36. 24 orquestra (c.13-17). Contrabaixos e violoncelos combinam ritmos que lembram um acompanhamento de violão. (Ex.52): c.13 A partir do c.21, Radamés escreve pizzicatos para os contrabaixos, que lembram um acompanhamento de música popular que, por isso, é considerado um tratamento idiomático popular. Entre os c.25-27 há novamente a presença de quintas entre violoncelos e contrabaixos, onde, para conseguir o efeito desejado, Radamés escreve para os contrabaixos uma oitava acima dos violoncelos, tendo em mente o som real (Ex.53): c.25 Vc. Cb. Ex.53: Intervalo de quintas entre violoncelos e contrabaixos. Gnattali insere novamente as síncopas nos contrabaixos, dando a idéia de movimento à peça, impulsionando o tema para frente (c.32-36). Entre os c.33-40, há um divisi nos violoncelos, cujas notas em conjunto com as notas dos contrabaixos, produzem intervalos de quintas, quartas e nonas. Neste divisi, as notas dos contrabaixos são sempre das duas notas tocadas pelos os violoncelos, formando um acorde de três sons, numa clara demonstração da otimização do contrabaixo de orquestra. (Ex.54): c.34 Vc. Cb. Ex.54: Contrabaixos tocam notas diferentes das notas do divisi dos violoncelos. Vc. Cb. Ex.52: Divisi nos violoncelos e síncopas nos contrabaixos.
  • 37. 25 Os cruzamentos de vozes, característica da escrita orquestral de Radamés, são aqui encontrados com muita freqüência. O compositor usa de modo racional os contrabaixos, procurando extrair o melhor resultado da combinação entre estes e os violoncelos, buscando resultados tímbricos adequados às passagem. Estes cruzamentos acontecem muitas vezes durante o decorrer da peça, como pode ser observado na CANÇÃO: c.10-20; c.25-36; c.50-51 e na DANSA: c.80; c.89-110; c.119-121; c.131-133; c.138-139; c.161-162; c.166-168; c.173- 176; c.182-187; c.190-193; c.195-196; c.199-202; c.204; c.206-215. 4.2 CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA CONTRABAIXO E ORQUESTRA DE 1982) – DANSA Os contrabaixos recebem um tratamento popular quanto ao ritmo e ao estilo, neste, como pode ser observado nos c.91-97 deste movimento e nos c.21-24 da Canção, onde Radamés faz uso do pizzicato apenas nos contrabaixos. A exemplo do que já foi observado em outras peças analisadas acima, o compositor usa pausas de colcheia depois da colcheia nos contrabaixos para reduzir o valor da nota e obter articulação desejada do pizzicato. (Ex.55): c.91 Vc. Cb. Ex.55: Acompanhamento “popular” nos contrabaixos.
  • 38. 26 O movimento contrário entre as vozes dos violoncelos e contrabaixos pode ser encontrado em três episódios no decorrer deste movimento, nos c.91- 98; c.134; c.136 e c.193 evidenciando a otimização da escrita para o contrabaixo na orquestra, através do uso do contraponto. (Ex.56): Vc. Cb. Vc. Cb. Vc. Cb. Ostinatos são também uma constantes na escrita orquestral de Radamés Gnattali para o contrabaixo, podendo ser encontrado na Canção nos c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48 e na Dansa: c.157-177. (Ex.57): c.157 Vc. Cb. Ex.57: Ostinato nos violoncelos e contrabaixos. Por fim, o pedal, outro recurso bastante utilizado por Radamés em suas obras, é encontrado nas três peças aqui analisadas. Em Canção e Dansa, encontra-se nos c.4-9, c.13-17 e c.44-49 da Canção e nos c.129-131 e c.210- 214 da Dansa. (Ex.58): c.210 Cb. Ex.58: Pedal na linha do contrabaixo. c.134 c.136 c.192 Ex.56: Movimentos contrários entre as vozes dos contrabaixos e violoncelos.
  • 39. 27 CONCLUSÃO Uma das qualidades do grande compositor brasileiro Radamés Gnattali é a sua habilidade em mesclar as linguagens erudita e popular, trazendo à tona de maneira original a cultura brasileira. Em relação ao contrabaixo, instrumento que ocupou um espaço bem definido em diversos gêneros das músicas erudita e popular, o compositor soube explorá-lo nas suas diversas possibilidades idiomáticas enquanto instrumento orquestral. As três peças aqui analisadas demonstraram que Gnattali tinha um grande conhecimento de orquestração, harmonia e contraponto, tendo o cuidado em cada nota colocada na partitura. Alguns elementos musicais se fazem recorrentes nas três peças, como é o caso do uso dos intervalos de quintas entre violoncelos e contrabaixos, cuja combinação resulta num melhor preenchimento das freqüências na região grave. Outros intervalos também se fazem presentes nesses encontros de vozes entre os dois instrumentos, como: terças, quartas, sextas, sétimas, nonas etc, muitas vezes resultantes de divisi entre violoncelos e contrabaixos simultaneamente e sem repetição de notas. Os cruzamentos aparentes das vozes dos violoncelos e contrabaixos permitem também uma aproximação não convencional de suas linhas. Extremos de dinâmica encontrados na Suíte para pequena orquestra como, por exemplo, o pppp escrito para os contrabaixos, demonstra a confiança do compositor no potencial expressivo do instrumento, lembrando a escrita sofisticada de compositores orquestrais sofisticados, pouco comum na literatura musical brasileira. A independência da linha do contrabaixo é uma marca registrada de Gnattali, liberando o contrabaixo da tradicional dependência dos violoncelos. A escrita idiomática usada pelo compositor busca uma realização confortável no instrumento e o melhor resultado sonoro integrado à peça como um todo.
  • 40. 28 REFERÊNCIAS BÉHAGUE, Gerard. Análise dos elementos nacionalizantes na música brasileira do século XIX – Popular musical currents in the art music of the early nationalistic period in Brazil (1870-1920), Rio de Janeiro: Funarte, 1977. BORÉM, Fausto; SANTOS, Rafael dos. Práticas de performance "erudito-populares" no contrabaixo: técnicas e estilos de arco e pizzicato em três obras da MPB. In: Anais do XIV Encontro Anual da ANPPOM-ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM MÚSICA. Luciana Del Ben, ed. Porto Alegre, 2003 (CD ROM). GNATTALI, Radamés. Canção e Dança, para contrabaixo e piano. Rio de Janeiro: Funarte, 1985. (1 partitura, 1 parte). ______. Canção e Dansa, para contrabaixo e piano.1934 (1partitura para piano manuscrita). ______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Rio de Janeiro:1982 (1grade de orquestra manuscrita). ______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Rio de Janeiro [s.n.t.] ( 1 partitura, 6 partes). ______. Canção e Dança, para contrabaixo e orquestra. Sandrino Santoro, contrabaixista; Nilo Hack, regente; Orquestra de Cordas da Rádio MEC. Rio de Janeiro: Rádio MEC, 1982. GUEST, Ian. Arranjo I: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar editora, 1996, p.69.
  • 41. 29 APÊNDICE 1 - DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) D A D O S G E R A I S Nº de compassos MOVIMENTO I: 136; MOVIMENTO II: 46 MOVIMENTO III: 233; MOVIMENTO IV: 44; MOVIMENTO V: 330; TOTAL: 789. MOVIMENTO I: 360; MOVIMENTO II: 139; MOVIMENTO III: 320; TOTAL: 819. CANÇÃO: 56; DANSA: 160; TOTAL: 216. Nº de movimentos 5 3 2 Acentos deslocados MOVIMENTO III: c.1- 8; c.63-68; c.105- 108; c.121-124; c.196-204; c.311- 319. DANSA: c.190. Arco MOVIMENTO I: c.14-24; c.50-65; c.93-104; c.129- 132. MOVIMENTO II: c.15- 26; c.39-46. MOVIMENTO III: c.10-16; c.25; c.41-48; c.57-72; c.87-97; c.106- 142; c.155-159; c.190; c.202-203; c.212-218; c.226-231. MOVIMENTO IV: c.12-19; c.23-31. MOVIMENTO V: c.62-62; c.67-70; c.116-121; c.164- 181; c.184-189; c.205-208; c.231-235; c.257-258; c.290-302; c.324-fim. MOVIMENTO I: c.6- 12; c.65-73; c.140- 146; c.149-151; c.235-237; c.251- 256; c.278-280; c.288-306; c.342- 354; MOVIMENTO II: c.4-60; c.51-89; c.101. MOVIMENTO III: c.1-135; c.174- 179; 194-208; c.282- fim. CANÇÃO: c.4-20; c.25-39; c.44-56. DANSA: 97-110, c.117-133; c.157- fim. Arco+pizzicato MOVIMENTO I: c.87-92. MOVIMENTO IV: c.37-44. CANÇÃO: (Cb. Solo) c.12. Pizzicato MOVIMENTO I: c.26-33; c.72-73; c.85-86; c.106. MOVIMENTO II: c.1-15; c.33-34. MOVIMENTO III: c.3-9; c.17-21; c.29-37; c.49-56; c.78-86; c.102; c.143-147; c.180-186; c.194-195; c.204-208. MOVIMENTO IV: c.22; c.33-36. MOVIMENTO V: c.1-61; c.77-81; c.82-112; c.114-119; c.130-150; c.158-161; c.182-187; c.198-204; c.209-230; c.259-284; c.303-321. MOVIMENTO I: c.76- 146; c.130-136; c.147-149; c.159- 206; c.225-228; c.260-277; c.281- 287; 322-329; c.358- fim. MOVIMENTO II: c.48-49; c.99-100. MOVIMENTO III: c.136-172; c.185- 186; c.261-270. CANÇÃO: c.21-24; c.40. DANSA: c.91-97; c.115; c.134-139.
  • 42. 30 DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) Contrabaixos com surdina MOVIMENTO II: inteiro. Cruzamento entre as linhas do violoncelo e do contrabaixo MOVIMENTO I: c.15-16; c.57; c.59; c.61; c.63; c.65; c.87-92; c.94-97. MOVIMENTO II: c.1-16; c.39-46. MOVIMENTO III: c.17-21; c.29-37; c.52; c.82-86; c.180-182; c.194-195; c.205-208. MOVIMENTO IV: c.12- 19; c.22-27. MOVIMENTO V: c.1-54; c.137-150; c.172-181; c.245-246; c.260-284; c.279-284. MOVIMENTO I: c.12- 17; c.25-28; c.65-73; c.76-92; c.103-107; c.135-136; c.159-172; c.175-227; c.251-277; c.281-290; c.342-354. MOVIMENTO II: c.58. MOVIMENTO III: c.1- 29; c.47-49; c.58; c.121-124; c.147; 194- 195; c.261-291; c.311- 319. CANÇÃO: c.10-20; c.25-36;c.50-51. DANSA: c.80; c.89- 110; c.119-121; c.131-133; c.138- 139; c.161-162; c.166-168; c.173- 176; c.182-187; c.190-193; c.195- 196; c.199-202; c.204; c.206-215. Divisi nos contrabaixos MOVIMENTO I: c.87-92; MOVIMENTO II: c.1-15. MOVIMENTO IV: c.33- 44. MOVIMENTO V: c.241-243. MOVIMENTO II: c.61- 71. MOVIMENTO: c.311-319. Efeitos psico-acústicos MOVIMENTO II: c.17-19. CANÇÃO: c.7-8; c.13-17; c.31-36; c.44-48; Extremos de dinâmica nos contrabaixos MOVIMENTO I: (pp) c.85-86; c.129-132. MOVIMENTO II: (pp) c.1- 17; c.20. MOVIMENTO III; (pp) c.3-8; c.15-21; (ff) c.163-171; (ppp) c.174. MOVIMENTO IV: (ppp) c.32. MOVIMENTO V: (pppp) c.48; (f) c.49; (ppp) c.150; (ff) c.231- 235; (pppp) c.276; (ppp) c.321; (ff) c.324. MOVIMENTO II: (ff) c.37-38; (pp) c.40-49. CANÇÃO: c.3-7. DANSA: c.210-fim. Independência do contrabaixo em relação ao violoncelo MOVIMENTO I: c.72-73; c.106. MOVIMENTO II; c.1-15. MOVIMENTO III: c.3-10; c.90-98; c.167- 170. MOVIMENTO IV: c.37-44. MOVIMENTO V: c.1-54; c.105-112; c.115; c.119; c.158-161; c.209- 230; c.241-243; c.303- 321. MOVIMENTO I: c.11- 17; c.27-28; c.76-92; c.103-107; c.159-165; c.170; c.172-174; c.181-183; c.185-186; c.200-206; c.260; c.270-277; c.322-329; c.330-341. MOVIMENTO II: c.48- 50; c.58-60. MOVIMENTO III: c.261-269; c.282-290. CANÇÃO: c.4-9; c.13-17; c.21-24; c.27; c.30-40; c.44- 51. DANSA: c.91- 102; c.157-178.
  • 43. 31 (continuação) DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) Movimentos contrários entre violoncelos e contrabaixos MOVIMENTO I: c.57-59; c.61-65; c.92. MOVIMENTO III: c.9-10. MOVIMENTO V: c.105-112; c.259-276. MOVIMENTO II: c.59- 60. DANSA: c.91-98; c.134; c.136; c.193. Ostinato nos contrabaixos MOVIMENTO II: c.1-15. MOVIMENTO III: c.131-136. MOVIMENTO IV: c.37-44. MOVIMENTO V: c.1-48; c.82- 104; c.105-111; c.114-121; c.182-189; c.209-230; c.303- 321. MOVIMENTO I: c.76- 82; c.173-174; MOVIMENTO II: c.6-9. MOVIMENTO III: c.1- 8; c.33-46; c.266-269; c.282-290; c.295-319. CANÇÃO: c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48. DANSA: c.157-177. Pedal MOVIMENTO I: c.87-92; c.94-97; c.98-101; c.102-104; c.129-132. MOVIMENTO III: c.125-130; c.137-142; c.226- 231. MOVIMENTO I: c.12- 17; c.294-306. MOVIMENTO II: c.40- 47; c.51-53; c.60-71. CANÇÃO c.4-9; c.13-17; c.44-49. DANSA: c.129- 131; c.210-214. Síncopas MOVIMENTO IV: c.37-44. MOVIMENTO V: c.1-49. MOVIMENTO II: c.6-9. (CANÇÃO) c.4-8; c.13-17; c.32-36; c.44-48. DANSA: c.89-90. Tacet MOVIMENTO I: c.1-13; c.34- 49; c.66-71; c.74-84; c.107- 128; c.133-135. MOVIMENTO II: c.27-32; c.35-39. MOVIMENTO III: c.11-14; c.22-24; c.26-28; c.38-40; c.98-101; c.103-105. c.123-124; c.148-154; c.160- 162; c.175-179; c.183-184; c.187-189; c.191-193; c.209- 211; c.219-225; MOVIMENTO IV: c.1-11; c.28; MOVIMENTO V: c.57- 61; c.64-66, c.71-76; c.122- 129; c.131; c.133; c.135-136; c.151-157; c.162-163; c.190- 197; c.236-240; c.240; c.244; c.247-256; c.278; c.285-289; c.292-294. MOVIMENTO I: c.1-5; c.18-24; c.29-64; c.74- 75; c.93-95; c.105; c.108-129; c.152-158; c.184; c.187-195; c.197-199; c.207-215; c.229-232; c.238-250; c.254-255; c.259; c.262-269; c.307-321; c.355-357; MOVIMENTO II: c.1-3; c.11-22; c.28-36; c.54- 57; c.90-98; c.102-fim. MOVIMENTO III: c.10; c.25-28; c.30-32; c.50- 57; c.60; c.70; c.74- 104; c.114-120; c.125- 126; c.130-135; c.138- 145; c.173; c.176-177; c.180-184; c.187-193; c.209-260; c.263-265; c.271-281. CANÇÃO: c.1-3; c.18; c.52-54. DANSA: c.57-79; c.81-88, c.101; c.103-108; c.111- 114; c.116-118; c.125-128; c.140- 156; c.165; c.203; c.205. Tratamento popular na linha do contrabaixo MOVIMENTO I: c.26-33. MOVIMENTO III: c.3-9; c.17- até o fim do movimento (com sentimento popular). MOVIMENTO V: c.1-49. MOVIMENTO I: c.159- 206. (CANÇÃO) c.21- 24. DANSA: c.91- 97. Trêmolo MOVIMENTO V: c.231-234.
  • 44. 32 (continuação) DADOS SOBRE AS GRADES DAS PEÇAS: SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA; CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA E CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) SUÍTE PARA PEQUENA ORQUESTRA CONCERTO PARA HARPA E ORQUESTRA CANÇÃO E DANSA (VERSÃO PARA ORQUESTRA DE 1982) I N T E R V A L O S Terças MOVIMENTO IV: c.12- 19; c.25-27; c.31-32. MOVIMENTO V: c.105; c.107; c.111-112; c.245- 246. MOVIMENTO I: c.11; c.77-78; c.80-81; c.173. MOVIMENTOII: c.8; c.61-63. MOVIMENTO III: c.11-13; c.194; c.287. CANÇÃO: c.17. DANSA: c.115; c.130-131; c.137; c.162-163; c.170; c.173; c.182-183; c.202. Quartas MOVIMENTO V: c.183; c.187. MOVIMENTO I: c.27; c.83. MOVIMENTO II: c.7. MOVIMENTO III: c.285; c.289. CANÇÃO: c.8; c.14; c.16; c.33-36; c.47; c.49. DANSA: c.200. Quintas justas MOVIMENTO II: c.23- 26; c.39-46. MOVIMENTO V: c.91; c.95-104; c.108; c.110; c.245-246. MOVIMENTO I: c.12; c.14. c.15-17; c.65- 73;c.76; c.78-79; c.81; c.135-136; c.173-174; c.251-258. MOVIMENTO II: c.7; c.63-71. MOVIMENTO III: c.1-9; c.17-29; c.63- 69; c.105-108; c.121- 124; c.195; c.282-283; c.285-286; c.289-291; c.311-319. (CANÇÃO) c.6-7; 10-20; c.22-27; c.29-40; c.44; c.46-47; c.49-51. DANSA: c.80; c.89-90; c.92; c.94; c.96-100; c.102; c.115; c.119-124; c.129; c.131-132; c.135; c.137-139; c.163; c.171-172; c.175-176; c.182- 187; c.190-192; c.198-202; c.204; c.206-215. Quintas aums. MOVIMENTO V: c.109. Quintas dims. MOVIMENTO V: c.93. MOVIMENTO I: c.11. Sextas MOVIMENTO V: c.106; c.107; c.111-112. MOVIMENTO I: c.12-17. MOVIMENTO II: c.7. MOVIMENTO III: c.283- 284; c.286; c.289; c.311-319. CANÇÃO: c.7-8; c.15; c.45; c.47. DANSA: c.130- 131; c.135; c.195. Sétimas MOVIMENTO V: c.88, c.105; c.106; c.108; c.110. MOVIMENTO I: c.12-14; c.77; c.80; c.173. MOVIMENTO II: c.6. MOVIMENTO III: c.284; c.288; CANÇÃO: c.6; c.8; c.17; c.27-28; c.34; c.45-46; c.48. DANSA: c.133; c.157-161; c.163- 164; c.166-168; c.170; c.196-197. Nonas MOVIMENTO V: c.90; c.92; c.94; c.109. MOVIMENTO I: c.11; c.173. MOVIMENTO II: c.8. MOVIMENTO III: c.1-8; c.17-24; c.63-69; c.105-108; c.121-124; c.287; c.311-319. CANÇÃO: c.13-17; c.27; c.33-36. DANSA: c.124; c.134; c.177; c.182-183.
  • 45. 33