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Violência na escola: um protesto
              contra a exclusão social?
                                     Cristina Maria Teixeira Campello*




    O crescimento da violência nas escolas tem           crimes que assola as escolas públicas situadas em
suscitado as mais diversas opiniões sobre as             bairros pobres dos centros urbanos.
suas causas. No entanto, os estudos e pesquisas               Ainda segundo Caccia-Bava, o adolescente,
sobre o assunto referem-se, em sua maioria, à            oriundo de bairro pobre e violento, não raro vem de
violência nas escolas públicas, embora este seja         família desestruturada, com pais separados e, mui-
um fenômeno também observado nas escolas                 tas vezes, desempregados; no entanto, esses con-
particulares.                                            flitos não são levados em conta pelo conteúdo
    Baseando-se no livro de Michel Foucalt, Vigiar e     pedagógico. Por outro lado, a partir da quinta série
Punir, Áurea Maria Guimarães afirma que regula-          do ensino fundamental, os alunos nem sempre es-
mentos rígidos, controle, burocracia e padronização      tudam no bairro onde moram, ficando expostos a
de comportamentos dos alunos levam-nos à evasão          situações de risco, como pontos de tráfico de dro-
escolar e a uma crescente depredação da escola.          gas e de prostituição. Além disso, perdem o conta-
    Outros autores associam marginalidade – local        to com vínculos importantes, formados por amigos
onde a escola está inserida – com pobreza e depreda-     de infância, colegas de antigas escolas e, principal-
ção das escolas, responsabilizando os alunos pelo        mente, professores que serviram de referência ini-
que acontece nas escolas. Chamando-os de margi-          cial no processo de formação educacional.
nais e maloqueiros, esses autores deixam, geralmen-           No artigo “Violência nas Escolas”, Rudá Ricci
te, de analisar as causas estruturais da violência.      assegura que a violência juvenil é mais complexa
    Para o sociólogo Augusto Caccia-Bava1, se a vi-      do que pode parecer. Pesquisas demonstram que
olência estoura na porta das escolas é porque o          essa violência pode ser atribuída ao uso de drogas,
ensino continua alienado da realidade dos adoles-        muito mais do que ao desemprego. Para o autor,
centes. A educação formal está cada vez mais dis-        pessoa violenta é aquela que se desenvolve em
tante de oferecer aos alunos o conhecimento como         um ambiente de ódio coletivo (racismo, por exem-
parâmetro de reflexão. A escola tem um papel im-         plo), e que é exposta a situações de voracidade
portante no desenvolvimento de padrões pacíficos         (ânsia de poder, narcisismo).
de sociabilidade e de projeção para o futuro de               Este mesmo estudo revela que o crack, por ser
seus alunos.                                             uma droga compulsiva, parece gerar furtos e ou-
    Para esse sociólogo, fatores como pobreza, de-       tras infrações entre adolescentes. Pesquisa recém-
semprego, desestruturação da família e falta de          divulgada pela Universidade Federal de São Paulo
perspectiva de vida, quando desvinculados de polí-       indica que 28% dos estudantes de escola pública
ticas sociais eficazes, causam a banalização da vi-      utilizaram ou utilizam drogas. A pesquisa do Institu-
olência e acabam servindo para explicar a onda de        to Brasileiro de Pesquisa de Opinião-IBOPE, citada

28                                                     BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001
por Rudá Ricci mostra que o maior fator de consu- tas, (furto, ameaça e lesões); 6% em Candeias, (ar-
mo de drogas entre jovens é o sentimento de aban- rombamento, furto e roubo), Camaçari (dano, furto
dono familiar (35% dos usuários de drogas).             e roubo) e Cidade Baixa (agressão, furto, roubo,
    Estudos elaborados pela UNESCO, desde 1997, agressão); 5% em Lauro de Freitas (furto, ameaça
assinalam que quase dois mil brasileiros, com idade e dano); e 4% em Simões Filho (furto) e Cajazeiras
entre 15 e 29 anos, morreram vítimas da violência (furto e ameaça).
nas escolas e que, de cinco mil jovens, 60% revelam         Tendo como objetivo a prevenção da violência
já ter sofrido ao menos uma agressão.                   nas escolas consideradas mais violentas, esco-
    No artigo “Violência nas Escolas: Vamos colo- las do setor público, aliadas a organizações da
car a tranca depois da porta arrombada?”, Carva- sociedade civil e do setor privado, assim como a
lho Neves tece comentários sobre                                          organizações internacionais, es-
uma pesquisa realizada em 1500              Não se deve pensar            tão desenvolvendo projetos, vol-
escolas públicas do país, conclu-          somente em projetos            tados para a expressão corporal,
indo que os portões e as grades            de profissionalização,         a iniciação ao teatro e ao espor-
colocados nas escolas, transfor-            mas em políticas de           te, a capacitação para contar his-
mando-as em prisões, não resol-             ocupação do tempo             tórias a respeito da própria vida,
vem o problema, pois os índices               livre dos jovens,           o desenho e a fotografia, além de
de violência continuam crescendo.           sobretudo daqueles            outros visando à inserção da co-
No Rio de Janeiro e em São Pau-               pertencentes às             munidade nas escolas.
lo, alunos e professores vivem um              classes sociais                Gomes da Costa2 (2000) rela-
eterno clima de insegurança, li-                mais pobres.              ciona a violência nas escolas à
dando com traficantes, assaltan-                                          problemática social, propondo
tes a mão armada, quase sempre alunos menores ações que visem mudança na percepção que os
de idade protegidos pela lei. Essas gangs e gale- pais, as escolas e o governo têm dos adolescen-
ras intimidam os professores, obrigando-lhes a tes, oferecendo soluções efetivas para esta ques-
dar-lhes notas altas e a fazerem concessões des- tão. Em sua perspectiva, o adolescente deve ser
cabidas em um ambiente escolar.                         integrado como um dos agentes das ações e das
    Em São Paulo, um estudo compreendendo mais políticas, ou seja, como um dos reais praticantes
de 300 municípios indica que 72% das escolas pes- da cidadania. O autor assinala que a violência
quisadas sofreram alguma espécie de violência. Re- está relacionada à falta de uma política para a ju-
gistraram-se quase 30% de depredações; 19% de ventude.
brigas; 17% de pichações; 14% de arrombamentos;             Afirmando ser importante que os jovens pos-
8% de invasão de estranhos; 6% de furtos; 5% de sam atuar como protagonistas das atividades a
danificações a veículos; 3% de tráfico e consumo de eles destinadas, permitindo-lhes desenvolver um
drogas no interior das escolas; mais de 1% de uso projeto de vida, Gomes da Costa diz que não se
de armas pelos alunos, e outras ocorrências como deve pensar somente em projetos de profissionali-
explosão de bombas dentro das escolas, ameaça de zação, mas em políticas de ocupação do tempo li-
morte por traficantes, tiros contra o prédio escolar e vre dos jovens, sobretudo daqueles pertencentes
provocação de incêndio.                                 às classes sociais mais pobres, que ficam entre-
    Os dados estatísticos divulgados pela Secreta- gues a si mesmos.
ria de Segurança Pública do Estado da Bahia por             Para o autor, a ocupação do tempo livre deve sig-
bairro ou cidade, revelaram que nas escolas da nificar “educação para valores” e uma nova cultura
rede estadual de Salvador e região metropolitana, de “trabalhabilidade”, a fim de que o jovem possa
no período de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000, enxergar o mundo, conseguindo nele se inserir de
dos 50% de delitos observados nas escolas, 12% variadas maneiras. Além do emprego formal, o autor
ocorreram nos bairros situados na zona suburba- cita o trabalho associativo, o cooperativo e o auto-
na, onde houve um alto índice de furtos e uma emprego como algumas das muitas outras formas
ocorrência menor de arrombamentos; 7% em Bro- de acesso ao mercado de trabalho.


BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001                                       29
A família, a escola e os programas sociais têm         2. Educação para a PAZ – trabalhando a não-vio-
de apresentar, segundo Gomes da Costa, novas                  lência, em um seminário denominado “A Arte de
pautas para os jovens. Além disso, a escola deve              Viver em Paz”, esse projeto abrange a Escola e
estar capacitada para relacionar-se com a comuni-             a Família. Para implementá-lo, a Prefeitura con-
dade e com as famílias.                                       ta com a parceria da UNIPAZ.
     A Secretaria de Educação do Estado da Bahia           3. Projeto Bem-Me-Quer – visa à preservação da
vem desenvolvendo quatro projetos para ajudar a               escola, através da mobilização da comunidade
minorar a violência nas escolas. O primeiro deles             escolar, da família e dos moradores do bairro.
se refere à participação de escolas dos distritos da       4. Escola Música e Meio Ambiente – trata-se de
Barra, Rio Vermelho e da região itapagipana no                um festival de música realizado anualmente, no
Fórum da Violência. O segundo é o programa Res-               mês de setembro, durante a semana do meio-
gatando Valores na Escola, desenvolvido na Es-                ambiente. Dele participam todas as escolas de
cola Henriqueta Catarino. O terceiro, voltado para o          quinta a oitava série e todos os alunos de quarta
desenvolvimento da cidadania e da arte, é realiza-            série. No ano passado, 10 músicas foram sele-
do em parceria com o Movimento de Intercâmbio                 cionadas para a produção de um CD. Nessa
Artístico e Cultural pela Cidadania – MIAC e Centro           ação, a Prefeitura tem a parceira da Organiza-
de Referência Integral do Adolescente – CRIA3 , no            ção do Auxílio Fraterno-OAF.
município de Salvador e na região metropolitana.           5. Corrente de Vida SOS Energia – com o objeti-
    Discute-se também, na mesma Secretaria, a pos-            vo de prevenir o uso inadequado dos recursos
sibilidade de implementação do programa Abrindo               energéticos, a escola mobiliza os alunos para a
Espaços: Educação e Cultura da Paz, que a                     realização de um acompanhamento dos gastos
UNESCO está realizando com sucesso, em Recife                 com energia na comunidade. Os professores
e no Rio de Janeiro, visando à abertura de escolas            são capacitados para desenvolverem este pro-
nos fins de semana, como espaços alternativos                 jeto, através de uma parceria com a COELBA.
que possam atrair os jovens em situação de vulne-          6. Escola Entra em Cena – tendo como objetivo
rabilidade, colaborando para a reversão do quadro             sintonizar a escola coma as atividades culturais
de violência e construindo espaços de cidadania.              da cidade do Salvador, esse projeto desenvol-
Segundo a UNESCO, a estratégia nasceu da ob-                  ve-se em duas etapas: na primeira, os alunos
servação de experiências similares bem sucedidas,             são levados ao teatro e, na segunda, a escola
nos Estados Unidos, França, Espanha e outros pa-              cria suas próprias atividades culturais. O projeto
íses, nas quais o trabalho com jovens, nas dimen-             abrange, durante o ano letivo, todas as escolas
sões artísticas, culturais e esportivas, constituiu-se        da Prefeitura.
em uma excelente forma de prevenção da violên-
cia. O programa tem três focos: o jovem, a escola e            Alem desses projetos, o IRDEB/TVE e o Institu-
a comunidade.                                              to Anísio Teixeira – IAT gravaram o vídeo “Viver a
    A Secretaria Municipal de Educação do Município        Escola”, que consiste em um debate sobre drogas
de Salvador tem implementando diversas ações vi-           e violência nas escolas, do qual participaram o psi-
sando à PAZ nas escolas, destacando-se os pro-             quiatra Antonio Nery Filho, coordenador do CETAD
jetos:                                                     – Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Dro-
1. Prevenção da Violência – esse projeto, centrado         gas, a psicóloga Tânia Duplat, e os estudantes
    na adolescência, é realizado na Escola Ernesto         Luana Constantini e Miguel Ângelo Serra Dourado,
    Mourão Sá, e tem como objetivo ações educati-          da rede pública estadual.
    vas e a capacitação do professor, permitindo-              Por último, deve ser citada a Pesquisa Jovem e
    lhe lidar com o tema da violência na sala de           Violência na cidade de Salvador: construindo
    aula. Nesse projeto, os alunos desenvolvem             uma agenda social, coordenada pela Fundação
    pesquisa-ação com a comunidade. Como parcei-           Luís Eduardo Magalhães, UNESCO e SEPLANTEC/
    ro, a Prefeitura conta com o INPAZ – Instituto         Coordenação de Políticas Sociais e Superintendên-
    Nacional de Educação para a Paz.                       cia de Estudos Econômicos e Sociais – SEI, consti-

30                                                       BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001
tuindo-se na elaboração de diversos estudos tendo                     Notas
como objetivo traçar o perfil dos jovens de Salvador;
fazer o levantamento dos projetos do setor público                    1   Augusto Caccia-Bava é professor do Departamento de Socio-
voltados para os jovens; realizar oficinas com a fina-                    logia da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade
lidade de elaborar proposições destinadas à cons-                         Estadual Paulista – UNESP, em Araraquara.

trução de uma política social para os jovens de
                                                                      2   Antônio Carlos Gomes da Costa é consultor da Comissão
Salvador. Todas essas ações têm o intuito de preve-                       dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas
nir a violência, combater a pobreza e a exclusão so-                      – ONU.
cial.
                                                                      3   Movimento de Intercâmbio Artístico Cultural pela Cidadania/
    Como produto principal dessa pesquisa, cita-se a
                                                                          Centro de Referência Integral de Adolescentes – CRIA.
Agenda Social para a Juventude de Salvador, na
faixa etária de 14 a 24 anos, que contou com a par-
                                                                                        *Cristina Maria Teixeira Campello é Socióloga
ticipação dos setores público, privado, organizações                                e Técnica da Fundação Luiz Eduardo Magalhães.
da sociedade civil e grupos de jovens. Os participan-
tes discutiram, dentre outros, problemas relaciona-
dos com a ineficiência e a desarticulação da gestão
social dos proje tos implantados, e com a má quali-
dade do ensino e do sistema educacional; este foi
indicado como deficiente para responder às neces-
sidades de inserção social e econômica dos jovens.
Em relação às propostas de intervenção, os partici-
pantes da Agenda Social mostraram a necessidade
de implantação de novas práticas pedagógicas, as-
sim como da participação da família e da comunidade
no espaço da escola, e a necessidade de melhoria
dos espaços escolares existentes.
      Evidentemente, não foram citados todos os
projetos implantados nas escolas públicas de Sal-
vador, com o objetivo de combater a violência.
Considera-se, entretanto, que embora todas essas
ações sejam importantes para lidar com essa pro-
blemática, somente reduzindo-se as desigualdades
sociais e implantando-se programas nacionais de
combate à pobreza, poder-se-á amenizar a situa-
ção de violência e a ausência de coesão social.
    A violência na escola, produto da exclusão soci-
al, não será resolvida com policiamento, nem com
políticas compensatórias, mas com políticas sociais
redistributivas, nas quais o caráter muldimensional
da pobreza seja levado em consideração. Somente
dessa forma será possível alcançar o bem-estar ma-
terial e o bem-estar psicológico, necessários para a
construção de uma sociedade justa e equilibrada.




BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001                                                               31

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Violência na escola: protesto contra exclusão social

  • 1. Violência na escola: um protesto contra a exclusão social? Cristina Maria Teixeira Campello* O crescimento da violência nas escolas tem crimes que assola as escolas públicas situadas em suscitado as mais diversas opiniões sobre as bairros pobres dos centros urbanos. suas causas. No entanto, os estudos e pesquisas Ainda segundo Caccia-Bava, o adolescente, sobre o assunto referem-se, em sua maioria, à oriundo de bairro pobre e violento, não raro vem de violência nas escolas públicas, embora este seja família desestruturada, com pais separados e, mui- um fenômeno também observado nas escolas tas vezes, desempregados; no entanto, esses con- particulares. flitos não são levados em conta pelo conteúdo Baseando-se no livro de Michel Foucalt, Vigiar e pedagógico. Por outro lado, a partir da quinta série Punir, Áurea Maria Guimarães afirma que regula- do ensino fundamental, os alunos nem sempre es- mentos rígidos, controle, burocracia e padronização tudam no bairro onde moram, ficando expostos a de comportamentos dos alunos levam-nos à evasão situações de risco, como pontos de tráfico de dro- escolar e a uma crescente depredação da escola. gas e de prostituição. Além disso, perdem o conta- Outros autores associam marginalidade – local to com vínculos importantes, formados por amigos onde a escola está inserida – com pobreza e depreda- de infância, colegas de antigas escolas e, principal- ção das escolas, responsabilizando os alunos pelo mente, professores que serviram de referência ini- que acontece nas escolas. Chamando-os de margi- cial no processo de formação educacional. nais e maloqueiros, esses autores deixam, geralmen- No artigo “Violência nas Escolas”, Rudá Ricci te, de analisar as causas estruturais da violência. assegura que a violência juvenil é mais complexa Para o sociólogo Augusto Caccia-Bava1, se a vi- do que pode parecer. Pesquisas demonstram que olência estoura na porta das escolas é porque o essa violência pode ser atribuída ao uso de drogas, ensino continua alienado da realidade dos adoles- muito mais do que ao desemprego. Para o autor, centes. A educação formal está cada vez mais dis- pessoa violenta é aquela que se desenvolve em tante de oferecer aos alunos o conhecimento como um ambiente de ódio coletivo (racismo, por exem- parâmetro de reflexão. A escola tem um papel im- plo), e que é exposta a situações de voracidade portante no desenvolvimento de padrões pacíficos (ânsia de poder, narcisismo). de sociabilidade e de projeção para o futuro de Este mesmo estudo revela que o crack, por ser seus alunos. uma droga compulsiva, parece gerar furtos e ou- Para esse sociólogo, fatores como pobreza, de- tras infrações entre adolescentes. Pesquisa recém- semprego, desestruturação da família e falta de divulgada pela Universidade Federal de São Paulo perspectiva de vida, quando desvinculados de polí- indica que 28% dos estudantes de escola pública ticas sociais eficazes, causam a banalização da vi- utilizaram ou utilizam drogas. A pesquisa do Institu- olência e acabam servindo para explicar a onda de to Brasileiro de Pesquisa de Opinião-IBOPE, citada 28 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001
  • 2. por Rudá Ricci mostra que o maior fator de consu- tas, (furto, ameaça e lesões); 6% em Candeias, (ar- mo de drogas entre jovens é o sentimento de aban- rombamento, furto e roubo), Camaçari (dano, furto dono familiar (35% dos usuários de drogas). e roubo) e Cidade Baixa (agressão, furto, roubo, Estudos elaborados pela UNESCO, desde 1997, agressão); 5% em Lauro de Freitas (furto, ameaça assinalam que quase dois mil brasileiros, com idade e dano); e 4% em Simões Filho (furto) e Cajazeiras entre 15 e 29 anos, morreram vítimas da violência (furto e ameaça). nas escolas e que, de cinco mil jovens, 60% revelam Tendo como objetivo a prevenção da violência já ter sofrido ao menos uma agressão. nas escolas consideradas mais violentas, esco- No artigo “Violência nas Escolas: Vamos colo- las do setor público, aliadas a organizações da car a tranca depois da porta arrombada?”, Carva- sociedade civil e do setor privado, assim como a lho Neves tece comentários sobre organizações internacionais, es- uma pesquisa realizada em 1500 Não se deve pensar tão desenvolvendo projetos, vol- escolas públicas do país, conclu- somente em projetos tados para a expressão corporal, indo que os portões e as grades de profissionalização, a iniciação ao teatro e ao espor- colocados nas escolas, transfor- mas em políticas de te, a capacitação para contar his- mando-as em prisões, não resol- ocupação do tempo tórias a respeito da própria vida, vem o problema, pois os índices livre dos jovens, o desenho e a fotografia, além de de violência continuam crescendo. sobretudo daqueles outros visando à inserção da co- No Rio de Janeiro e em São Pau- pertencentes às munidade nas escolas. lo, alunos e professores vivem um classes sociais Gomes da Costa2 (2000) rela- eterno clima de insegurança, li- mais pobres. ciona a violência nas escolas à dando com traficantes, assaltan- problemática social, propondo tes a mão armada, quase sempre alunos menores ações que visem mudança na percepção que os de idade protegidos pela lei. Essas gangs e gale- pais, as escolas e o governo têm dos adolescen- ras intimidam os professores, obrigando-lhes a tes, oferecendo soluções efetivas para esta ques- dar-lhes notas altas e a fazerem concessões des- tão. Em sua perspectiva, o adolescente deve ser cabidas em um ambiente escolar. integrado como um dos agentes das ações e das Em São Paulo, um estudo compreendendo mais políticas, ou seja, como um dos reais praticantes de 300 municípios indica que 72% das escolas pes- da cidadania. O autor assinala que a violência quisadas sofreram alguma espécie de violência. Re- está relacionada à falta de uma política para a ju- gistraram-se quase 30% de depredações; 19% de ventude. brigas; 17% de pichações; 14% de arrombamentos; Afirmando ser importante que os jovens pos- 8% de invasão de estranhos; 6% de furtos; 5% de sam atuar como protagonistas das atividades a danificações a veículos; 3% de tráfico e consumo de eles destinadas, permitindo-lhes desenvolver um drogas no interior das escolas; mais de 1% de uso projeto de vida, Gomes da Costa diz que não se de armas pelos alunos, e outras ocorrências como deve pensar somente em projetos de profissionali- explosão de bombas dentro das escolas, ameaça de zação, mas em políticas de ocupação do tempo li- morte por traficantes, tiros contra o prédio escolar e vre dos jovens, sobretudo daqueles pertencentes provocação de incêndio. às classes sociais mais pobres, que ficam entre- Os dados estatísticos divulgados pela Secreta- gues a si mesmos. ria de Segurança Pública do Estado da Bahia por Para o autor, a ocupação do tempo livre deve sig- bairro ou cidade, revelaram que nas escolas da nificar “educação para valores” e uma nova cultura rede estadual de Salvador e região metropolitana, de “trabalhabilidade”, a fim de que o jovem possa no período de janeiro de 1999 a fevereiro de 2000, enxergar o mundo, conseguindo nele se inserir de dos 50% de delitos observados nas escolas, 12% variadas maneiras. Além do emprego formal, o autor ocorreram nos bairros situados na zona suburba- cita o trabalho associativo, o cooperativo e o auto- na, onde houve um alto índice de furtos e uma emprego como algumas das muitas outras formas ocorrência menor de arrombamentos; 7% em Bro- de acesso ao mercado de trabalho. BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001 29
  • 3. A família, a escola e os programas sociais têm 2. Educação para a PAZ – trabalhando a não-vio- de apresentar, segundo Gomes da Costa, novas lência, em um seminário denominado “A Arte de pautas para os jovens. Além disso, a escola deve Viver em Paz”, esse projeto abrange a Escola e estar capacitada para relacionar-se com a comuni- a Família. Para implementá-lo, a Prefeitura con- dade e com as famílias. ta com a parceria da UNIPAZ. A Secretaria de Educação do Estado da Bahia 3. Projeto Bem-Me-Quer – visa à preservação da vem desenvolvendo quatro projetos para ajudar a escola, através da mobilização da comunidade minorar a violência nas escolas. O primeiro deles escolar, da família e dos moradores do bairro. se refere à participação de escolas dos distritos da 4. Escola Música e Meio Ambiente – trata-se de Barra, Rio Vermelho e da região itapagipana no um festival de música realizado anualmente, no Fórum da Violência. O segundo é o programa Res- mês de setembro, durante a semana do meio- gatando Valores na Escola, desenvolvido na Es- ambiente. Dele participam todas as escolas de cola Henriqueta Catarino. O terceiro, voltado para o quinta a oitava série e todos os alunos de quarta desenvolvimento da cidadania e da arte, é realiza- série. No ano passado, 10 músicas foram sele- do em parceria com o Movimento de Intercâmbio cionadas para a produção de um CD. Nessa Artístico e Cultural pela Cidadania – MIAC e Centro ação, a Prefeitura tem a parceira da Organiza- de Referência Integral do Adolescente – CRIA3 , no ção do Auxílio Fraterno-OAF. município de Salvador e na região metropolitana. 5. Corrente de Vida SOS Energia – com o objeti- Discute-se também, na mesma Secretaria, a pos- vo de prevenir o uso inadequado dos recursos sibilidade de implementação do programa Abrindo energéticos, a escola mobiliza os alunos para a Espaços: Educação e Cultura da Paz, que a realização de um acompanhamento dos gastos UNESCO está realizando com sucesso, em Recife com energia na comunidade. Os professores e no Rio de Janeiro, visando à abertura de escolas são capacitados para desenvolverem este pro- nos fins de semana, como espaços alternativos jeto, através de uma parceria com a COELBA. que possam atrair os jovens em situação de vulne- 6. Escola Entra em Cena – tendo como objetivo rabilidade, colaborando para a reversão do quadro sintonizar a escola coma as atividades culturais de violência e construindo espaços de cidadania. da cidade do Salvador, esse projeto desenvol- Segundo a UNESCO, a estratégia nasceu da ob- ve-se em duas etapas: na primeira, os alunos servação de experiências similares bem sucedidas, são levados ao teatro e, na segunda, a escola nos Estados Unidos, França, Espanha e outros pa- cria suas próprias atividades culturais. O projeto íses, nas quais o trabalho com jovens, nas dimen- abrange, durante o ano letivo, todas as escolas sões artísticas, culturais e esportivas, constituiu-se da Prefeitura. em uma excelente forma de prevenção da violên- cia. O programa tem três focos: o jovem, a escola e Alem desses projetos, o IRDEB/TVE e o Institu- a comunidade. to Anísio Teixeira – IAT gravaram o vídeo “Viver a A Secretaria Municipal de Educação do Município Escola”, que consiste em um debate sobre drogas de Salvador tem implementando diversas ações vi- e violência nas escolas, do qual participaram o psi- sando à PAZ nas escolas, destacando-se os pro- quiatra Antonio Nery Filho, coordenador do CETAD jetos: – Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Dro- 1. Prevenção da Violência – esse projeto, centrado gas, a psicóloga Tânia Duplat, e os estudantes na adolescência, é realizado na Escola Ernesto Luana Constantini e Miguel Ângelo Serra Dourado, Mourão Sá, e tem como objetivo ações educati- da rede pública estadual. vas e a capacitação do professor, permitindo- Por último, deve ser citada a Pesquisa Jovem e lhe lidar com o tema da violência na sala de Violência na cidade de Salvador: construindo aula. Nesse projeto, os alunos desenvolvem uma agenda social, coordenada pela Fundação pesquisa-ação com a comunidade. Como parcei- Luís Eduardo Magalhães, UNESCO e SEPLANTEC/ ro, a Prefeitura conta com o INPAZ – Instituto Coordenação de Políticas Sociais e Superintendên- Nacional de Educação para a Paz. cia de Estudos Econômicos e Sociais – SEI, consti- 30 BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001
  • 4. tuindo-se na elaboração de diversos estudos tendo Notas como objetivo traçar o perfil dos jovens de Salvador; fazer o levantamento dos projetos do setor público 1 Augusto Caccia-Bava é professor do Departamento de Socio- voltados para os jovens; realizar oficinas com a fina- logia da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade lidade de elaborar proposições destinadas à cons- Estadual Paulista – UNESP, em Araraquara. trução de uma política social para os jovens de 2 Antônio Carlos Gomes da Costa é consultor da Comissão Salvador. Todas essas ações têm o intuito de preve- dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas nir a violência, combater a pobreza e a exclusão so- – ONU. cial. 3 Movimento de Intercâmbio Artístico Cultural pela Cidadania/ Como produto principal dessa pesquisa, cita-se a Centro de Referência Integral de Adolescentes – CRIA. Agenda Social para a Juventude de Salvador, na faixa etária de 14 a 24 anos, que contou com a par- *Cristina Maria Teixeira Campello é Socióloga ticipação dos setores público, privado, organizações e Técnica da Fundação Luiz Eduardo Magalhães. da sociedade civil e grupos de jovens. Os participan- tes discutiram, dentre outros, problemas relaciona- dos com a ineficiência e a desarticulação da gestão social dos proje tos implantados, e com a má quali- dade do ensino e do sistema educacional; este foi indicado como deficiente para responder às neces- sidades de inserção social e econômica dos jovens. Em relação às propostas de intervenção, os partici- pantes da Agenda Social mostraram a necessidade de implantação de novas práticas pedagógicas, as- sim como da participação da família e da comunidade no espaço da escola, e a necessidade de melhoria dos espaços escolares existentes. Evidentemente, não foram citados todos os projetos implantados nas escolas públicas de Sal- vador, com o objetivo de combater a violência. Considera-se, entretanto, que embora todas essas ações sejam importantes para lidar com essa pro- blemática, somente reduzindo-se as desigualdades sociais e implantando-se programas nacionais de combate à pobreza, poder-se-á amenizar a situa- ção de violência e a ausência de coesão social. A violência na escola, produto da exclusão soci- al, não será resolvida com policiamento, nem com políticas compensatórias, mas com políticas sociais redistributivas, nas quais o caráter muldimensional da pobreza seja levado em consideração. Somente dessa forma será possível alcançar o bem-estar ma- terial e o bem-estar psicológico, necessários para a construção de uma sociedade justa e equilibrada. BAHIA ANÁLISE & DADOS Salvador - BA SEI v.11 n.1 p.28-31 Junho 2001 31