1. Texto: O medo das fronteiras Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro Música: tema do filme “Dança com lobos”
2. Às vezes quando olhamos a vastidão do mundo, temos medo de ir até a linha do horizonte mais próximo e atravessar a fronteira.
3. Invejamos Colombo, os astronautas, aqueles homens audazes que diziam: navegar é preciso, viver, não é preciso. Mas a imensidão nos amedronta e acovarda.
4. E assim vamos deixando que o medo de sofrer nos roube as conquistas, as emoções, as descobertas, o espírito desbravador de bandeirantes e de poetas que teima em nos acompanhar.
5. É assim que matamos o guerreiro cujo destino seria a conquista de mundos desconhecidos; mundos cheios de mistérios, de gelo, fogo, terra e ar.
6. Montanhas sempre haverão em nossa jornada. Mas é preciso despertar o alpinista, o navegador, o caçador de estrelas, o batedor, o ladrão de “cuidados”, existente dentro de cada um e que o torna aventureiro.
7. É da natureza de todo homem querer saber o que há no final de cada reta, depois de cada curva, além de cada horizonte.
8. O Espírito tem sede de liberdade e não há grades, cercas, algemas nem feitores que o prendam por muito tempo. A conquista de si mesmo é o seu destino.
9. Cada pessoa traz o seu medo particular. Existe sempre uma fronteira que a inibe. Alguns têm medo da fronteira entre o corpo e a alma; outros, da fronteira entre Deus e o Espírito; terceiros , mais frágeis, temem até a fronteira entre o céu e o mar.
10. Tais pessoas não entendem que o medo é uma fronteira entre a coragem e a conquista; entre a cadeia e a liberdade, a ignorância e a grandiosidade. A primeira fronteira que o ser humano deve transpor.
11. A linha da qual as pessoas mais se escondem separa suas aparências de suas essências. “ Conhecer a si mesmo” é a fronteira mais próxima, mas, também, a mais temida.
12. O homem, em sua caminhada, sempre teve o medo como um guia: medo do escuro, dos Espíritos, dos elementos, de Deus e até de si mesmo, pois não se domina.
13. Um pouco de medo faz parte do instinto de conservação. Mas não falo desse medo saudável e benéfico.
14. Falo do medo que paralisa as iniciativas; que faz gelar o sangue quando precisamos enfrentar um inimigo; que nos esconde embaixo de um cobertor e nos deixa tremendo diante de um grito de alerta.
15. Do medo de ir em frente, de olhar no olho do furacão, de se doar, de ser humilde, de ser grande. Há tantas fronteiras na alma que nem sei quais citar.
16. Existem lições simples que ajudam a vencer o medo: quando o homem está satisfeito com sua grandeza começa a se tornar pequeno.