A história descreve a difícil viagem de imigração de uma mulher e sua mãe fugindo de sua terra natal. Elas viajaram em um trem lotado e cheio até o porto, onde embarcaram em um navio superlotado e insalubre com centenas de outros imigrantes. A viagem no navio era desumana, com falta de comida, água e higiene, e pessoas morrendo diariamente de doenças.
3. Folhas de
OUTONO O futuro era incerto, e assim
como qualquer pessoa, estávamos com
medo do desconhecido, mas a esperança
que brotava em nossos sofridos corações
supria facilmente esse sentimento de
medo.
4. Folhas de
OUTONO O trem atravessava uma enorme
planície, que parecia não ter fim, a viagem
era longa e desconfortável, dezenas de
pessoas aglomeradas em um único
espaço, um vagão de apenas 134m³, o
calor e o abafamento era insuportável,
mas era a única forma de chegarmos até
Litlle Village a tempo de embarcarmos no
navio de imigração.
5. Folhas de
OUTONO Confesso que talvez tenha
confiado de mais em um insignificante
panfleto, aliás, apostei todas as minhas
esperanças em um pedaço de papel,
talvez isto tenha sido fruto de minha
ingenuidade.
Continuamos nossa viagem, o
tempo parecia não passar, fruto da
ansiedade. O Céu então é tomado por
densas nuvens negras, não demora
muito, e começa a nevar, aquele inverno
seria um dos mais rigorosos dos últimos
anos.
6. Folhas de
OUTONO Depois de algumas horas,
finalmente o trem chega até a ferroviária
de Litlle Village, as pessoas lutam entre si
para deixaram o trem, não demora muito
e um grande tumulto se forma ao nosso
redor. Nunca havíamos viajado, também,
nem tínhamos condições para realizar tal
coisa, então, aquela situação era tão
estranha para agente, realmente não
sabíamos o que fazer.
7. Folhas de
OUTONO Depois de conseguirmos sair do
tumultuoso vagão, corremos rumo ao
porto, pois faltavam apenas 15 minutos
para as 17h00.
A nevasca se intensifica, o vento
frio soprava em nossos rostos, a neve
prendia nossos pés ao chão, dificultando
nosso caminhar.
Depois de uma intensa
caminhada, finalmente chegamos até o
porto, os tamanhos dos navios e até
mesmos as pequenas canoas para pesca
nos encantava, era algo novo para nós.
8. Folhas de
OUTONO Ao fim do porto, havia um
grande navio, sua entrada era zelada por
uma grande homem, forte e robusto, a
que todos chamavam de touro, eles
atendiam as pessoas que estavam em
uma enorme fila, para adentrar e seguir
viagem.
Eu e minha mãe então nos
dirigimos até o final da imensa fila, e após
vários minutos de espera, somos
finalmente atendidas. O homem faz
algumas perguntas e logo após respondê-
las, podemos finalmente embarcar.
9. Folhas de
OUTONO Após adentrarmos, o robusto
homem que nos atendeu, grita para seu
companheiro “despacha!” e logo o navio é
levado pelo mar, começando assim, a
viagem.
10. Folhas de
OUTONO O navio era precário, nada
parecido com o luxuoso navio do panfleto
que havia encontrado. Há centenas de
pessoas, homens, mulheres, crianças,
velhos, pessoas de todos os tipos, vindas
dos mais diversificados lugares. Não
havia entrada de ar, apenas pequenos
furinhos, me sentia como um pássaro
preso em uma caixa de sapato. Não havia
banheiro, nem alimento, muito menos
água, não tínhamos como nos higienizar,
não havia banheiros, as pessoas
urinavam e defecavam no próprio chão,
era um lugar realmente imundo.
11. Folhas de
OUTONO Não tinha duvidas que havíamos
sido enganadas, nos tornamos vitimas do
trafico humano, mas não podíamos fazer
nada, estávamos isoladas em meio ao
mar, com pessoas desconhecidas, sem
saber para onde iríamos, ou se
chegaríamos vivas até lá.
O destino é realmente incrível,
estávamos destinadas ao sofrimento, e
quando achávamos que íamos nos safar,
o mesmo prega uma nova peça, nos
destinando novamente ao sofrimento.
12. Folhas de
OUTONO Pessoas morriam de doenças
todos os dias, haviam cadáveres em meio
a nós em alto estado de decomposição,
os ratos andavam em meio a nossos pés,
pessoas contagiavam outras com
doenças que haviam pegado antes de
embarcarem, algo realmente desumano.
13. Folhas de
OUTONO Onde iríamos parar? O que será
de nós? Era o que perguntava a mim
mesma, já havia perdido a fé e a
esperança em Deus, por que ele estava
fazendo aquilo conosco? Já não
havíamos sofrido o suficiente? Era o que
questionava a mim mesma, nunca
encontrando uma resposta adequada