Este documento discute a educação bilíngue para surdos em três frases:
1) Defende que as crianças surdas têm o direito de aprender em língua de sinais e português como segunda língua.
2) Explica que a língua de sinais é a primeira língua natural para crianças surdas, enquanto o português é aprendido formalmente.
3) Propõe um modelo educacional bilíngue que valoriza ambas as línguas no desenvolvimento cognitivo, social e cultural das crianças surdas.
4. Pauta de trabalho
A situação bilíngue dos surdos
O surdo e a aquisição da linguagem
O papel da língua materna/natural no
desenvolvimento da pessoa surda.
O direito de ser bilíngue
Proposta educacional bilíngue
Os diferentes contextos da Educação bilíngue no
Brasil
O desafio da inclusão
6. Quando falamos de bilínguismo no campo da
educação de surdos, estamos nos referindo à
existência de duas línguas no ambiente do
surdo
e estamos, ao mesmo tempo, reconhecendo
que os surdos vivem em uma situação
bilíngüe.
• L1- Língua natural - libras
• L2- Língua oficial do país – L. Portuguesa
7. Por que o português é considerado uma
segunda língua para os surdos se eles
nasceram no Brasil?
8. A primeira língua da criança, em termos
psicolingüísticos, é sempre uma Língua
Natural.
Língua Natural: é aquela aprendida sem
barreiras de qualquer ordem para sua
aquisição, são aprendidas naturalmente,
bastando estar em contato com as pessoas
que a utilizam.
9. – Para crianças ouvintes: línguas orais-auditivas.
– Para crianças surdas: línguas de modalidade
visual-espacial.
Diferença na modalidade de recepção e produção
de L1 e L2
10. L1 DIFERENÇAS ENTRE L1 E L2
L2
L1 L2
•Aquisição espontânea; •Aquisição formal,
•Ambiente natural; ambiente artificial;
•É adquirida não •Requer
aprendida; metodologias de
•A aquisição é essencial ensino, pois é
aprendida;
•A aquisição é
opcional
11. Em função da perda auditiva as crianças surdas
não se apropriam de maneira natural das
linguas de modalidade oral-auditiva.
há um impedimento biológico para a
aquisição da L. portuguesa pelos surdos
12. A aprendizagem da Língua Portuguesa pela
criança surda ocorrerá em um processo
formal com metodologias específicas e
professores especializados.
– L1 – Língua natural ou materna.
– L2 – Língua Portuguesa: oral, escrita.
14. Crianças ouvintes:
– Desde o nascimento, recebem informações
interagindo em sua língua materna/natural na
família e em outros espaços de formação.
– A língua materna/natural lhes permite:
• Ter acesso às mais variadas informações;
• A construir hipóteses, categorizações,
generalizações e conhecimento sobre o
mundo;
• Desenvolver juízos de valor;
• Permite sua identificação cultural com seu
grupos de referência.
15. Crianças surdas – pais ouvintes:
• Interações limitadas à poucos gestos
naturais, que reduzem enormemente as
trocas simbólicas com o meio.
• O conhecimento sobre o mundo e as
operações cognitivas que se estabelecem são
limitadas, já que não são significados e
mediados por uma língua.
• O sentimento de identificação com seus
pares, tão necessários ao fortalecimento de
sua identidade surda, é inexistente,
originando problemas emocionais.
16. A situação de carência de estímulos para o
desenvolvimento da linguagem, acarretam
problemas:
• Na formação e interiorização de conceitos,
abstração, raciocínio hipotético-dedutivo, entre
outras funções psicológicas mediadas pela
linguagem.
“É imenso o abismo que separa o universo de
vivências e representações entre uma criança
ouvinte e uma surda, sendo a criança surda filha
de pais ouvintes, para qual não foi oportunizado o
acesso precoce a uma língua natural”
17. • Crianças surdas – pais surdos:
– Interações significativas com a L.S.;
– Desenvolvimento lingüístico e cognitivos
seguindo as mesmas etapas com a mesma
qualidade das crianças ouvintes.
18. ASSIM…
Pais ouvintes de crianças surdas devem
aprender o quando antes, e da melhor
maneira possível a língua dos sinais, que
lhes permitirá comunicar-se com seu filho,
ofertando-lhe um ambiente lingüístico
favorável à comunicação.
20. Período pré -linguístico
balbucio: balbucio manual e oral até por volta de 6 m
Balbucio manual: 14m
Gesticulação
(Não apresent a organização interna)
Balbucio quirológico
( combinações que fazem parte do sistema articulatório da LS.)
21. • Bebês surdos e ouvintes realizam balbucio oral e
manual
• Em um determinado estágio desenvolvem o
balbucio em apenas uma das modalidades.
22. As semelhanças encontradas nas duas formas de
balbuciar sugerem haver no ser humano uma
capacidade linguística que sustenta a
aquisição da linguagem
independente da modalidade da língua
oral-auditiva ou espacial-visual
23. Período Linguístico
Estágio de um sinal – 12m a 2a
• Crianças surdas produzem as primeiras palavras
entre o 5 a 7 m.
• Começam a nomear as coisas
• Aprendem a relacionar o sinal com os objetos
• Articulam os sinais com erros nos parâmetros
• Os sinais não são flexionados – formas congeladas
• Não fazem uso dos dispositivos indicativos em LS
24. Período Linguístico
Estágio das primeiras combinações 2 a
• forma sentenças simples usando a ordem sv,vo ou
svo.
• começa a usar o sistema pronominal, mas de
forma inconsistente (omissão)
• apresenta erros de reversão pronominal ( eu e
você)
• usa verbos sem flexionar
25. Estágio das Multiplas combinações:
3 anos
• Explosão de vocabulário
• Diferencia nome de verbos
• Empilha os referentes não presentes em um único
lugar no espaço.
• Usa flexão verbal generalizada, como se todos
pertencessem a classe dos dos verbos direcionais
26. Estágio das Multiplas combinações:
4 anos
• A concordancia verbal ainda não é utilizada corretamente
• Deixam de empilhar os referentes não presentes em um
único ponto , porém, pode estabelecer mais de um ponto no
espaço para o mesmo referente.
5 anos
• Dominio completo dos recursos morfologicos da lingua
• Uso do verbo flexionado de forma adequada
• Coloca e mantem um ponto no espaço para referentes não
presentes.
27. Pode-se concluir então…
Que o sistema de aquisisão das Língua de
Sinais
são semelhantes ao sistema de aquisição das
línguas orais
28. O papel da Linguagem no
desenvolvimento da criança surda
29. O papel da Linguagem no desenvolvimento da
criança surda
1. Comunicar-se com seus pais e familiares o
mais cedo possível através da linguagem
ocorre grande parte do estabelecimento de
vínculos afetivos entre crianças/pais.
2. Desenvolver suas capacidades cognitivas
durante a infância.
3. Adquirir conhecimento sobre o mundo.
4. Comunicar-se integralmente com o mundo
circundante.
5. Pertencer culturalmente a dois mundos.
30. • Segundo Vygotsky:
– O desenvolvimento das funções psicológicas
superiores, não é algo que ocorre
“naturalmente” – requer mediação cultura e um
instrumento cultural. E o mais importante
desses instrumentos culturais é a língua.
– Na educação dos surdos o instrumento cultural
alternativo é a L.S. – uma língua que foi criada
para e por eles.
– Educar os surdos na L.S. é respeitar sua
diferença sua singularidade favorecendo seu
desenvolvimento educacional, cognitivo e social.
32. A criança surda e o direito de
crescer bilingüe
• Se a L.S é uma língua natural adquirida de
forma espontânea pela pessoa surda em
contato com pessoas que usam essa língua
e se a língua oral é adquirida de forma
sistematizada, então as pessoas surdas
tem o direito de ser ensinadas nas línguas
de sinais.
33. • Em nosso país, uma política lingüística
para a língua brasileira de sinais começa a
ser instaurada por meio legal.
• A lei 10.436 de 2002 reconhece o estatuto
lingüístico da L.S e, ao mesmo tempo,
assinala que esta não pode substituir o
português.
34. • Recomendação atual do MEC/SEESP –
Constituição Federal – determina-se o uso
da língua portuguesa nas relações sociais,
culturais, econômicas, jurídica e nas
instituições de ensino.
• Sendo surdos cidadãos brasileiros tem o
direito de utilizar esta língua oficial tão
importante para o exercício de sua
cidadania.
35. • O decreto 5626/2005 assinala que a
Educação dos surdos no Brasil deve ser
bilíngüe, garantindo o acesso à Educação
por meio da L.S e o ensino da língua
portuguesa como segunda língua.
36. Dec. 5626/05 - Dispõe ainda sobre:
• A inclusão da libras como disciplina
curricular;
• A formação de professores de libras e
instrutores de libras;
• O uso e a difusão da L.S e da L.P para
acesso das pessoas surdas à educação;
• A formação do tradutor interprete de
libras-língua portuguesa;
• A garantia e o direito á educação das
pessoas surdas …
37. • A necessidade psicolingüística de uma
proposta bilíngüe está relacionada a
concepção da gramática universal
(CHOMSKY).
• Se há um dispositivo de aquisição comum
a todos ser humanos que precisa ser
acionado mediante a experiência lingüística
positiva, a criança surda deve ter acesso a
LIBRAS o quanto antes para acionar de
forma natural esse dispositivo.
38. • SKUTNABB – KANGAS (1994) afirmam que
o nível ótimo de bilingüísmo deve ser o
objeto educacional sobre direitos humanos
lingüísticos. Tais direitos devem garantir:
b) Que todos os seres humanos têm direito de
identificarem-se com uma língua materna e de
serem aceitos e respeitados por isso;
d) Que todos tem o direito de aprender a língua
materna completamente, nas suas formas oral
(quando fisiologicamente possível) e escrita;
39. – Que todos tem o direito de usar a sua língua
materna em todas as situações oficiais
(inclusive na escola);
– Que qualquer mudança que ocorra na língua
materna seja voluntária e nunca imposta;
– Que todos os usuários de uma língua materna
não oficial em um país tem o direito de serem
bilíngües.
40. Garantindo cada um desses direitos
as crianças surdas brasileiras, ter-se-
á o delineamento de uma proposta
bilíngüe.
42. Proposta Educacional Bilingüe
• O bilingüismo: língua oral/língua de sinais é a
única via através da qual a criança surda poderá
ser atendida em suas necessidades.
• Que tipo de bilingüismo:
– Língua de Sinais-Língua Portuguesa: oral / escrita
Simultâneo ou sucessivo
43. Em cada criança as duas línguas exercerão
papéis diferentes:
• Em algumas predominará a língua de sinais;
• Em outras predominará a língua oral;
• Em outras haverá um certo equilíbrio em
identificar ambas as línguas.
Podemos encontrar então, diferentes níveis
de bilingüismo e biculturalismo.
Bicultural: significa identificar-se culturalmente
com duas comunidades lingüísticas.
44. O papel das Línguas na
Educação Bilíngüe
• Língua de Sinais:
– Desempenha um papel importante no
desenvolvimento cognitivo e social da criança
surda e permite a aquisição de conhecimento
sobre o mundo;
– Permite à criança surda um desenvolvimento
de sua identificação com o mundo surdo;
– Facilita a aquisição da língua, seja na
modalidade escrita ou falada.
45. • Língua Oral:
– A língua oral, principalmente na sua
modalidade escrita será um meio importante
para a aquisição de conhecimentos;
– Permite à criança surda a possibilidade de
comunicação com ouvintes que não utilizam a
L.S.;
– Oportuniza maior possibilidade de êxito
acadêmico e sucesso profissional.
46. – A criança nasce imersa em relações sociais que se
dão na linguagem;
– Na criança surda esta imersão se torna restrita ou
impossível, por depender de recursos da audição;
– Os problemas tradicionais apontados como
característicos da pessoa surda são produzidos por
condições sociais.
47. Não há limitações cognitivas ou afetivas inerentes à
surdez, tudo depende das possibilidades oferecidas
pelo grupo social para o seu desenvolvimento, em
especial para a consolidação da linguagem (GÓES,
1996).
48. • É nosso dever permitir à criança surda a
aquisição de duas línguas – a LS da comunidade
surda e língua oral da maioria ouvinte.
• Para isso a criança deve ter contato com as duas
comunidades lingüísticas e deve sentir a
necessidade de usar ambas as línguas.
• Optar apenas pela língua oral, devido aos
recentes avanços tecnológicos, é jogar com o
futuro da criança surda, arriscar seu
desenvolvimento cognitivo e negar-lhe a
possibilidade de se identificar com os dois
mundos aos quais pertence.
49. • Uma proposta educacional além de ser
bilíngüe, deve ser bicultural para permitir o
acesso natural da criança surda à
comunidade ouvinte e para que ela se
reconheça como parte de uma comunidade
surda.
• Isso somente será possível quando os
educadores e surdos trabalharem juntos.
50. Considerando o aspecto psicossocial, a
criança surda
• irá integrar-se satisfatóriamente a
comunidade ouvinte somente se tiver uma
identificação bastante sólida com seu
grupo, caso contrário, ela terá dificuldade
tanto numa comunidade como na outra,
• apresentando limitações sociais e
lingüísticas, algumas vezes irreversíveis.
51. Quanto ao ensino da língua portuguesa
• baseia-se em técnicas de segundas
línguas.
• tais técnicas partem das habilidades
interativas e cognitivas adquiridas pelas
experiências naturais com a LIBRAS.
52. • A criança surda filha de pais ouvintes
nasce num ambiente que não favorece o
desenvolvimento de sua primeira língua.
53. O DESAFIO…
Como uma criança surda, filha de pais
ouvintes que nunca viram a língua de
sinais , não conhecem pessoas surdas e
nem imaginam o que fazer para
comunicar-se com seu filho, vai adquirir
sua primeira língua?
Gr
54. A proposta bilíngüe deve considerar essa
situação
• ofertando contato com surdos adultos
na mais tenra idade no ambiente escolar,
com objetivo de desenvolver a linguagem
e o pensamento da criança surda,
• assim será possível o ensino de uma
segunda língua, caso contrário, não terá
chances de apresentar um domínio
razoável da língua portuguesa.
55. • Vale ressaltar que o domínio da língua
natural, apesar de essencial, não garante o
acesso a uma segunda língua.
• O domínio de L1 apesar de ser pressuposto
para o ensino de L2, não parece ser
suficiente para o processo de aquisição de
L2 se concretize.
56. Fatores que podem determinar o
processo de aquisição de L2:
• a idade do diagnóstico;
• A metodologia utilizada;
• A idade de aquisisão de L1 e contato com
L2;
• Envolvimento familiar;
• Fatores afetivos
57. Fatores que podem determinar o
processo de aquisição de L2:
• Ambiente
• Interação
• Interesse do aluno
• Práticas sociais
58. • Quanto o ensino da língua oral, deveria
centralizar-se mais na aquisição de
conceitos e desenvolvimento do sistema
semântico, processo através do qual a
forma seria mais facilmente apreendida
pelo surdo.
59. Formas de bilinguismo.
• Modelo sucessivo: ensino de L2 apenas
após aquisisão de L1
• Modelo simultâneo: L1 e L2 apresentadas
simultaneamente, em momentos
linguísticos distintos
60. • O objetivo educacional do enfoque bilíngue,
seria que o indivíduo surdo fosse capaz de
comunicar-se através das duas línguas,
utilizando-as em situações linguísticas
distintas.
• video
62. • Primeiro país a implantar a educação
bilíngüe para surdos – Suécia – início dos
anos 80.
• Expandiu-se para: EUA, Alemanha, Rússia,
Bélgica, Dinamarca, Uruguai, Venezuela e
Colômbia.
• No Brasil foi instituída na década de 90,
vem se desenvolvendo de forma incipiente,
à partir da introdução de intérpretes de
LIBRAS e educadores surdos.
63. No contexto atual a Educação Bilíngüe
deveria contemplar um projeto
educacional que tenha como princípio
norteador
• a utilização da L.S, em todos os
contextos de aquisição de acesso à
informação,
• seguida da aprendizagem da língua
portuguesa, como segunda língua no
currículo escolar.
64. • O Bilinguismo praticado no Brasil no caso
dos surdos, é incipiente por inúmeras
razões:
a) Ausência de uma política lingüística oficial e
séria de preservação da LIBRAS;
c) Falta de uma política lingüística na escola que
atribua à LIBRAS a qualidade de língua
principal para o ensino – o que requer
professores surdos e ouvintes fluentes em
LIBRAS;
65. – Ausência de educadores surdos contribuindo no
planejamento e na execução das políticas
educacionais;
– As fortes pressões exercidas pelos surdo para o
domínio do português;
– Por força da política nacional de inclusão, alunos
surdos tem que concluir seus estudos nas escolas
monolíngües;
– A confinação da LIBRAS a limitados espaços
sociais, contribuindo para seu desconhecimento
pela a sociedade.
66. • Estudantes surdos ainda são discriminados
em suas manifestações em L.S e
marginalizados por avaliações arbitrárias
em suas produções escritas na língua
portuguesa – L2.
• Sua diferença lingüística, manifestada por
um processo de comunicação visual, que
tem na LIBRAS sua representação principal
é ignorada.
67. • As práticas metodológicas e avaliativas
buscam, para eles os mesmos resultados
ou “desempenho” esperado para os alunos
ouvintes, desencadeando um processo de
expulsão.
68. • Não é apenas a mudança na língua que
são transmitidos os conteúdos, ou critérios
de avaliação mais justos em relação as
diferenças lingüísticas que os surdos
apresentam,
• o que vai garantir ou orientar uma nova
abordagem curricular, mas a compreensão
do sujeito surdo em sua totalidade sócio-
histórico-cultural e a legitimação do seu
“lugar” nas práticas sociais (FERNANDES,
1998).
69. Alguns fatores que devem ser
considerados na implantação da
abordagem educacional bilíngüe-
bicultural:
• O envolvimento de todos os participantes da
comunidade escolar e da comunidade surda,
inclusive nas tomadas de decisão;
• A formação de professores com competência
em Língua de Sinais, de intérpretes de Línguas
de Sinais e de profissionais surdos;
70. • A identificação da situação linguística da
comunidade escolar e das variantes locais das
línguas de sinais, o conhecimento da
gramática da língua de sinais e a produção de
material didático para seu ensino;
• A construção de uma metodologia para o
ensino de segunda língua, que considere as
interferências de língua de sinais na escrita da
língua oral e o papel da interlíngua produzida
pelos surdos no processo de aprendizagem da
segunda língua, após a aquisição da primeira
língua;
71. • A problematização dos estereótipos, das visões
sobre os surdos e a surdez e das questões que
envolvem as relações de poder existentes
entre as duas línguas;
• A posição política e ideológica frente a escola
inclusiva;
72. • Estabelecer as concepções de língua /
linguagem e de ensino aprendizagem
presentes nos projetos de educação
bilíngüe também são fatores relevantes:
“A escolha da primeira língua de instrução não pode
ser encarada como o reconhecimento de uma
deficiência por parte do aprendiz, uma minimização
de sua capacidade intelectual, mas sim como uma
estratégia consciente de como alcançar os objetivos
estabelecidos, levando-se em conta a função social
da aprendizagem”.
73. O QUE PERCEBEMOS…
Continua-se a reproduzir velhas práticas
oralistas, com os mesmos objetivos e
pressupostos, agregando a língua de sinais
ao processo educacional,
a língua de sinais passa a ser tolerada
pelos educadores, encarada como
panacéia para todos os problemas
educacionais dos surdos e mais um
“recurso” para o acesso a língua “mais
importante”: a língua portuguesa.
74. Nesse sentido temos como conseqüência
um pseudobilinguismo, no qual a língua
minoritária é apenas valorizada como meio
de acesso à verdadeira língua.
A maior contradição no processo
educacional dos surdos é a “insistência
metodológica” no aprendizado de L2 sem
que a maioria dos alunos surdos tenha
vivenciado experiências lingüísticas por
meio de L1.
75. Dentre as muitas premissas implicadas na
implementação da educação bilíngüe para
surdos, apontam-se:
a) O reconhecimento político (não a tolerância) dos
surdos como grupo que constrói aspectos de sua
identidade lingüística e cultural pelo uso de uma língua
natural – a língua de sinais – tal como outros grupos
étnicos minoritários;
c) O reconhecimento do estudo científico da língua de
sinais e sua incorporação ao currículo escolar como
língua principal na mediação das atividades
pedagógicas.
76. a) A superação da perspectiva clínica na educação de
surdos, o que os submete a uma pedagogia
terapêutica (de correção/normalização) nas práticas
escolares;
c) A ocupação do espaço prioritário dos adultos e
profissionais surdos no processo educacional,
favorecendo a formação da identidade das crianças e
a vivência de aspectos culturais;
e) O domínio efetivo da língua de sinais por parte dos
professores de surdos, necessário ao encaminhamento
de questões essenciais à prática pedagógica, como é o
caso do aprendizado da língua portuguesa.
77. • Há inúmeros fatores que devem ser
discutidos, repensados e redimensionados
no território escolar, a fim de que
tenhamos programas de educação bilíngüe
que permitam o desenvolvimento do
sujeito surdo enquanto cidadão.
79. • A educação bilíngüe vai apresentar
diferentes contextos dependendo das
ações de cada município e de cada estado
brasileiro.
• Alguns estados – escolas bilíngües – língua
da instrução é L.S e língua portuguesa é
ensinado como L2.
80. • Em outros estados – LIBRAS –é a língua
de instrução nas séries iniciais do ensino
fundamental. Nas demais séries – a língua
portuguesa – língua de instrução –
presença de intérpretes de L.S nas salas
de aula – ensino da língua portuguesa,
como L2, realizada em salas de recursos.
81. • Ainda há estados – serviços de intérprete
de L.S estão presentes desde o início da
escolarização. Séries iniciais – intérpretes
assumem função de professores – L.S
como língua de instrução.
• Também, há estado – professores
desconhecem LIBRAS e a escola não tem
estrutura ou recursos humanos para
garantir ao surdo o direito a educação, a
comunicação e a informação.
82. • Independentemente do contexto de cada
estado, a educação bilíngüe depende da
presença de professores bilíngües.
• Assim, pensar em ensinar uma segunda
língua pressupõe a existência de uma
primeira língua.
• O professor que assumir essa tarefa estará
imbuído da necessidade de aprender a
língua brasileira de sinais.
83. O que prevê a legislação:
Decreto 5626/05
Art. 22. As instituições federais de ensino
responsáveis pela educação básica devem
garantir a inclusão de alunos surdos ou com
deficiência auditiva, por meio da organização de:
I - escolas e classes de educação bilíngüe,
abertas a alunos surdos e ouvintes, com
professores bilíngües, na educação infantil e nos
anos iniciais do ensino fundamental;
84. Decreto 5626/05
II - escolas bilíngües ou escolas comuns
da rede regular de ensino, abertas a alunos
surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino
fundamental, ensino médio ou educação
profissional, com docentes das diferentes áreas
do conhecimento, cientes da singularidade
lingüística dos alunos surdos, bem como com a
presença de tradutores e intérpretes de Libras -
Língua Portuguesa.
85. Decreto 5626/05
• § 1o São denominadas escolas ou classes de educação
bilíngüe aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da
Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no
desenvolvimento de todo o processo educativo.
• § 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um
turno diferenciado ao do atendimento educacional
especializado para o desenvolvimento de complementação
curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de
informação.
• § 3o As mudanças decorrentes da implementação dos
incisos I e II implicam a formalização, pelos pais e pelos
próprios alunos, de sua opção ou preferência pela educação
sem o uso de Libras.
• § 4o O disposto no § 2o deste artigo deve ser garantido
também para os alunos não usuários da Libras.
86. Decreto 5626/05
• Art. 23. As instituições federais de ensino, de
educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos
surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua
Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais,
bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso
à comunicação, à informação e à educação.
• § 1o Deve ser proporcionado aos professores acesso à
literatura e informações sobre a especificidade lingüística do
aluno surdo.
• § 2o As instituições privadas e as públicas dos sistemas
de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal
buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como
meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência
auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação.
•
87. –CLASSE REGULAR
APOIO ESCOLA
ESPECIAL e/ou
INTÉRPRETE
–INCLUSÃO
–Bilingüismo? –CLASSE REGULAR
ESCOLA Especial,
APOIO CAES e/ou
para/de surdos INTÉRPRETE
–INCLUSÃO
–PERAE
–Programa de Escolaridade
Regular com Atendimento
Especializado
–(classes bilíngües)
88. O Desafio da Inclusão
do aluno surdo na escola
comum
89. Politica Nacional da Educação Especial
Perspectiva da Educação Inclusiva/2008
• Para a inclusão dos alunos surdos, nas escolas comuns, a educação
bilíngüe – Língua Portuguesa/LIBRAS, desenvolve o ensino escolar
na Língua Portuguesa e na língua de sinais, o ensino da Língua
Portuguesa como segunda língua de modalidade escrita para alunos
surdos,
• os serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o
ensino de Libras para os demais alunos da escola.
• O atendimento educacional especializado é ofertado, tanto na
modalidade oral e escrita, quanto na língua de sinais. Devido à
diferença lingüística,
• na medida do possível, o aluno surdo deve estar com outros
pares surdos em turmas comuns na escola regular.
90. Politica Nacional da Educação Especial
Perspectiva da Educação Inclusiva/2008
• O atendimento educacional especializado é
realizado mediante a atuação de profissionais
com conhecimentos específicos no ensino da
Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa
na modalidade escrita como segunda língua...
91. Politica Nacional da Educação Especial
Perspectiva da Educação Inclusiva/2008
• Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a
educação especial na perspectiva da educação
inclusiva, disponibilizar as funções de
instrutor, tradutor/intérprete de Libras e
guia de intérprete,
92. Segundo as Diretrizes Nacionais para
Educação Especial na Educação Básica.
• A oferta de educação especial deve ocorrer
nas escolas públicas e privadas da rede regular
de ensino.
• A escola deve assegurar uma reposta
educativa adequada as necessidades
educacionais de todos os seus alunos, em seu
processo de aprender, buscando implantar os
serviços de apoio pedagógico especializados
93. Serviço de apoio pedagógico
especializado
• trabalho de complementação curricular, que visa o
enriquecimento das atividades desenvolvidas em sala.
• aquisição de novos conceitos e expansão lexical, por meio
da leitura e interpretação de textos que tragam à tona a
discussão de novas informações e conceitos.
94. Serviço de apoio pedagógico
especializado
• Salas de Recursos
• Profissional Interprete
• Instrutor Surdo
• Professor itinerante
• Escola Especial
• Equipes multidisciplinares
95. Atendimento Educacional Especializado
Considerando a necessidade do desenvolvimento da
capacidade representativa e lingüística dos alunos com
surdez
a escola comum deve viabilizar sua escolarização em
um turno e o Atendimento Educacional
Especializado em outro, contemplando
o ensino de libras,
o ensino em libras e
o ensino em língua portuguesa.
96. Atendimento Educacional Especializado
Atendimento Educacional Especializado em
Libras
todos os conhecimentos dos diferentes conteúdos
curriculares, são explicados nessa língua por um professor,
sendo o mesmo preferencialmente surdo. Esse trabalho é
realizado todos os dias, e destina-se aos alunos com
surdez.
97. Atendimento Educacional Especializado
Atendimento Educacional Especializado para o
ensino de Libras
• os alunos com surdez terão aulas de Libras, favorecendo o
conhecimento e a aquisição, principalmente de termos
científicos.
• realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras
(preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de
desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se
encontra.
• O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico
do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua de
Sinais.
98. Atendimento Educacional Especializado
Atendimento Educacional Especializado para o
ensino da Língua Portuguesa
• São trabalhadas as especificidades dessa língua para
pessoas com surdez
• Realizado todos os dias, à parte das aulas da turma
comum, por uma professora de Língua Portuguesa,
graduada nesta área, preferencialmente.
• O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico
do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua
Portuguesa.
99. Planejando o Atendimento Educacional
Especializado
• planejamento coletivo
• Definição de conteúdo
• Elaboração do plano de ensino
• Preparação do caderno de estudos (conteúdos inter-
relacionados)
• Seleção e elaboração de recursos didáticos
• Observação dos aspectos: sociabilidade,cognição,
linguagem(oral,escrita e viso-espacial), afetividade,
aptidões e interesses.
• Registro das observações em relatórios
100. A surdez não é uma realidade homogênea, mas
multicultural.
A escola poderá se deparar com diferentes identidades
surdas:
• Surdos que têm consciência de sua diferença e reivindicam
recursos essencialmente visuais;
• Surdos que nasceram de pais ouvintes e conhecem a
experiência auditiva e o português como primeira língua;
• Surdos que passaram por experiências educacionais
oralistas e desconhecem a língua de sinais;
• Surdos que viveram isolados de toda e qualquer referencia
identificatoria e desconhece sua situação de diferença.
101. O intérprete de libras/língua portuguesa
A atuação do interprete na ótica da inclusão;
• interpretar conteúdos em sala de aula.
• mediar a comunicação entre professores e alunos, alunos e
alunos, pais, funcionários e demais pessoas da comunidade
em todo o âmbito da escola e também em seminários,
palestras, fóruns, debates, reuniões e demais eventos de
caráter educacional.
• agir como difusor dos conhecimentos que tem sobre Libras
e comunicação entre pessoas com surdez e ouvintes.
• saber o valor e limites de sua interferência no ambiente
escolar, para dar esclarecimentos e orientação aos que
necessitam de seus conhecimentos específicos.
102. O intérprete de libras/língua portuguesa
• intérprete é apenas um mediador da comunicação e não
um facilitador da aprendizagem.
• Não cabe ao intérprete a tutoria dos alunos com surdez
• O espaço da sala de aula pertence ao professor sendo o
aluno de sua responsabilidade
• esses papéis são absolutamente diferentes e precisam ser
devidamente distinguidos e respeitados nas escolas de
nível básico e superior.
103. O intérprete de libras/língua portuguesa
Conduta profissional
• responsabilidade,
• assiduidade,
• pontualidade,
• posicionamento no espaço de interpretação,
• aparência pessoal,
• domínio de suas funções,
• interação com os alunos,
• postura durante as avaliações.
104. Mesmo sendo a presença de interpretes de língua de
sinais o ideal, nos casos em que houver alunos surdos
estudando nas classes comuns
• Há o fato de nem todos os alunos serem usuários da libras
e a demanda de interpretes ser mínima geralmente,
apenas nos grandes centros urbanos.
• Diante disso, o professor deve lançar mão de todos os
recursos e estratégias visuais que acompanhem a
oralidade, pois, ao contrário, seu aluno surdo em nada se
beneficiará das aulas.
106. Outras Formas de
Comunicação:
• Os surdos lançam mão de formas
alternativas de apropriação de linguagem
fazendo uso de processos cognitivos e
simbólicos visuais;
• As práticas pedagógicas baseiam-se ainda
em sua maioria nas exposições orais.
107. • É fundamental em qualquer ato de
observação e análise de como se processa
a aprendizagem do aluno surdo, que o
professor de atenção especial a
comunicação visual, estando presentes na
sala de aula beneficiando a relação entre
professor/alunos surdos e demais alunos.
108. • Alfabeto manual;
• Mímica dramatização;
• Desenhos / ilustrações / fotográficas;
• Recursos tecnológicos (vídeo / TV /
retroprojetor / computador / slides / entre
outros);
• Língua portuguesa escrita;
• Língua portuguesa oral / leitura labial.
109. • Diante disso o professor deve lançar mão
de todos os recursos e estratégias visuais
que acompanhem a oralidade, pois, ao
contrário, seu aluno surdo em nada se
beneficiará das aulas.
111. Resolução nº 02/2001
“Deve ser assegurada, no processo educativo que
apresentam dificuldades de comunicação e sinalização
diferenciadas dos demais educandos, a acessibilidades
aos conteúdos curriculares, mediante a utilização de
linguagens e aprendizado da língua portuguesa,
facultando-lhes e às suas famílias a opção pela
abordagem pedagógica que julgarem adequada, ouvidos
os profissionais especializados em cada caso.”
112. Declaração de Salamanca – art. 21
“As políticas educativas deverão levar em conta as
diferenças individuais e as diversas situações. Deve ser
levada em consideração, por exemplo, a importância da
linguagem dos sinais como meio de comunicação para os
surdos, e ser assegurado a todos os surdos acesso ao
ensino da linguagem dos sinais de seus país.
Face às necessidade específicas de comunicação de
surdos e de surdos-cegos, seria mais conveniente que a
educação lhe fosse ministrada em escolas especiais ou
em classes ou unidades especiais nas escolas comuns.”
113. Embora os discursos e as políticas reconheçam a
importância da Língua de Sinais teórica e textualmente,
na prática, a escola inclusiva não consegue responder as
duas contradições fundamentais:
Como os surdos, em sua maioria, provenientes de
família de ouvintes, sem contato com a comunidade
surda, poderão adquirir e se desenvolver na Língua de
Sinais?
Como a escola inclusiva sem garantir a aquisição da
língua de sinais vai ensinar a Língua Portuguesa como
segunda língua, como os documentos oficiais
recomendam?
114. Esses são, sem dúvida, paradoxos da escola
inclusiva, mesmo naquelas que utilizam
intérpretes de LIBRAS na sala de aula,
uma vez que a presença desse profissional não
garante a aquisição de Língua de Sinais.
115. Implicações da política inclusiva no
desenvolvimento das
potencialidades dos alunos
surdos e na defesa de seus
direitos lingüísticos.
116. Implicações lingüísticas
Aquisição da LS - Como a escola inclusiva garante a
aquisição e aprendizagem da Língua de Sinais e com
quem as crianças surdas conversam na escolar
regular?
LS como língua de instrução – Como a escola
inclusiva se organiza para ensinar os conteúdos em
língua de sinais de forma equânime aos ouvintes?
Escola monolíngue
Aprendizagem de Língua Portuguesa - como
segunda língua – como nas salas de aula inclusivas, a
Língua Portuguesa será ensinada, simultaneamente,
como a segunda língua para os surdos e como
primeira língua para os ouvintes?
117. Implicações sócio-políticas:-
Constituição das identidades sociais e culturais –a
maioria das crianças surdas crescem na fronteira surdo-
ouvinte sem referências de adultos surdos, sentindo-se
como uma estrangeira e muitas vezes discriminados.
• Não é rara a incidência de problemas psicossociais,
provenientes da incomunicabilidade nas relações afetivas
e sociais e da ausência do encontro surdo-surdo.
Como as escolas inclusivas pensam as
repercussões de suas práticas na constituição das
identidades dos alunos surdos?
118. Implicações sócio-políticas:-
• - Desarticulação da comunidade surda – Se a inclusão
escolar implica na dispersão dos surdos em escolas
regulares.
como as escolas inclusivas se organizam para
incluir a participação da comunidade surda nas
atividades escolares, de forma não episódica e
folclórica?
• - Desigualdade de oportunidades – Em decorrência das
questões anteriores, as atividades nas escolares
regulares são voltadas majoritariamente para os
ouvintes.
como a escola inclusiva garante a participação
efetiva dos alunos surdos em todas as atividades
propostas?
119. c) Implicações Culturais: -
• Não participação da comunidade surda – Diante da
tendência à homogeneização da produção cultural,
Como a escola inclusiva pode garantir o
desenvolvimento de diferentes manifestações
culturais? e, em particular, como os surdos podem
desenvolver suas manifestações culturais?
• As expressões culturais dos surdos são silenciadas ou,
então, obrigados a se manifestarem de forma não
significativa, em representações que dependem do som
e da audição. O sentimento de incapacidade e de
inferioridade por não conseguirem se expressar
acentuam a existência de uma cultura do silêncio.
120. Implicações Educacionais:
• - Fracasso escolar – Na medida que as escolas inclusivas
direcionam todo o processo educacional no
desenvolvimento do Português oral e escrito, esta passa
a ser fator que justifica todo o fracasso escolar, sem que
se pense em outros fatores e em novas propostas de
trabalho.
• Desigualdade no acesso aos conhecimentos – Sem
resolver a questão da transmissão dos conhecimentos
em Língua de Sinais e sem abordar no currículo aspectos
diretamente relacionados aos interesses dos surdos, a
escola inclusiva, de modo geral, oferece aos alunos
surdos conhecimentos, em termos qualitativos e
quantitativos, de forma restrita e fragmentada.
121. Então as questões são…
Como a escola inclusiva garante a aquisição e
aprendizagem da Língua de Sinais?
Como a escola inclusiva se organiza para ensinar os
conteúdos em língua de sinais de forma equânime aos
ouvintes?
Como nas salas de aula inclusivas, a L P será ensinada,
simultaneamente, como a L2 para os surdos e como L1
para os ouvintes?
Como as escolas inclusivas pensam as repercussões de
suas práticas na constituição das identidades dos alunos
surdos?
122. Como as escolas inclusivas se organizam para incluir a participação
da comunidade surda nas atividades escolares, de forma não
episódica e folclórica?
Como a escola inclusiva garante a participação efetiva dos alunos
surdos em todas as atividades propostas?
Como a escola inclusiva pode garantir o desenvolvimento de
diferentes manifestações culturais? e, em particular, como os
surdos podem desenvolver suas manifestações culturais?
Como a escola inclusiva pode garantir a igualdade no
acesso aos conhecimentos?
123. Devemos considerar a forma excludente que tem
caracterizado o atual modelo de inclusão escolar de
surdos.
No mundo da História, da cultura e da política ‘constato’
não para me ‘adaptar’ mas para ‘mudar’
Paulo Freire
124. REMOVENDO BARREIRAS À
APRENDIZAGEM E À
PARTICIPAÇÃO DE ALUNOS
SURDOS.
Fernandes
SEED/DEE
126. Criando culturas inclusivas (sociedade em geral e
comunidade escolar)
• Oportunizar diferentes situações que informem a
comunidade escolar sobre a surdez e suas implicações
para o desenvolvimento e aprendizagem das pessoas
surdas.
• Conhecer a língua brasileira de sinais e sua importância
nos processos de interação e comunicação com pessoas
surdas.
• Divulgar, na comunidade escolar, especificidades
culturais das comunidades surdas relacionadas a sua
produção lingüística, literária, artística e tecnológica.
• Viabilizar a presença de adultos surdos na escola, por
meio de relações com associações de surdos ou outras
referências comunitárias, favorecendo a experiência
bilíngue e as trocas culturais.
127. Produzindo Políticas Inclusivas ( Poder
Público/Órgão gestor da educação)
• Assegurar o desenvolvimento da proposta de educação
bilíngue para surdos, Libras e Língua Portuguesa, desde
a Educação Infantil.
• Viabilizar formas para aquisição e desenvolvimento da
libras, como primeira língua, pelas pessoas surdas,
preferencialmente de 0 à 3 anos.
• Assegurar espaços e profissionais capacitados para o
desenvolvimento da proposta de ensino de português –
modalidade escrita - como segunda língua para os
surdos, no currículo escolar.
128. Produzindo Políticas Inclusivas ( Poder
Público/Órgão gestor da educação)
• Oportunizar a aprendizagem da língua de sinais por
todos os integrantes da comunidade escolar, com ênfase
aos pais, professores do aluno e colegas de sala de
aula.
• Prever estratégias de formação continuada dos
professores de alunos surdos, destacando-se o
aprendizado da língua de sinais e o trabalho com o
português como segunda língua.
• Introduzir libras como disciplina, na parte diversificada
da grade curricular, favorecendo sua aprendizagem por
todos os alunos.
129. Produzindo Políticas Inclusivas ( Poder
Público/Órgão gestor da educação)
• Prever a atuação de educadores surdos (monitores,
instrutores e/ou professores) no contexto escolar,
atuando como modelos para a identificação lingüístico-
cultural das crianças surdas e sendo responsáveis pela
difusão e ensino da libras na escola e na comunidade.
• Oferecer o tipo de apoio pedagógico especializado mais
adequado ás necessidades dos alunos: profissionais
intérpretes de libras/língua portuguesa, atendimento
especializado, escolas especiais.
130. c) Desenvolvendo Práticas Inclusivas ( Professores
e Equipe técnico-pedagógica)
• Utilizar a língua de sinais na mediação do processo
ensino/aprendizagem e desenvolvimento das atividades
escolares, quando estiverem presentes alunos surdos.
• Desenvolver, desde a educação Infantil, estratégias para
o ensino da modalidade escrita do português, como
segunda língua.
131. c) Desenvolvendo Práticas Inclusivas ( Professores
e Equipe técnico-pedagógica)
• Introduzir métodos e estratégias visuais, complementares ou
alternativas (língua de sinais, alfabeto manual, gestos naturais,
dramatizações, mímica, ilustrações, vídeo/TV, retroprojetor, data
show etc.) no desenvolvimento das atividades curriculares, a fim de
facilitar a comunicação e a aprendizagem dos alunos surdos.
• Flexibilizar os critérios de avaliação nas diferentes áreas do
conhecimento, valorizando o conteúdo apresentado, ainda que a
escrita não corresponda aos padrões exigidos para nível/série em
que o aluno se encontra matriculado (palavras inadequadas,
omissão ou trocas no uso de elementos de ligação, verbos...),
decorrentes da interferência da libras, ou da pouca fluência em
língua portuguesa.
132. c) Desenvolvendo Práticas Inclusivas ( Professores
e Equipe técnico-pedagógica)
• Utilizar estratégias de avaliação que permitam o uso de
diferentes linguagens como é o caso da libras, das artes
plásticas (desenho, pintura,escultura, murais, maquetes,
etc.) e cênicas (teatro,dramatização, mímica, etc.)
• Eliminar critérios de avaliação que tenham como pré-
requisitos a oralidade ou a percepção auditiva para a
perfeita compreensão (acentuação tônica, tonicidade,
pontuação, ditados e exercícios ortográficos,
discriminação de fonemas...)
133. c) Desenvolvendo Práticas Inclusivas ( Professores
e Equipe técnico-pedagógica)
• Planejar atividades com diferentes graus de dificuldades
e que permitam diferentes possibilidades de execução
(pesquisa, questionário, entrevista, etc.) e expressão
( apresentação escrita, desenho, dramatização
maquetes,etc.).
• Combinar diferentes tipos de agrupamentos de alunos,
facilitando a visualização dos alunos surdos e sua
conseqüente interação com professores e os colegas
(círculos, duplas grupos, etc.)
134. “Não é a surdez que define o destino das pessoas,
mas o resultado do olhar da sociedade sobre a surdez.”
Vygotsky