DESAFIO: A partir do exposto acima e dos estudos e discussões do conteúdo da...
Cyberbullying - recurso às tecnologias para denegrir
1. Cyberbullying
Liliana Rodrigues
Mestrado em Supervisão Pedagógica e Formação de Professores
2. Bullying
Esta expressão, de origem inglesa, designa todos os actos
de violência e atitudes agressivas desde que intencionais e
repetitivas (Abrapia, 2006; McCarthy, Sheehan, Wilkie e
Wilkie, 1996:50), tendo sido adoptada pela língua portuguesa
dada a sua complexa tradução.
3. Foi na década de 80 do século XX, que o suicídio de
três rapazes, na Noruega, com idades compreendidas
entre os 10 e os 14 anos levou as instituições a
interessar-se sobre este problema. A partir daí, tem
início uma longa luta pela descoberta, identificação e
combate ao bullying.
A primeira campanha anti-bullying foi levada a cabo,
precisamente, na Noruega,
em 1993: a Campanha Nacional Anti-Bullying
(Abrapia, 2006).
4. Tipos de Bullying
• Escolar: é aquele que, tal como o
próprio nome indica, ocorre nas
escolas;
• Laboral: também conhecido como
mobbing, é aquele que acontece no
local de trabalho.
5. Cyberbullying
• As primeiras referências ao
cyberbullying surgem em 2002, mas a
suas primeiras definições aparecem
somente em 2003 pela advogada norte
americana, Nancy Willard (2003) e pelo
canadiano Bill Belsey (2005).
• Assume-se como uma variante do
tradicional bullying.
6. Bullying - tipo de violência que se
caracteriza por ser intencional, continua e
de carácter físico, verbal e /ou psicológico
sobre um ou mais indivíduos.
Cyberbullying - recurso às tecnologias da
comunicação e informação para denegrir,
humilhar e/ou difamar uma ou mais
pessoas.
7. O cyberbullying envolve o uso de
tecnologias de informação e comunicação
(e-mail, telemóvel, redes sociais, etc) para
repetida e deliberadamente promover o
comportamento hostil de um indivíduo ou de
um grupo para prejudicar outros (Anderson,
& Sturm, 2007). Podemos afirmar que este
fenómeno implica violência psicológica
intencional, envolvendo comportamentos
negativos como: a mentira, a ameaça, o
insulto, a difamação, a intimidação, o rumor,
a provocação, a exclusão, entre outros
(Aricak et al., 2008).
8. Tipos e formas de Cyberbullying
Provocar - uso de linguagem vulgar e ofensiva para com a
vítima;
Perseguir ou assediar - envio repetido de mensagens
desagradáveis;
Denegrir - divulgação de mexericos ou mentiras sobre a vítima
com o objectivo de denegrir a sua imagem e reputação;
Personificar – fazer-se passar pela vítima no ciberespaço ou usar
o seu telemóvel para degradar o relacionamento com os seus
amigos;
Violar a intimidade - partilhar online com terceiros os segredos,
informações ou imagens embaraçosas da vítima, excluir a vítima
de um grupo online de forma deliberada e cruel;
Intimidar - enviar mensagens insultuosas, desagradáveis que
pretendem incutir medo ou intimidação na vítima.
Willard (2006)
9. A agressão e a perseguição
psicológica trazem consequências
muito desastrosas para os
indivíduos. Stress, depressão,
tensão, desconfiança, insegurança e
auto-estima baixa são os sintomas
mais frequentemente apresentados
pelas vítimas (Anderson, & Sturm,
2007).
10. O cyberbullying traz consequências
trágicas para a saúde mental dos
indivíduos, danificando os seus
relacionamentos e reputação social e
diminuindo, portanto, a sua qualidade
de vida e saúde. O cyberbullying é,
deste modo, um problema de saúde
pública.
(Juvonen & Gross, 2008)
11. Os problemas das vítimas de bullying são
estáveis ao longo do tempo. Ser vítima de
bullying pode durar muito tempo, por vezes,
vários anos. Deste modo, os alunos, vítimas
de bullying na escola, continuam a ser
vítimas de bullying em adultos. As
consequências da vitimização são nefastas
para os indivíduos, persistindo ao longo dos
anos.
Olweus (1993)
12. Estudos em Portugal
Almeida et al. (2008) interessaram-se por
identificar em que medida o recurso a
práticas de bullying através das novas
tecnologias estão relacionados com padrões
de empatia e descomprometimento moral
em agressores, vítimas e observadores. O
estudo reúne participantes de duas cidades
do Norte e Sul do país, que frequentavam o
7º, 8º e 9º ano de escolaridade.
13. Resultados do Estudo:
Via telefone - 6% das raparigas e 3% dos rapazes
relataram terem sido vítima de bullying, e 3% das raparigas
e 5% dos rapazes afirmaram terem cometido actos de
bullying;
Via internet - 6% das raparigas e 4% dos rapazes referiram
que estiveram envolvidos em episódios de cyberbullying
enquanto vítimas, e 2% e 4%, respectivamente, enquanto
bullies.
Deste modo, os autores concluem que o cyberbullying é
efectivamente um fenómeno emergente, no entanto os
jovens parecem não estar informados e conscientes do seu
impacto.
14. Estudos em Portugal
Os resultados do estudo “Cyberbulliyng –
um diagnóstico da situação em Portugal”
foram apresentados, em Coimbra, no dia 3
de Abril de 2012, durante a Conferência
Internacional sobre o desenvolvimento
profissional dos formadores de professores,
que decorreu na Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação da Universidade
de Coimbra.
15. O estudo abrangeu, numa primeira fase, 339
alunos dos 6.º, 8.º e 11.º anos de escolas das
regiões de Lisboa e Coimbra.
Segundo estes primeiros dados, 15,7% dos
inquiridos dizem já ter sido vítimas
de cyberbullying e 9,4% admitiram ter sido
agressores, usando tecnologias de informação e
comunicação para agredir os colegas.
Os meios mais utilizados foram a mensagem
instantânea, o SMS (através de telemóvel e
Internet) e as redes sociais (com destaque para
o Hi5 e Facebook).
16. O projecto, envolvendo as universidades de
Coimbra (UC) e Lisboa e contando com o
apoio da Fundação para a Ciência e
Tecnologia, abrangeu também uma amostra
de 261 alunos das faculdades de Psicologia
das duas instituições.
13% dos estudantes universitários inquiridos
dizem que foram vítimas, um por cento foram
agressores e 88% foram testemunhas
de cyberbullying.
17. Sinais de alerta
1 - Angústia durante e após o uso da Internet.
2 - Afastamento dos amigos e da família.
3 - Evita o encontro com grupo de amigos ou colegas.
4 - Resultados escolares mais baixos.
5 - Reacções impulsivas, sem razão aparente.
6 - Alterações no humor, no comportamento, no sono e no apetite.
7 - Desejo de deixar de usar o telemóvel e o computador.
8 - Aparência agitada ou nervosa ao receber um sms ou e-mail.
9 - Recusa em participar em discussões sobre as actividades do
computador ou telemóvel.
18. O que fazer?
• Actue Imediatamente. O seu filho precisa de saber que pode e vai ajudá-lo. Não
espere para ver se o abuso pára. Se acha que o seu filho está fisicamente em risco,
contacte a polícia de imediato.
• Todos os esforços devem ser feitos para encontrar o cyberbully e responsabilizá-
lo. Se o bully é um aluno, considere denunciá-lo à escola. Denuncie o bullying ao
website em que ocorre o bullying. Muitos serviços têm moderadores e locais para
denunciar abusos - por exemplo, abuse@microsoft.com. Peça às operadoras
telefónicas para localizarem as chamadas e tome medidas.
• Diga ao seu filho para não responder ao cyberbully ou retaliar pois os bullies
procuram reacção. Não atenda telefonemas ou responda (ou leia) mensagens de
texto ou comentários.
• Bloqueie os cyberbullies. A maior parte dos serviços Web permitem bloquear
qualquer indivíduo cujo comportamento é inapropriado ou ameaçador de qualquer
forma. Consulte o serviço – rede social, IM, telemóvel – para saber como.
• Guarde as provas. Guarde mensagens de texto, e-mails e outras provas de
cyberbullying caso as autoridades precisem destas.
19. Referências Bibliográficas
. ALMEIDA, A., et al(2008). Espaços virtuais para maus tratos reais: as práticas de cyberbullying numa
amostra de adolescentes portugueses. In R. Astor, E. Debardieux, & C. Neto (Eds). 4th World
Conference on Violence in School and Public Policies (pp. 134). Lisboa: Edições FMH.
. ABRANTES, J. C. (org.) (2006). Ecrãs em mudança. Lisboa: Livros horizonte/CIMJ
. CARVALHOSA, S., LIMA, L., MATOS, M. (2001). Bullying - a provocação/vitimação entre pares no
contexto escolar português [online].
Disponível:http://www.scielo.oces.mtces.pt/pdf/asp/v19n4/v19n4a04.pdf [08 de Março de 2007]
. CORTELLAZZI, L. (2006). Bullying: humilhar, intimidar, ofender, agredir [online].
Disponível: http://www.eep.br/noticias/docs/bullying.pdf [26 de Março de 2007].
. MACEDO, E. (2007). Cyber-bullying não conhece fronteiras [online].
Disponível: http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=34514 [15
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. OLWEUS, D. (1991). Bully/victim problems among schoolchildren: basic
facts and effects of school based intervention program. In D. Pether e K. Rubin
(eds.). the development and treatment of childhood aggression. Hillsdale, N.J.:
Erlbaum.
. WIKIPEDIA (2007). Bullying [online]. Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/bullying [2007, Fevereiro
19].
WILLARD, N. (2006). Flame Retardant. School Library Journal, 54-56