A deterioração dos alimentos por microrganismos é frequente e pode afetar a saúde pública. Os métodos de conservação, como o calor, o frio e atmosferas modificadas, objetivam inibir o crescimento de microrganismos e prolongar a durabilidade dos alimentos.
2. Os meios de conservação visam retardar ou
impedir a alteração dos
alimentos, preservando, tanto quanto
possível, as suas qualidades nutricionais e
organolépticas
Principais Causas de Alteração dos Alimentos
Crescimento e actividade microbiana
Acção de enzimas do próprio alimento
que conduzem a processos de autopsie
Oxidação não-enzimática
3. Objectivos dos Métodos de Conservação
Prevenir ou retardar o
desenvolvimento de
microrganismos indesejáveis
Prevenir ou retardar as
reacções de autólise e
de oxidação
4. Vantagens da conservação dos alimentos:
Dilatação do tempo durante o qual os alimentos
podem ser consumidos com segurança
Desenvolvimento de características apreciadas
Dietas mais variadas e
equilibradas, independentes da sazonalidade
Aumento da higiene alimentar
Facilidade na preparação dos alimentos
5. Existem dois
Distinção entre os meios de conservação
tipos:
Impedem ou retardam o
Permitem destruir parte ou a
crescimento dos microrganismos de
totalidade dos microrganismos
alteração
Tratamentos térmicos
Frio
(calor)
Adição de agentes
Irradiação
químicos de conservação
Diminuição da
actividade da água (aw)
Embalagem sob
atmosfera modificada
6. A deterioração dos alimentos por microrganismos é muito
frequente e particularmente grave me termos de saúde pública
Os microrganismos que contaminam os alimentos são
bactérias, fungos e leveduras
Este tipo de deterioração é condicionada:
Pelas características físicas e químicas
dos alimentos
Pelas condições de armazenamento
Pela forma como os alimentos são
armazenados
7. Se as condições forem favoráveis para todos, as bactérias têm
um crescimento mais rápido do que as leveduras e estas têm um
crescimento mais rápido do que os fungos
É frequente um organismo criar condições para o
desenvolvimento de outro
8. Aditivos
alimentares
Um aditivo alimentar é uma substância química estranha a
um alimento que nele é voluntariamente incorporada,
geralmente em pequena quantidade, com a finalidade de
melhorar a textura, viscosidade, cor, sabor ou prevenir a sua
deterioração (oxidação, crescimento microbiano, desidratação,
desestabilização, ou outra mudança indesejável)
É um método que vem sendo muito utilizado para atender às
necessidades criadas pelo transporte a grandes distâncias, pelo
armazenamento por períodos mais longos e pela necessidade de
se apresentar ao consumidor produtos atraentes e disponíveis
durante todo o ano
Os aditivos utilizados especificamente com o objectivo de
prolongar a conservação dos alimentos são chamados agentes
químicos de conservação ou conservantes químicos. A utilização
destes conservantes visa a inibição do crescimento e da
actividade dos microrganismos
9. Aditivos
alimentares
Os agentes de conservação podem prejudicar as trocas
celulares dos microrganismos, a actividade das suas enzimas, os
mecanismos de síntese ou de reprodução, ou, então, modificar
as condições físico-químicas do alimento, tornando-o menos
propício ao desenvolvimento microbiano
Os conservantes químicos são geralmente utilizados como
complemento de outros métodos de conservação
(refrigeração, desidratação, tratamentos térmicos, etc.). A
sensibilidade dos microrganismos a cada um dos conservantes
varia conforme as espécies
Conservantes químicos mais importantes:
ácidos orgânicos e seus sais
antioxidantes fenólicos
açúcares e álcoois
sais inorgânicos
gases esterilizantes
10. Aditivos
alimentares
A eficácia de um conservante depende de:
Concentração utilizada, uma vez que a eficácia aumenta
com a dose
Carga microbiana inicial; é mais difícil controlar uma
população microbiana bem estabelecida do que
microrganismos na fase latente
Tipo de microrganismo; nenhum conservante químico
pode agir sobre todos os tipos de microrganismos ao
mesmo tempo
Condições de armazenamento e das condições físico-
químicas dos alimentos, visto que os microrganismos
dispostos num ambiente desfavorável são mais sensíveis
aos conservantes químicos
11. Aditivos
alimentares
Características de um bom agente químico de
conservação:
Ser facilmente solúvel
Agir sobre um grande Não ser tóxico nem
e uniformemente
número de indigesto para
distribuído no
microrganismos consumidores
alimento
Não modificar as
Não mascarar a má
qualidades Ser eficaz em
qualidade do
organolépticas do pequenas doses
alimento
alimento
12. Aditivos
alimentares
Álcoois
Gases
Açúcares
esterilizantes
Aditivos
Ácidos mais Sal
comuns
13. Atmosfera
modificada
O ar que respiramos é composto por, aproximadamente, 78%
de azoto, 21% de oxigénio, 1% de dióxido de carbono e por
outros gases em quantidades vestigiais
O ambiente em que se encontram os alimentos tem
influência na composição e desenvolvimento da flora microbiana
e na rapidez com que podem surgir os fenómenos de
rancificação oxidativa ou de maturação de frutas e legumes
Alterando a composição do meio ambiente é possível
prolongar o tempo de conservação dos alimentos,
proporcionando-se aos consumidores produtos de boa
qualidade, reduzindo as concentrações de conservantes
químicos ou a intensidade de tratamentos térmicos
14. Armazenagem em atmosfera controlada
Atmosfera
modificada
Consiste na alteração da composição da atmosfera, seguido de um
controlo contínuo durante todo o período de armazenagem da
composição, da temperatura e humidade relativa da atmosfera.
As concentrações gasosas óptimas de
conservação variam com o tipo de produtos e
com o seu grau de maturação
CO2 - 1 a 10%
Para fruta e legumes frescos O2 - 2 a 5%
pode usar-se uma atmosfera N2 - 85 a 97%
com: temperatura - 5 a 10ºC
humidade relativa - 90 e 95%
Esta configuração apresenta um enriquecimento da atmosfera
em dióxido de carbono e empobrecimento em oxigénio
15. Embalagem sob atmosfera modificada
Atmosfera
modificada
Método que consiste em expulsar o ar do interior da embalagem e
substituí-lo por uma mistura, na maior parte dos casos, rica em gás
carbónico. A mistura é completa com oxigénio, azoto ou uma combinação
destes dois gases. A proporção dos gases varia com o produto a conservar
Nas carnes e peixe recomenda-se uma atmosfera rica em
oxigénio, para evitar o escurecimento no caso da carne e a
formação de trimetilamina a partir da oxitrimetilamina pela
respiração das bactérias aeróbias no caso do peixe
A mistura mais indicada é de 70% de oxigénio e 20% de gás carbónico
Nos pratos cozinhados é preferível utilizar atmosferas de 100% de dióxido de carbono
Nos produtos de padaria pode utilizar-se uma mistura de 60% de dióxido de carbono e
40% de azoto
Para as fruta e legumes a mistura dos três gases deve conter entre 1 a 5% de oxigénio
para permitir a respiração das células vegetais
16. Atmosfera Embalagem a vácuo
modificada
Consiste na extracção do ar das embalagens. É difícil, ou mesmo impossível,
criar vácuo total, pelo que a actividade respiratória da flora microbiana
absorve o oxigénio residual, que é substituído por CO2
Geralmente são utilizadas embalagens
retrácteis que garantam a impermeabilidade e
estanquidade
Carnes, produtos de
salsicharia, pescado, queijo e produtos de
pastelaria podem ser mantidos em vácuo; o
processo de conservação é completo com a
refrigeração
17. Conservação
pelo calor O tratamento dos alimentos pelo calor é uma das mais
importantes técnicas de conservação. A acção do calor deve:
Provocar a destruição da maioria ou da
totalidade dos microrganismos
susceptíveis de alterarem os alimentos
Destruir a totalidade dos
microrganismos patogénicos e a maior
parte das suas toxinas
Inactivar as enzimas dos alimentos
responsáveis pelos fenómenos de
autólise
18. CONSERVAÇÃO
PELO CALOR A acção germicida do calor deve-se à desnaturação das proteínas. Acima de
determinada temperatura as proteínas coagulam e perdem as suas
propriedades. As diferentes enzimas dos microrganismos são inactivadas
progressivamente, implicando a redução do metabolismo até à perda da
capacidade de reprodução, sendo, desta forma, diminuída a população de
células microbianas desfavoráveis
Esterilização
Pasteurização
técnicas
Branqueamento
19. CONSERVAÇÃO Esterilização
PELO CALOR
O alimento é preparado e introduzido
num recipiente que é fechado e
submetido a uma temperatura superior a
100°C
Destrói enzimas e microrganismos. Alguns
esporos podem sobreviver
Algumas características dos alimentos podem
ficar alteradas
20. CONSERVAÇÃO Pasteurização
PELO CALOR
Utiliza temperaturas inferiores a
100°C e não destrói esporos nem
microrganismos mais resistentes
A combinação temperatura/tempo aplicada
depende das características do alimento
É um método adequado quando tratamentos
térmicos mais violentos afectam a qualidade
do produto, para eliminar agentes patogénicos
pouco resistentes ao calor e conjuntamente
com outros métodos
É aplicado a leite, iogurtes, natas, queijos
frescos, frutas
21. CONSERVAÇÃO Branqueamento
PELO CALOR
Consiste em mergulhar os alimentos em água à
temperatura de ebulição, ou à sua exposição do
vapor durante alguns minutos. Este tratamento
utiliza-se em legumes que se destinam à
congelação
Finalidade do Branqueamento
amolecer os produtos antes da
conserva
inactivar as enzimas
manter a cor natural dos produtos
antes da congelação
22. Conservação A temperatura é um dos factores ambientais que mais afecta a
pelo frio actividade e o crescimento microbiano. Isto deve-se à
influência da temperatura sobre a actividade das enzimas
microbianas e das enzimas dos tecidos
Quanto mais baixa for a temperatura mais lentas serão as reacções
bioquímicas, as acções enzimáticas e o crescimento microbiano
Modo de Actuação do Frio:
Inibe ou retarda a actividade das
enzimas microbianas e dos alimentos
Inibe ou retarda a velocidade de
outras reacções químicas não
enzimáticas
Inibe ou retarda o crescimento dos
microrganismos
23. Conservação Às temperaturas de refrigeração, o crescimento microbiano e a
pelo frio produção de toxinas estão fortemente diminuídos, o que reduz
o risco de toxinfecções alimentares, aumentando a
durabilidade dos alimentos
A conservação pelo frio tem a vantagem de preservar grande parte do
valor nutritivo e organoléptico dos alimentos. Tem a desvantagem de não
eliminar os microrganismos nem a acção nociva das toxinas, pelo que
sempre que a temperatura se torne favorável retomam a actividade. Não
há, pois, uma estabilização dos alimentos pelo frio
24. Conservação Para se optimizar a conservação dos alimentos pelo frio deve-
pelo frio se respeitar os seguintes princípios enunciados por Monvoisin:
Só os alimentos sãos e de boa qualidade devem ser
sujeitos à acção do frio
Os alimentos devem ser submetidos à acção do frio o
mais rapidamente possível após a produção
Os alimentos devem ser mantidos ininterruptamente
numa rede de frio até ao consumidor
Refrigeração
técnicas Congelação
25. Conservação Refrigeração
pelo frio
Os alimentos são conservados a uma
temperatura superior a 0°C. a refrigeração
comercial utiliza uma temperatura entre 5
a 7,2°C
Reduz o crescimento da maior parte dos agentes
patogénicos, mas os microrganismos mais
resistentes ao frio continuam a desenvolver-se
Aplicado a fiambres, carne, peixe, queijo fresco
26. Conservação Congelação
pelo frio
Conservação dos alimentos a uma
temperatura igual ou inferior a -18°C. A
congelação rápida evita a formação de
grandes cristais de gelo
Inibe o crescimento de todos os
microrganismos, mas continuam a ocorrer reacções
de autólise no alimento
Aplicado a carne, peixe, marisco, ervilhas e outros
vegetais, alimentos pré-cozinhados
27. Desidratação
e secagem Método de conservação que se baseia na redução
da maior parte da água da constituição de
alimentos por evaporação ou sublimação
A redução do teor de água no alimento, torna
inactivos os microrganismos, desacelerando as
reacções enzimáticas e químicas de alteração
Os factores que influenciam a secagem e que devem
ser controlados são a temperatura, a humidade
relativa e a velocidade de circulação do ar
Os principais métodos de secagem e desidratação
são a secagem pelo ar, fumagem e a liofilização.
Há ainda a secagem natural pelo sol
28. Desidratação Fumagem
e secagem
Exposição do alimento ao fumo que
resulta da queima da madeira e que
contém uma variedade de produtos
voláteis nocivos para os microrganismos
O alimento sofre também desidratação e
acção do calor
Aplicado a carne, peixe e charcutaria
29. Desidratação Liofilização
e secagem
Desidratação de alimentos congelados por
sublimação da água (evaporação da água
congelada sem que passe pelo estado
líquido)
Permite conservar satisfatoriamente a
textura e o aroma dos alimentos
Aplicado a café instantâneo, leite e sopas em pó
30. É um processo que consiste em fazer passar um
Filtração
líquido através de um filtro suficientemente fino
para reter os microrganismos, mantendo as
características organolépticas
A eficácia da filtração está directamente associada
ao diâmetro dos poros do filtro; na indústria
alimentar estes filtros têm poros com diâmetros
entre 0,2 a 1 micrómetro. Para leveduras utiliza-se
filtros com poros de 0,8 micrómetro e para a água
de 0,2 micrómetro
Os filtros muito finos entopem facilmente, pelo
que a filtração deve ser feita pela passagem do
líquido por filtros com poros sucessivamente mais
finos.
A filtração utiliza-se em alimentos tais como
cerveja, vinho, vinagre e sumos de frutos