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                                                  Editorial          03

                                                    Artigo 1         06
       Uma vadiagem intelectual da parte de quem não entende
       de Gestão do Conhecimento. Por Cláudio de Moura Castro

                                                   Artigo 2          10
                  O que há de mais humano na gestão - Parte B.
                                         Por Saulo Figueiredo

                                                   Artigo 3          15
Geração, difusão e gestão do conhecimento em clusters regionais.
                   Por João Amato Neto & Maria Elena León Olave

                                                   Artigo 4
    Gestão de relacionamento com a mídia, um novo paradigma.
                                                                     20
                        Por Flávia Domingues e Rosayne Macedo


                                                   Artigo 5          27
                     Dinâmicas para Gestão do Conhecimento.
         Como, porque e sobretudo porque não. Por Gisela Kassoy

                                                   Artigo 6
Avaliação de retorno sobre investimento em portais corporativos.
                                                                     30
                                              Por Eduardo Lapa


                                                   Artigo 7          38
     Gestão do Conhecimento na administração pública federal:
            Realidade ou alvo distante. Por Fábio Ferreira Batista

                                   Resenha de Livro
  Tecnologia da informação aplicada à Gestão do Conhecimento.
                                                                     42
                                   Por Cláudio Henrique Schons


                                                   Agenda            43
                                   Eventos internacionais de GC.



                                        Direto do Pólo
    O evento que marcou a criação do núcleo Campinas da SBGC.
                                                                     44
                           Por Fábio Câmara Araújo de Carvalho


                                    Palavra da SBGC
           GC Brasil: A história de um nome. Por Giovanni Colares
                                                                     46
expediente




                                                                  Expediente
          Uma publicação da:       Raquel Balceiro
SBGC – Sociedade Brasileira de     Resilda Rodrigues
    Gestão do Conhecimento         Ricardo Roberto Behr
            www.sbgc.org.br        Roberto Pacheco                  02
                                   Rodrigo Baroni
                                   Serafim Firmo de Souza Ferraz
  Integrantes Permanentes do
                                   Silvio Aparecido dos Santos
  Conselho Científico da SBGC
                                   Sonisley Machado
                    Presidente:    Walter Félix Cardoso Jr.
      Maria Terezinha Angeloni
                                   Editora-Chefe:
  Alberto Sulaiman Sade Júnior     Elisabeth Gomes
          Aline França de Abreu    Produção Executiva:
           Carlos Olavo Quandt     Maria de Lourdes Martins
                  Chu Shao Yong
                 Eduardo Moresi    Supervisor Editorial:
                                   Anderson Fagundes de Paula
      Faimara do Rocio Strauhs
Fernando Antônio Ribeiro Serra     Jornalista Responsável:
      Hélio Gomes de Carvalho      Cristiano Pio MG 09315 JP
                Gilson Schwartz
                                   Revisão:
          Guilherme Ary Plonski
                                   Cristiano Pio
         Helena Pereira da Silva   e Anderson Fagundes de Paula
                    Helena Tonet
               João Amato Neto     Edição de Imagens:
   Jorge Tadeu de Ramos Neves      Maria de Lourdes Martins
                                   e Marcos Albernaz
           José Ângelo Gregolin
                  José Rodrigues   Design:
                 Kira Tarapanoff   Quinto Elemento
    Marília M.R. Damiani Costa
           Moacir de M. Oliveria   Tecle conosco:
 Mônica Erichsen Nassif Borges     gcbrasil@sbgc.org.br
Editorial




            Editorial

 03
            Neste segundo número da GCBrasil, optamos por apresentar a vocês, textos que
            abordem diversos aspectos de Gestão do Conhecimento, de forma que seja possível
            ter uma visão geral sobre o tema.
            Sendo assim, nosso primeiro artigo é de Cláudio Moura e Castro, que fala sobre o seu
            desconhecimento sobre o tema. O título já desperta a curiosidade: “Uma vadiagem
            intelectual da parte de quem não entende de Gestão do Conhecimento”. E o conteúdo
            é mais surpreendente ainda, pois ele comenta situações pelas quais passou e onde
            descobriu que havia mais conhecimento do que capacidade de gerenciá-lo.
            Em seguida temos a segunda parte do texto de Saulo Figueiredo, “A Gestão do
            Conhecimento - O que há de mais humano na gestão - Parte B.” Na parte A, publicada
            no número 1 da GCBrasil, o autor discutiu cinco atuações em GC, aquelas não tão
            mencionadas como prática e portando subutilizadas pelas organizações. Na parte B,
            ele seleciona outras iniciativas importantes e também muitas vezes ocultas pelo efeito
            iceberg. Vamos então completar a leitura anterior? Aqueles que leram a parte A devem
            estar ansiosos esperando a conclusão; e, àqueles que não leram, recomendo a leitura.
            No artigo “Geração, difusão e Gestão do Conhecimento em clusters regionais”, os autores
            discutem os modelos organizacionais que surgiram e vêm se estruturando em função
            do aparecimento e fortalecimento de agrupamentos de empresas, considerados como
            resultados das mudanças nas relações inter-firmas e nos processos de administração
            do conhecimento. Muito se fala sobre o assunto, pois se entende que o futuro das
            empresas, devido à globalização, é juntar-se em torno de um objetivo comum para
            manter vantagem e ganhar em produtividade.
            Outro tema que sempre nos pareceu e parece muito interessante é comunicação; ou
            seja; ouvimos sempre sobre as dificuldades que as empresas têm, hoje em dia, de se
            relacionar com a mídia. Não um relacionamento de massa, mas sim um relacionamento
            considerando a estratégia empresarial. Um relacionamento que possa contribuir para
            consolidar sua marca e imagem junto à sociedade. No texto de Flávia Domingues e
            Rosayne Macedo, esta questão é muito bem tratada, inclusive com a apresentação de
            um modelo, que as autoras denominaram de Media Relationship Management (MRM)
            e sua aplicação em uma empresa. Quem sabe não poderemos resolver alguns dos
            “chamados” problemas de comunicação com o uso deste modelo?
Quem de vocês, leitores, nunca foi a uma palestra ou curso sobre GC onde não se




                                                                                         Editorial
pontuasse a necessidade de sensibilizar pessoas para o tema e, principalmente, para
o compartilhamento de conhecimento? Pois bem, no artigo de Gisela Kassoy “Dinâmicas
para GC – Como, porque e, sobretudo, porque não”, vamos ler sobre diversas formas,
lúdicas e bastante efetivas de usar dinâmicas de grupo para o aprendizado, e para a
sensibilização e comprometimento aos programas de Gestão do Conhecimento.
Mas, como sabemos, não basta apenas sensibilizar, temos que ter a capacidade de,
pelo menos, tentar mensurar as iniciativas e práticas de GC. Para começar a tratar
deste tema, polêmico ainda, pois não existem métricas bem definidas sobre o assunto,
trouxemos para vocês um artigo de Eduardo Lapa sobre “avaliação de retorno sobre
investimento em portais corporativos.” Esta prática de GC é hoje muito utilizada pelas
empresas, com o objetivo de tornar mais eficiente seus processos de comunicação
interno e externo por meio da unificação de informações e conhecimento num único
ambiente – o portal. Quem de vocês, leitores, não trabalha numa empresa que tem
um portal? Vamos ver, então, como mensurar o retorno neste investimento.
E, como estamos em época de troca de governantes, a nível federal e estadual,             04
entendemos que compartilhar conhecimento entre aqueles que se vão com aqueles
que chegam é fundamental. Torna a transição mais fácil e a administração mais
transparente. Para tal, precisamos entender como está esta questão da GC na
administração pública. No artigo de Fábio Batista, o autor procurou responder à
pergunta: A Gestão do Conhecimento (GC) na Administração Pública Federal é uma
realidade ou é, ainda, um alvo distante a ser alcançado? Com a leitura do texto todos
nós teremos com clareza esta resposta e poderemos sugerir aos nossos governantes
que também o leiam.
Ainda, nesta edição, uma resenha sobre o livro “Tecnologia da Informação
aplicada à Gestão do Conhecimento”, de Rodrigo Baroni de Carvalho e uma
lista atualizada com Informações sobre eventos internacionais na área de
Gestão do Conhecimento.
Finalizando, a revista, estamos publicando dois textos super interessantes: o primeiro
nos apresenta como foi criado o Núcleo Campinas da SBGC, que tem o objetivo de
ampliar o campo de ação das atividades da SBGC. Esta é uma iniciativa que a SBGC
incentiva para disseminar o tema por todo o País e o segundo nos conta a história da
criação do nome da revista GCBrasil.
Esperamos que vocês apreciem a leitura e continuem a enviar seus textos e comentários
sobre os artigos já publicados. Para tal, usem o e-mail gcbrasil@sbgc.org.br. A
partir do próximo número vamos inaugurar uma coluna com as cartas de nossos
leitores, ou seja, vamos praticar Gestão do Conhecimento começando com o
compartilhamento de opiniões.

Boa leitura e até o próximo número.




                                                 Elisabeth Gomes
                                              Editora da GC Brasil
                                 Diretora de Publicações da SBGC
UMA VADIAGEM
   INTELECTUAL
da parte de quem não entende
  de gestão do conhecimento.

                                                         Cláudio de Moura Castro
              Formado em economia pela UFMG. Mestre pela Universidade de Yale.
      Doutorando da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Ph.D. em Economia
                pela Universidade de Vanderbilt. Presidente do Conselho Consultivo
   da Faculdade Pitágoras. Autor de mais de trinta livros. Articulista da revista Veja.
                                                          claudioc@pitagoras.com.br
INTRODUÇÃO                              Diante da velocidade vertiginosa com que
Artigo 01



            Não tenho a menor pretensão de          guardamos informações, o problema passa
            entender de Gestão do Conheci-          a ser a recuperação. Quanto mais se guarda,
            mento. Acho que jamais li alguma        mais difícil passa a ser encontrar o que foi
            coisa substancial sobre o assunto.      guardado. Qualquer dona de casa sabe disso.
            Portanto, o que digo abaixo é pura      O esforço de organização e sistematização
            exploração intuitiva do tema, a par-    da informação de uma biblioteca é assom-
            tir de situações onde percebi que       broso. Mas a biblioteca perdeu fôlego, ficou
            havia mais conhecimento do que ca-      para trás. Nem a do congresso americano
            pacidade de gerenciá-lo. Voltemos       (com mais 100 milhões de títulos) se atreve
07




            ao passado. Durante muitos milênios,    a pensar em guardar tudo que pode ter
            o homem teve sérios problemas pa-       valor. E se guardasse? Como recuperar? O
            ra armazenar o conhecimento que         excesso de “guardação” está criando uma
            ia sendo adquirido. Tudo dependia       crise na recuperação. Na minha cabeça,
            da memória e da transmissão do          pouco versada nesses assuntos, estamos
            conhecimento por via da tradição        diante de um problema espantoso de
            oral. A própria Bíblia só foi escrita   guardar e recuperar a informação que se
            muito tempo após o acontecido.          gera a um ritmo estonteante. Eis a essência
            Com o desenvolvimento da escrita, o     do pepino com que tem que lidar a Gestão
            problema teórico da armazenagem         do Conhecimento. Vejamos dois exemplos.
            foi resolvido e restou a questão        Apoiado neles, retomarei a discussão do que
            prática de produzir anotações à mão,    fazer com o excesso de informações.
            em meios precários. Tão escassos
            eram os livros que Leonardo da          A INFORMAÇÃO MÉDICA
            Vinci só tinha 40 - apesar de ser um    Tive um quase “acidente cárdio-vascular”,
            homem muito bem de vida e um dos        quando morava nos Estados Unidos. Como
            grandes intelectuais do seu tempo.      resultado, fui parar no Massachussetts
            Nessa época, o problema ainda era       General Hospital em Cambridge e depois
            guardar, e não recuperar.               no Georgetown Hospital em Washington,
            Com a imprensa, Gutemberg fez           ambos de primeiríssima linha. Observando
            com que a mecânica de registrar e       tudo da horizontal (ou seja, de uma maca
            guardar o conhecimento desse um         ou cama), pude ver que a informação
            salto extraordinário. E os avanços      sobre meu caso (sinais vitais, exames etc)
            subseqüentes aceleraram o proces-       era gerada em um ritmo estonteante.
            so. Cinco séculos depois, aparece       Nada se perdia, tudo era armazenado em
            o computador e seus correlatos,         algum canto (formulários, computadores,
            resultando em um salto maior            papéis, guardanapos). Só que o sistema de
            ainda. O resultado é que guardar        armazenamento era tão primitivo que o cus-
            vai ficando cada vez mais fácil e       to de recuperação (em termos de tempo, que
            mais barato. Estima-se que em um        é igual a dinheiro) era maior do que o custo
            par de anos, um I-pod possa conter      de gerar a mesma informação novamente.
            todos os livros produzidos pela         É mais barato tirar a pressão novamente
            humanidade (um número pouco             do que encontrar o papel com ela anotado,
            acima de 30 milhões).                   a partir de uma medição poucos minutos
            Como guardar fica barato, guar-          antes. Estamos diante de um caso extremo
            da-se um colosso de informações.        onde a medicina mais sofisticada do mundo
convive com um sistema de armazenamento          possível recuperar. Cada vez que




                                                                                                  Artigo 01
e acesso que é consideravelmente pior do         se torna necessária a informação,
que o utilizado pelo mecânico do meu carro,      é mais fácil coletar novamente.
na época. Estamos diante de um problema          O problema é persistente, pois a
sociologicamente complicado, mas tec-            organização absurda adotada é
nicamente simples (tais soluções já foram        fruto de uma estrutura de poder
implantadas em outros países). Ou seja, o        refratária à introdução de um sis-
sistema de gestão do doente é primitivo          tema melhor.
ao extremo. Mas a inércia da medicina            No segundo, há um excesso de in-
institucionalizada é enorme. Os médicos          formação sendo gerada e guardada.




                                                                                                  08
não abrem mão do seu poder e dos seus            E não se encontrou uma maneira
feudos. A comunicação entre eles é por fax       inteligente de ter acesso a ela.
(a do meu mecânico era por internet). Em         Guardou-se o conhecimento. Mas
suma, como o sistema coleta e armazena           não se consegue recuperá-lo, pelo
demais, sem pensar nos mecanismos de             excesso de informações.
recuperação, acaba tendo que coletar a           No primeiro caso, há sistemas sim-
mesma informação, pois é mais barato do          ples, mas não há vontade política
que achar o papel ou o arquivo.                  de adotá-los. No segundo, não há
                                                 impedimentos políticos ou admi-
O MECANISMO DE CONSULTAS                         nistrativos, mas o problema vem se
DO BANCO MUNDIAL                                 revelando tecnicamente intratável.
Após ser alvo de muitas críticas, por não        Os dois exemplos me levam de volta
ouvir seus clientes, o Banco Mundial resolveu    aos meus tempos de funcionário
mudar de orientação. No projeto preparado        do BID, Banco Mundial e OIT. São
para um empréstimo no nordeste brasileiro,       organizações sérias e com alto pro-
promoveu amplas consultas. Foram ouvidos         fissionalismo. Por conta disso, ge-
secretários de várias pastas, prefeitos, ONGs,   ram uma profusão de informações
governo estadual e federal. Dezenas de           sobre os países, sobre os projetos,
pessoas foram consultadas, dizendo o que         e sobre as políticas e
pensavam e o que queriam. Criou-se um            orientações dos em-
amplo processo democrático de consultas.         préstimos. Os dados
                                                                               O sistema de gestão
Só que o volume de informações e relatórios      quantitativos são fá-
                                                                               do doente é primitivo
gerados tornou impossível a sua leitura. Ou      ceis de serem tratados.
                                                                               ao extremo. Mas a
seja, gerou-se a informação, guardou-se a        As descrições dos pro-
                                                                               inércia da medicina
informação. Mas o acesso ficou proibitivo.        jetos, tampouco são
                                                                               institucionalizada
Foram contratados leitores para fazer re-        um desafio. Em ambos
                                                                               é enorme.
sumos, mas não deu certo. Simplesmente,          os casos, há fórmulas
diante da mais completa impossibilidade de       adequadas de guardar
usar o conhecimento gerado, o Banco teve         e recuperar. Mas há
que voltar a tomar as decisões de forma          uma riqueza de dados qualitati-
centralizada, como sempre havia feito            vos e dados sobre características
antes. Depois disso, nunca mais cometeu a        de instituições e, pessoas e mais as
temeridade de consultar.                         avaliações periódicas, que se per-
São dois casos de acesso à informação. No        dem. Imaginemos três casos que
primeiro, há uma mecânica equivocada             embora fictícios, estão próximos
de guardar. Guarda-se mal. Por isso, não é       da realidade.
O melhor especialista do mundo           cometidos por gente honesta e competen-
Artigo 01



                      visita o país, estuda um determina-      te. Precisariam saber o que seu colega da sa-
                      do assunto e escreve um relatório        la ao lado sabia. Por exemplo, que o ministro
                      precioso. Um funcionário medíocre        era um imbecil ou que já estava prestes a
                      escreve um relatório interminável,       cair. Quando penso nos grandes desafios
                      mas onde há alguns comentários           propostos pelos exemplos acima, chamam
                      sobre a pouca confiança que mere-         atenção as perdas do conhecimento que
                      ce certo chefe de departamento           vão sendo geradas ao longo do caminho.
                      do país, cujo papel na gestão do         Pode ser conhecimento explícito ou tácito.
                      empréstimo pode ser crucial. Um          Em nenhum dos casos vi bons mecanismos
09




                      segundo funcionário escreve outro        para lidar com tal problema.
                      relatório, totalmente banal. Esses       Como disse, minha percepção do que se-
                      três relatórios são arquivados com       ria a Gestão do Conhecimento é ingênua e
                                     dezenas ou milhares       distante dos seus escritos clássicos – que
                                     de outros. Na prática,    desconheço. Mas espero que venha a ser
                                     estão perdidos. Não       uma disciplina capaz de oferecer boas pistas
             O Banco Mundial
                                     há como saber quais       para lidar com as perdas tratadas acima.
            é um cemitério de
                                     são os bons e quais
               conhecimentos
                                     são os inúteis. Não há
              úteis e até vitais.
                                     como saber que exis-
                                     tem relatórios bons.
                                     Não há como recuperar
                                     pedaços vitais de in-
                                     formação perdidos den-
                      tro deles. E essa ainda é a parte
                      fácil. Os funcionários, de visitar
                      múltiplas vezes os países, adquirem
                      uma enorme experiência sobre os
                      programas, culturas organizacionais
                      e as pessoas com quem o Banco
                      lida. Quando é o mesmo que volta
                      ao país, tudo que sabe, ele usa, com
                      grande benefício para o banco e
                      para o cliente. Mas ele pode não
                      participar na próxima missão. Pode
                      mudar de divisão. Pode se aposen-
                      tar. Tratando-se de conhecimentos
                      delicados, é coisa que se fala mas
                      não se escreve. Como conseqüên-
                      cia, perde-se sistematicamente um
                      grande volume de conhecimentos
                      adquiridos ao longo de muitos anos.
                      Pela sua política de rotações fre-
                      qüentes, o Banco Mundial é um
                      cemitério de conhecimentos úteis e
                      até vitais. Já vi erros trágicos sendo
A GESTÃO DO
CONHECIMENTO
      o que há de mais
 humano na gestão. Parte B


                                                 Saulo Figueiredo
    Diretor da Soft Consultoria - professor de Pós Graduação da FASP
                       Pós-graduado em Engenharia da Informação
   Autor do livro: Gestão do Conhecimento - Estratégias competitivas
                      para a criação e mobilização do conhecimento.
                                            sfigueiredo@soft.com.br
(CONTINUAÇÃO)                             VII.
Artigo 02



            No artigo publicado na edição ante-       Ativos intelectuais
            rior, cinco atuações em GC, aquelas       esquecidos pelas estratégias.
            não tão mencionadas como prática
            e, portanto, subutilizadas pelas orga-    A identificação e uso efetivo dos ativos
            nizações, foram explicitadas. Para esta   intelectuais esquecidos pelas estraté-
            edição selecionei outras iniciativas      gias é uma iniciativa de GC quase que
            importantes e também muitas vezes         completamente esquecida da literatura
            ocultas pelo efeito iceberg.              especializada. Consiste em procurar por
                                                      conhecimentos que não resultem em ação
            VI.                                       efetiva, não produzam efeitos, não este-
11




            Quando as perguntas nos                   jam sendo utilizados ou potencializados no
            ensinam mais do que as respostas.         contexto dos negócios, a fim de serem efe-
            A GC nos ensina a valorizar as            tivamente aproveitados pela estratégia cor-
            perguntas. Hoje em dia as boas            porativa. Iniciativas como esta, têm como
            perguntas feitas no ambiente de           objetivos obter a ampliação do uso do saber,
            negócios são tão importantes              a aplicação estratégica de conhecimentos
            quanto as respostas conseguidas.          esquecidos e a alavancagem de ativos intan-
            Não importa o quanto não esta-            gíveis em benefício da empresa. Nestas
            mos preparados para responder,            “expedições”, muitas vezes são descober-
            de pronto, todas as perguntas na          tos ativos intelectuais que poderiam (com
            empresa, se temos as melhores             potencial) alavancar outras atuações da
            perguntas e se temos perguntas            corporação, resultados novos, a ampliação
            que valem a pena responder, qua-          e a conquista de mercado e consumido-
            se sempre encontramos quem                res, além de gerar produtos ou serviços
            possa respondê-las. As perguntas          inovadores, fontes de oportunidades e
            interessantes nos acordam do sono         riquezas adicionais.
            em berço esplêndido, questionam           Conhecer seus ativos intelectuais, alavan-
            paradigmas, desafiam velhas prá-           car outros novos, posicioná-los mercado-
            ticas e atuações consolidadas, por        logicamente, alinhá-los estrategicamente
            vezes não importantes. As boas            e utilizá-los em sua plenitude, aproveitando
            perguntas nos fazem questionar as         a sua maior riqueza organizacional são
            coisas como são e não nos mantém          todas tarefas imprescindíveis em nossos
            em conformidade com o “como”              dias. É notório que mesmo empresas que
            gostaríamos que as coisas fossem.         possuam os melhores profissionais do
            As boas perguntas nos fazem pen-          mercado, necessitam aprender a mobili-
            sar. Podem nos levar à realidade          zar seus ativos intelectuais em torno de
            mais absoluta, nos trazer recados         objetivos estratégicos de negócios, sob
            do futuro e antecipar as melhores         risco e pena de não sobreviverem.
            reflexões e soluções. Sócrates dizia
            que conhecer os limites da própria        VIII.
            ignorância é sábio. Uma pergunta          Aproximar gente
            é a manifestação mais genuína             Muitas das pessoas estão em movimento
            deste reconhecimento, devendo ser         e não trabalham necessariamente juntas.
            valorizada nas empresas. O quanto         Fizemos muito pela colaboração em nos-
            sua empresa valoriza os talentos e a      sas empresas, mas em vários casos nos
            prática das melhores perguntas?           esquecemos que tão importante quanto
prover meios de colaboração é permitir que         os índices de turn over o importante




                                                                                               Artigo 02
     as pessoas se encontrem e que consigam             é questionar e compreender o que
     identificar outras dentro de perfis e conhe-         eles representam em condições
     cimentos desejados para conversar e resol-         específicas do negócio. Um turn
     ver problemas do dia-a-dia.                        over de 7% ao ano pode não ser
     Colocar um novato ao lado de outro pro-            tão prejudicial em um contexto e
     fissional experiente para que aprenda com           pode ser muito grave em outro. Tão
     ele durante o trabalho é também muito              relevante quanto o próprio número,
     relevante à gestão e à transferência de co-        é fundamental compreender seu
     nhecimentos. Precisamos incentivar as pes-         impacto, concentração e distribui-




                                                                                               12
     soas e influenciar a criação de uma cultura         ção em áreas estratégicas, suas cau-
     onde a adoção desses métodos seja natural,         sas, intensidade, localização e etc.
     espontânea e adequada às demandas.                 Pense em Inteligência de Negócios!
     A importância de conectar pessoas a outras         Existem “gaps” não superados pelo
     pessoas e de conectar informações às               BI tradicional. Imagine uma rede de
     pessoas de maneira automática e precisa,           lojas que descobre em seu históri-
     ou seja, no contexto e momento em que              co de vendas, várias ocorrências de
     precisam delas, parece inquestionável,             compras casadas de TV com DVD
     contudo, poucas são as empresas que                players. Ótimo. A empresa acaba de
     adotaram soluções já disponíveis pela              descobrir um comportamento de
     indústria de T.I. para apoiar e viabilizar estes   consumo (oportunidades) e poderá
     encontros (pessoas-a-pessoas, informação-          tirar proveito disso. O que esta
                           a-pessoas e informação-      companhia jamais descobriria em
                           a-informação) e trocas       seu Data Mining é que se ofereces-
                           produtivas. Enquanto         se cabos do tipo Component, por
                           os softwares de busca        exemplo, também teria êxito em
      A inteligência de
                           tradicionais se esforçam     suas vendas casadas com TVs e
    negócios possível é
                           para conseguir que as        DVDs players. Por não oferecer
sempre maior do que a
                           pessoas encontrem in-        em suas lojas tais acessórios, os
normalmente atingida.
                           formações a partir de        sistemas de Business Intelligence
                           velhos métodos, uma          da empresa não descobririam esta
                           nova geração deles, que-     co-relação e oportunidade. Portanto,
                           brando o paradigma, é        não se conforte com os resultados
     capaz de substituir as buscas, garantindo que      e recursos atuais. A inteligência de
     as informações se antecipem e encontrem            negócios possível é sempre maior
     pro ativamente as pessoas em função de seus        do que a normalmente atingida.
     problemas, necessidades, contextos e perfis.
                                                        X.
     IX.                                                Lembra-se daqueles que você
     Aprendendo a lidar                                 não contratou? Que pena...
     com os números                                     Tão importante quanto contratar
     Na economia do conhecimento nada mais              as pessoas certas é refletir sobre as
     coerente do que revermos nossas posturas           pessoas erradas que você contratou,
     e práticas. Os profissionais sabem questio-         é pensar sobre as pessoas certas
     nar os dados à luz do conhecimento? Por            que de maneira errada você não
     exemplo: ao contrário de simplesmente ter          contratou. Você se lembra daquele
talento que você deixou de con-          a conquista de diferenciais que eliminam
Artigo 02



            tratar? O desempenho dele futu-          as disputas no mercado baseadas simples-
            ro comprovou suas conclusões a           mente em preço.
            respeito dele? Você estava corre-        Não por acaso, concluo este artigo convicto
            to ao desprezá-lo ou recusá-lo? E        de que a Gestão do Conhecimento é o que
            aqueles que sua empresa demitiu          há de mais humano na gestão.
            nos últimos dois anos em posições
            estratégicas?                            Bibliografia.
            Leituras críticas a respeito de crité-   Figueiredo,Saulo - Gestão do Conhecimento
            rios prejudiciais que imperam nos        - Estratégia Competitivas para a Criação e
13




            processos seletivos e decisões           Mobilização do Conhecimento na Empresa
            sobre demissão de talentos são           - QualityMark Ed. 2005
            fundamentais a uma estratégia
            sólida baseada no conhecimento.
            Processos seletivos consolidados
            e os modelos mentais dos profis-
            sionais envolvidos, precisam ser
            questionados e revistos à luz do
            conhecimento, tornando-se com-
            patíveis e coerentes com a GC.

            XI.
            Orquestrar o Sucesso e o Futuro
            As práticas mais importantes para
            prosperar nos negócios em nossos
            dias, consistem em atrair, reter os
            melhores talentos e saber orques-
            trá-los dentro de uma estratégia do
            conhecimento. Considerando que o
            conhecimento genuíno só existe nas
            cabeças das pessoas, as empresas
            do conhecimento resultam das
            melhores configurações que as
            redes de talentos/conhecimentos
            podem assumir, incluindo pessoas
            nos lugares certos, fluxo de infor-
            mações, atuação, propósito, foco,
            estratégias do conhecimento, pro-
            dução e uso do saber. Em tempos de
            competição esta é uma estratégia
            e tanto, uma vez que os arranjos do
            conhecimento são estruturas difí-
            ceis de copiar, permitindo a criação
            e a manutenção de barreiras com-
            petitivas frente aos concorrentes e
GERAÇÃO,
 DIFUSÃO E GESTÃO
DO CONHECIMENTO
     em clusters regionais




                                       João Amato Neto
                      Professor associado (livre-docente),
             Departamento de Engenharia de Produção,
            Escola Politécnica, Universidade de São Paulo
                                          amato@usp.br



                               Maria Elena León Olave
                Professora doutora, Fundação de Ensino
                    Eurípides Soares da Rocha (UNIVEM)
                                   melena@fundanet.br
Artigo 03
INTRODUÇÃO
A literatura sobre clusters e novos mode-
los de organização industrial mostra que
o sucesso destes modelos está relaciona-
do basicamente com dois aspectos: o
processo de rede entre firmas e o acúmu-
lo de conhecimento técnico e gerencial




                                              16
desenvolvido nos clusters através de
aprimoramento dos seus processos
e rotinas e práticas organizacionais
(Becatinni, 1989). Os clusters são con-
centrações geográficas de empresas de
determinado setor de atividade e com-
panhias correlatas. Estas podem ser,
por exemplo, fornecedoras de insumos
especiais, componentes, máquinas, ser-
viços ou provedoras de infra-estrutura
especializada. Muitos clusters incluem
ainda instituições governamentais ou
não, como universidades, entidades nor-
mativas e associações comerciais.
O desenvolvimento do conhecimento
dentro de um cluster tem sido analisado,
focalizando a atenção nas ligações entre os
processos de produção e as características
sociais e culturais dentro de um contexto
local específico. O reconhecimento da
importância da geração de conhecimento
é bastante recente, mas esta pode ser
comprovada através dos seguintes fatos:
as economias avançadas dependem
cada vez mais de produção, distribui-
ção e uso do conhecimento; a produção
e o emprego estão se expandindo mais
rapidamente nas indústrias de alta tec-
nologia; as mudanças tecnológicas têm
papel chave nas organizações; existe
a necessidade de novos modelos para
analisar a produção, troca e utilização
do conhecimento.
De acordo com Xavier (1998), o conhe-
cimento é gerado no momento em que
um sujeito busca compreender um
objeto ou ação. Esse conceito de
Artigo 03



            que o conhecimento vem de um
            relacionamento confirma a teoria
            de Addleson (1998) de que aprender
            é uma atividade social, de maneira                                            SOCIALIZAÇÃO
                                                     TÁCITO                                                 TÁCITO
                                                                                          (Proximidade)
            que o conhecimento é o sentido que
            damos aos objetos ou a descoberta
            de coisas pelo envolvimento com as
            pessoas e suas obras.




                                                                    (Aprender fazendo)
                                                   INTERNALIZAÇÃO




                                                                                                                         (Externalização)
                                                                                                           ARTICULAÇÃO
            De acordo com Marçula (1998), a
17




            informação é criada quando uma
            pessoa que possui dados formata-
            os, filtra-os ou resume-os, de modo
            que tenha algum sentido ou uti-
            lidade na obtenção de algum           CODIFICADO
                                                                                         PROCESSAMENTO
                                                                                                          CODIFICADO
                                                                                             (Redes)
            resultado (por exemplo, realização
            de uma determinada tarefa). A
            informação, quando interpretada
                                                 Figura 1 | Processo de Conversão
            ou usada para tomar uma ação ou
                                                 do Conhecimento (Quandt, 1998)
            decisão, gera um resultado, que é
            um novo conhecimento. Esse novo
            conhecimento é armazenado junto
            com outros já obtidos, formando o    LEGENDA:
            conhecimento acumulado.              Socialização: conversão do conhecimento
            Segundo Stewart (1998) o conhe-      tácito em conhecimento tácito
            cimento pode ser classificado em:     Externalização: conversão do conhecimento
                                                 tácito em conhecimento explícito
            Conhecimento Tácito:                 Combinação: conversão do conhecimento
            conhecimento que o indivíduo não     explícito em conhecimento explícito
            sabe que possui.                     Internalização: conversão do conhecimento
            Conhecimento Explícito:              explícito em conhecimento tácito.
            conhecimento que o indivíduo sabe
            que possui.
            Lacunas Conhecidas:
            conhecimento que o indivíduo sabe    OS CLUSTERS REGIONAIS E SUA
            que não possui.                      IMPORTÂNCIA NA GERAÇÃO E
            Lacunas Desconhecidas:               DIFUSÃO DO CONHECIMENTO
            conhecimento que o indivíduo não     Na economia globalizada, muitas vanta-
            sabe que não possui.                 gens competitivas dependem de aspectos
                                                 locais, conhecimento, relacionamentos, mo-
            Já Malhotra (1997) sugere que        tivação etc. e, por isso, ganham força os
            existem quatro modos do conhe-       chamados clusters de empresas.
            cimento ser criado, conforme a fi-    No aspecto do conhecimento, os clus-
            gura a seguir:                       ters acumulam uma grande quantidade
de informações, dos mais diversos tipos,       xos de conhecimento estão incor-




                                                                                            Artigo 03
com acesso preferencial garantido a seus       porados nas interfaces entre três
membros. Além disso, os relacionamentos        processos encadeados, ou ciclos, da
pessoais e os laços com a comunidade           criação de capacidades tecnológicas:
promovem a confiança e facilitam o fluxo
de informações.                                1. processo de aprendizagem tec-
O desenvolvimento de clusters eficientes é      nológica,
essencial para as economias emergentes,        2. processo de mudança tecnológica
pois, além de concorrer no mercado mundial     e inovação,
com mão-de-obra mais barata e recursos         3. processo de produção (BELL e




                                                                                            18
                                               PAVITT, 1993).
naturais próprios, estas poderiam passar
para um estágio de desenvolvimento mais
                                               A primeira interface está entre o
avançado, concorrendo assim com empresas
                                               processo de aprendizagem tec-
em países desenvolvidos.
                                               nológica e o ciclo de mudança
Para entender o papel potencial dos clusters
                                               tecnológica e inovação. No nível
regionais para aumentar as capacida-           da firma, os fluxos internos nesta
des tecnológicas, é útil estabelecer uma       fase relacionam-se principalmente
distinção entre dois elementos chave da        às suas próprias capacidades pa-
aquisição do conhecimento. Eles podem ser      ra desenvolver e administrar sua
caracterizados como insumos internos ou        base de tecnologia e recursos in-
externos (endógenos e exógenos) à firma         tangíveis. No nível da região, o co-
(ALBU, 1997). O primeiro tipo é um fluxo de     nhecimento endógeno origina-se
conhecimento gerado dentro das firmas,          principalmente da exploração de
como resultado das atividades próprias;        recursos complementares, como o
o segundo tipo representa um fluxo de           desenvolvimento conjunto de pro-
conhecimento gerado por atividades orien-      dutos, processos e técnicas entre
tadas ao ambiente externo, como busca de       firmas e instituições. Os insumos
informação fora da firma.                       exógenos à firma relacionam-se
Os fluxos internos à firma se referem a          às externalidades regionais, como
atividades de observação, experimenta-         a infra-estrutura tecnológica, trei-
ção e análise, que contribuem ao aumento       namento, desenvolvimento de re-
de capacidades. No sistema produtivo, o        cursos compartilhados e trocas de
                                               informações.
feedback interno ocorre como um resulta-
                                               Na segunda interface,
do da interação entre as firmas, dos fluxos
                                               entre os processos de          Os relacionamentos
de informação e da mobilidade de pessoal
                                               mudanças tecnológicas          pessoais e os laços
qualificado. Este conhecimento também
                                               e produção, os insu-           com a comunidade
pode ser o resultado da experiência na
                                               mos internos de conhe-         promovem a confiança
observação ou participação nos processos de    cimento se relacionam          e facilitam o fluxo
mudanças tecnológicas em outras firmas.        à habilidade da firma de        de informações.
Os fluxos de conhecimento externo podem        usar suas capacidades
chegar ao complexo produtivo ou à firma        tecnológicas para gerar
individual através de clientes externos,       inovações e aplicá-las no processo
instituições tecnológicas, universidades,      de produção. As realimentações de
fornecedores de bens de capital, litera-       conhecimento nesta fase originam-
tura técnica etc.                              se da capacitação obtida através
De acordo com Quandt (1998), estes flu-         da experiência na produção e da
interação produtor-usuário.             vimento do conhecimento e o processo
Artigo 03



            Os três níveis de insumos de co-        de transferência representam importantes
            nhecimentos e os seus respectivos       características, que podem afetar o sistema
            feedbacks permitem que as firmas         dentro do qual a firma está inserido.
            e regiões acumulem capacidades
            tecnológicas e as apliquem na
            fase de produção. O primeiro nível      Bibliografia.
            surge dos esforços internos da          ADDLESOM, M. What is a Learning
            firma e sua capacidade de apren-         Organization? Disponível em: http://www.
            der sistematicamente da pesquisa,       gmu.edu Acesso em: 21. mar. 1998
            observação e experimentação prá-
19




                                                    ALBU, M. Technological Learning and
            tica; o segundo nível se refere à
                                                    Innovation in industrial Clusters in the
            aquisição de informação nova fora
                                                    South. SPRU Electronic working papers,
            da firma, mas dentro da região;
                                                    Sussex, n. 7, 1997.
            o terceiro nível de aquisição de
            conhecimento se refere à melhoria       ANGUS, J; PATEL, J. Knowledge Management
            de aprendizagem interna, inovações      Cosmology. Information Week, New York,
            e eficiência da produção a partir de     v. 673, 1998.
            fontes externas à firma e à região.      BECATTINI, G. Sectors and/ or Districts: Some
                                                    Remarks on the Conceptual Foundations
            CONCLUSÕES                              of Industrial Economics. In: GOODMAN,
            A Gestão do Conhecimento é uma          E.; BAMFORD, J, (Eds.). Small Firms and
            nova filosofia de trabalho para as      Industrial Districs in Italy. London:
            organizações que precisam ad-           Routledge, 1989. pp. 123-135.
            ministrar todas as suas ativida-        BELL, M.; PAVITT, K. Technological accu-
            des, tais como coletar, processar,      mulation and industrial growth: contrasts
            administrar e distribuir o conheci-     between developed and developing coun-
            mento entre os membros. As no-          tries. Industrial and Corporate Change, Ox-
            vas oportunidades de negócios           ford, v. 2 n. 2, pp 157-209, 1993.
            tenderão a privilegiar produtos         MALHOTRA, Y. Knowledge Management
            e serviços que envolvam um alto         in inquiring organization. In: AMERICAS
            conteúdo de conhecimentos e de          CONFERENCE ON INFORMATION SYSTEMS,
            informações.                            3., 1997, Indianápolis. Proceedings. Indianá-
            No interior dos clusters de empresas,   polis: ASIS, 1997.
            essa nova filosofia pode ser resumi-      MARÇULA, M. Metodologia para gestão do
            da em uma organização que apren-        Conhecimento apoiada pela tecnologia da
            de, vista como um grupo de pessoas      informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE
            que trocam conhecimento para re-        ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 19., 1999, Rio de
            solver problemas e compartilhar         Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ABEPRO, 1999.
            riscos. Esta tendência parece se        QUANDT, C. O. Economia Baseada em
            vislumbrar como alternativa impor-      Conhecimento. Gestão Estratégica do
            tante, principalmente quando se         Conhecimento. Notas de Aula. Curitiba:
            trata de economias emergentes           Universidade Federal do Paraná, 1998.
            como o Brasil, que ocupam um            STEWART, T. Capital intelectual. Rio de
            papel dependente no processo            Janeiro: Campus, 1998.
            de globalização da economia. Nas        XAVIER, R. A. Capital intelectual. São Paulo:
            relações inter-firmas, o desenvol-      STS, 1998.
GESTÃO DE
RELACIONAMENTO
    COM A MÍDIA
    Um novo paradigma
                                Flávia Domingues
                        Jornalista e especialista em
          Gestão do Conhecimento pela Coppe/UFRJ
            Coordenadora da área de conhecimento
            e Informação do Inst. Dialog/Agência 21.
                               flavia@dialog.org.br


                                  Rosayne Macedo
                        Jornalista e especialista em
          Gestão do Conhecimento pela Coppe/UFRJ
               Assessora de imprensa do Sebrae/RJ.
                      rosayne.macedo@gmail.com
INTRODUÇÃO                                sistema de impressão com tipos móveis,
Artigo 04



            A introdução de novas tecnologias         que deu origem à imprensa, os veículos de
            trouxe mudanças irreversíveis no          comunicação têm evoluído muito. No início
            ambiente de trabalho, impactando          do século passado, nas redações dos jornais,
            diretamente os meios de comu-             a notícia saía das penas dos redatores em
            nicação. Especialistas chegam a           seus tinteiros. Mais tarde, veio a máquina
            afirmar que as transformações na           de escrever – manual, depois elétrica –, que,
            mídia provocadas pela “revolução da       antes mesmo do fim do século passado, já
            informação” se comparam àquelas           havia sido aposentada nas redações, gra-
            enfrentadas pelas fábricas durante        ças ao advento da informática.
21




            a Revolução Industrial. Jornais, revis-   Microcomputadores, notebooks, palmtops
            tas, emissoras de rádio e tevês – agora   e celular são os novos instrumentos
            chamados de “mídias tradicionais” –,      de trabalho dos jornalistas, agora mais
            com equipes cada vez mais enxutas,        especializados e conscientes de seu papel
            passaram a concorrer com os sites         em uma sociedade que vive a informação
            de notícias, que explodiram a partir      24 horas por dia. Os meios eletrônicos
                     da massificação da Internet       (rádio e tv) se encarregaram de consolidar
                     na virada do milênio.            a transmissão quase instantânea dos
                                 A revolução na-      acontecimentos, mas foi a Internet que
                                 da silenciosa e      inaugurou uma nova linguagem em tempo
                                 anunciada que        real. Nos anos 90, as redes digitais de co-
            se verifica na atualidade confirma a        municação, interligando o mundo e as pes-
            importância vital da comunicação,         soas, possibilitaram o acesso simultâneo
            tão antiga quanto o próprio homem.        a diversas mensagens
            Afinal, desde os grunhidos e gestos        individualizadas, por di-
                                                                                   Mcluhan (1996)
            dos tempos das cavernas, passan-          versos meios.
                                                                                   pregava que “o meio
            do pelo surgimento da linguagem           A instantaneidade e
                                                                                   era a mensagem”,
            e da codificação, o homem vive a           a abrangência mun-
                                                                                   a diferenciação de
            necessidade de se comunicar. Pri-         dial sem limites – que
                                                                                   audiências dos anos
            meiro de pessoa para pessoa; depois       ultrapassam as bar-
                                                                                   80 demonstrou que a
            para um grande número de pessoas,         reiras geográficas, so-
                                                                                   “mensagem era o meio”.
            toda uma vila, uma cidade, um país.       ciais e econômicas –
            E foi assim que surgiram os mei-          encurtaram o tempo
            os de comunicação de massa,               entre o acontecimento e a materialização
            genericamente denominados de              dos fatos e a divulgação dos mesmos. O
            imprensa. Ao longo dos tempos,            ambiente de difusão das notícias começou
            esses veículos se consolidaram            a mudar com grande velocidade.
            como fornecedores de um produ-            Se a História recente conheceu o adven-
            to cada vez mais essencial à soci-        to da comunicação de massa, onde Mc-
            edade moderna: a informação. E            luhan (1996) pregava que “o meio era a
            tornaram-se importantes para a            mensagem”, a diferenciação de audiências
            veiculação de fatos e idéias, con-        dos anos 80 demonstrou que a “mensagem
            tribuindo decisivamente para a de-        era o meio”. Para Corrêa (1999), as novas
            mocratização das informações e sua        formas de comunicação possibilitam ampla
            transformação em conhecimento.            diversidade cultural e social, conduzindo à
            Começando por Gutemberg e seu             segmentação de usuários/espectadores/
leitores / ouvintes, e favorecem a formação de   organizações depende das normas




                                                                                        Artigo 04
comunidades virtuais que expressem essas         e interesses de cada veículo, o que
diferenças, aumentando a estratificação          é chamado de linha editorial. E cada
social entre os usuários. É a interativi-        vez é mais acirrada a concorrência
dade, ou a multimídia, potencializando o         com milhares de organizações que
poder da audiência: a mensagem agora é           desejam se comunicar com seus
a mensagem.                                      públicos e julgam possuir atributos
                                                 de informação que justifiquem o
MÍDIA ESPONTÂNEA X PUBLICIDADE                   interesse da imprensa.
A preocupação com a imagem corporativa           Não resta dúvidas de que o




                                                                                        22
na hora de formular as políticas internas        inter-relacionamento entre as or-
de comunicação empresarial não passa             ganizações e a imprensa, canal
mais pela necessidade de se investir em          privilegiado para acesso aos mais
propaganda tradicional, mas pela presença        variados públicos, pode contribuir
na “mídia espontânea”, como é chamada            para o atingimento dos objeti-
a abordagem gratuita de uma empresa              vos mercadológicos e institucionais
ou instituição em determinado veículo de         das organizações. A comunicação
comunicação, o que gera maior credibili-         via imprensa deve ser vista com
dade e, conseqüentemente, agrega mais            prioridade pelos responsáveis pelas
valor às organizações.                           decisões estratégicas das organi-
RIES (2002), em “A Queda da Propagan-            zações, que agora, concorrem com
da - Da mídia paga à mídia espontânea”,          outras, também, pela ocupação de
destaca que “não importa quão criativa           espaços na mídia.
seja a campanha, quão apropriada seja a
mídia, simplesmente falta credibilidade à        A IMAGEM CORPORATIVA COMO
propaganda”.                                     ESTRATÉGIA
A proclamada credibilidade da mídia es-          Enquanto os veículos de comu-
pontânea pode ser aferida no estudo              nicação se desenvolveram e sofis-
anual sobre confiança, realizado em 2005          ticaram, formando um novo perfil
com 2 mil formadores de opinião de todo o        do profissional de imprensa, a ne-
mundo. Entre os brasileiros, 61% acreditam       cessidade de se comunicar também
nas informações sobre empresas publicadas        passou do âmbito individual para
por revistas de negócios e em 56% das lidas      o cotidiano das organizações (em-
em jornais. O índice de credibilidade cai a      presas, entidades e instituições
36% para a publicidade institucional e para      públicas e privadas), que se tor-
35% em relação à publicidade de produtos e       naram consumidoras potenciais
serviços. Na Europa e nos Estados Unidos, o      de comunicação pois precisam in-
mesmo índice não chega a 10%.                    formar sobre seus produtos, ser-
Diferentemente da publicidade - em que a         viços e atividades.
organização interessada adquire um espaço,       Em mercados cada vez mais com-
paga por ele e veicula a sua mensagem            petitivos, que operam segundo
exatamente como quer -, na divulgação            padrões administrativos, tecnoló-
gratuita a mensagem é submetida aos              gicos e comerciais semelhantes,
critérios do veículo, que se reserva o direito   as organizações necessitam estar
de publicar ou não a informação recebida.        presentes junto a seus públicos
A ocupação do espaço editorial dedicado às       também para fortalecer sua ima-
gem ou consolidar suas opiniões,        também se tornou uma commodity com
Artigo 04



            ocupando ou neutralizando o espa-       grande valor, que representa uma vantagem
            ço da concorrência.                     competitiva e pode ser “vendida” se tiver
            Mesmo que muitas vezes não esteja       uso para os outros e for fornecida com
            explicitada em planejamentos es-        exclusividade. E para que organizações se-
            tratégicos, a comunicação deve          jam bem-sucedidas na nova sociedade, é
            permear, na prática, toda a estrutura   preciso, além de reunir dados, analisá-los
            das organizações para a conquista       para criar informação, interpretá-la e disse-
            da excelência no desempenho, cha-       miná-la para o público apropriado. Ou seja,
            mada de “qualidade total”. Como         é necessário aplicar a Gestão do Conheci-
23




            um poderoso instrumento de mar-         mento na prática diária da comunicação.
            keting, a comunicação contribui         Afinal, ter habilidade para agir rapida-
            para agregar valor à marca e aos        mente com base no conhecimento re-
            produtos de uma organização.            presenta agora o diferencial competiti-
            Para KUNSCH (2003) “a comunica-         vo em um mercado cada vez mais voraz.
            ção organizacional compreende o         E é neste ambiente que a comunicação
            conceito amplo do conjunto das          surge como elemento fundamental para
            diferentes modalidades comuni-          ajudar a construir a imagem positiva da
            cacionais que ocorrem dentro das        corporação, capitalizando a qualidade
            organizações, a saber: a comunica-      dos produtos e serviços, valores e relacio-
            ção institucional, a comunicação        namentos com seus diferentes públicos.
            mercadológica ou comunicação de
            marketing, a comunicação interna e      GESTÃO DO RELACIONAMENTO, MODISMO
            a comunicação administrativa”.          OU NECESSIDADE?
            Seja qual for a definição, a comu-       Um dos assuntos mais discutidos no
            nicação deve estar em sintonia          mundo dos negócios é o uso do Customer
            com as estratégias da organiza-         Relationship Management (CRM). Conceito,
            ção, visando atender às expecta-        estratégia, ferramenta, necessidade ou
            tivas de seus diferentes públicos       apenas mais um modismo, a gestão de
            – funcionários, colaboradores, acio-    relacionamento com o cliente tem como
            nistas, dirigentes, fornecedores,       objetivos aumentar a lucratividade e favo-
            governo, clientes/consumidores, co-     recer a fidelização da carteira.
            munidades –, agora definidos como        Para Ramalho (2006), o uso inteligente
            parceiros ou stakeholders.              e com visão estratégica do CRM é que
            Empresas modernas, inseridas na         deverá determinar o seu grau de sucesso
            Sociedade do Conhecimento, de-          dentro de uma organização. “CRM é
            vem não apenas investir em novas        moda sim, mas também necessidade, é
            tecnologias, instalações, equipa-       definitivamente uma estratégia de negó-
            mentos ou treinamento de pessoal,       cio, e como tal envolve pessoas, proces-
            mas também cuidar da qualidade          sos/metodologia e tecnologia/ferramenta,
            de seus sistemas de comunicação,        nesta ordem de prioridade”.
            como diferencial competitivo diante     Na Sociedade do Conhecimento, as orga-
            da “comoditização” de produtos,         nizações têm investido bilhões em sistemas
            serviços e custos, determinada pe-      de apoio ao marketing de relacionamento,
            la globalização das economias.          no sentido de melhorar os processos e
            Neste novo contexto, a informação       ampliar os canais de comunicação com
clientes. Mas PALLOTA (2006) adverte: “Não       relacionamento, proporcionando




                                                                                                     Artigo 04
basta criar bases de dados sem utilizar          um atendimento personalizado
uma estratégia de integração, que permita        e mais adequado às demandas
fornecer à organização uma visão 360º            deste público. A criação de um
do perfil de cada cliente - quem é, como         sistema de Media Relationship
pensa e se comporta”.                            Management (MRM), em sintonia
Apesar de suas inúmeras aplicações, pouco        com as estratégias da organização,
se tem usado esta ferramenta no campo            pode ser a solução.
do relacionamento com a mídia. Afinal, o
jornalista não é também um cliente ou            DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO




                                                                                                     24
potencial cliente, que busca informação          ESTRATÉGICO EM COMUNICAÇÃO
que atenda às suas necessidades e às de          O modelo proposto neste trabalho
seu público (leitores, espectadores, ouvintes,   sugere inicialmente o mapeamen-
usuários)? Portanto, a satisfação e lealdade     to dos capitais do conhecimen-
deste cliente podem determinar ganhos            to da organização que possam
expressivos na reputação e imagem de             influir nas ações de comunica-
organizações, bens intangíveis preciosos         ção e interação com a mídia. Este
para o sucesso no mercado.                       sistema prevê o levantamento de
                                                 informações primárias
O CONCEITO MRM                                   e secundárias sobre          As soluções a serem
(MEDIA RELATIONSHIP MANAGEMENT)                  a organização e sua á-       propostas a partir de um
O jornalista, em seu cotidiano de traba-         rea de comunicação/          planejamento estratégico
lho, recorre constantemente ao uso de            assessoria de impren-        integrado deverão, com
ferramentas tecnológicas para gerar in-          sa e o uso de conceitos      o suporte de ferramentas
formação. Por isso, quanto maior a facilidade    e ferramentas de diag-       de Tecnologia da
no acesso de dados e conhecimentos               nóstico como entrevis-       Informação e da
específicos, maior o interesse do profissional     tas com porta-vozes;         Comunicação, abrir um
pela organização, que se torna uma fonte         pesquisas de opinião         canal de diálogo mais
recorrente, posicionada em grau de van-          com jornalistas sobre a      direto, ágil e transparente
tagem competitiva na chamada concor-             imagem da organiza-          com a mídia.
rência da informação.                            ção no mercado e como
Com a velocidade com que as informações          se relaciona com a mídia e análise
circulam, investir no relacionamento com         seqüencial da exposição da organi-
a imprensa torna-se, portanto, essencial         zação na imprensa. Recomenda-se,
não apenas para conhecer suas rotinas de         por fim, a utilização da Matriz Swot
trabalho e melhorar o atendimento, mas           para identificar forças, fraquezas,
também, e principalmente, a fim de pensar         ameaças e oportunidades que, cru-
e definir novas estratégias de comunicação        zadas, possam determinar os rumos
nas organizações, que possam impactar            da nova política de MRM.
positivamente a sua imagem reputacional          As soluções a serem propostas a par-
e potencializar a sua presença na mídia,         tir de um planejamento estratégico
contribuindo para tornar tangível os ganhos      integrado deverão, com o suporte
junto a seus públicos de interesse.              de ferramentas de Tecnologia da In-
Diante deste cenário, constitui-se gran-         formação e da Comunicação, abrir
de desafio o desenvolvimento de uma              um canal de diálogo mais direto,
ferramenta que permita gerenciar este            ágil e transparente com a mídia.
A idéia é facilitar os processos de     Acesso em: 15 abr. 2006.
Artigo 04



            trabalho nas atividades de asses-       ESTUDO ANUAL SOBRE CONFIANÇA. Edel-
            soria de imprensa nas organizações      man Trust Barometer. Edelman, 2005. Dis-
            por meio de captação, armazena-         ponível em http//www.edelman.com.br.
            mento e extração de informação          Acesso em 19.mai.2006
            e conhecimentos (metodologias,          KUNSCH, M. Planejamento de relações
            processos etc.). O objetivo final       públicas na comunicação integrada. 4.ed.
            deve ser atrair e fidelizar o cliente,   São Paulo: Summus, 2003.
            no caso, os jornalistas, contribuindo   PALLOTA, L. Relacionamento com Clientes -
            para ampliar a presença positiva da     Como transformar dados em informação?
25




            organização na mídia.                   29/06/06. Disponível em http://www.ad-
            O fomento ao desenvolvimento de         ministradores.com.br. Acesso em 2 . jul. 2006.
            redes de conhecimento específicas        RIES, Al e Laura. A queda da propaganda:
            para jornalistas; a criação de salas    da mídia paga à mídia espontânea. Rio de
            de imprensa com conteúdo de             janeiro: Campus, 2002.
            qualidade e maior interatividade;       WURMAN, R. S. Information Architects.
            e o lançamento de ações de Mar-         Graphis Book, 1996.
            keting de Relacionamento podem          WURMAN, R. S. Ansiedade de informação,
            ser sugeridas, como uso de men-         v.1 como transformar informação em com-
            sagens SMS, e-mail marketing,           preensão. Editora de Cultura, 1996.
            marketing viral e outras estraté-
            gias que contribuam para ampliar
            a percepção dos jornalistas sobre
            a organização. Todas as ações de-
            vem estar alinhadas com as espe-
            cificidades de cada organização e
            das diferentes mídias com as quais
            mantém relações.




            Bibliografia.
            BUENO, W. C. A auditoria da imagem
            na mídia como estratégia de
            inteligência empresarial. 1999. In
            Comunicação e Sociedade no 32.
            UMESP, SP, 1999.
            CORRÊA, E. S. O Jornalista Brasileiro
            na Sociedade da Informação:
            repórter da realidade, arquiteto da
            virtualidade. Revista Comunicações
            e Artes. São Paulo, 21 (34) primeiro
            quadrimestre de 1999. Disponível
            em http://njmt.incubadora.fapesp.
            br/portal/publi/beth/jornalista-bra-
            sileiro-na-era-da-informacao.pdf.
DINÂMICAS PARA GC
Como, porque e sobretudo porque não

                                             Gisela Kassoy
                     Especialista em criatividade e inovação,
                     Mestranda na ECA/USP, Psicodramatista
                     com formações em dinâmica de grupos
                         na PUC/SP e na sociedade brasileira
                                de dinâmica de grupos e em
                              gestão da inovação na FGV/SP.
                                 gisela@giselakassoy.com.br
Costumo iniciar palestras sobre programas           envolve a prática. Valores abarca o




                                                                                          Artigo 05
de GC com uma dinâmica muito simples:               nível emocional, o envolvimento,
Peço aos participantes que apontem na               bem como a descoberta e renovação
sala pessoas com determinados hábitos               de nossas crenças e paradigmas. A
ou habilidades (acordar cedo, tocar algum           porta de entrada para este último
instrumento musical, etc.). Em cinco minu-          canal é a dinâmica de grupos.
tos chegamos às respostas, e, o que é mais          Para Lewin, não importa onde o
importante, os participantes percebem:              aprendizado inicia, e é mais inte-
. Se compartilharam ou não os dados;                ressante que ele comece onde
. Se tiveram ou não iniciativa para pedir ou        houver mais receptividade.
fornecer dados;                                     Por outro lado, ao se analisar as




                                                                                          28
. Se criaram ou não um sistema de geren-            dinâmicas sob a ótica do americano
ciamento para esses dados;                          David Kolb – criador da Teoria
Como a aquisição de dados cresce expo-              da Aprendizagem Experencial, o
nencialmente quando existe o espírito para          processo de aprendizado se rea-
compartilhar, a iniciativa para solicitar ou for-   liza em quatro etapas (Vivência,
necer dados e um sistema para gerenciá-los.         Observação, Conceituação e Expe-
São assim que funcionam as dinâmicas:               rimentação), percebe-se que as
não buscam apenas a compreensão ra-                 dinâmicas também propiciam Vi-
cional, mas o insight, o aprendizado pela           vências, só que metafóricas.
vivência, a descoberta.                             As dinâmicas sempre oferecem
Segundo Kurt Lewin - pioneiro nas pesquisas         um cenário externo às tarefas cor-
sobre dinâmicas de grupos até hoje consa-           riqueiras dos participantes. O des-
grado - o aprendizado entre adultos só ocorre       compromisso com a tarefa faz com
de fato quando se processa em três canais: o        o que o participante dedique mais
Cognitivo, o dos Valores e o da Conduta.            atenção ao processo, daí o aumento
Segundo Lewin o canal Cognitivo é o do              das chances de aprendizado. Mas
aprendizado racional, obtido por meio de            é importante que a observação e a
informações e dados. O canal da Conduta             conceituação também se realizem
– e de preferência imediatamente          acredita em quatro perfis básicos, que são:
Artigo 05



            após a dinâmica, caso contrário o         Realista: Pessoa que aprecia os dados e as
            aprendizado gerado pela vivência          informações, e é “pé no chão” e racional.
            pode evaporar.                            Esse precisa entender a pertinência das
            As dinâmicas oferecem outras van-         dinâmicas. Aprecia exemplos concretos
            tagens, como a integração sócio-          e foco em resultados. Este perfil é en-
            afetiva. Criar, divertir-se e descobrir   contrado com mais freqüência junto a
            em grupo acaba por gerar uma maior        diretores de empresas, engenheiros e na
            abertura para as trocas vindouras.        área de finanças.
            Mas nem tudo são flores quando se          Estrutural: Valoriza a ordem, o controle
29




            fala em dinâmicas: é preciso saber        e a precisão. Uma explanação sobre os
            aplicá-las e sobretudo é preciso          objetivos e especialmente sobre as etapas
            considerar o perfil do grupo com          da dinâmica será bem vinda. Tende a ser o
            o qual se está atuando: Qual é a          perfil de pessoas que atuam em fábrica -
            cultura da empresa? Ela é receptiva       nos diversos níveis - e técnicos em geral.
            ou não a dinâmicas? Qual o grau           Afetivo: Preocupa-se com sentimentos, e-
            de exposição que as pessoas estão         moções, entusiasmo, prazer e principal-
            acostumadas? Nenhuma das con-             mente pessoas. Adora movimento e com-
            dições nos obriga a eliminar as           partilhar seus insights. Mais encontrados
            dinâmicas, mas sim a usá-las de           junto às áreas de RH, marketing e vendas.
            formas diferentes. Por exemplo, é         Visionário: Tem uma mente transformadora.
            possível solicitar aos participantes      Está sempre de olho no futuro e valoriza
            que compartilhem seus insights            a iniciativa, a inovação e a fantasia. Tende
            com o grupo todo (o que envolve           a fazer tudo do seu jeito, e se dá bem
            muita exposição), em subgrupos,           com dinâmicas que envolvem desafios.
            em duplas ou que os escreva indi-         Normalmente atuam com P&D, marke-
            vidualmente (o que diminui a ex-          ting e estratégia.
            posição gradativamente).                  Finalmente, quero lembrar mais um aspecto:
            Perfis psicológicos também de-            dinâmicas são prazerosas. E como é mais
            vem ser considerados. O Center for        fácil obter dedicação daquilo que dá prazer,
            Creative Leadership, por exemplo,         gera resultados.
PORTAIS




                                                     Artigo 06
CORPORATIVOS
   Avaliação de retorno
     sobre investimento




                                                     30
                                   Eduardo Lapa
                 Graduado em análise de sistemas
           e Pós graduado em Gestão de Negócios
             e Tecnologia de Informação pela EBAP
            da Fundação Getúlio Vargas. Consultor
              pela Informal Consultoria e Serviços
                   Presidente do Pólo - RJ da SBGC
                        Autor do Livro “Gestão de
                          Conteúdo como apoio à
                        Gestão do Conhecimento”
                   eduardolapa@informal.com.br




        INTRODUÇÃO
        A gestão de ativos de conhecimento
        pelas organizações tem ganhado
        destaque nos livros e papers aca-
        dêmicos sobre administração de
        empresas. Em pesquisa realiza-
        da pela Bain & Company Co. em
        2003, mais de 70% das 950 em-
        presas pesquisadas já tinham for-
        malizada iniciativas de Gestão do Co-
        nhecimento e projetos relacionados.
        Uma das ferramentas mais adota-
        das como ferramental para alavan-
        cagem e prática da Gestão do Co-
        nhecimento é o portal corporativo.
        Na visão de Shilakes e Tylman, por-
        tal corporativo é o ambiente que
        permite que as pessoas desvendem
        informações armazenadas interna
        ou externamente aos sistemas e
proporcionem para seus usuários,        sido forçados a mostrar retorno sobre in-
 Artigo 06



                    através de uma porta única, as          vestimento. A questão é que medir retorno
                    informações personalizadas que          sobre o investimento em portais corpora-
                    lhes são necessárias para tomada        tivos não é tarefa trivial, uma vez que a im-
                    de decisões e operações.                plantação de um portal corporativo mexe
                    Publicações especializadas em tec-      com a gestão de ativo intangível e, medir re-
                    nologia de informação têm tratado,      tornos neste caso, pode ser mais complexo do
                    com freqüência, desta temática,         que simplesmente medir tempos e esforços.
                    com uma ótica diferente das revistas
                    especializadas em business. Embora      CONCEITUANDO PORTAIS, SEUS TIPOS E
                    visto por ângulos diferentes, o fato    POSSIBILIDADES
 31




                    é que o portal corporativo tem mos-     O conceito de portal é simples: Porta de
                    trado que é uma boa ferramenta          entrada! Se extrapolarmos esta visão sim-
                    de trabalho numa era de serviços        ples para o mundo da gestão da informação
                    baseados em conhecimento. Era es-       e da Gestão do Conhecimento, podemos
                    ta onde a competitividade está ca-      enxergar um portal corporativo como uma
                    da vez mais acirrada e onde somen-      ferramenta que integra pessoas, informações
                    te a tecnologia não forma vantagem      e conhecimento que estão atrelados a pro-
                    competitiva sustentável por longo       cessos organizacionais. Segundo Reynolds
                    prazo. Vantagens competitivas se        e Koulopoulos, um portal corporativo é um
                                                            sistema de informações centrado no usuá-
                    darão através de melhor uso de seus
                                                            rio, integrando e divulgando conhecimentos
                    ativos do conhecimento, como mar-
                                                            e experiências de indivíduos e equipes,
                    cas, patentes, inovação, conhecimento
                                                            atendendo, assim, aos padrões de institui-
                                tácito dos colaboradores
                                                            ções baseadas no conhecimento.
Vantagens competitivas          da empresa e reutilização
                                                            Talvez a função mais importante de um Por-
       se darão através de      de conhecimento visando
                                                            tal Corporativo seja a de tornar disponíveis
melhor uso de seus ativos       melhor produtividade.
                                                            as informações das quais os colaboradores da
  do conhecimento, como         Muito desta evolução se
                                                            organização mais precisam, tanto de fontes
marcas, patentes, inovação,     deve à aplicação deste
                                                            internas quanto externas, e apresentá-las
     conhecimento tácito        conceito e uso desta        de forma simples e prática. A diversidade
   dos colaboradores da         ferramenta pelas orga-      de fontes de informações também é um
 empresa e reutilização de      nizações no Brasil e no     ponto de destaque no uso dos portais. Os
   conhecimento visando         mundo. Acontece que,        dados podem vir de fontes estruturadas
  melhor produtividade.         com o crescimento do        como banco de dados, aplicações do tipo
                                uso de ferramentas ge-      Enterprise Resource Planning, entre outras,
                    renciais ou tecnológicas, é natu-       bem como de fontes não estruturadas como
                    ral que a etapa seguinte, que           textos, página Web, documentos, vídeos,
                    a próxima onda, seja relativa à         e-mails, etc. A questão é que o portal pode
                    medição de resultados. Em tempos        ser a porta única, o ambiente único, pa-
                    de competição hiper-acirrada, é         ra que colaboradores consigam acessar a
                    natural que executivos e gestores       informação certa no tempo certo.
                    estejam cada vez mais atentos ao        O mais importante de se perceber é que
                    binômio de sucesso econômico            um portal corporativo remete à Integração.
                    das organizações: Mais receitas.        Integração de pessoas através de comu-
                    Menos despesas.                         nidades de trabalho, através de relações
                    Com o tema “portais corporativos”       de cooperação virtual, identificação de
                    a situação não está sendo diferente.    especialistas e etc., bem como integra-
                    Cada vez mais, profissionais envol-     ção de sistemas de informação e bases
                    vidos em projetos deste tipo têm        de conhecimento.
PORTAIS E OS ATIVOS DE CONHECIMENTO            natureza de negócios ou natureza




                                                                                        Artigo 06
Conhecendo mais as possibilidades, tipos       tecnológica.
e aplicações para portal corporativo, perce-
be-se que a implantação de um “portal          DIRECIONAMENTO DE NEGÓCIOS
corporativo” está cada vez mais longe de       . Os executivos gostariam de obter
ser uma implementação tecnológica. Não         informações refinadas e atuais para
significa dizer que a tecnologia de informa-    suportar decisões empresariais, in-
ção não tem importância, mas merece des-       dependente de tempo e espaço?
taque o fato de que a implantação de uma       . É importante aumento de produ-
plataforma tecnológica para portal é um        tividade?
dos componentes a serem trabalhados.           . Localização de informações mais




                                                                                        32
Existem questões como aculturamento, pla-      rápida?
no de comunicação, definição de objetivos       . Mais facilidade e menos custo na
de negócio entre outras que também devem       integração de informações?
ser tratadas com a mesma seriedade.            . Necessidade de integração e con-
O ponto importante de ressaltar é que se       trole de processos de negócio?
olharmos o portal como um ferramental          . Fornecer informação certa para pes-
de integração de informações estratégicas,     soa certa na hora certa?
um ferramental para acesso a informações       . Realizar integração de pessoas em
e sistemas transacionais, ferramenta para      comunidades virtuais?
registro e disseminação de conhecimento        . Formar bases de conhecimento
explícito, ferramenta de colaboração para      sobre clientes, processos, fornece-
troca de conhecimento tácito, ferramenta       dores, mercados, concorrentes, pro-
para ambiente de colaboração ficará cada vez    dutos e tecnologia?
mais claro que um portal corporativo é uma     . Interconexão da cadeia de valor
ferramenta para Gestão do Conhecimento.        através de sistemas de informação?
                                               . Melhorar comunicação empresarial
BUSINESS REQUIREMENT –                         utilizando canais eletrônicos?
QUAL O DRIVER PARA ADOÇÃO DE PORTAIS?
Profissionais de empresas que estão em          DIRECIONAMENTO TECNOLÓGICO
vias de implantar um portal corporativo        . Necessidade de integração de sis-
ou que pensam em otimizar suas aplica-         temas via portlets e webparts?
ções de internet, intranet ou extranet pro-    . Disponibilização de serviços e in-
vavelmente irão se deparar com que tipo        formações em computação móvel?
de portal implantar e provavelmente serão      . Conectividade e escalabilidade >
questionados quanto à importância de im-       Criação de novos componentes sob
plantar ou não um portal corporativo. A        demanda?
pergunta poderia ser simplificada: Porque       . Personalização?
implantar um portal corporativo? Neste mo-     . Single Sign On > Controle de acesso?
mento se faz necessário convencer executi-     . Redução de custo de manutenção
vos e gestores de que benefícios podem ser     de legados?
atingidos com o uso de Portal corporativo.     . Gerenciamento de conteúdo des-
Nestas poucas linhas eu não conseguiria        centralizado?
relatar todas as possibilidades de conven-     É claro que, dependendo do negócio
cimento de executivos e gestores, mas exis-    de cada organização, cada item des-
tem direcionamentos que poderão nortear        te tem pesos diferentes, mas todos
a justificativa de implantação de um portal     podem e devem ser utilizados como
corporativo. Estes direcionamentos podem       direcionadores para adoção de por-
ser de duas naturezas bastante distintas:      tais corporativos.
AVALIAÇÃO DE ROI –                              “Economia total gerada” – “Valor Investido”.
Artigo 06



            CICLO DE AVALIAÇÃO                              Em seguida divide-se pelo “Valor Investido”.
            Como ferramenta para avaliação                  Este será o percentual de ROI.
            de retorno sobre os investimentos               Geralmente, em contas deste tipo, entram
            realizados existe um sem fim de                  valores de economia e investimentos re-
            métodos. Existe o TCO que tange ao              lativos a telecomunicações, hardware, soft-
            custo total de propriedade, e existe            ware, serviços e custos com pessoal. Estes
            o TCA, que tange ao custo total de              itens são chamados de transacionais, em
            adoção. Existe o VOI, que tange ao              certa escala mais fáceis de medir e que não
            valor realizado sobre investimento,             correspondem aos benefícios que podem ser
            mas vou utilizar o ROI – Return On
33




                                                            alcançados com a implantação de um portal.
            Investiment – para tentar chegar a              Tanto para estes casos, como para soluções
            algumas métricas para avaliação.                empresariais mais complexas, podem ser
            Em pesquisa realizada no ano de
                                                            consideradas no ROI as contas relativas
            2003 pela Priscient Digital, com
                                                            a Soft Savings, que podem abranger, por
            240 empresas, 76% dos entrevista-
                                                            exemplo, melhoria no processo de tomada
            dos considera importante realizar
                                                            de decisão, na comunicação empresarial, no
            medição de ROI. Porém, somente
                                                            processo de registro e compartilhamento
            20% das empresas mensuram de
            maneira estruturada o ROI. 40%                  de conhecimento, entre outros.
            mensuram por estimativas e 40%                  Deste modo, começa a ficar mais viável
            não realizam nenhum tipo de men-                que se consiga mensurar retorno sobre o
            suração. Número mais alarmante                  investimento. De qualquer maneira será ne-
            ainda tendo em vista que as empre-              cessário um ciclo para avaliação de retorno.
            sas pesquisadas eram norte-ame-                 A maioria das empresas que investem em
            ricanas. Isso nos mostra que a ta-              projetos sem realizar contas de retorno ou
            refa de demonstrar ROI para Portais             payback acaba tendo dificuldade pela ausên-
            Corporativos não é tarefa tão trivial.          cia de parâmetros anteriores para medição.
            A avaliação tradicional do ROI é                A figura 1 apresenta passos para identificação
            realizada pela conta simples de                 de retorno em iniciativas de Portal Corporativo.



                                            CICLO DE AVALIAÇÃO DE ROI


                        Definir objetivos
                                                     Classificar tipo         Definir indicadores
                        empresariais
                                                     de portal e listar       a serem monitorados
                        a serem atingidos
                                                     funcionalidades          para cada objetivo
                        com o portal




                        Realizar medição             Definir período de       Realizar medição
                        dos indicadores              implantação, adoção      dos indicadores após
                        antes da implantação         e aculturamento          da implantação




                                                            Figura 1 | Ciclo de avaliação de ROI . Fonte: O autor
Inicialmente é preciso identificar objetivos      é a quantidade de colaboradores




                                                                                               Artigo 06
      de negócio a serem alcançados com o              capacitados durante 12 meses. Para
      portal. É preciso identificar quais são os        avaliar o indicador pós-implantação,
      direcionamentos e requisitos que a ferra-        é necessário que seja medido e do-
      menta deverá ter. Dentre estes objetivos         cumentado este número antes da
      podem estar:                                     implantação do portal.
      • Melhorar comunicação empresarial               As duas últimas etapas correspon-
      • Integrar pessoas que estão geografica-          dem à execução do projeto de im-
      mente distribuídas                               plantação e posteriormente a exe-
      • Melhorar processo de tomada de decisão         cução de medições dos indicadores




                                                                                               34
      • Criar ambiente único de acesso a infor-        mapeados. Seguindo estes passos é
      mações                                           bem provável que qualquer empre-
      • Criar bases de conhecimento                    sa consiga mensurar ganhos e bene-
      • Melhorar a gestão do relacionamento            fícios com a implantação do portal.
      com clientes
      • Coletar e manter informações sobre
      concorrentes e novos entrantes
      • Melhorar o processo de capacitação
      dos colaboradores através de e-learning,
      entre outros.

       Após definido estes objetivos empresariais,
       será necessário identificar o tipo de portal
                           mais aderente a estas
                           necessidades. Talvez a
         Mapeados os       maior necessidade da
 indicadores é preciso     empresa seja um portal
    que se tenha uma       para suporte a decisão.
  fotografia do status     Talvez um portal de
  atual, ou seja, como     conteúdo, informacio-
está o indicador antes     nal, possa ser a solução.
      da implantação.      Talvez um ambiente
                           de colaboração já se-
                           ja suficiente, enfim,
       é preciso analisar que tipo de portal e que
       funcionalidades existirão.
       Feito o mapeamento do tipo de portal e
       funcionalidades, poderá ser realizada uma
       definição inicial de que indicadores serão
       monitorados. Para cada grande objetivo
       deverão surgir alguns indicadores.
       Mapeados os indicadores é preciso               OBJETIVOS EMPRESARIAIS
       que se tenha uma fotografia do status           E MÉTRICAS DE MENSURAÇÃO
       atual, ou seja, como está o indicador           Tendo em vista que quero demons-
       antes da implantação. Por exemplo, um           trar um quadro de referências,
       portal que terá como um dos objetivos           estou relacionando alguns possíveis
       empresariais a capacitação de pessoas           objetivos empresariais a indicadores.
       poderá ter claramente um indicador que
OBJETIVO
Artigo 06


                                                                COMO MEDIR?

                                                     Adicionar contexto ao conteúdo -
                                                     Metadados existentes
                    Obter informações relevantes     Número de acessos por documento/informações
                                                     Número de visitas únicas
                                                     Número total de visitas

                                                     Informação sobre produtos e serviços
35




                                                     Campanhas de sensibilização ao uso
                                                     Números de visitas únicas de clientes
               Aumentar o alcance do Portal para     Números de visitas únicas de parceiros
               clientes, parceiros e colaboradores   Atendimentos online
                                                     Vs. Centrais de atendimento
                                                     Vendas online

                                                     Único ponto de acesso
                                                     Número de acessos por documento
                   Melhorar acesso à informação      Tempo de recuperação de informações
                    e aumentar a produtividade       necessárias
                                                     Diminuição de tempo na execução de tarefas

                                                     % de acerto nas decisões
                                                     Portal é usado como apoio à
                              Melhorar processo      definição de estratégia?
                           de tomada de decisão      Portal é usado como ferramenta de
                                                     acompanhamento de resultados?

                                                     $$$ com pessoal de TI
                              Reduzir o custo de     Tempo de publicação de informações
                     gerenciamento de conteúdo       Quantidade de contribuições

                        Reduzir custos de backup/    Medição de tempo de sistemas fora do ar
                      restore de sistemas legados    Tempo de recuperação de backups

                                                     Valor de impressão em áreas
                     Reduzir custos de impressão     de RH e Comunicação interna
             Reduzir despesas de administração e     Quantidade de campanhas
               relacionamento com funcionários       eletrônicas Vs. Físicas.
                                                     Abrangência das campanhas

               Criação de bases de conhecimento      Grau de satisfação dos colaboradores
                 para uso interno em melhoria de     Grau de adesão/utilização do portal
            produtos e melhores práticas do setor
REVISTA GC BRASIL N°. 02
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REVISTA GC BRASIL N°. 02

  • 1.
  • 2. sumário Editorial 03 Artigo 1 06 Uma vadiagem intelectual da parte de quem não entende de Gestão do Conhecimento. Por Cláudio de Moura Castro Artigo 2 10 O que há de mais humano na gestão - Parte B. Por Saulo Figueiredo Artigo 3 15 Geração, difusão e gestão do conhecimento em clusters regionais. Por João Amato Neto & Maria Elena León Olave Artigo 4 Gestão de relacionamento com a mídia, um novo paradigma. 20 Por Flávia Domingues e Rosayne Macedo Artigo 5 27 Dinâmicas para Gestão do Conhecimento. Como, porque e sobretudo porque não. Por Gisela Kassoy Artigo 6 Avaliação de retorno sobre investimento em portais corporativos. 30 Por Eduardo Lapa Artigo 7 38 Gestão do Conhecimento na administração pública federal: Realidade ou alvo distante. Por Fábio Ferreira Batista Resenha de Livro Tecnologia da informação aplicada à Gestão do Conhecimento. 42 Por Cláudio Henrique Schons Agenda 43 Eventos internacionais de GC. Direto do Pólo O evento que marcou a criação do núcleo Campinas da SBGC. 44 Por Fábio Câmara Araújo de Carvalho Palavra da SBGC GC Brasil: A história de um nome. Por Giovanni Colares 46
  • 3. expediente Expediente Uma publicação da: Raquel Balceiro SBGC – Sociedade Brasileira de Resilda Rodrigues Gestão do Conhecimento Ricardo Roberto Behr www.sbgc.org.br Roberto Pacheco 02 Rodrigo Baroni Serafim Firmo de Souza Ferraz Integrantes Permanentes do Silvio Aparecido dos Santos Conselho Científico da SBGC Sonisley Machado Presidente: Walter Félix Cardoso Jr. Maria Terezinha Angeloni Editora-Chefe: Alberto Sulaiman Sade Júnior Elisabeth Gomes Aline França de Abreu Produção Executiva: Carlos Olavo Quandt Maria de Lourdes Martins Chu Shao Yong Eduardo Moresi Supervisor Editorial: Anderson Fagundes de Paula Faimara do Rocio Strauhs Fernando Antônio Ribeiro Serra Jornalista Responsável: Hélio Gomes de Carvalho Cristiano Pio MG 09315 JP Gilson Schwartz Revisão: Guilherme Ary Plonski Cristiano Pio Helena Pereira da Silva e Anderson Fagundes de Paula Helena Tonet João Amato Neto Edição de Imagens: Jorge Tadeu de Ramos Neves Maria de Lourdes Martins e Marcos Albernaz José Ângelo Gregolin José Rodrigues Design: Kira Tarapanoff Quinto Elemento Marília M.R. Damiani Costa Moacir de M. Oliveria Tecle conosco: Mônica Erichsen Nassif Borges gcbrasil@sbgc.org.br
  • 4. Editorial Editorial 03 Neste segundo número da GCBrasil, optamos por apresentar a vocês, textos que abordem diversos aspectos de Gestão do Conhecimento, de forma que seja possível ter uma visão geral sobre o tema. Sendo assim, nosso primeiro artigo é de Cláudio Moura e Castro, que fala sobre o seu desconhecimento sobre o tema. O título já desperta a curiosidade: “Uma vadiagem intelectual da parte de quem não entende de Gestão do Conhecimento”. E o conteúdo é mais surpreendente ainda, pois ele comenta situações pelas quais passou e onde descobriu que havia mais conhecimento do que capacidade de gerenciá-lo. Em seguida temos a segunda parte do texto de Saulo Figueiredo, “A Gestão do Conhecimento - O que há de mais humano na gestão - Parte B.” Na parte A, publicada no número 1 da GCBrasil, o autor discutiu cinco atuações em GC, aquelas não tão mencionadas como prática e portando subutilizadas pelas organizações. Na parte B, ele seleciona outras iniciativas importantes e também muitas vezes ocultas pelo efeito iceberg. Vamos então completar a leitura anterior? Aqueles que leram a parte A devem estar ansiosos esperando a conclusão; e, àqueles que não leram, recomendo a leitura. No artigo “Geração, difusão e Gestão do Conhecimento em clusters regionais”, os autores discutem os modelos organizacionais que surgiram e vêm se estruturando em função do aparecimento e fortalecimento de agrupamentos de empresas, considerados como resultados das mudanças nas relações inter-firmas e nos processos de administração do conhecimento. Muito se fala sobre o assunto, pois se entende que o futuro das empresas, devido à globalização, é juntar-se em torno de um objetivo comum para manter vantagem e ganhar em produtividade. Outro tema que sempre nos pareceu e parece muito interessante é comunicação; ou seja; ouvimos sempre sobre as dificuldades que as empresas têm, hoje em dia, de se relacionar com a mídia. Não um relacionamento de massa, mas sim um relacionamento considerando a estratégia empresarial. Um relacionamento que possa contribuir para consolidar sua marca e imagem junto à sociedade. No texto de Flávia Domingues e Rosayne Macedo, esta questão é muito bem tratada, inclusive com a apresentação de um modelo, que as autoras denominaram de Media Relationship Management (MRM) e sua aplicação em uma empresa. Quem sabe não poderemos resolver alguns dos “chamados” problemas de comunicação com o uso deste modelo?
  • 5. Quem de vocês, leitores, nunca foi a uma palestra ou curso sobre GC onde não se Editorial pontuasse a necessidade de sensibilizar pessoas para o tema e, principalmente, para o compartilhamento de conhecimento? Pois bem, no artigo de Gisela Kassoy “Dinâmicas para GC – Como, porque e, sobretudo, porque não”, vamos ler sobre diversas formas, lúdicas e bastante efetivas de usar dinâmicas de grupo para o aprendizado, e para a sensibilização e comprometimento aos programas de Gestão do Conhecimento. Mas, como sabemos, não basta apenas sensibilizar, temos que ter a capacidade de, pelo menos, tentar mensurar as iniciativas e práticas de GC. Para começar a tratar deste tema, polêmico ainda, pois não existem métricas bem definidas sobre o assunto, trouxemos para vocês um artigo de Eduardo Lapa sobre “avaliação de retorno sobre investimento em portais corporativos.” Esta prática de GC é hoje muito utilizada pelas empresas, com o objetivo de tornar mais eficiente seus processos de comunicação interno e externo por meio da unificação de informações e conhecimento num único ambiente – o portal. Quem de vocês, leitores, não trabalha numa empresa que tem um portal? Vamos ver, então, como mensurar o retorno neste investimento. E, como estamos em época de troca de governantes, a nível federal e estadual, 04 entendemos que compartilhar conhecimento entre aqueles que se vão com aqueles que chegam é fundamental. Torna a transição mais fácil e a administração mais transparente. Para tal, precisamos entender como está esta questão da GC na administração pública. No artigo de Fábio Batista, o autor procurou responder à pergunta: A Gestão do Conhecimento (GC) na Administração Pública Federal é uma realidade ou é, ainda, um alvo distante a ser alcançado? Com a leitura do texto todos nós teremos com clareza esta resposta e poderemos sugerir aos nossos governantes que também o leiam. Ainda, nesta edição, uma resenha sobre o livro “Tecnologia da Informação aplicada à Gestão do Conhecimento”, de Rodrigo Baroni de Carvalho e uma lista atualizada com Informações sobre eventos internacionais na área de Gestão do Conhecimento. Finalizando, a revista, estamos publicando dois textos super interessantes: o primeiro nos apresenta como foi criado o Núcleo Campinas da SBGC, que tem o objetivo de ampliar o campo de ação das atividades da SBGC. Esta é uma iniciativa que a SBGC incentiva para disseminar o tema por todo o País e o segundo nos conta a história da criação do nome da revista GCBrasil. Esperamos que vocês apreciem a leitura e continuem a enviar seus textos e comentários sobre os artigos já publicados. Para tal, usem o e-mail gcbrasil@sbgc.org.br. A partir do próximo número vamos inaugurar uma coluna com as cartas de nossos leitores, ou seja, vamos praticar Gestão do Conhecimento começando com o compartilhamento de opiniões. Boa leitura e até o próximo número. Elisabeth Gomes Editora da GC Brasil Diretora de Publicações da SBGC
  • 6.
  • 7. UMA VADIAGEM INTELECTUAL da parte de quem não entende de gestão do conhecimento. Cláudio de Moura Castro Formado em economia pela UFMG. Mestre pela Universidade de Yale. Doutorando da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e Ph.D. em Economia pela Universidade de Vanderbilt. Presidente do Conselho Consultivo da Faculdade Pitágoras. Autor de mais de trinta livros. Articulista da revista Veja. claudioc@pitagoras.com.br
  • 8. INTRODUÇÃO Diante da velocidade vertiginosa com que Artigo 01 Não tenho a menor pretensão de guardamos informações, o problema passa entender de Gestão do Conheci- a ser a recuperação. Quanto mais se guarda, mento. Acho que jamais li alguma mais difícil passa a ser encontrar o que foi coisa substancial sobre o assunto. guardado. Qualquer dona de casa sabe disso. Portanto, o que digo abaixo é pura O esforço de organização e sistematização exploração intuitiva do tema, a par- da informação de uma biblioteca é assom- tir de situações onde percebi que broso. Mas a biblioteca perdeu fôlego, ficou havia mais conhecimento do que ca- para trás. Nem a do congresso americano pacidade de gerenciá-lo. Voltemos (com mais 100 milhões de títulos) se atreve 07 ao passado. Durante muitos milênios, a pensar em guardar tudo que pode ter o homem teve sérios problemas pa- valor. E se guardasse? Como recuperar? O ra armazenar o conhecimento que excesso de “guardação” está criando uma ia sendo adquirido. Tudo dependia crise na recuperação. Na minha cabeça, da memória e da transmissão do pouco versada nesses assuntos, estamos conhecimento por via da tradição diante de um problema espantoso de oral. A própria Bíblia só foi escrita guardar e recuperar a informação que se muito tempo após o acontecido. gera a um ritmo estonteante. Eis a essência Com o desenvolvimento da escrita, o do pepino com que tem que lidar a Gestão problema teórico da armazenagem do Conhecimento. Vejamos dois exemplos. foi resolvido e restou a questão Apoiado neles, retomarei a discussão do que prática de produzir anotações à mão, fazer com o excesso de informações. em meios precários. Tão escassos eram os livros que Leonardo da A INFORMAÇÃO MÉDICA Vinci só tinha 40 - apesar de ser um Tive um quase “acidente cárdio-vascular”, homem muito bem de vida e um dos quando morava nos Estados Unidos. Como grandes intelectuais do seu tempo. resultado, fui parar no Massachussetts Nessa época, o problema ainda era General Hospital em Cambridge e depois guardar, e não recuperar. no Georgetown Hospital em Washington, Com a imprensa, Gutemberg fez ambos de primeiríssima linha. Observando com que a mecânica de registrar e tudo da horizontal (ou seja, de uma maca guardar o conhecimento desse um ou cama), pude ver que a informação salto extraordinário. E os avanços sobre meu caso (sinais vitais, exames etc) subseqüentes aceleraram o proces- era gerada em um ritmo estonteante. so. Cinco séculos depois, aparece Nada se perdia, tudo era armazenado em o computador e seus correlatos, algum canto (formulários, computadores, resultando em um salto maior papéis, guardanapos). Só que o sistema de ainda. O resultado é que guardar armazenamento era tão primitivo que o cus- vai ficando cada vez mais fácil e to de recuperação (em termos de tempo, que mais barato. Estima-se que em um é igual a dinheiro) era maior do que o custo par de anos, um I-pod possa conter de gerar a mesma informação novamente. todos os livros produzidos pela É mais barato tirar a pressão novamente humanidade (um número pouco do que encontrar o papel com ela anotado, acima de 30 milhões). a partir de uma medição poucos minutos Como guardar fica barato, guar- antes. Estamos diante de um caso extremo da-se um colosso de informações. onde a medicina mais sofisticada do mundo
  • 9. convive com um sistema de armazenamento possível recuperar. Cada vez que Artigo 01 e acesso que é consideravelmente pior do se torna necessária a informação, que o utilizado pelo mecânico do meu carro, é mais fácil coletar novamente. na época. Estamos diante de um problema O problema é persistente, pois a sociologicamente complicado, mas tec- organização absurda adotada é nicamente simples (tais soluções já foram fruto de uma estrutura de poder implantadas em outros países). Ou seja, o refratária à introdução de um sis- sistema de gestão do doente é primitivo tema melhor. ao extremo. Mas a inércia da medicina No segundo, há um excesso de in- institucionalizada é enorme. Os médicos formação sendo gerada e guardada. 08 não abrem mão do seu poder e dos seus E não se encontrou uma maneira feudos. A comunicação entre eles é por fax inteligente de ter acesso a ela. (a do meu mecânico era por internet). Em Guardou-se o conhecimento. Mas suma, como o sistema coleta e armazena não se consegue recuperá-lo, pelo demais, sem pensar nos mecanismos de excesso de informações. recuperação, acaba tendo que coletar a No primeiro caso, há sistemas sim- mesma informação, pois é mais barato do ples, mas não há vontade política que achar o papel ou o arquivo. de adotá-los. No segundo, não há impedimentos políticos ou admi- O MECANISMO DE CONSULTAS nistrativos, mas o problema vem se DO BANCO MUNDIAL revelando tecnicamente intratável. Após ser alvo de muitas críticas, por não Os dois exemplos me levam de volta ouvir seus clientes, o Banco Mundial resolveu aos meus tempos de funcionário mudar de orientação. No projeto preparado do BID, Banco Mundial e OIT. São para um empréstimo no nordeste brasileiro, organizações sérias e com alto pro- promoveu amplas consultas. Foram ouvidos fissionalismo. Por conta disso, ge- secretários de várias pastas, prefeitos, ONGs, ram uma profusão de informações governo estadual e federal. Dezenas de sobre os países, sobre os projetos, pessoas foram consultadas, dizendo o que e sobre as políticas e pensavam e o que queriam. Criou-se um orientações dos em- amplo processo democrático de consultas. préstimos. Os dados O sistema de gestão Só que o volume de informações e relatórios quantitativos são fá- do doente é primitivo gerados tornou impossível a sua leitura. Ou ceis de serem tratados. ao extremo. Mas a seja, gerou-se a informação, guardou-se a As descrições dos pro- inércia da medicina informação. Mas o acesso ficou proibitivo. jetos, tampouco são institucionalizada Foram contratados leitores para fazer re- um desafio. Em ambos é enorme. sumos, mas não deu certo. Simplesmente, os casos, há fórmulas diante da mais completa impossibilidade de adequadas de guardar usar o conhecimento gerado, o Banco teve e recuperar. Mas há que voltar a tomar as decisões de forma uma riqueza de dados qualitati- centralizada, como sempre havia feito vos e dados sobre características antes. Depois disso, nunca mais cometeu a de instituições e, pessoas e mais as temeridade de consultar. avaliações periódicas, que se per- São dois casos de acesso à informação. No dem. Imaginemos três casos que primeiro, há uma mecânica equivocada embora fictícios, estão próximos de guardar. Guarda-se mal. Por isso, não é da realidade.
  • 10. O melhor especialista do mundo cometidos por gente honesta e competen- Artigo 01 visita o país, estuda um determina- te. Precisariam saber o que seu colega da sa- do assunto e escreve um relatório la ao lado sabia. Por exemplo, que o ministro precioso. Um funcionário medíocre era um imbecil ou que já estava prestes a escreve um relatório interminável, cair. Quando penso nos grandes desafios mas onde há alguns comentários propostos pelos exemplos acima, chamam sobre a pouca confiança que mere- atenção as perdas do conhecimento que ce certo chefe de departamento vão sendo geradas ao longo do caminho. do país, cujo papel na gestão do Pode ser conhecimento explícito ou tácito. empréstimo pode ser crucial. Um Em nenhum dos casos vi bons mecanismos 09 segundo funcionário escreve outro para lidar com tal problema. relatório, totalmente banal. Esses Como disse, minha percepção do que se- três relatórios são arquivados com ria a Gestão do Conhecimento é ingênua e dezenas ou milhares distante dos seus escritos clássicos – que de outros. Na prática, desconheço. Mas espero que venha a ser estão perdidos. Não uma disciplina capaz de oferecer boas pistas O Banco Mundial há como saber quais para lidar com as perdas tratadas acima. é um cemitério de são os bons e quais conhecimentos são os inúteis. Não há úteis e até vitais. como saber que exis- tem relatórios bons. Não há como recuperar pedaços vitais de in- formação perdidos den- tro deles. E essa ainda é a parte fácil. Os funcionários, de visitar múltiplas vezes os países, adquirem uma enorme experiência sobre os programas, culturas organizacionais e as pessoas com quem o Banco lida. Quando é o mesmo que volta ao país, tudo que sabe, ele usa, com grande benefício para o banco e para o cliente. Mas ele pode não participar na próxima missão. Pode mudar de divisão. Pode se aposen- tar. Tratando-se de conhecimentos delicados, é coisa que se fala mas não se escreve. Como conseqüên- cia, perde-se sistematicamente um grande volume de conhecimentos adquiridos ao longo de muitos anos. Pela sua política de rotações fre- qüentes, o Banco Mundial é um cemitério de conhecimentos úteis e até vitais. Já vi erros trágicos sendo
  • 11. A GESTÃO DO CONHECIMENTO o que há de mais humano na gestão. Parte B Saulo Figueiredo Diretor da Soft Consultoria - professor de Pós Graduação da FASP Pós-graduado em Engenharia da Informação Autor do livro: Gestão do Conhecimento - Estratégias competitivas para a criação e mobilização do conhecimento. sfigueiredo@soft.com.br
  • 12. (CONTINUAÇÃO) VII. Artigo 02 No artigo publicado na edição ante- Ativos intelectuais rior, cinco atuações em GC, aquelas esquecidos pelas estratégias. não tão mencionadas como prática e, portanto, subutilizadas pelas orga- A identificação e uso efetivo dos ativos nizações, foram explicitadas. Para esta intelectuais esquecidos pelas estraté- edição selecionei outras iniciativas gias é uma iniciativa de GC quase que importantes e também muitas vezes completamente esquecida da literatura ocultas pelo efeito iceberg. especializada. Consiste em procurar por conhecimentos que não resultem em ação VI. efetiva, não produzam efeitos, não este- 11 Quando as perguntas nos jam sendo utilizados ou potencializados no ensinam mais do que as respostas. contexto dos negócios, a fim de serem efe- A GC nos ensina a valorizar as tivamente aproveitados pela estratégia cor- perguntas. Hoje em dia as boas porativa. Iniciativas como esta, têm como perguntas feitas no ambiente de objetivos obter a ampliação do uso do saber, negócios são tão importantes a aplicação estratégica de conhecimentos quanto as respostas conseguidas. esquecidos e a alavancagem de ativos intan- Não importa o quanto não esta- gíveis em benefício da empresa. Nestas mos preparados para responder, “expedições”, muitas vezes são descober- de pronto, todas as perguntas na tos ativos intelectuais que poderiam (com empresa, se temos as melhores potencial) alavancar outras atuações da perguntas e se temos perguntas corporação, resultados novos, a ampliação que valem a pena responder, qua- e a conquista de mercado e consumido- se sempre encontramos quem res, além de gerar produtos ou serviços possa respondê-las. As perguntas inovadores, fontes de oportunidades e interessantes nos acordam do sono riquezas adicionais. em berço esplêndido, questionam Conhecer seus ativos intelectuais, alavan- paradigmas, desafiam velhas prá- car outros novos, posicioná-los mercado- ticas e atuações consolidadas, por logicamente, alinhá-los estrategicamente vezes não importantes. As boas e utilizá-los em sua plenitude, aproveitando perguntas nos fazem questionar as a sua maior riqueza organizacional são coisas como são e não nos mantém todas tarefas imprescindíveis em nossos em conformidade com o “como” dias. É notório que mesmo empresas que gostaríamos que as coisas fossem. possuam os melhores profissionais do As boas perguntas nos fazem pen- mercado, necessitam aprender a mobili- sar. Podem nos levar à realidade zar seus ativos intelectuais em torno de mais absoluta, nos trazer recados objetivos estratégicos de negócios, sob do futuro e antecipar as melhores risco e pena de não sobreviverem. reflexões e soluções. Sócrates dizia que conhecer os limites da própria VIII. ignorância é sábio. Uma pergunta Aproximar gente é a manifestação mais genuína Muitas das pessoas estão em movimento deste reconhecimento, devendo ser e não trabalham necessariamente juntas. valorizada nas empresas. O quanto Fizemos muito pela colaboração em nos- sua empresa valoriza os talentos e a sas empresas, mas em vários casos nos prática das melhores perguntas? esquecemos que tão importante quanto
  • 13. prover meios de colaboração é permitir que os índices de turn over o importante Artigo 02 as pessoas se encontrem e que consigam é questionar e compreender o que identificar outras dentro de perfis e conhe- eles representam em condições cimentos desejados para conversar e resol- específicas do negócio. Um turn ver problemas do dia-a-dia. over de 7% ao ano pode não ser Colocar um novato ao lado de outro pro- tão prejudicial em um contexto e fissional experiente para que aprenda com pode ser muito grave em outro. Tão ele durante o trabalho é também muito relevante quanto o próprio número, relevante à gestão e à transferência de co- é fundamental compreender seu nhecimentos. Precisamos incentivar as pes- impacto, concentração e distribui- 12 soas e influenciar a criação de uma cultura ção em áreas estratégicas, suas cau- onde a adoção desses métodos seja natural, sas, intensidade, localização e etc. espontânea e adequada às demandas. Pense em Inteligência de Negócios! A importância de conectar pessoas a outras Existem “gaps” não superados pelo pessoas e de conectar informações às BI tradicional. Imagine uma rede de pessoas de maneira automática e precisa, lojas que descobre em seu históri- ou seja, no contexto e momento em que co de vendas, várias ocorrências de precisam delas, parece inquestionável, compras casadas de TV com DVD contudo, poucas são as empresas que players. Ótimo. A empresa acaba de adotaram soluções já disponíveis pela descobrir um comportamento de indústria de T.I. para apoiar e viabilizar estes consumo (oportunidades) e poderá encontros (pessoas-a-pessoas, informação- tirar proveito disso. O que esta a-pessoas e informação- companhia jamais descobriria em a-informação) e trocas seu Data Mining é que se ofereces- produtivas. Enquanto se cabos do tipo Component, por os softwares de busca exemplo, também teria êxito em A inteligência de tradicionais se esforçam suas vendas casadas com TVs e negócios possível é para conseguir que as DVDs players. Por não oferecer sempre maior do que a pessoas encontrem in- em suas lojas tais acessórios, os normalmente atingida. formações a partir de sistemas de Business Intelligence velhos métodos, uma da empresa não descobririam esta nova geração deles, que- co-relação e oportunidade. Portanto, brando o paradigma, é não se conforte com os resultados capaz de substituir as buscas, garantindo que e recursos atuais. A inteligência de as informações se antecipem e encontrem negócios possível é sempre maior pro ativamente as pessoas em função de seus do que a normalmente atingida. problemas, necessidades, contextos e perfis. X. IX. Lembra-se daqueles que você Aprendendo a lidar não contratou? Que pena... com os números Tão importante quanto contratar Na economia do conhecimento nada mais as pessoas certas é refletir sobre as coerente do que revermos nossas posturas pessoas erradas que você contratou, e práticas. Os profissionais sabem questio- é pensar sobre as pessoas certas nar os dados à luz do conhecimento? Por que de maneira errada você não exemplo: ao contrário de simplesmente ter contratou. Você se lembra daquele
  • 14. talento que você deixou de con- a conquista de diferenciais que eliminam Artigo 02 tratar? O desempenho dele futu- as disputas no mercado baseadas simples- ro comprovou suas conclusões a mente em preço. respeito dele? Você estava corre- Não por acaso, concluo este artigo convicto to ao desprezá-lo ou recusá-lo? E de que a Gestão do Conhecimento é o que aqueles que sua empresa demitiu há de mais humano na gestão. nos últimos dois anos em posições estratégicas? Bibliografia. Leituras críticas a respeito de crité- Figueiredo,Saulo - Gestão do Conhecimento rios prejudiciais que imperam nos - Estratégia Competitivas para a Criação e 13 processos seletivos e decisões Mobilização do Conhecimento na Empresa sobre demissão de talentos são - QualityMark Ed. 2005 fundamentais a uma estratégia sólida baseada no conhecimento. Processos seletivos consolidados e os modelos mentais dos profis- sionais envolvidos, precisam ser questionados e revistos à luz do conhecimento, tornando-se com- patíveis e coerentes com a GC. XI. Orquestrar o Sucesso e o Futuro As práticas mais importantes para prosperar nos negócios em nossos dias, consistem em atrair, reter os melhores talentos e saber orques- trá-los dentro de uma estratégia do conhecimento. Considerando que o conhecimento genuíno só existe nas cabeças das pessoas, as empresas do conhecimento resultam das melhores configurações que as redes de talentos/conhecimentos podem assumir, incluindo pessoas nos lugares certos, fluxo de infor- mações, atuação, propósito, foco, estratégias do conhecimento, pro- dução e uso do saber. Em tempos de competição esta é uma estratégia e tanto, uma vez que os arranjos do conhecimento são estruturas difí- ceis de copiar, permitindo a criação e a manutenção de barreiras com- petitivas frente aos concorrentes e
  • 15.
  • 16. GERAÇÃO, DIFUSÃO E GESTÃO DO CONHECIMENTO em clusters regionais João Amato Neto Professor associado (livre-docente), Departamento de Engenharia de Produção, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo amato@usp.br Maria Elena León Olave Professora doutora, Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha (UNIVEM) melena@fundanet.br
  • 17. Artigo 03 INTRODUÇÃO A literatura sobre clusters e novos mode- los de organização industrial mostra que o sucesso destes modelos está relaciona- do basicamente com dois aspectos: o processo de rede entre firmas e o acúmu- lo de conhecimento técnico e gerencial 16 desenvolvido nos clusters através de aprimoramento dos seus processos e rotinas e práticas organizacionais (Becatinni, 1989). Os clusters são con- centrações geográficas de empresas de determinado setor de atividade e com- panhias correlatas. Estas podem ser, por exemplo, fornecedoras de insumos especiais, componentes, máquinas, ser- viços ou provedoras de infra-estrutura especializada. Muitos clusters incluem ainda instituições governamentais ou não, como universidades, entidades nor- mativas e associações comerciais. O desenvolvimento do conhecimento dentro de um cluster tem sido analisado, focalizando a atenção nas ligações entre os processos de produção e as características sociais e culturais dentro de um contexto local específico. O reconhecimento da importância da geração de conhecimento é bastante recente, mas esta pode ser comprovada através dos seguintes fatos: as economias avançadas dependem cada vez mais de produção, distribui- ção e uso do conhecimento; a produção e o emprego estão se expandindo mais rapidamente nas indústrias de alta tec- nologia; as mudanças tecnológicas têm papel chave nas organizações; existe a necessidade de novos modelos para analisar a produção, troca e utilização do conhecimento. De acordo com Xavier (1998), o conhe- cimento é gerado no momento em que um sujeito busca compreender um
  • 18. objeto ou ação. Esse conceito de Artigo 03 que o conhecimento vem de um relacionamento confirma a teoria de Addleson (1998) de que aprender é uma atividade social, de maneira SOCIALIZAÇÃO TÁCITO TÁCITO (Proximidade) que o conhecimento é o sentido que damos aos objetos ou a descoberta de coisas pelo envolvimento com as pessoas e suas obras. (Aprender fazendo) INTERNALIZAÇÃO (Externalização) ARTICULAÇÃO De acordo com Marçula (1998), a 17 informação é criada quando uma pessoa que possui dados formata- os, filtra-os ou resume-os, de modo que tenha algum sentido ou uti- lidade na obtenção de algum CODIFICADO PROCESSAMENTO CODIFICADO (Redes) resultado (por exemplo, realização de uma determinada tarefa). A informação, quando interpretada Figura 1 | Processo de Conversão ou usada para tomar uma ação ou do Conhecimento (Quandt, 1998) decisão, gera um resultado, que é um novo conhecimento. Esse novo conhecimento é armazenado junto com outros já obtidos, formando o LEGENDA: conhecimento acumulado. Socialização: conversão do conhecimento Segundo Stewart (1998) o conhe- tácito em conhecimento tácito cimento pode ser classificado em: Externalização: conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito Conhecimento Tácito: Combinação: conversão do conhecimento conhecimento que o indivíduo não explícito em conhecimento explícito sabe que possui. Internalização: conversão do conhecimento Conhecimento Explícito: explícito em conhecimento tácito. conhecimento que o indivíduo sabe que possui. Lacunas Conhecidas: conhecimento que o indivíduo sabe OS CLUSTERS REGIONAIS E SUA que não possui. IMPORTÂNCIA NA GERAÇÃO E Lacunas Desconhecidas: DIFUSÃO DO CONHECIMENTO conhecimento que o indivíduo não Na economia globalizada, muitas vanta- sabe que não possui. gens competitivas dependem de aspectos locais, conhecimento, relacionamentos, mo- Já Malhotra (1997) sugere que tivação etc. e, por isso, ganham força os existem quatro modos do conhe- chamados clusters de empresas. cimento ser criado, conforme a fi- No aspecto do conhecimento, os clus- gura a seguir: ters acumulam uma grande quantidade
  • 19. de informações, dos mais diversos tipos, xos de conhecimento estão incor- Artigo 03 com acesso preferencial garantido a seus porados nas interfaces entre três membros. Além disso, os relacionamentos processos encadeados, ou ciclos, da pessoais e os laços com a comunidade criação de capacidades tecnológicas: promovem a confiança e facilitam o fluxo de informações. 1. processo de aprendizagem tec- O desenvolvimento de clusters eficientes é nológica, essencial para as economias emergentes, 2. processo de mudança tecnológica pois, além de concorrer no mercado mundial e inovação, com mão-de-obra mais barata e recursos 3. processo de produção (BELL e 18 PAVITT, 1993). naturais próprios, estas poderiam passar para um estágio de desenvolvimento mais A primeira interface está entre o avançado, concorrendo assim com empresas processo de aprendizagem tec- em países desenvolvidos. nológica e o ciclo de mudança Para entender o papel potencial dos clusters tecnológica e inovação. No nível regionais para aumentar as capacida- da firma, os fluxos internos nesta des tecnológicas, é útil estabelecer uma fase relacionam-se principalmente distinção entre dois elementos chave da às suas próprias capacidades pa- aquisição do conhecimento. Eles podem ser ra desenvolver e administrar sua caracterizados como insumos internos ou base de tecnologia e recursos in- externos (endógenos e exógenos) à firma tangíveis. No nível da região, o co- (ALBU, 1997). O primeiro tipo é um fluxo de nhecimento endógeno origina-se conhecimento gerado dentro das firmas, principalmente da exploração de como resultado das atividades próprias; recursos complementares, como o o segundo tipo representa um fluxo de desenvolvimento conjunto de pro- conhecimento gerado por atividades orien- dutos, processos e técnicas entre tadas ao ambiente externo, como busca de firmas e instituições. Os insumos informação fora da firma. exógenos à firma relacionam-se Os fluxos internos à firma se referem a às externalidades regionais, como atividades de observação, experimenta- a infra-estrutura tecnológica, trei- ção e análise, que contribuem ao aumento namento, desenvolvimento de re- de capacidades. No sistema produtivo, o cursos compartilhados e trocas de informações. feedback interno ocorre como um resulta- Na segunda interface, do da interação entre as firmas, dos fluxos entre os processos de Os relacionamentos de informação e da mobilidade de pessoal mudanças tecnológicas pessoais e os laços qualificado. Este conhecimento também e produção, os insu- com a comunidade pode ser o resultado da experiência na mos internos de conhe- promovem a confiança observação ou participação nos processos de cimento se relacionam e facilitam o fluxo mudanças tecnológicas em outras firmas. à habilidade da firma de de informações. Os fluxos de conhecimento externo podem usar suas capacidades chegar ao complexo produtivo ou à firma tecnológicas para gerar individual através de clientes externos, inovações e aplicá-las no processo instituições tecnológicas, universidades, de produção. As realimentações de fornecedores de bens de capital, litera- conhecimento nesta fase originam- tura técnica etc. se da capacitação obtida através De acordo com Quandt (1998), estes flu- da experiência na produção e da
  • 20. interação produtor-usuário. vimento do conhecimento e o processo Artigo 03 Os três níveis de insumos de co- de transferência representam importantes nhecimentos e os seus respectivos características, que podem afetar o sistema feedbacks permitem que as firmas dentro do qual a firma está inserido. e regiões acumulem capacidades tecnológicas e as apliquem na fase de produção. O primeiro nível Bibliografia. surge dos esforços internos da ADDLESOM, M. What is a Learning firma e sua capacidade de apren- Organization? Disponível em: http://www. der sistematicamente da pesquisa, gmu.edu Acesso em: 21. mar. 1998 observação e experimentação prá- 19 ALBU, M. Technological Learning and tica; o segundo nível se refere à Innovation in industrial Clusters in the aquisição de informação nova fora South. SPRU Electronic working papers, da firma, mas dentro da região; Sussex, n. 7, 1997. o terceiro nível de aquisição de conhecimento se refere à melhoria ANGUS, J; PATEL, J. Knowledge Management de aprendizagem interna, inovações Cosmology. Information Week, New York, e eficiência da produção a partir de v. 673, 1998. fontes externas à firma e à região. BECATTINI, G. Sectors and/ or Districts: Some Remarks on the Conceptual Foundations CONCLUSÕES of Industrial Economics. In: GOODMAN, A Gestão do Conhecimento é uma E.; BAMFORD, J, (Eds.). Small Firms and nova filosofia de trabalho para as Industrial Districs in Italy. London: organizações que precisam ad- Routledge, 1989. pp. 123-135. ministrar todas as suas ativida- BELL, M.; PAVITT, K. Technological accu- des, tais como coletar, processar, mulation and industrial growth: contrasts administrar e distribuir o conheci- between developed and developing coun- mento entre os membros. As no- tries. Industrial and Corporate Change, Ox- vas oportunidades de negócios ford, v. 2 n. 2, pp 157-209, 1993. tenderão a privilegiar produtos MALHOTRA, Y. Knowledge Management e serviços que envolvam um alto in inquiring organization. In: AMERICAS conteúdo de conhecimentos e de CONFERENCE ON INFORMATION SYSTEMS, informações. 3., 1997, Indianápolis. Proceedings. Indianá- No interior dos clusters de empresas, polis: ASIS, 1997. essa nova filosofia pode ser resumi- MARÇULA, M. Metodologia para gestão do da em uma organização que apren- Conhecimento apoiada pela tecnologia da de, vista como um grupo de pessoas informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE que trocam conhecimento para re- ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 19., 1999, Rio de solver problemas e compartilhar Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: ABEPRO, 1999. riscos. Esta tendência parece se QUANDT, C. O. Economia Baseada em vislumbrar como alternativa impor- Conhecimento. Gestão Estratégica do tante, principalmente quando se Conhecimento. Notas de Aula. Curitiba: trata de economias emergentes Universidade Federal do Paraná, 1998. como o Brasil, que ocupam um STEWART, T. Capital intelectual. Rio de papel dependente no processo Janeiro: Campus, 1998. de globalização da economia. Nas XAVIER, R. A. Capital intelectual. São Paulo: relações inter-firmas, o desenvol- STS, 1998.
  • 21. GESTÃO DE RELACIONAMENTO COM A MÍDIA Um novo paradigma Flávia Domingues Jornalista e especialista em Gestão do Conhecimento pela Coppe/UFRJ Coordenadora da área de conhecimento e Informação do Inst. Dialog/Agência 21. flavia@dialog.org.br Rosayne Macedo Jornalista e especialista em Gestão do Conhecimento pela Coppe/UFRJ Assessora de imprensa do Sebrae/RJ. rosayne.macedo@gmail.com
  • 22. INTRODUÇÃO sistema de impressão com tipos móveis, Artigo 04 A introdução de novas tecnologias que deu origem à imprensa, os veículos de trouxe mudanças irreversíveis no comunicação têm evoluído muito. No início ambiente de trabalho, impactando do século passado, nas redações dos jornais, diretamente os meios de comu- a notícia saía das penas dos redatores em nicação. Especialistas chegam a seus tinteiros. Mais tarde, veio a máquina afirmar que as transformações na de escrever – manual, depois elétrica –, que, mídia provocadas pela “revolução da antes mesmo do fim do século passado, já informação” se comparam àquelas havia sido aposentada nas redações, gra- enfrentadas pelas fábricas durante ças ao advento da informática. 21 a Revolução Industrial. Jornais, revis- Microcomputadores, notebooks, palmtops tas, emissoras de rádio e tevês – agora e celular são os novos instrumentos chamados de “mídias tradicionais” –, de trabalho dos jornalistas, agora mais com equipes cada vez mais enxutas, especializados e conscientes de seu papel passaram a concorrer com os sites em uma sociedade que vive a informação de notícias, que explodiram a partir 24 horas por dia. Os meios eletrônicos da massificação da Internet (rádio e tv) se encarregaram de consolidar na virada do milênio. a transmissão quase instantânea dos A revolução na- acontecimentos, mas foi a Internet que da silenciosa e inaugurou uma nova linguagem em tempo anunciada que real. Nos anos 90, as redes digitais de co- se verifica na atualidade confirma a municação, interligando o mundo e as pes- importância vital da comunicação, soas, possibilitaram o acesso simultâneo tão antiga quanto o próprio homem. a diversas mensagens Afinal, desde os grunhidos e gestos individualizadas, por di- Mcluhan (1996) dos tempos das cavernas, passan- versos meios. pregava que “o meio do pelo surgimento da linguagem A instantaneidade e era a mensagem”, e da codificação, o homem vive a a abrangência mun- a diferenciação de necessidade de se comunicar. Pri- dial sem limites – que audiências dos anos meiro de pessoa para pessoa; depois ultrapassam as bar- 80 demonstrou que a para um grande número de pessoas, reiras geográficas, so- “mensagem era o meio”. toda uma vila, uma cidade, um país. ciais e econômicas – E foi assim que surgiram os mei- encurtaram o tempo os de comunicação de massa, entre o acontecimento e a materialização genericamente denominados de dos fatos e a divulgação dos mesmos. O imprensa. Ao longo dos tempos, ambiente de difusão das notícias começou esses veículos se consolidaram a mudar com grande velocidade. como fornecedores de um produ- Se a História recente conheceu o adven- to cada vez mais essencial à soci- to da comunicação de massa, onde Mc- edade moderna: a informação. E luhan (1996) pregava que “o meio era a tornaram-se importantes para a mensagem”, a diferenciação de audiências veiculação de fatos e idéias, con- dos anos 80 demonstrou que a “mensagem tribuindo decisivamente para a de- era o meio”. Para Corrêa (1999), as novas mocratização das informações e sua formas de comunicação possibilitam ampla transformação em conhecimento. diversidade cultural e social, conduzindo à Começando por Gutemberg e seu segmentação de usuários/espectadores/
  • 23. leitores / ouvintes, e favorecem a formação de organizações depende das normas Artigo 04 comunidades virtuais que expressem essas e interesses de cada veículo, o que diferenças, aumentando a estratificação é chamado de linha editorial. E cada social entre os usuários. É a interativi- vez é mais acirrada a concorrência dade, ou a multimídia, potencializando o com milhares de organizações que poder da audiência: a mensagem agora é desejam se comunicar com seus a mensagem. públicos e julgam possuir atributos de informação que justifiquem o MÍDIA ESPONTÂNEA X PUBLICIDADE interesse da imprensa. A preocupação com a imagem corporativa Não resta dúvidas de que o 22 na hora de formular as políticas internas inter-relacionamento entre as or- de comunicação empresarial não passa ganizações e a imprensa, canal mais pela necessidade de se investir em privilegiado para acesso aos mais propaganda tradicional, mas pela presença variados públicos, pode contribuir na “mídia espontânea”, como é chamada para o atingimento dos objeti- a abordagem gratuita de uma empresa vos mercadológicos e institucionais ou instituição em determinado veículo de das organizações. A comunicação comunicação, o que gera maior credibili- via imprensa deve ser vista com dade e, conseqüentemente, agrega mais prioridade pelos responsáveis pelas valor às organizações. decisões estratégicas das organi- RIES (2002), em “A Queda da Propagan- zações, que agora, concorrem com da - Da mídia paga à mídia espontânea”, outras, também, pela ocupação de destaca que “não importa quão criativa espaços na mídia. seja a campanha, quão apropriada seja a mídia, simplesmente falta credibilidade à A IMAGEM CORPORATIVA COMO propaganda”. ESTRATÉGIA A proclamada credibilidade da mídia es- Enquanto os veículos de comu- pontânea pode ser aferida no estudo nicação se desenvolveram e sofis- anual sobre confiança, realizado em 2005 ticaram, formando um novo perfil com 2 mil formadores de opinião de todo o do profissional de imprensa, a ne- mundo. Entre os brasileiros, 61% acreditam cessidade de se comunicar também nas informações sobre empresas publicadas passou do âmbito individual para por revistas de negócios e em 56% das lidas o cotidiano das organizações (em- em jornais. O índice de credibilidade cai a presas, entidades e instituições 36% para a publicidade institucional e para públicas e privadas), que se tor- 35% em relação à publicidade de produtos e naram consumidoras potenciais serviços. Na Europa e nos Estados Unidos, o de comunicação pois precisam in- mesmo índice não chega a 10%. formar sobre seus produtos, ser- Diferentemente da publicidade - em que a viços e atividades. organização interessada adquire um espaço, Em mercados cada vez mais com- paga por ele e veicula a sua mensagem petitivos, que operam segundo exatamente como quer -, na divulgação padrões administrativos, tecnoló- gratuita a mensagem é submetida aos gicos e comerciais semelhantes, critérios do veículo, que se reserva o direito as organizações necessitam estar de publicar ou não a informação recebida. presentes junto a seus públicos A ocupação do espaço editorial dedicado às também para fortalecer sua ima-
  • 24. gem ou consolidar suas opiniões, também se tornou uma commodity com Artigo 04 ocupando ou neutralizando o espa- grande valor, que representa uma vantagem ço da concorrência. competitiva e pode ser “vendida” se tiver Mesmo que muitas vezes não esteja uso para os outros e for fornecida com explicitada em planejamentos es- exclusividade. E para que organizações se- tratégicos, a comunicação deve jam bem-sucedidas na nova sociedade, é permear, na prática, toda a estrutura preciso, além de reunir dados, analisá-los das organizações para a conquista para criar informação, interpretá-la e disse- da excelência no desempenho, cha- miná-la para o público apropriado. Ou seja, mada de “qualidade total”. Como é necessário aplicar a Gestão do Conheci- 23 um poderoso instrumento de mar- mento na prática diária da comunicação. keting, a comunicação contribui Afinal, ter habilidade para agir rapida- para agregar valor à marca e aos mente com base no conhecimento re- produtos de uma organização. presenta agora o diferencial competiti- Para KUNSCH (2003) “a comunica- vo em um mercado cada vez mais voraz. ção organizacional compreende o E é neste ambiente que a comunicação conceito amplo do conjunto das surge como elemento fundamental para diferentes modalidades comuni- ajudar a construir a imagem positiva da cacionais que ocorrem dentro das corporação, capitalizando a qualidade organizações, a saber: a comunica- dos produtos e serviços, valores e relacio- ção institucional, a comunicação namentos com seus diferentes públicos. mercadológica ou comunicação de marketing, a comunicação interna e GESTÃO DO RELACIONAMENTO, MODISMO a comunicação administrativa”. OU NECESSIDADE? Seja qual for a definição, a comu- Um dos assuntos mais discutidos no nicação deve estar em sintonia mundo dos negócios é o uso do Customer com as estratégias da organiza- Relationship Management (CRM). Conceito, ção, visando atender às expecta- estratégia, ferramenta, necessidade ou tivas de seus diferentes públicos apenas mais um modismo, a gestão de – funcionários, colaboradores, acio- relacionamento com o cliente tem como nistas, dirigentes, fornecedores, objetivos aumentar a lucratividade e favo- governo, clientes/consumidores, co- recer a fidelização da carteira. munidades –, agora definidos como Para Ramalho (2006), o uso inteligente parceiros ou stakeholders. e com visão estratégica do CRM é que Empresas modernas, inseridas na deverá determinar o seu grau de sucesso Sociedade do Conhecimento, de- dentro de uma organização. “CRM é vem não apenas investir em novas moda sim, mas também necessidade, é tecnologias, instalações, equipa- definitivamente uma estratégia de negó- mentos ou treinamento de pessoal, cio, e como tal envolve pessoas, proces- mas também cuidar da qualidade sos/metodologia e tecnologia/ferramenta, de seus sistemas de comunicação, nesta ordem de prioridade”. como diferencial competitivo diante Na Sociedade do Conhecimento, as orga- da “comoditização” de produtos, nizações têm investido bilhões em sistemas serviços e custos, determinada pe- de apoio ao marketing de relacionamento, la globalização das economias. no sentido de melhorar os processos e Neste novo contexto, a informação ampliar os canais de comunicação com
  • 25. clientes. Mas PALLOTA (2006) adverte: “Não relacionamento, proporcionando Artigo 04 basta criar bases de dados sem utilizar um atendimento personalizado uma estratégia de integração, que permita e mais adequado às demandas fornecer à organização uma visão 360º deste público. A criação de um do perfil de cada cliente - quem é, como sistema de Media Relationship pensa e se comporta”. Management (MRM), em sintonia Apesar de suas inúmeras aplicações, pouco com as estratégias da organização, se tem usado esta ferramenta no campo pode ser a solução. do relacionamento com a mídia. Afinal, o jornalista não é também um cliente ou DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO 24 potencial cliente, que busca informação ESTRATÉGICO EM COMUNICAÇÃO que atenda às suas necessidades e às de O modelo proposto neste trabalho seu público (leitores, espectadores, ouvintes, sugere inicialmente o mapeamen- usuários)? Portanto, a satisfação e lealdade to dos capitais do conhecimen- deste cliente podem determinar ganhos to da organização que possam expressivos na reputação e imagem de influir nas ações de comunica- organizações, bens intangíveis preciosos ção e interação com a mídia. Este para o sucesso no mercado. sistema prevê o levantamento de informações primárias O CONCEITO MRM e secundárias sobre As soluções a serem (MEDIA RELATIONSHIP MANAGEMENT) a organização e sua á- propostas a partir de um O jornalista, em seu cotidiano de traba- rea de comunicação/ planejamento estratégico lho, recorre constantemente ao uso de assessoria de impren- integrado deverão, com ferramentas tecnológicas para gerar in- sa e o uso de conceitos o suporte de ferramentas formação. Por isso, quanto maior a facilidade e ferramentas de diag- de Tecnologia da no acesso de dados e conhecimentos nóstico como entrevis- Informação e da específicos, maior o interesse do profissional tas com porta-vozes; Comunicação, abrir um pela organização, que se torna uma fonte pesquisas de opinião canal de diálogo mais recorrente, posicionada em grau de van- com jornalistas sobre a direto, ágil e transparente tagem competitiva na chamada concor- imagem da organiza- com a mídia. rência da informação. ção no mercado e como Com a velocidade com que as informações se relaciona com a mídia e análise circulam, investir no relacionamento com seqüencial da exposição da organi- a imprensa torna-se, portanto, essencial zação na imprensa. Recomenda-se, não apenas para conhecer suas rotinas de por fim, a utilização da Matriz Swot trabalho e melhorar o atendimento, mas para identificar forças, fraquezas, também, e principalmente, a fim de pensar ameaças e oportunidades que, cru- e definir novas estratégias de comunicação zadas, possam determinar os rumos nas organizações, que possam impactar da nova política de MRM. positivamente a sua imagem reputacional As soluções a serem propostas a par- e potencializar a sua presença na mídia, tir de um planejamento estratégico contribuindo para tornar tangível os ganhos integrado deverão, com o suporte junto a seus públicos de interesse. de ferramentas de Tecnologia da In- Diante deste cenário, constitui-se gran- formação e da Comunicação, abrir de desafio o desenvolvimento de uma um canal de diálogo mais direto, ferramenta que permita gerenciar este ágil e transparente com a mídia.
  • 26. A idéia é facilitar os processos de Acesso em: 15 abr. 2006. Artigo 04 trabalho nas atividades de asses- ESTUDO ANUAL SOBRE CONFIANÇA. Edel- soria de imprensa nas organizações man Trust Barometer. Edelman, 2005. Dis- por meio de captação, armazena- ponível em http//www.edelman.com.br. mento e extração de informação Acesso em 19.mai.2006 e conhecimentos (metodologias, KUNSCH, M. Planejamento de relações processos etc.). O objetivo final públicas na comunicação integrada. 4.ed. deve ser atrair e fidelizar o cliente, São Paulo: Summus, 2003. no caso, os jornalistas, contribuindo PALLOTA, L. Relacionamento com Clientes - para ampliar a presença positiva da Como transformar dados em informação? 25 organização na mídia. 29/06/06. Disponível em http://www.ad- O fomento ao desenvolvimento de ministradores.com.br. Acesso em 2 . jul. 2006. redes de conhecimento específicas RIES, Al e Laura. A queda da propaganda: para jornalistas; a criação de salas da mídia paga à mídia espontânea. Rio de de imprensa com conteúdo de janeiro: Campus, 2002. qualidade e maior interatividade; WURMAN, R. S. Information Architects. e o lançamento de ações de Mar- Graphis Book, 1996. keting de Relacionamento podem WURMAN, R. S. Ansiedade de informação, ser sugeridas, como uso de men- v.1 como transformar informação em com- sagens SMS, e-mail marketing, preensão. Editora de Cultura, 1996. marketing viral e outras estraté- gias que contribuam para ampliar a percepção dos jornalistas sobre a organização. Todas as ações de- vem estar alinhadas com as espe- cificidades de cada organização e das diferentes mídias com as quais mantém relações. Bibliografia. BUENO, W. C. A auditoria da imagem na mídia como estratégia de inteligência empresarial. 1999. In Comunicação e Sociedade no 32. UMESP, SP, 1999. CORRÊA, E. S. O Jornalista Brasileiro na Sociedade da Informação: repórter da realidade, arquiteto da virtualidade. Revista Comunicações e Artes. São Paulo, 21 (34) primeiro quadrimestre de 1999. Disponível em http://njmt.incubadora.fapesp. br/portal/publi/beth/jornalista-bra- sileiro-na-era-da-informacao.pdf.
  • 27.
  • 28. DINÂMICAS PARA GC Como, porque e sobretudo porque não Gisela Kassoy Especialista em criatividade e inovação, Mestranda na ECA/USP, Psicodramatista com formações em dinâmica de grupos na PUC/SP e na sociedade brasileira de dinâmica de grupos e em gestão da inovação na FGV/SP. gisela@giselakassoy.com.br
  • 29. Costumo iniciar palestras sobre programas envolve a prática. Valores abarca o Artigo 05 de GC com uma dinâmica muito simples: nível emocional, o envolvimento, Peço aos participantes que apontem na bem como a descoberta e renovação sala pessoas com determinados hábitos de nossas crenças e paradigmas. A ou habilidades (acordar cedo, tocar algum porta de entrada para este último instrumento musical, etc.). Em cinco minu- canal é a dinâmica de grupos. tos chegamos às respostas, e, o que é mais Para Lewin, não importa onde o importante, os participantes percebem: aprendizado inicia, e é mais inte- . Se compartilharam ou não os dados; ressante que ele comece onde . Se tiveram ou não iniciativa para pedir ou houver mais receptividade. fornecer dados; Por outro lado, ao se analisar as 28 . Se criaram ou não um sistema de geren- dinâmicas sob a ótica do americano ciamento para esses dados; David Kolb – criador da Teoria Como a aquisição de dados cresce expo- da Aprendizagem Experencial, o nencialmente quando existe o espírito para processo de aprendizado se rea- compartilhar, a iniciativa para solicitar ou for- liza em quatro etapas (Vivência, necer dados e um sistema para gerenciá-los. Observação, Conceituação e Expe- São assim que funcionam as dinâmicas: rimentação), percebe-se que as não buscam apenas a compreensão ra- dinâmicas também propiciam Vi- cional, mas o insight, o aprendizado pela vências, só que metafóricas. vivência, a descoberta. As dinâmicas sempre oferecem Segundo Kurt Lewin - pioneiro nas pesquisas um cenário externo às tarefas cor- sobre dinâmicas de grupos até hoje consa- riqueiras dos participantes. O des- grado - o aprendizado entre adultos só ocorre compromisso com a tarefa faz com de fato quando se processa em três canais: o o que o participante dedique mais Cognitivo, o dos Valores e o da Conduta. atenção ao processo, daí o aumento Segundo Lewin o canal Cognitivo é o do das chances de aprendizado. Mas aprendizado racional, obtido por meio de é importante que a observação e a informações e dados. O canal da Conduta conceituação também se realizem
  • 30. – e de preferência imediatamente acredita em quatro perfis básicos, que são: Artigo 05 após a dinâmica, caso contrário o Realista: Pessoa que aprecia os dados e as aprendizado gerado pela vivência informações, e é “pé no chão” e racional. pode evaporar. Esse precisa entender a pertinência das As dinâmicas oferecem outras van- dinâmicas. Aprecia exemplos concretos tagens, como a integração sócio- e foco em resultados. Este perfil é en- afetiva. Criar, divertir-se e descobrir contrado com mais freqüência junto a em grupo acaba por gerar uma maior diretores de empresas, engenheiros e na abertura para as trocas vindouras. área de finanças. Mas nem tudo são flores quando se Estrutural: Valoriza a ordem, o controle 29 fala em dinâmicas: é preciso saber e a precisão. Uma explanação sobre os aplicá-las e sobretudo é preciso objetivos e especialmente sobre as etapas considerar o perfil do grupo com da dinâmica será bem vinda. Tende a ser o o qual se está atuando: Qual é a perfil de pessoas que atuam em fábrica - cultura da empresa? Ela é receptiva nos diversos níveis - e técnicos em geral. ou não a dinâmicas? Qual o grau Afetivo: Preocupa-se com sentimentos, e- de exposição que as pessoas estão moções, entusiasmo, prazer e principal- acostumadas? Nenhuma das con- mente pessoas. Adora movimento e com- dições nos obriga a eliminar as partilhar seus insights. Mais encontrados dinâmicas, mas sim a usá-las de junto às áreas de RH, marketing e vendas. formas diferentes. Por exemplo, é Visionário: Tem uma mente transformadora. possível solicitar aos participantes Está sempre de olho no futuro e valoriza que compartilhem seus insights a iniciativa, a inovação e a fantasia. Tende com o grupo todo (o que envolve a fazer tudo do seu jeito, e se dá bem muita exposição), em subgrupos, com dinâmicas que envolvem desafios. em duplas ou que os escreva indi- Normalmente atuam com P&D, marke- vidualmente (o que diminui a ex- ting e estratégia. posição gradativamente). Finalmente, quero lembrar mais um aspecto: Perfis psicológicos também de- dinâmicas são prazerosas. E como é mais vem ser considerados. O Center for fácil obter dedicação daquilo que dá prazer, Creative Leadership, por exemplo, gera resultados.
  • 31. PORTAIS Artigo 06 CORPORATIVOS Avaliação de retorno sobre investimento 30 Eduardo Lapa Graduado em análise de sistemas e Pós graduado em Gestão de Negócios e Tecnologia de Informação pela EBAP da Fundação Getúlio Vargas. Consultor pela Informal Consultoria e Serviços Presidente do Pólo - RJ da SBGC Autor do Livro “Gestão de Conteúdo como apoio à Gestão do Conhecimento” eduardolapa@informal.com.br INTRODUÇÃO A gestão de ativos de conhecimento pelas organizações tem ganhado destaque nos livros e papers aca- dêmicos sobre administração de empresas. Em pesquisa realiza- da pela Bain & Company Co. em 2003, mais de 70% das 950 em- presas pesquisadas já tinham for- malizada iniciativas de Gestão do Co- nhecimento e projetos relacionados. Uma das ferramentas mais adota- das como ferramental para alavan- cagem e prática da Gestão do Co- nhecimento é o portal corporativo. Na visão de Shilakes e Tylman, por- tal corporativo é o ambiente que permite que as pessoas desvendem informações armazenadas interna ou externamente aos sistemas e
  • 32. proporcionem para seus usuários, sido forçados a mostrar retorno sobre in- Artigo 06 através de uma porta única, as vestimento. A questão é que medir retorno informações personalizadas que sobre o investimento em portais corpora- lhes são necessárias para tomada tivos não é tarefa trivial, uma vez que a im- de decisões e operações. plantação de um portal corporativo mexe Publicações especializadas em tec- com a gestão de ativo intangível e, medir re- nologia de informação têm tratado, tornos neste caso, pode ser mais complexo do com freqüência, desta temática, que simplesmente medir tempos e esforços. com uma ótica diferente das revistas especializadas em business. Embora CONCEITUANDO PORTAIS, SEUS TIPOS E visto por ângulos diferentes, o fato POSSIBILIDADES 31 é que o portal corporativo tem mos- O conceito de portal é simples: Porta de trado que é uma boa ferramenta entrada! Se extrapolarmos esta visão sim- de trabalho numa era de serviços ples para o mundo da gestão da informação baseados em conhecimento. Era es- e da Gestão do Conhecimento, podemos ta onde a competitividade está ca- enxergar um portal corporativo como uma da vez mais acirrada e onde somen- ferramenta que integra pessoas, informações te a tecnologia não forma vantagem e conhecimento que estão atrelados a pro- competitiva sustentável por longo cessos organizacionais. Segundo Reynolds prazo. Vantagens competitivas se e Koulopoulos, um portal corporativo é um sistema de informações centrado no usuá- darão através de melhor uso de seus rio, integrando e divulgando conhecimentos ativos do conhecimento, como mar- e experiências de indivíduos e equipes, cas, patentes, inovação, conhecimento atendendo, assim, aos padrões de institui- tácito dos colaboradores ções baseadas no conhecimento. Vantagens competitivas da empresa e reutilização Talvez a função mais importante de um Por- se darão através de de conhecimento visando tal Corporativo seja a de tornar disponíveis melhor uso de seus ativos melhor produtividade. as informações das quais os colaboradores da do conhecimento, como Muito desta evolução se organização mais precisam, tanto de fontes marcas, patentes, inovação, deve à aplicação deste internas quanto externas, e apresentá-las conhecimento tácito conceito e uso desta de forma simples e prática. A diversidade dos colaboradores da ferramenta pelas orga- de fontes de informações também é um empresa e reutilização de nizações no Brasil e no ponto de destaque no uso dos portais. Os conhecimento visando mundo. Acontece que, dados podem vir de fontes estruturadas melhor produtividade. com o crescimento do como banco de dados, aplicações do tipo uso de ferramentas ge- Enterprise Resource Planning, entre outras, renciais ou tecnológicas, é natu- bem como de fontes não estruturadas como ral que a etapa seguinte, que textos, página Web, documentos, vídeos, a próxima onda, seja relativa à e-mails, etc. A questão é que o portal pode medição de resultados. Em tempos ser a porta única, o ambiente único, pa- de competição hiper-acirrada, é ra que colaboradores consigam acessar a natural que executivos e gestores informação certa no tempo certo. estejam cada vez mais atentos ao O mais importante de se perceber é que binômio de sucesso econômico um portal corporativo remete à Integração. das organizações: Mais receitas. Integração de pessoas através de comu- Menos despesas. nidades de trabalho, através de relações Com o tema “portais corporativos” de cooperação virtual, identificação de a situação não está sendo diferente. especialistas e etc., bem como integra- Cada vez mais, profissionais envol- ção de sistemas de informação e bases vidos em projetos deste tipo têm de conhecimento.
  • 33. PORTAIS E OS ATIVOS DE CONHECIMENTO natureza de negócios ou natureza Artigo 06 Conhecendo mais as possibilidades, tipos tecnológica. e aplicações para portal corporativo, perce- be-se que a implantação de um “portal DIRECIONAMENTO DE NEGÓCIOS corporativo” está cada vez mais longe de . Os executivos gostariam de obter ser uma implementação tecnológica. Não informações refinadas e atuais para significa dizer que a tecnologia de informa- suportar decisões empresariais, in- ção não tem importância, mas merece des- dependente de tempo e espaço? taque o fato de que a implantação de uma . É importante aumento de produ- plataforma tecnológica para portal é um tividade? dos componentes a serem trabalhados. . Localização de informações mais 32 Existem questões como aculturamento, pla- rápida? no de comunicação, definição de objetivos . Mais facilidade e menos custo na de negócio entre outras que também devem integração de informações? ser tratadas com a mesma seriedade. . Necessidade de integração e con- O ponto importante de ressaltar é que se trole de processos de negócio? olharmos o portal como um ferramental . Fornecer informação certa para pes- de integração de informações estratégicas, soa certa na hora certa? um ferramental para acesso a informações . Realizar integração de pessoas em e sistemas transacionais, ferramenta para comunidades virtuais? registro e disseminação de conhecimento . Formar bases de conhecimento explícito, ferramenta de colaboração para sobre clientes, processos, fornece- troca de conhecimento tácito, ferramenta dores, mercados, concorrentes, pro- para ambiente de colaboração ficará cada vez dutos e tecnologia? mais claro que um portal corporativo é uma . Interconexão da cadeia de valor ferramenta para Gestão do Conhecimento. através de sistemas de informação? . Melhorar comunicação empresarial BUSINESS REQUIREMENT – utilizando canais eletrônicos? QUAL O DRIVER PARA ADOÇÃO DE PORTAIS? Profissionais de empresas que estão em DIRECIONAMENTO TECNOLÓGICO vias de implantar um portal corporativo . Necessidade de integração de sis- ou que pensam em otimizar suas aplica- temas via portlets e webparts? ções de internet, intranet ou extranet pro- . Disponibilização de serviços e in- vavelmente irão se deparar com que tipo formações em computação móvel? de portal implantar e provavelmente serão . Conectividade e escalabilidade > questionados quanto à importância de im- Criação de novos componentes sob plantar ou não um portal corporativo. A demanda? pergunta poderia ser simplificada: Porque . Personalização? implantar um portal corporativo? Neste mo- . Single Sign On > Controle de acesso? mento se faz necessário convencer executi- . Redução de custo de manutenção vos e gestores de que benefícios podem ser de legados? atingidos com o uso de Portal corporativo. . Gerenciamento de conteúdo des- Nestas poucas linhas eu não conseguiria centralizado? relatar todas as possibilidades de conven- É claro que, dependendo do negócio cimento de executivos e gestores, mas exis- de cada organização, cada item des- tem direcionamentos que poderão nortear te tem pesos diferentes, mas todos a justificativa de implantação de um portal podem e devem ser utilizados como corporativo. Estes direcionamentos podem direcionadores para adoção de por- ser de duas naturezas bastante distintas: tais corporativos.
  • 34. AVALIAÇÃO DE ROI – “Economia total gerada” – “Valor Investido”. Artigo 06 CICLO DE AVALIAÇÃO Em seguida divide-se pelo “Valor Investido”. Como ferramenta para avaliação Este será o percentual de ROI. de retorno sobre os investimentos Geralmente, em contas deste tipo, entram realizados existe um sem fim de valores de economia e investimentos re- métodos. Existe o TCO que tange ao lativos a telecomunicações, hardware, soft- custo total de propriedade, e existe ware, serviços e custos com pessoal. Estes o TCA, que tange ao custo total de itens são chamados de transacionais, em adoção. Existe o VOI, que tange ao certa escala mais fáceis de medir e que não valor realizado sobre investimento, correspondem aos benefícios que podem ser mas vou utilizar o ROI – Return On 33 alcançados com a implantação de um portal. Investiment – para tentar chegar a Tanto para estes casos, como para soluções algumas métricas para avaliação. empresariais mais complexas, podem ser Em pesquisa realizada no ano de consideradas no ROI as contas relativas 2003 pela Priscient Digital, com a Soft Savings, que podem abranger, por 240 empresas, 76% dos entrevista- exemplo, melhoria no processo de tomada dos considera importante realizar de decisão, na comunicação empresarial, no medição de ROI. Porém, somente processo de registro e compartilhamento 20% das empresas mensuram de maneira estruturada o ROI. 40% de conhecimento, entre outros. mensuram por estimativas e 40% Deste modo, começa a ficar mais viável não realizam nenhum tipo de men- que se consiga mensurar retorno sobre o suração. Número mais alarmante investimento. De qualquer maneira será ne- ainda tendo em vista que as empre- cessário um ciclo para avaliação de retorno. sas pesquisadas eram norte-ame- A maioria das empresas que investem em ricanas. Isso nos mostra que a ta- projetos sem realizar contas de retorno ou refa de demonstrar ROI para Portais payback acaba tendo dificuldade pela ausên- Corporativos não é tarefa tão trivial. cia de parâmetros anteriores para medição. A avaliação tradicional do ROI é A figura 1 apresenta passos para identificação realizada pela conta simples de de retorno em iniciativas de Portal Corporativo. CICLO DE AVALIAÇÃO DE ROI Definir objetivos Classificar tipo Definir indicadores empresariais de portal e listar a serem monitorados a serem atingidos funcionalidades para cada objetivo com o portal Realizar medição Definir período de Realizar medição dos indicadores implantação, adoção dos indicadores após antes da implantação e aculturamento da implantação Figura 1 | Ciclo de avaliação de ROI . Fonte: O autor
  • 35. Inicialmente é preciso identificar objetivos é a quantidade de colaboradores Artigo 06 de negócio a serem alcançados com o capacitados durante 12 meses. Para portal. É preciso identificar quais são os avaliar o indicador pós-implantação, direcionamentos e requisitos que a ferra- é necessário que seja medido e do- menta deverá ter. Dentre estes objetivos cumentado este número antes da podem estar: implantação do portal. • Melhorar comunicação empresarial As duas últimas etapas correspon- • Integrar pessoas que estão geografica- dem à execução do projeto de im- mente distribuídas plantação e posteriormente a exe- • Melhorar processo de tomada de decisão cução de medições dos indicadores 34 • Criar ambiente único de acesso a infor- mapeados. Seguindo estes passos é mações bem provável que qualquer empre- • Criar bases de conhecimento sa consiga mensurar ganhos e bene- • Melhorar a gestão do relacionamento fícios com a implantação do portal. com clientes • Coletar e manter informações sobre concorrentes e novos entrantes • Melhorar o processo de capacitação dos colaboradores através de e-learning, entre outros. Após definido estes objetivos empresariais, será necessário identificar o tipo de portal mais aderente a estas necessidades. Talvez a Mapeados os maior necessidade da indicadores é preciso empresa seja um portal que se tenha uma para suporte a decisão. fotografia do status Talvez um portal de atual, ou seja, como conteúdo, informacio- está o indicador antes nal, possa ser a solução. da implantação. Talvez um ambiente de colaboração já se- ja suficiente, enfim, é preciso analisar que tipo de portal e que funcionalidades existirão. Feito o mapeamento do tipo de portal e funcionalidades, poderá ser realizada uma definição inicial de que indicadores serão monitorados. Para cada grande objetivo deverão surgir alguns indicadores. Mapeados os indicadores é preciso OBJETIVOS EMPRESARIAIS que se tenha uma fotografia do status E MÉTRICAS DE MENSURAÇÃO atual, ou seja, como está o indicador Tendo em vista que quero demons- antes da implantação. Por exemplo, um trar um quadro de referências, portal que terá como um dos objetivos estou relacionando alguns possíveis empresariais a capacitação de pessoas objetivos empresariais a indicadores. poderá ter claramente um indicador que
  • 36. OBJETIVO Artigo 06 COMO MEDIR? Adicionar contexto ao conteúdo - Metadados existentes Obter informações relevantes Número de acessos por documento/informações Número de visitas únicas Número total de visitas Informação sobre produtos e serviços 35 Campanhas de sensibilização ao uso Números de visitas únicas de clientes Aumentar o alcance do Portal para Números de visitas únicas de parceiros clientes, parceiros e colaboradores Atendimentos online Vs. Centrais de atendimento Vendas online Único ponto de acesso Número de acessos por documento Melhorar acesso à informação Tempo de recuperação de informações e aumentar a produtividade necessárias Diminuição de tempo na execução de tarefas % de acerto nas decisões Portal é usado como apoio à Melhorar processo definição de estratégia? de tomada de decisão Portal é usado como ferramenta de acompanhamento de resultados? $$$ com pessoal de TI Reduzir o custo de Tempo de publicação de informações gerenciamento de conteúdo Quantidade de contribuições Reduzir custos de backup/ Medição de tempo de sistemas fora do ar restore de sistemas legados Tempo de recuperação de backups Valor de impressão em áreas Reduzir custos de impressão de RH e Comunicação interna Reduzir despesas de administração e Quantidade de campanhas relacionamento com funcionários eletrônicas Vs. Físicas. Abrangência das campanhas Criação de bases de conhecimento Grau de satisfação dos colaboradores para uso interno em melhoria de Grau de adesão/utilização do portal produtos e melhores práticas do setor