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A CAPOEIRA RONDONOPOLITENSE.
                                                                  Luiz Carlos Varella de Oliveira1
                                                                      Elizabeth Martins de Souza2
                                                                          Valéria Lucas Filgueiras3



            INTRODUÇÃO:

          Os seres humanos nascem livres, iguais e originais, mas quando deixam de
exercer tais prerrogativas no plano social, tornam-se cópias de um sistema em
transformação e, essa mutação limita o homem culturalmente. Esse desenvolvimento
não terá representação e representantes vigorosos na transmissão de informações úteis
aos componentes de um determinado segmento social. Por isso é preferível o homem
livre e criativo que ampliará a si e a comunidade.

         A Cultura, enquanto produção histórica em sociedade aparece como um
arsenal complexo no qual, estão incluídos os conhecimentos, crenças, artes, moral,
costumes e quaisquer aptidões ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de
uma sociedade. O ambiente e o modo de viver de um grupo de seres humanos,
ocupando um território comum criaram o social e o cultural na forma de idéias,
instituições, linguagem, instrumentos, serviços e sentimentos que darão
complementação à sobrevivência física e coletiva.

         O estudo dos aspectos culturais de uma etnia e como eles foram implantados
no meio social, no caso, os afro-brasileiros que trouxeram a capoeira para
Rondonópolis, possivelmente revelarão o modo, também como determinada realidade
social foi construída, pensada e lida por esses atores. Dessa maneira, cultura é tudo
aquilo produzido pelo trabalho humano, também no nível de nossa história local, depois
de um processo migratório.

         A cultura é o dispositivo que move o indivíduo e o grupo para longe da
indiferença, da indistinção transformando-se e transformando-o podendo então atingir
a diferenciação. Ela depende da história de um povo.

          Especificamente no caso da Capoeira Rondonopolitana, as contribuições de
início estão vinculadas às situações pelas quais passaram e viveram seus implantadores.
E depois a mesma ganhou novos contornos, novas mudanças, pois engendrou e se
incorporou nos processos locais.



1
    Professor de História do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação.

2
    Professora Pedagoga do Ensino Fundamenta da Municipal de Educação.

3
    Professora de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Educação.
O estudo da capoeira em Rondonópolis destacará o movimento, ainda que
incipiente desta arte/luta/dança, genuinamente afro-brasileira, também como prática
desportiva e de inclusão social.

SOBRE A CAPOEIRA:

        A construção cultural de qualquer atividade do contexto social na atualidade
exigiu uma demanda pretérita, motivada para solucionar uma situação-problema
imediata que atenda a vontade de uma coletividade ou apenas um sujeito. Dessa
maneira, procuraremos apoiado por nossos colaboradores diretos e indiretos, apresentar
uma argumentação satisfatória, explicando as tendências e a importância da presença
da Capoeira; essa arte/luta/dança, genuinamente brasileira, em Rondonópolis.

         O caminho que iremos trilhar terá origem em çfrica, pois a matéria-prima onde
ela desabrochou e cresceu foi na etnia negra; que a desenvolveu como forma de defesa e
sustentáculo para a liberdade, quando escravizados no Brasil.

         O nome Capoeira já consumiu vários e acalorados debates. Vamos citar
algumas concepções de estudiosos da temática. Na fala de Francisco Pereira da Silva,
esse jogo de destreza corporal se constituía na arma com a qual os escravizados fugidos
utilizavam contra seus perseguidores naturais: os escravocratas, nesta especificidade
representado pelo capitão-do-mato.

         A luta geralmente era travada no mato, onde os negros estavam escondidos.
Que tipo de mato era esse? A capoeira. ( vernacularização do tupi-guarani CAÀ-
PUÊRA: Caá = mato, Puêra = que se foi). Assim, tem-se por melhor definição aquela
que vem do dialeto caipira de Amadeu Amara. CAPUÊRA, substantivo feminino, mato
que cresceu em lugar de outro derrubado ou queimado.

         Dessa maneira, capoeira (forma culta de capuêra, mato), local das primeiras
contendas dos escravizados rebeldes teria sido, o termo adotado para denominar a luta
física Nacional: a Capoeira.

         A palavra tem várias acepções e por uma dela se designa um tipo de cesto ou
gaiola de uso na guarda e transporte de galináceos. Os escravizados conduziam
capoeiras de galinhas ao mercado, e enquanto as portas não eram abertas, os negros
exercitavam o corpo no “brinquedo” que com o passar do tempo e transformação
tornar-se-ia famoso.

         Esse episódios ocorriam no estado de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. O
filólogo Antenor Nascentes é de opinião que, por efeito metamínico, o nome de tal
gaiola passou a designar também um jogo atlético e o indivíduo que o pratica. Assim o
lutador seria capoeirista; a luta, o jogo de agilidade, a Capoeira; o ato de joga-la,
capoeiragem.

         A obra, A Capoeira Escrava de Carlos Eugênio Líbano Soares, na página 63,
faz referência ao que foi descrito sobre a Capoeira até o presente momento neste artigo.
Os dois estudiosos da temática apresentam argumentação idêntica sobre a
“capoeira”. Nós procuraremos vê-la e estudá-la como uma arte/luta/dança utilizada
pelos escravizados no combate a opressão e aos castigos corporais; bem como, através
dela, a inclusão social.

          A história da Capoeira sempre despertou interesse e curiosidade aos seus
pesquisadores. Tanto isso é verdadeiro que no ano de 1966, o professor Inezil Penna
Marinho esteve em Angola pesquisando uma possível origem dela. Após assistir várias
festas religiosas e danças guerreiras, chegou a conclusão ser inteiramente desconhecida,
quer entre os eruditos, quer entre os nativos.

         Este colóquio pode ser esclarecido desta maneira. A situação dos negros
escravizados aqui (Brasil) e no seu país de origem (Angola), era muito diferente. Em
çfrica eram livres, aqui cativos. Podemos acreditar, em função das informações que
temos: a Capoeira, como a concebemos, teve suas raízes formadoras no Brasil, mas
gestação no continente africano.

         Uma informação para nossa reflexão sobre a origem da Capoeira vem das
práticas religiosas a que os africanos se entregavam. As danças litúrgicas, ao som dos
instrumentos de percussão, desempenhavam papel de grande relevância. Pois o ritmo
“bárbaro” exacerbava-lhes a gesticulação, exagerava os saltos, exercitava-os na ginga
do corpo, dotando-os de extraordinária mobilidade, excepcional destreza, surpreendente
velocidade de movimentos. Foram a esse rituais religiosos, que alguns pesquisadores
atribuem o surgimento da capoeiragem.

         Outra fonte nos chega com Charles Ribeyrolles, um francês que aproveitou o
tempo vivido no Brasil para retratar os costumes do lugar. Assim ele descreveu: “no
sábado a noite, concluída a última tarefa da semana e nos dias santificados, que trazem
folga, descanso e cerão concedem-se aos escravizados uma ou duas horas para a dança.
Reúnem-se no terreiro da senzala, chamam-se, agrupam-se, incitam-se e a festa
principia. Espécie de dança ao redor da fogueira, de evoluções atrevidas e combativas
ao som do tambor do congo”.

        O fato relevante que necessita ser relatado é a forma pelo qual os negros eram
capturados e para onde eram levados. Convém mencionar que a çfrica, antes da
chegada dos portugueses, não possuía uma divisão política. Tinha sim uma divisão em
função da cultura dos povos que ali habitavam.

         Os negros capturados eram conduzidos aos portos de “embarque” e ali
permaneciam por vários dias e até meses, para embarcarem nos navios negreiros. O
contato com culturas africanas diversificadas já ocorria em çfrica. Ao chegarem na
América, somando-se ao tempo de viagem çfrica/Brasil, a espera para completar a
“carga”, contatos culturais eram realizados, forçados ou não. Acreditamos que essa
fusão cultural, ainda no continente africano veio também contribuir para o
desenvolvimento da Capoeira no Brasil.
SOBRE A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO:

          O negro foi retirado à força do seu mundo, a fim de produzir riqueza para o
senhor. Nesse encontro, onde o outro é o elemento que rouba a libido, ocorre a
desvitalização da personalidade. Aqui, o arquétipo da “Mãe çfrica”, rege o desejo de
fusão e indiferenciação da consciência. Nesse estágio o negro encontra-se imobilizado
e, será o sofrimento que despertará a necessidade do sacrifício, de abrir mão da simbiose
em que ele se encontrava acorrentado.

          Os negros foram trazidos para um mundo desconhecido, separados de sua terra,
família, costumes, e agrupados em etnias diferentes. Essa separação sugere a idéia de
divisão. O todo se fragmentou, e junto com ele vivenciam a angústia e o sofrimento. Da
situação problemática emanada dessas especificidades decorre o nascimento da
consciência, o que permitiu o reconhecimento do seu oposto, o inconsciente, e todo o
conjunto começa a se relacionar com o seu eu, em sua tentativa de retornar a unidade
original.

         A situação emanada dessas convergências e divergências entre as etnias
africanas, vítimas desse processo de deslocamento, de um continente para outro, assume
proporções complexas, onde o principal objetivo, não importando a tendência cultural,
era ter a liberdade. Nessa particularidade notamos a eficácia e inteligência do negro.
Além de ter que comunicar-se com sujeitos do seu próprio continente, com línguas
diferenciadas, era obrigado a compreender e agir sob o comando do opressor, em outro
idioma. Em função dessa dupla ação por ele realizada, era natural que fosse
convencionar alguns gestos corporais que abrigassem várias informações para ações
no presente, a serem utilizadas no futuro.

        Um gesto muito utilizado, pelo menos para combinar fugas, era aquele que se
imitava chutar uma bola invisível. Quanto ao tempo que iria ocorrer essa ação,
dependeria de uma comunicação mais específica para serem planejados os detalhes da
fuga.

         Para escravizar alguém é difícil. Para ter um africano como escravo, era
necessário suprimir-lhe a cultura, transformando-o em bicho ou coisa. Retiravam seu
nome tribal e dava-lhe outro em português.

         A sua religião ancestral era trocada pela a de Cristo. Como isso não bastasse,
os brancos escravistas completavam o serviço com a pancadaria, a chibata, o açoite. A
pauleira começava desde o momento que o negro era capturado ou comprados dos
sobás.

        Os escravizados negros apanhavam durante a longa viagem, aproximadamente
90 (noventa) dias, da çfrica até chegar ao litoral do Brasil. Batiam-lhes no depósito
mantido pelos agentes, (pombeiros como eram chamados); recebiam surras no convés
do navio, durante a travessia do atlântico. Sofria castigos corporais no mercado, a espera
dos fazendeiros compradores. Continuavam com esse sofrimento durante toda sua
existência como cativo.

         Não lhe batiam por maldade, embora isso ocorresse. A finalidade era esvaziá-
lo da parte propriamente humana que todos os homens possuem e, são homens
propriamente porque a possuem. Assim coisificado, o negro africano estava pronto para
ser escravo.



SOBRE OS NEGROS NO BRASIL.



        Os escravos negros começaram a ser desembarcados no Brasil por volta de
1548 e, nos três séculos seguintes, seriam predominantemente do tronco linguístico
banto, do qual faz parte a língua quimbundo. Esse grupo engloba angolas, benguelas,
moçambiques, cabindas e congos. Eram povos de pequenos reinos, com razoável
domínio de técnicas agrícolas; possuíam uma visão muito plástica e imaginosa da vida,
e demonstravam ter grande capacidade de adaptação cultural.

         Não há indicações seguras de que a capoeira se tenha desenvolvido em
qualquer outra parte do planeta além do Brasil. “A tendência dos historiadores e
africanistas, tomando como base poucos e raros documentos conhecidos, é se fixarem
como sendo de Angola os primeiros negros aqui chegados, tendo a grande maioria de
nossos escravos escoado do porto de São Paulo de Luanda e Benguela. Ao lado disso, a
gente do povo e sobretudo os Capoeiras falam todo o tempo em Capoeira Angola,
especialmente quando querem distingui-la da Capoeira Regional. Ora, tudo isso seria
um pressuposto para se dizer que a Capoeira veio de Angola, trazida pelo negros desse
país. Mas, mesmo que se tivesse notícia concreta da existência de tal folguedo por
aquelas bandas, ainda não seria argumento suficiente. Está documentado e sabido por
todos que os africanos uma vez livres e os que retornaram às sua pátrias levaram muita
coisa do Brasil, coisas não só inventadas por eles aqui, como assimiladas do índio e do
português. Portanto, não se pode ser dogmático na gênese das coisas em que é
constatada a presença africana; pelo contrário, devemos andar com bastante cautela
nessas particularidades”

          A Capoeira nas décadas de 70 e 80 do século XX espalhou-se por todo o Brasil
e fora dele (Europa e Estados Unidos). Dessa Maneira, os grandes centros de sua
divulgação, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, iniciou-se uma migração interna de
capoeristas. Para a época essa movimentação foi importante, pois mais pessoas e mais
adeptos começaram a conhecer essa nova modalidade de luta marcial, genuinamente
brasileira.
A VIAGEM ATÉ RONDONÓPOLIS.

       O deslocamento seguia tranqüilo e como acontece com todo o viajante, é normal
conversar com outras pessoas. Com Mestre Carivaldo não foi diferente. Antes de chegar
em Rondonópolis, em uma parada para refeição ele trava um diálogo com um senhor
que morava nesta cidade. Quando falou-lhe o que fazia e o porquê estava viajando, esse
homem fez questão de fazer uma cortesia, isto é, pagando-lhe o que foi consumido e
ainda indicando um local para pernoitar, além disso disse qual seria a academia e com
quem falar para ter disponibilidade de trabalho.


           O Hotel Sumaré de Rondonópolis foi quem primeiro abrigou o Mestre de
Capoeira. Nesse período, esse estabelecimento comercial era um dos mais próximos do
terminal rodoviário da cidade. Carivaldo Lopes, (Mestre Carivaldo), chegou em
Rondonópolis em 27 de setembro de 1984; sua entrevista para iniciar o trabalho foi no
dia seguinte. Após identificar-se ao proprietário de uma academia da cidade quem era
ele, quais suas especificidades e esperar um tempo dilatado, pois seus documentos
precisavam ter comprovação de sua autenticidade, procedimento realizado por telefone
à academia que o capacitou em São Paulo, recebe sinal positivo para iniciar suas
atividades.


        Da fala do capoeirista destacamos: “No começo foi difícil, pois a capoeira não
era difundida por aqui; comecei com seis alunos, e só depois de algum tempo é que o
pessoal foi apreciar esse tipo de luta; uns dois anos depois (1986), já tinha mais de 200
alunos. Hoje a Capoeira possui mais alunos do que as demais academias de lutas
marciais juntas...”.


       Conforme as declarações do mestre nesse desabafo, ele enfrentava duas barreiras.
A primeira delas, ser o esporte por ele praticado pouco conhecido naquela época em
Rondonópolis; a segunda e essa, a grande maioria da população brasileira, de alguma
maneira já foi vítima, Carivaldo é afro-descendente, também sofreu discriminação e
preconceito. Apesar de ter essas adversidades, continuou com seu objetivo: divulgar a
sua arte. Para isso, realizava apresentações individuais em praças públicas, feiras
livres, clubes, para despertar o interesse dos espectadores para a luta.


        O compromisso assumido com a academia continuava sendo cumprido e, nos
finais de semana, o mestre fazia as demonstrações de destreza corporal e agilidade.
Esses exercícios chamavam atenção da garotada e entre eles um em especial, Edir
Machado. O menino Edir com aproximadamente treze anos entra em contato com o
capoeirista e começa ter suas aulas. Citamo-lo como exemplo, mas o Mestre Carivaldo,
teve várias dezenas de alunos com essa idade como “discípulos”.


        A grande maioria deles oriundos de famílias humildes. Mas o mestre, jamais
deixou de dar atenção e ter os devidos cuidados, principalmente na alimentação. Ainda
que ele enfrentasse dificuldades financeiras no início, nenhum de seus alunos
“capoeiristas” nos final dos encontros voltavam às suas casas sem ter recebido do
professor, além dos ensinamentos do mundo da capoeira, a alimentação.


       A dedicação e persistência do Mestre naquilo em que ele acreditava, após três
anos de trabalho (1984 a 1987), começam a surgir os primeiros frutos. Em 16 de junho
de 1987 funda sua escola de capoeira, a Associação de Capoeira Regional Chibata, a
primeira do gênero em Rondonópolis. Carivaldo com 33 anos administra um
empreendimento exclusivo.


       Nesse período, como é típico em seu perfil, enquanto ser humano, as tarefas que
precisavam ser realizadas na academia eram divididas entre os seus alunos mais
graduados. Essa prática continua sendo aplicada, mesmo após de mais de duas décadas
de fundação desse espaço destinado à prática da capoeira.


      A Capoeira, arte/luta/dança do Brasil, somente tem desenvolvimento quando seus
praticantes entram em contato com outros grupos. Em Rondonópolis não foi diferente.
Ma como conseguir recursos financeiros para esses deslocamentos? Mestre Carivaldo
faz valer sua genialidade. A feira da Vila Aurora foi o local aonde esses
“financiamentos” realizaram-se.


          O mestre e seus alunos faziam ali uma roda de Capoeira. No término dessa
atividade, era “movimentado” entre as pessoas que assistiam a demonstração, “uma
caixa de papelão” onde a “platéia” oferecia quantias em numerário. A coleta, após ser
contabilizada custeava a viagem para outras localidades. Era dessa maneira que o Grupo
de Capoeira Chibata fazia-se presente em eventos fora da cidade de origem.


       Em entrevista ao pesquisador em fevereiro de 2005, o Professor Machado, nos
brindou com a seguinte declaração. “Era muito bom fazer isso. Eu pude observar que a
Capoeira me dava comida, bebida e viagem para eu aprender mais sobre ela...”.


       O sucesso conseguido pelo Mestre Carivaldo no início da década de 90 do
século XX, em função do seu esforço e dedicação, possibilitou a outros capoeiristas,
ex-alunos ou não, ter renda ministrando aulas de capoeira. Dessa maneira e antevendo
futuros ganhos com a atividade, vários grupos começaram a ser criados ou foram
transferidos pra a cidade. Esse desenvolvimento somente foi possível porque o baiano
que fundou a primeira escola de capoeira acreditou no potencial da cidade e acima de
tudo, na cultura que ele representava.


        A capoeira em Rondonópolis está em franco desenvolvimento. Existem vários
grupos, cada um com suas especificidades. Entre eles destacamos:


• Grupo Chibata – Mestre Carivaldo,

• Grupo Guerreiros de Ouro – Professor Adão,

• Grupo Filhos do Quilombo – Professor Edivaldo.

• Grupo Zumba – Professor Wandão,

• Grupo Arqueando – Professor Joricley

• Grupo Quizumba – Professor Lindomar, (Capoeira Angola).



          A Lei 10.639/03, em função de tratar-se da inclusão nos currículos escolares,
tanto em instituições públicas como particulares, alterada pela Lei 11.645/08, onde é
obrigatória o Ensino da História da çfrica e dos Africanos e Indígenas, deu
possibilidades que uma parcela da cultura africana, especialmente a capoeira,
arte/luta/dança do Brasil, ser ministrada nas escolas. Para tanto, um grande número
delas possuem em sua programação. Ainda que fora da grade, um horário específico
para a prática dessa atividade.


      O Grupo de Capoeira Chibata, fundado pelo Mestre Carivaldo na década de 80 do
século XX, em Rondonópolis é o precursor da disseminação da capoeira na cidade e
circunvizinhança. A comunidade rondonopolitana, principalmente as crianças, já
possuem um contato mais efetivo com essa especificidade da cultura afro-descendente.
Ela, a Capoeira, através dos programas desenvolvidos por componentes do Grupo
Chibata ou ex-aluno prestaram e prestam relevantes serviços à sociedade local.


       Nesse espaço temporal, mais de duas décadas, muitos jovens já praticaram esse
esporte. É claro que nem todos são professores nessa atividade, mas são pessoas que,
apesar de sua origem humilde, deram sua contribuição social, sendo chefes de família
exemplares, pessoas equilibradas e responsáveis. Essas particularidades foram herdadas
ou sugeridas pelos ensinamentos da capoeira.


           A prática da capoeira envolve vários elementos para sua efetividade. Os
berimbaus, juntamente com os caxixis; o pandeiro; o atabaque e especialmente as
palmas dos sujeitos que fazem parte da roda. As letras das melodias sempre trazem em
seus versos, uma história ocorrida, uma ação para ser realizada, uma comunicação, um
convite, uma lembrança.


           A Capoeira, arte/luta/dança brasileira, combatida e combatente, segue sua
trajetória na História sempre agregando elementos culturais dos locais onde chega,
porém, não esquecendo sua estrutura principal. Agindo dessa maneira, torna-se mais
forte, mais vigorosa e com isso, inclui mais pessoas em sua prática transformando-as em
cidadãs.


SOBRE OS GRUPOS DE CAPOEIRA


            O ser humano sempre que enfrenta algum problema, principalmente de
subsistência, emigra. Isto é, procura outras localidades para exercer uma atividade.
Nessa ação, leva consigo, elementos culturais de onde vem e incorpora aqueles que
encontram aonde chega.


         A situação para muitos na Bahia, economicamente falando, principalmente os
afro-descendentes, não era das melhores logo, mudanças emergenciais precisavam ser
realizadas. Dessa maneira, baianos junto com nordestinos em geral, “deixa seu berço
natal e bate em retirada para as terras do Sul”. A princípio esses deslocamentos para
outras localidades era a procura de melhores condições, isto é, trabalho.


      Quando esse contingente de pessoas chega a São Paulo e com eles os capoeiristas,
não se ocupam da capoeira. Vieram a fim de ganhar a sobrevivência com atividades que
rendesse algum numerário. Foi dentro desse clima que aqueles praticantes ou possuíam
conhecimento da capoeiragem, muitas vezes em praças, feiras livres, nos terreiros das
casas dos bairros onde residiam, com objetivos bem simples: trocar notícias dos
familiares e saber das novidades da sua terra e de sua gente.


      Com o transcorrer do tempo esses encontros ficaram mais efetivos. E quando eles
aconteciam sempre alguém levava um berimbau, um pandeiro, um atabaque, um vestia
uma roupa folgada. Nessa atmosfera, as conversas rolavam soltas, fatos comuns eram
revividos e os assuntos que envolvesse a capoeira era o ponto culminante do encontro.
A intensidade da reunião era tanta que em um determinado momento, alguém não
agüentava tantas recordações e tirava uma nota de sua excelência, o berimbau; o seu
pandeiro coaxava respondendo e em seguida um canto ecoava:


Bahia, minha Bahia,
Capital é Salvador,
Quem não conhece capoeira
Não Pode dar valor.


Todos podem aprender,
General até doutor,
Mas para isso é necessário,
Procurar um professor. (AA4)


           A partir desse momento dois homens arregaçavam as pernas das calças,
abaixavam-se ao pé do berimbau, se benziam, davam-se as mãos, o solista gritava: “Dá
volta ao mundo”. Eles pulavam para dentro da roda. Era mais uma vez o reencontro
com uma maneira peculiar de ser, existir e se expressar. Momentaneamente não
existiam conflitos entre estilos, filosofia e fundamentos da capoeira.


           Segundo Anande das Areias, “acima das diferenças, estava à necessidade
expressar-se espontaneamente, revivendo uma sensação de prazer e reencontro consigo
mesmo. As diferenças eram uma complementação, a capoeira tornava-se uma só e
tudo era festa e brincadeira”. E assim, provavelmente tenha começado o movimento
capoeirístico em São Paulo. Encontros entre os capoeiristas. Valdemar Angoleiro,
Mestre Ananias, Zé Freitas, entre muitos outros, foram alguns dos primeiros a
disseminar a capoeira em terras paulistas. Essa era a época que a pessoas, fora do
movimento da capoeira, quando viam um berimbau perguntavam: o que é isso?


          A capoeira continua seu caminho. Mais tarde registra-se em São Paulo a
presenças de outros mestres. Entre eles: Paulo Gomes, Suassuna, Brasília, Joel, Gilvam
e a estes se incorporaram os recém formados capoeiristas paulistas, na atualidade,
Mestres Paulão, Pinatti, Melo, Japonês Seiko.


       O mercado consumidor de capoeira em São Paulo na época estava em franca
expansão. Ela já freqüentava os mais variados ambientes. Os mestres estavam

4
    Autor anônimo
deslumbrados, vivenciavam a possibilidade de sobreviver da sua arte, e a de conquistar
o seu espaço como capoeiristas e indivíduos dentro da sociedade.


       Nessa ebulição da capoeira e a efervescência de novas políticas públicas para a
nação brasileira, os “trabalhadores do Brasil”, precisavam ter organização e assim, a
sociedade colaboraria com o poder executivo central, na construção de um ´país
soberano. A capoeira precisava de uma federação, para resolver alguns entraves, e para
que ela fosse transformada em Arte Marcial Brasileira criou-se a Federação Paulista de
Capoeira.


        Os mestres líderes da capoeiragem paulista, Suassuna e Pinatti, estimulados pelo
mestre Onça, recém chegado da Bahia e representante da ideologia da ideologia
ditatorial, tentam “unir”, dirigir e integrar o meio capoeirístico ao regime. A federação
agindo dessa maneira provocou dissabores a vários capoeiristas.


           O Grupo “Capitães das Areias” fundado e liderado por Almir das Areias,
atualmente, Anande das Areias, reunindo os mestres Demir, Valdir, Baiano, Carioca,
Pessoa, não aceitaram esse novo caminho imposta à capoeiragem. A reação desses
homens na época foi considerada uma traição. Mas agiram assim porque, para eles a
capoeira era muito mais que uma luta e um esporte, era acima de tudo uma consciência
de vida e um reencontro com a nossa identidade.


          Alguns jovens da classe média carioca, durante as férias de fim de ano, no
começo dos anos 60 tiveram aulas com o mestre Bimba. Retornaram pra o Rio de
Janeiro, prosseguem o aprendizado de forma quase autodidata. A aplicação aos
treinamentos desses jovens foi recompensada, pois em 1966/67/68, eles conquistaram o
troféu “Berimbau de Ouro” e o grupo que representavam “Grupo Senzala”, chegou ao
auge com as rodas realizadas aos sábados no Bairro do Cosme Velho.
O Grupo Senzala e seus intrépidos componentes já no final da década de 1960, obteve
grande sucesso em termos de número de alunos, de dinheiro e status. Vários fatores
contribuíram, entre eles:


• A dedicação de seus instrutores;
• As novidades introduzidas;
• Serem da classe média da Zona Sul do Rio (Copacabana).
• Aceitação maior da sociedade (não eram negros).


       Segundo Nestor Capoeira, “... se tornou um dos grupos mais famosos do Brasil,
praticando e ensinando um estilo que poderíamos chamar Regional-Senzala, e
influenciou capoeiristas de todo o Brasil, até mesmo os jovens professores de Salvador.

       Acredita-se que a capoeira pode e deve ser ensinada globalmente, deixando que o
educando busque a sua identificação em quaisquer dessas enumerações que veremos a
seguir. Caberá ao docente um papel relevante orientando e estimulando para que o
discente possa aproveitar ao máximo toda a sua potencialidade.



AS ESPECIFICIDADS DA CAPOEIRA

Ribeiro (1992), concebe capoeira das seguintes maneiras:



Capoeira Luta - Representa a sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua
forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal, genuinamente brasileiro.
Deverá ser ministrada com o objetivo de combate e defesa.


Capoeira Dança e Arte - A Arte se faz presente através da música, ritmo, canto,
instrumento, expressão corporal e criatividade de movimentos. É também um
riquíssimo tema para as artes plásticas, literárias e cênicas. Na Dança, as aulas deverão
ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo
flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora, seguindo em busca
da coreografia a da satisfação pessoal.

Capoeira Folclore - É uma expressão popular que faz parte da cultura brasileira, e que
deve ser preservada, promovendo a participação dos alunos, tanto na parte prática,
como na teórica.


Capoeira Esporte - Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo
conselho nacional de desportos, ela mesma deverá ter um enfoque especial para
competição, estabelecendo-se treinamentos físicos, técnicos e táticos.


Capoeira Educação - Apresenta-se como um elemento importantíssimo para a
formação integral do aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e
influenciando nas mudanças de comportamento. Proporciona ainda um auto
conhecimento e uma análise crítica das suas potencialidades e limites.
Capoeira Lazer - Funciona como prática não formal, através das "rodas" espontâneas,
realizadas nas praças, colégios, universidades, festas de largo e..., onde há uma troca
cultural entre os participantes.


Capoeira Filosofia - Entre muitos fundamentos, trás uma filosofia de vida que prega o
respeito ao próximo e aos mais velhos, estes que por sua vez possuem um grau maior de
sabedoria. Muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma criando dessa forma
uma filosofia de vida, tendo a capoeira como símbolo e até mesmo usando-a para a sua
sobrevivência.


Capoeira Terapia - O esporte exerce um papel fundamental no desenvolvimento
somático e funcional de todo indivíduo. Para o portador de deficiência, respeitando-se
as suas limitações e capacidades, o esporte tem importância inquestionável. A capoeira
vem tendo destaque muito grande, não só como esporte, mas, no caso dos portadores de
deficiência, ela atua, verdadeiramente, como terapia.


       Considerando sempre a etapa mental, cronológica e motora do indivíduo, propicia
um desenvolvimento orgânico mais satisfatório, melhora o tônus muscular, permite
maior agilidade, flexibilidade e ampliação dos movimentos. Auxilia o ajuste postural,
bem como o esquema corporal, a coordenação dinâmica e, ainda, desenvolve a
agilidade e força. Vale ressaltar que a capoeira proporciona a liberação de sentimentos
como a agressividade e o medo, levando o ser humano a adquirir uma condição física
mais satisfatória e um comportamento mais socializado.



CONSIDERAÇÕES FINAIS



        Ao escrevemos este texto sobre a Capoeira em Rondonópolis, onde relatamos
somente uma das várias facetas dessa atividade física, conseguimos vislumbrar a
importância que é para nossa juventude conhecer a inteligência e as peripécias de nossos
ancestrais para sobreviverem. O relato da história de Zumbi, seu empenho, sua
persistência para ter liberdade tornando-se um símbolo de resistência não só para sua
etnia, mas a grande maioria da sociedade oprimida, devolve-lhes o brilho nos olhos e o
orgulho de serem afro-descendentes.

       A nossa ação em mostrar aos estudantes aquilo que os manuais de história não
traziam, ou quando mencionavam era de forma descontextualizada e incipiente,
aproximou-os de várias temáticas onde os negros foram protagonistas. Isso aumentou a
segurança e curiosidade para a compreensão da atuação desse elemento étnico na
construção da sociedade brasileira. Não raro em muitas escolas de Rondonópolis está
sendo implantada no contra-turno aulas de Capoeira, normalmente o instrutor é um ex-
aluno ou discípulo do Mestre Carivaldo.



       AMADO, Janaina; Ferreira, Marieta de Morais. Usos e Abusos da História Oral.
Rio de Janeiro: FGV, 2002.
AREIAS, Anande da. O que é capoeira. São Paulo: Tribo, 1983.
ALGRANTI, Leila Mosan. O Feitor Ausente. Estudo sobre a escravidão urbana no Rio
de Janeiro 1808-1822. Petrópolis: Vozes, 1988.
CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: Os fundamentos da malícia. 4 ed, Rio de Janeiro:
Record, 1993.
CHALOUB, Sidney. Visões de Liberdade: uma história das ultimas décadas da
escravidão na corte. São Paulo: Companhia de Letras, 1990.
CHARTIER, Roger. A História Cultural – Entre Práticas e Representações. São Paulo:
Bertrand Brasil, 1990.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: Formação da Família Brasileira sob o
regime da Economia Patriarcal. 34 ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.
LE GOFF, Jacques. História e Memória: Campinas SP: Unicamp, 2003.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual da História Oral. São Paulo: Layola, 2002.
NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. Aceleração Temporal na Fronteira: Estudo
do Caso de Rondonópolis. Tese de Doutorado. USP, 1997.NASCIMENTO, Flávio
Antônio da Silva. Racismo Brasileiro: Uma Pequena Introdução Crítica. Rondonópolis:
ICHS / UFMT, 2001.
NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. O Negro: Questões Culturais e Raciais.
Rondonópolis: ICHS / UFMT, 2001.
NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. Migrações e Racismos
IN________GOETTERT, Jones Davi – FERREIRA, Ivanildo José (orgs.) Migrantes
em Rondonópolis – Rondonópolis-MT: Centro de Direitos Humanos Simão, Bororo,
2002.
MOURA, Jair. Mestre Bimba: A Crônica da Capoeiragem. Salvador: Fundação Mestre
Bimba, 1991.QUEIRÓZ, Suely Robles Reis de. Escravidão Negra em Debate.
IN______FREITAS, Marcos Cezar. Historiografia Brasileira em Perspectiva. São
Paulo: Contexto, 2001.
REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: Ensaio Sócio – etnográfico, São Paulo: Itapoan,
1968.
REIS, Letícia Vida de Souza. O mundo de pernas pro ar, a capoeira no Brasil. São
Paulo: Publisher, Brasil, 1997.




SANTOS, Aristeu Oliveira dos. Capoeira: arte-luta brasileira. Curitiba: Impressa Oficial
do Estado, 1993
SANTOS, Joel Rufino dos. A Questão do Negro na Sala de Aula. São Paulo: çtica,
1990.
SILVA, Francisco Pereira da, Itinerários da capoeira. Guarulhos: Monsanto, 1979.
SOARES, Carlos Eugênio. A Negregada Instituição: os capoeiras na Corte Imperial
1850-1890. Rio de Janeiro? Access, 1999.
SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Capoeira Escrava, e outras tradições rebeldes no
Rio de Janeiro – 1808-1850, Campinas SP: UNICAMP, 2004.




RESUMO

CAPOEIRA RONDONOPOLITENSE.

A criatividade do ser humano para sua sobrevivência perpassa por criações culturais
individuais que são aprimoradas coletivamente. Dessa interação e aprimoramento
grupal aparecem novas possibilidades de mudanças e, elas são revertidas na afirmação
de uma comunidade que anseia para transformar suas ações e realizações em
manifestações coletivas para a aquisição da liberdade cidadã. Dessa maneira, os
primeiros grupos para exercerem a prática da Capoeira sempre liderada por um
mestre demonstravam que, para ser livre bastava aprimorar sua herança cultural e
colocá-la ao alcance de todos. Em Rondonópolis também ocorreu nesses moldes essa
prática desportiva.



RONDONOPOLITENSE DE CAPOEIRA

       La creatividad del ser humano para su supervivencia es notable por creaciones
culturales individuales que se han mejorado de forma colectiva. Este grupo de
interacción y mejora aparece nuevas posibilidades para el cambio y se invierten en la
afirmación de una comunidad que anhelan para transformar sus acciones y logros en
manifestaciones colectivas para la adquisición de ciudadano de la libertad. De esta
forma, los primeros grupos para perseguir la práctica de la Capoeira, siempre dirigida
por un maestro demostraban que ser libre mejoraría su patrimonio cultural y ponerlo.
En Rondonópolis también ocurrió en este deporte.

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A origem da Capoeira em Rondonópolis e sua importância cultural

  • 1. A CAPOEIRA RONDONOPOLITENSE. Luiz Carlos Varella de Oliveira1 Elizabeth Martins de Souza2 Valéria Lucas Filgueiras3 INTRODUÇÃO: Os seres humanos nascem livres, iguais e originais, mas quando deixam de exercer tais prerrogativas no plano social, tornam-se cópias de um sistema em transformação e, essa mutação limita o homem culturalmente. Esse desenvolvimento não terá representação e representantes vigorosos na transmissão de informações úteis aos componentes de um determinado segmento social. Por isso é preferível o homem livre e criativo que ampliará a si e a comunidade. A Cultura, enquanto produção histórica em sociedade aparece como um arsenal complexo no qual, estão incluídos os conhecimentos, crenças, artes, moral, costumes e quaisquer aptidões ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. O ambiente e o modo de viver de um grupo de seres humanos, ocupando um território comum criaram o social e o cultural na forma de idéias, instituições, linguagem, instrumentos, serviços e sentimentos que darão complementação à sobrevivência física e coletiva. O estudo dos aspectos culturais de uma etnia e como eles foram implantados no meio social, no caso, os afro-brasileiros que trouxeram a capoeira para Rondonópolis, possivelmente revelarão o modo, também como determinada realidade social foi construída, pensada e lida por esses atores. Dessa maneira, cultura é tudo aquilo produzido pelo trabalho humano, também no nível de nossa história local, depois de um processo migratório. A cultura é o dispositivo que move o indivíduo e o grupo para longe da indiferença, da indistinção transformando-se e transformando-o podendo então atingir a diferenciação. Ela depende da história de um povo. Especificamente no caso da Capoeira Rondonopolitana, as contribuições de início estão vinculadas às situações pelas quais passaram e viveram seus implantadores. E depois a mesma ganhou novos contornos, novas mudanças, pois engendrou e se incorporou nos processos locais. 1 Professor de História do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação. 2 Professora Pedagoga do Ensino Fundamenta da Municipal de Educação. 3 Professora de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Educação.
  • 2. O estudo da capoeira em Rondonópolis destacará o movimento, ainda que incipiente desta arte/luta/dança, genuinamente afro-brasileira, também como prática desportiva e de inclusão social. SOBRE A CAPOEIRA: A construção cultural de qualquer atividade do contexto social na atualidade exigiu uma demanda pretérita, motivada para solucionar uma situação-problema imediata que atenda a vontade de uma coletividade ou apenas um sujeito. Dessa maneira, procuraremos apoiado por nossos colaboradores diretos e indiretos, apresentar uma argumentação satisfatória, explicando as tendências e a importância da presença da Capoeira; essa arte/luta/dança, genuinamente brasileira, em Rondonópolis. O caminho que iremos trilhar terá origem em çfrica, pois a matéria-prima onde ela desabrochou e cresceu foi na etnia negra; que a desenvolveu como forma de defesa e sustentáculo para a liberdade, quando escravizados no Brasil. O nome Capoeira já consumiu vários e acalorados debates. Vamos citar algumas concepções de estudiosos da temática. Na fala de Francisco Pereira da Silva, esse jogo de destreza corporal se constituía na arma com a qual os escravizados fugidos utilizavam contra seus perseguidores naturais: os escravocratas, nesta especificidade representado pelo capitão-do-mato. A luta geralmente era travada no mato, onde os negros estavam escondidos. Que tipo de mato era esse? A capoeira. ( vernacularização do tupi-guarani CAÀ- PUÊRA: Caá = mato, Puêra = que se foi). Assim, tem-se por melhor definição aquela que vem do dialeto caipira de Amadeu Amara. CAPUÊRA, substantivo feminino, mato que cresceu em lugar de outro derrubado ou queimado. Dessa maneira, capoeira (forma culta de capuêra, mato), local das primeiras contendas dos escravizados rebeldes teria sido, o termo adotado para denominar a luta física Nacional: a Capoeira. A palavra tem várias acepções e por uma dela se designa um tipo de cesto ou gaiola de uso na guarda e transporte de galináceos. Os escravizados conduziam capoeiras de galinhas ao mercado, e enquanto as portas não eram abertas, os negros exercitavam o corpo no “brinquedo” que com o passar do tempo e transformação tornar-se-ia famoso. Esse episódios ocorriam no estado de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. O filólogo Antenor Nascentes é de opinião que, por efeito metamínico, o nome de tal gaiola passou a designar também um jogo atlético e o indivíduo que o pratica. Assim o lutador seria capoeirista; a luta, o jogo de agilidade, a Capoeira; o ato de joga-la, capoeiragem. A obra, A Capoeira Escrava de Carlos Eugênio Líbano Soares, na página 63, faz referência ao que foi descrito sobre a Capoeira até o presente momento neste artigo.
  • 3. Os dois estudiosos da temática apresentam argumentação idêntica sobre a “capoeira”. Nós procuraremos vê-la e estudá-la como uma arte/luta/dança utilizada pelos escravizados no combate a opressão e aos castigos corporais; bem como, através dela, a inclusão social. A história da Capoeira sempre despertou interesse e curiosidade aos seus pesquisadores. Tanto isso é verdadeiro que no ano de 1966, o professor Inezil Penna Marinho esteve em Angola pesquisando uma possível origem dela. Após assistir várias festas religiosas e danças guerreiras, chegou a conclusão ser inteiramente desconhecida, quer entre os eruditos, quer entre os nativos. Este colóquio pode ser esclarecido desta maneira. A situação dos negros escravizados aqui (Brasil) e no seu país de origem (Angola), era muito diferente. Em çfrica eram livres, aqui cativos. Podemos acreditar, em função das informações que temos: a Capoeira, como a concebemos, teve suas raízes formadoras no Brasil, mas gestação no continente africano. Uma informação para nossa reflexão sobre a origem da Capoeira vem das práticas religiosas a que os africanos se entregavam. As danças litúrgicas, ao som dos instrumentos de percussão, desempenhavam papel de grande relevância. Pois o ritmo “bárbaro” exacerbava-lhes a gesticulação, exagerava os saltos, exercitava-os na ginga do corpo, dotando-os de extraordinária mobilidade, excepcional destreza, surpreendente velocidade de movimentos. Foram a esse rituais religiosos, que alguns pesquisadores atribuem o surgimento da capoeiragem. Outra fonte nos chega com Charles Ribeyrolles, um francês que aproveitou o tempo vivido no Brasil para retratar os costumes do lugar. Assim ele descreveu: “no sábado a noite, concluída a última tarefa da semana e nos dias santificados, que trazem folga, descanso e cerão concedem-se aos escravizados uma ou duas horas para a dança. Reúnem-se no terreiro da senzala, chamam-se, agrupam-se, incitam-se e a festa principia. Espécie de dança ao redor da fogueira, de evoluções atrevidas e combativas ao som do tambor do congo”. O fato relevante que necessita ser relatado é a forma pelo qual os negros eram capturados e para onde eram levados. Convém mencionar que a çfrica, antes da chegada dos portugueses, não possuía uma divisão política. Tinha sim uma divisão em função da cultura dos povos que ali habitavam. Os negros capturados eram conduzidos aos portos de “embarque” e ali permaneciam por vários dias e até meses, para embarcarem nos navios negreiros. O contato com culturas africanas diversificadas já ocorria em çfrica. Ao chegarem na América, somando-se ao tempo de viagem çfrica/Brasil, a espera para completar a “carga”, contatos culturais eram realizados, forçados ou não. Acreditamos que essa fusão cultural, ainda no continente africano veio também contribuir para o desenvolvimento da Capoeira no Brasil.
  • 4. SOBRE A TRAVESSIA DO ATLÂNTICO: O negro foi retirado à força do seu mundo, a fim de produzir riqueza para o senhor. Nesse encontro, onde o outro é o elemento que rouba a libido, ocorre a desvitalização da personalidade. Aqui, o arquétipo da “Mãe çfrica”, rege o desejo de fusão e indiferenciação da consciência. Nesse estágio o negro encontra-se imobilizado e, será o sofrimento que despertará a necessidade do sacrifício, de abrir mão da simbiose em que ele se encontrava acorrentado. Os negros foram trazidos para um mundo desconhecido, separados de sua terra, família, costumes, e agrupados em etnias diferentes. Essa separação sugere a idéia de divisão. O todo se fragmentou, e junto com ele vivenciam a angústia e o sofrimento. Da situação problemática emanada dessas especificidades decorre o nascimento da consciência, o que permitiu o reconhecimento do seu oposto, o inconsciente, e todo o conjunto começa a se relacionar com o seu eu, em sua tentativa de retornar a unidade original. A situação emanada dessas convergências e divergências entre as etnias africanas, vítimas desse processo de deslocamento, de um continente para outro, assume proporções complexas, onde o principal objetivo, não importando a tendência cultural, era ter a liberdade. Nessa particularidade notamos a eficácia e inteligência do negro. Além de ter que comunicar-se com sujeitos do seu próprio continente, com línguas diferenciadas, era obrigado a compreender e agir sob o comando do opressor, em outro idioma. Em função dessa dupla ação por ele realizada, era natural que fosse convencionar alguns gestos corporais que abrigassem várias informações para ações no presente, a serem utilizadas no futuro. Um gesto muito utilizado, pelo menos para combinar fugas, era aquele que se imitava chutar uma bola invisível. Quanto ao tempo que iria ocorrer essa ação, dependeria de uma comunicação mais específica para serem planejados os detalhes da fuga. Para escravizar alguém é difícil. Para ter um africano como escravo, era necessário suprimir-lhe a cultura, transformando-o em bicho ou coisa. Retiravam seu nome tribal e dava-lhe outro em português. A sua religião ancestral era trocada pela a de Cristo. Como isso não bastasse, os brancos escravistas completavam o serviço com a pancadaria, a chibata, o açoite. A pauleira começava desde o momento que o negro era capturado ou comprados dos sobás. Os escravizados negros apanhavam durante a longa viagem, aproximadamente 90 (noventa) dias, da çfrica até chegar ao litoral do Brasil. Batiam-lhes no depósito
  • 5. mantido pelos agentes, (pombeiros como eram chamados); recebiam surras no convés do navio, durante a travessia do atlântico. Sofria castigos corporais no mercado, a espera dos fazendeiros compradores. Continuavam com esse sofrimento durante toda sua existência como cativo. Não lhe batiam por maldade, embora isso ocorresse. A finalidade era esvaziá- lo da parte propriamente humana que todos os homens possuem e, são homens propriamente porque a possuem. Assim coisificado, o negro africano estava pronto para ser escravo. SOBRE OS NEGROS NO BRASIL. Os escravos negros começaram a ser desembarcados no Brasil por volta de 1548 e, nos três séculos seguintes, seriam predominantemente do tronco linguístico banto, do qual faz parte a língua quimbundo. Esse grupo engloba angolas, benguelas, moçambiques, cabindas e congos. Eram povos de pequenos reinos, com razoável domínio de técnicas agrícolas; possuíam uma visão muito plástica e imaginosa da vida, e demonstravam ter grande capacidade de adaptação cultural. Não há indicações seguras de que a capoeira se tenha desenvolvido em qualquer outra parte do planeta além do Brasil. “A tendência dos historiadores e africanistas, tomando como base poucos e raros documentos conhecidos, é se fixarem como sendo de Angola os primeiros negros aqui chegados, tendo a grande maioria de nossos escravos escoado do porto de São Paulo de Luanda e Benguela. Ao lado disso, a gente do povo e sobretudo os Capoeiras falam todo o tempo em Capoeira Angola, especialmente quando querem distingui-la da Capoeira Regional. Ora, tudo isso seria um pressuposto para se dizer que a Capoeira veio de Angola, trazida pelo negros desse país. Mas, mesmo que se tivesse notícia concreta da existência de tal folguedo por aquelas bandas, ainda não seria argumento suficiente. Está documentado e sabido por todos que os africanos uma vez livres e os que retornaram às sua pátrias levaram muita coisa do Brasil, coisas não só inventadas por eles aqui, como assimiladas do índio e do português. Portanto, não se pode ser dogmático na gênese das coisas em que é constatada a presença africana; pelo contrário, devemos andar com bastante cautela nessas particularidades” A Capoeira nas décadas de 70 e 80 do século XX espalhou-se por todo o Brasil e fora dele (Europa e Estados Unidos). Dessa Maneira, os grandes centros de sua divulgação, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, iniciou-se uma migração interna de capoeristas. Para a época essa movimentação foi importante, pois mais pessoas e mais adeptos começaram a conhecer essa nova modalidade de luta marcial, genuinamente brasileira.
  • 6. A VIAGEM ATÉ RONDONÓPOLIS. O deslocamento seguia tranqüilo e como acontece com todo o viajante, é normal conversar com outras pessoas. Com Mestre Carivaldo não foi diferente. Antes de chegar em Rondonópolis, em uma parada para refeição ele trava um diálogo com um senhor que morava nesta cidade. Quando falou-lhe o que fazia e o porquê estava viajando, esse homem fez questão de fazer uma cortesia, isto é, pagando-lhe o que foi consumido e ainda indicando um local para pernoitar, além disso disse qual seria a academia e com quem falar para ter disponibilidade de trabalho. O Hotel Sumaré de Rondonópolis foi quem primeiro abrigou o Mestre de Capoeira. Nesse período, esse estabelecimento comercial era um dos mais próximos do terminal rodoviário da cidade. Carivaldo Lopes, (Mestre Carivaldo), chegou em Rondonópolis em 27 de setembro de 1984; sua entrevista para iniciar o trabalho foi no dia seguinte. Após identificar-se ao proprietário de uma academia da cidade quem era ele, quais suas especificidades e esperar um tempo dilatado, pois seus documentos precisavam ter comprovação de sua autenticidade, procedimento realizado por telefone à academia que o capacitou em São Paulo, recebe sinal positivo para iniciar suas atividades. Da fala do capoeirista destacamos: “No começo foi difícil, pois a capoeira não era difundida por aqui; comecei com seis alunos, e só depois de algum tempo é que o pessoal foi apreciar esse tipo de luta; uns dois anos depois (1986), já tinha mais de 200 alunos. Hoje a Capoeira possui mais alunos do que as demais academias de lutas marciais juntas...”. Conforme as declarações do mestre nesse desabafo, ele enfrentava duas barreiras. A primeira delas, ser o esporte por ele praticado pouco conhecido naquela época em Rondonópolis; a segunda e essa, a grande maioria da população brasileira, de alguma maneira já foi vítima, Carivaldo é afro-descendente, também sofreu discriminação e preconceito. Apesar de ter essas adversidades, continuou com seu objetivo: divulgar a sua arte. Para isso, realizava apresentações individuais em praças públicas, feiras livres, clubes, para despertar o interesse dos espectadores para a luta. O compromisso assumido com a academia continuava sendo cumprido e, nos finais de semana, o mestre fazia as demonstrações de destreza corporal e agilidade. Esses exercícios chamavam atenção da garotada e entre eles um em especial, Edir Machado. O menino Edir com aproximadamente treze anos entra em contato com o
  • 7. capoeirista e começa ter suas aulas. Citamo-lo como exemplo, mas o Mestre Carivaldo, teve várias dezenas de alunos com essa idade como “discípulos”. A grande maioria deles oriundos de famílias humildes. Mas o mestre, jamais deixou de dar atenção e ter os devidos cuidados, principalmente na alimentação. Ainda que ele enfrentasse dificuldades financeiras no início, nenhum de seus alunos “capoeiristas” nos final dos encontros voltavam às suas casas sem ter recebido do professor, além dos ensinamentos do mundo da capoeira, a alimentação. A dedicação e persistência do Mestre naquilo em que ele acreditava, após três anos de trabalho (1984 a 1987), começam a surgir os primeiros frutos. Em 16 de junho de 1987 funda sua escola de capoeira, a Associação de Capoeira Regional Chibata, a primeira do gênero em Rondonópolis. Carivaldo com 33 anos administra um empreendimento exclusivo. Nesse período, como é típico em seu perfil, enquanto ser humano, as tarefas que precisavam ser realizadas na academia eram divididas entre os seus alunos mais graduados. Essa prática continua sendo aplicada, mesmo após de mais de duas décadas de fundação desse espaço destinado à prática da capoeira. A Capoeira, arte/luta/dança do Brasil, somente tem desenvolvimento quando seus praticantes entram em contato com outros grupos. Em Rondonópolis não foi diferente. Ma como conseguir recursos financeiros para esses deslocamentos? Mestre Carivaldo faz valer sua genialidade. A feira da Vila Aurora foi o local aonde esses “financiamentos” realizaram-se. O mestre e seus alunos faziam ali uma roda de Capoeira. No término dessa atividade, era “movimentado” entre as pessoas que assistiam a demonstração, “uma caixa de papelão” onde a “platéia” oferecia quantias em numerário. A coleta, após ser contabilizada custeava a viagem para outras localidades. Era dessa maneira que o Grupo de Capoeira Chibata fazia-se presente em eventos fora da cidade de origem. Em entrevista ao pesquisador em fevereiro de 2005, o Professor Machado, nos brindou com a seguinte declaração. “Era muito bom fazer isso. Eu pude observar que a Capoeira me dava comida, bebida e viagem para eu aprender mais sobre ela...”. O sucesso conseguido pelo Mestre Carivaldo no início da década de 90 do século XX, em função do seu esforço e dedicação, possibilitou a outros capoeiristas,
  • 8. ex-alunos ou não, ter renda ministrando aulas de capoeira. Dessa maneira e antevendo futuros ganhos com a atividade, vários grupos começaram a ser criados ou foram transferidos pra a cidade. Esse desenvolvimento somente foi possível porque o baiano que fundou a primeira escola de capoeira acreditou no potencial da cidade e acima de tudo, na cultura que ele representava. A capoeira em Rondonópolis está em franco desenvolvimento. Existem vários grupos, cada um com suas especificidades. Entre eles destacamos: • Grupo Chibata – Mestre Carivaldo, • Grupo Guerreiros de Ouro – Professor Adão, • Grupo Filhos do Quilombo – Professor Edivaldo. • Grupo Zumba – Professor Wandão, • Grupo Arqueando – Professor Joricley • Grupo Quizumba – Professor Lindomar, (Capoeira Angola). A Lei 10.639/03, em função de tratar-se da inclusão nos currículos escolares, tanto em instituições públicas como particulares, alterada pela Lei 11.645/08, onde é obrigatória o Ensino da História da çfrica e dos Africanos e Indígenas, deu possibilidades que uma parcela da cultura africana, especialmente a capoeira, arte/luta/dança do Brasil, ser ministrada nas escolas. Para tanto, um grande número delas possuem em sua programação. Ainda que fora da grade, um horário específico para a prática dessa atividade. O Grupo de Capoeira Chibata, fundado pelo Mestre Carivaldo na década de 80 do século XX, em Rondonópolis é o precursor da disseminação da capoeira na cidade e circunvizinhança. A comunidade rondonopolitana, principalmente as crianças, já possuem um contato mais efetivo com essa especificidade da cultura afro-descendente. Ela, a Capoeira, através dos programas desenvolvidos por componentes do Grupo Chibata ou ex-aluno prestaram e prestam relevantes serviços à sociedade local. Nesse espaço temporal, mais de duas décadas, muitos jovens já praticaram esse esporte. É claro que nem todos são professores nessa atividade, mas são pessoas que, apesar de sua origem humilde, deram sua contribuição social, sendo chefes de família
  • 9. exemplares, pessoas equilibradas e responsáveis. Essas particularidades foram herdadas ou sugeridas pelos ensinamentos da capoeira. A prática da capoeira envolve vários elementos para sua efetividade. Os berimbaus, juntamente com os caxixis; o pandeiro; o atabaque e especialmente as palmas dos sujeitos que fazem parte da roda. As letras das melodias sempre trazem em seus versos, uma história ocorrida, uma ação para ser realizada, uma comunicação, um convite, uma lembrança. A Capoeira, arte/luta/dança brasileira, combatida e combatente, segue sua trajetória na História sempre agregando elementos culturais dos locais onde chega, porém, não esquecendo sua estrutura principal. Agindo dessa maneira, torna-se mais forte, mais vigorosa e com isso, inclui mais pessoas em sua prática transformando-as em cidadãs. SOBRE OS GRUPOS DE CAPOEIRA O ser humano sempre que enfrenta algum problema, principalmente de subsistência, emigra. Isto é, procura outras localidades para exercer uma atividade. Nessa ação, leva consigo, elementos culturais de onde vem e incorpora aqueles que encontram aonde chega. A situação para muitos na Bahia, economicamente falando, principalmente os afro-descendentes, não era das melhores logo, mudanças emergenciais precisavam ser realizadas. Dessa maneira, baianos junto com nordestinos em geral, “deixa seu berço natal e bate em retirada para as terras do Sul”. A princípio esses deslocamentos para outras localidades era a procura de melhores condições, isto é, trabalho. Quando esse contingente de pessoas chega a São Paulo e com eles os capoeiristas, não se ocupam da capoeira. Vieram a fim de ganhar a sobrevivência com atividades que rendesse algum numerário. Foi dentro desse clima que aqueles praticantes ou possuíam conhecimento da capoeiragem, muitas vezes em praças, feiras livres, nos terreiros das casas dos bairros onde residiam, com objetivos bem simples: trocar notícias dos familiares e saber das novidades da sua terra e de sua gente. Com o transcorrer do tempo esses encontros ficaram mais efetivos. E quando eles aconteciam sempre alguém levava um berimbau, um pandeiro, um atabaque, um vestia uma roupa folgada. Nessa atmosfera, as conversas rolavam soltas, fatos comuns eram
  • 10. revividos e os assuntos que envolvesse a capoeira era o ponto culminante do encontro. A intensidade da reunião era tanta que em um determinado momento, alguém não agüentava tantas recordações e tirava uma nota de sua excelência, o berimbau; o seu pandeiro coaxava respondendo e em seguida um canto ecoava: Bahia, minha Bahia, Capital é Salvador, Quem não conhece capoeira Não Pode dar valor. Todos podem aprender, General até doutor, Mas para isso é necessário, Procurar um professor. (AA4) A partir desse momento dois homens arregaçavam as pernas das calças, abaixavam-se ao pé do berimbau, se benziam, davam-se as mãos, o solista gritava: “Dá volta ao mundo”. Eles pulavam para dentro da roda. Era mais uma vez o reencontro com uma maneira peculiar de ser, existir e se expressar. Momentaneamente não existiam conflitos entre estilos, filosofia e fundamentos da capoeira. Segundo Anande das Areias, “acima das diferenças, estava à necessidade expressar-se espontaneamente, revivendo uma sensação de prazer e reencontro consigo mesmo. As diferenças eram uma complementação, a capoeira tornava-se uma só e tudo era festa e brincadeira”. E assim, provavelmente tenha começado o movimento capoeirístico em São Paulo. Encontros entre os capoeiristas. Valdemar Angoleiro, Mestre Ananias, Zé Freitas, entre muitos outros, foram alguns dos primeiros a disseminar a capoeira em terras paulistas. Essa era a época que a pessoas, fora do movimento da capoeira, quando viam um berimbau perguntavam: o que é isso? A capoeira continua seu caminho. Mais tarde registra-se em São Paulo a presenças de outros mestres. Entre eles: Paulo Gomes, Suassuna, Brasília, Joel, Gilvam e a estes se incorporaram os recém formados capoeiristas paulistas, na atualidade, Mestres Paulão, Pinatti, Melo, Japonês Seiko. O mercado consumidor de capoeira em São Paulo na época estava em franca expansão. Ela já freqüentava os mais variados ambientes. Os mestres estavam 4 Autor anônimo
  • 11. deslumbrados, vivenciavam a possibilidade de sobreviver da sua arte, e a de conquistar o seu espaço como capoeiristas e indivíduos dentro da sociedade. Nessa ebulição da capoeira e a efervescência de novas políticas públicas para a nação brasileira, os “trabalhadores do Brasil”, precisavam ter organização e assim, a sociedade colaboraria com o poder executivo central, na construção de um ´país soberano. A capoeira precisava de uma federação, para resolver alguns entraves, e para que ela fosse transformada em Arte Marcial Brasileira criou-se a Federação Paulista de Capoeira. Os mestres líderes da capoeiragem paulista, Suassuna e Pinatti, estimulados pelo mestre Onça, recém chegado da Bahia e representante da ideologia da ideologia ditatorial, tentam “unir”, dirigir e integrar o meio capoeirístico ao regime. A federação agindo dessa maneira provocou dissabores a vários capoeiristas. O Grupo “Capitães das Areias” fundado e liderado por Almir das Areias, atualmente, Anande das Areias, reunindo os mestres Demir, Valdir, Baiano, Carioca, Pessoa, não aceitaram esse novo caminho imposta à capoeiragem. A reação desses homens na época foi considerada uma traição. Mas agiram assim porque, para eles a capoeira era muito mais que uma luta e um esporte, era acima de tudo uma consciência de vida e um reencontro com a nossa identidade. Alguns jovens da classe média carioca, durante as férias de fim de ano, no começo dos anos 60 tiveram aulas com o mestre Bimba. Retornaram pra o Rio de Janeiro, prosseguem o aprendizado de forma quase autodidata. A aplicação aos treinamentos desses jovens foi recompensada, pois em 1966/67/68, eles conquistaram o troféu “Berimbau de Ouro” e o grupo que representavam “Grupo Senzala”, chegou ao auge com as rodas realizadas aos sábados no Bairro do Cosme Velho. O Grupo Senzala e seus intrépidos componentes já no final da década de 1960, obteve grande sucesso em termos de número de alunos, de dinheiro e status. Vários fatores contribuíram, entre eles: • A dedicação de seus instrutores; • As novidades introduzidas; • Serem da classe média da Zona Sul do Rio (Copacabana). • Aceitação maior da sociedade (não eram negros). Segundo Nestor Capoeira, “... se tornou um dos grupos mais famosos do Brasil,
  • 12. praticando e ensinando um estilo que poderíamos chamar Regional-Senzala, e influenciou capoeiristas de todo o Brasil, até mesmo os jovens professores de Salvador. Acredita-se que a capoeira pode e deve ser ensinada globalmente, deixando que o educando busque a sua identificação em quaisquer dessas enumerações que veremos a seguir. Caberá ao docente um papel relevante orientando e estimulando para que o discente possa aproveitar ao máximo toda a sua potencialidade. AS ESPECIFICIDADS DA CAPOEIRA Ribeiro (1992), concebe capoeira das seguintes maneiras: Capoeira Luta - Representa a sua origem e sobrevivência através dos tempos, na sua forma mais natural, como instrumento de defesa pessoal, genuinamente brasileiro. Deverá ser ministrada com o objetivo de combate e defesa. Capoeira Dança e Arte - A Arte se faz presente através da música, ritmo, canto, instrumento, expressão corporal e criatividade de movimentos. É também um riquíssimo tema para as artes plásticas, literárias e cênicas. Na Dança, as aulas deverão ser dirigidas no sentido de aproveitar os movimentos da capoeira, desenvolvendo flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação motora, seguindo em busca da coreografia a da satisfação pessoal. Capoeira Folclore - É uma expressão popular que faz parte da cultura brasileira, e que deve ser preservada, promovendo a participação dos alunos, tanto na parte prática, como na teórica. Capoeira Esporte - Como modalidade desportiva, institucionalizada em 1972, pelo conselho nacional de desportos, ela mesma deverá ter um enfoque especial para competição, estabelecendo-se treinamentos físicos, técnicos e táticos. Capoeira Educação - Apresenta-se como um elemento importantíssimo para a formação integral do aluno, desenvolvendo o físico, o caráter, a personalidade e influenciando nas mudanças de comportamento. Proporciona ainda um auto conhecimento e uma análise crítica das suas potencialidades e limites.
  • 13. Capoeira Lazer - Funciona como prática não formal, através das "rodas" espontâneas, realizadas nas praças, colégios, universidades, festas de largo e..., onde há uma troca cultural entre os participantes. Capoeira Filosofia - Entre muitos fundamentos, trás uma filosofia de vida que prega o respeito ao próximo e aos mais velhos, estes que por sua vez possuem um grau maior de sabedoria. Muitos são os adeptos que se engajam de corpo e alma criando dessa forma uma filosofia de vida, tendo a capoeira como símbolo e até mesmo usando-a para a sua sobrevivência. Capoeira Terapia - O esporte exerce um papel fundamental no desenvolvimento somático e funcional de todo indivíduo. Para o portador de deficiência, respeitando-se as suas limitações e capacidades, o esporte tem importância inquestionável. A capoeira vem tendo destaque muito grande, não só como esporte, mas, no caso dos portadores de deficiência, ela atua, verdadeiramente, como terapia. Considerando sempre a etapa mental, cronológica e motora do indivíduo, propicia um desenvolvimento orgânico mais satisfatório, melhora o tônus muscular, permite maior agilidade, flexibilidade e ampliação dos movimentos. Auxilia o ajuste postural, bem como o esquema corporal, a coordenação dinâmica e, ainda, desenvolve a agilidade e força. Vale ressaltar que a capoeira proporciona a liberação de sentimentos como a agressividade e o medo, levando o ser humano a adquirir uma condição física mais satisfatória e um comportamento mais socializado. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao escrevemos este texto sobre a Capoeira em Rondonópolis, onde relatamos somente uma das várias facetas dessa atividade física, conseguimos vislumbrar a importância que é para nossa juventude conhecer a inteligência e as peripécias de nossos ancestrais para sobreviverem. O relato da história de Zumbi, seu empenho, sua persistência para ter liberdade tornando-se um símbolo de resistência não só para sua etnia, mas a grande maioria da sociedade oprimida, devolve-lhes o brilho nos olhos e o orgulho de serem afro-descendentes. A nossa ação em mostrar aos estudantes aquilo que os manuais de história não traziam, ou quando mencionavam era de forma descontextualizada e incipiente, aproximou-os de várias temáticas onde os negros foram protagonistas. Isso aumentou a segurança e curiosidade para a compreensão da atuação desse elemento étnico na
  • 14. construção da sociedade brasileira. Não raro em muitas escolas de Rondonópolis está sendo implantada no contra-turno aulas de Capoeira, normalmente o instrutor é um ex- aluno ou discípulo do Mestre Carivaldo. AMADO, Janaina; Ferreira, Marieta de Morais. Usos e Abusos da História Oral. Rio de Janeiro: FGV, 2002. AREIAS, Anande da. O que é capoeira. São Paulo: Tribo, 1983. ALGRANTI, Leila Mosan. O Feitor Ausente. Estudo sobre a escravidão urbana no Rio de Janeiro 1808-1822. Petrópolis: Vozes, 1988. CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: Os fundamentos da malícia. 4 ed, Rio de Janeiro: Record, 1993. CHALOUB, Sidney. Visões de Liberdade: uma história das ultimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia de Letras, 1990. CHARTIER, Roger. A História Cultural – Entre Práticas e Representações. São Paulo: Bertrand Brasil, 1990. FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: Formação da Família Brasileira sob o regime da Economia Patriarcal. 34 ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. LE GOFF, Jacques. História e Memória: Campinas SP: Unicamp, 2003. MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual da História Oral. São Paulo: Layola, 2002. NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. Aceleração Temporal na Fronteira: Estudo do Caso de Rondonópolis. Tese de Doutorado. USP, 1997.NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. Racismo Brasileiro: Uma Pequena Introdução Crítica. Rondonópolis: ICHS / UFMT, 2001. NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. O Negro: Questões Culturais e Raciais. Rondonópolis: ICHS / UFMT, 2001. NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. Migrações e Racismos IN________GOETTERT, Jones Davi – FERREIRA, Ivanildo José (orgs.) Migrantes em Rondonópolis – Rondonópolis-MT: Centro de Direitos Humanos Simão, Bororo, 2002. MOURA, Jair. Mestre Bimba: A Crônica da Capoeiragem. Salvador: Fundação Mestre Bimba, 1991.QUEIRÓZ, Suely Robles Reis de. Escravidão Negra em Debate. IN______FREITAS, Marcos Cezar. Historiografia Brasileira em Perspectiva. São Paulo: Contexto, 2001. REGO, Waldeloir. Capoeira Angola: Ensaio Sócio – etnográfico, São Paulo: Itapoan, 1968. REIS, Letícia Vida de Souza. O mundo de pernas pro ar, a capoeira no Brasil. São Paulo: Publisher, Brasil, 1997. SANTOS, Aristeu Oliveira dos. Capoeira: arte-luta brasileira. Curitiba: Impressa Oficial do Estado, 1993 SANTOS, Joel Rufino dos. A Questão do Negro na Sala de Aula. São Paulo: çtica,
  • 15. 1990. SILVA, Francisco Pereira da, Itinerários da capoeira. Guarulhos: Monsanto, 1979. SOARES, Carlos Eugênio. A Negregada Instituição: os capoeiras na Corte Imperial 1850-1890. Rio de Janeiro? Access, 1999. SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A Capoeira Escrava, e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro – 1808-1850, Campinas SP: UNICAMP, 2004. RESUMO CAPOEIRA RONDONOPOLITENSE. A criatividade do ser humano para sua sobrevivência perpassa por criações culturais individuais que são aprimoradas coletivamente. Dessa interação e aprimoramento grupal aparecem novas possibilidades de mudanças e, elas são revertidas na afirmação de uma comunidade que anseia para transformar suas ações e realizações em manifestações coletivas para a aquisição da liberdade cidadã. Dessa maneira, os primeiros grupos para exercerem a prática da Capoeira sempre liderada por um mestre demonstravam que, para ser livre bastava aprimorar sua herança cultural e colocá-la ao alcance de todos. Em Rondonópolis também ocorreu nesses moldes essa prática desportiva. RONDONOPOLITENSE DE CAPOEIRA La creatividad del ser humano para su supervivencia es notable por creaciones culturales individuales que se han mejorado de forma colectiva. Este grupo de interacción y mejora aparece nuevas posibilidades para el cambio y se invierten en la afirmación de una comunidad que anhelan para transformar sus acciones y logros en manifestaciones colectivas para la adquisición de ciudadano de la libertad. De esta forma, los primeros grupos para perseguir la práctica de la Capoeira, siempre dirigida por un maestro demostraban que ser libre mejoraría su patrimonio cultural y ponerlo. En Rondonópolis también ocurrió en este deporte.