O documento descreve a escola nova de Faria de Vasconcellos na Bélgica entre 1912-1914, que enfatizava o contato direto com a natureza e o trabalho, aprendizagem a partir da experiência, e desenvolvimento de competências através da autonomia e responsabilidade. A escola promovia o estudo e trabalho, literacia ativa, aprendizagem inclusiva e ao ritmo individual de cada estudante, dentro de um contexto estruturado em sistema de autonomia.
1. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
NA ESCOLA NOVA
DE FARIA DE VASCONCELLOS
Carlos Meireles-Coelho, Universidade de Aveiro, meireles@ua.pt
Ana Cotovio, Agrupamento de Escolas de Soure, lc.anapaula@gmail.com
Lúcia Ferreira, Agrupamento de Escolas de Mealhada, luciamealhada@gmail.com
2. 1915 1919 1920 2012
António Sena Faria de Vasconcellos Azevedo (1880-1939)
Escola de Bierges (1912-1914)
3. Bierges
1912 - 1914
contacto com
a natureza
em ambiente
rural
aprendizagem
inclusiva a partir
da experiência
enriquecida pelo
trabalho
manual
desenvolvimento
de competências
assentes na
autonomia e na
responsabilidade
4. o rural e o urbano
“Instalámo-nos em pleno campo… os alunos podem
acompanhar de perto as grandes aplicações da ciência à
técnica e à exploração do solo (p.26)… se a região é agrícola, nos
arredores existem centros industriais com uma vida intensa, de
um trabalho agitado… o que nos permite instrutivas visitas
frequentes e regulares a fábricas, a minas, a esse vasto mundo
do trabalho e dos trabalhadores (p.27).”
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
5. “Colocamos a criança em contacto direto com as formas da vida e
do trabalho humano, apresentando-lhe as coisas e os seres no seu
ambiente natural. Pode observar, ver, experimentar, agir,
manipular, criar, construir (p.67)… partimos do concreto para o
abstrato, do particular para o geral. Levamos o aluno a tirar por si
próprio, do conjunto de fenómenos que os seus olhos observam e as
suas mãos executam, as conclusões que resultam em leis (p.135)…”
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
estudo e trabalho
6. literacia
“…o aluno é obrigado a resolver os problemas pelos seus
próprios meios; deve recorrer ao seu pensamento, à sua ação;
a sua destreza manual e as suas faculdades criativas ganham
com esta atividade pessoal. O papel do professor é apenas o de
orientar os alunos… não é por ouvir dizer nem ver fazer que o
aluno adquire conhecimentos (p.129).”
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
7. competências
“a nossa escola prepara mesmo a criança para a vida real…
Cultura geral e especialização profissional devem completar-se …
O que importa não é apenas possuir conhecimentos,
é sobretudo servir-se deles, saber utilizá-los, saber aplicá-los…
encadernar, modelar, desenhar, trabalhar em marcenaria
é tão importante como ler, escrever e contar (p.47).”
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
8. aprendizagem inclusiva
“Trabalho de autonomia e solidariedade, a sociedade cooperativa
agrícola da escola… inicia a criança de forma real para a vida
prática e para a vida social (p.64)… Todos os alunos fazem parte da
cooperativa… Nomearam um diretor técnico… e um diretor comercial.
Um tem a seu cargo a exploração da empresa, a organização do
trabalho no campo, o escoamento dos produtos… O outro trata da
parte financeira e contabilidade… Os alunos cultivam os campos,
lavram, estrumam, semeiam, colhem, tratam dos animais, dão-lhes de
comer e beber, levam-nos para o campo, fazem-lhes as camas de
forragem, ordenham as vacas… (p.61)”
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
9. ao ritmo da cada um
“O número de alunos por turma tem de ser limitado (p.73)… No
regime de classes móveis …uma criança pode estar no 6.º em
francês, no 5.º a inglês, no 4.º em aritmética... diminui-se-lhe
o número de horas consagradas à área em que está mais
avançada, dando-lhe mais tempo para a área em que está
mais atrasada… (p.74).“
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
10. “Levamos cada criança a criar para si própria uma regra interior,
resultado das suas experiências pessoais, e fruto da adaptação
espontânea à vida escolar, à vida social com os colegas e professores
(p.214)… Ela é livre, mas responsável, e é ao mesmo tempo capaz de
medir as consequências dos seus atos e de os reparar.... Aquele que
quebra coisas substitui-as com a sua mesada, o que não fez o trabalho
na hora certa, fá-lo durante os tempos livres; o que deixa as coisas
desarrumadas, arruma-as, quem suja, limpa (p.215).”
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
autonomia e responsabilidade
11. “As crianças só podem fazer a seu próprio custo a experiência do
bem e do mal e refletir sobre as consequências dos seus atos se lhes
dermos uma grande liberdade. Isto implica uma organização do
ambiente social em que elas vivem, crescem, levando-as a construir
por si próprias a sua referência moral.
Mas esta organização social deve ser construída pelas próprias
crianças. A isto chamamos sistema de autonomia (p.204).”
Faria de Vasconcellos (1912-2012) Uma Escola Nova na Bélgica
contexto estruturado em sistema de autonomia