Este documento apresenta um texto na primeira pessoa em que o enunciador expressa sentimentos a um interlocutor ausente, referindo-se a si próprio com deíticos pessoais como "eu", "minha" e dirigindo-se ao outro com "tu". Apesar de não ter a forma de uma carta, o texto justifica-se classificar como tal devido aos temas e linguagem, com emissor que se dirige a um destinatário para partilhar circunstâncias e sentimentos da sua vida e relação.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo ano de 2014 5, aula 31-32
1.
2. Acrescenta ao texto um último
parágrafo — posterior, portanto, a «em
todo o mundo’» —, com cerca de cem
palavras, entre as quais,
obrigatoriamente, estas: ___; ___; ___;
___; ___; ___. Deves procurar que a
notícia-reportagem se mantenha verosímil
e adotar registo linguístico semelhante ao
do resto do artigo. O ideal é que as seis
palavras em causa não sejam sentidas
como estranhas. (São interditas
espertices do tipo «e fulano decidiu riscar
as palavras tal, tal, tal, tal, tal e tal».)
3.
4. Senhora Malena,
Alguém bem mais capaz do que eu
escreveu que o único verdadeiro amor
é o amor não correspondido. Percebo
agora porquê. Passou-se tanto tempo
desde que não sai de casa... Mas
quanto mais separados estamos mais
forte o meu amor se torna.
Dizem que vai casar com o advo-gado
Centorbi. Posso ser miúdo, como
me chamou quando passou por mim
nos degraus, sem me ver, como é
5. costume — mas como poderá viver
com um velho gordo, calvo e que mu-lher
alguma quis, de tão feio? Diz-se
que ele nunca se lava e que fede como
um bode. Como é que a sua pele tão
branca e macia suportará encostar-se
à suada de um velho, que nunca dá
um passo sem o consentimento da
beata da mãe?
6.
7. Na p. 320 do manual, relanceia o que se
diz acerca de deixis (deíticos) pessoal,
temporal, espacial.
8.
9.
10. Não falei contigo
com medo que os montes (1)
e vales que me achas
caíssem (2) a teus pés...
Acredito e entendo
que a estabilidade (3) lógica
de quem não quer explodir
faça bem ao escudo (4) que és...
11. Saudade é o ar (5)
que vou sugando e aceitando
como fruto (6) de verão
nos jardins (7) do teu beijo...
Mas sinto que sabes
que sentes também
que num dia maior
serás trapézio (8) sem rede
a pairar sobre o mundo (9)
e tudo o que vejo...
12. É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago (10) feiticeiro
Que a minha bola de cristal (11)
é folha (12) de papel
Nela te pinto nua
numa chama (13) minha e tua.
13. Desconfio que ainda não reparaste
que o teu destino (14) foi inventado
por gira-discos (15) estragados
aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento (16) estratégico
de sincronização (17) do coração
são leis (18) como paredes e tetos
cujos vidros (19) vais pisando...
14. Anseio o dia em que acordares
por cima de todos os teus números (20)
raízes quadradas (21) de somas subtraídas (22)
sempre com a mesma solução...
15. Podias deixar de fazer da vida
um ciclo (23) vicioso
harmonioso (24) ao teu gesto mimado (25)
e à palma da tua mão...
16. É que hoje acordei e lembrei-me
que sou mago (26) feiticeiro
Que a minha bola de cristal (27)
é folha (28) de papel
E nela te pinto nua
Numa chama (29) minha e tua.
17. Desculpa se te fiz fogo (30) e noite
sem pedir autorização (31) por escrito
ao sindicato (32) dos Deuses...
mas não fui eu que te escolhi (33).
18. Desculpa se te usei
como refúgio (34) dos meus sentidos
pedaço de silêncios (35) perdidos
que voltei a encontrar em ti...
19. É que hoje acordei e lembrei-me
Que sou mago (36) feiticeiro...
... nela te pinto nua
Numa chama (37) minha e tua.
Ainda magoas (38) alguém
O tiro (39) passou-me ao lado
Ainda magoas (40) alguém
Se não te deste a ninguém
magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.
20.
21. Escrevo este slide às oito da noite.
Neste computador que me vejo obrigado
a usar — que alerta constantemente «É
necessário o restauro do sistema pós-infeção
» — convém fazer 'guardar' com
frequência. Ali, ao fundo, tenho um
melhor, mas tem um programa «open», o
que não dá jeito. Agora, vou parar.
deíticos pessoais
deíticos espaciais
deíticos temporais
24. Trata-se de um texto redigido na 1.ª
pessoa em que o enunciador do
discurso expressa os sentimentos de
forma directa a um interlocutor.
São deíticos pessoais, entre
outros: «Falei»; «me», «minha»; «eu».
25. Apesar de o texto não apresentar a
forma de uma carta, em termos
temáticos e linguísticos justifica-se
essa classificação, uma vez que
encontramos emissor («eu») que se
dirige a um interlocutor ausente («tu»)
para lhe dar conta de circunstâncias e
sentimentos específicos da sua vida e
da sua relação.
26.
27. TPC
Prepara a leitura em voz alta das
cartas nas pp. 131 (carta de José
Régio a Jorge de Sena) e 132 (carta de
texto ficcional).