Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 95-96
1.
2. [Uma sugestão de correção deste grupo I-B do
exame de 2010, 1.ª fase:]
Blimunda, a personagem ficcionada e
criada por Saramago, contrasta com as demais
figuras femininas por ser dotada de poderes
sobrenaturais que lhe permitem ver tanto o
interior dos corpos como debaixo da terra.
São estas qualidades extraordinárias que
determinam a participação da personagem na
concretização do sonho de voar que, se
inicialmente pertencia ao padre Bartolomeu, depressa se apoderou do casal do povo. Mas, se
3. Blimunda não possuísse o dom de ver o interior
das coisas, a passarola poderia nunca ter voado,
pois era ela quem verificava o estado dos
materiais utilizados e foi ela quem recolheu as
duas mil vontades humanas necessárias ao voo
da máquina.
Assim, confirma-se a importância da
personagem na concretização do sonho, dado
que obteve as vontades necessárias e apoiou
Baltasar na construção da passarola.
(130 palavras)
4. [Outra:]
Em Memorial do Convento, de José
Saramago, a personagem Blimunda Sete-Luas,
mulher de Baltasar Sete-Sóis, era dotada de
poderes sobrenaturais. Possuía uma
extraordinária capacidade de vidência,
conseguia ver no interior dos corpos e debaixo
da terra. Assim, quando Baltasar levou
Blimunda à quinta onde se encontrava a
máquina voadora, construída pelo padre
Bartolomeu Lourenço e por Baltasar, Blimunda
deu excelentes opiniões sobre os materiais
necessários para a sua construção — uma forja,
um fole, quatro muros.
5. A sua intervenção foi também decisiva
para que a máquina levantasse voo, pois
recolheu duas mil vontades de corpos
humanos, escolhendo as procissões para o
fazer, e foi com elas que se encheram as
esferas que, juntamente com o Sol, o âmbar
e os ímanes, impulsionaram a máquina a
erguer-se no ar.
(128 palavras)
6. A ação decorre no Alto da Vela
(onde D. João V se encontra no início do
excerto e onde o padre Bartolomeu vê,
anos volvidos, os trabalhadores do
convento); na quinta de S. Sebastião da
Pedreira (aqui o padre deparara-se com o
abandono dos trabalhos, dado Baltasar e
Blimunda terem ido para Mafra); há
também alusão a Coimbra (aonde,
depois da ida à quinta, se dirigirá
Bartolomeu, a fim de se doutorar). A
quinta associa-se à construção da
passarola, sendo, por
7. isso, conotável com as ideias de sonho e
concretização, embora, no momento do
texto, se nos apresente quase
disforicamente. O Alto da Vela, espaço de
construção mas também de exploração de
trabalhadores, pode identificar-se com o
sacrifício e a morte. Coimbra parece dever
relacionar-se com o conhecimento livresco,
com a necessidade burocrática de
aquisição de um grau académico (ao
contrário da Holanda, de onde viera um
Bartolomeu «estrangeirado», informado).
(150 palavras)
8.
9. «Enfim chegou o dia» é título que marca
um acontecimento histórico: o começo
dos trabalhos do convento / o
lançamento da primeira pedra.
10. O primeiro parágrafo — que começa por se
centrar na figura do cunhado de Baltasar,
Álvaro Diogo, pedreiro, que o narrador,
numa prolepse, antecipa que trabalhará
depois como «canteiro e lavrante» — dános conta sobretudo da azáfama
provocada pela construção de uma igreja
provisória de madeira.
11. No segundo parágrafo, explica-se que uma
tempestade como a que quase destruiu o
estádio da Luz, comparável ao sopro do
Adamastor, implicara que se tivesse de,
em tempo mínimo, reerguer a construção
provisória destruída (e marcar novo jogo
para o dia da visita de estudo do 12.º 4.ª e
do 12.º 6.ª). O rei, embevecido com essa
diligência do seu povo, distribui moedas
de ouro (do Brasil, podemos presumir).
12. Os terceiro, quarto e quinto parágrafos
vincam a pompa das cerimónias, a grande
admiração de todos por alguma coisa que
ainda nem começou mas já se pode ir
exibindo. A reação dos populares a estas
encenações (de rei e clero) é de aparente
reverência e submissão («ajoelhava à
passagem, e, tendo constantemente
motivos para ajoelhar-se [...], já nem se
levantava» — lembrando JJ depois de
golo de Kélvin). De certo modo, o rei
invadiu um território que não era dele,
mas todos o acolhem bem.
13.
14. 2 = 17 de novembro de 1717
2.1 = e
(Bênção das primeiras pedras
do Convento de Mafra)
15. 2.2 = 1711: d, f, h;
1730: a, b, g, i;
1739: c, f.
3=c
16.
17. Responde ao ponto 1.2 da p. 309. No
entanto, podes desenvolver a resposta,
referindo-te sobretudo a outros poderes
mágicos que pudesses/pudéssemos ter.
(Apesar de a sugestão de um poder
mágico implicar, é claro, um momento de
imaginação, de inverosimilhança,
gostaria que a tua exposição-reflexão no
resto fosse racional, argumentativa, em
registo formal.)
18.
19. «Enfim chegou o dia» também poderia
marcar um momento histórico: o começo
da Revolução Francesa.
20. O que se nos mostra é mais decadência
do que ilusão, mais prolegómenos de
retirada do que preparativos de alguma
bênção ou inauguração. O povo não
surge tanto como mão-de-obra disponível
para a concretização dos caprichos dos
reis mas já como ameaça aos que estão
no poder.
21. A fome faz o povo gritar que «não tem
pão». Numa resposta célebre, Maria
Antonieta rezinga que «comam brioche»
(ponho o nome francês, e galicismo que
usamos, não o nome no filme, a tradução
inglesa «cakes» — um pouco à margem:
de «cake» retivemos o empréstimo, o
anglicismo, «queque»). Entretanto, ao
contrário do Brasil para Portugal, a
América não é para a França fonte de
lucros mas de gastos.
22. As atitudes da rainha não são motivo de
admiração reverencial mas de crítica,
degradando-se a sua imagem pública
(desta vez, numa récita, quando ela
aplaude, ninguém a imita). O que temos
no final do filme é desolação, num
cenário que mostra que tudo já acabou
(vejam-se os estragos no palácio). O povo
revolta-se, invade os domínios da realeza
(qual arruaceiro Máxi Pereira à procura de
canelas adversárias) e obriga a nobreza a
fugir.
23.
24. TPC
[Durante esta semana, o tepecê
consistirá no comentário-análise (em
torno de Memorial e canção) que
anunciara como tepecê da última ou
penúltima aula e cujas instruções estão
em Gaveta de Nuvens desde sexta-feira.
Não deixes de lê-las. Gostaria que uma
primeira versão desse texto me fosse
entregue ou enviada ainda dentro desta
semana.]
25. Ver bem as instruções e o meu exemplo.
Referências completas, quer da composição
quer de Memorial (ver como faço eu);
Pôr o link — preferir vídeos originais, ou até
oficiais, dos cantores (evitar versões
editadas por populares);
Tentarem focar-se num dado passo da obra
(eu escolhi a morte de Francisco Marques).
26.
27. «Construção» (Chico Buarque / Chico
Buarque), Construção, 1971
José Saramago, Memorial do Convento,
13.ª edição, Lisboa, Caminho, 1984, pp.
256-261