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CENTRO PAULA SOUZA
      ETEC CUBATÃO
TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE




    A FLORESTA AMAZÔNICA




Luiz Fernando Santos de Moura
Raquel Fernanda de Jesus Pinho
      Renan Maciel Alves
  Sabrina dos Santos Lucena




           Cubatão
            2011
Luiz Fernando Santos de Moura, 25
Raquel Fernanda de Jesus Pinho, 41
      Renan Maciel Alves, 32
  Sabrina dos Santos Lucena, 34




     A FLORESTA AMAZÔNICA




                                  Prof. André C. F. Vicente




             Cubatão
              2011
“A Amazônia é, sim, fundamental ao equilíbrio climático
                    do planeta. Pode-se compará-la a um rim,
           atuando como regulador de diversas funções vitais.
Intervenções mal planejadas certamente provocarão mudanças
          ambientais em escala mundial, cujas consequências
                                    são difíceis de conceber.”
                                        (JAMES LOVEJOCK)
Resumo


A Amazônica está localizada na parte noroeste da América do Sul. É a maior floresta
tropical do mundo com uma área total de aproximadamente 7 milhões de km², abri-
gando a maior bacia hidrográfica do mundo, a Bacia do Rio Amazonas. O rio Ama-
zonas é o maior rio do mundo em extensão e volume, possuindo a maior foz do
mundo. Com um clima bastante variável, é um berço para inúmeras espécies de
animais e plantas, sendo o local com maior biodiversidade do planeta. Porém, vem
sofrendo uma grande devastação por parte do homem, como queimadas, a explora-
ção extrativista excessiva, o trafico ilegal de animais e a caça predatória, podendo
extinguir a floresta e toda essa biodiversidade que ela abriga.


Palavras-chave: Floresta Amazônica, Bacia do Rio Amazonas, biodiversidade, de-
vastação, exploração extrativista.


Abstract


The Amazon forest is located in the northwestern part of South America is the largest
rainforest in the world       with a total area of approximately 7 million km ², housing
the world's largest river, the Amazon Basin. The Amazon River is the longest river in
the world in size and volume, having the largest estuary in the world. With a highly
variable climate, is a cradle for many species of animals and plants, making it the
largest biodiversity on the planet. However, has suffered a great destruction by hu-
mans, such          as   fires, excessive    extractive exploitation,    illegal   traffick-
ing and poaching of       animals,     and     can extinguish      the    forest    and all
the biodiversity within it.


Keywords: Amazon rainforest, Amazon Basin, biodiversity, deforestation, exploita-
tion, extraction.
Lista de Tabelas



TABELA 1 - TIPOS DE V EGETAÇÃO DA AMAZÔNIA ................................................................................ 13




Lista de Ilustração



FIGURA 1 - D IAGRAMA DA RECICLAGEM DA ÁGUA NA AMAZÔNIA ............................................................. 11
FIGURA 2 - BACIA H IDROGRÁFICA AMAZÔNICA .................................................................................... 17
FIGURA 3 - V ITÓRIA R ÉGIA .............................................................................................................. 22
FIGURA 4 – S ERINGUEIRA ............................................................................................................... 23
FIGURA 5 - CASTANHEIRA - DO-PARÁ ................................................................................................. 25
FIGURA 6 - MOGNO ........................................................................................................................ 26
FIGURA 7 - C ERAMBICÍDEO- GIGANTE ................................................................................................ 29
FIGURA 8 - P IRARUCU .................................................................................................................... 31
FIGURA 9 - P EIXE-SERRA ................................................................................................................ 32
FIGURA 10 - S UCURI-V ERDE ........................................................................................................... 33
FIGURA 11 - JACARÉ-AÇU ............................................................................................................... 34
FIGURA 12 - TARTARUGA - DO-A MAZONAS .......................................................................................... 35
FIGURA 13 - GAVIÃO-REAL .............................................................................................................. 36
FIGURA 14 - P EIXE-BOI-DA -A MAZÔNIA ............................................................................................... 38
FIGURA 15 - O NÇA - PINTADA ............................................................................................................ 40
FIGURA 16 - A RIRANHA ................................................................................................................... 41
FIGURA 17 - A RARA -AZUL-G RANDE .................................................................................................. 42
FIGURA 18 - GATO - DO-MATO .......................................................................................................... 43
FIGURA 19 - MACACO -ARANHA - PRETO .............................................................................................. 44
FIGURA 20 - D ESMATAMENTO DA AMAZÔNIA BRASILEIRA ..................................................................... 46
Sumário


Introdução................................................................................................................................8
1.     O Nascimento da Amazônia........................................................................................9
2.     Aspectos Físicos e Geográficos ............................................................................. 10

     2.1.      Clima ....................................................................................................................... 10

     2.2.      Vegetação .............................................................................................................. 12
       2.2.1. Os tipos de vegetação da Amazônia no Brasil ............................................ 12
            2.2.1.1. As Matas de Várzea ................................................................................. 13
            2.2.1.2. As Matas de Igapó .................................................................................... 14
            2.2.1.3. As Matas de Terra Firme ......................................................................... 14
            2.2.1.4. As Áreas de Transição ............................................................................. 14
            2.2.1.5. As Florestas Secundárias ........................................................................ 15

     2.3.      Solo ......................................................................................................................... 15

     2.4.      Relevo..................................................................................................................... 16
3.     A Bacia Hidrográfica do rio Amazonas................................................................. 17
4.     A Flora............................................................................................................................ 20

     4.1.      Plantas Aquáticas da Amazônia ......................................................................... 21
       4.1.1. Victoria amazônica............................................................................................ 22

     4.2.      Plantas Terrestres da Amazônia ........................................................................ 23
       4.2.1. Hevea brasiliensis ............................................................................................. 23

     4.3.      Ameaças a Flora Amazônica .............................................................................. 24
       4.3.1. Bertholletia excelsa........................................................................................... 24
       4.3.2. Swietenia macrophylla ..................................................................................... 25
5.     A Fauna.......................................................................................................................... 27

     5.1.      A diversidade dos invertebrados ........................................................................ 28
       5.1.1. Titanusgiganteus ............................................................................................... 29

     5.2.      A diversidade dos ambientes aquáticos............................................................ 30
       5.2.1. Arapaima gigas.................................................................................................. 30
       5.2.2. Pristis pectinata ................................................................................................. 31

     5.3.      A diversidade de anfíbios e répteis .................................................................... 32
5.3.1. Eunectes murinus ............................................................................................. 33
       5.3.2. Melanosuchus niger.......................................................................................... 34
       5.3.3. Podocnemis expansa ....................................................................................... 34

     5.4.     A diversidade das Aves........................................................................................ 35
       5.4.1. Harpia harpyja ................................................................................................... 36

     5.5.     A diversidade dos Mamíferos.............................................................................. 37
       5.5.1. Trichechus inunguis .......................................................................................... 38
       5.5.2. Panthera onca ................................................................................................... 39
       5.5.3.         Pteronura brasiliensis ................................................................................... 40

     5.6.     Animais Ameaçados de Extinção ....................................................................... 41
       5.6.1. Anodorhynchus hyacinthinus .......................................................................... 42
       5.6.2. Leopardus tigrinus ............................................................................................ 43
       5.6.3. Ateles paniscus ................................................................................................. 43
6.     Ameaças à Floresta .................................................................................................... 45

     6.1.     Desmatamento ...................................................................................................... 45
       6.1.1. A extensão e o Índice de Desmatamento ..................................................... 45
       6.1.2. Causas de Desmatamento .............................................................................. 47

     6.2.     Queimadas............................................................................................................. 47

     6.3.     Construção de Hidrelétricas ................................................................................ 48

     6.4.     O Comércio Ilegal de Animais Silvestres e a Biopirataria .............................. 49

     6.5.     A Pesca Predatória ............................................................................................... 50
Conclusão............................................................................................................................. 52
Bibliografia ........................................................................................................................... 53
Apêndices ............................................................................................................................. 56

     Apêndice A - Animais Ameaçados de Extinção na Amazônia .................................. 56

     Apêndice B - Peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção ............... 58

     Apêndice C - Plantas Ameaçadas de Extinção............................................................ 59
8




Introdução


A Floresta Amazônica se situa na América do Sul, fazendo parte dos territórios de
Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e
Brasil. Sendo a maior floresta tropical do mundo e contendo a maior biodiversidade
do mundo, Sua formação precisou de vários processos geográficos e climáticos, que
possibilitaram a existência de seres vivos no local. Com uma grande variação de
clima e de vegetação, Possui a maior Bacia Hidrográfica do mundo, a bacia do Rio
Amazonas, que também é a maior reserva de água doce do mundo. Com uma gran-
de biodiversidade em sua fauna e sua flora, sofre muito com as ameaças que o ho-
mem causa à floresta, como o desmatamento excessivo, a caça ilegal aos animais,
que causou em extinções precoces de animais e deixou vários animais quase exti n-
tos.
9



1. O Nascimento da Amazônia


Do ponto de vista da história geológica da Terra, a formação da floresta Amazônica
é extremamente recente. As condições para que exista uma floresta tropical úmida
só surgiu a seis milhões de anos atrás. E não foram somente fatores climáticos e as
relações entre as espécies, mas também processos geológicos que mudaram a for-
ma do ambiente e resultou no estabelecimento de uma grande biodiversidade.
De acordo com as informações já obtidas sobre a Amazônia, mostram que nem
sempre a floresta esteve ali. Há mais de vinte milhões de anos atrás, a Amazônia
era um uma área com o clima árido, portanto não tinha umidade suficiente para su-
portar uma floresta tropical. Mas entre 24 e 12 milhões de anos atrás, o mar pene-
trava e regredia na região, mudando as características da região com o tempo.
Um dos fatores geológicos, provavelmente o mais importante para o surgimento da
floresta Amazônica foi a formação da Cordilheira dos Andes. As primeiras mudanças
que permitiram a formação da floresta amazônica foram induzidas por eventos geo-
lógicos como o soerguimento da cordilheira dos Andes, há 12 milhões de anos.
Apenas os fatores regionais relacionados a mudanças climáticas não seriam sufici-
entes para influenciar os processos de seleção, diferenciação e extinção de espé-
cies.
10



2. Aspectos Físicos e Geográficos



A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo, com aproximadamente7
milhões de km². No Brasil se encontram 3,64 milhões de km² dessa floresta sem
contar as zonas de transição; se somado às zonas de transição, seu total será de
4,24 milhões de km², correspondendo assim a 49% de todo o território brasileiro.
Porém, vale lembrar que o homem degradou 650 mil km² -- mais de 20% da área
total amazônica.



   2.1. Clima


O clima da Amazônia não é uniforme, apresentando grandes variações. Em algumas
regiões é típico de savana (cerrado), com uma estação seca longa e bem definida, e
baixa umidade relativa do ar, como na transição entre Amazônia e semiárido; em
outras é super-úmido e praticamente sem estação seca, como nas encostas dos
Andes. Até as imagens de satélite são capazes de detectar mudanças na vegetação
das florestas, com menos folhas na época da seca.
A floresta amazônica encontra-se em estado que os ecólogos denominam “clímax”.
Nele, a energia é reciclada localmente, ou seja, a complexa cadeia alimentar envol-
vendo vegetais e animais reaproveita tudo. Esse estado se caracteriza pela absor-
ção de energia pelas cadeias alimentares no reino vegetal e animal, e nele, o ciclo
da água, vinda do mar pelos ares à terra coberta de floresta e voltando da floresta
pela superfície fluvial ao mar eterno (ver Figura 1).
A grande quantidade de chuvas transforma a Amazônia na maior bacia hidrográfica
do planeta. Sua distribuição, porém, não é uniforme, nem em termos de áreas geo-
gráficas, nem de períodos definidos de seca e cheia, não sendo difícil que num mês
chova até o dobro do que no mesmo período do ano anterior.
Na Amazônia estão os maiores índices médios de chuvas do continente americano:
8 mil mm/ano ( uma coluna de 8 m de chuva por ano) nos sopés dos Andes, no Peru
e no equador. Ali se diz que há a estação de chuva e a de diluvio. No Brasil, os mai-
ores índices estão no noroeste do Amazonas, na região conhecida como “Cabeça
do Cachorro” (3600 mm/ano) e na costa do Amapá (3200 mm/ano).
11



              Figura 1 - Diagrama da reciclagem da água na Amazônia




Fonte: Meirelles, 2006,O livro de ouro da Amazônia: . Rio de Janeiro: Ediouro.



Cerca de 20% das chuvas caem em forma de aguaceiros (tempestades). Uma única
chuva, de algumas horas, pode representar 200 mm. Um aguaceiro significa cerca
de 1 mm/minuto. O impacto decorrente de uma tempestade desse tipo é 40 vezes
superior ao de uma chuva forte em uma zona temperada. Isso demonstra o potencial
para a erosão do solo se ele estiver exposto diretamente às chuvas.
A Amazônia é cortada pela linha do Equador que passa praticamente onde está o rio
Amazonas, com isso a região acima do tropico apresenta as estações do ano opos-
tas às da região abaixo deste, enquanto na Venezuela, Colômbia e Guianas e nos
estados de Roraima, Amapá e na parte norte do Amazonas é ‘inverno’ (período chu-
voso), em parte do Peru, Bolívia e nos estados brasileiros ao sul do Amazonas, é
‘verão’ (período seco).
Uma das principais características da Amazônia é a constância das temperaturas. A
umidade alta é um dos principais responsáveis por isso, pois, ao absorver os raios
infravermelhos emitidos pela superfície, a umidade não permite grandes e drásticas
variações. A média anula está entre 26°C na estação chuvosa e 27,5°C na estação
seca, uma variação média anual inferior a 2°C. Ao longo do dia a diferença entre a
temperatura mais alta e a mais baixa chega a 10°C. Em zonas secas como os de-
sertos e regiões semiáridas, em função da baixa umidade, as diferenças entre as
12



altas temperaturas durante o dia e as da noite podem chegar a mais de 30°C, muitas
vezes superiores às da floresta tropical.



   2.2. Vegetação


De maneira geral, nas florestas de terra firme, classificadas como ombrófilas, densas
ou abertas, as árvores são 50% mais altas do que nas florestas temperadas. Como
as variações entre o período seco e chuvoso são pequenas e a umidade mantém-se
relativamente alta, a maioria das árvores não perde folhas. Em função dessas altas
umidades as florestas densas dificilmente sofrem com as queimadas em seu estado
natural.
As grandes árvores da Amazônia cujas copas estão no dossel da floresta (dossel: é
o estrato superior das florestas, que ao que tudo indica guarda as maiores biodiver-
sidades do planeta, contendo, segundo estimativas, até 65% das formas de vida das
florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura). Numa grande árvore podem-
se encontrar mais de cem espécies de samambaias, bromélias, cactos, aráceas e
outras formas de vida vegetal. Só de orquídeas já foram encontradas, numa única
árvore do Sudeste Asiático, mais de 50 espécies.
Para se proteger das tempestades com ventos muito fortes, que superam os
100km/h, muitas árvores do dossel da floresta possuem sistemas de troncos que se
abrem próximos ao solo (como se fossem as asas laterais) ou raízes tabulares para
garantir sua estabilidade (as sapopemas), é o caso da samaumeira (Ceiba penta-
dra), da figueira branca (Ficusdoliarius).
Os ventos são os maiores responsáveis são os maiores responsáveis pela queda
das grandes árvores.


       2.2.1. Os tipos de vegetação da Amazônia no Brasil


O IBGE identifica no bioma amazônico do Brasil 70 tipos de vegetação não alteradas
pelo homem e 6 tipos alteradas pelo homem. Há 7 grandes tipos de vegetação: as
campinaranas, as florestas estacionais deciduais, florestas ombrófilas abertas, for-
mações pioneiras com influencia fluvial ou marinha, florestas ombrófilas densas, re-
fúgios montanos, savanas amazônicas (ver na Tabela 1). Essas formas de vegeta-
13



ção apresentam- se de varias maneiras, dependendo do clima, da formação geoló-
gica, do relevo, do solo, da hidrografia, e de outros fatores naturais.


                       Tabela 1 - Tipos de Vegetação da Amazônia


             Tipos de vegetação                         % s/ Amazônia            Sinônimos



Campinaranas                                                          4,10

Florestas Estacionais Deciduais ou                                    4,67          Mata Seca
Semideciduais

Florestas Ombrófilas abertas                                         25,48

Formações pioneiras com influencia                                      1,7
fluvial e/ou marinha

Florestas Ombrófilas densas                                          53,63

Refúgios Montanos                                                    0,029              Tepui

Savanas Amazônicas                                                    6,07            Cerrado

Outras formas de vegetação                                            4,15
Fonte: Meirelles, 2006,O livro de ouro da Amazônia: . Rio de Janeiro: Ediouro.




A primeira conclusão é de que 83,78% da vegetação amazônica no Brasil é compos-
ta por formações florestais. Outra visão importante é sobre as áreas inundadas. ‘’A
terra firme’’ cobre a maioria da Amazônia – 96%. Menos de 4% da região é inundada
de forma permanente ou temporária.


            2.2.1.1.    As Matas de Várzea


As várzeas da bacia amazônica representam mais de 180 mil km², área pouco me-
nor do que a do Estado do Paraná ou o dobro da de Portugal. Elas resultam de de-
zenas de milhares de anos de deposição de sedimentos que se acumularam nos
fundos dos rios. Na Amazônia os ciclos são de chuva (inverno) e seca (verão). D u-
rante as secas as várzeas são alagadas, e a água do rio carrega grande quantidade
de matéria orgânica para as matas e os campos. A deposição é lenta e ocorre no
14



momento em que a água para de invadir os espaços inundáveis, e seu nível começa
a baixar. A várzea forma-se em áreas planas e pode ser dividida em altas e baixas.


          2.2.1.2.   As Matas de Igapó


As matas de igapó: nos rios de água escura como o Negro, o Urubu e o Uatumã (no
Amazonas), as áreas de florestas inundadas são chamadas de igapós, sua vegeta-
ção permanece verde, com folhas largas, e as árvores maiores atingem 20 m. Há
grande quantidade de cipós e epífitas, e diversas plantas apresentam raízes que as
ajudam a respirar.


          2.2.1.3.   As Matas de Terra Firme


As matas de terra firme: as florestas que não estão sujeitas à inundação represen-
tam no Brasil mais de quatro quintos da cobertura vegetal da região. A maior parte
das árvores não perdem folhas na estação seca, algumas delas, no entanto o fazem,
os estudos indicam que as espécies de árvores variam bastante de região pra regi-
ão, poucas árvores são comuns a toda região amazônica.


          2.2.1.4.   As Áreas de Transição


No Brasil, a Amazônia faz divisa com o bioma do cerrado, ao sul, e do semiárido
brasileiro (caatinga), a leste. O ecótono Cerrado-Amazônia representa 4,85% do pa-
ís.
No Brasil as áreas de transição são as que mais sofreram com a ação do homem. O
Ibama aponta que foi desmatado mais de 60% desse bioma, que praticamente coin-
cide com o “arco do desmatamento da Amazônia brasileira”. A grande preocupação
se relaciona ao fato de nesse ecótono estar a maior concentração de matas secas
do Brasil. A situação do ecótono Caatinga-Amazônia é também critica, pois também
coincide com parte do arco do desmatamento, embora, esteja menos devastado.
Este representa cerca de 1,7% do país.
Fora do Brasil, a Amazônia faz divisa ao norte, na Venezuela, com a zona dos Lla-
nos (formação savanica similar ao cerrado). A sudoeste, na Bolívia, também há for-
mações savanicas, os Llanos da Bolívia. A oeste está a cordilheira dos Andes e a
15



região de transição para as florestas submontanas. É importante lembrar que essas
áreas de transição são de grandes dimensões, e as mudanças de vegetação, em
geral, ocorrem de maneira lenta.


          2.2.1.5.    As Florestas Secundárias


Devido à existência de mais de 60 milhões de ha de áreas desmatadas apenas no
Brasil, das quais pelo menos 20%, ou seja, 12 milhões de ha, seriam de áreas
abandonadas em franca regeneração espontânea, as florestas secundárias mere-
cem atenção especial. Há regiões, como a de Altamira, no rio Xingu (Pará), que, se-
gundo o INPA, apresentam mais de metade da área desmatada já coberta por flo-
restas secundárias.



   2.3. Solo


A idade avançada da geologia do solo é uma das razoes para sua baixa fertilidade
geral, mas só nos solos originários dos Andes apresentam maior fertilidade; seu uso,
no entanto, restringe-se devido à declividade e às chuvas. A maior parte do solo é
considerada quimicamente pobre; são solos “lavados”. A explicação está no tempo
em que a água esta em exposição que dissolve a maior parte dos minerais, mas em
casos extremos, como em algumas áreas de terra firme próximas a Belém, há tanta
areia no solo, que é difícil manter culturas como a do milho de pé, A maior parte das
terras dos solos de baixa fertilidade está localizada em um dos dois grandes escu-
dos, o das Guianas ao norte, o Brasileiro ao sul.
O cientista Herbert Shubart faz a pergunta: “Se a maior parte do solo da Amazônia é
de fertilidade tão baixa, como pode suportar uma floresta tão exuberante?”. Explica-
se que a resposta está na reciclagem dos nutrientes pelos seres vivos, ou seja, a
floresta absorve e recicla todos os nutrientes liberados pelas folhas, galhos, troncos
e animais mortos. Fazendo assim com que a floresta acabe “crescendo do solo” e
não “nascendo do solo” devido a utilização da absorção e reciclagem desses nutri-
entes.
As folhas, galhos e raízes têm capacidade de captar e armazenar nutrientes que es-
tá toda no Na floresta tropical, a capacidade de captar e armazenar nutrientes está
16



toda no complexo sistema de folhas e raízes, obrigando as folhas, os galhos e as
raízes cobrirem a maior superfície possível, garantindo-lhes dimensões gigantescas.
E por quê o solo da floresta tropical sofre muito mais com a retirada de grandes ár-
vores do que o solo da floresta de zonas temperadas e subtropicais?. Isso ocorre
porquê boa parte do potássio, magnésio e fosforo necessários às plantas em cres-
cimento é recuperada das águas que caem sobre as folhas.
Quando ocorre o desmatamento, o solo fica exposto às chuvas e às altas temperatu-
ras. A chuva endurece o solo, diminuindo sua capacidade de absorver a água, ou
seja, o solo esta tão “duro” fazendo com que ao invés de dissolver a água acaba por
fazer com que ela se escorra aumentando sua erosão.
Segundo o Centro Internacional de Agricultura Tropical, da Colômbia, há grande va-
riação de tipos de solo, segundo pesquisas 81% têm pH abaixo de 5,3 (alta acidez),
e alto teor de toxidez de alumínio, 90% apresentam pouco fosforo (dentro de menos
de 7ppm), e 56% possuem baixas reservas de potássio. A Amazônia é o reino das
“carências minerais”. Isso explica a forma tradicional de utilização de seu solo, de-
senvolvida ao longo de mais de cinco mil anos, a cultura da floresta tropical.



   2.4. Relevo


Afirma-se que apenas de 3 a 5% do espaço amazônico é de planícies aluviais. Mas
isso não significa que as áreas sejam tolamente planas. Segundo que Aziz Ab’Saber
pode se afirmar que 95% da Amazônia são de “terras baixas, ora semiplanas, ora
semionduladas”. Formando assim um conjunto de colinas.
Avalia-se que a Amazônia esteja dividida entre metade. Uma metade da Amazônia
esteja a menos de altitude e outra metade estaria entre 100 a 500 metros. Acima de
500m há áreas representativas apenas na encosta andina, e menos de 2% da região
está acima de 500 metros.
Entre o Amazonas e a Venezuela, há o Pico da Neblina, no qual é o ponto culminan-
te do Brasil, que fica na Serra do Imeri, com 2993,8 metros. E seu segundo ponto
mais alto é o Pico 31 de Março, que também faz parte do Parque Nacional do Pico
da Neblina.
17



3. A Bacia Hidrográfica do rio Amazonas


A Bacia Hidrográfica do rio Amazonas é a maior bacia hidrográfica do mundo com
6,925 milhões de km², ocupando cerca de 1/3 da superfície da América do Sul em
seis países (Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela) (Figura 2). São
mais de mil rios e afluentes que juntos correspondem por 15% das águas doces su-
perficiais em forma líquida da Terra, sendo assim, a maior reserva mundial. Sendo
os rios Solimões (Amazonas), Negro, Tapajós, Madeira e Xingu, os maiores e mais
importantes rios dessa bacia .


                     Figura 2 - Bacia Hidrográfica Amazônica




             Fonte: http://wapedia.mobi/pt/Ficheiro:Amazonriverbasin_basemap.png



Há na Bacia Amazônica três tipos de águas, que variam conforme o ambiente geo-
lógico e a cobertura vegetal por onde passam. A idade geológica da calha do rio de-
termina sua coloração. As de formação geológicas mais recentes, como os Andes,
18



são “brancas” (barrentas); as que vêm de formações mais antigas podem ser “escu-
ras” ou “verde-azuladas”.
As águas claras (barrentas ou brancas) têm visibilidade que varia de 0,1m a 0,5m; o
pH é o próximo de neutro (6,5 a 7,0). Nascem nos sopés dos Andes e correm de
oeste para leste em direção ao oceano Atlântico. Seu aspecto barrento vem da
quantidade de matérias orgânicas erodidas e de nutrientes. Entre estes está o pró-
prio Amazonas (que se chama Solimões até encontrar o Negro) e seus formadores
(Marañon, Huallagao e o Ucaialy), em sua margem esquerda o Japurá, o Napo (no
Equador), o Içá (Putumayo no Equador e Colômbia), e em sua margem direita o Ju-
ruá, o Purus, o Madeira e o Acre. A pesca é farta, e boa parte da matéria orgânica é
depositada anualmente nas várzeas do Solimões e do Amazonas e demais afluen-
tes, tornando-as bastante férteis.
As águas escuras (pretas) são as de maior visibilidade, com mais de 4m, ácidas,
com pH de 4,0 a 7,0 e pobres em matéria orgânica. Esses rios muitas vezes pene-
tram florestas inundáveis (Igapós), onde a matéria orgânica (folhas, galhos e frutos)
se decompõe rapidamente ao cair na água, razão de sua coloração. Entre os princi-
pais estão o Negro, o Urubu, o Uatumã e o Trombetas. Eles nascem no planalto das
Guianas e correm de norte a sul, a partir da fronteira do Brasil com Colômbia e Ve-
nezuela. Esses rios nascem em zonas onde há pouca erosão e pouca matéria orgâ-
nica a transportar pelos rios, mesmo nos períodos de chuvas. Suas margens são
imprecisas, e é comum observar florestas inundadas. Para o homem esses rios têm
pouca pesca. A temperatura média do Negro é de cerca de 30°C, em torno de 1°C a
mais do que a do Amazonas.
As águas azul-esverdeadas, com visibilidade variável de 1,50m a 2,50m, são bas-
tante ácidas, com baixo teor de sais e pH de 3,5 a 4,0, e apresentam pouca matéria
orgânica em suspensão. Boa parte desses rios nasce no Planalto Central do Brasil e
corre de sul a norte: o alto Guaporé (fronteira do Brasil e Bolívia), o tapajós, o Curuá-
Uma e o Xingu (todos no Pará). Suas cabeceiras são de terrenos com bem menos
erosão do que aqueles dos Andes. Nos períodos de chuva aumenta a quantidade de
matéria orgânica. As margens (barrancos) são altas e estáveis. São rios um pouco
mais piscosos do que os de águas pretas, porém muito inferiores aos de águas
brancas.
O Amazonas é o mais longo, o maior em volume de água e o rio com maior foz
mundo. Nasce nos Andes peruanos, nas geleiras de Yarupa, onde chove 2.600
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mm/ano. A nascente do riacho Huarco com cerca de 15 cm perto do Cerro Huagra, a
5 mil metros de altitude, é uma descoberta recente, da década de 1950. Nas terras
altas bolivianas e peruanas há uma grande quantidade de matéria orgânica erodida,
dos depósitos dos períodos glaciais que caracterizam o rio Amazonas e seus forma-
dores. Nessa zona os deslizamentos de terras são muito frequentes.
O Amazonas troca sete vezes de nome em seu curso. De Huarco, transforma-se em
rio Toto, depois Santiago, e Apurimac, e então rio Ene, rio Tambo, depois Ucayali,
recebe o Urubamba e, quando entra no Brasil, recebe o nome de Solimões até a
confluência com o Negro. Como Amazonas, percorre 1.600 km do rio Negro à foz.
No total, segundo recentes medições do INPA são 6.627 (por um critério) ou 6.992
km se considerados certos contornos do rio, antes de encontrar o Oceano Atlântico
(o IBGE ainda o considera com 6.570 km). Recentemente ficou comprovado que o
rio Amazonas supera o Nilo, sendo o mais longo rio do mundo.
Sua profundidade média está entre 40 e 50 m. Em frente à Óbidos (Pará), apresenta
sua menor largura, cerca de 1.500 m e a maior profundidade, estimada em 100 m, e
a sua velocidade aumenta para 7 km/h. O local é conhecido como o “cotovelo do
Amazonas”.
A bacia Amazônica representa 16% do que todos os rios do planeta despejam de
água nos oceanos (120 mil m³/s). O volume de água na foz do Amazonas varia entre
100mil m³/s (100 milhões de l/s) no período de seca e 300 mil m³/s no período das
cheias. As águas barrentas do Amazonas chegam a ser lançadas até 330 km no
Oceano Atlântico.
A vazão do Amazonas é cinco vezes superior à do segundo rio com maior vazão do
planeta, o Zaire, 12 vezes a do Mississipi, o maior da América do Norte. Se conside-
rarmos em média 120 mil m³/s, isso significa que o consumo diário de uma cidade de
dois mil habitantes seria suprido por pouco mais de um segundo da vazão de água
do rio. O que o rio Tâmisa, que banha Londres, lança de água em um ano no ocea-
no, o Amazonas faz em 24 horas.
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4. A Flora


A flora amazônica ainda é praticamente desconhecida. Com um fantástico potencial
de plantas utilizáveis para o paisagismo, é constituída principalmente de plantas
herbáceas de rara beleza, pertencentes às famílias das Arácea, Heliconiaceæ, Ma-
rantácea, Rubiácea, entre outras. Essa flora herbácea, além do aspecto ornamental,
seja pela forma ou pelo colorido da inflorescência, desempenha vital função no equi-
líbrio do ecossistema.
Como exemplo, temos as helicônias, com uma grande variedade de espécies com
coloridas inflorescências. São de presença marcante nas nossas matas úmidas e
tem uma importante função no equilíbrio ecológico. No continente americano, as he-
licônias são polinizadas exclusivamente pelos beija-flores que, por sua vez, são os
maiores controladores biológicos do mosquito palha Phletbotomus, transmissor da
leishmânia, muito abundante na Amazônia desmatada.
A alimentação dos beija-flores chega a ser de até 80% de néctar das helicônias na
época da floração das espécies.
Com poucas espécies herbáceas e a grande maioria com espécies de grande porte,
as palmeiras têm uma exuberante presença nas matas ribeirinhas, alagadas e nas
serras, formando um destaque especial na paisagem amazônica. Muitas palmeiras
amazônicas, como tucumã, inajá, buritirana, pupunha, caioué e outras espécies de
classificação desconhecida foram muito pouco ou nada utilizadas para o paisagismo.
Quanto às árvores, o vastíssimo mar verde amazônico tem um número incalculável
de espécies. Algumas delas, endêmicas em determinadas regiões da floresta, foram
ou estão sendo indiscriminadamente destruídas, sem que suas propriedades sejam
conhecidas. Dentre as árvores mais conhecidas utilizáveis para o paisagismo, estão
o visgueiro, os ingás, a sumaúma, muitas espécies de figueiras, os taxizeiros, a
moela de mutum, a seringueira e o bálsamo.
Crescendo sob as árvores amazônicas, encontram-se plantas epífitas, como: bromé-
lias, orquídeas, imbés e cactos. Essas plantas são importantes para a fauna que vi-
ve exclusivamente nos galhos e copas das árvores. Dentre os animais que se inte-
gram na comunidade epífita, temos os macacos, os saguis, as jaguatiricas, os gatos-
do-mato, lagartos, araras, papagaios, tucanos e muitos outros que se especializaram
nesse habitat acima do solo. Com o corte das árvores, as epífitas desaparecem e,
com elas, toda a fauna associada.
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Muitas dessas plantas epífitas de rara beleza foram muito bem retratadas pela pinto-
ra Margaret Mee, durante as várias excursões que realizou na floresta amazônica.
Outrora abundantes em determinadas regiões, hoje grande parte dessas plantas se
encontra em populações reduzidas.
Certamente a região amazônica tem um gigantesco potencial madeireiro, de plantas
utilizáveis para o paisagismo e de espécies vegetais com substâncias para uso me-
dicinal. Mas é necessário que tais recursos sejam mantidos de forma renovável. A
floresta amazônica ensina que o extrativismo indiscriminado apenas desertifica, pois
ela é mantida pela camada de húmus em um solo fresco, muitas vezes arenoso.
Portanto, é imprescindível utilizar a floresta de uma forma racional. Explorando-a,
mas renovando-a com as mesmas espécies nativas; e, principalmente, preservando
as regiões de santuários de flora e fauna, que muito valerão, tanto no equilíbrio eco-
lógico, quanto no regime de chuvas e na utilização para o turismo. A amazônica,
com seus 6,5 milhões de Km² é a maior floresta tropical do mundo. Abrangendo no-
ve países, ocupa quase metade da América do Sul. A maior parte da floresta – 3,5
milhões de Km² – encontra-se em território brasileiro.
Essa área, somada à da Mata Atlântica, representa 1/3 do total ocupado por floresta
tropicais no planeta. Além da mata, existem na Amazônia áreas de cerrados e outras
formações diversas, perfazendo um total de 5,029 milhões de Km², conhecido como
Amazônia legal. Com relação ao relevo, encontrando ali três formações principais.
Ao sul localiza-se o planalto Central; ao norte, o planalto das Guianas; e, ao centro,
a planície sedimentar amazônica, todos com altitudes inferiores a 1500m. Na planí-
cie amazônica destacam-se dois tipos de relevo: as várzeas, que por se estenderem
ao longo dos rios estão sempre inundadas, e as terras firmes, que cobrem a maior
parte da planície e constituem o domínio da grande floresta.



   4.1. Plantas Aquáticas da Amazônia


As várzeas amazônicas são os ambientes onde ocorre a maior riqueza de plantas
herbáceas aquáticas da região, e uma das maiores do mundo. Os sedimentos férteis
trazidos pelas enchentes dos grandes rios nutrem as áreas marginais, o que favore-
ce o crescimento dessas plantas que exigem quantidades de minerais elevadas.
Apesar disso, em comparação com outras comunidades vegetais da região amazô-
22



nica, a vegetação herbácea das várzeas foi relegada a um segundo plano pela i n-
vestigação científica, até o início da década de setenta. Os poucos estudos anteri o-
res àquele período envolviam classificações de algumas espécies, narrativas ou
descrições de outras, com maior destaque apenas para espécies mais evidentes,
como os capins aquáticos, ou exóticas, como a fabulosa Victória amazônica.


      4.1.1. Victoria amazonica


Conhecida como "rainha dos lagos", a vitória-régia (Victoria amazonica) (Figura 3) é
nome atribuído à espécie natural mais famosa do Amazonas em homenagem à rai-
nha Victoria, da Inglaterra. Sua folha pode medir até 1,80 metros de diâmetro. Suas
bordas são levantadas e espinhosas para evitar a ação destruidora dos peixes. Suas
raízes se fixam no fundo da água, formando um bulbo ou batata com um cordão fi-
broso revestido de espinhos. Com o passar do tempo, a flor muda de cor, do branco
para o rosa, ficando aberta durante o dia e fechada durante a noite. Na seca, as vitó-
rias-régias praticamente desaparecem, voltando nas cheias.



                                  Figura 3 - Vitória Régia




        Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=259
23



   4.2. Plantas Terrestres da Amazônia


Na Amazônia, as matas são extremamente densas possibilitando que um macaco vá
pulando de galho em galho desde o sopé dos Andes até o Oceano Atlântico. Essa
grande quantidade de plantas apresenta uma diversidade incrível, mesmo o solo
amazônico sendo relativamente pobre em nutrientes. Porém, a grande quantidade
de matéria orgânica depositada acima do solo, torna a floresta propícia ao cresci-
mento de diversas espécies arvores. As principais espécies de árvores da flora
amazônica são o mogno, a seringueira e a castanheira-do-Pará.


      4.2.1. Hevea brasiliensis


Hevea brasiliensis, mais conhecida como a seringueira (Figura 4), é uma planta se-
midecídua, heliófita ou esciófita, característica da floresta Amazônica nas margens
de rios e lugares inundáveis da mata de terra firme. Ocorre preferencialmente em
solos argilosos e férteis da beira de rios e várzeas. Trata-se de uma planta rústica,
perene, adaptável a grande parte do território nacional, sendo uma espécie arbórea
de rápido crescimento. É uma árvore de hábito ereto, podendo atingir 30 m de altura
total sob condições favoráveis, iniciando aos 4 anos a produção de sementes, e aos
6-7 anos (quando propagada por enxertia) a produção de látex (borracha).


                                Figura 4 – Seringueira




                  Fonte: http://www.ciflorestas.com.br/conteudo.php?id= 1446
24



Da família das Euphorbiaceae, o gênero Hevea tem como área de ocorrência a
Amazônia brasileira, bem como Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Suri-
name e Guiana. Das onze espécies do gênero, a originária do Brasil, H. Brasiliensis
é a que tem a maior capacidade produtiva com a maior variabilidade genética.
A espécie constitui uma boa opção para áreas degradadas por oferecer uma exce-
lente cobertura vegetal ao solo. Ainda de acordo com os autores, a cultura propicia
ganhos ambientais por estocar carbono em quantidades equivalentes ao da floresta
natural. Além disso, a borracha natural extraída da seringueira substitui a borracha
sintética, um derivado do petróleo.


   4.3. Ameaças a Flora Amazônica


Atualmente, a flora da Amazônia está sofrendo cada vez mais, com a ação do ho-
mem, as queimadas e o extrativismo predatório são as principais causas.
Com todas essas algumas espécies de plantas começam a se tornar raras na flores-
ta um exemplo é o mogno que sofre com o extrativismo, por ser uma madeira de boa
qualidade e usada na fabricação de moveis.


        4.3.1. Bertholletia excelsa


A Castanheira do Pará (Bertholletia excelsa) (Figura 5), uma árvore da família botâ-
nica Lecythidaceae, com tronco de até 4 m de diâmetro e altura de 30-45 metros. O
fruto é esférico, de 11 a 14 cm de diâmetro, com peso variando entre 700 gramas e
1500 gramas.
A Castanha do Pará é uma fruta típica do norte do Brasil e um dos principais produ-
tos de exportação da Amazônia. Possui alto valor proteico e calórico além de ser rica
em selênio, substância que reduz o risco de cânceres como o de pulmão e de prós-
tata e combate os radicais livres, agindo contra o envelhecimento, fortalece o siste-
ma imunológico, atua no equilíbrio da tireoide.
Pode ser consumida in natura, torrada, na forma de farinhas, doces e sorvetes. O
óleo da castanha é usado na fabricação de produtos de beleza para o cabelo. A cas-
tanha tem uma casca fina, marrom e brilhante. A polpa é branca, farinhenta e sabo-
rosa.
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                            Figura 5 - Castanheira-do-Pará




    Fonte: http://radionews.musicblog.com.br/37782/As-Castanheiras-Estao-em-Plena-Floracao/


      4.3.2. Swietenia macrophylla


O Mogno (Swietenia macrophylla) (Figura 6) é uma árvore perenifólia a decídua. As
árvores maiores atingem dimensões próximas de 70 m de altura e 3,50 m de DAP
(diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta. Uma árvore
derrubada, no sul do Pará, forneceu 25 m³ de madeira.
O seu fruto é uma cápsula lenhosa e ovoide, medindo de 10 cm a 22 cm de compri-
mento e 6 cm a 10 cm de largura. É ereta e seca, com deiscência septifraga e de
coloração marrom, semelhante à de Cedrela, mas muito maior. É grossa, penta cap-
sular e provida de crassíssima coluna central prismática, contendo aproximadamen-
te 40 sementes. Válvulas capsulares (seções lenhosas) podem ser encontradas,
com frequência, embaixo das árvores.
Na Amazônia é encontrada em Florestas Ombrófilas Abertas (no Acre, no Pará e em
Rondônia), em Florestas Ombrófilas Densas, sempre em floresta de terra firme, on-
de apresenta alguma regeneração natural com rápido crescimento no seu habitat.
Geralmente, o mogno cresce isolado ou em pequenos agrupamentos. Só muito ra-
ramente se observam mais de quatro a oito indivíduos por hectare.
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                  Figura 6 - Mogno




Fonte: http://www.achetudoeregiao.com.br/Arvores/Mogno.htm
27



5. A Fauna


A principal explicação para grande variedade na Amazônia é a teoria do refúgio. Nos
últimos 100.000 anos, o planeta sofreu vários períodos de glaciação, em que as flo-
restas enfrentaram fases de seca ferozes. Desta forma as matas expandiram-se e
depois reduziram-se. Nos períodos de seca prolongados, cada núcleo de floresta
ficava isolada do outro.
Os invertebrados constituem mais de 95% das espécies dos animais existentes e
distribuem-se entre 20 a 30 filos. Na Amazônia, estes animais diversificaram-se de
forma explosiva, sendo a copa de árvores das florestas tropicais e o centro da sua
maior diversificação. A pesar de dominar a Floresta Amazônica em termos de núme-
ros de espécies, números de indivíduos e biomassa animal e da sua importância
para o bom funcionamento dos ecossistemas, por meio de sua atuação como polini-
zadores, agentes de dispersão de sementes, "guarda-costas", de algumas plantas e
agentes de controle biológico natural de pragas, e para o bem-estar humano, os in-
vertebrados ainda não receberam prioridade na elaboração de projetos de conser-
vação biológica e raramente são considerados como elementos importantes da bio-
diversidade a ser preservada. Mais de 70% das espécies amazônicas ainda não
possuem nomes científicos e, considerando o ritmo atual de trabalhos de levanta-
mento e taxonomia, tal situação permanecerá.
Então os grupos animais dessas áreas isoladas passaram por processos de diferen-
ciação genética, muitas vezes se transformando em espécies ou subespécies dife-
rentes das originais e das que ficaram em outros refúgios.
A riqueza da biodiversidade de animais cresce a cada dia com as novas descober-
tas, mas está ameaçada pela caça, pela degradação e devastação das florestas e
de seus vários ecossistemas. Ainda há muitos animais e plantas ainda não catalo-
gados. Na Amazônia só se conhece 30%das espécies do reino animal.
Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi encontrado para a Amazônia
Brasileira. Esta cifra equivale a aproximadamente 4% das 4.000 espécies que se
pressupõem existir no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. O número
total de espécies de répteis no mundo é estimado em 6.000, sendo 465 espécies
identificadas no Brasil. Das 550 espécies de répteis registrados na bacia Amazônica
62% são endêmicos. Existem, na Amazônia, 14 espécies de tartarugas de água do-
ce e duas espécies de tartarugas terrestres, sendo cinco endêmicas e uma ameaça-
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da. Há ainda, três espécies de tartarugas marinhas que aninham em ilhas e praias
ao longo da costa de estados da Amazônia, mas que não são consideradas como
parte da fauna da região. Quanto aos lagartos, existem pelo menos 89 espécies na
região, distribuídas em nove famílias, das quais entre 26 e 29% ocorrem também
ocorrem fora desta região. A distribuição, a abundância das populações de serpen-
tes são bem menos conhecidos do que dos outros grupos de répteis na Amazônia, e
os estudos existentes não permitem tecer recomendações seguras para a conserva-
ção.
As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os vertebrados, com
o número de espécies estimado em 9.700 no mundo, sendo que, deste total, 1.677
estão representadas no Brasil. Na Amazônia, há cerca de 1.000 raras, considerando
as que ocorrem em apenas uma das três grandes divisões da região (do rio Negro
ao Atlântico; do rio Madeira ou rio Tapajós até o Maranhão; e o restante ocidental,
incluindo rio Negro e rio Madeira ou do rio Tapajós às fronteiras ocidentais do País).
O número total de espécies de mamíferos existentes no mundo é estimada em
4.650, com 502 representantes no Brasil. Na Amazônia, são registradas anualmente
311 espécies, sendo 22 de marsupiais, 11 edentados, 124 morcegos, 57 primatas,
16 carnívoros, dois cetáceos, cinco ungulados, um sirênio, 72 roedores e um lago-
morfo.
Esses números, entretanto, devem ser considerados apenas como aproximados,
pois certamente serão modificados na medida em que revisões taxonômicas forem
realizadas e novas áreas sejam amostradas.



   5.1. A diversidade dos invertebrados


Estima-se que haja mais invertebrados nas florestas tropicais do que em todo o res-
tante da Terra. Como a Amazônia representa a maior parte das florestas remanes-
centes, na região deve estar a maior quantidade de invertebrados no planeta. Os
invertebrados representam 95% das espécies animais.
Na Amazônia, segundo o INPA, estão também os excessos: o maior besouro co-
nhecido, com 20 cm; a maior mosca, com 5 cm; a maior libélula, com 15 cm; a maior
mariposa, com 30 cm; a maior cigarra, com 9 cm; e a maior vespa, com 7 cm.
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       5.1.1. Titanus giganteus


O Cerambicídeo-gigante (Titanus giganteus) (Figura 7) é o maior besouro do mundo.
Já foi confundido com uma barata, mais é um besouro puro, sendo o único membro
de seu próprio gênero (família Cerambycidae).
Este besouro grande é o maior besouro conhecido na floresta amazônica e do mun-
do, sendo encontrado na Guiana Francesa, Brasil norte e Columbia. O besouro é
encontrado somente nas regiões quentes e úmidas ao redor dos trópicos, muito per-
to do equador. As larvas destes besouros alimentam de madeira morta, abaixo da
superfície do solo.
O Cerambicídeo-gigante não alimenta em sua fase adulta, vivem à custa das reser-
vas de gordura que adquiriu em sua fase larval, vivendo simplesmente por tempo
suficiente para encontrar um parceiro e se reproduzir. É provável que eles atingem a
maturidade dentro de raízes e ramos subterrâneos, e devem levar muitos anos para
atingir um tamanho grande o suficiente para saírem dali.



                          Figura 7 - Cerambicídeo-gigante




            Fonte: http://www.insectnet.com/dcforum/User_files/47a2cb763fb22d25.jpg
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   5.2. A diversidade dos ambientes aquáticos


A diversidade biológica dos ambientes aquáticos, tanto marinhos como de rios e la-
gos, é muito pouco conhecida. Os cientistas acreditam que os ambientes aquáticos
são muito vulneráveis às ações humanas e estão muito pouco protegidas. Essa di-
versidade apresenta desde invertebrados (com especial interesse para camarões,
moluscos e insetos que alimentam os peixes), aos crustáceos e os animais no topo
da cadeia alimentar como peixes e mamíferos aquáticos (botos e peixe-boi).
Em relação aos peixes, estima-se que existam cerca de 1400 espécies na Amazônia
(cerca de 5,6% do total mundial). Esse número é superior ao de espécies de todos
os outros rios do planeta e do oceano Atlântico. Pode superar 2,5 mil espécies, uma
vez que descobertas ocorrem regularmente, até a partir da revisão cientifica de in-
formações, que classificavam, por exemplo, como uma única espécie a piraíba (Bra-
chyplatystoma ssp.) e o filhote (Brachyplatystoma filamentosum), peixes de couro
bastante comuns nos grandes rios.


      5.2.1. Arapaima gigas


O peixe pirarucu (Arapaima gigas) (Figura 8), originário da bacia hidrográfica Ama-
zônica, tem certas características biológicas e ecológicas que o torna particularmen-
te atrativo para as populações locais. É um peixe grande que pode chegar ao com-
primento de até três metros e pesar mais de 250kg, e é conhecido como o "Gigante
Amazônico". Entretanto, devido á pesca predatória, sua sobrevivência está ameaça-
da e seu tamanho médio está diminuindo, apesar de ainda serem encontrados al-
guns indivíduos com mais de dois metros e pesando mais que 125 kg.
Este peixe tem uma cabeça chata óssea, seguido de um corpo alongado que é es-
camosa. Sua cauda é curta e atacarrada. A cor deste peixe é começa com um verde
na cabeça depois para um azul mais escuro e verde que se desvanece na barriga
branca. As barbatanas na ponta da cauda são uma cor avermelhada, mas na época
o acasalamento a fêmea torna-se marrom e a cabeça do macho fica preta.
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                                      Figura 8 - Pirarucu




Fonte: http://www.akatu.org.br/Temas/Sustentabilidade/Posts/Pirarucu-convert e-se-em-bom-negocio-
                                     para-reserva-extrativista



O pirarucu é um peixe predatório que tem origens na era Jurássica e é a principal
fonte de proteínas para a população local, os ribeirinhos, que vivem ao longo das
margens do rio. Nas últimas duas décadas, o processo de urbanização acelerado
mudou a região e começou a desestabilizar o balanço do ecossistema de lagos, e
consequentemente a economia de subsistência tradicional dos ribeirinhos que não
estão envolvidos em atividades pesqueiras comerciais. O processo também causou
um decréscimo rápido nos estoques naturais de Pirarucu, tornando necessárias as
restrições à pesca.


       5.2.2. Pristis pectinata


O peixe-serra (Pristis pectinata) (Figura 9) tem o focinho em formato de serra com 24
a 32 dentes de cada lado, esqueleto cartilaginoso como os tubarões e raias. A serra
possui poros que são sensíveis ao movimento e à eletricidade.
Pode entrar em rios, e é já foi encontrado na confluência dos rios Negro e Amazo-
nas, a cerca de 720 km da foz.
Espécie costeira, mas pode cruzar águas profundas para alcançar ilhas. Ascendem
rios e pode tolerar água doce. Visto geralmente em baías, lagoas, estuários, e bocas
de rio. E podem chegar até 120m de profundidade.
Os peixes-serra se alimentam de peixes, camarões, lulas e organismos bentônicos.
Reproduzem-se através da fertilização, como ocorrem em todos os elasmobrân-
quios. A maturidade é atingida com aproximadamente 10 anos de idade.
32



                                 Figura 9 - Peixe-serra




             Fonte: http://www.pesca.tur.br/artigos/especies-maritimas-ameacadas/



   5.3. A diversidade de anfíbios e répteis


Em relação aos anfíbios (sapos, rãs, salamandras etc.), o Brasil possui 518 espé-
cies, a segunda maior diversidade do globo. A Amazônia abriga 163 espécies, nú-
meros que deverá crescer significativamente com o avanço das pesquisas, pois
apenas um número pequeno de grandes rios navegáveis foi pesquisado. O ende-
mismo em anfíbios ainda é pequeno, envolvendo apenas 12 espécies (7% do total).
Das 6400 espécies de répteis (cobras, tartarugas, jacarés) conhecidas no mundo, há
550 na Amazônia continental, 62% das quais endêmicas. Há quatro espécies de ja-
caré. Até há três décadas, sua caça era permitida no Brasil. Em outros países a ca-
ça persiste. De qualquer maneira, a caça, ilegal ou não, prossegue, e estima-se que
a Amazônia seja o principal fornecedor de peles de jacaré. A maior procura atual-
mente, assim como no caso das tartarugas, é por sua carne, especialmente por ga-
rimpeiros e ribeirinhos. Há 89 espécies de lagartos na região, cerca de 2/3 é endê-
mica. Quanto às cobras, acredita-se que haja mais de 300 espécies. Numa única
região do Peru, em Iquitos, pesquisadores identificaram 166 espécies de cobras.
33



      5.3.1. Eunectes murinus



A sucuri-verde (Eunectes murinus) (Figura 10) alimenta-se de capivaras, peixes,
aves, felinos, veados, bezerros e até jacarés também fazem parte de seu cardápio.
Para capturar sua presa, a sucuri costuma ficar a espreita nas margens de rios, la-
gos ou pântanos. Quando uma vítima se aproxima da margem, normalmente para
beber água, a sucuri ataca, geralmente na região do pescoço. Em seguida, envolve
o corpo da vítima e a aperta, matando-a por constrição. A presa pode ainda morrer
afogada, puxada para o fundo do rio, lago ou pântano.
Vivípara, a sucuri gesta seus filhotes por aproximadamente 240 dias, sendo que,
geralmente, têm de 20 a 30 filhotes por cria, que nascem no começo da estação das
chuvas. Como as pequenas serpentes são vítimas de diversos predadores, poucas
sobrevivem e chegam à idade adulta. Seus predadores são onças-pintadas, jacarés
maiores do que ela e as piranhas (somente quando a sucuri apresenta ferimentos).
Contudo, o maior predador das sucuris são os homens, seja por medo da serpente,
seja por interesse comercial. A pele da sucuri é muito valorizada, inclusive no exteri-
or.


                              Figura 10 - Sucuri-Verde




        Fonte: http://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=curiosidade_suc uri.htm
34



         5.3.2. Melanosuchus niger


O jacaré-açu (Melanosuchus niger) (Figura 11) habita rios e lagos da bacia amazô-
nica, pertence à família alligatoridae. É também conhecido como caiamão-preto, ja-
caré-aruana ou jacaré-gigante.


                                  Figura 11 - Jacaré-açu




          Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=895



Tem o corpo coberto de faixas amarelas, mas é de cor preta. Os olhos e narinas
são grandes . Ele pode ficar submerso, podendo chegar ate seis metros de compri-
mento e ate trezentos quilos de peso.
A reprodução ocorre uma vez por ano, em media as fêmeas põem de 40 a 50 ovos,
e pode viver oitenta anos a chegar aos cem. Quando nascem correm risco de se-
rem devorados por jiboias ou outros jacarés adultos. Alimentam-se de caranguejos,
peixes e pássaros. Para nadar na água fazem um movimento ondulatório com a
cauda.
É um dos répteis mais cobiçados da Amazônia, pois sua carne é muito saborosa e o
seu couro serve para confecção de bolsa e sapatos. Considerado o mais desenvol-
vido dos répteis, vive nos rios igarapés e lagos da Amazônia.


         5.3.3. Podocnemis expansa


A tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) (Figura 12) na verdade é um cága-
do, isto é, um quelônio aquático que encolhe seu pescoço lateralmente para dentro
da carapaça. Os cágados são quelônios de uma subordem chamada pleurodira, que
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seguiram um caminho evolutivo diferente do seguido pela maioria das outras tarta-
rugas, que encolhem o pescoço em “S” e para dentro.
Habita rios e lagos da Amazônia, vivendo aproximadamente 50 anos. Alimentam-se
de pequenos peixes e plantas aquáticas.
É o maior quelônio da América do sul. Atinge facilmente 50 kg, mas algumas che-
gam a até 75 kg e um casco de 90 cm de comprimento. Por isso, foram muito caça-
das, e ainda o são por povos ribeirinhos da floresta, por sua carne e pelos seus
ovos. Hoje, busca-se equilibrar o quanto se pode caçar deste animal com a reposi-
ção de indivíduos pela reprodução, e a apanha de ovos foi proibida.


                       Figura 12 - Tartaruga-do-Amazonas




                    Fonte: http://www.animalzoom.org/port/animais1.htm




   5.4. A diversidade das Aves


Estima-se que há cerca de mil espécies de aves na Amazônia, 11% do total mundial.
Destas, 283 são consideradas raras ou com distribuição restrita. Uma das regiões
mais prioritárias é a dos “Tepui”, os refúgios montanos, nos cumes de Roraima. No
Brasil como um todo são conhecidas 1677 espécies de aves. Este é o terceiro maior
grupo do planeta, que conta com 9050 aves no total. O caso da região de Belém é
um dos mais críticos. Ali o Museu Goeldi e a Conservation Internation estão traba-
lhando para identificar a biodiversidade local no denominado Centro de Endemismo
de Belém. Estima-se que 60% das matas já tenham desaparecido.
36



      5.4.1. Harpia harpyja


O Gavião-real (Figura 13) é uma ave accipitriforme da família Accipitridae. É conhe-
cido também como Gavião-de-penacho, Guiraçu (uirá, guirá = ave, açu = grande),
Hárpia e Uiraçu.




                               Figura 13 - Gavião-real




                   Fonte: http://www.wikiaves.com.br/291108&t=s&s=10238



Embora não seja a maior das aves predadoras do planeta, é tida como a mais forte.
Possui bico potente e garras enormes.
Tem um crescimento populacional muito lento. Este fato, associado à destruição de
grandes áreas florestais e à caça indiscriminada, torna a espécie ameaçada de ex-
tinção em nosso País.
Mede cerca de 105 cm de comprimento e até 220 cm de envergadura. O macho
mede cerca 57 cm de altura e pesa 4,8 kg. A fêmea mede cerca de 90 cm de altura
e pesa até 9 kg.
Alimenta-se de animais grandes, como a preguiça-real, mutuns, coatás, macacos-
prego e guaribas, filhotes de veados, araras-azuis, seriemas, tatus, cachorro-do-
mato e cobras. É rápido e forte em suas investidas, sendo capaz de arrancar pregui-
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ças agarradas a galhos de árvores. Há relato da captura de um macho de guariba
que pesava em torno de 6,5 kg.
Faz ninho no alto das árvores maiores, como sumaumeiras e castanheiras, de onde
observa tudo ao redor. O ninho, tão grande quanto o de um jaburu, é construído com
pilhas de galhos. Põe 2 ovos cinza-esbranquiçados entre setembro e novembro, os
quais pesam em torno de 110 g e têm período de incubação de 52 dias. Geralmente
apenas um filhote sobrevive, levando cerca de 5 meses para voar, e de 2 a 3 anos
para se tornar adulto, dependendo dos cuidados dos pais por um ano ou mais. A
espécie não se reproduz todos os anos, pois necessita de mais de um ano para
completar o período reprodutivo.
Espécie rara, habita florestas primárias densas e florestas de galeria. Vive solitário
ou aos pares na copa das árvores. Apesar do seu tamanho, é bastante ágil e difícil
de ser visto.
Presente no Brasil em regiões florestais remotas, sobretudo na Amazônia, ou em
áreas protegidas, como as reservas de Mata Atlântica, eles migram em algumas
épocas do ano para o estado de São Paulo. Encontrado também do México à Argen-
tina.



    5.5. A diversidade dos Mamíferos


São 311 espécies de mamíferos 9 mastofauna na Amazônia, cerca de 7% do total
mundial. Os estudos ainda são insuficientes e este número deverá aumentar como
prova a descoberta de novas espécies, inclusive primatas (macacos) nos últimos
anos. Das 311 espécies há 22 de marsupiais (que não têm placenta, como gambás,
cuícas), 11 de edentados (sem dente, como os tamanduás), 124 de morcegos, 57 de
primatas (macacos), 16 de carnívoros (onça, irara), duas de cetáceos (golfinhos),
cinco de ungulados ( com casco, como os veados), uma de sirênio (“relativo às se-
reias” – o peixe-boi), 72 de roedores (ratos, cotias, pacas, capivaras) e uma de la-
gomorfo (lebre).
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      5.5.1. Trichechus inunguis


Peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis) (Figura 14) é o maior mamífero aquá-
tico dulcícola da América do Sul. Corpo largo e cilíndrico, cauda modificada em for-
ma de remo, arredondada, plana e horizontal. Pele lisa e de coloração cinza. Lábios
grossos e com pelos, olhos pequenos, sem orelhas externas, membros anteriores
curtos modificados em nadadeiras, redondos, sem unhas nas pontas (as nadadeiras
ajudam o animal a escavar a vegetação aquática enraizada no fundo).


                        Figura 14 - Peixe-boi-da-Amazônia




                  Fonte: http://www.fapeam.am.gov. br/noticia.php?not=3267



O Peixe-boi-da Amazônia é uma espécie endêmica da bacia Amazônica: Brasil, Co-
lômbia, Equador, Peru e Venezuela.
Alimenta-se de vegetais que crescem nas margens de rios, igarapés e lagoas, como
gramíneas, algas e macrófitas. O principal período de alimentação de peixe-boi ocor-
re na estação chuvosa, quando a obtenção de alimentos é facilitada, permitindo à
espécie acumular gordura. O forrageamento é feito em áreas sazonalmente inundá-
veis. Segundo Best, Trichechus inunguis pode mover-se cerca de 2,7 km/dia nas
áreas de alimentação. Com isso controlam o crescimento das plantas aquáticas e
fertilizam com suas fezes as águas que frequentam, contribuindo para a produtivida-
de pesqueira. Pode comer até 16 kg de plantas por dia e consegue armazenar até
50 litros de gordura como fonte energética para a época da seca. Nessa época pode
realizar pequenas migrações em busca dos canais principais da bacia Amazônica e
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aí permanecer por semanas sem se alimentar, consumindo as reservas energéticas
acumuladas.
Podem viver solitários, aos pares (normalmente fêmeas com filhotes) ou grupos de
até oito indivíduos (encontrados nas áreas de alimentação). Vivem cerca de 50
anos.
Com predadores em potencial são citados a onça (Panthera onca), que pode pene-
trar em água pouco profundas e, em casos muito raros, grandes répteis, como o ja-
caré-açu (Melanosuchus niger) e a anaconda (Eunectes murina).


        5.5.2. Panthera onca


A onça-pintada (Panthera onca) (Figura 15), também conhecida como jaguar ou ja-
guaretê é um grandefelino, do gênero Panthera, e é a única espécie Panthera en-
contrado nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo após o tigre e o leão, e o
maior do Hemisfério Ocidental.
Mamífero da ordem dos carnívoros, membro da família dos felídeos, é encontrada
nas regiões quentes e temperadas do continente americano.
A onça pintada está fortemente associada com a presença de água e é notável, jun-
tamente com o tigre, como um felino que gosta de nadar. Anda em grande parte soli-
tária, mas é oportunista na seleção de presas. É também um importante predador,
desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das
populações de espécies de presas.
Sobre a alimentação a onça-pintada é uma excelente caçadora. As patas curtas não
lhe permitem longas corridas, porém lhe proporcionam grande força, fundamental
para dominar animais possantes como antas, capivaras, queixadas, tamanduás, ja-
carés etc. Ocasionalmente esses felinos atacam e devoram grandes serpentes (ji-
boias e sucuris), em situações extremas.
Quanto a sua reprodução, as onças-pintadas são solitárias e só buscam a compa-
nhia de um par durante a época de acasalamento. A gestação dura em média 100
dias e até quatro filhotes podem ser gerados. Na época reprodutiva, as onças per-
dem um pouco os seus hábitos individualistas e o casal demonstra certo apego,
chegando inclusive a haver cooperação na caça. Normalmente, o macho separa-se
da fêmea antes dos filhotes nascerem.
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A onça-pintada se espalhava, inicialmente, desde o sul dos Estados Unidos até o
norte da Argentina, porém, seu território de ocupação diminuiu sensivelmente. Cos-
tuma ser encontrada em reservas florestais e matas cerradas do Brasil, bem como
em outros locais ermos onde vivam mamíferos de pequeno porte de que se alimen-
ta. Seu habitat preferencial são zonas florestais, mas a espécie também vive em
planícies pantanosas, savanas e até desertos.


                                 Figura 15 - Onça-pintada




      Fonte: http://interessante-curiosidades-animais.blogspot.com/2011/05/onca-pintada.html



      5.5.3. Pteronura brasiliensis


A Ariranha (Pteronura brasiliensis) (Figura 16) é ótimo nadador, mergulha bem, ali-
menta-se principalmente de peixes e moluscos. Podendo ter de 23 kg a 34 Kg e com
os machos podendo alcançar até 1,8 m de comprimento. Vive em bandos de até 20
elementos à beira de rios e lagos, onde faz tocas para abrigar-se ou para procriação,
sob as raízes das árvores ribeirinhas, no final, apresenta um compartimento mais
alongado. São brincalhões e barulhentos. Semelhante à lontra, porém, mais escura
e com uma distinta mancha branco-amarelada no queixo, garganta e peito de forma
variável, com a ponta do focinho coberta de pelos. A cor geral, nas partes superio-
res, é marrom-pardacenta e, inferiormente, mais clara. Quando molhada, a cor é
mais escura. Cauda musculosa é achatada dorso-centralmente do meio até a ponta
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e auxilia o deslocamento dentro d`água. O alimento principal é constituído de peixes
que capturam no mergulho, saindo d`água para comer. Os pés são grandes e apre-
sentam membrana interdigital. Os locais que apresentam melhores condições para
sua sobrevivência são os parques florestais e reservas biológicas. Não há dados
precisos sobre a reprodução da lontra. Mas sabe-se que sua gestação dura cerca de
60 dias e que o número de filhotes varia entre um e cinco. A fêmea cuida da ninhada
durante um extenso período, elevando presas semi-abatidas para os filhotes. Ao
completar um ano, os filhotes começam a se dispersar.


                                 Figura 16 - Ariranha




   Fonte: http://www.conhecaopantanal.com.br/index.php?modulo=RkFV TkFfRkxPUkE=&id=Mjk=




   5.6. Animais Ameaçados de Extinção


A extinção é um processo natural. Estima-se que um milhão de anos seja o período
de vida natural de uma espécie. Naturalmente estima-se que, em equilíbrio dinâmi-
co, o planeta perca, de uma maneira genérica. No caso de espécies de aves, se-
gundo Stuart Pimm e Clinton Jenkins, a perda natural seria de uma espécie a cada
século. No entanto, no estagio atual de degradação do planeta, verifica-se a perda
de uma espécie a cada ano.
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Há diversas causas para a extinção – a introdução de espécies exóticas (cães e ra-
tos em ilhas, o camarão-da-malasia no litoral brasileiro), a caça e pesca excessivas,
a destruição do habitat natural pela pecuária, agricultura e urbanização, e, recente-
mente, o aquecimento global e suas consequências.
Nenhuma causa, no entanto, compara-se à recente intervenção humana nas flores-
tas tropicais. Estimativas alarmistas preveem que ela venha a representar a perda
de uma espécie superior por dia. Caso seja mantido o ritmo de exploração, a exti n-
ção poderá ser de uma espécie por hora. Ao final de 50 anos, teremos perdido 10%
das espécies florescentes da Terra, sem que jamais saibamos, de muitas delas, a
função no ecossistema e a eventual utilidade para o homem. Essa é uma perda si-
lenciosa.


      5.6.1. Anodorhynchus hyacinthinus


A arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthius) (Figura 17), na natureza, pode ser
observada voando ou com mais facilidade andando pelo chão. Após a formação do
casal, passam a maior parte do tempo juntos dividindo todas as tarefas. Em julho
começam a inspecionar e reformar as cavidades, para o período de reprodução que
está começando. O pico de reprodução pode variar, mas em geral acontece de se-
tembro a outubro, sendo que a criação dos filhotes pode se estender até janeiro ou
fevereiro do ano seguinte. Nesta época é comum ver a disputa por ninhos entre as
araras-azuis e também com outras espécies.


                              Figura 17 - Arara-Azul-Grande




            Fonte: http://animais.culturamix.com/informacoes/aves/a-arara-azul-pequena
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Costuma habitar florestas em regiões tropicais do planeta. Aqui no Brasil, podemos
encontrar espécies de araras no Pantanal, na Floresta Amazônica e na região da
Mata Atlântica.
Quando livremente, alimenta-se de sementes, insetos, frutas e alguns invertebrados
de menor porte.


        5.6.2. Leopardus tigrinus


O gato-do-mato ou gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) (Figura 18) é um fe-
lino originário da América Central e América do Sul. É também conhecido também
pelos    nomes    de gato-do-mato-pintado, gato-selvagem e gato-tigre.         Alimenta-se
de ratos, pássaros e insetos, e mede cerca de 50 centímetros.
A idade de procriação mínima para fêmeas é 18 meses, com o máximo de idade ao
redor 13 anos. Machos amadurecem há aproximadamente 15 meses, com um má-
ximo de idade de 15 anos.


                               Figura 18 - Gato-do-Mato




                    Fonte: http://www.arkive.org/oncilla/leopardus-tigrinus/



        5.6.3. Ateles paniscus


Macaco-aranha-preto (Ateles paniscus) (Figura 19) é um mamífero primata da famí-
lia Atelidae, a espécie mais conhecida do gênero de Ateles. O macaco-aranha é o
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mais rápido e o mais acrobático dos mamíferos da floresta. Com rapidez quase im-
perceptível aos olhos, o macaco escapa de seus predadores.
O macaco aranha alimenta-se dos frutos das árvores tropicais, também comem inse-
tos, ovos e até mesmo folhas.
Quanto à reprodução a gestação é de 232 dias mais ou menos, nascendo apenas
um filhote por gestação. A mãe cuida do filhote que fica agarrado na sua barriga
quando é muito novinho, até uns 4 meses e depois passa a ficar nas costas dela.
Esses macacos só têm filhotes a cada 1 ou 2 anos.
São bichos diurnos, dormem a noite, gostam de viver no alto das árvores, afinal, são
ágeis e pulam de galho em galho com muita facilidade. Raramente vão até o chão.
Lá no alto estão mais protegidos e é lá que encontram os seus alimentos preferidos.
Típicos da região de floresta amazônica, entre os rios Tocantins e Tapajós, Guianas
e em alguns lugares do México e também no Brasil e Ucrânia.


                         Figura 19 - Macaco-aranha-preto




                  Fonte: http://www.cenp.org.br/guia_ver.php?idConteudo= 6
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6. Ameaças à Floresta


As ameaças à Amazônia são muitas. Essas ameaças são caracterizadas pela explo-
ração de recursos e uso das terras de forma irresponsável. As principais ameaças a
Floresta Amazônica são o desmatamento ilegal, as queimadas criminosas, a cons-
trução de grandes empreendimentos no meio da floresta e a caça indiscriminada de
animais silvestres.


   6.1. Desmatamento


A ocupação intensa da Amazônia começou no início da década de 1970. Embora
áreas extensas ainda permaneçam intactas, a taxa de perda da floresta é dramática,
em especial no “arco do desmatamento”, ao longo das bordas sul e leste. A perda da
biodiversidade e os impactos climáticos são as maiores preocupações. A vastidão
das florestas remanescentes significa que os impactos potenciais do desmatamento
de forma continuada são muito mais importantes que os já severos impactos que
ocorreram até hoje. O combate ao desmatamento no Brasil é uma prioridade para o
governo e para as organizações internacionais. O monitoramento e a repressão são,
atualmente, as estratégias principais. Uma fiscalização efetiva e a arrecadação de
multas daqueles que não possuem autorização do IBAMA, contudo, devem ser
acompanhadas pela compreensão necessária dos aspectos sociais, econômicos e
políticos para se tratar o problema por meio de mudanças na política.


       6.1.1. A extensão e o Índice de Desmatamento


Em 2003, a área de floresta desmatada na Amazônia brasileira alcançou 648,5 x 10³
km² (16,2% dos 4 x 106 km² da floresta original da Amazônia Legal, que é de 5 x 10 6
km²), incluindo, aproximadamente, 100 x 10³ km² de desmatamento “antigo” (pré-
1970) no Pará e no Maranhão (Figura 20; INPE, 2004). O índice atual e a extensão
cumulativa do desmatamento abrangem áreas enormes. A extensão original da flo-
resta amazônica brasileira era, aproximadamente, equivalente à área da Europa
Oriental. O índice é frequentemente discutido no Brasil em termos de “Bélgicas” já
que a perda anual equivale à área desse país (30,5 x 10³ km²), enquanto que a so-
ma cumulativa é comparada à França (547,0 x 10³ km²). A presença europeia, por
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quase cinco séculos, antes de 1970, desmatou uma área ligeiramente maior que
Portugal. As explicações oficiais, assim como os motivos pelos quais os índices do
desmatamento flutuam (decretos influenciando os incentivos e programas para fisca-
lização e arrecadação de multas), no entanto, são provavelmente incorretas, como
explico aqui. Além disso, uma variedade de questões técnicas sobre as próprias es-
tatísticas permanece em aberto (Fearnside & Barbosa, 2004).


                 Figura 20 - Desmatamento da Amazônia Brasileira




Para o desmatamento acumulado, a parte preta de cada barra representa o desmatamento anterior à
1970. Dados do INPE (2004), exceto o ano de 1978 (Fearnside, 1993b).
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      6.1.2. Causas de Desmatamento


Na Amazônia brasileira, o peso relativo dos pequenos fazendeiros versus grandes
latifundiários altera-se continuamente devido às pressões econômicas e demográfi-
cas. Os grandes latifundiários são mais sensíveis às mudanças econômicas, tais
como as taxas de juros e outros investimentos, subsídios governamentais para o
crédito agrícola, índice de inflação e preço da terra. Os incentivos fiscais foram um
forte condutor do desmatamento nas décadas de 1970 e 1980 (Mahar, 1979). Embo-
ra um decreto em 1991 tenha suspendido novos incentivos, os antigos continuam,
ao contrário da impressão sustentada por afirmações de autoridades do governo de
que tudo acabou. Outros incentivos, como o crédito subsidiado pelo governo com
taxas bem abaixo da inflação, tornaram-se muito mais escassos depois de 1984.
Antes do Plano Real, em 1994, a hiperinflação dominou a economia do Brasil duran-
te décadas. A terra era muito valorizada e os preços atingiam níveis mais altos do
que poderiam ser justificados como um insumo para a produção agropecuária. a reti-
rada das florestas possibilitava reivindicações pela terra e o desmatamento para a
formação de pastagens era o mais barato e mais efetivo nesse sentido, embora seja
questionável até onde essa atividade era usada como especulação de terra . A es-
peculação de terra foi importante até por volta de 1987, quando houve um aumento
subsequente do lucro da pastagem a partir da produção de carne bovina (Mattos &
Uhl, 1994; Margulis, 2003). A recessão econômica brasileira é a melhor explicação
para a queda nos índices do desmatamento de 1987 até 1991. Os fazendeiros não
tinham capacidade de expandir suas áreas desmatadas tão rapidamente e o gover-
no não tinha recursos para a construção de rodovias e para projetos de assentamen-
to. O impacto das medidas de repressão (p. ex., patrulhamento com helicópteros,
confisco de motosserras, multas) foi, provavelmente, menor. A mudança política so-
bre os incentivos fiscais também foi ineficaz. O decreto suspendendo os incentivos
(nº 153) começou a vigorar em 25 de junho de 1991 – subsequente à maior queda
observada no desmatamento.


   6.2. Queimadas


O número de queimadas na Amazônia apresenta uma tendência constante de cres-
cimento ao longo dos anos, nitidamente a partir de 1996, mas com variações intera-
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nuais determinadas pelas condições climáticas. O ano de 1994 foi marcado por uma
redução significativa das queimadas devido a uma combinação de situação econô-
mica e condições climáticas desfavoráveis. Já o ano de 1997, até o início de 1998,
foi marcado por um grande aumento das queimadas que culminaram com um episó-
dio inédito e de grande repercussão com os incêndios no Estado de Roraima Quan-
do os pequenos agricultores desmatam a floresta amazônica, no primeiro ano só
conseguem queimar uma pequena parte da fitomassa florestal: folhas, pontas de
galhos, ramagens etc. No segundo ano, esse material lenhoso está mais seco e
queima um pouco mais. Pesquisas da Embrapa Monitoramento por Satélite com 450
propriedades rurais na região indicam que são necessários cerca de oito anos para
que o agricultor consiga queimar todos os resíduos lenhosos. Isso significa que uma
área desmatada queima repetidas vezes durante oito anos. Nesse sentido, o cons-
tante desmatamento da Amazônia vai gerando um acúmulo de novas queimadas.
Elas somam-se às queimadas das áreas ocupadas antigas onde são usadas regu-
larmente como técnica agrícola para limpar pastos, eliminar restolhos de culturas,
combater pragas e doenças, renovar áreas, obter brotação precoce em pastagens
etc.


   6.3. Construção de Hidrelétricas


A construção de 76 usinas hidrelétricas ameaça a Amazônia. Uma prova é o que
houve em Tucuruí. Setenta e seis novas usinas hidrelétricas das Centrais Elétricas
do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte) vão inundar na Amazônia perto de 80 mil quilô-
metros quadrados de florestas, área equivalente ao estado de Santa Catarina. Nin-
guém pode saber ainda o que essa água vai sepultar em termos de ecossistema,
vegetação ou fauna, nem o que isso vai significar para a natureza brasileira. A expe-
riência de outras hidrelétricas já construídas na região – Tucuruí e Balbina – de-
monstraram a incapacidade da Eletronorte em tratar das questões do meio ambien-
te. A barragem de Tucuruí foi fechada para a formação do lago antes da retirada de
uma floresta e com isso o país perdeu milhões de dólares em madeiras nobres além
de terem sido arrasados 6500 quilômetros quadrados de riquezas naturais e um lago
e um rio terem ficado seriamente poluídos pela floresta apodrecida. Desastres como
esse obrigaram os bancos internacionais a suspender os financiamentos do setor
energético devido a pressão de entidades ambientalistas mundiais. Mesmo depois
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das negociações com os bancos norte-americanos e depois do pacote ecológico do
governo federal, o setor energético continua com os empréstimos suspensos até
Segunda ordem, enquanto outros projetos na Amazônia voltaram a ser discutidos.
Sinal de que a credibilidade do setor ainda está balada. E não sem razão: nos pla-
nos das centrais elétricas, o enfoque dado ao meio ambiente é basicamente o mes-
mo dos últimos anos enquanto existem hidrelétricas ainda maiores do que Tucuruí
projetadas para regiões ecologicamente mais ricas e diversificadas. Ou seja, onde o
impacto contra o meio ambiente poderá ser maior do que o ocorrido em Tucuruí.




   6.4. O Comércio Ilegal de Animais Silvestres e a Biopirataria


No Brasil, o comércio de animais silvestres foi proibido a partir da Lei de Fauna, de
1967. Até então, a captura e comércio de animais era comum em muitas regiões de
Amazônia. Registros do século XIX relatam a intensa coleta de ovos de tartaruga.
Dos ovos extraía-se o óleo, que era utilizado para iluminação das cidades da região.
Estes animais, hoje raros e só recentemente retirados da lista de espécies em exti n-
ção, eram “tão abundantes na água quanto os mosquitos no ar”.
No início do século XX, a captura de peixes-boi (Trichechus inunguis) passou a ser
prática corriqueira. Sua carne era comercializada principalmente na forma de ‘mixira’
(frita e conservada na gordura do próprio animal) e o couro, extremamente resisten-
te, se prestava à manufatura de correias para motores dos mais diversos tipos.
Nas décadas de 1950 e 1960, o comércio mais intenso era o de peles e as espécies
mais visadas eram os felinos (gatos-do-mato, jaguatiricas e onças) e mustelídeos
(principalmente lontras e ariranhas). Estas peles recebiam o nome genérico de ‘fan-
tasia’. A partir da Lei de Fauna, o comércio deste tipo de peles diminuiu, mas acabou
abrindo brecha para o comércio de couro e carne de jacarés (cujo produto era con-
siderado ‘pesca’ e não ‘caça’).
Os psitacídeos (araras, papagaios e periquitos) sempre estiveram entre os principais
animais capturados ilegalmente para serem comercializados para criação doméstica.
Mais recentemente, há uma ‘moda’ mundial de criação de répteis em casa, e algu-
mas cobras e lagartos amazônicos estão entre as espécies exportadas para esta
finalidade.
50



Porém, o tipo de comércio de animais que mais preocupa é o dos organismos que
possuem substâncias químicas que podem ou poderão ser usadas para a produção
de medicamentos, aromáticos, inseticidas e cosméticos. O desenvolvimento das
tecnologias para extração de químicos, sua sintetização em laboratório, a manipula-
ção genética e a possibilidade de registro de patentes sobre estes recursos, está
gerando uma guerra. É esta guerra que está por trás da chamada ‘biopirataria’.
Conforme a Convenção da Biodiversidade, cada país deve ter direito aos seus re-
cursos genéticos, mas, na prática, a tecnologia tem ajudado os países mais desen-
volvidos a obterem patentes de recursos que não são originários de seus territórios.
As patentes vão desde os nomes, como “cupuaçu” e “açaí”, passam pelo registro de
processamentos tradicionais, como a produção de “cupulate” (chocolate feito com
sementes do cupuaçu), e podem chegar até as formulações químicas, como o prin-
cípio ativo Captopril, que controla a pressão arterial, originário do veneno da jararaca
(Bothrops jararaca). Hoje em dia, os royalties dos medicamentos que usam esse
princípio ativo não pertencem ao Brasil, mas ao laboratório norte-americano que fi-
nanciou a pesquisa.
Na recente disputa pelo cupuaçu, após intensa manifestação da sociedade e questi-
onamento internacional, o direito ao uso deste nome e as técnicas de produção do
“cupulate” foram “devolvidos” ao Brasil. No entanto, embora o país detenha esses
direitos em seu território, uma empresa japonesa mantém os direitos sobre seu uso
nos Estados Unidos e Europa.
A problemática da biopirataria, no entanto, não envolve apenas disputas internaci o-
nais. Mesmo dentro do território nacional há uma preocupação sobre como assegu-
rar às comunidades indígenas e tradicionais o direito sobre o uso e benefícios gera-
dos por produtos naturais que estão em seus territórios, e cujo valor para a ciência é
descoberto a partir dos seus conhecimentos algumas vezes seculares.



   6.5. A Pesca Predatória


Na pesca, as espécies mais visadas hoje em dia são os grandes bagres: a piramu-
taba (Brachyplatystoma vaillanti), a dourada (B. flavicans), o surubim (Pseudoplatys-
toma fasciatum) e a piraíba, também chamada de “filhote” (B. filamentosum). A ex-
ploração deste recurso se dá principalmente no estuário, onde a atividade é mais
51



forte na seca, mas ocorre durante todo o ano. Nas demais regiões da Amazônia,
onde acontece em menor intensidade, a atividade se concentra no período de águas
baixas.
A pesca desses animais se dá em escala industrial, cuja produção é voltada princi-
palmente para a exportação. Estes grandes animais são muito apreciados, pois de-
les se pode tirar filés de excelente sabor e sem espinhas. Estudos têm apontado
uma diminuição na captura destas espécies (de 28 mil toneladas em 1977 para 10
mil toneladas em 1998), cuja causa mais provável é a diminuição dos estoques de-
vido à super exploração. Assim, é necessário estabelecer medidas de controle para
que tal atividade econômica mantenha-se em níveis sustentáveis.
Os especialistas acreditam que o principal problema para a sustentabilidade da pes-
ca da piramutaba, que é a mais valiosa e conhecida destas espécies, é o fato de os
animais pescados no estuário serem em sua maioria jovens. O ciclo de vida da es-
pécie inclui migrações de cerca de 3.500 km, principalmente na calha do Soli-
mões/Amazonas. Os adultos sobem o rio e desovam, no Brasil, na área entre Taba-
tinga e o rio Purus. Os jovens voltam para o estuário para crescer – e é quando são
intensamente capturados. Estima-se que 80% da captura são de animais muito pe-
quenos, que são devolvidos ao rio, mas geralmente não resistem e morrem. A inter-
rupção do ciclo de vida dessa parcela significativa da população tem afetado os es-
toques pesqueiros da espécie.
O pirarucu, maior peixe de escama da região, foi por muito tempo pescado de forma
artesanal. Com a introdução das redes, animais cada vez menores começaram a ser
capturados. A captura do tambaqui também sofreu um importante declínio, atribuído
à pesca. Um estudo no médio Solimões mostrou que a pesca destas espécies se dá
nos lagos, onde residem os jovens, ou em áreas de queda de árvores no canal do
rio, chamadas ‘pauzadas’. Acredita-se que este seja o local de desova destes ani-
mais e que esta captura ocorreria na época da sua reprodução. Como o período do
defeso era único para toda a bacia e a reprodução varia de um lugar para o outro, o
estudo propôs que o período de defeso fosse regionalizado para efetivamente prote-
ger as espécies nesta fase.
52



Conclusão


A Amazônia é um grande fator para sobrevivência de diversas espécies, inclusive o
ser humano, mas com essa grave depredação prejudica grande parte de sua biodi-
versidade, pois, muitas espécies já foram extintas e muitas outras estão ameaçadas
de extinção, abalando cada vez mais os ecossistemas. Se a situação não mudar,
consequentemente, não só haverá grandes mudanças climáticas, como também,
graves desastres ecológicos, ocorrendo o aumento do nível dos mares, inundações
constantes, escassez de água potável em determinadas regiões e etc.
53



Bibliografia


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      http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/geografia/geografia
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      Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Instrução Normativa nº 003.
      Brasília, Distrito Federal, Brasil.
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Floresta Amazônica

  • 1. CENTRO PAULA SOUZA ETEC CUBATÃO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE A FLORESTA AMAZÔNICA Luiz Fernando Santos de Moura Raquel Fernanda de Jesus Pinho Renan Maciel Alves Sabrina dos Santos Lucena Cubatão 2011
  • 2. Luiz Fernando Santos de Moura, 25 Raquel Fernanda de Jesus Pinho, 41 Renan Maciel Alves, 32 Sabrina dos Santos Lucena, 34 A FLORESTA AMAZÔNICA Prof. André C. F. Vicente Cubatão 2011
  • 3. “A Amazônia é, sim, fundamental ao equilíbrio climático do planeta. Pode-se compará-la a um rim, atuando como regulador de diversas funções vitais. Intervenções mal planejadas certamente provocarão mudanças ambientais em escala mundial, cujas consequências são difíceis de conceber.” (JAMES LOVEJOCK)
  • 4. Resumo A Amazônica está localizada na parte noroeste da América do Sul. É a maior floresta tropical do mundo com uma área total de aproximadamente 7 milhões de km², abri- gando a maior bacia hidrográfica do mundo, a Bacia do Rio Amazonas. O rio Ama- zonas é o maior rio do mundo em extensão e volume, possuindo a maior foz do mundo. Com um clima bastante variável, é um berço para inúmeras espécies de animais e plantas, sendo o local com maior biodiversidade do planeta. Porém, vem sofrendo uma grande devastação por parte do homem, como queimadas, a explora- ção extrativista excessiva, o trafico ilegal de animais e a caça predatória, podendo extinguir a floresta e toda essa biodiversidade que ela abriga. Palavras-chave: Floresta Amazônica, Bacia do Rio Amazonas, biodiversidade, de- vastação, exploração extrativista. Abstract The Amazon forest is located in the northwestern part of South America is the largest rainforest in the world with a total area of approximately 7 million km ², housing the world's largest river, the Amazon Basin. The Amazon River is the longest river in the world in size and volume, having the largest estuary in the world. With a highly variable climate, is a cradle for many species of animals and plants, making it the largest biodiversity on the planet. However, has suffered a great destruction by hu- mans, such as fires, excessive extractive exploitation, illegal traffick- ing and poaching of animals, and can extinguish the forest and all the biodiversity within it. Keywords: Amazon rainforest, Amazon Basin, biodiversity, deforestation, exploita- tion, extraction.
  • 5. Lista de Tabelas TABELA 1 - TIPOS DE V EGETAÇÃO DA AMAZÔNIA ................................................................................ 13 Lista de Ilustração FIGURA 1 - D IAGRAMA DA RECICLAGEM DA ÁGUA NA AMAZÔNIA ............................................................. 11 FIGURA 2 - BACIA H IDROGRÁFICA AMAZÔNICA .................................................................................... 17 FIGURA 3 - V ITÓRIA R ÉGIA .............................................................................................................. 22 FIGURA 4 – S ERINGUEIRA ............................................................................................................... 23 FIGURA 5 - CASTANHEIRA - DO-PARÁ ................................................................................................. 25 FIGURA 6 - MOGNO ........................................................................................................................ 26 FIGURA 7 - C ERAMBICÍDEO- GIGANTE ................................................................................................ 29 FIGURA 8 - P IRARUCU .................................................................................................................... 31 FIGURA 9 - P EIXE-SERRA ................................................................................................................ 32 FIGURA 10 - S UCURI-V ERDE ........................................................................................................... 33 FIGURA 11 - JACARÉ-AÇU ............................................................................................................... 34 FIGURA 12 - TARTARUGA - DO-A MAZONAS .......................................................................................... 35 FIGURA 13 - GAVIÃO-REAL .............................................................................................................. 36 FIGURA 14 - P EIXE-BOI-DA -A MAZÔNIA ............................................................................................... 38 FIGURA 15 - O NÇA - PINTADA ............................................................................................................ 40 FIGURA 16 - A RIRANHA ................................................................................................................... 41 FIGURA 17 - A RARA -AZUL-G RANDE .................................................................................................. 42 FIGURA 18 - GATO - DO-MATO .......................................................................................................... 43 FIGURA 19 - MACACO -ARANHA - PRETO .............................................................................................. 44 FIGURA 20 - D ESMATAMENTO DA AMAZÔNIA BRASILEIRA ..................................................................... 46
  • 6. Sumário Introdução................................................................................................................................8 1. O Nascimento da Amazônia........................................................................................9 2. Aspectos Físicos e Geográficos ............................................................................. 10 2.1. Clima ....................................................................................................................... 10 2.2. Vegetação .............................................................................................................. 12 2.2.1. Os tipos de vegetação da Amazônia no Brasil ............................................ 12 2.2.1.1. As Matas de Várzea ................................................................................. 13 2.2.1.2. As Matas de Igapó .................................................................................... 14 2.2.1.3. As Matas de Terra Firme ......................................................................... 14 2.2.1.4. As Áreas de Transição ............................................................................. 14 2.2.1.5. As Florestas Secundárias ........................................................................ 15 2.3. Solo ......................................................................................................................... 15 2.4. Relevo..................................................................................................................... 16 3. A Bacia Hidrográfica do rio Amazonas................................................................. 17 4. A Flora............................................................................................................................ 20 4.1. Plantas Aquáticas da Amazônia ......................................................................... 21 4.1.1. Victoria amazônica............................................................................................ 22 4.2. Plantas Terrestres da Amazônia ........................................................................ 23 4.2.1. Hevea brasiliensis ............................................................................................. 23 4.3. Ameaças a Flora Amazônica .............................................................................. 24 4.3.1. Bertholletia excelsa........................................................................................... 24 4.3.2. Swietenia macrophylla ..................................................................................... 25 5. A Fauna.......................................................................................................................... 27 5.1. A diversidade dos invertebrados ........................................................................ 28 5.1.1. Titanusgiganteus ............................................................................................... 29 5.2. A diversidade dos ambientes aquáticos............................................................ 30 5.2.1. Arapaima gigas.................................................................................................. 30 5.2.2. Pristis pectinata ................................................................................................. 31 5.3. A diversidade de anfíbios e répteis .................................................................... 32
  • 7. 5.3.1. Eunectes murinus ............................................................................................. 33 5.3.2. Melanosuchus niger.......................................................................................... 34 5.3.3. Podocnemis expansa ....................................................................................... 34 5.4. A diversidade das Aves........................................................................................ 35 5.4.1. Harpia harpyja ................................................................................................... 36 5.5. A diversidade dos Mamíferos.............................................................................. 37 5.5.1. Trichechus inunguis .......................................................................................... 38 5.5.2. Panthera onca ................................................................................................... 39 5.5.3. Pteronura brasiliensis ................................................................................... 40 5.6. Animais Ameaçados de Extinção ....................................................................... 41 5.6.1. Anodorhynchus hyacinthinus .......................................................................... 42 5.6.2. Leopardus tigrinus ............................................................................................ 43 5.6.3. Ateles paniscus ................................................................................................. 43 6. Ameaças à Floresta .................................................................................................... 45 6.1. Desmatamento ...................................................................................................... 45 6.1.1. A extensão e o Índice de Desmatamento ..................................................... 45 6.1.2. Causas de Desmatamento .............................................................................. 47 6.2. Queimadas............................................................................................................. 47 6.3. Construção de Hidrelétricas ................................................................................ 48 6.4. O Comércio Ilegal de Animais Silvestres e a Biopirataria .............................. 49 6.5. A Pesca Predatória ............................................................................................... 50 Conclusão............................................................................................................................. 52 Bibliografia ........................................................................................................................... 53 Apêndices ............................................................................................................................. 56 Apêndice A - Animais Ameaçados de Extinção na Amazônia .................................. 56 Apêndice B - Peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de extinção ............... 58 Apêndice C - Plantas Ameaçadas de Extinção............................................................ 59
  • 8. 8 Introdução A Floresta Amazônica se situa na América do Sul, fazendo parte dos territórios de Peru, Colômbia, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Brasil. Sendo a maior floresta tropical do mundo e contendo a maior biodiversidade do mundo, Sua formação precisou de vários processos geográficos e climáticos, que possibilitaram a existência de seres vivos no local. Com uma grande variação de clima e de vegetação, Possui a maior Bacia Hidrográfica do mundo, a bacia do Rio Amazonas, que também é a maior reserva de água doce do mundo. Com uma gran- de biodiversidade em sua fauna e sua flora, sofre muito com as ameaças que o ho- mem causa à floresta, como o desmatamento excessivo, a caça ilegal aos animais, que causou em extinções precoces de animais e deixou vários animais quase exti n- tos.
  • 9. 9 1. O Nascimento da Amazônia Do ponto de vista da história geológica da Terra, a formação da floresta Amazônica é extremamente recente. As condições para que exista uma floresta tropical úmida só surgiu a seis milhões de anos atrás. E não foram somente fatores climáticos e as relações entre as espécies, mas também processos geológicos que mudaram a for- ma do ambiente e resultou no estabelecimento de uma grande biodiversidade. De acordo com as informações já obtidas sobre a Amazônia, mostram que nem sempre a floresta esteve ali. Há mais de vinte milhões de anos atrás, a Amazônia era um uma área com o clima árido, portanto não tinha umidade suficiente para su- portar uma floresta tropical. Mas entre 24 e 12 milhões de anos atrás, o mar pene- trava e regredia na região, mudando as características da região com o tempo. Um dos fatores geológicos, provavelmente o mais importante para o surgimento da floresta Amazônica foi a formação da Cordilheira dos Andes. As primeiras mudanças que permitiram a formação da floresta amazônica foram induzidas por eventos geo- lógicos como o soerguimento da cordilheira dos Andes, há 12 milhões de anos. Apenas os fatores regionais relacionados a mudanças climáticas não seriam sufici- entes para influenciar os processos de seleção, diferenciação e extinção de espé- cies.
  • 10. 10 2. Aspectos Físicos e Geográficos A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo, com aproximadamente7 milhões de km². No Brasil se encontram 3,64 milhões de km² dessa floresta sem contar as zonas de transição; se somado às zonas de transição, seu total será de 4,24 milhões de km², correspondendo assim a 49% de todo o território brasileiro. Porém, vale lembrar que o homem degradou 650 mil km² -- mais de 20% da área total amazônica. 2.1. Clima O clima da Amazônia não é uniforme, apresentando grandes variações. Em algumas regiões é típico de savana (cerrado), com uma estação seca longa e bem definida, e baixa umidade relativa do ar, como na transição entre Amazônia e semiárido; em outras é super-úmido e praticamente sem estação seca, como nas encostas dos Andes. Até as imagens de satélite são capazes de detectar mudanças na vegetação das florestas, com menos folhas na época da seca. A floresta amazônica encontra-se em estado que os ecólogos denominam “clímax”. Nele, a energia é reciclada localmente, ou seja, a complexa cadeia alimentar envol- vendo vegetais e animais reaproveita tudo. Esse estado se caracteriza pela absor- ção de energia pelas cadeias alimentares no reino vegetal e animal, e nele, o ciclo da água, vinda do mar pelos ares à terra coberta de floresta e voltando da floresta pela superfície fluvial ao mar eterno (ver Figura 1). A grande quantidade de chuvas transforma a Amazônia na maior bacia hidrográfica do planeta. Sua distribuição, porém, não é uniforme, nem em termos de áreas geo- gráficas, nem de períodos definidos de seca e cheia, não sendo difícil que num mês chova até o dobro do que no mesmo período do ano anterior. Na Amazônia estão os maiores índices médios de chuvas do continente americano: 8 mil mm/ano ( uma coluna de 8 m de chuva por ano) nos sopés dos Andes, no Peru e no equador. Ali se diz que há a estação de chuva e a de diluvio. No Brasil, os mai- ores índices estão no noroeste do Amazonas, na região conhecida como “Cabeça do Cachorro” (3600 mm/ano) e na costa do Amapá (3200 mm/ano).
  • 11. 11 Figura 1 - Diagrama da reciclagem da água na Amazônia Fonte: Meirelles, 2006,O livro de ouro da Amazônia: . Rio de Janeiro: Ediouro. Cerca de 20% das chuvas caem em forma de aguaceiros (tempestades). Uma única chuva, de algumas horas, pode representar 200 mm. Um aguaceiro significa cerca de 1 mm/minuto. O impacto decorrente de uma tempestade desse tipo é 40 vezes superior ao de uma chuva forte em uma zona temperada. Isso demonstra o potencial para a erosão do solo se ele estiver exposto diretamente às chuvas. A Amazônia é cortada pela linha do Equador que passa praticamente onde está o rio Amazonas, com isso a região acima do tropico apresenta as estações do ano opos- tas às da região abaixo deste, enquanto na Venezuela, Colômbia e Guianas e nos estados de Roraima, Amapá e na parte norte do Amazonas é ‘inverno’ (período chu- voso), em parte do Peru, Bolívia e nos estados brasileiros ao sul do Amazonas, é ‘verão’ (período seco). Uma das principais características da Amazônia é a constância das temperaturas. A umidade alta é um dos principais responsáveis por isso, pois, ao absorver os raios infravermelhos emitidos pela superfície, a umidade não permite grandes e drásticas variações. A média anula está entre 26°C na estação chuvosa e 27,5°C na estação seca, uma variação média anual inferior a 2°C. Ao longo do dia a diferença entre a temperatura mais alta e a mais baixa chega a 10°C. Em zonas secas como os de- sertos e regiões semiáridas, em função da baixa umidade, as diferenças entre as
  • 12. 12 altas temperaturas durante o dia e as da noite podem chegar a mais de 30°C, muitas vezes superiores às da floresta tropical. 2.2. Vegetação De maneira geral, nas florestas de terra firme, classificadas como ombrófilas, densas ou abertas, as árvores são 50% mais altas do que nas florestas temperadas. Como as variações entre o período seco e chuvoso são pequenas e a umidade mantém-se relativamente alta, a maioria das árvores não perde folhas. Em função dessas altas umidades as florestas densas dificilmente sofrem com as queimadas em seu estado natural. As grandes árvores da Amazônia cujas copas estão no dossel da floresta (dossel: é o estrato superior das florestas, que ao que tudo indica guarda as maiores biodiver- sidades do planeta, contendo, segundo estimativas, até 65% das formas de vida das florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura). Numa grande árvore podem- se encontrar mais de cem espécies de samambaias, bromélias, cactos, aráceas e outras formas de vida vegetal. Só de orquídeas já foram encontradas, numa única árvore do Sudeste Asiático, mais de 50 espécies. Para se proteger das tempestades com ventos muito fortes, que superam os 100km/h, muitas árvores do dossel da floresta possuem sistemas de troncos que se abrem próximos ao solo (como se fossem as asas laterais) ou raízes tabulares para garantir sua estabilidade (as sapopemas), é o caso da samaumeira (Ceiba penta- dra), da figueira branca (Ficusdoliarius). Os ventos são os maiores responsáveis são os maiores responsáveis pela queda das grandes árvores. 2.2.1. Os tipos de vegetação da Amazônia no Brasil O IBGE identifica no bioma amazônico do Brasil 70 tipos de vegetação não alteradas pelo homem e 6 tipos alteradas pelo homem. Há 7 grandes tipos de vegetação: as campinaranas, as florestas estacionais deciduais, florestas ombrófilas abertas, for- mações pioneiras com influencia fluvial ou marinha, florestas ombrófilas densas, re- fúgios montanos, savanas amazônicas (ver na Tabela 1). Essas formas de vegeta-
  • 13. 13 ção apresentam- se de varias maneiras, dependendo do clima, da formação geoló- gica, do relevo, do solo, da hidrografia, e de outros fatores naturais. Tabela 1 - Tipos de Vegetação da Amazônia Tipos de vegetação % s/ Amazônia Sinônimos Campinaranas 4,10 Florestas Estacionais Deciduais ou 4,67 Mata Seca Semideciduais Florestas Ombrófilas abertas 25,48 Formações pioneiras com influencia 1,7 fluvial e/ou marinha Florestas Ombrófilas densas 53,63 Refúgios Montanos 0,029 Tepui Savanas Amazônicas 6,07 Cerrado Outras formas de vegetação 4,15 Fonte: Meirelles, 2006,O livro de ouro da Amazônia: . Rio de Janeiro: Ediouro. A primeira conclusão é de que 83,78% da vegetação amazônica no Brasil é compos- ta por formações florestais. Outra visão importante é sobre as áreas inundadas. ‘’A terra firme’’ cobre a maioria da Amazônia – 96%. Menos de 4% da região é inundada de forma permanente ou temporária. 2.2.1.1. As Matas de Várzea As várzeas da bacia amazônica representam mais de 180 mil km², área pouco me- nor do que a do Estado do Paraná ou o dobro da de Portugal. Elas resultam de de- zenas de milhares de anos de deposição de sedimentos que se acumularam nos fundos dos rios. Na Amazônia os ciclos são de chuva (inverno) e seca (verão). D u- rante as secas as várzeas são alagadas, e a água do rio carrega grande quantidade de matéria orgânica para as matas e os campos. A deposição é lenta e ocorre no
  • 14. 14 momento em que a água para de invadir os espaços inundáveis, e seu nível começa a baixar. A várzea forma-se em áreas planas e pode ser dividida em altas e baixas. 2.2.1.2. As Matas de Igapó As matas de igapó: nos rios de água escura como o Negro, o Urubu e o Uatumã (no Amazonas), as áreas de florestas inundadas são chamadas de igapós, sua vegeta- ção permanece verde, com folhas largas, e as árvores maiores atingem 20 m. Há grande quantidade de cipós e epífitas, e diversas plantas apresentam raízes que as ajudam a respirar. 2.2.1.3. As Matas de Terra Firme As matas de terra firme: as florestas que não estão sujeitas à inundação represen- tam no Brasil mais de quatro quintos da cobertura vegetal da região. A maior parte das árvores não perdem folhas na estação seca, algumas delas, no entanto o fazem, os estudos indicam que as espécies de árvores variam bastante de região pra regi- ão, poucas árvores são comuns a toda região amazônica. 2.2.1.4. As Áreas de Transição No Brasil, a Amazônia faz divisa com o bioma do cerrado, ao sul, e do semiárido brasileiro (caatinga), a leste. O ecótono Cerrado-Amazônia representa 4,85% do pa- ís. No Brasil as áreas de transição são as que mais sofreram com a ação do homem. O Ibama aponta que foi desmatado mais de 60% desse bioma, que praticamente coin- cide com o “arco do desmatamento da Amazônia brasileira”. A grande preocupação se relaciona ao fato de nesse ecótono estar a maior concentração de matas secas do Brasil. A situação do ecótono Caatinga-Amazônia é também critica, pois também coincide com parte do arco do desmatamento, embora, esteja menos devastado. Este representa cerca de 1,7% do país. Fora do Brasil, a Amazônia faz divisa ao norte, na Venezuela, com a zona dos Lla- nos (formação savanica similar ao cerrado). A sudoeste, na Bolívia, também há for- mações savanicas, os Llanos da Bolívia. A oeste está a cordilheira dos Andes e a
  • 15. 15 região de transição para as florestas submontanas. É importante lembrar que essas áreas de transição são de grandes dimensões, e as mudanças de vegetação, em geral, ocorrem de maneira lenta. 2.2.1.5. As Florestas Secundárias Devido à existência de mais de 60 milhões de ha de áreas desmatadas apenas no Brasil, das quais pelo menos 20%, ou seja, 12 milhões de ha, seriam de áreas abandonadas em franca regeneração espontânea, as florestas secundárias mere- cem atenção especial. Há regiões, como a de Altamira, no rio Xingu (Pará), que, se- gundo o INPA, apresentam mais de metade da área desmatada já coberta por flo- restas secundárias. 2.3. Solo A idade avançada da geologia do solo é uma das razoes para sua baixa fertilidade geral, mas só nos solos originários dos Andes apresentam maior fertilidade; seu uso, no entanto, restringe-se devido à declividade e às chuvas. A maior parte do solo é considerada quimicamente pobre; são solos “lavados”. A explicação está no tempo em que a água esta em exposição que dissolve a maior parte dos minerais, mas em casos extremos, como em algumas áreas de terra firme próximas a Belém, há tanta areia no solo, que é difícil manter culturas como a do milho de pé, A maior parte das terras dos solos de baixa fertilidade está localizada em um dos dois grandes escu- dos, o das Guianas ao norte, o Brasileiro ao sul. O cientista Herbert Shubart faz a pergunta: “Se a maior parte do solo da Amazônia é de fertilidade tão baixa, como pode suportar uma floresta tão exuberante?”. Explica- se que a resposta está na reciclagem dos nutrientes pelos seres vivos, ou seja, a floresta absorve e recicla todos os nutrientes liberados pelas folhas, galhos, troncos e animais mortos. Fazendo assim com que a floresta acabe “crescendo do solo” e não “nascendo do solo” devido a utilização da absorção e reciclagem desses nutri- entes. As folhas, galhos e raízes têm capacidade de captar e armazenar nutrientes que es- tá toda no Na floresta tropical, a capacidade de captar e armazenar nutrientes está
  • 16. 16 toda no complexo sistema de folhas e raízes, obrigando as folhas, os galhos e as raízes cobrirem a maior superfície possível, garantindo-lhes dimensões gigantescas. E por quê o solo da floresta tropical sofre muito mais com a retirada de grandes ár- vores do que o solo da floresta de zonas temperadas e subtropicais?. Isso ocorre porquê boa parte do potássio, magnésio e fosforo necessários às plantas em cres- cimento é recuperada das águas que caem sobre as folhas. Quando ocorre o desmatamento, o solo fica exposto às chuvas e às altas temperatu- ras. A chuva endurece o solo, diminuindo sua capacidade de absorver a água, ou seja, o solo esta tão “duro” fazendo com que ao invés de dissolver a água acaba por fazer com que ela se escorra aumentando sua erosão. Segundo o Centro Internacional de Agricultura Tropical, da Colômbia, há grande va- riação de tipos de solo, segundo pesquisas 81% têm pH abaixo de 5,3 (alta acidez), e alto teor de toxidez de alumínio, 90% apresentam pouco fosforo (dentro de menos de 7ppm), e 56% possuem baixas reservas de potássio. A Amazônia é o reino das “carências minerais”. Isso explica a forma tradicional de utilização de seu solo, de- senvolvida ao longo de mais de cinco mil anos, a cultura da floresta tropical. 2.4. Relevo Afirma-se que apenas de 3 a 5% do espaço amazônico é de planícies aluviais. Mas isso não significa que as áreas sejam tolamente planas. Segundo que Aziz Ab’Saber pode se afirmar que 95% da Amazônia são de “terras baixas, ora semiplanas, ora semionduladas”. Formando assim um conjunto de colinas. Avalia-se que a Amazônia esteja dividida entre metade. Uma metade da Amazônia esteja a menos de altitude e outra metade estaria entre 100 a 500 metros. Acima de 500m há áreas representativas apenas na encosta andina, e menos de 2% da região está acima de 500 metros. Entre o Amazonas e a Venezuela, há o Pico da Neblina, no qual é o ponto culminan- te do Brasil, que fica na Serra do Imeri, com 2993,8 metros. E seu segundo ponto mais alto é o Pico 31 de Março, que também faz parte do Parque Nacional do Pico da Neblina.
  • 17. 17 3. A Bacia Hidrográfica do rio Amazonas A Bacia Hidrográfica do rio Amazonas é a maior bacia hidrográfica do mundo com 6,925 milhões de km², ocupando cerca de 1/3 da superfície da América do Sul em seis países (Brasil, Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela) (Figura 2). São mais de mil rios e afluentes que juntos correspondem por 15% das águas doces su- perficiais em forma líquida da Terra, sendo assim, a maior reserva mundial. Sendo os rios Solimões (Amazonas), Negro, Tapajós, Madeira e Xingu, os maiores e mais importantes rios dessa bacia . Figura 2 - Bacia Hidrográfica Amazônica Fonte: http://wapedia.mobi/pt/Ficheiro:Amazonriverbasin_basemap.png Há na Bacia Amazônica três tipos de águas, que variam conforme o ambiente geo- lógico e a cobertura vegetal por onde passam. A idade geológica da calha do rio de- termina sua coloração. As de formação geológicas mais recentes, como os Andes,
  • 18. 18 são “brancas” (barrentas); as que vêm de formações mais antigas podem ser “escu- ras” ou “verde-azuladas”. As águas claras (barrentas ou brancas) têm visibilidade que varia de 0,1m a 0,5m; o pH é o próximo de neutro (6,5 a 7,0). Nascem nos sopés dos Andes e correm de oeste para leste em direção ao oceano Atlântico. Seu aspecto barrento vem da quantidade de matérias orgânicas erodidas e de nutrientes. Entre estes está o pró- prio Amazonas (que se chama Solimões até encontrar o Negro) e seus formadores (Marañon, Huallagao e o Ucaialy), em sua margem esquerda o Japurá, o Napo (no Equador), o Içá (Putumayo no Equador e Colômbia), e em sua margem direita o Ju- ruá, o Purus, o Madeira e o Acre. A pesca é farta, e boa parte da matéria orgânica é depositada anualmente nas várzeas do Solimões e do Amazonas e demais afluen- tes, tornando-as bastante férteis. As águas escuras (pretas) são as de maior visibilidade, com mais de 4m, ácidas, com pH de 4,0 a 7,0 e pobres em matéria orgânica. Esses rios muitas vezes pene- tram florestas inundáveis (Igapós), onde a matéria orgânica (folhas, galhos e frutos) se decompõe rapidamente ao cair na água, razão de sua coloração. Entre os princi- pais estão o Negro, o Urubu, o Uatumã e o Trombetas. Eles nascem no planalto das Guianas e correm de norte a sul, a partir da fronteira do Brasil com Colômbia e Ve- nezuela. Esses rios nascem em zonas onde há pouca erosão e pouca matéria orgâ- nica a transportar pelos rios, mesmo nos períodos de chuvas. Suas margens são imprecisas, e é comum observar florestas inundadas. Para o homem esses rios têm pouca pesca. A temperatura média do Negro é de cerca de 30°C, em torno de 1°C a mais do que a do Amazonas. As águas azul-esverdeadas, com visibilidade variável de 1,50m a 2,50m, são bas- tante ácidas, com baixo teor de sais e pH de 3,5 a 4,0, e apresentam pouca matéria orgânica em suspensão. Boa parte desses rios nasce no Planalto Central do Brasil e corre de sul a norte: o alto Guaporé (fronteira do Brasil e Bolívia), o tapajós, o Curuá- Uma e o Xingu (todos no Pará). Suas cabeceiras são de terrenos com bem menos erosão do que aqueles dos Andes. Nos períodos de chuva aumenta a quantidade de matéria orgânica. As margens (barrancos) são altas e estáveis. São rios um pouco mais piscosos do que os de águas pretas, porém muito inferiores aos de águas brancas. O Amazonas é o mais longo, o maior em volume de água e o rio com maior foz mundo. Nasce nos Andes peruanos, nas geleiras de Yarupa, onde chove 2.600
  • 19. 19 mm/ano. A nascente do riacho Huarco com cerca de 15 cm perto do Cerro Huagra, a 5 mil metros de altitude, é uma descoberta recente, da década de 1950. Nas terras altas bolivianas e peruanas há uma grande quantidade de matéria orgânica erodida, dos depósitos dos períodos glaciais que caracterizam o rio Amazonas e seus forma- dores. Nessa zona os deslizamentos de terras são muito frequentes. O Amazonas troca sete vezes de nome em seu curso. De Huarco, transforma-se em rio Toto, depois Santiago, e Apurimac, e então rio Ene, rio Tambo, depois Ucayali, recebe o Urubamba e, quando entra no Brasil, recebe o nome de Solimões até a confluência com o Negro. Como Amazonas, percorre 1.600 km do rio Negro à foz. No total, segundo recentes medições do INPA são 6.627 (por um critério) ou 6.992 km se considerados certos contornos do rio, antes de encontrar o Oceano Atlântico (o IBGE ainda o considera com 6.570 km). Recentemente ficou comprovado que o rio Amazonas supera o Nilo, sendo o mais longo rio do mundo. Sua profundidade média está entre 40 e 50 m. Em frente à Óbidos (Pará), apresenta sua menor largura, cerca de 1.500 m e a maior profundidade, estimada em 100 m, e a sua velocidade aumenta para 7 km/h. O local é conhecido como o “cotovelo do Amazonas”. A bacia Amazônica representa 16% do que todos os rios do planeta despejam de água nos oceanos (120 mil m³/s). O volume de água na foz do Amazonas varia entre 100mil m³/s (100 milhões de l/s) no período de seca e 300 mil m³/s no período das cheias. As águas barrentas do Amazonas chegam a ser lançadas até 330 km no Oceano Atlântico. A vazão do Amazonas é cinco vezes superior à do segundo rio com maior vazão do planeta, o Zaire, 12 vezes a do Mississipi, o maior da América do Norte. Se conside- rarmos em média 120 mil m³/s, isso significa que o consumo diário de uma cidade de dois mil habitantes seria suprido por pouco mais de um segundo da vazão de água do rio. O que o rio Tâmisa, que banha Londres, lança de água em um ano no ocea- no, o Amazonas faz em 24 horas.
  • 20. 20 4. A Flora A flora amazônica ainda é praticamente desconhecida. Com um fantástico potencial de plantas utilizáveis para o paisagismo, é constituída principalmente de plantas herbáceas de rara beleza, pertencentes às famílias das Arácea, Heliconiaceæ, Ma- rantácea, Rubiácea, entre outras. Essa flora herbácea, além do aspecto ornamental, seja pela forma ou pelo colorido da inflorescência, desempenha vital função no equi- líbrio do ecossistema. Como exemplo, temos as helicônias, com uma grande variedade de espécies com coloridas inflorescências. São de presença marcante nas nossas matas úmidas e tem uma importante função no equilíbrio ecológico. No continente americano, as he- licônias são polinizadas exclusivamente pelos beija-flores que, por sua vez, são os maiores controladores biológicos do mosquito palha Phletbotomus, transmissor da leishmânia, muito abundante na Amazônia desmatada. A alimentação dos beija-flores chega a ser de até 80% de néctar das helicônias na época da floração das espécies. Com poucas espécies herbáceas e a grande maioria com espécies de grande porte, as palmeiras têm uma exuberante presença nas matas ribeirinhas, alagadas e nas serras, formando um destaque especial na paisagem amazônica. Muitas palmeiras amazônicas, como tucumã, inajá, buritirana, pupunha, caioué e outras espécies de classificação desconhecida foram muito pouco ou nada utilizadas para o paisagismo. Quanto às árvores, o vastíssimo mar verde amazônico tem um número incalculável de espécies. Algumas delas, endêmicas em determinadas regiões da floresta, foram ou estão sendo indiscriminadamente destruídas, sem que suas propriedades sejam conhecidas. Dentre as árvores mais conhecidas utilizáveis para o paisagismo, estão o visgueiro, os ingás, a sumaúma, muitas espécies de figueiras, os taxizeiros, a moela de mutum, a seringueira e o bálsamo. Crescendo sob as árvores amazônicas, encontram-se plantas epífitas, como: bromé- lias, orquídeas, imbés e cactos. Essas plantas são importantes para a fauna que vi- ve exclusivamente nos galhos e copas das árvores. Dentre os animais que se inte- gram na comunidade epífita, temos os macacos, os saguis, as jaguatiricas, os gatos- do-mato, lagartos, araras, papagaios, tucanos e muitos outros que se especializaram nesse habitat acima do solo. Com o corte das árvores, as epífitas desaparecem e, com elas, toda a fauna associada.
  • 21. 21 Muitas dessas plantas epífitas de rara beleza foram muito bem retratadas pela pinto- ra Margaret Mee, durante as várias excursões que realizou na floresta amazônica. Outrora abundantes em determinadas regiões, hoje grande parte dessas plantas se encontra em populações reduzidas. Certamente a região amazônica tem um gigantesco potencial madeireiro, de plantas utilizáveis para o paisagismo e de espécies vegetais com substâncias para uso me- dicinal. Mas é necessário que tais recursos sejam mantidos de forma renovável. A floresta amazônica ensina que o extrativismo indiscriminado apenas desertifica, pois ela é mantida pela camada de húmus em um solo fresco, muitas vezes arenoso. Portanto, é imprescindível utilizar a floresta de uma forma racional. Explorando-a, mas renovando-a com as mesmas espécies nativas; e, principalmente, preservando as regiões de santuários de flora e fauna, que muito valerão, tanto no equilíbrio eco- lógico, quanto no regime de chuvas e na utilização para o turismo. A amazônica, com seus 6,5 milhões de Km² é a maior floresta tropical do mundo. Abrangendo no- ve países, ocupa quase metade da América do Sul. A maior parte da floresta – 3,5 milhões de Km² – encontra-se em território brasileiro. Essa área, somada à da Mata Atlântica, representa 1/3 do total ocupado por floresta tropicais no planeta. Além da mata, existem na Amazônia áreas de cerrados e outras formações diversas, perfazendo um total de 5,029 milhões de Km², conhecido como Amazônia legal. Com relação ao relevo, encontrando ali três formações principais. Ao sul localiza-se o planalto Central; ao norte, o planalto das Guianas; e, ao centro, a planície sedimentar amazônica, todos com altitudes inferiores a 1500m. Na planí- cie amazônica destacam-se dois tipos de relevo: as várzeas, que por se estenderem ao longo dos rios estão sempre inundadas, e as terras firmes, que cobrem a maior parte da planície e constituem o domínio da grande floresta. 4.1. Plantas Aquáticas da Amazônia As várzeas amazônicas são os ambientes onde ocorre a maior riqueza de plantas herbáceas aquáticas da região, e uma das maiores do mundo. Os sedimentos férteis trazidos pelas enchentes dos grandes rios nutrem as áreas marginais, o que favore- ce o crescimento dessas plantas que exigem quantidades de minerais elevadas. Apesar disso, em comparação com outras comunidades vegetais da região amazô-
  • 22. 22 nica, a vegetação herbácea das várzeas foi relegada a um segundo plano pela i n- vestigação científica, até o início da década de setenta. Os poucos estudos anteri o- res àquele período envolviam classificações de algumas espécies, narrativas ou descrições de outras, com maior destaque apenas para espécies mais evidentes, como os capins aquáticos, ou exóticas, como a fabulosa Victória amazônica. 4.1.1. Victoria amazonica Conhecida como "rainha dos lagos", a vitória-régia (Victoria amazonica) (Figura 3) é nome atribuído à espécie natural mais famosa do Amazonas em homenagem à rai- nha Victoria, da Inglaterra. Sua folha pode medir até 1,80 metros de diâmetro. Suas bordas são levantadas e espinhosas para evitar a ação destruidora dos peixes. Suas raízes se fixam no fundo da água, formando um bulbo ou batata com um cordão fi- broso revestido de espinhos. Com o passar do tempo, a flor muda de cor, do branco para o rosa, ficando aberta durante o dia e fechada durante a noite. Na seca, as vitó- rias-régias praticamente desaparecem, voltando nas cheias. Figura 3 - Vitória Régia Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=259
  • 23. 23 4.2. Plantas Terrestres da Amazônia Na Amazônia, as matas são extremamente densas possibilitando que um macaco vá pulando de galho em galho desde o sopé dos Andes até o Oceano Atlântico. Essa grande quantidade de plantas apresenta uma diversidade incrível, mesmo o solo amazônico sendo relativamente pobre em nutrientes. Porém, a grande quantidade de matéria orgânica depositada acima do solo, torna a floresta propícia ao cresci- mento de diversas espécies arvores. As principais espécies de árvores da flora amazônica são o mogno, a seringueira e a castanheira-do-Pará. 4.2.1. Hevea brasiliensis Hevea brasiliensis, mais conhecida como a seringueira (Figura 4), é uma planta se- midecídua, heliófita ou esciófita, característica da floresta Amazônica nas margens de rios e lugares inundáveis da mata de terra firme. Ocorre preferencialmente em solos argilosos e férteis da beira de rios e várzeas. Trata-se de uma planta rústica, perene, adaptável a grande parte do território nacional, sendo uma espécie arbórea de rápido crescimento. É uma árvore de hábito ereto, podendo atingir 30 m de altura total sob condições favoráveis, iniciando aos 4 anos a produção de sementes, e aos 6-7 anos (quando propagada por enxertia) a produção de látex (borracha). Figura 4 – Seringueira Fonte: http://www.ciflorestas.com.br/conteudo.php?id= 1446
  • 24. 24 Da família das Euphorbiaceae, o gênero Hevea tem como área de ocorrência a Amazônia brasileira, bem como Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Suri- name e Guiana. Das onze espécies do gênero, a originária do Brasil, H. Brasiliensis é a que tem a maior capacidade produtiva com a maior variabilidade genética. A espécie constitui uma boa opção para áreas degradadas por oferecer uma exce- lente cobertura vegetal ao solo. Ainda de acordo com os autores, a cultura propicia ganhos ambientais por estocar carbono em quantidades equivalentes ao da floresta natural. Além disso, a borracha natural extraída da seringueira substitui a borracha sintética, um derivado do petróleo. 4.3. Ameaças a Flora Amazônica Atualmente, a flora da Amazônia está sofrendo cada vez mais, com a ação do ho- mem, as queimadas e o extrativismo predatório são as principais causas. Com todas essas algumas espécies de plantas começam a se tornar raras na flores- ta um exemplo é o mogno que sofre com o extrativismo, por ser uma madeira de boa qualidade e usada na fabricação de moveis. 4.3.1. Bertholletia excelsa A Castanheira do Pará (Bertholletia excelsa) (Figura 5), uma árvore da família botâ- nica Lecythidaceae, com tronco de até 4 m de diâmetro e altura de 30-45 metros. O fruto é esférico, de 11 a 14 cm de diâmetro, com peso variando entre 700 gramas e 1500 gramas. A Castanha do Pará é uma fruta típica do norte do Brasil e um dos principais produ- tos de exportação da Amazônia. Possui alto valor proteico e calórico além de ser rica em selênio, substância que reduz o risco de cânceres como o de pulmão e de prós- tata e combate os radicais livres, agindo contra o envelhecimento, fortalece o siste- ma imunológico, atua no equilíbrio da tireoide. Pode ser consumida in natura, torrada, na forma de farinhas, doces e sorvetes. O óleo da castanha é usado na fabricação de produtos de beleza para o cabelo. A cas- tanha tem uma casca fina, marrom e brilhante. A polpa é branca, farinhenta e sabo- rosa.
  • 25. 25 Figura 5 - Castanheira-do-Pará Fonte: http://radionews.musicblog.com.br/37782/As-Castanheiras-Estao-em-Plena-Floracao/ 4.3.2. Swietenia macrophylla O Mogno (Swietenia macrophylla) (Figura 6) é uma árvore perenifólia a decídua. As árvores maiores atingem dimensões próximas de 70 m de altura e 3,50 m de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta. Uma árvore derrubada, no sul do Pará, forneceu 25 m³ de madeira. O seu fruto é uma cápsula lenhosa e ovoide, medindo de 10 cm a 22 cm de compri- mento e 6 cm a 10 cm de largura. É ereta e seca, com deiscência septifraga e de coloração marrom, semelhante à de Cedrela, mas muito maior. É grossa, penta cap- sular e provida de crassíssima coluna central prismática, contendo aproximadamen- te 40 sementes. Válvulas capsulares (seções lenhosas) podem ser encontradas, com frequência, embaixo das árvores. Na Amazônia é encontrada em Florestas Ombrófilas Abertas (no Acre, no Pará e em Rondônia), em Florestas Ombrófilas Densas, sempre em floresta de terra firme, on- de apresenta alguma regeneração natural com rápido crescimento no seu habitat. Geralmente, o mogno cresce isolado ou em pequenos agrupamentos. Só muito ra- ramente se observam mais de quatro a oito indivíduos por hectare.
  • 26. 26 Figura 6 - Mogno Fonte: http://www.achetudoeregiao.com.br/Arvores/Mogno.htm
  • 27. 27 5. A Fauna A principal explicação para grande variedade na Amazônia é a teoria do refúgio. Nos últimos 100.000 anos, o planeta sofreu vários períodos de glaciação, em que as flo- restas enfrentaram fases de seca ferozes. Desta forma as matas expandiram-se e depois reduziram-se. Nos períodos de seca prolongados, cada núcleo de floresta ficava isolada do outro. Os invertebrados constituem mais de 95% das espécies dos animais existentes e distribuem-se entre 20 a 30 filos. Na Amazônia, estes animais diversificaram-se de forma explosiva, sendo a copa de árvores das florestas tropicais e o centro da sua maior diversificação. A pesar de dominar a Floresta Amazônica em termos de núme- ros de espécies, números de indivíduos e biomassa animal e da sua importância para o bom funcionamento dos ecossistemas, por meio de sua atuação como polini- zadores, agentes de dispersão de sementes, "guarda-costas", de algumas plantas e agentes de controle biológico natural de pragas, e para o bem-estar humano, os in- vertebrados ainda não receberam prioridade na elaboração de projetos de conser- vação biológica e raramente são considerados como elementos importantes da bio- diversidade a ser preservada. Mais de 70% das espécies amazônicas ainda não possuem nomes científicos e, considerando o ritmo atual de trabalhos de levanta- mento e taxonomia, tal situação permanecerá. Então os grupos animais dessas áreas isoladas passaram por processos de diferen- ciação genética, muitas vezes se transformando em espécies ou subespécies dife- rentes das originais e das que ficaram em outros refúgios. A riqueza da biodiversidade de animais cresce a cada dia com as novas descober- tas, mas está ameaçada pela caça, pela degradação e devastação das florestas e de seus vários ecossistemas. Ainda há muitos animais e plantas ainda não catalo- gados. Na Amazônia só se conhece 30%das espécies do reino animal. Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi encontrado para a Amazônia Brasileira. Esta cifra equivale a aproximadamente 4% das 4.000 espécies que se pressupõem existir no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. O número total de espécies de répteis no mundo é estimado em 6.000, sendo 465 espécies identificadas no Brasil. Das 550 espécies de répteis registrados na bacia Amazônica 62% são endêmicos. Existem, na Amazônia, 14 espécies de tartarugas de água do- ce e duas espécies de tartarugas terrestres, sendo cinco endêmicas e uma ameaça-
  • 28. 28 da. Há ainda, três espécies de tartarugas marinhas que aninham em ilhas e praias ao longo da costa de estados da Amazônia, mas que não são consideradas como parte da fauna da região. Quanto aos lagartos, existem pelo menos 89 espécies na região, distribuídas em nove famílias, das quais entre 26 e 29% ocorrem também ocorrem fora desta região. A distribuição, a abundância das populações de serpen- tes são bem menos conhecidos do que dos outros grupos de répteis na Amazônia, e os estudos existentes não permitem tecer recomendações seguras para a conserva- ção. As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os vertebrados, com o número de espécies estimado em 9.700 no mundo, sendo que, deste total, 1.677 estão representadas no Brasil. Na Amazônia, há cerca de 1.000 raras, considerando as que ocorrem em apenas uma das três grandes divisões da região (do rio Negro ao Atlântico; do rio Madeira ou rio Tapajós até o Maranhão; e o restante ocidental, incluindo rio Negro e rio Madeira ou do rio Tapajós às fronteiras ocidentais do País). O número total de espécies de mamíferos existentes no mundo é estimada em 4.650, com 502 representantes no Brasil. Na Amazônia, são registradas anualmente 311 espécies, sendo 22 de marsupiais, 11 edentados, 124 morcegos, 57 primatas, 16 carnívoros, dois cetáceos, cinco ungulados, um sirênio, 72 roedores e um lago- morfo. Esses números, entretanto, devem ser considerados apenas como aproximados, pois certamente serão modificados na medida em que revisões taxonômicas forem realizadas e novas áreas sejam amostradas. 5.1. A diversidade dos invertebrados Estima-se que haja mais invertebrados nas florestas tropicais do que em todo o res- tante da Terra. Como a Amazônia representa a maior parte das florestas remanes- centes, na região deve estar a maior quantidade de invertebrados no planeta. Os invertebrados representam 95% das espécies animais. Na Amazônia, segundo o INPA, estão também os excessos: o maior besouro co- nhecido, com 20 cm; a maior mosca, com 5 cm; a maior libélula, com 15 cm; a maior mariposa, com 30 cm; a maior cigarra, com 9 cm; e a maior vespa, com 7 cm.
  • 29. 29 5.1.1. Titanus giganteus O Cerambicídeo-gigante (Titanus giganteus) (Figura 7) é o maior besouro do mundo. Já foi confundido com uma barata, mais é um besouro puro, sendo o único membro de seu próprio gênero (família Cerambycidae). Este besouro grande é o maior besouro conhecido na floresta amazônica e do mun- do, sendo encontrado na Guiana Francesa, Brasil norte e Columbia. O besouro é encontrado somente nas regiões quentes e úmidas ao redor dos trópicos, muito per- to do equador. As larvas destes besouros alimentam de madeira morta, abaixo da superfície do solo. O Cerambicídeo-gigante não alimenta em sua fase adulta, vivem à custa das reser- vas de gordura que adquiriu em sua fase larval, vivendo simplesmente por tempo suficiente para encontrar um parceiro e se reproduzir. É provável que eles atingem a maturidade dentro de raízes e ramos subterrâneos, e devem levar muitos anos para atingir um tamanho grande o suficiente para saírem dali. Figura 7 - Cerambicídeo-gigante Fonte: http://www.insectnet.com/dcforum/User_files/47a2cb763fb22d25.jpg
  • 30. 30 5.2. A diversidade dos ambientes aquáticos A diversidade biológica dos ambientes aquáticos, tanto marinhos como de rios e la- gos, é muito pouco conhecida. Os cientistas acreditam que os ambientes aquáticos são muito vulneráveis às ações humanas e estão muito pouco protegidas. Essa di- versidade apresenta desde invertebrados (com especial interesse para camarões, moluscos e insetos que alimentam os peixes), aos crustáceos e os animais no topo da cadeia alimentar como peixes e mamíferos aquáticos (botos e peixe-boi). Em relação aos peixes, estima-se que existam cerca de 1400 espécies na Amazônia (cerca de 5,6% do total mundial). Esse número é superior ao de espécies de todos os outros rios do planeta e do oceano Atlântico. Pode superar 2,5 mil espécies, uma vez que descobertas ocorrem regularmente, até a partir da revisão cientifica de in- formações, que classificavam, por exemplo, como uma única espécie a piraíba (Bra- chyplatystoma ssp.) e o filhote (Brachyplatystoma filamentosum), peixes de couro bastante comuns nos grandes rios. 5.2.1. Arapaima gigas O peixe pirarucu (Arapaima gigas) (Figura 8), originário da bacia hidrográfica Ama- zônica, tem certas características biológicas e ecológicas que o torna particularmen- te atrativo para as populações locais. É um peixe grande que pode chegar ao com- primento de até três metros e pesar mais de 250kg, e é conhecido como o "Gigante Amazônico". Entretanto, devido á pesca predatória, sua sobrevivência está ameaça- da e seu tamanho médio está diminuindo, apesar de ainda serem encontrados al- guns indivíduos com mais de dois metros e pesando mais que 125 kg. Este peixe tem uma cabeça chata óssea, seguido de um corpo alongado que é es- camosa. Sua cauda é curta e atacarrada. A cor deste peixe é começa com um verde na cabeça depois para um azul mais escuro e verde que se desvanece na barriga branca. As barbatanas na ponta da cauda são uma cor avermelhada, mas na época o acasalamento a fêmea torna-se marrom e a cabeça do macho fica preta.
  • 31. 31 Figura 8 - Pirarucu Fonte: http://www.akatu.org.br/Temas/Sustentabilidade/Posts/Pirarucu-convert e-se-em-bom-negocio- para-reserva-extrativista O pirarucu é um peixe predatório que tem origens na era Jurássica e é a principal fonte de proteínas para a população local, os ribeirinhos, que vivem ao longo das margens do rio. Nas últimas duas décadas, o processo de urbanização acelerado mudou a região e começou a desestabilizar o balanço do ecossistema de lagos, e consequentemente a economia de subsistência tradicional dos ribeirinhos que não estão envolvidos em atividades pesqueiras comerciais. O processo também causou um decréscimo rápido nos estoques naturais de Pirarucu, tornando necessárias as restrições à pesca. 5.2.2. Pristis pectinata O peixe-serra (Pristis pectinata) (Figura 9) tem o focinho em formato de serra com 24 a 32 dentes de cada lado, esqueleto cartilaginoso como os tubarões e raias. A serra possui poros que são sensíveis ao movimento e à eletricidade. Pode entrar em rios, e é já foi encontrado na confluência dos rios Negro e Amazo- nas, a cerca de 720 km da foz. Espécie costeira, mas pode cruzar águas profundas para alcançar ilhas. Ascendem rios e pode tolerar água doce. Visto geralmente em baías, lagoas, estuários, e bocas de rio. E podem chegar até 120m de profundidade. Os peixes-serra se alimentam de peixes, camarões, lulas e organismos bentônicos. Reproduzem-se através da fertilização, como ocorrem em todos os elasmobrân- quios. A maturidade é atingida com aproximadamente 10 anos de idade.
  • 32. 32 Figura 9 - Peixe-serra Fonte: http://www.pesca.tur.br/artigos/especies-maritimas-ameacadas/ 5.3. A diversidade de anfíbios e répteis Em relação aos anfíbios (sapos, rãs, salamandras etc.), o Brasil possui 518 espé- cies, a segunda maior diversidade do globo. A Amazônia abriga 163 espécies, nú- meros que deverá crescer significativamente com o avanço das pesquisas, pois apenas um número pequeno de grandes rios navegáveis foi pesquisado. O ende- mismo em anfíbios ainda é pequeno, envolvendo apenas 12 espécies (7% do total). Das 6400 espécies de répteis (cobras, tartarugas, jacarés) conhecidas no mundo, há 550 na Amazônia continental, 62% das quais endêmicas. Há quatro espécies de ja- caré. Até há três décadas, sua caça era permitida no Brasil. Em outros países a ca- ça persiste. De qualquer maneira, a caça, ilegal ou não, prossegue, e estima-se que a Amazônia seja o principal fornecedor de peles de jacaré. A maior procura atual- mente, assim como no caso das tartarugas, é por sua carne, especialmente por ga- rimpeiros e ribeirinhos. Há 89 espécies de lagartos na região, cerca de 2/3 é endê- mica. Quanto às cobras, acredita-se que haja mais de 300 espécies. Numa única região do Peru, em Iquitos, pesquisadores identificaram 166 espécies de cobras.
  • 33. 33 5.3.1. Eunectes murinus A sucuri-verde (Eunectes murinus) (Figura 10) alimenta-se de capivaras, peixes, aves, felinos, veados, bezerros e até jacarés também fazem parte de seu cardápio. Para capturar sua presa, a sucuri costuma ficar a espreita nas margens de rios, la- gos ou pântanos. Quando uma vítima se aproxima da margem, normalmente para beber água, a sucuri ataca, geralmente na região do pescoço. Em seguida, envolve o corpo da vítima e a aperta, matando-a por constrição. A presa pode ainda morrer afogada, puxada para o fundo do rio, lago ou pântano. Vivípara, a sucuri gesta seus filhotes por aproximadamente 240 dias, sendo que, geralmente, têm de 20 a 30 filhotes por cria, que nascem no começo da estação das chuvas. Como as pequenas serpentes são vítimas de diversos predadores, poucas sobrevivem e chegam à idade adulta. Seus predadores são onças-pintadas, jacarés maiores do que ela e as piranhas (somente quando a sucuri apresenta ferimentos). Contudo, o maior predador das sucuris são os homens, seja por medo da serpente, seja por interesse comercial. A pele da sucuri é muito valorizada, inclusive no exteri- or. Figura 10 - Sucuri-Verde Fonte: http://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=curiosidade_suc uri.htm
  • 34. 34 5.3.2. Melanosuchus niger O jacaré-açu (Melanosuchus niger) (Figura 11) habita rios e lagos da bacia amazô- nica, pertence à família alligatoridae. É também conhecido como caiamão-preto, ja- caré-aruana ou jacaré-gigante. Figura 11 - Jacaré-açu Fonte: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna. php?id=895 Tem o corpo coberto de faixas amarelas, mas é de cor preta. Os olhos e narinas são grandes . Ele pode ficar submerso, podendo chegar ate seis metros de compri- mento e ate trezentos quilos de peso. A reprodução ocorre uma vez por ano, em media as fêmeas põem de 40 a 50 ovos, e pode viver oitenta anos a chegar aos cem. Quando nascem correm risco de se- rem devorados por jiboias ou outros jacarés adultos. Alimentam-se de caranguejos, peixes e pássaros. Para nadar na água fazem um movimento ondulatório com a cauda. É um dos répteis mais cobiçados da Amazônia, pois sua carne é muito saborosa e o seu couro serve para confecção de bolsa e sapatos. Considerado o mais desenvol- vido dos répteis, vive nos rios igarapés e lagos da Amazônia. 5.3.3. Podocnemis expansa A tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) (Figura 12) na verdade é um cága- do, isto é, um quelônio aquático que encolhe seu pescoço lateralmente para dentro da carapaça. Os cágados são quelônios de uma subordem chamada pleurodira, que
  • 35. 35 seguiram um caminho evolutivo diferente do seguido pela maioria das outras tarta- rugas, que encolhem o pescoço em “S” e para dentro. Habita rios e lagos da Amazônia, vivendo aproximadamente 50 anos. Alimentam-se de pequenos peixes e plantas aquáticas. É o maior quelônio da América do sul. Atinge facilmente 50 kg, mas algumas che- gam a até 75 kg e um casco de 90 cm de comprimento. Por isso, foram muito caça- das, e ainda o são por povos ribeirinhos da floresta, por sua carne e pelos seus ovos. Hoje, busca-se equilibrar o quanto se pode caçar deste animal com a reposi- ção de indivíduos pela reprodução, e a apanha de ovos foi proibida. Figura 12 - Tartaruga-do-Amazonas Fonte: http://www.animalzoom.org/port/animais1.htm 5.4. A diversidade das Aves Estima-se que há cerca de mil espécies de aves na Amazônia, 11% do total mundial. Destas, 283 são consideradas raras ou com distribuição restrita. Uma das regiões mais prioritárias é a dos “Tepui”, os refúgios montanos, nos cumes de Roraima. No Brasil como um todo são conhecidas 1677 espécies de aves. Este é o terceiro maior grupo do planeta, que conta com 9050 aves no total. O caso da região de Belém é um dos mais críticos. Ali o Museu Goeldi e a Conservation Internation estão traba- lhando para identificar a biodiversidade local no denominado Centro de Endemismo de Belém. Estima-se que 60% das matas já tenham desaparecido.
  • 36. 36 5.4.1. Harpia harpyja O Gavião-real (Figura 13) é uma ave accipitriforme da família Accipitridae. É conhe- cido também como Gavião-de-penacho, Guiraçu (uirá, guirá = ave, açu = grande), Hárpia e Uiraçu. Figura 13 - Gavião-real Fonte: http://www.wikiaves.com.br/291108&t=s&s=10238 Embora não seja a maior das aves predadoras do planeta, é tida como a mais forte. Possui bico potente e garras enormes. Tem um crescimento populacional muito lento. Este fato, associado à destruição de grandes áreas florestais e à caça indiscriminada, torna a espécie ameaçada de ex- tinção em nosso País. Mede cerca de 105 cm de comprimento e até 220 cm de envergadura. O macho mede cerca 57 cm de altura e pesa 4,8 kg. A fêmea mede cerca de 90 cm de altura e pesa até 9 kg. Alimenta-se de animais grandes, como a preguiça-real, mutuns, coatás, macacos- prego e guaribas, filhotes de veados, araras-azuis, seriemas, tatus, cachorro-do- mato e cobras. É rápido e forte em suas investidas, sendo capaz de arrancar pregui-
  • 37. 37 ças agarradas a galhos de árvores. Há relato da captura de um macho de guariba que pesava em torno de 6,5 kg. Faz ninho no alto das árvores maiores, como sumaumeiras e castanheiras, de onde observa tudo ao redor. O ninho, tão grande quanto o de um jaburu, é construído com pilhas de galhos. Põe 2 ovos cinza-esbranquiçados entre setembro e novembro, os quais pesam em torno de 110 g e têm período de incubação de 52 dias. Geralmente apenas um filhote sobrevive, levando cerca de 5 meses para voar, e de 2 a 3 anos para se tornar adulto, dependendo dos cuidados dos pais por um ano ou mais. A espécie não se reproduz todos os anos, pois necessita de mais de um ano para completar o período reprodutivo. Espécie rara, habita florestas primárias densas e florestas de galeria. Vive solitário ou aos pares na copa das árvores. Apesar do seu tamanho, é bastante ágil e difícil de ser visto. Presente no Brasil em regiões florestais remotas, sobretudo na Amazônia, ou em áreas protegidas, como as reservas de Mata Atlântica, eles migram em algumas épocas do ano para o estado de São Paulo. Encontrado também do México à Argen- tina. 5.5. A diversidade dos Mamíferos São 311 espécies de mamíferos 9 mastofauna na Amazônia, cerca de 7% do total mundial. Os estudos ainda são insuficientes e este número deverá aumentar como prova a descoberta de novas espécies, inclusive primatas (macacos) nos últimos anos. Das 311 espécies há 22 de marsupiais (que não têm placenta, como gambás, cuícas), 11 de edentados (sem dente, como os tamanduás), 124 de morcegos, 57 de primatas (macacos), 16 de carnívoros (onça, irara), duas de cetáceos (golfinhos), cinco de ungulados ( com casco, como os veados), uma de sirênio (“relativo às se- reias” – o peixe-boi), 72 de roedores (ratos, cotias, pacas, capivaras) e uma de la- gomorfo (lebre).
  • 38. 38 5.5.1. Trichechus inunguis Peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis) (Figura 14) é o maior mamífero aquá- tico dulcícola da América do Sul. Corpo largo e cilíndrico, cauda modificada em for- ma de remo, arredondada, plana e horizontal. Pele lisa e de coloração cinza. Lábios grossos e com pelos, olhos pequenos, sem orelhas externas, membros anteriores curtos modificados em nadadeiras, redondos, sem unhas nas pontas (as nadadeiras ajudam o animal a escavar a vegetação aquática enraizada no fundo). Figura 14 - Peixe-boi-da-Amazônia Fonte: http://www.fapeam.am.gov. br/noticia.php?not=3267 O Peixe-boi-da Amazônia é uma espécie endêmica da bacia Amazônica: Brasil, Co- lômbia, Equador, Peru e Venezuela. Alimenta-se de vegetais que crescem nas margens de rios, igarapés e lagoas, como gramíneas, algas e macrófitas. O principal período de alimentação de peixe-boi ocor- re na estação chuvosa, quando a obtenção de alimentos é facilitada, permitindo à espécie acumular gordura. O forrageamento é feito em áreas sazonalmente inundá- veis. Segundo Best, Trichechus inunguis pode mover-se cerca de 2,7 km/dia nas áreas de alimentação. Com isso controlam o crescimento das plantas aquáticas e fertilizam com suas fezes as águas que frequentam, contribuindo para a produtivida- de pesqueira. Pode comer até 16 kg de plantas por dia e consegue armazenar até 50 litros de gordura como fonte energética para a época da seca. Nessa época pode realizar pequenas migrações em busca dos canais principais da bacia Amazônica e
  • 39. 39 aí permanecer por semanas sem se alimentar, consumindo as reservas energéticas acumuladas. Podem viver solitários, aos pares (normalmente fêmeas com filhotes) ou grupos de até oito indivíduos (encontrados nas áreas de alimentação). Vivem cerca de 50 anos. Com predadores em potencial são citados a onça (Panthera onca), que pode pene- trar em água pouco profundas e, em casos muito raros, grandes répteis, como o ja- caré-açu (Melanosuchus niger) e a anaconda (Eunectes murina). 5.5.2. Panthera onca A onça-pintada (Panthera onca) (Figura 15), também conhecida como jaguar ou ja- guaretê é um grandefelino, do gênero Panthera, e é a única espécie Panthera en- contrado nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo após o tigre e o leão, e o maior do Hemisfério Ocidental. Mamífero da ordem dos carnívoros, membro da família dos felídeos, é encontrada nas regiões quentes e temperadas do continente americano. A onça pintada está fortemente associada com a presença de água e é notável, jun- tamente com o tigre, como um felino que gosta de nadar. Anda em grande parte soli- tária, mas é oportunista na seleção de presas. É também um importante predador, desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das populações de espécies de presas. Sobre a alimentação a onça-pintada é uma excelente caçadora. As patas curtas não lhe permitem longas corridas, porém lhe proporcionam grande força, fundamental para dominar animais possantes como antas, capivaras, queixadas, tamanduás, ja- carés etc. Ocasionalmente esses felinos atacam e devoram grandes serpentes (ji- boias e sucuris), em situações extremas. Quanto a sua reprodução, as onças-pintadas são solitárias e só buscam a compa- nhia de um par durante a época de acasalamento. A gestação dura em média 100 dias e até quatro filhotes podem ser gerados. Na época reprodutiva, as onças per- dem um pouco os seus hábitos individualistas e o casal demonstra certo apego, chegando inclusive a haver cooperação na caça. Normalmente, o macho separa-se da fêmea antes dos filhotes nascerem.
  • 40. 40 A onça-pintada se espalhava, inicialmente, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, porém, seu território de ocupação diminuiu sensivelmente. Cos- tuma ser encontrada em reservas florestais e matas cerradas do Brasil, bem como em outros locais ermos onde vivam mamíferos de pequeno porte de que se alimen- ta. Seu habitat preferencial são zonas florestais, mas a espécie também vive em planícies pantanosas, savanas e até desertos. Figura 15 - Onça-pintada Fonte: http://interessante-curiosidades-animais.blogspot.com/2011/05/onca-pintada.html 5.5.3. Pteronura brasiliensis A Ariranha (Pteronura brasiliensis) (Figura 16) é ótimo nadador, mergulha bem, ali- menta-se principalmente de peixes e moluscos. Podendo ter de 23 kg a 34 Kg e com os machos podendo alcançar até 1,8 m de comprimento. Vive em bandos de até 20 elementos à beira de rios e lagos, onde faz tocas para abrigar-se ou para procriação, sob as raízes das árvores ribeirinhas, no final, apresenta um compartimento mais alongado. São brincalhões e barulhentos. Semelhante à lontra, porém, mais escura e com uma distinta mancha branco-amarelada no queixo, garganta e peito de forma variável, com a ponta do focinho coberta de pelos. A cor geral, nas partes superio- res, é marrom-pardacenta e, inferiormente, mais clara. Quando molhada, a cor é mais escura. Cauda musculosa é achatada dorso-centralmente do meio até a ponta
  • 41. 41 e auxilia o deslocamento dentro d`água. O alimento principal é constituído de peixes que capturam no mergulho, saindo d`água para comer. Os pés são grandes e apre- sentam membrana interdigital. Os locais que apresentam melhores condições para sua sobrevivência são os parques florestais e reservas biológicas. Não há dados precisos sobre a reprodução da lontra. Mas sabe-se que sua gestação dura cerca de 60 dias e que o número de filhotes varia entre um e cinco. A fêmea cuida da ninhada durante um extenso período, elevando presas semi-abatidas para os filhotes. Ao completar um ano, os filhotes começam a se dispersar. Figura 16 - Ariranha Fonte: http://www.conhecaopantanal.com.br/index.php?modulo=RkFV TkFfRkxPUkE=&id=Mjk= 5.6. Animais Ameaçados de Extinção A extinção é um processo natural. Estima-se que um milhão de anos seja o período de vida natural de uma espécie. Naturalmente estima-se que, em equilíbrio dinâmi- co, o planeta perca, de uma maneira genérica. No caso de espécies de aves, se- gundo Stuart Pimm e Clinton Jenkins, a perda natural seria de uma espécie a cada século. No entanto, no estagio atual de degradação do planeta, verifica-se a perda de uma espécie a cada ano.
  • 42. 42 Há diversas causas para a extinção – a introdução de espécies exóticas (cães e ra- tos em ilhas, o camarão-da-malasia no litoral brasileiro), a caça e pesca excessivas, a destruição do habitat natural pela pecuária, agricultura e urbanização, e, recente- mente, o aquecimento global e suas consequências. Nenhuma causa, no entanto, compara-se à recente intervenção humana nas flores- tas tropicais. Estimativas alarmistas preveem que ela venha a representar a perda de uma espécie superior por dia. Caso seja mantido o ritmo de exploração, a exti n- ção poderá ser de uma espécie por hora. Ao final de 50 anos, teremos perdido 10% das espécies florescentes da Terra, sem que jamais saibamos, de muitas delas, a função no ecossistema e a eventual utilidade para o homem. Essa é uma perda si- lenciosa. 5.6.1. Anodorhynchus hyacinthinus A arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthius) (Figura 17), na natureza, pode ser observada voando ou com mais facilidade andando pelo chão. Após a formação do casal, passam a maior parte do tempo juntos dividindo todas as tarefas. Em julho começam a inspecionar e reformar as cavidades, para o período de reprodução que está começando. O pico de reprodução pode variar, mas em geral acontece de se- tembro a outubro, sendo que a criação dos filhotes pode se estender até janeiro ou fevereiro do ano seguinte. Nesta época é comum ver a disputa por ninhos entre as araras-azuis e também com outras espécies. Figura 17 - Arara-Azul-Grande Fonte: http://animais.culturamix.com/informacoes/aves/a-arara-azul-pequena
  • 43. 43 Costuma habitar florestas em regiões tropicais do planeta. Aqui no Brasil, podemos encontrar espécies de araras no Pantanal, na Floresta Amazônica e na região da Mata Atlântica. Quando livremente, alimenta-se de sementes, insetos, frutas e alguns invertebrados de menor porte. 5.6.2. Leopardus tigrinus O gato-do-mato ou gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) (Figura 18) é um fe- lino originário da América Central e América do Sul. É também conhecido também pelos nomes de gato-do-mato-pintado, gato-selvagem e gato-tigre. Alimenta-se de ratos, pássaros e insetos, e mede cerca de 50 centímetros. A idade de procriação mínima para fêmeas é 18 meses, com o máximo de idade ao redor 13 anos. Machos amadurecem há aproximadamente 15 meses, com um má- ximo de idade de 15 anos. Figura 18 - Gato-do-Mato Fonte: http://www.arkive.org/oncilla/leopardus-tigrinus/ 5.6.3. Ateles paniscus Macaco-aranha-preto (Ateles paniscus) (Figura 19) é um mamífero primata da famí- lia Atelidae, a espécie mais conhecida do gênero de Ateles. O macaco-aranha é o
  • 44. 44 mais rápido e o mais acrobático dos mamíferos da floresta. Com rapidez quase im- perceptível aos olhos, o macaco escapa de seus predadores. O macaco aranha alimenta-se dos frutos das árvores tropicais, também comem inse- tos, ovos e até mesmo folhas. Quanto à reprodução a gestação é de 232 dias mais ou menos, nascendo apenas um filhote por gestação. A mãe cuida do filhote que fica agarrado na sua barriga quando é muito novinho, até uns 4 meses e depois passa a ficar nas costas dela. Esses macacos só têm filhotes a cada 1 ou 2 anos. São bichos diurnos, dormem a noite, gostam de viver no alto das árvores, afinal, são ágeis e pulam de galho em galho com muita facilidade. Raramente vão até o chão. Lá no alto estão mais protegidos e é lá que encontram os seus alimentos preferidos. Típicos da região de floresta amazônica, entre os rios Tocantins e Tapajós, Guianas e em alguns lugares do México e também no Brasil e Ucrânia. Figura 19 - Macaco-aranha-preto Fonte: http://www.cenp.org.br/guia_ver.php?idConteudo= 6
  • 45. 45 6. Ameaças à Floresta As ameaças à Amazônia são muitas. Essas ameaças são caracterizadas pela explo- ração de recursos e uso das terras de forma irresponsável. As principais ameaças a Floresta Amazônica são o desmatamento ilegal, as queimadas criminosas, a cons- trução de grandes empreendimentos no meio da floresta e a caça indiscriminada de animais silvestres. 6.1. Desmatamento A ocupação intensa da Amazônia começou no início da década de 1970. Embora áreas extensas ainda permaneçam intactas, a taxa de perda da floresta é dramática, em especial no “arco do desmatamento”, ao longo das bordas sul e leste. A perda da biodiversidade e os impactos climáticos são as maiores preocupações. A vastidão das florestas remanescentes significa que os impactos potenciais do desmatamento de forma continuada são muito mais importantes que os já severos impactos que ocorreram até hoje. O combate ao desmatamento no Brasil é uma prioridade para o governo e para as organizações internacionais. O monitoramento e a repressão são, atualmente, as estratégias principais. Uma fiscalização efetiva e a arrecadação de multas daqueles que não possuem autorização do IBAMA, contudo, devem ser acompanhadas pela compreensão necessária dos aspectos sociais, econômicos e políticos para se tratar o problema por meio de mudanças na política. 6.1.1. A extensão e o Índice de Desmatamento Em 2003, a área de floresta desmatada na Amazônia brasileira alcançou 648,5 x 10³ km² (16,2% dos 4 x 106 km² da floresta original da Amazônia Legal, que é de 5 x 10 6 km²), incluindo, aproximadamente, 100 x 10³ km² de desmatamento “antigo” (pré- 1970) no Pará e no Maranhão (Figura 20; INPE, 2004). O índice atual e a extensão cumulativa do desmatamento abrangem áreas enormes. A extensão original da flo- resta amazônica brasileira era, aproximadamente, equivalente à área da Europa Oriental. O índice é frequentemente discutido no Brasil em termos de “Bélgicas” já que a perda anual equivale à área desse país (30,5 x 10³ km²), enquanto que a so- ma cumulativa é comparada à França (547,0 x 10³ km²). A presença europeia, por
  • 46. 46 quase cinco séculos, antes de 1970, desmatou uma área ligeiramente maior que Portugal. As explicações oficiais, assim como os motivos pelos quais os índices do desmatamento flutuam (decretos influenciando os incentivos e programas para fisca- lização e arrecadação de multas), no entanto, são provavelmente incorretas, como explico aqui. Além disso, uma variedade de questões técnicas sobre as próprias es- tatísticas permanece em aberto (Fearnside & Barbosa, 2004). Figura 20 - Desmatamento da Amazônia Brasileira Para o desmatamento acumulado, a parte preta de cada barra representa o desmatamento anterior à 1970. Dados do INPE (2004), exceto o ano de 1978 (Fearnside, 1993b).
  • 47. 47 6.1.2. Causas de Desmatamento Na Amazônia brasileira, o peso relativo dos pequenos fazendeiros versus grandes latifundiários altera-se continuamente devido às pressões econômicas e demográfi- cas. Os grandes latifundiários são mais sensíveis às mudanças econômicas, tais como as taxas de juros e outros investimentos, subsídios governamentais para o crédito agrícola, índice de inflação e preço da terra. Os incentivos fiscais foram um forte condutor do desmatamento nas décadas de 1970 e 1980 (Mahar, 1979). Embo- ra um decreto em 1991 tenha suspendido novos incentivos, os antigos continuam, ao contrário da impressão sustentada por afirmações de autoridades do governo de que tudo acabou. Outros incentivos, como o crédito subsidiado pelo governo com taxas bem abaixo da inflação, tornaram-se muito mais escassos depois de 1984. Antes do Plano Real, em 1994, a hiperinflação dominou a economia do Brasil duran- te décadas. A terra era muito valorizada e os preços atingiam níveis mais altos do que poderiam ser justificados como um insumo para a produção agropecuária. a reti- rada das florestas possibilitava reivindicações pela terra e o desmatamento para a formação de pastagens era o mais barato e mais efetivo nesse sentido, embora seja questionável até onde essa atividade era usada como especulação de terra . A es- peculação de terra foi importante até por volta de 1987, quando houve um aumento subsequente do lucro da pastagem a partir da produção de carne bovina (Mattos & Uhl, 1994; Margulis, 2003). A recessão econômica brasileira é a melhor explicação para a queda nos índices do desmatamento de 1987 até 1991. Os fazendeiros não tinham capacidade de expandir suas áreas desmatadas tão rapidamente e o gover- no não tinha recursos para a construção de rodovias e para projetos de assentamen- to. O impacto das medidas de repressão (p. ex., patrulhamento com helicópteros, confisco de motosserras, multas) foi, provavelmente, menor. A mudança política so- bre os incentivos fiscais também foi ineficaz. O decreto suspendendo os incentivos (nº 153) começou a vigorar em 25 de junho de 1991 – subsequente à maior queda observada no desmatamento. 6.2. Queimadas O número de queimadas na Amazônia apresenta uma tendência constante de cres- cimento ao longo dos anos, nitidamente a partir de 1996, mas com variações intera-
  • 48. 48 nuais determinadas pelas condições climáticas. O ano de 1994 foi marcado por uma redução significativa das queimadas devido a uma combinação de situação econô- mica e condições climáticas desfavoráveis. Já o ano de 1997, até o início de 1998, foi marcado por um grande aumento das queimadas que culminaram com um episó- dio inédito e de grande repercussão com os incêndios no Estado de Roraima Quan- do os pequenos agricultores desmatam a floresta amazônica, no primeiro ano só conseguem queimar uma pequena parte da fitomassa florestal: folhas, pontas de galhos, ramagens etc. No segundo ano, esse material lenhoso está mais seco e queima um pouco mais. Pesquisas da Embrapa Monitoramento por Satélite com 450 propriedades rurais na região indicam que são necessários cerca de oito anos para que o agricultor consiga queimar todos os resíduos lenhosos. Isso significa que uma área desmatada queima repetidas vezes durante oito anos. Nesse sentido, o cons- tante desmatamento da Amazônia vai gerando um acúmulo de novas queimadas. Elas somam-se às queimadas das áreas ocupadas antigas onde são usadas regu- larmente como técnica agrícola para limpar pastos, eliminar restolhos de culturas, combater pragas e doenças, renovar áreas, obter brotação precoce em pastagens etc. 6.3. Construção de Hidrelétricas A construção de 76 usinas hidrelétricas ameaça a Amazônia. Uma prova é o que houve em Tucuruí. Setenta e seis novas usinas hidrelétricas das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte) vão inundar na Amazônia perto de 80 mil quilô- metros quadrados de florestas, área equivalente ao estado de Santa Catarina. Nin- guém pode saber ainda o que essa água vai sepultar em termos de ecossistema, vegetação ou fauna, nem o que isso vai significar para a natureza brasileira. A expe- riência de outras hidrelétricas já construídas na região – Tucuruí e Balbina – de- monstraram a incapacidade da Eletronorte em tratar das questões do meio ambien- te. A barragem de Tucuruí foi fechada para a formação do lago antes da retirada de uma floresta e com isso o país perdeu milhões de dólares em madeiras nobres além de terem sido arrasados 6500 quilômetros quadrados de riquezas naturais e um lago e um rio terem ficado seriamente poluídos pela floresta apodrecida. Desastres como esse obrigaram os bancos internacionais a suspender os financiamentos do setor energético devido a pressão de entidades ambientalistas mundiais. Mesmo depois
  • 49. 49 das negociações com os bancos norte-americanos e depois do pacote ecológico do governo federal, o setor energético continua com os empréstimos suspensos até Segunda ordem, enquanto outros projetos na Amazônia voltaram a ser discutidos. Sinal de que a credibilidade do setor ainda está balada. E não sem razão: nos pla- nos das centrais elétricas, o enfoque dado ao meio ambiente é basicamente o mes- mo dos últimos anos enquanto existem hidrelétricas ainda maiores do que Tucuruí projetadas para regiões ecologicamente mais ricas e diversificadas. Ou seja, onde o impacto contra o meio ambiente poderá ser maior do que o ocorrido em Tucuruí. 6.4. O Comércio Ilegal de Animais Silvestres e a Biopirataria No Brasil, o comércio de animais silvestres foi proibido a partir da Lei de Fauna, de 1967. Até então, a captura e comércio de animais era comum em muitas regiões de Amazônia. Registros do século XIX relatam a intensa coleta de ovos de tartaruga. Dos ovos extraía-se o óleo, que era utilizado para iluminação das cidades da região. Estes animais, hoje raros e só recentemente retirados da lista de espécies em exti n- ção, eram “tão abundantes na água quanto os mosquitos no ar”. No início do século XX, a captura de peixes-boi (Trichechus inunguis) passou a ser prática corriqueira. Sua carne era comercializada principalmente na forma de ‘mixira’ (frita e conservada na gordura do próprio animal) e o couro, extremamente resisten- te, se prestava à manufatura de correias para motores dos mais diversos tipos. Nas décadas de 1950 e 1960, o comércio mais intenso era o de peles e as espécies mais visadas eram os felinos (gatos-do-mato, jaguatiricas e onças) e mustelídeos (principalmente lontras e ariranhas). Estas peles recebiam o nome genérico de ‘fan- tasia’. A partir da Lei de Fauna, o comércio deste tipo de peles diminuiu, mas acabou abrindo brecha para o comércio de couro e carne de jacarés (cujo produto era con- siderado ‘pesca’ e não ‘caça’). Os psitacídeos (araras, papagaios e periquitos) sempre estiveram entre os principais animais capturados ilegalmente para serem comercializados para criação doméstica. Mais recentemente, há uma ‘moda’ mundial de criação de répteis em casa, e algu- mas cobras e lagartos amazônicos estão entre as espécies exportadas para esta finalidade.
  • 50. 50 Porém, o tipo de comércio de animais que mais preocupa é o dos organismos que possuem substâncias químicas que podem ou poderão ser usadas para a produção de medicamentos, aromáticos, inseticidas e cosméticos. O desenvolvimento das tecnologias para extração de químicos, sua sintetização em laboratório, a manipula- ção genética e a possibilidade de registro de patentes sobre estes recursos, está gerando uma guerra. É esta guerra que está por trás da chamada ‘biopirataria’. Conforme a Convenção da Biodiversidade, cada país deve ter direito aos seus re- cursos genéticos, mas, na prática, a tecnologia tem ajudado os países mais desen- volvidos a obterem patentes de recursos que não são originários de seus territórios. As patentes vão desde os nomes, como “cupuaçu” e “açaí”, passam pelo registro de processamentos tradicionais, como a produção de “cupulate” (chocolate feito com sementes do cupuaçu), e podem chegar até as formulações químicas, como o prin- cípio ativo Captopril, que controla a pressão arterial, originário do veneno da jararaca (Bothrops jararaca). Hoje em dia, os royalties dos medicamentos que usam esse princípio ativo não pertencem ao Brasil, mas ao laboratório norte-americano que fi- nanciou a pesquisa. Na recente disputa pelo cupuaçu, após intensa manifestação da sociedade e questi- onamento internacional, o direito ao uso deste nome e as técnicas de produção do “cupulate” foram “devolvidos” ao Brasil. No entanto, embora o país detenha esses direitos em seu território, uma empresa japonesa mantém os direitos sobre seu uso nos Estados Unidos e Europa. A problemática da biopirataria, no entanto, não envolve apenas disputas internaci o- nais. Mesmo dentro do território nacional há uma preocupação sobre como assegu- rar às comunidades indígenas e tradicionais o direito sobre o uso e benefícios gera- dos por produtos naturais que estão em seus territórios, e cujo valor para a ciência é descoberto a partir dos seus conhecimentos algumas vezes seculares. 6.5. A Pesca Predatória Na pesca, as espécies mais visadas hoje em dia são os grandes bagres: a piramu- taba (Brachyplatystoma vaillanti), a dourada (B. flavicans), o surubim (Pseudoplatys- toma fasciatum) e a piraíba, também chamada de “filhote” (B. filamentosum). A ex- ploração deste recurso se dá principalmente no estuário, onde a atividade é mais
  • 51. 51 forte na seca, mas ocorre durante todo o ano. Nas demais regiões da Amazônia, onde acontece em menor intensidade, a atividade se concentra no período de águas baixas. A pesca desses animais se dá em escala industrial, cuja produção é voltada princi- palmente para a exportação. Estes grandes animais são muito apreciados, pois de- les se pode tirar filés de excelente sabor e sem espinhas. Estudos têm apontado uma diminuição na captura destas espécies (de 28 mil toneladas em 1977 para 10 mil toneladas em 1998), cuja causa mais provável é a diminuição dos estoques de- vido à super exploração. Assim, é necessário estabelecer medidas de controle para que tal atividade econômica mantenha-se em níveis sustentáveis. Os especialistas acreditam que o principal problema para a sustentabilidade da pes- ca da piramutaba, que é a mais valiosa e conhecida destas espécies, é o fato de os animais pescados no estuário serem em sua maioria jovens. O ciclo de vida da es- pécie inclui migrações de cerca de 3.500 km, principalmente na calha do Soli- mões/Amazonas. Os adultos sobem o rio e desovam, no Brasil, na área entre Taba- tinga e o rio Purus. Os jovens voltam para o estuário para crescer – e é quando são intensamente capturados. Estima-se que 80% da captura são de animais muito pe- quenos, que são devolvidos ao rio, mas geralmente não resistem e morrem. A inter- rupção do ciclo de vida dessa parcela significativa da população tem afetado os es- toques pesqueiros da espécie. O pirarucu, maior peixe de escama da região, foi por muito tempo pescado de forma artesanal. Com a introdução das redes, animais cada vez menores começaram a ser capturados. A captura do tambaqui também sofreu um importante declínio, atribuído à pesca. Um estudo no médio Solimões mostrou que a pesca destas espécies se dá nos lagos, onde residem os jovens, ou em áreas de queda de árvores no canal do rio, chamadas ‘pauzadas’. Acredita-se que este seja o local de desova destes ani- mais e que esta captura ocorreria na época da sua reprodução. Como o período do defeso era único para toda a bacia e a reprodução varia de um lugar para o outro, o estudo propôs que o período de defeso fosse regionalizado para efetivamente prote- ger as espécies nesta fase.
  • 52. 52 Conclusão A Amazônia é um grande fator para sobrevivência de diversas espécies, inclusive o ser humano, mas com essa grave depredação prejudica grande parte de sua biodi- versidade, pois, muitas espécies já foram extintas e muitas outras estão ameaçadas de extinção, abalando cada vez mais os ecossistemas. Se a situação não mudar, consequentemente, não só haverá grandes mudanças climáticas, como também, graves desastres ecológicos, ocorrendo o aumento do nível dos mares, inundações constantes, escassez de água potável em determinadas regiões e etc.
  • 53. 53 Bibliografia A planta detelhada. (22 de Setembro de 2008). Acesso em 04 de Outubro de 2011, disponível em Seringueira.com: http://www.seringueira.com/br/a-planta- detalhada/ Wild Fact #805 – The Bigger they are, The Harder they Fall – Titan Beetle. (2010, Maio 24). Retrieved Outubro 04, 2011, from Wild Facts: http://www.wild- facts.com/wild-fact-805-the-bigger-they-are-the-harder-they-fall-titan-beetle/ Arara-azul-grande. (29 de Junho de 2011). Acesso em 04 de Outubro de 2011, disponível em Wikiaves: http://www.wikiaves.com.br/arara-azul-grande Gavião-real. (27 de Setembro de 2011). Acesso em 04 de Outubro de 2011, disponível em Wikiaves: http://www.wikiaves.com.br/gaviao-real Ambiente Fauna. (s.d.). Acesso em 04 de Outubro de 2011, disponível em Ambientebrasil: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/mamiferos/peixe- boi_ou_guaraba_(trichechus_inunguis).html Ambientebrasil. (s.d.). Floresta Amazônia - Fauna. Acesso em 04 de Outubro de 2011, disponível em Ambientebrasil: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/amazonia/floresta_amazonica/floresta _amazonica_-_fauna.html Avari, R. (s.d.). Tartaruga-do-Amazonas. Acesso em 05 de Outubro de 2011, disponível em Zoológico de São Paulo: http://www.zoologico.sp.gov.br/repteis/tartarugadoamazonas.htm Barclay, M. (n.d.). Titanus giganteus (titan longhorn, titan beetle). Retrieved Outubro 04, 2011, from Natural History Museum: http://www.nhm.ac.uk/nature- online/species-of-the-day/biodiversity/loss-of-habitat/titanus- giganteus/index.html Brandão, F. R., Gomes, L. d., & Chagas, E. C. (2006). Respostas de estresse em pirarucu (Arapaima gigas) durante práticas de rotina em piscicultura. Acta Amazonica, 36(3), 349-355. Carvalho, P. E. (2007). Circular Técnica 140. Embrapa Florestas. Colombo: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cicco, L. H. (s.d.). Arara Azul. Acesso em 03 de Outubro de 2011, disponível em Saúude Animal: http://www.saudeanimal.com.br/extinto3.htm
  • 54. 54 Cicco, L. H. (s.d.). Onça Pintada. Acesso em 03 de Outubro de 2011, disponível em Saúde Animal: http://www.saudeanimal.com.br/extinto16.htm Fearnside, P. M. (Julho de 2005). Desmatamento na Amazônia brasileira: história, índice e consequência. (J. M. Silva, Ed.) Diversidade, 1, pp. 113-123. Fernandes, T. (12 de Julho de 2007). O nascimento da floresta. Acesso em 06 de Setembro de 2011, disponível em Insttituto Ciência Hoje: http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/reuniao-anual-da-sbpc-2007/o- nascimento-da-floresta Floresta Amazônica. (s.d.). Acesso em 03 de Outubro de 2011, disponível em Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/brasil/floresta-amazonica.htm Fundação Roberto Marinho; Furnas Centrais Elétricas S.A.; Elerobrás; Eletronorte; Fundação Antonio Carlos Jobim. (2005). Ecologia dos Ecossistemas. In: Tom da Amazônia (pp. 52-74). Rio de Janeiro: Ipsis Gráfica e Editora. Hevea brasiliensis (rubber tree). (s.d.). Acesso em 04 de Outubro de 2011, disponível em Royal Botanic Gardens: http://www.kew.org/plants-fungi/Hevea- brasiliensis.htm Imprensa Nacional. (28 de Maio de 2004). Lista Nacional das Espécies de Invertebrados Aquáticos e Peixes Ameacadas de Extinção. Diário Oficial da União, pp. 136-142. Instituto Socio Ambiental. (2007). Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: Instituto Socioambiental. Isto é Amazônia. (2006). Isto é Amazônia. Acesso em 30 de Setembro de 2011, disponível em Isto é Amazônia: www.istoeamazonia.com.br Lopes, P. (s.d.). Castanha do Pará. Acesso em 06 de Outubro de 2011, disponível em Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/frutas/castanha -do-para.htm Meirelles, J. A. (2006). O livro de ouro da Amazônia: . Rio de Janeiro: Ediouro. Ministério das Relações Exteriores. (s.d.). As 7 pragas da Amazônia. Acesso em 27 de Setembro de 2011, disponível em Passei Web: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/geografia/geografia _do_brasil/meio_ambiente/brasil_amazonia_destruicao Ministério do Meio Ambiente. (26 de Maio de 2003). Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Instrução Normativa nº 003. Brasília, Distrito Federal, Brasil.