2. Um dos pilares do bem é a liberdade, um dos
obstáculos seria a escravidão. A 3ª geração, inspirada
pelos princípios libertários, defendidos por Victor
Hugo, é despertada para uma nova visão do mundo e
dos homens. Há uma preocupação social, com temas
de liberdade e abolicionismo.
Dissipa-se aos poucos aquela atmosfera doentia do
mal do século, surgindo um lirismo novo, sadio.
O Brasil, com o declínio da monarquia,
caminhava para a sedimentação do capitalismo, para o
desenvolvimento econômico(exportações de café,
melhoramentos como luz elétrica, rede de esgoto,
novas estradas), não cabia mais a mancha da
escravidão e o anseio pela república aumentava.
3. Conhecida como condoreira ou hugoniana
(numa referência a Vitor Hugo), essa geração
tinha como emblema o condor, ave da
Cordilheira dos Andes, símbolo da liberdade,
capaz de voar em grandes altitudes , comparado
aos ideais tão grandiosos dos poetas.
CONDOREIRISMO
4.
5.
6. A linguagem adquiria um tom inflamado,
declamatório, grandiosa como o voo do
condor, carregada de transposições, vocativos,
exclamações e de figuras de linguagem, a
hipérbole, metáforas. A pontuação procura dar
ao texto um tom característico da oratória.
Poesia para ser recitada, dita, como um
discurso político. Fala das procelas, do furacão,
do Himalaia, dos picos e temas sociais como o
abolicionismo, essa a mais expressiva.
7. À Tépida sombra das matas
gigantes,
Da América ardente nos
pampas do Sul,
Ao canto dos ventos nas
palmas brilhantes,
À luz transparente de um céu
todo azul,
Ó pátria, desperta... Não
curves a fronte
Que enxuga-te os prantos o Sol
do Equador.
Não miras na fímbria do vasto
horizonte
A luz da alvorada de um dia
melhor?
Já falta bem pouco. Sacode a
cadeia
Que chamam riquezas... que
nódoas te são!
Não manches a folha de tua
epopéia
No sangue do escravo, no
imundo balcão.
Sê pobre, que importa? Sê
livre... és gigante,
Bem como os condores dos
píncaros teus!
Arranca este peso das costas do
Atlante,
Levanta o madeiro dos ombros
de Deus.
8.
9. Chama-se de poesia engajada aquela que se coloca
a serviço de uma causa político- ideológica,
procurando ser uma arte de contestação e
conscientização.
A arte da 3ª geração é usada para revolucionar uma
sociedade. Os sentimentos são motivadores de
mudanças. Não basta, para o poeta, só mergulhar nas
suas emoções, ele sente a necessidade de mudança de
valores na sociedade e se sente, como artista, na
obrigação de participar disso. Valoriza a vida e busca
com sua arte defendê-la, denunciando as injustiças.
10. Deus! ó Deus! onde
estás que não
respondes?
Em que mundo, em
qu'estrela tu
t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te
mandei meu grito,
Que embalde desde
então corre o infinito...
Onde estás, Senhor
Deus?...
Minha garupa sangra,
a dor poreja,
Quando o chicote do
simoun dardeja
O teu braço eternal.
Minhas irmãs são
belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas
sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos
brancos elefantes
Embala-se coberta de
brilhantes
Nas plagas do
Hindustão.
Por tenda tem os
cimos do Himalaia...
Ganges amoroso beija
a praia
Coberta de corais ...
A brisa de Misora o
céu inflama;
11.
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16.
17.
18.
19.
20. Era um sonho dantesco... O
tombadilho
Que das luzernas avermelha
o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de
açoite...
Legiões de homens negros
como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres,
suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas
pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas,
espantadas,
No turbilhão de espectros
arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.
21.
22.
23. Poeta baiano, principal autor dessa geração. Cursava direito em
Recife e São Paulo.
Sua obra representa, na evolução da poesia romântica brasileira,
um momento de maturidade e de transição. Maturidade, em relação a
certas atitudes ingênuas das gerações anteriores, como a idealização
amorosa e nacionalismo ufanista, às quais Castro Alves dará um outro
tratamento, mais crítico e realista. Transição, porque sua perspectiva
mais objetiva e crítica diante da realidade aponta para o movimento
literário subsequente, o Realismo, que, aliás, já há muito predominava
na Europa.Talvez seja Castro Alves o primeiro grande poeta social
brasileiro. Como poucos, soube conciliar as ideias de reforma social
com os procedimentos específicos da poesia, sem permitir que sua obra
caísse no mero panfleto político .
Desse modo, em vez de uma visão idealizada e ufanista da pátria,
Castro Alves retrata o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos:
a escravidão dos negros e a opressão e a ignorância do povo brasileiro.
A linguagem poética de Castro Alves prenuncia a perspectiva
crítica e a objetividade do Realismo. Apesar disso, é uma linguagem
essencialmente romântica, afim com o projeto liberal do romantismo
brasileiro e bastante carregada emocionalmente, beirando os limites da
paixão.
Fonte: Internet <www.limacoelho.jor.br>
24. Poesia abolicionista
Liberalismo e questões políticas da época.
Linguagem exaltada.
Poesia lírica
Suas principais obras são: "Espumas Flutuantes", “A
Cachoeira de Paulo Afonso" e o drama "Gonzaga ou a
Revolução de Minas". Ao livro "Os Escravos"
pertencem "Vozes d'África" e "O Navio Negreiro”.
25. O crescimento da cultura urbana, os
debates em torno de ideais democráticos , a
revolta pelo sistema escravagista são
aspectos que influenciam Castro Alves.
Tinha repúdio pela escravatura. A poesia
deveria denunciar as injustiças;
26. Tom exaltado. Vai usar hipérboles,
metáforas, apóstrofes grandiosas. Oratória
emocionada.
“Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...”
Castro Alves – “Vozes d’África”
27. Mulher mais próxima da realidade, sensual(ele concilia a
prática poética com o exercício amoroso);
O "Adeus" de Teresa
Castro Alves
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus
E amamos juntos E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala
E ela, corando, murmurou-me: "adeus."
Uma noite entreabriu-se um reposteiro. . .
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus
Era eu Era a pálida Teresa!
"Adeus" lhe disse conservando-a presa
E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!"