2. Consílio dos deuses
divisão em três grandes momentos
1. Chegada dos deuses ao Olimpo (est. 20 a 23)
2. Discurso de Júpiter (est. 24 a 29)
3. Debate dos deuses (est. 30 a 40)
1. Chegada dos desuses ao olimpo
a) Caracterização do espaço onde se integram as personagens (deuses): luminosidade, brilho,
riqueza.
b) Caracterização da dinvindade “máxima”atendendo:
-ao seu carácter divinino (est. 22, verso 5, 6);
-ao seu estatuto de chefe supremo dos deuses, detentor de todo o poder (est. 21, v. 2, 3;
est.22. v.4,
7 (símbolos do poder), est. 23. v. 8).
c) Disposição dos deuses no Consílio - dispostos hierarquicamente, segundo a sua importância.
2. disCurso de Júpiter – tem dupla finalidade: informar e ConvenCer o
públiCo a que se dirige
a) Informar
Os desígnios dos fados (destino): os Portugueses tornar-se-ão mais famosos que os
povos da antiguidade (est. 24. v. 6, 7, 8);
Parte deste desígnio já fora cumprido: os portugueses construíram o seu reino, lutando
contra
mouros (est.25. v. 3, 4), castenhanos (est. 25. v. 5, 6) e romanos (est. 26. v. 4);
Falta concretizar-se o que está prometido: o governo dos mares do Oriente (est. 28. v.
3, 8).
b) Convencer - argumentação do seu discurso – Júpiter mostra:
O valor guerreiro dos Portugueses (est. 25. v. 2, 3, 5; est. 26. v. 5, 6)
Júpiter valoriza o inimigo para pôr em destaque a coragem e valentia dos Portugueses
A coragem e ousadia deste povo (est. 27. v. 2, 3, 4; est. 29. v. 3, 4);
A sua persistência apesar do tempo já decorrido (est. 27, v. 5), das dificuldades da
viagem (est. 28. v. 6), dos perigos (est. 29. v. 2) e do cansaço (est. 29, v. 1,2,3)
nota: o discurso de Júpiter visa convencer os deuses e justificar a sua posição: ajudar os
Portugueses, fazendo cumprir a decisão dos Fados (destino).
3. debate dos deuses
a) Intervenção de Baco:
3. Motivo pelo qual Baco é o primeiro deus a intervir (sente-se lesado com a chegada do
povo Português à Índia (est. 30, v. 7; est. 31, v. 6, 7, 8);
Atitude de Baco e sua justificação (est.32, v. 6, 7, 8)
b) Intervenção de Vénus:
Pretende ajudar os Portugueses (est. 33, v. 2);
Motivos da sua atitude (est. 33, v. 3, 4, 7, est. 34, v. 3, 4)
c) Intervenção de Marte;
O apoio a Vénus (est. 36, v. 3);
A rejeição do tumulto que reinava no Consílio (est. 39. v. 5)
RESUMO
Neste episódio mitológico, Camões destaca o valor dos portugueses. Os deuses do Olimpo
(deuses da mitologia romana) reúnem-se em "consílio glorioso" para decidir sobre o destino dos
portugueses no Oriente. Não estava em causa a chegada dos portugueses ao Oriente, pois essa já
tinha sido determinada pelo destino; tratava-se, sim, de decidir se os deuses ajudariam ou não os
portugueses a chegar rapidamente e de um modo seguro à Índia.
Júpiter, o pai dos deuses, envia Mercúrio, o deus mensageiro, para convocar todos os
deuses que vão chegando ao Consílio, vindos de todas as partes do planeta. Os deuses sentam-se
segundo a sua hierarquia: os mais antigos e depois os mais novos.
Já sentados nos seus "luzentes assentos", os deuses escutam o discurso de Júpiter. começa
por lembrar que os portugueses eram um povo guerreiro e corajoso, que já tinham conquistado o
4. país aos mouros e vencido por diversas vezes os temidos castelhanos. Refere, ainda, as antigas
vitórias de Viriato, chefe lusitano, frente aos romanos, Termina o seu discurso, chamando a
atenção dos deuses para os presentes feitos dos portugueses que corajosamente, lutando contra
tantas adversidades, empreendiam importantes viagens pelo mundo, merecendo, por isso ajuda dos
deuses.
Baco, o deus do vinho, insurge-se de imediato contra os portugueses, pois sentia uma
enorme inveja pela imensa glória que o destino lhes reservava. Na Índia prestava-se culto a Baco,
e o invejoso deus temia que os seus seguidores rapidamente o esquecessem com a chegada dos
portugueses.
Vénus, a deusa da beleza e do amor, intervém de seguida, apoiando os portugueses, povo
com o qual simpatiza por lhe fazer lembrar os romanos, quer pela língua, semelhante ao latim,
quer pela coragem que demonstravam e pelas importantes conquistas que realizaram.
Após as intervenções de Baco e de Vénus, todos os deuses se lançam numa feroz discussão
comparada pelo poeta a uma temível tempestade, até que Marte, o deus da guerra, toma a palavra,
e, dirigindo-se a Júpiter, relembra-lhe que era a ele, o pai dos deuses, que cabia a decisão, que,
aliás, já estava tomada desde o início. Marte sublinha ainda, que não se deveria dar ouvidos a
Baco, pois não passava de um invejoso. Marte simpatizava naturalmente com os portugueses por
serem um povo guerreiro e também para agradar a Vénus com quem tinha tido no passado uma
relação amorosa.
Após ouvir as palavras de Marte, Júpiter inclinou a cabeça em sinal de consentimento, e
desfez a reunião, tendo sido então tomada a decisão de ajudar os portugueses na sua viagem para a
Índia.