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A bênção do silêncio By Verinh@
Da minha casa até o litoral são mais ou menos 130 km.  Sei que existem casais que fazem esse percurso sem fechar a boca um só minuto.  Falam sem parar, não por obrigação, mas por puro prazer.
Todo o dia falam um com o outro, mesmo casados há mais de 30 anos.  Parece inacreditável ainda terem tanto assunto para falar, nem ligam o rádio.
Para outros casais, fazer o mesmo percurso é um sofrimento, uma tortura, uma prova de paciência.  O silêncio no carro é tétrico e fúnebre porque ambos não têm absolutamente nada para falar um com o outro, ou melhor, não existe mais nenhuma afinidade entre eles.
Graças a Deus que existe um rádio no carro.  Mas há ainda um terceiro tipo de casal e é deles que eu quero falar.  É o casal que tem a divina bênção do silêncio.
Este casal percorre os 130 km em silêncio porque não tem a obrigação de falar.  Não necessitam ser simpáticos, nem arranjar assunto, nem mesmo para a tal história de “quebrar o gelo”.
Pelo contrário, eles não têm medo do gelo.  Não ficam inquietos ou angustiados se há o silêncio.  Tampouco ficam nervosos pensando em qualquer coisa para dizer.  Gostam do silêncio.
Na verdade eles seguem num silêncio contemplativo da paisagem ao redor da estrada, num silêncio “pensante”.
Estes são os casais que parecem ter encontrado uma verdadeira comunhão a dois, aquela que não precisa de artifícios, de frescuras, de adornos. É difícil percebermos estes momentos como aqueles de maior intimidade do mundo.
Mas vou lhes dizer que acredito que o silêncio pode ser a maior forma de intimidade que podemos ter com alguém.  E olhem que não é raro que, passados um ou dois anos de casamento, alguém me procure e diga: “acho que estamos em crise, não temos muito o que falar um com o outro”.
Pior ainda são os que chegam e dizem: “acho que o amor acabou, estamos ficando em silêncio.” Poder sentir-se a vontade em momentos de silêncio a dois é uma bênção.
Ao dirigirmos nosso carro, simplesmente pondo a mão na perna do outro, sem nada para falar ou somente segurando a mão do outro e apenas sorrindo, sem precisarmos dizer nada, percebemos uma sensação avassaladora de paz e prazer.
Num mundo que fornece informações rápidas e constantes, exigindo agilidade de idéias e, pior de tudo, uma constante performance, ficar em silêncio exige muita coragem e ousadia.
Exige uma confiança em si mesmo e, mais ainda, no outro.  Se me calo é porque confio em ti, se te calas e eu respeito é porque eu confio em ti e em mim, esta é a matemática.  O amor não é visto como frágil, muito menos a relação.
Sabemos que ela é forte e tranqüila, então o silêncio é bem vindo e respeitado.  E quanto ao rádio?  Tanto faz.  Você pode ligar ou não.  Pouco importa nesses momentos de paz e de divino silêncio.
Texto: Maria Cristina Manfro Música: Quem sabe - Antonio Carlos Gomes Formatação: Vera Lúcia de Siqueira Receba belos slides clicando:

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  • 1. A bênção do silêncio By Verinh@
  • 2. Da minha casa até o litoral são mais ou menos 130 km. Sei que existem casais que fazem esse percurso sem fechar a boca um só minuto. Falam sem parar, não por obrigação, mas por puro prazer.
  • 3. Todo o dia falam um com o outro, mesmo casados há mais de 30 anos. Parece inacreditável ainda terem tanto assunto para falar, nem ligam o rádio.
  • 4. Para outros casais, fazer o mesmo percurso é um sofrimento, uma tortura, uma prova de paciência. O silêncio no carro é tétrico e fúnebre porque ambos não têm absolutamente nada para falar um com o outro, ou melhor, não existe mais nenhuma afinidade entre eles.
  • 5. Graças a Deus que existe um rádio no carro. Mas há ainda um terceiro tipo de casal e é deles que eu quero falar. É o casal que tem a divina bênção do silêncio.
  • 6. Este casal percorre os 130 km em silêncio porque não tem a obrigação de falar. Não necessitam ser simpáticos, nem arranjar assunto, nem mesmo para a tal história de “quebrar o gelo”.
  • 7. Pelo contrário, eles não têm medo do gelo. Não ficam inquietos ou angustiados se há o silêncio. Tampouco ficam nervosos pensando em qualquer coisa para dizer. Gostam do silêncio.
  • 8. Na verdade eles seguem num silêncio contemplativo da paisagem ao redor da estrada, num silêncio “pensante”.
  • 9. Estes são os casais que parecem ter encontrado uma verdadeira comunhão a dois, aquela que não precisa de artifícios, de frescuras, de adornos. É difícil percebermos estes momentos como aqueles de maior intimidade do mundo.
  • 10. Mas vou lhes dizer que acredito que o silêncio pode ser a maior forma de intimidade que podemos ter com alguém. E olhem que não é raro que, passados um ou dois anos de casamento, alguém me procure e diga: “acho que estamos em crise, não temos muito o que falar um com o outro”.
  • 11. Pior ainda são os que chegam e dizem: “acho que o amor acabou, estamos ficando em silêncio.” Poder sentir-se a vontade em momentos de silêncio a dois é uma bênção.
  • 12. Ao dirigirmos nosso carro, simplesmente pondo a mão na perna do outro, sem nada para falar ou somente segurando a mão do outro e apenas sorrindo, sem precisarmos dizer nada, percebemos uma sensação avassaladora de paz e prazer.
  • 13. Num mundo que fornece informações rápidas e constantes, exigindo agilidade de idéias e, pior de tudo, uma constante performance, ficar em silêncio exige muita coragem e ousadia.
  • 14. Exige uma confiança em si mesmo e, mais ainda, no outro. Se me calo é porque confio em ti, se te calas e eu respeito é porque eu confio em ti e em mim, esta é a matemática. O amor não é visto como frágil, muito menos a relação.
  • 15. Sabemos que ela é forte e tranqüila, então o silêncio é bem vindo e respeitado. E quanto ao rádio? Tanto faz. Você pode ligar ou não. Pouco importa nesses momentos de paz e de divino silêncio.
  • 16. Texto: Maria Cristina Manfro Música: Quem sabe - Antonio Carlos Gomes Formatação: Vera Lúcia de Siqueira Receba belos slides clicando: