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Literatura e identidade em Oswald de Andrade
                 Manoel Neves
A PRIMEIRA GERAÇÃO DO MODERNISMO
a sedimentação da literatura e da identidade brasileiras
fase iconoclasta: quer romper com o passado literário-cultural;
        anarquismo: “não sabemos o que queremos”;
      eleição do moderno como um valor em si mesmo;
          busca de originalidade a qualquer preço;
                luta contra o tradicionalismo;
         juízos de valor sobre a realidade brasileira;
              valorização poética do cotidiano;
           nacionalismo xenófobo e intransigente.
AS REVISTAS
primeira geração do modernismo brasileiro
Fonte:	
  h)p://apalavrasempressa.blogspot.com/2011/01/revista-­‐klaxon.html	
  
Fonte:	
  h)p://www.skoob.com.br/livro/156519-­‐revista-­‐de-­‐antropofagia	
  
Fonte:	
  h)p://www.nossacasa.net/arte/texto.asp?texto=66	
  
AS REVISTAS
                        primeira geração do modernismo brasileiro

                                                  quando surgem?
A	
   Semana	
   de	
   Arte	
   Moderna	
   congregou	
   os	
   autores	
   que	
   queriam	
   algo	
   diferente	
   do	
   que	
   a	
  
literatura	
  vinha	
  produzindo.	
  As	
  revistas	
  reúnem	
  intelectuais	
  com	
  afinidades	
  estéNco-­‐ideológicas.	
  

                                                     como operam?
Tal	
  qual	
  ocorria	
  nas	
  Vanguardas	
  Europeias,	
  os	
  arNstas	
  se	
  reúnem,	
  publicam	
  manifestos	
  e	
  põem	
  
em	
  práNca	
  seus	
  conceitos	
  por	
  intermédio	
  de	
  obras	
  estéNcas	
  de	
  várias	
  naturezas.	
  

                                                 para que servem?
Se	
  a	
  Semana	
  de	
  Arte	
  Moderna	
  serviu	
  para	
  congregar	
  os	
  “modernistas”,	
  as	
  revistas	
  vão	
  reunir	
  os	
  
arNstas	
  por	
  afinidade	
  estéNco-­‐ideológicas	
  e	
  alavancar	
  o	
  chamado	
  movimento	
  modernista.	
  
OS MOVIMENTOS
                         primeira geração do modernismo brasileiro

                                                      como surgem?
Em	
  torno	
  das	
  revistas,	
  reúnem-­‐se	
  escritores	
  e	
  pintores	
  que	
  têm	
  afinidades	
  estéNcas.	
  

                                                       o que fazem?
Usam	
  as	
  revistas	
  como	
  veículo	
  de	
  divulgação	
  das	
  ideias	
  [vide	
  o	
  que	
  acontece	
  com	
  a	
  Revista	
  de	
  
Antropofagia]	
  e	
  de	
  obras	
  icônicas	
  e	
  verbais.	
  

                                 quais são os mais importantes?
Teoricamente,	
   pode-­‐se	
   dividir	
   os	
   movimentos	
   modernistas	
   em	
   dois	
   grandes	
   grupos	
   –	
   os	
  
nacionalistas	
   ufanistas	
   [Anta	
   e	
   verde-­‐amarelo]	
   e	
   os	
   nacionalistas	
   críNcos	
   [Pau-­‐Brasil	
   e	
  
Antropofagia].	
  Mário	
  de	
  Andrade	
  [desvairismo]	
  e	
  Manuel	
  Bandeira,	
  apesar	
  de	
  excessivamente	
  
importantes	
   neste	
   primeiro	
   momento	
   do	
   modernismo,	
   não	
   se	
   aliam	
   aos	
   quatro	
   grandes	
   grupos	
  
mais	
  representaNvos.	
  
A POESIA PAU-BRASIL, 1924
primeira geração do modernismo brasileiro
LINHAS GERAIS
            a poesia pau-brasil, 1924
           poesia: produto de exportação;
    revisão crítica do passado histórico cultural;
coloquialismo, síntese e oralidade: língua brasileira;
         base dupla: primitivo x moderno;
           digestão e devoração cultural;
                flash cinematográfico;
                primitivismo crítico;
      crítica ao academicismo e à colonização.
O MANIFESTO [fragmentos]
                                                a poesia pau-brasil, 1924
O	
  Carnaval.	
  O	
  Sertão	
  e	
  a	
  Favela.	
  Pau-­‐Brasil.	
  Bárbaro	
  e	
  nosso.	
  
A	
  formação	
  étnica	
  rica.	
  A	
  riqueza	
  vegetal.	
  O	
  minério.	
  A	
  cozinha.	
  O	
  vatapá,	
  o	
  ouro	
  e	
  a	
  dança.	
  
Contra	
   a	
   fatalidade	
   do	
   primeiro	
   branco	
   aportando	
   e	
   dominando	
   diplomaNcamente	
   as	
   selvas	
  
selvagens.	
  Citando	
  Virgílio	
  para	
  tupiniquins.	
  O	
  bacharel.	
  
País	
  de	
  dores	
  anônimas.	
  De	
  doutores	
  anônimos.	
  Sociedade	
  de	
  náufragos	
  eruditos.	
  
Donde	
   nunca	
   a	
   exportação	
   de	
   poesia.	
   A	
   poesia	
   emaranhada	
   na	
   cultura.	
   Nos	
   cipós	
   das	
  
metrificações.	
  
A	
  língua	
  sem	
  arcaísmos.	
  Sem	
  erudição.	
  Natural	
  e	
  neológica.	
  A	
  contribuição	
  milionária	
  de	
  todos	
  
os	
  erros.	
  
Contra	
  a	
  argúcia	
  naturalista,	
  a	
  síntese.	
  Contra	
  a	
  cópia,	
  a	
  invenção	
  e	
  a	
  surpresa.	
  
Bárbaros,	
  pitorescos	
  e	
  crédulos.	
  Pau-­‐Brasil.	
  A	
  floresta	
  e	
  a	
  escola.	
  A	
  cozinha,	
  o	
  minério	
  e	
  a	
  dança.	
  
A	
  vegetação.	
  Pau-­‐Brasil.	
  
OS SELVAGENS
                                           Oswald de Andrade
                                         Mostraram-­‐lhes	
  uma	
  galinha	
  
                                          Quase	
  haviam	
  medo	
  dela	
  
                                          E	
  não	
  queriam	
  pôr	
  a	
  mão.	
  
                                      Depois	
  a	
  tomaram	
  como	
  espantados	
  
       aspectos	
  temá+cos:	
  revisão	
  críNca	
  do	
  passado	
  histórico-­‐cultural;	
  primiNvismo;	
  
aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos;	
  bricolagem	
  da	
  Carta,	
  de	
  Pero	
  Vaz	
  de	
  Caminha.	
  
PAÍS DO OURO
                                           Oswald de Andrade
                                               Todos	
  têm	
  remédio	
  de	
  vida	
  
                                       E	
  nenhum	
  pobre	
  anda	
  pelas	
  portas	
  
                                          A	
  mendigar	
  como	
  nestes	
  Reinos	
  
   aspectos	
  temá+cos:	
  revisão	
  críNca	
  do	
  passado	
  histórico-­‐cultural:	
  críNca	
  à	
  colonização;	
  
aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos;	
  apropriação	
  do	
  discurso	
  do	
  europeu:	
  bricolagem.	
  
SENHOR FEUDAL
                        Oswald de Andrade
                               Se	
  Pedro	
  Segundo	
  
                                       Vier	
  aqui	
  
                                     Com	
  história	
  
                              Eu	
  boto	
  ele	
  na	
  cadeia	
  
aspectos	
  temá+cos:	
  revisão	
  críNca	
  do	
  passado	
  histórico-­‐cultural;	
  
        aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos;	
  oralidade.	
  
PRONOMINAIS
                                     Oswald de Andrade
                                               Dê-­‐me	
  um	
  cigarro	
  
                                                    Diz	
  a	
  gramáNca	
  
                                         Do	
  professor	
  e	
  do	
  aluno	
  
                                               E	
  do	
  mulato	
  sabido	
  
                                  Mas	
  o	
  bom	
  negro	
  e	
  o	
  bom	
  branco	
  
                                              Da	
  Nação	
  Brasileira	
  
                                              Dizem	
  todos	
  os	
  dias	
  
                                          Deixa	
  disso	
  camarada	
  
                                                Me	
  dá	
  um	
  cigarro	
  
aspectos	
  temá+cos:	
  defesa	
  de	
  uma	
  língua	
  brasileira:	
  simples,	
  coloquial	
  e	
  sintéNca;	
  
                     aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos;	
  oralidade.	
  
POBRE ALIMÁRIA
                 Oswald de Andrade
                        O	
  cavalo	
  e	
  a	
  carroça	
  
               Estavam	
  atravancados	
  no	
  trilho	
  
        E	
  como	
  o	
  motorneiro	
  se	
  impacientasse	
  
    Porque	
  levava	
  os	
  advogados	
  para	
  os	
  escritórios	
  
                 Desatravancaram	
  o	
  veículo	
  
                         E	
  o	
  animal	
  disparou	
  
                       Mas	
  o	
  lesto	
  carroceiro	
  
                            Trepou	
  na	
  boleia	
  
                E	
  casNgou	
  o	
  fugiNvo	
  atrelado	
  
                 Com	
  um	
  grandioso	
  chicote	
  	
  
aspectos	
  temá+cos:	
  base	
  dupla	
  [primiNvo	
  x	
  moderno]	
  
 aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos;	
  oralidade.	
  
03 DE MAIO
                                           Oswald de Andrade
                                               Todos	
  têm	
  remédio	
  de	
  vida	
  
                                       E	
  nenhum	
  pobre	
  anda	
  pelas	
  portas	
  
                                          A	
  mendigar	
  como	
  nestes	
  Reinos	
  
   aspectos	
  temá+cos:	
  revisão	
  críNca	
  do	
  passado	
  histórico-­‐cultural:	
  críNca	
  à	
  colonização;	
  
aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos;	
  apropriação	
  do	
  discurso	
  do	
  europeu:	
  bricolagem.	
  
RELICÁRIO
                                           Oswald de Andrade
                                                       No	
  baile	
  da	
  Corte	
  
                                           Foi	
  o	
  Conde	
  d’Eu	
  quem	
  disse	
  
                                                    Pra	
  Dona	
  Benvinda	
  
                                                  Que	
  farinha	
  de	
  Suruí	
  
                                                        Pinga	
  de	
  ParaN	
  
                                                     Fumo	
  de	
  Baependi	
  
                                              É	
  comê	
  bebê	
  pitá	
  e	
  caí.	
  
aspectos	
  temá+cos:	
  revisão	
  críNca	
  do	
  passado	
  histórico-­‐cultural;	
  defesa	
  da	
  cultura	
  popular;	
  
                           aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos;	
  oralidade.	
  
ERRO DE PORTUGUÊS
                                      Oswald de Andrade
                                      Quando	
  o	
  português	
  chegou	
  
                                      Debaixo	
  de	
  uma	
  bruta	
  chuva	
  
                                                VesNu	
  o	
  índio	
  
                                                  Que	
  pena!	
  
                                        Fosse	
  uma	
  manhã	
  de	
  sol	
  
                                         O	
  índio	
  Nnha	
  despido	
  
                                                O	
  português	
  
aspectos	
  temá+cos:	
  revisão	
  críNca	
  do	
  passado	
  histórico-­‐cultural;	
  primiNvismo	
  críNco;	
  
                             aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos.	
  
O CAPOEIRA
                  Oswald de Andrade
                       –	
  Qué	
  apanhá,	
  sordado?	
  	
  
                                    –	
  O	
  quê?	
  	
  
                              –	
  Qué	
  apanhá?	
  
                 –	
  Pernas	
  e	
  cabeças	
  na	
  calçada.	
  	
  
        aspectos	
  temá+cos:	
  flash	
  cinematográfico;	
  
aspectos	
  formais:	
  língua	
  brasileira;	
  síntese;	
  metonímias.	
  
ESCAPULÁRIO
                      Oswald de Andrade
                             No	
  Pão	
  de	
  Açúcar	
  
                                 de	
  cada	
  dia	
  
                              Dai-­‐nos,	
  Senhor	
  
                                    a	
  poesia	
  	
  
                                 de	
  cada	
  dia	
  	
  
aspectos	
  temá+cos:	
  apropriação	
  paródica	
  do	
  discurso	
  europeu;	
  
      aspectos	
  formais:	
  metalinguagem	
  e	
  intertextualidade.	
  
Tarsila	
  do	
  Amaral:	
  Favela.	
  Disponível	
  em:	
  h)p://paisagensnaartebrasileira.pbworks.com/	
  
Tarsila	
  do	
  Amaral:	
  O	
  mamoeiro.	
  Disponível	
  em:	
  h)p://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/539_tarsila/page4.shtml	
  
Tarsila	
  do	
  Amaral:	
  Estrada	
  de	
  ferro	
  Central	
  do	
  Brasil.	
  Disponível	
  em:	
  h)p://www.bbc.co.uk/portuguese/	
  
ANTROPOFAGIA, 1928
primeira geração do modernismo brasileiro
LINHAS GERAIS
           a antropofagia, 1928
        devoração cultural seletiva;
revisão crítica do passado histórico cultural;
           estilo crítico e irônico;
            estrutura inovadora;
            primitivismo crítico;
       poema-piada e poema pílula;
            primitivismo crítico;
            nacionalismo crítico.
O MANIFESTO ANTROPÓFAGO [fragmentos]
                                                      a antropofagia, 1928
Tupy	
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   Encontrados	
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   ferozmente,	
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   hipocrisia	
   da	
  
saudade,	
  pelos	
  imigrados,	
  pelos	
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  No	
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  da	
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Nunca	
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  catequizados.	
  Vivemos	
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  de	
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  sonâmbulo.	
  Fizemos	
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  nascer	
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Bahia.	
  Ou	
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  Belém	
  do	
  Pará.	
  
Contra	
   a	
   realidade	
   social,	
   vesNda	
   e	
   opressora,	
   cadastrada	
   por	
   Freud	
   –a	
   a	
   realidade	
   sem	
  
complexos,	
  sem	
  loucura,	
  sem	
  prosNtuições	
  e	
  sem	
  penitenciárias	
  do	
  matriarcado	
  de	
  Pindorama.	
  
MEUS SETE ANOS
                                Oswald de Andrade
                                    Papai	
  vinha	
  de	
  tarde	
  
                                     Da	
  faina	
  de	
  labutar	
  
                                   Eu	
  esperava	
  na	
  calçada	
  
                                       Papai	
  era	
  gerente	
  
                                      Do	
  Banco	
  Popular	
  
                                    Eu	
  aprendia	
  com	
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                                  Os	
  nomes	
  dos	
  negócios	
  
                                          Juros	
  hipotecas	
  
                                     Prazo	
  amorNzação	
  
                                       Papai	
  era	
  gerente	
  
                                      Do	
  Banco	
  Popular	
  
                                  Mas	
  descontava	
  cheques	
  
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  guichê	
  do	
  coração	
  	
  
       aspectos	
  formais:	
  versos	
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  brancos;	
  pontuação	
  relaNva;	
  
aspectos	
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  paródia	
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  “Meus	
  oito	
  anos”,	
  de	
  Casimiro	
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  Abreu	
  
[aos	
  aspectos	
  líricos	
  se	
  misturam	
  elementos	
  do	
  coNdiano	
  do	
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base	
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  lírico	
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  prosaico	
  [saudades[	
  x	
  poéNco	
  [capitalista]	
  
AMOR
                                           Oswald de Andrade
                                                           humor	
  
                aspectos	
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  síntese	
  [extrema];	
  versos	
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  releitura	
  crí4ca	
  do	
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  românNco	
  [o	
  amor	
  não	
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  triste].	
  
FAZENDA
                              Oswald de Andrade
                      O	
  mandacaru	
  espiou	
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  flash	
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  apresentação	
  sucinta	
  e	
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  de	
  uma	
  paisagem	
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  campo.	
  
CRÔNICA
                                            Oswald de Andrade
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  uma	
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                                                         O	
  mundo	
  
aspectos	
  formais:	
  síntese	
  [extrema];	
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  caráter	
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  e	
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  sobrenome	
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  culturais	
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carnaval:	
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  de	
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  solar;	
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Tarsila	
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  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm	
  
Tarsila	
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  Abaporu.	
  Disponível	
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  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm	
  
Tarsila	
  do	
  Amaral:	
  A	
  negra.	
  Disponível	
  em:	
  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm	
  
Tarsila	
  do	
  Amaral:	
  Antropofagia.	
  Disponível	
  em:	
  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm	
  
Tarsila	
  do	
  Amaral:	
  A	
  cuca.	
  Disponível	
  em:	
  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm	
  
Tarsila	
  do	
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  O	
  macaco.	
  Disponível	
  em:	
  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm	
  
OSWALD DE ANDRADE
           primeira geração do modernismo brasileiro

                             características
         estilo crítico e irônico                    poemas piadas

   romances com estrutura inovadora                nacionalismo crítico


                           principais obras
              Pau-Brasil                Primeiro caderno do aluno de poesia O.A.

Memórias sentimentais de João Miramar            Serafim Ponte Grande
DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS
                      na poesia
poesia hermética e que incorpora a civilização material;
      verso livre; metalinguagem e coloquialismo;
                dessacralização da arte;
                humor [poema-piada];
          cosmopolitismo do processo literário;
       antiacademicismo, anticonvercionalismo;
                humor [poema-piada];
 abolição da diferença entre temas poéticos e prosaicos;
                linguagem mais simples.
DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS
                              na prosa
                  o autor ausenta-se da narrativa;
              a ação e o enredo perdem importância;
  destacam-se emoções, estados mentais e reações das personagens;
             fala-se dos temas individuais e específicos;
aumenta o interesse pelos estados mentais, pela vida profunda do eu;
              antiacademicismo, anticonvercionalismo;
                        fluxo de consciência;
      a literatura torna-se subjetiva, interiorizada e abstrata;
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Poesia e identidade em oswald de andrade

  • 1. Literatura e identidade em Oswald de Andrade Manoel Neves
  • 2. A PRIMEIRA GERAÇÃO DO MODERNISMO a sedimentação da literatura e da identidade brasileiras fase iconoclasta: quer romper com o passado literário-cultural; anarquismo: “não sabemos o que queremos”; eleição do moderno como um valor em si mesmo; busca de originalidade a qualquer preço; luta contra o tradicionalismo; juízos de valor sobre a realidade brasileira; valorização poética do cotidiano; nacionalismo xenófobo e intransigente.
  • 3. AS REVISTAS primeira geração do modernismo brasileiro
  • 7. AS REVISTAS primeira geração do modernismo brasileiro quando surgem? A   Semana   de   Arte   Moderna   congregou   os   autores   que   queriam   algo   diferente   do   que   a   literatura  vinha  produzindo.  As  revistas  reúnem  intelectuais  com  afinidades  estéNco-­‐ideológicas.   como operam? Tal  qual  ocorria  nas  Vanguardas  Europeias,  os  arNstas  se  reúnem,  publicam  manifestos  e  põem   em  práNca  seus  conceitos  por  intermédio  de  obras  estéNcas  de  várias  naturezas.   para que servem? Se  a  Semana  de  Arte  Moderna  serviu  para  congregar  os  “modernistas”,  as  revistas  vão  reunir  os   arNstas  por  afinidade  estéNco-­‐ideológicas  e  alavancar  o  chamado  movimento  modernista.  
  • 8. OS MOVIMENTOS primeira geração do modernismo brasileiro como surgem? Em  torno  das  revistas,  reúnem-­‐se  escritores  e  pintores  que  têm  afinidades  estéNcas.   o que fazem? Usam  as  revistas  como  veículo  de  divulgação  das  ideias  [vide  o  que  acontece  com  a  Revista  de   Antropofagia]  e  de  obras  icônicas  e  verbais.   quais são os mais importantes? Teoricamente,   pode-­‐se   dividir   os   movimentos   modernistas   em   dois   grandes   grupos   –   os   nacionalistas   ufanistas   [Anta   e   verde-­‐amarelo]   e   os   nacionalistas   críNcos   [Pau-­‐Brasil   e   Antropofagia].  Mário  de  Andrade  [desvairismo]  e  Manuel  Bandeira,  apesar  de  excessivamente   importantes   neste   primeiro   momento   do   modernismo,   não   se   aliam   aos   quatro   grandes   grupos   mais  representaNvos.  
  • 9. A POESIA PAU-BRASIL, 1924 primeira geração do modernismo brasileiro
  • 10. LINHAS GERAIS a poesia pau-brasil, 1924 poesia: produto de exportação; revisão crítica do passado histórico cultural; coloquialismo, síntese e oralidade: língua brasileira; base dupla: primitivo x moderno; digestão e devoração cultural; flash cinematográfico; primitivismo crítico; crítica ao academicismo e à colonização.
  • 11. O MANIFESTO [fragmentos] a poesia pau-brasil, 1924 O  Carnaval.  O  Sertão  e  a  Favela.  Pau-­‐Brasil.  Bárbaro  e  nosso.   A  formação  étnica  rica.  A  riqueza  vegetal.  O  minério.  A  cozinha.  O  vatapá,  o  ouro  e  a  dança.   Contra   a   fatalidade   do   primeiro   branco   aportando   e   dominando   diplomaNcamente   as   selvas   selvagens.  Citando  Virgílio  para  tupiniquins.  O  bacharel.   País  de  dores  anônimas.  De  doutores  anônimos.  Sociedade  de  náufragos  eruditos.   Donde   nunca   a   exportação   de   poesia.   A   poesia   emaranhada   na   cultura.   Nos   cipós   das   metrificações.   A  língua  sem  arcaísmos.  Sem  erudição.  Natural  e  neológica.  A  contribuição  milionária  de  todos   os  erros.   Contra  a  argúcia  naturalista,  a  síntese.  Contra  a  cópia,  a  invenção  e  a  surpresa.   Bárbaros,  pitorescos  e  crédulos.  Pau-­‐Brasil.  A  floresta  e  a  escola.  A  cozinha,  o  minério  e  a  dança.   A  vegetação.  Pau-­‐Brasil.  
  • 12. OS SELVAGENS Oswald de Andrade Mostraram-­‐lhes  uma  galinha   Quase  haviam  medo  dela   E  não  queriam  pôr  a  mão.   Depois  a  tomaram  como  espantados   aspectos  temá+cos:  revisão  críNca  do  passado  histórico-­‐cultural;  primiNvismo;   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  bricolagem  da  Carta,  de  Pero  Vaz  de  Caminha.  
  • 13. PAÍS DO OURO Oswald de Andrade Todos  têm  remédio  de  vida   E  nenhum  pobre  anda  pelas  portas   A  mendigar  como  nestes  Reinos   aspectos  temá+cos:  revisão  críNca  do  passado  histórico-­‐cultural:  críNca  à  colonização;   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  apropriação  do  discurso  do  europeu:  bricolagem.  
  • 14. SENHOR FEUDAL Oswald de Andrade Se  Pedro  Segundo   Vier  aqui   Com  história   Eu  boto  ele  na  cadeia   aspectos  temá+cos:  revisão  críNca  do  passado  histórico-­‐cultural;   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  oralidade.  
  • 15. PRONOMINAIS Oswald de Andrade Dê-­‐me  um  cigarro   Diz  a  gramáNca   Do  professor  e  do  aluno   E  do  mulato  sabido   Mas  o  bom  negro  e  o  bom  branco   Da  Nação  Brasileira   Dizem  todos  os  dias   Deixa  disso  camarada   Me  dá  um  cigarro   aspectos  temá+cos:  defesa  de  uma  língua  brasileira:  simples,  coloquial  e  sintéNca;   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  oralidade.  
  • 16. POBRE ALIMÁRIA Oswald de Andrade O  cavalo  e  a  carroça   Estavam  atravancados  no  trilho   E  como  o  motorneiro  se  impacientasse   Porque  levava  os  advogados  para  os  escritórios   Desatravancaram  o  veículo   E  o  animal  disparou   Mas  o  lesto  carroceiro   Trepou  na  boleia   E  casNgou  o  fugiNvo  atrelado   Com  um  grandioso  chicote     aspectos  temá+cos:  base  dupla  [primiNvo  x  moderno]   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  oralidade.  
  • 17. 03 DE MAIO Oswald de Andrade Todos  têm  remédio  de  vida   E  nenhum  pobre  anda  pelas  portas   A  mendigar  como  nestes  Reinos   aspectos  temá+cos:  revisão  críNca  do  passado  histórico-­‐cultural:  críNca  à  colonização;   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  apropriação  do  discurso  do  europeu:  bricolagem.  
  • 18. RELICÁRIO Oswald de Andrade No  baile  da  Corte   Foi  o  Conde  d’Eu  quem  disse   Pra  Dona  Benvinda   Que  farinha  de  Suruí   Pinga  de  ParaN   Fumo  de  Baependi   É  comê  bebê  pitá  e  caí.   aspectos  temá+cos:  revisão  críNca  do  passado  histórico-­‐cultural;  defesa  da  cultura  popular;   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  oralidade.  
  • 19. ERRO DE PORTUGUÊS Oswald de Andrade Quando  o  português  chegou   Debaixo  de  uma  bruta  chuva   VesNu  o  índio   Que  pena!   Fosse  uma  manhã  de  sol   O  índio  Nnha  despido   O  português   aspectos  temá+cos:  revisão  críNca  do  passado  histórico-­‐cultural;  primiNvismo  críNco;   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos.  
  • 20. O CAPOEIRA Oswald de Andrade –  Qué  apanhá,  sordado?     –  O  quê?     –  Qué  apanhá?   –  Pernas  e  cabeças  na  calçada.     aspectos  temá+cos:  flash  cinematográfico;   aspectos  formais:  língua  brasileira;  síntese;  metonímias.  
  • 21. ESCAPULÁRIO Oswald de Andrade No  Pão  de  Açúcar   de  cada  dia   Dai-­‐nos,  Senhor   a  poesia     de  cada  dia     aspectos  temá+cos:  apropriação  paródica  do  discurso  europeu;   aspectos  formais:  metalinguagem  e  intertextualidade.  
  • 22. Tarsila  do  Amaral:  Favela.  Disponível  em:  h)p://paisagensnaartebrasileira.pbworks.com/  
  • 23. Tarsila  do  Amaral:  O  mamoeiro.  Disponível  em:  h)p://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/539_tarsila/page4.shtml  
  • 24. Tarsila  do  Amaral:  Estrada  de  ferro  Central  do  Brasil.  Disponível  em:  h)p://www.bbc.co.uk/portuguese/  
  • 25. ANTROPOFAGIA, 1928 primeira geração do modernismo brasileiro
  • 26. LINHAS GERAIS a antropofagia, 1928 devoração cultural seletiva; revisão crítica do passado histórico cultural; estilo crítico e irônico; estrutura inovadora; primitivismo crítico; poema-piada e poema pílula; primitivismo crítico; nacionalismo crítico.
  • 27. O MANIFESTO ANTROPÓFAGO [fragmentos] a antropofagia, 1928 Tupy  or  not  tupy  that  is  the  quesNon.   A  alegria  é  a  prova  dos  nove.   Nunca   fomos   catequizados.   Fizemos   foi   o   Carnaval.   O   índio   vesNdo   de   Senador   do   Império.   Fingindo  de  Pi).  Ou  figurando  nas  óperas  de  Alencar  cheio  de  bons  senNmentos  portugueses.   Antes  de  os  portugueses  descobrirem  o  Brasil,  o  Brasil  havia  descoberto  a  felicidade.   Filhos   do   sol,   mãe   dos   viventes.   Encontrados   e   amados   ferozmente,   com   toda   a   hipocrisia   da   saudade,  pelos  imigrados,  pelos  traficados  e  pelos  touristes.  No  país  da  cobra  grande.   Nunca  fomos  catequizados.  Vivemos  através  de  um  direito  sonâmbulo.  Fizemos  Cristo  nascer  na   Bahia.  Ou  em  Belém  do  Pará.   Contra   a   realidade   social,   vesNda   e   opressora,   cadastrada   por   Freud   –a   a   realidade   sem   complexos,  sem  loucura,  sem  prosNtuições  e  sem  penitenciárias  do  matriarcado  de  Pindorama.  
  • 28. MEUS SETE ANOS Oswald de Andrade Papai  vinha  de  tarde   Da  faina  de  labutar   Eu  esperava  na  calçada   Papai  era  gerente   Do  Banco  Popular   Eu  aprendia  com  ele   Os  nomes  dos  negócios   Juros  hipotecas   Prazo  amorNzação   Papai  era  gerente   Do  Banco  Popular   Mas  descontava  cheques   No  guichê  do  coração     aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  pontuação  relaNva;   aspectos  temá+cos:  paródia  de  “Meus  oito  anos”,  de  Casimiro  de  Abreu   [aos  aspectos  líricos  se  misturam  elementos  do  coNdiano  do  capitalista]   base  dupla:  lírico  x  capitalista;  prosaico  [saudades[  x  poéNco  [capitalista]  
  • 29. AMOR Oswald de Andrade humor   aspectos  formais:  síntese  [extrema];  versos  brancos;  poema  pílula;   aspectos  temá+cos:  releitura  crí4ca  do  discurso  românNco  [o  amor  não  precisa  ser  triste].  
  • 30. FAZENDA Oswald de Andrade O  mandacaru  espiou  a  mijada  da  moça.   aspectos  formais:  síntese  [extrema];  flash  cinematográfico;  poema  piada;   tema:  apresentação  sucinta  e  inaugural  de  uma  paisagem  do  campo.  
  • 31. CRÔNICA Oswald de Andrade Era  uma  vez   O  mundo   aspectos  formais:  síntese  [extrema];  flash  cinematográfico;  poema  piada;  caráter  prosaico;   tema:  a  maior  de  todas  as  histórias  é  resumidamente  apresenta  com  um  olhar  infanNl.  
  • 32. HISTÓRIA PÁTRIA Oswald de Andrade Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de        Aventureiros   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de        Bacharéis   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de    Cruzes  de  Cristo   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de        Donatários   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de          Espanhóis        Paga  prenda        Prenda  os  espanhóis!   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de        Flibusteiros   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de        Governadores   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de    Holandeses  
  • 33. HISTÓRIA PÁTRIA Oswald de Andrade Lá  vem  uma  barquinha  carregada  de        índios   Outra  de  degredados   Outra  de  pau  de  Nnta   Até  que  o  mar  inteiro   Se  coalhou  de  transatlânNcos   E  as  barquinhas  ficaram   Jogando  prenda  coa  raça  misturada   No  litoral  azul  de  meu  Brasil.   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos;  pontuação  relaNva;  paralelismo;  elementos  visuais;   aspectos  temá+cos:  revisão  críNca  do  passado  histórico-­‐cultural;  paródia  do  discurso  histórico;   [a  história  pátria  é  contada  –  reinventada  –  de  forma  lúdica/críNca,  como  se  fosse  brincadeira:   Lá  vai  uma  barquinha  carregada  de  a,  b,  c,  d,  e,  f,  g,  h,  i.  
  • 34. BRASIL Oswald de Andrade O  Zé  Pereira  chegou  de  caravela   E  perguntou  pro  guarani  da  mata  virgem   –  Sois  cristão?   –  Não.  Sou  bravo,  sou  forte,  sou  filho  da  Morte   Teterê  tetê  Quizá  Quizá  Quecê!   Lá  longe  a  onça  resmungava  Uu!  Ua!  uu!   O  negro  zonzo  saído  da  fornalha   Tomou  a  palavra  e  respondeu   –  Sim  pela  graça  de  Deus   Cunhem  Babá  Canhém  Babá  Cum  Cum!   E  fizeram  o  Carnaval   aspectos  formais:  poema  narraNvo;  forte  musicalidade;  versos  livres  e  brancos;   aspectos  temá+cos:  narraNva  alegórica  que  relê  criNcamente  a  história  do  Brasil;   o  índio:  negação  da  colonização  +  apropriação  de  “I-­‐Juca-­‐Pirama”,  de  Gonçalves  Dias;   o  negro:  fortemente  ligado  à  religiosidade  e  ao  trabalho  [saído  da  fornalha:  ironia?];   o  branco:  tem  nome  e  sobrenome  e  está  ligado  aos  elementos  culturais  europeus;   carnaval:  festa  da  raça;  momento  de  comunhão/inversão  de  valores;  alegria  solar;  brasilidade.  
  • 35. Tarsila  do  Amaral:  Urutu.  Disponível  em:  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm  
  • 36. Tarsila  do  Amaral:  Abaporu.  Disponível  em:  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm  
  • 37. Tarsila  do  Amaral:  A  negra.  Disponível  em:  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm  
  • 38. Tarsila  do  Amaral:  Antropofagia.  Disponível  em:  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm  
  • 39. Tarsila  do  Amaral:  A  cuca.  Disponível  em:  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm  
  • 40. Tarsila  do  Amaral:  O  macaco.  Disponível  em:  h)p://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_anNga/historia.htm  
  • 41. OSWALD DE ANDRADE primeira geração do modernismo brasileiro características estilo crítico e irônico poemas piadas romances com estrutura inovadora nacionalismo crítico principais obras Pau-Brasil Primeiro caderno do aluno de poesia O.A. Memórias sentimentais de João Miramar Serafim Ponte Grande
  • 42. DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS na poesia poesia hermética e que incorpora a civilização material; verso livre; metalinguagem e coloquialismo; dessacralização da arte; humor [poema-piada]; cosmopolitismo do processo literário; antiacademicismo, anticonvercionalismo; humor [poema-piada]; abolição da diferença entre temas poéticos e prosaicos; linguagem mais simples.
  • 43. DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS na prosa o autor ausenta-se da narrativa; a ação e o enredo perdem importância; destacam-se emoções, estados mentais e reações das personagens; fala-se dos temas individuais e específicos; aumenta o interesse pelos estados mentais, pela vida profunda do eu; antiacademicismo, anticonvercionalismo; fluxo de consciência; a literatura torna-se subjetiva, interiorizada e abstrata; uso da sugestão, da associação, da expressão indireta.