O documento apresenta trechos de uma carta escrita por Pero Vaz de Caminha descrevendo os povos indígenas encontrados no Brasil. Ao longo dos fragmentos, Caminha constrói a imagem do índio como inocente e selvagem, com o objetivo de catequizá-lo e trazê-lo para a cultura ocidental.
3. FRAGMENTO 01
treinamento de questões abertas 04
A
feição
deles
é
serem
pardos,
maneira
de
avermelhados,
de
bons
rostos
e
bons
narizes,
bem
feitos.
Andam
nus,
sem
cobertura
alguma.
Não
fazem
o
menor
caso
de
encobrir
ou
de
mostrar
suas
vergonhas;
e
nisso
têm
tanta
inocência
como
em
mostrar
o
rosto.
(...)
CAMINHA,
Pero
Vaz
de.
Carta.
Rio
de
Janeiro:
Agir,
1996.
4. FRAGMENTO 02
treinamento de questões abertas 04
Bastará
dizer-‐vos
que
até
aqui,
como
quer
que
eles
um
pouco
se
amansassem,
logo
duma
mão
para
a
outra
se
esquivavam,
como
pardais,
do
cevadoiro.
Homem
não
lhes
ousa
falar
de
rijo
para
não
se
esquivarem
mais;
e
tudo
se
passa
como
eles
quem,
para
os
bem
amansar.
(...)
CAMINHA,
Pero
Vaz
de.
Carta.
Rio
de
Janeiro:
Agir,
1996.
5. FRAGMENTO 03
treinamento de questões abertas 04
E,
segundo
que
a
mim
e
a
todos
pareceu,
esta
gente
não
lhes
falece
outra
coisa
para
ser
toda
cristã,
senão
entender-‐nos,
porque
assim
tomavam
aquilo
que
nos
viam
fazer,
como
nós
mesmos,
por
onde
nos
pareceu
a
todos
que
nenhuma
idolatria,
nem
adoração
têm.
E
bem
creio
que,
se
Vossa
Alteza
aqui
mandar
quem
entre
eles
mais
devagar
ande,
que
todos
serão
tornados
ao
desejo
de
Vossa
Alteza.
CAMINHA,
Pero
Vaz
de.
Carta.
Rio
de
Janeiro:
Agir,
1996.
6. FRAGMENTO 04
treinamento de questões abertas 04
Andavam
já
mais
mansos
e
seguros
entre
nós,
do
que
nós
andávamos
entre
eles.
(...)
CAMINHA,
Pero
Vaz
de.
Carta.
Rio
de
Janeiro:
Agir,
1996.
7. FRAGMENTO 05
treinamento de questões abertas 04
Eles
não
lavram,
nem
criam.
(...)
CAMINHA,
Pero
Vaz
de.
Carta.
Rio
de
Janeiro:
Agir,
1996.
8. QUESTÃO 01
treinamento de questões abertas 04
A
parUr
dos
fragmentos
da
Carta,
faça
um
texto
sobre
a
imagem
do
índio
construída
por
Caminha
ao
longo
de
sua
missiva.
9. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
os fragmentos
01 etnocentrismo
[semelhanças
corporais
do
índio
com
o
europeu]
02 aponta-‐se
o
índio
como
selvagem,
arredio
03 intenção
catequéUca
e
colonizadora
04 destaca-‐se
a
falta
de
malícia
dos
silvícolas
[inocência]
05 análise
de
aspectos
culturais
e
da
organização
da
sociedade
do
íncola
uma análise
da
leitura
dos
fragmentos,
depreende-‐se
a
intenção
predatória
do
colonizador,
que
pode
ser
comprovada
pela
intencionalidade
de
salvar
as
almas
dos
índios
e
de
trazê-‐lo
para
a
cultura
ocidental;
o
reforço
dos
traços
fenoZpicos
semelhantes
aos
dos
portugueses,
a
constatação
da
inocência
do
índio
e
os
traços
animalescos
são
elementos
que
comprovam
que
o
europeu
deseja
criar
uma
nova
idenUdade
para
o
naUvo
das
terras
americanas.
11. FRAGMENTO 01
treinamento de questões abertas 04
O
maldito
macumbeiro
Soube
seu
plano
formar
Bem
na
frente
do
palácio
Começou
ele
a
gritar
Quem
é
que
tem
lâmpada
velha
Para
por
nova
trocar?
PATATIVA
DO
ASSARÉ.
Aladim
e
a
lâmpada
maravilhosa.
In.:
Cordel.
São
Paulo:
Hedra,
2000.
12. FRAGMENTO 02
treinamento de questões abertas 04
Vendo
o
flagelo
horroroso
Vendo
o
grande
desacato
Infiel
e
impiedoso
Aquele
ingrato
patrão
Como
quem
declara
guerra
Expulsa
da
sua
terra
Seu
morador
camponês
O
coitado
flagelado
Seu
inditoso
agregado
Que
tanto
favor
lhe
fez
PATATIVA
DO
ASSARÉ.
Emigração
e
as
consequências.
In.:
Cordel.
São
Paulo:
Hedra,
2000.
13. FRAGMENTO 03
treinamento de questões abertas 04
Com
grande
necessidade
Sem
rancor
e
sem
malícia
Entra
a
turma
na
cidade
E
sem
temer
a
polícia
Vai
falar
com
o
prefeito
E
se
este
não
der
jeito
Agora
o
jeito
que
tem
É
os
coitados
famintos
Invadirem
os
recintos
Da
feira
e
do
armazém.
PATATIVA
DO
ASSARÉ.
Emigração
e
as
consequências.
In.:
Cordel.
São
Paulo:
Hedra,
2000.
14. QUESTÃO 02
treinamento de questões abertas 04
Com
base
na
leitura
dos
trechos,
redija
um
texto,
DISCUTINDO
o
maniqueísmo
presente
na
poesia
de
PataUva
do
Assaré.
15. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
o maniqueísmo
rígida
oposição
entre
bem
e
mal
recursos linguísticos
os
recursos
por
intermédio
dos
quais
se
manifesta
o
maniqueísmo
são
a
anZtese
e
a
adjeUvação
como aparece em Patativa do Assaré
os
valores
morais
e
culturais
que
o
locutor
intenta
criUcar
aparecem
referenciados
negaUvamente
[maldito
macumbeiro,
flagelo
horroroso,
ingrato
patrão,
coitados
famintos,
inditoso
agregado]
por
inferência,
percebe-‐se
que
o
locutor
defende
a
religião
cristã,
os
pobres
e
a
chuva;
implicações do maniqueísmo
o
discurso
maniqueísta
revela-‐se
engajado
na
defesa
de
alguns
valores
morais
e
ideológicos;
por
operar
através
da
anZtese,
as
imagens
que
cria
são
bastante
níUdas
e
de
fácil
compreensão;
apesar
de
ideologizado,
promove
grande
empaUa
no
leitor
menos
exigente
e
nas
camadas
populares.
17. LITERATURA E SOCIEDADE
Antonio Candido
No
RomanUsmo,
a
ideia
de
pátria
se
vinculava
estreitamente
à
de
natureza
e
em
parte
dela
extraía
sua
jusUficaUva.
Ambas
conduziam
a
uma
literatura
que
compensava
o
atraso
material
e
a
debilidade
das
insUtuições
por
meio
da
supervalorização
dos
aspectos
regionais,
fazendo
do
exoUsmo
razão
de
oUmismo
social.
CANDIDO,
Antonio.
Literatura
e
sociedade.
Disponível
em:
hip://manoelneves.com
18. CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias
Nosso
céu
tem
mais
estrelas,
Nossas
várzeas
têm
mais
flores
Nossos
bosques
têm
mais
vida,
Nossa
vida
mais
amores.
GARBUGLIO,
José
Carlos.
Melhores
poemas
de
Gonçalves
Dias.
Rio
de
Janeiro:
Global,
2010.
19. CANTO DO GUERREIRO
Gonçalves Dias
Valente
na
guerra
Quem
há,
como
eu
sou?
Quem
vibra
o
tacape
Com
mais
valenUa?
Quem
golpes
daria
Fatais,
como
eu
dou?
–
Guerreiros,
ouvi-‐me;
–
Quem
há,
como
eu
sou?
GARBUGLIO,
José
Carlos.
Melhores
poemas
de
Gonçalves
Dias.
Rio
de
Janeiro:
Global,
2010.
20. QUESTÃO 03
treinamento de questões abertas 04
04)
Tomando
por
base
a
visão
de
“país
novo”,
desenvolvida
nas
obras
dos
escritores
do
RomanUsmo
Brasileiro,
e
analisada
pelo
críUco
literário
Antonio
Candido
em
seu
ensaio
“Literatura
e
sociedade”,
redija
um
texto,
relacionando
os
fragmentos
citados
e
explicando
a
visão
que
Gonçalves
Dias
possui
da
natureza
e
do
homem
brasileiros.
21. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
os fragmentos
01 naUvismo/atraso
material/debilidade
de
insUtuições
x
regional/exoUsmo/oUmismo
02 idealização
de
aspectos
regionais
[a
natureza
é
exuberante/exóUca
=
pátria
melhor]
03 idealização
do
índio
[ser
diferente/exóUco
=
ser
melhor]
uma análise
no
romanUsmo,
inconscientemente,
os
autores
forjam
uma
ideia
de
nação;
na
construção
desse
ideal,
merecem
destaque
os
elementos
que
singularizam
o
Brasil
em
relação
à
Europa;
atentando
a
essa
perspecUva,
a
tendência
da
literatura
então
produzida
será
reforçar
as
marcas
de
diferença
da
gente
e
da
terra
nova;
como
se
trata
de
uma
imagem
ideal,
é
esperado
o
uso
de
recursos
como
a
idealização
[da
pátria
e
do
índio];
dentro
desse
contexto
ideológico,
naUvismo,
indianismo
e
ufanismo
são
elementos
que
atendem
à
intencionalidade
dos
escritores
do
romanUsmo
brasileiro
de
forjar
uma
idenUdade
nova
para
um
povo
e
um
país
que
acabaram
de
nascer.
23. SERMÃO DA SEXAGÉSIMA
Padre Antônio Viera
Se
de
uma
parte
há
de
estar
branco,
da
outra
há
de
estar
negro;
se
de
uma
parte
dizem
luz,
da
outra
hão
de
dizer
sombra;
se
de
uma
parte
dizem
desceu,
da
outra
hão
de
dizer
subiu.
Basta
que
não
havemos
de
ver
num
sermão
duas
palavras
em
paz?
Todas
hão
de
estar
sempre
em
fronteira
com
o
seu
contrário?
Aprendamos
do
céu
o
esUlo
da
disposição,
e
também
o
das
palavras.
As
estrelas
são
muito
disUntas
e
muito
claras.
Assim
há
de
ser
o
esUlo
da
pregação;
muito
disUnto
e
muito
claro.
E
nem
por
isso
temais
que
pareça
o
esUlo
baixo;
as
estrelas
são
muito
disUntas
e
muito
claras,
e
alZssimas.
O
esUlo
pode
ser
muito
claro
e
muito
alto;
tão
claro
que
o
entendam
os
que
não
sabem
e
tão
alto
que
tenham
muito
que
entender
os
que
sabem.
VIEIRA,
Padre
Antônio.
Sermão
da
sexagésima.
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hip://manoelneves.com.
24. QUESTÃO 04
treinamento de questões abertas 04
Considerando
ser
o
Sermão
da
sexagésima
um
sermão
metalinguísUco,
redija
um
breve
texto,
analisando
como
o
texto
de
Vieira
dialoga
com
os
esUlos
culUsta
e
concepUsta.
25. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
cultismo
jogos
de
palavras,
uso
reiterado
de
figuras
formais,
tais
como
paralelismos
e
anZtese
conceptismo
jogos
de
ideias,
preferência
por
figuras
semânUcas
e
raciocínios
ousados
e
bem
construídos
o “Sermão da sexagésima”
no
Sermão
da
sexagésima,
Vieira
criUca
os
pregadores
que,
querendo
impressionar
o
ouvinte,
lançam
mão
de
uma
linguagem
com
alto
grau
de
elaboração,
mas
deixam
de
lado
o
principal,
que
é
a
doutrinação
e
o
arrebanhar
as
almas
para
Cristo
cultismo, conceptismo e o fragmento transcrito
o
trecho
citado
criUca
veementemente
o
culUsmo
[basta...]
e
defende
que,
na
pregação,
seja
uUlizado
um
esUlo
simples
e
claro
[assim
há
de
ser...];
paradoxalmente,
há,
no
fragmento
em
análise
uma
profusão
de
jogos
de
palavras
[anZtese,
paralelismos
e
disseminação
e
recolha]
27. FRAGMENTO 01
Raul Bopp
–
Mexa
com
o
corpo
velho
trance
pernas
com
a
moça,
compadre
–
Balancê,
Traversê
–
Com
sus
pares
contraro
–
Vorver
pela
direita
–
Mudar
de
posição
BOPP,
Raul.
Cobra
Norato.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
2005.
28. FRAGMENTO 02
treinamento de questões abertas 04
Pica-‐pau
bate
que
bate
já
bateu
meu
coração
Bateu
bico
toda
noite
Urumutum
urumutum
BOPP,
Raul.
Cobra
Norato.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
2005.
29. QUESTÃO 05
treinamento de questões abertas 04
A
parUr
da
leitura
dos
fragmentos
acima,
redija
um
breve
texto,
explicando
como
a
poesia
de
Raul
Bopp
dialoga
com
a
cultura
popular.
30. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
elementos da cultura popular
seleção
lexical
[compadre,
contraro]
alusão
a
canUgas
de
roda
[pirulito
que
bate
bate]
e
a
fesUvidades
[quadrilha]
menção
à
cultura
indígena
[urumutum]
musicalidade
[uso
da
redondilha
maior]
cultismo, conceptismo e o fragmento transcrito
a
incorporação
de
elementos
da
fala
e
da
cultura
populares
na
poesia
atende
ao
intento
dos
modernistas
da
primeira
geração
de
criar
uma
arte
simples,
de
fácil
compreensão,
de
apelo
popular
e
genuinamente
nacional
32. A GENTE DAS CALÇADAS
João Cabral de Melo Neto
“–
Se
já
está
morto.
Se
não
dorme.
Sua
cela
é
escura
como
um
poço.
–
Pintada
de
negro,
de
alcatrão:
está
cego
e
surdo
como
morto.
–
Não
está
morto.
Terá
sonhos.
Não
há
alcatrão
dentro
do
corpo.
–
Não
há
cela
de
negro
alcatrão
há
luz
dos
ossos
em
depósito.
-‐
Veio
do
século
das
luzes,
para
um
luz
de
branco
de
osso.”
MELO
NETO,
João
Cabral.
Auto
do
frade.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
1999.
33. MARÍLIA DE DIRCEU
Tomás Antônio Gonzaga
Eu
sou,
genUl
Marília,
eu
sou
caUvo;
Porém
não
me
venceu
a
mão
armada
De
ferro,
e
furor:
Uma
alma
sobre
todas
elevada
Não
cede
a
outra
força,
que
não
seja
A
tenra
mão
do
Amor.
Arrastem
pois
os
outros
muito
embora
Cadeias
nas
bigornas
trabalhadas
Com
pesados
martelos:
Eu
tenho
as
minhas
mãos
ao
carro
atadas
Com
duros
ferros
não,
com
fios
douro,
Que
são
só
teus
cabelos.
GONZAGA,
Tomás
Antônio.
Marília
de
Dirceu.
São
Paulo:
ÁUca,
2001.
34. QUESTÃO 06
treinamento de questões abertas 04
(UFJF)
Ambos
textos
falam
de
liberdade
e
prisão.
Comente
o
tratamento
dado
ao
tema
pelos
dois
autores.
35. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
analisando a questão
intenciona-‐se
mensurar
a
percepção
dos
níveis
denotaUvo
e
conotaUvo
lendo o texto 01
no
texto
01,
a
prisão
aparece
em
seu
senUdo
denotaUvo,
real,
significando
encarceramento;
do
mesmo
modo,
pode-‐se
ler
a
palavra
liberdade
–
se
se
está
preso,
está-‐se
privado
da
liberdade
de
dispor
de
si
como
bem
aprouver.
lendo o texto 02
no
texto
02,
a
prisão
é
figurada,
conotaUva
e
representa
a
ligação
afeUvo-‐amorosa
a
alguém;
se
se
ama,
o
que
encarcera
é
o
senUmento
que
se
tem
em
relação
ao
outro;
diferentemente
do
que
ocorre
em
01,
as
condições
do
sujeito
poéUco
são
amenas,
agradáveis,
o
que
leva
a
supor
que
ele
não
deseja
se
libertar
daquilo
que
o
agrilhoa.
37. QUADRILHA
Carlos Drummond de Andrade
João
amava
Teresa
que
amava
Raimundo
que
amava
Maria
que
amava
Joaquim
que
amava
Lili
que
não
amava
ninguém.
João
foi
para
os
Estados
Unidos,
Teresa
para
o
convento
Raimundo
morreu
de
desastre,
Maria
ficou
para
Ua,
Joaquim
suicidou-‐se
e
Lili
casou
com
J.
Pinto
Fernandes
que
não
Unha
entrado
na
história.
ANDRADE,
Carlos
Drummond
de.
Alguma
poesia.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
1994.
38. QUESTÃO 07
treinamento de questões abertas 04
(UFJF)
Com
base
na
leitura
do
poema,
discuta
a
concepção
do
amor
em
Drummond.
39. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
analisando “”Quadrilha”
textualmente,
o
locutor
fala
que
o
laço
que
une
as
personagens
é
o
amor
[amava
...
que
amava];
da
leitura
do
poema,
depreende-‐se,
no
entanto,
que
quem
ama
não
é
correspondido;
a
figura
que
não
amava
ninguém
é
a
única
que
se
casa...
isso
permite
afirmar
que
o
discurso
por
intermédio
do
qual
se
arUcula
o
poema
é
irônico
lendo o discurso irônico
pode-‐se
afirmar
que
o
discurso
presente
no
poema
é
irônico,
pois,
se
a
temáUca
é
o
amor,
a
abordagem
dada
a
ele
é
a
da
incompreensão
e
a
da
incompletude
–
as
personagens
amam
e
não
são
correspondidas;
todas
têm
um
fim
trágico,
com
exceção
daquela
que
não
amava
ninguém;
da
leitura
do
discurso
irônico,
depreende-‐se
que
o
amor
é
desencontro
e
interesse:
o
desencontro
já
foi
explicado
anteriormente;
o
interesse
se
jusUfica
pelas
conotações
eróUcas
e
financeiras
conUdas
no
nome
de
seu
par
–
J.
Pinto
Fernandes.
41. A EDUCAÇÃO PELA PEDRA
João Cabral de Melo Neto
Uma
educação
pela
pedra:
por
lições;
para
aprender
da
pedra,
frequentá-‐la;
captar
sua
voz
inenfáUca,
impessoal
(pela
de
dicção
ela
começa
as
aulas).
A
lição
de
moral,
sua
resistência
fria
ao
que
flui
e
a
fluir,
a
ser
maleada;
a
de
poéUca,
sua
carnadura
concreta;
a
de
economia,
seu
adensar-‐se
compacta:
lições
da
pedra
(de
fora
para
dentro,
carUlha
muda),
para
quem
soletrá-‐la.
Outra
educação
pela
pedra:
no
Sertão
(de
dentro
para
fora,
e
pré-‐didáUca).
No
Sertão
a
pedra
não
sabe
lecionar,
e,
se
lecionasse,
não
ensinaria
nada;
lá
não
se
aprende
a
pedra:
lá
a
pedra,
uma
pedra
de
nascença,
entranha
a
alma.
MELO
NETO,
João
Cabral
de.
Educação
pela
pedra.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Fronteira,
1999.
42. QUESTÃO 08
treinamento de questões abertas 04
(UFOP) Em A educação pela pedra, na dedicatória de João Cabral de Melo Neto a
Manuel Bandeira, o poeta refere-se à obra como “antilira” – uma alusão à sua poética
de oposição à tradição lírica. Explique o termo “antilira” empregado pelo autor, tendo
como base argumentativa os aspectos temáticos e formais do lido anteriormente.
43. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
antilira, aspectos formais
ausência
de
métrica
e
de
rima;
estrofação
irregular;
uso
de
arUculadores
discursivos
[conjunção
e
preposição]
que
afastam
o
poema
do
discurso
poéUco
tradicional
e
o
aproximam
do
discurso
conZnuo
e
arUculado
da
prosa
antilira, aspectos temáticos
prosaísmo
[afastamento
dos
temas
convencionalmente
poéUcos
–
amor,
beleza,
senUmentos]
defesa
de
uma
poesia
impassível,
conUda
e
densa
45. VERSOS ÍNTIMOS
Augusto dos Anjos
Vês?
Ninguém
assisUu
ao
formidável
Enterro
de
tua
úlUma
quimera.
Somente
a
IngraUdão
–
esta
pantera
–
Foi
tua
companheira
inseparável!
Acostuma-‐te
à
lama
que
te
espera!
O
Homem,
que,
nesta
terra
miserável,
Mora,
entre
feras,
sente
inevitável
Necessidade
de
também
ser
fera.
Toma
um
fósforo.
Acende
teu
cigarro!
O
beijo,
amigo,
é
a
véspera
do
escarro,
A
mão
que
afaga
é
a
mesma
que
apedreja.
Se
a
alguém
causa
inda
pena
a
tua
chaga,
Apedreja
esta
mão
vil
que
te
afaga,
Escarra
nesta
boca
que
te
beija!
ANJOS,
Augusto
dos.
Eu:
poesias.
Porto
Alegre:
Mercado
Aberto,
1998.
46. QUESTÃO 09
treinamento de questões abertas 04
(UFOP)
Usando
elementos
do
texto
acima,
jus:fique
a
seguinte
afirmaUva:
“A
poesia
[de
Augusto
dos
Anjos]
é
(...)
deliberadamente
desconcertante,
que
de
um
modo
ou
de
outro
contraria
a
normalidade
do
discurso”.
(GULLAR,
Ferreira.
“Augusto
dos
Anjos
ou
Vida
e
morte
nordesUna”.
In:
ANJOS,
Augusto
dos.
Toda
a
poesia.
Rio
de
Janeiro:
Paz
e
Terra,
1976.
p.
32).
47. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
qual a normalidade e qual o discurso?
O
CONTEXTO
início
do
século
XX,
República
Velha,
Belle
Époque
brasileira
O
DISCURSO
parnasiano-‐posiUvista
O
DISCURSO
PARNASIANO-‐POSITIVISTA
visão
eufórica
da
realidade
expressa
em
textos
que
falam
do
belo,
do
puro
e
do
sublime;
crença
no
progresso
e
nos
bene}cios
oriundos
do
conhecimento
cienZfico;
a poesia de Augusto dos Anjos
niilismo:
visão
pessimista
do
homem
e
do
mundo;
paródia
do
discurso
que
apregoa
a
crença
no
progresso,
na
beleza
e
na
arte;
voz
dissonante
na
Belle
Époque
brasileira;
expressão
daqueles
que
não
têm
vez
numa
sociedade
eliUsta
e
excludente.
49. NEGRINHA
Monteiro Lobato
Negrinha
era
uma
pobre
órfã
de
sete
anos.
Preta?
Não;
fusca,
mulaUnha
escura,
de
cabelos
ruços
e
olhos
assustados.
Nascera
na
senzala,
de
mãe
escrava,
e
seus
primeiros
anos
vivera-‐os
pelos
cantos
escuros
da
cozinha,
sobre
velha
esteira
e
trapos
imundos.
Sempre
escondida,
que
a
patroa
não
gostava
de
crianças.
O
corpo
de
Negrinha
era
tatuado
de
sinais,
cicatrizes,
vergões.
BaUam
nele
os
da
casa
todos
os
dias,
houvesse
ou
não
houvesse
moUvo.
LOBATO.
Monteiro.
Negrinha.
Disponível
em:
hip://www.releituras.com.br
50. A ESCRAVA ISAURA
Bernardo Guimarães
−
Não
gosto
que
a
cantes,
não,
Isaura.
Hão
de
pensar
que
és
maltratada,
que
és
uma
escrava
infeliz,
víUma
de
senhores
bárbaros
e
cruéis.
Entretanto
passas
aqui
uma
vida,
que
faria
inveja
a
muita
gente
livre.
Gozas
da
esUma
de
teus
senhores.
Deram-‐te
uma
educação,
como
não
Uveram
muitas
ricas
e
ilustres
damas,
que
eu
conheço.”
GUIMARÃES, Bernardo. A
escrava
Isaura. São Paulo: Ática, 2001.
51. QUESTÃO 10
treinamento de questões abertas 04
(UFU)
Os
dois
textos
estão
ligados
ao
tema
da
escravidão.
Compare-‐os
para
falar
da
importância
de
Monteiro
Lobato
na
literatura
que
antecipa
o
Modernismo,
organizando
sua
resposta
da
seguinte
forma:
a)
a
visão
românUca
sobre
o
negro.
b)
a
visão
pré-‐modernista
de
Monteiro
Lobato
sobre
o
negro.
52. SOLUÇÃO COMENTADA
treinamento de questões abertas 04
a visão do romantismo
encena
ideologia,
estereóUpos
e
aUtudes
da
estéUca
branca
dominante
[negro
objeto
do
discurso]
visão
distanciada
[literatura
sobre
o
negro]
não
quesUona
a
injusUça
da
escravidão;
escravo
fiel
ao
senhor;
não
merece
respeito
dos
amos;
é
injusto
escravizar
uma
escrava
tão
boa
[prendada,
poliglota
e
branca]
a visão do modernismo
presença
de
estereóUpos
posiUvos
e
negaUvos
do
negro;
posiUvos:
defesa
dos
valores
da
negritude
[sujeito
do
discurso];
negaUvos:
negro
que
encarna
os
valores
ideológicos
do
branco
[objeto
do
discurso]
os
padrões
comportamentais
do
escravo
românUco
devem
ser
combaUdos.