Este documento descreve a história do desenvolvimento do bairro de Santa Cecília no centro de São Paulo. Inicialmente, a área era parte de uma chácara rural nos anos 1730. Nos anos 1870, a área foi loteada e começou a ser povoada. A igreja Santa Cecília, construída nos anos 1875-1903, foi responsável pela expansão urbana do bairro. Ao longo do tempo, o bairro passou por diversas mudanças no uso e ocupação do solo, influenciadas pelo crescimento de São Paulo e do set
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O DESENVOLVIMENTO DE ATIVIDADES URBANAS E O USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO EM SANTA CECÍLIA, NO CENTRO DE SÃO PAULO, SP
Júlia Cassiano Chagas (IC) e Gilda Collet Bruna (Orientadora)
Apoio: PIVIC Mackenzie
Resumo
O foco deste artigo reside em levantar, descrever e analisar o processo histórico do bairro de Santa
Cecília, no centro de São Paulo e, com o auxílio dos resultados de levantamentos feitos in-loco como,
por exemplo, o levantamento do uso e ocupação do solo - principalmente as atividades terciárias -
caracterizar as principais mudanças ocorridas ao longo dos anos. E, através da compreensão da
situação de uso e ocupação do solo hoje, propor diretrizes para a revitalização urbana da região.
Palavras-chave: Santa Cecília, São Paulo, revitalização urbana
Abstract
The focus of this article is to describe and analyze the historical process of Santa Cecilia
neighborhood, in downtown Sao Paulo and with the help of the surveys’ results, for example, the
survey of land use and occupation in part of the region in order to characterize the changes over the
years and, by understanding the current status of the urban activities, - mainly the tertiary activities -
propose guidelines for the urban revitalization in the region.
Key-words: Santa Cecilia, Sao Paulo, urban development
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INTRODUÇÃO
O bairro Santa Cecília, no centro de São Paulo, passou por diversos momentos históricos
caracterizados por diferentes atividades urbanas, formas de uso e ocupação do solo que
foram se modificando com o passar dos anos. Após uma série de estudos e levantamentos,
este artigo visa compreender este histórico do desenvolvimento, levando em consideração a
influência do crescimento das atividades terciárias na cidade de São Paulo e assim
compreender o estágio atual da região e estabelecer um grupo de diretrizes para o seu
desenvolvimento.
METODOLOGIA
O plano de trabalho para a execução desta pesquisa se desenvolveu nas seguintes etapas:
Levantamento e leitura da bibliografia indicada
Levantamento in-loco e elaboração de gráficos para melhor análise
Levantamento cartográfico
Levantamento fotográfico
Entrevista com habitante na região há mais de 30 anos
Desenvolvimento de resumos
Cruzamento de dados
Desenvolvimento de relatórios
Estudos de diretrizes
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Um breve histórico de São Paulo
A cidade de São Paulo é fruto de um longo e rápido processo de desenvolvimento que
ocorreu de forma metamorfósica. Gerações construíram seus edifícios sobre aqueles
deixados por seus antecessores e as estruturas urbanas foram, com o tempo, se adaptando
às necessidades do momento, ora atendendo a tais solicitações, ora possuindo deficiências
e mostrando carências de seus habitantes.
É que essa área faz parte hoje da chamada de região metropolitana de São Paulo em que
este rápido crescimento metamorfósico mostra a complexidade da área com sua arquitetura
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e urbanismo devido a dados e registros que se somaram como também muitos que se
perderam na história.
Essa historia da cidade de São Paulo se iniciou a partir da construção de um colégio jesuíta
compreendido entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí no ano de 1554. Mesmo com a
proximidade de São Paulo à vila de Santos, já portuária naquele momento, a dificuldade em
subir a serra do mar pela estrada construída pelos padres Manuel da Nóbrega e José de
Anchieta fez com que São Paulo não deixasse de ser uma pequena e pobre vila isolada
pelos dois seguintes séculos após o seu surgimento. Tamanha era a pobreza na pequena
colônia portuguesa que se organizou a atividade bandeirante visando caçar índios que
pudessem servir de mão-de-obra, ao invés de trazer negros africanos para essa atividade.
Desta forma, a vila se mantinha por meio de lavouras de subsistência e possuía suas
principais atividades comerciais localizadas na área do triângulo central formado pelo
sistema viário das ruas que, hoje, são conhecidas como Rua Direita, Rua 15 de novembro e
Rua São Bento.
A atenção da coroa Portuguesa sobre a pequena vila só foi ocorrer na década de 1690,
quando se descobriu ouro na região de Minas Gerais e apenas em 1711 a vila foi elevada à
categoria de cidade.
Com o esgotamento do ouro, no século XVIII, a cidade deu início a um ciclo econômico
voltado à cana-de-açúcar, momento no qual foi construída a primeira estrada significativa de
São Paulo para o litoral, que servia para o escoamento da produção para o porto de Santos.
FIGURA 1: Vista do núcleo histórico de São Paulo. Aquarela de Julien Pallière, 1821.
Foto:http://www.saojudasnu.blogger.com.br/Tela%20panorama%20SP%201821%20autor%20Arnaud%20Julien
%20Palliere.jpg
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Com a proclamação da independência do Brasil (1822), foram criados no convento de São
Francisco em São Paulo cursos jurídicos que funcionaram como um impulso ao
desenvolvimento da cidade, devido ao grande fluxo de estudantes e professores.
Outro grande fator para o desenvolvimento da cidade imperial foi a expansão da produção
do café no Vale do Parnaíba, motivo pelo qual se construiu a primeira estrada de ferro
ligando cidade de São Paulo à cidade de Santos, a Santos-Jundiaí (1869). Ao final do
século XIX, a cidade já se tornara ponto de convergência de diversas ferrovias que a
ligavam com o interior do Estado.
Através da produção e exportação do café houve um grande salto econômico e populacional
na província que posteriormente se tornara o estado de São Paulo.
Ao final do século XIX, muitos italianos migraram para a cidade de São Paulo para trabalhar
nas indústrias que começavam a se instalar ao longo das estradas de ferro, o que contribuiu
para a construção de diversas tipologias de edifícios na cidade. Às indústrias, os grandes
galpões, aos trabalhadores, casebres geminados, aos detentores do capital gerado pela
produção (os Barões do Café), casarões inspirados em estilos europeus.
Até a Segunda Guerra Mundial, os arredores desta área histórica abrigavam grande
quantidade de escritórios, bancos, consultórios, hotéis cinemas, etc. Contudo, esta situação
foi alterada mais tarde com a construção das ferrovias.
FIGURA 2: Galpões construídos no início do século XX no bairro da Lapa, em São Paulo.
FONTE: http://www.rogeriosilveira.jor.br/images/reportagens/2007/06_21/02estacao_ciencia20anos.jpg
Fontes:
JUNIOR, Geraldo S. Retalhos da Velha São Paulo – OESP Maltese, 1986
REIS FILHO, Nestor Goulart. São Paulo: Vila, cidade, metrópole. São Paulo: São Paulo 450 anos, 2004
SETUBAL, Maria Alice. A formação do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, CENEPEC, 2004.
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TOLEDO, Benedito L. São Paulo: Três cidades em um século. São Paulo: CosacNaify; Livraria Duas Cidades,
2007.
http://www.atrasdamoita.com/sao-paulo-antigo-bondes-e-trilhos.html (10/05/10)
http://www.saopaulo.sp.gov.br/ (11/11/09)
A primeira ocupação em Santa Cecília (loteamentos de alto padrão por fazendeiros do
café e industriais)
Antes de ser conhecida como bairro de Santa Cecília, a área passou por diversas formas de
ocupação. Inicialmente, nos anos de 1730, era parte de uma chácara denominada das
Palmeiras e, desta forma, possuía arruamentos de caráter rural derivados da fragmentação
das antigas chácaras.
Em 1874, a chácara foi arrematada num leilão por Francisco Aguiar de Barros, filho do
marquês de Itu, e sua esposa Maria Angélica. O casal morou na chácara até o falecimento
de Francisco Aguiar de Barros, em 1890, quando Maria Angélica construiu uma nova casa
de arquitetura fin-du-siècle para morar, na confluência da Alameda Barros com as ruas São
Vicente de Paulo e Itatiaia. A antiga casa de taipa, onde habitava o casal, foi legada à casa
Pia São Vicente de Paulo.
No transcorrer dos anos, algumas vias públicas foram sendo abertas de acordo com as
necessidades que surgiam, lotes vendidos e cada vez mais povoados.
A igreja Santa Cecília é o principal marco do surgimento do bairro e foi responsável pela
expansão urbana da área. A Igreja passou por três construções:
FIGURA 3: Igreja Santa Cecília, 2009
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
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A primeira foi iniciada pela Irmandade de São José e Santa Cecília nos anos de 1875 após o
pedido dos moradores locais. De arquitetura humilde, teve auxílios governamentais.
A segunda ocorreu em 1882, e seguia os aspectos mais artísticos necessários às igrejas da
época.
A terceira, com estilo neo-românico inspirado pela matriz da Consolação teve sua
construção iniciada em 1895 quando a igreja foi elevada ao título de paróquia. A capela foi
inaugurada em 1901, embora tenha sido finalizada apenas em 1903.
Desta forma, pode-se afirmar que parte da fisionomia bairrística de Santa Cecília se
desenvolveu a partir do largo onde se encontra a igreja.
Desde 1825, foram estabelecidas deliberações urbanísticas para lotes de doação na cidade
que contribuíram para o desenvolvimento também na área de Santa Cecília, como a poda
do mato, conservação das calçadas, etc. Contudo, em 1830, a nova área urbana ainda
apresentava carências de urbanização, principalmente aquelas relacionadas ao saneamento
básico, que tardaram a serem supridas como, por exemplo, a criação de um aterro e esgoto
de pedra, em 1857. Por este motivo, a região era conhecida por ser um local de propagação
de epidemias. (JORGE, 2006)
Nos anos de 1860, foram feitas modificações no arruamento visando um melhor
alinhamento, que outrora era feito para atender o uso rural da região e de acordo com a
vontade dos moradores. Pois, “Santa Cecília adquiria contornos bairrísticos incipientes à
margem de qualquer plano de urbanização, mas com os arruamentos feitos à revelia pelos
proprietários” (JORGE, 2006).
Embora já houvesse arruamentos tracejados na área anteriormente, foi apenas em abril de
1890 que o bairro de Santa Cecília foi incluído na configuração urbano-administrativa de
São Paulo.
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O desenvolvimento viário em São Paulo, na região de Santa Cecília:
FIGURA 4: Trecho do mapa oficial da cidade de São Paulo de 1895.
Fonte: SEMPLA
FIGURA 5: Trecho do mapa oficial de São Paulo de 1913.
Fonte: SEMPLA
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FIGURA 6: Mapa Oficial da Cidade de São Paulo em 1943.
Fonte: SEMPLA
Ao contrário da tradição luso-brasileira de construir casas na beirada da rua, dando frente
diretamente para a calçada e utilizando os materiais disponíveis in-loco - destacam-se os
casarões construídos em Santa Cecília nos séculos XIX e XX com estilo eclético importado
da Europa. Estes possuíam grande recuo e os materiais eram importados da Europa.
(JORGE, 2006)
FIGURA 7: Chácara Dona Veridiana (Vila Maria), 1891
FONTE: SETUBAL, Maria Alice. Terra Paulista: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004.
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Desta forma, o bairro, situado entre os bairros Higienópolis e Consolação, possuía certo
hibridismo em sua arquitetura, misturando a modéstia do primeiro com a riqueza do
segundo, conflitando gostos maneiristas aos mais afrancesados como, por exemplo a
chácara da Dona Veridiana (FIGURA 7).
Mais conflitante que as arquiteturas residenciais, em 1884 foi construída a Santa Casa de
Misericórdia no estilo neo-gótico, com projeto de Augustus Pugin (FIGURA 8)
FIGURA 8: Santa Casa de Misericórdia
FONTE: http://www.carlosbezerrajr.com.br/outrasp/hotsite/imagens/ImagemSantaCasa.jpg
Fontes:
JORGE, Clóvis de Athayde. Santa Cecília. São Paulo: DPH; 2006.
JUNIOR, Geraldo S. Retalhos da Velha São Paulo – OESP Maltese, 1986.
SETUBAL, Maria Alice. A formação do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, CENEPEC, 2004.
TOLEDO, Benedito L. São Paulo: Três cidades em um século. São Paulo: CosacNaify; Livraria Duas Cidades,
2007.
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/planejamento/ (14/10/09)
http://www.saopaulo.sp.gov.br/ (11/11/09)
Da crise do café à verticalização
Em 1900 foi inaugurada pela Light a primeira linha de bondes elétricos, que ligava o Largo
São Bento à Alameda Barão de Limeira. A linha foi assentada sobre a Avenida São João
após a sua abertura entre 1912 e 1926, o que facilitou muito o transporte para a zona Oeste.
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FIGURA 9: Inauguração do bonde do Bom Retiro, o primeiro bonde elétrico de São Paulo, em 6 de maio de 1900
FONTE: http://www.estacoesferroviarias.com.br/bondes_sp/fotos/bondesp2.jpg
Ainda na década de 1930 havia no bairro diversos cinemas e casas de shows e a Rua das
Palmeiras desenvolveu considerável comércio que acabou sendo prejudicado mais tarde
pelas demoradas obras do metrô.
No ano de 1940, o bairro havia passado por um grande desenvolvimento residencial e já
contava com 4.617 prédios edificados. Considerado um bairro “intermediário” entre o centro
e a periferia, Santa Cecília apresentava, naquele momento, um alto índice demográfico
devido à quantidade de residências verticais edificadas sobre os terrenos das casas antigas.
(JORGE, 2006)
Mas ao mesmo tempo em que os edifícios verticalizados acolhiam com qualidade de vida,
muitos dos antigos casarões eram abandonados, entrando em estado de degradação.
Alguns foram adaptados para comércios e serviços, outros foram alugados e sub-locados,
tornando-se cortiços.
FIGURA 10: Casa adaptada para uso misto: Cortiço em cima, comércio e serviços embaixo, 2009.
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
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Deste modo, “os contrastes são abruptos, porque a alternância de edificações novas e
verticais com outras antigas e decadentes promove uma incoerência na paisagem. Mais
agravado é esse aspecto, quando ocorrem reformas sem critério estético, desfigurando as
velhas construções até pelo emprego de pintura externa com cores inarmônicas” (JORGE,
2006)
FIGURA 11: Contraste dos edifícios novos e antigos no bairro Santa Cecília, 2009.
FONTE: Júlia Cassiano Chagas, 2010
Fontes:
JORGE, Clóvis de Athayde. Santa Cecília. São Paulo: DPH; 2006.
http://www.estacoesferroviarias.com.br
O transporte público e a decadência do bairro
Em 1978, foi dado inicio à construção da Estação República, juntamente a obras de
reurbanização em seu entorno, que foram finalizadas em 1982. A seguinte estação a ser
iniciada foi a Santa Cecília, em 1978, num local de ocupação predominantemente
residencial e aparente processo de deterioração.
Houve rumores de que a estação comprometeria a igreja e o antigo edifício das lojas Clipper
(atual prédio do Banco Bradesco), mas a regularização do solo, criação de calçadões ao
redor do templo e canteiros de arborização desfizeram os maus rumores. As obras foram
finalizadas em 1983. (JORGE, 2006)
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FIGURA 12: Entrada para a estação Santa Cecília, 2009
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
FIGURA 14: Edifício do Banco Bradesco (à esquerda), calçadão ao lado da Igreja Santa Cecília (à direita), 2009
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
Num contexto de loteamentos diversificados: ora de grandes edifícios de uso misto, ora de
casarões adaptados para comércio e serviços, ora extensos lotes subdivididos em pequenos
cubículos que se tornaram cortiço, o fato é que, por anos, o bairro Santa Cecília sofreu
drásticas mudanças urbanas.
Pode-se atribuir estes contrastes a diversos fatores, entre eles:
Primeiramente, a individualização do transporte na cidade, que gerou uma necessidade de
vagas para estacionamento nos edifícios residenciais e o aumento da violência nos locais
públicos, que geraram uma carência de espaços de lazer dentro dos condomínios. Estas
deficiências fizeram com que moradores de melhor condição financeira se mudassem para
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outros bairros com construções mais novas que atendessem a estas necessidades. E,
finalmente, mais tarde, a construção do Elevado Costa e Silva, em 1970, que afetou todo o
entorno de sua construção trazendo uma série de malefícios.
Por estes motivos, o bairro foi sendo esvaziado aos poucos pelos antigos moradores, dando
espaço a novas famílias de baixa renda que sublocavam apartamentos e casas para morar
e, por sua vez, não possuíam renda para conservação dos edifícios. Em muitos casos, estas
famílias eram parte do movimento migratório pós 1ª guerra que ali se instalaram e abriram
suas lojinhas, empórios, armazéns, etc. Dando uma nova fachada a Santa Cecília. A partir
de então, o bairro que era predominantemente residencial e possuía edifícios para cada
funcionalidade passou a ter um uso do solo de caráter predominante misto.
FIGURA 15: Prédios de uso misto em frente ao Largo Santa Cecília, 2010
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
Fontes:
JORGE, Clóvis de Athayde. Santa Cecília. São Paulo: DPH; 2006.
KOOLHAAS, Rem. La ciudad genérica. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 2007.
http://www.saopaulo.sp.gov.br/ (11/11/09)
O renascimento da vitalidade do bairro
A partir de meados do ano 2000, a iniciativa privada passou a se interessar pelo bairro pela
sua proximidade com o bairro Higienópolis, que possui um status de classe média alta e,
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também, por já possuir infra-estruturas urbanas como, por exemplo, fácil acesso para
transportes individuais e públicos.
Com isto, imóveis passaram a ser alvo de compras e reformas, construiu-se edifícios de
classe média alta e, aos poucos o bairro foi se transformando, sendo novamente mudado o
seu cenário. Isto é notório nas proximidades da Alameda Barros, onde já é possível
encontrar edifícios de classe média alta construídos e alguns em construção, o comércio
que se renova e já possui um perfil voltado para rendas mais altas.
Fontes:
JORGE, Clóvis de Athayde. Santa Cecília. São Paulo: DPH; 2006.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Cec%C3%ADlia_%28bairro_de_S%C3%A3o_Paulo%29 (02/06/2010)
Situação atual (Análise e levantamentos)
Ainda em fase de transição, com um índice negativo de crescimento anual (SEMPLA), o
bairro Santa Cecília possui fortes contrastes. É notório que o bairro se divida em uma região
mais desenvolvida, com aumento dos moradores de classe média alta nas proximidades da
Alameda Barros e outra menos desenvolvida, cujas características da degradação ainda se
fazem presentes, nas proximidades do largo da igreja e do Elevado Costa e Silva.
FIGURAS 16 E 17: Contraste urbano em Santa Cecília, 2010
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
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15. Universidade Presbiteriana Mackenzie
Ao contrário do que ocorre no restante da cidade de São Paulo, em Santa Cecília o
envoltório dos metrôs possui fortíssimo foco de degradação.
No que diz respeito às residências, pode-se dizer que isto ocorre, provavelmente, pelo fato
de que a linha de metrô foi traçada entre os obsoletos edifícios que ocasionaram o
abandono de seus antigos moradores devido à falta de estrutura anteriormente citada.
Este fato somado à construção do Elevado Costa e Silva, contribuíram para a decadência
mor da região afetando, então, não apenas as residências, mas o comércio que, em sua
maioria, ocupa o pavimento térreo dos edifícios residenciais (FIGURAS 19 E 20).
FIGURA 18: Levantamento do estado de conservação dos quarteirões em Santa Cecília em 2010
FONTE: Google Maps
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FIGURA 19: Mapa da área utilizada para o levantamento de uso e ocupação do solo lote a lote, no ano de 2009,
1
para a pesquisa “Espaços públicos e urbanismo contemporâneo: processos sociais, formas espaciais” FONTE:
Google Maps, 2009.
Os três gráficos a seguir foram extraídos a partir dos levantamentos feitos in-loco na região
degradada de Santa Cecília para a pesquisa “Espaços públicos e urbanismo
contemporâneo: processos sociais, formas espaciais”¹. Nota-se o predomínio de edifícios
antigos com poucos pavimentos.
FIGURA 21
FONTE: Júlia Cassiano Chagas, 2009.
Outra característica marcante na região é uso misto dos edifícios:
1
Pesquisa desenvolvida na Universidade Presbiteriana Mackenzie, com auxílio financeiro do Funda Mackenzie de Pesquisa
a a
(Mackpesquisa), entre 2008 e 2009. Equipe: Prof. Dr. Luiz Guilherme Rivera de Castro (Líder); Prof . Dr . Denise Antonucci;
a a a a
Prof . Dr . Gilda Collet Bruna; Prof. Dr. José Paulo De Bem; Prof . Dr . Pérola Felipette Brocaneli ; Prof. Dr. Ricardo Hernan
a a
Medrano ; Prof . Ms.Silvana Maria Zioni; Prof . Ms. Volia Regina Costa Kato. Colaboradores Arq. Ms. Maria Ermelinda
Malatesta; Arq. Renata Gonçalves Mendes. Alunos da Graduação Angélica Dantas Gama; Christiane Gabriele de Lima
Ribeiro; Kellen Cristina Brito de Souza; Miguel Angelo Aguiar de Lima; Júlia Cassiano Chagas.
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FIGURAS 21 E 22, 2009.
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
Ainda se tratando do comércio, ao circular pelas redondezas do largo Santa Cecília,
observa-se que a ocupação urbana na região ainda está estruturada para servir ao público
transeunte, com vasto comércio e prestadores de serviço. Entretanto, o desleixo de seus
proprietários é evidente. Calçadas mal conservadas impedem que o pedestre caminhe
tranquilamente, tendo que, ao invés de apreciar as vitrines, preocupar-se em não se
acidentar com diversos buracos e imperfeições. Mas uma coisa é fato: se o cliente desejar
utilizar o carro para fazer compras na região terá, na maioria dos casos, de recorrer a
estacionamentos ou vagas de rua.
FIGURA 23: Pedestre desviando dos buracos na calçada, 2010
FONTE: Júlia Cassiano Chagas
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18. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
A seguir, imagem feita por satélite aponta alguns equipamentos existentes no bairro, entre
eles: linhas de ônibus, hospitais, templos religiosos, comércio e serviços, mostrando que o
bairro possui estrutura urbana e facilidade aos equipamentos para os moradores.
Imagem de Santa Cecília feita por satélite em 2010
FONTE: Google Earth (29/07/2010)
CONCLUSÃO
Tendo em vista as informações e análises expostas até então, faz-se evidente a
necessidade de intervenções urbanas nas regiões degradadas do bairro Santa Cecília, seja
em termos de planejamento e preservação do espaço público, seja dando incentivos à
iniciativa privada.
Os prédios não possuem vagas de estacionamento nem área de lazer, pois foram
construídos há muito tempo atrás, mas estão localizados em área central e próximos ao
metrô. Estas características de estar perto do metrô e praticamente no centro imprimem
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19. Universidade Presbiteriana Mackenzie
vantagens para moradores de renda média e média baixa, podendo ser então considerada
uma área com tendência à revitalização. Perfil de seus moradores: jovens estudantes,
casais de classe média baixa e baixa renda, pessoas idosas que não tenham necessidade
de transporte individual.
Contudo, esta região do bairro parece repelir estes e outros possíveis habitantes. Isto
provavelmente se deve ao fato de que, a partir da construção do viaduto Costa e Silva,
iniciou-se uma degradação de suas imediações, trazendo ao seu baixio (parte inferior da via
elevada) a presença de moradores de rua e seus dejetos, a escuridão que teima em vencer
as lâmpadas ali instaladas e a poluição que, junto ao ruído constante do tráfego de
automóveis, invade a janela de cada apartamento.
Imagem do Viaduto Costa e Silva, 2010.
FONTE: http://www.estadao.com.br/fotos/PAULOLIEBERT_14_10_2009_600.jpg
Tratando-se da qualidade urbana, é incontestável que o viaduto Costa e Silva seja, hoje, o
maior agravante da deterioração de Santa Cecília.
Para que seja possível revitalizar o local, a demolição do Elevado poderia ser considerada
dentre as prioridades, desde que se mantivesse a ligação leste-oeste na cidade. Desta
forma, é possível se cogitar novamente, a existência de qualidade urbana, como outrora
existia na Avenida São João e nos edifícios de seu entorno. A reestruturação do comércio
local pode tornar a região novamente atrativa, valorizando-a como parte da
contemporaneidade. Isto pode levar a um projeto de requalificação local que, com o devido
tratamento paisagístico, redesenhe as calçadas, implante áreas verdes e ciclovias, e que,
juntamente com o incentivo governamental estimulem o restauro e tratamento das fachadas
dos edifícios. Essas qualidades de projeto urbano podem trazer à região nova vida urbana
local, de forma com que se mostre num novo papel como arquitetura e cidade: acolher, não
repelir.
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20. VII Jornada de Iniciação Científica - 2011
Avenida São João, 1932.
FONTE: http://theurbanearth.files.wordpress.com/2008/04/av-1932.jpg?w=418&h=273 (31/07/2010)
REFERÊNCIAS
Livros
JORGE, Clóvis de Athayde. Santa Cecília. São Paulo: DPH; 2006.
JUNIOR, Geraldo S. Retalhos da Velha São Paulo – OESP Maltese, 1986
KOOLHAAS, Rem. La ciudad genérica. Barcelona: Ed. Gustavo Gili, 2007.
MONTANER, Josep Maria. Sistemas Arquitetônicos Contemporâneos. Barcelona: Ed.
Gustavo Gili, 2008.
PONCIANO, Levino. Bairros Paulistanos de a a Z. São Paulo: SENAC; 2001.
PORTELA, Fernando. São Paulo 1860-1960: a paisagem humana. São Paulo: Editora
Terceiro Nome, Louveira, SP: Albatroz Editora e Produtora, 2004
REIS FILHO, Nestor Goulart. São Paulo: Vila, cidade, metrópole. São Paulo: São Paulo
450 anos, 2004
SETUBAL, Maria Alice. A formação do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial,
CENEPEC, 2004.
TOLEDO, Benedito L. São Paulo: Três cidades em um século. São Paulo: CosacNaify;
Livraria Duas Cidades, 2007.
VARGAS, Heliana C. Comércio: localização estratégica ou estratégia na localização?
Universiade Presbiteriana Mackenzie/Dissertação de Mestrado; 1992.
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