Versão integral da edição n.º 1 do mensário “Jornal da Universidade de Coimbra”, que se publicou em Coimbra. Director: Jorge Castilho. Foram publicados apenas quatro números. Março de 2006.
Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt).
Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747
Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa,
www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 ,
http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal
Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ ,
http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ ,
http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html
1. À TONA DA INVESTIGAÇÃO FALTA DE VERBA PARA PATENTES
NO FUNDO DO MAR NÃO IMPEDE PROJECTOS INOVADORES
Combater a praga dos lagostins no Rio Nilo, zelar pela Construir motores que dispensam óleo lubrificante, criar
qualidade das águas costeiras e fluviais de países africanos, revestimentos que tornam os aviões mais seguros, impedir
aproveitar as ondas para produzir energia, descobrir bactérias que a prata perca o brilho, fabricar redes para as artérias que
resistentes no fundo dos oceanos – são algumas das áreas o organismo humano não rejeite – eis alguns dos projectos
em que estão empenhados mais de 300 investigadores de pioneiros a nível mundial que estão a ser desenvolvidos num
diversas Universidades portuguesas pertencentes ao Instituto Instituto da FCTUC, presidido por uma mulher.
do Mar (IMAR), a que preside João Carlos Marques, Vice-Reitor
da Universidade de Coimbra. PAGINA 10
PAGINA 3
DESTAQUES
UC
Há 30 anos: a primeira
presidente da AAC 9
Número 1
Catedrática ensina 1 Março 2006
Jornal
Gaiatos 15
Antiga aluna da UC
faz 107 anos 18
RUC: há 20 anos
sempre no ar 20
da Univer sidade DIRECTOR: JORGE CASTILHO
DIRECTORES-ADJUNTOS: DINIS MANUEL ALVES E MÁRIO MARTINS
EM “SEMANA” DE 11 DIAS
M
aré cheia
de cultura
espraia-se
pela Região PAGINA 4
APÓS SÉCULOS DE SEGREGAÇÃO
ulheres
conquistam maioria
na comunidade
universitária
PAGINA 6
2. 1 Março 2006
2 Jornal da Universidade
ESTATUTO EDITORIAL
EDITORIAL
O Jornal da Universidade de
Uma explicação necessária
Manuel Alves e Mário Martins. E o mesmo sucede A Mulher, porque no próximo dia 8 se comemo-
Coimbra é um projecto jornalísti-
com os restantes jornalistas que colaboram nesta ra o seu Dia Internacional, o que é pretexto para se
co essencialmente destinado à
edição e nas que se lhe seguirem. focar o papel de relevo que ela actualmente desem-
Comunidade Universitária, total- O Jornal da Universidade é, pois, um projecto penha na Comunidade Universitária e o difícil cami-
mente independente em termos profissional, que se norteia por critérios exclusiva- nho que teve de vencer para aqui chegar.
editoriais, pautando-se por crité- mente jornalísticos, com rigorosa observância das No que respeita à Semana Cultural, o respectivo
rios exclusivamente profissio- normas que regulamentam o exercício desta activi- programa é tão vasto que a mera enumeração de
nais. dade (compromisso de honra plasmado no todas as actividades quase esgotaria as páginas
Estatuto Editorial que nesta página se publica). deste jornal. Optámos, por isso, por destacar al-
O Jornal da Universidade procu- A principal preocupação do Jornal da
guns aspectos que nos pareceram mais relevantes,
Universidade de Coimbra é divulgar o que de mais
rará pesquisar, tratar e divulgar remetendo os leitores para o programa completo
relevante existe e se vai fazendo no seio da tão
a informação considerada rele- editado pela Universidade – que está a ser profu-
vasta e tão heterogénea Comunidade Universitária
vante para a Comunidade a samente distribuído e que bem justifica consulta
Por JORGE CASTILHO a quem se dirige (actualmente cerca de 25 mil pes-
quem se dirige, tentando con- atenta.
soas, englobando alunos, docentes, investigadores
tribuir para um melhor conheci- Em contrapartida, o tema inspirou uma reporta-
Ao contrário do que alguns poderiam pensar, e funcionários).
mento das suas realidades, dos Para cumprir a sua função em plenitude, o Jornal gem em que se divulga o notável trabalho que está
este novo jornal não é um órgão oficial ou oficioso
da Universidade espera que os elementos da refe- a ser desenvolvido pelo Instituto do Mar, a que a
seus projectos e da diversifica- da Universidade de Coimbra.
Quando me dirigiu o convite para dirigir o Jornal rida Comunidade não só o leiam, mas que igual- Universidade de Coimbra está intimamente ligada.
da actividade que nela se de-
da Universidade de Coimbra, o Magnífico Reitor mente nele participem, enriquecendo-o com infor- Quanto à Mulher, evocamos algumas que ousa-
senvolve.
deu-me conta dos objectivos que pretendia atingir mações, sugestões e críticas construtivas – que ram ser pioneiras. A Universidade de Coimbra vem-
com esta publicação – e que vão expressos na nota podem ser dirigidas, por e-mail, para o seguinte en- -se tornando de cada vez mais feminina, com as
O Jornal da Universidade não mulheres a terem já uma posição maioritária, mui-
de sua autoria que nesta página se insere. dereço:
fará concessões ao sensaciona- E desde logo me garantiu completa autonomia jornal.universidade@gmail.com tas delas ocupando funções de direcção e chefia.
lismo e à superficialidade, antes editorial, sem interferência da Reitoria, ou de outros Na impossibilidade de as ouvirmos a todas, optá-
procurará abordar todas as ma- órgãos da Universidade, no conteúdo do Jornal. O MAR E A MULHER mos por pedir um depoimento simbólico à que
térias com respeito pelos direi- Aliás, por questões de natureza ética e deonto- Esta primeira edição, que se publica no dia em ocupa, neste momento, o lugar de maior destaque
tos das pessoas e instituições, e lógica, nunca eu aceitaria enfrentar este desafio se que a Universidade assinala uns pujantes 716 anos – a Vice-Reitora Cristina Robalo Cordeiro.
na incessante busca do rigor in- tais garantias não existissem. Também só perante de existência, é predominantemente ocupada por Justificadas que estão as nossas opções edito-
formativo. esses pressupostos anuíram a partilhar comigo a dois temas: o Mar e a Mulher. riais para este primeiro número do Jornal da
tarefa, na qualidade de Directores-Adjuntos, dois O Mar, porque hoje se inicia a Semana Cultural Universidade, resta-nos manifestar a esperança de
outros jornalistas com larga experiência: Dinis que o tem por mote. que ele não desiluda os leitores.
O Jornal da Universidade não se
deixará instrumentalizar por
quem quer que seja e respeitará
escrupulosamente os princípios
éticos e as normas deontológi-
Um jornal. Uma ideia de Universidade.
cas do jornalismo.
funcionamento e para o bom desempenho de qual- tórias para contar, estão convocados para mostrar
quer instituição: a informação do que faz e a comu- ao país e ao mundo as ideias e os projectos que
nicação entre quem faz. Desta vez, a Universidade neste cadinho em permanência fervilham. Mas
de Coimbra não poderá ser pioneira. Mas pode como elemento de uma estratégia de Uni-
FICHA TÉCNICA destacar-se pela qualidade. Pode e quer fazer do ver[sc]idade, irmão mais novo da Rua Larga e dela
Jornal da Universidade de Coimbra mais um exem- se diferenciando na forma, no conteúdo, na perio-
plo de sucesso, mais uma iniciativa na qual tenha- dicidade e nos objectivos, o Jornal da Universidade
Director: mos gosto em nos rever e da qual nos possamos de Coimbra vai ser também capaz de manter diálo-
JORGE CASTILHO orgulhar. gos com o tecido económico, social e cultural, pro-
curando interpelar os seus agentes e estabelecer
Directores Adjuntos:
Tomando o nome da nossa Universidade, este contactos entre o que se faz de um e de outro lado
DINIS MANUEL ALVES
MÁRIO MARTINS jornal adopta uma identidade, uma responsabilida- da Porta Férrea.
de e uma missão. Abordará a sua História, mas não
Concepção e edição gráfica: Por FERNANDO SEABRA SANTOS se conformará com o prestígio que ela lhe confere, Em ano de depressão orçamental particularmen-
AUDIMPRENSA antes se inspirará na sua longa tradição de fazer te grave, a auto-sustentação económica do projec-
E-mail: Ao longo da sua História multissecular, como coisas novas como exemplo para os caminhos de to é a única garantia da sua perenidade. A simples
jornal.universidade@gmail.com hoje, muitas vezes a Universidade de Coimbra teve modernidade que pretende trilhar. existência deste Jornal é também a prova de que
a capacidade de se destacar pelo carácter inédito e
Telefone: só quem não quer ou não sabe é que se refugia na
pela inovação das suas propostas e descobertas. Nas páginas que se seguem, e nas que a estas
239 854 150 falta de recursos para deixar de fazer o que é ne-
se sucederão, é toda a Universidade de Coimbra
Fax: Não é esse o caso do jornal que agora vos chega cessário.
que vai estar representada. Todos aqueles que a
239 854 154 às mãos. Várias Universidades em todo o Mundo, constituem e que diariamente a constroem, docen-
Impressão e até algumas em Portugal, optaram já por editar tes, investigadores, estudantes e funcionários, Fa- Ao Jornal da Universidade de Coimbra que agora
CORAZE - OLIVEIRA DE AZEMEIS o seu próprio jornal, como forma de resolver uma culdades, Departamentos, Institutos, Unidades de dá o seu primeiro passo se deseja uma longa e pro-
questão que hoje é considerada crucial para o bom Investigação e Serviços, todos quantos tenham es- fícua caminhada.
3. 1 Março 2006
REPORTAGEM
Jornal da Universidade 3
VICE-REITOR DA UC PRESIDE A INSTITUTO COM MAIS DE 300 INVESTIGADORES DE VÁRIAS UNIVERSIDADES
Descobrir a vida no fundo do mar
NELSON MATEUS ATAQUE
AOS LAGOSTINS DO NILO
Os campos hidrotermais “trazem uma
perspectiva completamente diferente do Um dos projectos em que o IMAR está
que é a vida a grande profundidade”, re- envolvido é o de livrar o Rio Nilo de
fere João Carlos Marques presidente do
uma praga de lagostins. A grande con-
Instituto do Mar (IMAR) e também Vice-
centração desta espécie provoca estra-
Reitor da Universidade de Coimbra. São
gos avultados e o instituto teve já uma
autênticos oásis no fundo do mar que
experiência neste âmbito no Baixo
não param de surpreender os cientistas.
Mondego, onde há alguns anos se veri-
A realidade que os investigadores ob-
ficou um problema semelhante.
servam nos campos hidrotermais tem re-
A praga de lagostins teve um enorme
velado grandes surpresas, levando
impacto ambiental no Rio Mondego, já
mesmo “à reformulação das teorias
que os agricultores, em muitos casos,
sobre a origem da vida”. Isto porque nos
João Carlos Marques recorreram ao uso de pesticidas, o que
campos hidrotermais surgem seres vivos
resistência em condições extremas”, vindo a ser desenvolvida sobretudo com provocou outros efeitos indesejados. O
“onde não há luz mas apenas energia
acrescenta o responsável do IMAR. Estas o Instituto da Água, um trabalho em que problema dos lagostins é que escavam
geoquímica”, explica o responsável do
descobertas têm vindo a suscitar um “nós somos o software”, sublinha o pre- com grande facilidade e, no caso do
IMAR. Poderá, pois, acontecer que a ori-
óbvio interesse por parte da indústria sidente do IMAR. Baixo Mondego, isso representou uma
gem da vida “não terá sido à superfície
farmacêutica, que acompanha de perto É com agrado que João Carlos Mar- série ameaça à cultura do arroz. Mas o
do mar”, como se pensava, “mas nos
o trabalho dos investigadores. Isto por- ques, biólogo marinho de formação, IMAR conseguiu encontrar “uma solução
campos hidrotermais”.
que a descoberta dos princípios bioacti- constata que “o mar em termos do que que permitiu controlar a situação”,
É em zonas de separação das placas
vos que tornam as bactérias tão resis- são as agendas políticas passou a ter um tendo a questão ficado resolvida, expli-
tectónicas que surgem estes campos que
tentes permitiria abrir um mundo de lugar”, apesar disso não ter ainda os ca João Carlos Marques,
são como uma ilha térmica e que resul-
possibilidades no tratamento e preven- efeitos práticos desejados. “Nós temos Agora, no Nilo, os buracos feitos pelos
tam do calor que escapa do interior da
ção de doenças. uma vocação marítima que tem sido dei- lagostins são mais uma vez o problema,
Terra. Nos Açores existem vários campos
Investigadores do IMAR acompanham xada adormecida”, lamenta o Vice- já que estão a causar graves danos nos
a grande profundidade, um dos quais a
a evolução dos campos hidrotermais dos Reitor. A falta de estratégia tem impedi- sistemas de irrigação que existem ao
cerca de 1700 metros.
Açores não só com descidas às zonas em do um bom aproveitamento do potenci- longo do rio.
Os campos funcionam em muitos
que existem estes campos, mas também al do mar, uma situação que os vários O IMAR está, pois, a colaborar com os
casos como autênticas ilhas, já que “por
com a reprodução em laboratório das projectos de investigação do IMAR ten- técnicos egípcios que tentam resolver o
vezes têm uma flora e uma fauna que só
condições das grandes profundidades. É tam contrariar. problema. A solução encontrada para o
pode ser encontrada ali” e que já não
precisamente através da recriação do O trabalho do Instituto do Mar desen- Baixo Mondego vai, desse modo, ser
existe noutros campos hidrotermais, re-
que existe no fundo do mar que os in- volve-se em diferentes áreas, como a bi- também aplicada no Egipto.
fere João Carlos Marques. São zonas com
vestigadores têm possibilidade de anali- ologia marinha, a aquacultura, a gestão Esta colaboração surge na sequência
uma biodiversidade e biomassa bem di-
sar o comportamento dos organismos de zonas costeiras, a análise de impac- de vários programas de cooperação que,
ferente do que é normal no fundo mar.
que vivem nos campos hidrotermais. tos ambientais ou o transporte de sedi- ao longo dos últimos anos, o IMAR tem
Por exemplo, o número de indivíduos
mentos. O instituto dedica-se também à
por metro quadrado nos campos hidro- desenvolvido com países do Norte de
REDE NACIONAL análise da poluição ou da toxicologia,
África, em particular, Marrocos, Tunísia e
termais aproxima-se do meio milhão, en-
quanto que em outras zonas a média é
DE INVESTIGADORES bem como a realizar modelação ecológi-
Egipto. Em trabalhos financiados pela
ca e hidrodinâmica.
apenas de cerca de 20 indivíduos. União Europeia, o Instituto fez já a ca-
Nasceu para criar uma rede de investi-
racterização da qualidade ambiental das
gadores mas hoje é um importante pólo ENERGIA DAS ONDAS
RESISTÊNCIA A GRANDE aglutinador do trabalho científico que se
águas costeiras dos três países. Um tra-
PROFUNDIDADE faz em Portugal ligado ao mar. O A mais recente das apostas do
balho que incluiu igualmente o planea-
mento de um desenvolvimento susten-
Instituto do Mar deu os primeiros passos Instituto é no aproveitamento da ener-
As características únicas destes cam- tável para essas zonas costeiras, de
no início da década de 90 mas rapida- gia das ondas. Já foi apresentada uma
pos são alvo da análise dos investigado- mente se afirmou como um parceiro es- forma que os países possam aproveitar
proposta para desenvolver um estudo
res do IMAR, já que se trata de um âm- tratégico dos poderes públicos para as sobre o assunto. João Carlos Marques esses recursos do modo mais equilibra-
bito que tem “trazido novidades interes- decisões políticas ligadas ao mar, e à diz estar “muito esperançado de que o do e eficaz.
santíssimas”, acrescenta João Carlos água de um modo geral. projecto será financiado”, isto tendo em Numa segunda fase, a colaboração
Marques. É possível, por exemplo, en- O instituto tem hoje a funcionar em conta que o Governo português já decla- com os países do Norte de África passou
contrar bactérias vivas em zonas em que rede sete unidades de investigação dis- rou total prioridade às questões ligadas não só pelas zonas costeiras, mas es-
a água atinge os 180 graus, enquanto persas entre Coimbra, Lisboa, Évora, às energias renováveis. tendeu-se igualmente às bacias hidro-
que as bactérias que se encontram à su- Algarve e os Açores. Uma rede que inte- O projecto do IMAR vai dividir-se em gráficas, abrangendo assim também
perfície não resistem a temperaturas su- gra mais de 300 investigadores, sendo duas vertentes. Por um lado, a análise zonas de água doce. Na linha do traba-
periores aos 100 graus e por isso podem que destes cerca de 140 são doutorados. vai debruçar-se sobre a forma de produ- lho que já tinha sido feito, também
ser eliminadas simplesmente fervendo Um trabalho contínuo feito pelos mem- ção de energia, e por outro será avalia- neste caso foi realizada uma análise dos
água. bros do IMAR é o de apoio aos vários do o impacto ambiental que poderá ter ecossistemas, para fornecer dados aos
No mar profundo a situação é diferen- governos na implementação da Directiva a instalação dos equipamentos para decisores políticos quanto às melhores
te e “os organismos têm capacidade de quadro da Água. A colaboração tem aproveitamento da força das ondas. opções a tomar.
4. 1 Março 2006
4 Jornal da Universidade
S E M A N A C U LT U R A L
“DE MAR A MAR” – VIII SEMANA CULTURAL DA UC
Maré cheia de actividades
para todos os gostos
Cerca de uma centena de realizações tulado “Tanto Mar”, que decorre na
muito diversas, a decorrer em Coimbra e Figueira da Foz.
em vários outros pontos da Região “Arrebatador” – eis como João Gouveia
Centro, fazem da Semana Cultural da Monteiro antevê esta festa de música e
Universidade de Coimbra, que hoje (dia poesia pluricontinental.
1 de Março) se inicia, a maior e – justifi- Um aspecto que igualmente avultará
cadamente se espera – a melhor de sem- na “Festa dos Sons, dos Saberes e dos
pre. Sabores”, organizada pelas associações
Depois da Expo-98, esta é, seguramen- dos estudantes da Comunidade dos
te, a realização mais importante e de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na
maior vulto, relacionada com a água, Universidade de Coimbra, com a colabo-
que se leva a cabo em Portugal. E cons- ração do Centro de Estudos Sociais da
titui também, sem margem para dúvidas, Faculdade de Economia e do Centro de
o mais vasto conjunto de iniciativas cul- Documentação 25 de Abril. Para além da
turais a decorrer em Coimbra num tão mostra de gastronomia das ex-colónias
curto espaço de tempo. portuguesas, os estudantes oriundos
À frente da pequeníssima equipa que desses países (cerca de um milhar), vão
tem vindo a organizar este raro e valio- fazer animação de rua, que certamente
so programa está o Pró-Reitor para a contagiará a população com a sua habi-
Cultura, Prof. João Gouveia Monteiro, tual alegria espontânea.
que destaca, ao “Jornal da Univer-
sidade”, a originalidade do tema, mas DA ARTE DE LER
também o seu interesse e a sua abran- AO SERÃO POPULAR
gência.
Abrangência em termos das entidades A VIII Semana Cultural começa hoje
participantes, mas também de destinatá- (quarta-feira, dia 1 de Março), pelas 9,30
rios, uma vez que há realizações nas horas, no Arquivo da U. C., com o lança-
mais diversas áreas e para todos os gos- mento da terceira edição do concurso de
tos. leitura paleográfica intitulado “A Arte de
“É um tema de forte identidade nacio- Ler”. Segue-se, pelas 12 horas, na Capela
nal, muito amplo do ponto de vista cien- de S. Miguel, a celebração de Missa
tífico e excelente também no plano das Solene, com a participação dos Coro dos
práticas de representação culturais. É, Antigos Orfeonistas.
além disso, um tema muito oportuno, Pelas 14,30 horas de hoje, no
pois falar do mar, da água, dos recursos Auditório da Reitoria, decorre a Sessão
hídricos ou do meio ambiente, é discutir Solene comemorativa dos 716 anos da
um dos problemas mais importantes da João Gouveia Monteiro U. C., que inclui a entrega do Prémio
nossa vida em sociedade e do futuro do Universidade de Coimbra à Prof.ª Maria
nosso Planeta”. signação “De Mar a Mar” foi sugerida público, de todas as idades, cobrindo Helena da Rocha Pereira (a primeira
Daí que todas as Faculdades tenham por João André, Professor da Faculdade quase todas as áreas científicas e cultu- Mulher que se doutorou pela Univer-
aderido com entusiasmo, tal como ou- de Letras. Identificado o padrinho, volte- rais. Tal como sucedeu com a Semana sidade de Coimbra, e que concedeu uma
tras estruturas e serviços da Comunidade mos a ouvir o mentor desta oitava edi- Cultural do ano passado, é seguro que entrevista muito interessante ao “Jornal
Universitária e da Associação Académica ção da Semana Cultural, João Gouveia os seus efeitos se prolongarão para além da Universidade”, que se publica mais à
de Coimbra, dando o seu contributo para Monteiro: do respectivo encerramento, por via das frente, nesta edição). A encerrar este pri-
a extensão e a riqueza do programa. Mas “Consolidando e ampliando a evolução exposições que continuarão patentes ao meiro dia, pelas 21,30 horas, no Teatro
a iniciativa conta com a participação, di- do ano anterior, em que a Semana público, dos ciclos de conferências que de Gil Vicente, um concerto pela
recta e indirecta, de muitas outras enti- Cultural da U. C. se alargou visivelmente prosseguem e dos espectáculos que se Orquestra Sinfónica ARTAVE.
dades, desde autarquias até ao Governo ao conjunto da cidade, esta edição não manterão em cena”. Onze dias depois (A 11 de Março), a
(através do Ministério da Defesa e dos se circunscreve a Coimbra, mas antes se encerrar a Semana Cultural, haverá um
Assuntos do Mar), passando por outras estende até ao mar. Mais concretamente, “TANTO MAR” espectáculo pelo Orfeon Académico de
instituições públicas e privadas. à Figueira da Foz (Centro de Artes e PLURICONTINENTAL Coimbra e, nessa mesma noite, um
Espectáculos, que será palco de um dos Serão Popular, promovido pela Casa de
“DE MAR A MAR” pontos mais altos do programa), a Íhavo O programa da “Semana Cultural” re- Pessoal da U. C. no Teatro Paulo
DE COIMBRA ATÉ À COSTA (Museu Marítimo), passando por veste-se de extraordinária diversidade: Quintela.
Cantanhede (Museu da Pedra), e indo teatro, cinema, música, dança, canto, lei- Entre a abertura e o fecho, Coimbra e
De Mar a Mar. Uma designação muito até uma série de outros pontos do tura, exposições científicas e de artes outros pontos da Região Centro serão
feliz para esta “Semana” (que até nisso Litoral Centro, como Óbidos e Peniche plásticas, conferências, visitas guiadas. inundados por uma espantosa maratona
é original, pois será uma semana de (que serão objecto de visitas guiadas)”. De todas estas manifestações, talvez de eventos que certamente tornarão me-
onze dias!...). O Pró-Reitor para a Cultura E o Pró-Reitor sublinha: não seja exagero afirmar que a mais em- morável esta VIII edição da Semana
revelou-nos que, escolhido o tema, a de- “É um evento para todos os tipos de polgante deverá ser o espectáculo inti- Cultural da Universidade.
5. 1 Março 2006
S E M A N A C U LT U R A L
Jornal da Universidade 5
Dest a ques A seguir se referem algumas das actividades mais significativas
do vastíssimo programa da VIII Semana Cultural da Universidade de Coimbra
DIA 1 MARÇO | QUARTA-FEIRA no reforço do conforto urbanístico ou da re- 14h30 - Pequeno Auditório do Centro de Embaixador João de Deus Ramos (Fund. 15h00 - Observatório Astronómico da UC
presentação e visibilidade urbanas, a uma Artes e Espectáculos (Fig. da Foz) Mesa- Oriente, moderador), Cláudio Torres, Lada
Palestra sobre Instrumentos de navegação
escala alargada, ou mesmo mundial. Redonda sobre “O Mar como factor estraté- Eftekhari, Luís Filipe Thomaz (Univ.
astronómica, desde os Árabes até ao final
09h30 - Arquivo da U.C. (Sala D. João III) Módulo 01. Mostra – cidades e frentes de gico do desenvolvimento de Portugal” Católica) e Pirouz Eftekhari (FLUC).
Concurso (de âmbito nacional) de leitura pa- do Séc. XIX. Exibição do anel náutico inven-
água Moderador: Duarte Silva (Presidente da C. 15h30 – 18h30 - Largo D Dinis
leográfica “A Arte de Ler”. Trata-se da 3.ª tado por Pedro Nunes (fabricado no Ob.
Revisita à Exposição organizada no Centro M. F. Foz) “Festa de Sons, Saberes e Sabores II” –
edição de um Prémio que visa estimular a Astr., segundo a descrição do cientista) e de
de Estudos da FAUP, em 1998, e comissari- Participantes: Tiago Pitta e Cunha (Com. Partilha festiva e interactiva de conhecimen-
paleografia de leitura e, consequentemente, alguns instrumentos e documentos relevan-
ada pelo Prof. Arq.to Nuno Portas, que fará Estratégica para os Oceanos), Manuel Lobo to, de tradições e de diferentes formas de
o rigor e a originalidade no trabalho de in- a sua introdução e apresentação; tes. Exercícios de medição.
Antunes (Sec. Estado da Defesa Nacional e ser e de estar entre os promotores e o públi-
vestigação científica. Módulo 02. Mostra de Painéis – Frentes de - Exposição de instrumentos, cartas e livros
dos Assuntos do Mar), Carlos Sousa Reis co. Organização de estudantes e associa-
Água sobre navegação pertencentes à colecção
(FCUL, Coord. Programa FINISTERRA), ções representantes dos estudantes de
Projectos desenvolvidos por estudantes do Astronómica.
14h30 - Auditório Reitoria Luís Tadeu Almeida (IST) e Nuno Vieira Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Sessão Solene Comemorativa do 716º Darq-FCTUC, sob regência do Prof. Arq.to Matias (ex Chefe Estado Maior da Armada). Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor na
Gonçalo Byrne (Coordenador das disciplinas 21h30 - TAGV
Aniversário da UC. UC, enquadradas pelo CES e pelo CD 25
de Projecto do Darq-FCTUC), que fará a Conclusão do Ciclo de Cinema “Mar
de Abril. Actividades: oficinas de dança, mú-
sua introdução e apresentação. Trabalhos 21h30 - Centro de Artes e Espectáculos Português”
21h30 - TAGV (Fig. da Foz) sica, teatro e artes plásticas, encontro com
académicos para renovação de “Frentes de - “Água e Sal” (Teresa Villaverde, 2001)
Concerto de Aniversário da UC, pela Espectáculo: “Tanto Mar”, selecção literária escritores, artesanato, jogos e prova de be-
Água Urbanas de Aveiro” e também de bidas e petiscos.
Orquestra Sinfónica ARTAVE. “Frentes Portuárias e Marítimas da Figueira de Paulo Filipe, direcção musical de Laurent DIA 10 MARÇO | SEXTA-FEIRA
I Parte: “História Trágico-Marítima”, de da Foz e da Nazaré” (com painéis de exer- Filipe, vídeo de Nuno Rebelo, com Paulo
Fernando Lopes Graça (Solista: Oliveira Filipe e Sílvia Filipe. Uma viagem por dife- 18h00 - Arquivo da UC-Sala D.João III
cícios premiados pelo “Prémio Secil – 10h00 às 13h00: - Casa Municipal da
Lopes, Coro: UCEnsemble ) rentes continentes, separados e unidos pelo Inauguração da Exposição de Caligrafia
Universidades”, ao longo dos últimos anos Cultura
II Parte: “Sinfonia do Novo Mundo”, de mar, através da poesia de autores de vários Persa e Árabe (Editions Alternatives).
lectivos). Fórum da “Água e da Saúde”
Dvorâk países de língua portuguesa. Espectáculo Complementada com peças do Campo
- Sessão de abertura, por João Gouveia
de 1h20, produzido expressamente para a Arqueológico de Mértola.
Entrada gratuita 18h00 - Colégio das Artes (DARQ) Monteiro (Pró-Reitor para a Cultura UC),
VIII Semana Cultural da UC. Alia a compo- João Páscoa Pinheiro (FMUC)
CIDADE E MAR. Paisagens Aquáticas nente literária com um forte elemento musi- 21h30 - TAGV
DIA 2 MARÇO | QUINTA-FEIRA Ciclo de Debates (e conversa aberta com os - A água e a saúde. Ciência e cultura, Pedro
cal (sobretudo jazístico) e ainda com projec- Espectáculo de Música Iraniana com
autores): Cantista/HGSA),
ções de imagens de mar em filmes de lín- Hushang Djavid, acompanhado pelo instru-
Apresentação de paisagens aquáticas re- - Princípios de Hidroterapia, a água como
10h00, 11h30, 15h00 - Jardim Botânico gua portuguesa. Grande Auditório do mentista/percussionista Arsalan Kaveh.
“De mar a mar – há ir e provar” – pela centes, incluídas em projectos de transfor- agente físico, João Páscoa Pinheiro
CAE (F. Foz) Entrada gratuita
Camaleão, actividade lúdico pedagógica, re- mação de frentes de água, ribeirinhas ou (FMUC),
DIA 8 MARÇO | QUARTA-FEIRA
alização de um “peddy-paper” seguido de marítimas, em território nacional e estrangei- - A água como agente químico, Tice Macedo
sessão culinária, no terraço do Jardim das ro. DIA 5 MARÇO | DOMINGO (FMUC)
10h00-12h00 - Complexo Olímpico de
Descobertas do JBC, organizado segundo a 1ª Sessão – Parque Verde do Mondego – - Recursos naturais e crenoterapia,
Piscinas - Solum
cronologia dos Descobrimentos, dar a co- Coimbra 21h30 - TAGV Frederico Teixeira (FMUC),
Baptismo de mergulho e Introdução às
nhecer as plantas e suas origens, as rotas Convidados: Ciclo de Cinema “Mar Português”: - Actividades aquáticas no contexto de pro-
- “À Flor do Mar” (João César Monteiro, Actividades de Exploração Subaquática.
marítimas, etc. Mercês Vieira & Camilo Cortesão (MVCC cura e oferta de programas de actividades
1986) Iniciação ao mergulho e sensibilização para
Sessões até dia 11 (sábados só às 15h Arquitectos) com o Prof. João Ferreira físicas e desportivos, Manuel João (FCDEF-
a actividade de investigação aliada à
Nunes (Arquitecto Paisagista – ISA-UTL). UC),
Arqueologia. Com o Mestre Luís Rama
A sessão de debate será conduzida pelo DIA 6 MARÇO | SEGUNDA-FEIRA - Discussão
14h30 - Auditório Reitoria (FCDEF) e o Doutor Vasco Mantas (IA-
Prof. Arq.to Domingos Tavares (Presidente - Conclusão, João Gouveia Monteiro (Pró-
Simpósio “MAR E SAÚDE FLUC). Para estudantes, docentes e funcio-
da Comissão Científica da FAUP) Reitor para a Cultura UC), João Páscoa
- Sessão de Abertura 10h30 - Anfiteatro da FPCE nários da UC.
- “Travessias Marítimas e Desenvolvimento Pinheiro (FMUC)
Mares de Discussão [resultado dos ateliers
da Farmácia: Perspectivas Actuais e 21h30 - TAGV de formação, Arquipélago Virtual, Dez.-Jan]– 15h00 -18h00 - Complexo Olímpico de
Futuras.” Início do Ciclo de Cinema Mar Português Lançamento oficial dos blogs editados por Todo o dia - Auditório da FDUC
Piscinas - Solum
Moderador: Gabriela Jorge da Silva. - “Agosto” (Jorge Silva Melo, 1988), no dia 8 grupos de alunos e professores da FPCE; Colóquio “O MAR APROXIMANDO OS
Jogos Aquáticos – Actividades de recreação
- “A inovação de além-mar: a farmácia em haverá um debate “O cinema português e o atribuição de prémios aos cinco melhores POVOS: A UNIVERSALIZAÇÃO DO DIRE-
aquáticas, para a comunidade universitária
Portugal e as drogas americanas. Alguns mar” organizado pela Fila K blogs. ITO” (com a participação de docentes da
e as escolas secundárias do distrito de
casos e protagonistas (Sécs. XVIII-XX).”, Coimbra. Equipas mistas, com 5 a 10 parti- FDUC e de outras universidades portugue-
João Rui Pita. DIA 3 MARÇO | SEXTA-FEIRA cipantes (prémio: 75€). Com o Mestre Luís sas, e também de alguns convidados es-
14h30-18h30 - Anfiteatro Nobre
- “O mar e a descoberta de medicamentos. Rama (FCDEF). trangeiros – a indicar)
DEQ/FCTUC (Pólo II)
Uma ponte para o futuro.”, Luísa Sá Melo. 09h30 - Faculdade de Economia - Sessão de Abertura
Simpósio – “A Engenharia Química e o Mar.
- Produtos marinhos na saúde humana: pas- Colóquio: “A Economia Marítima (ainda) Painel 1- A Europa e a Universalização do
Aproveitamento de recursos naturais”: 21h30 - TAGV
sado, presente e futuro.”, Maria Teresa existe?” Direito:
- Apresentação e Introdução; Ciclo de Cinema “Mar Português”
Batista e Carlos Cavaleiro. -Sessão de abertura - Civilização de Direito e Universalização,
Painel 1 - “Economia e Recursos - “A Cultura de microalgas em fotobioreacto- - Exibição do filme “Zéfiro” (José Álvaro
- “O medicamento, a investigação farmaco- - O Relevo do Direito Comparado no âmbito
Haliêuticos, Direitos e Teorias Económicas”: res”, por Jorge Rocha (DEQ-FCTUC); Morais, 1994), seguido de debate sobre o
lógica e o mar.”, Margarida Caramona e do Direito Comunitário,
-“Geopolítica dos recursos haliêuticos e coo- - “A produção de pigmentos e anti-oxidantes tema “O mar no cinema português”, com
Isabel Vitória.
peração internacional”, conferência por com microalgas marinhas”, por Marta Luís Sousa Martins (Antropólogo), Paulo Painel 2 – A Universalização dos Direitos do
- “Mar, Beira -Mar e Saúde Pública:
Mário Ruivo (Comité Oceanográfico Henriques (ESAC); Granja (Historiador), Álvaro Garrido Homem
Factores Ambientais de Risco.”
Intergovernamental da UNESCO); - “A dessalinização de água do mar com (Docente da FEUC) - Direito Penal Internacional,
Moderador: João Canotilho.
- Conferência com Guy de Beaupré, Director tecnologia de osmose inversa”, por Lícinio - A CEDH e outros Instrumentos Normativos
- “Protectores solares: prevenção: dos riscos
General of International Affairs in Fisheries Ferreira (DEQ-FCTUC); DIA 9 MARÇO | QUINTA-FEIRA Internacionais de Protecção dos Direitos do
na saúde da pele.”, M. Lurdes Rebelo e
and Aquaculture Management at Fisheries - “Aplicações de polissacarídeos de algas e Homem,
João José Sousa;
and Oceans Canada. de crustáceos”, por Mª Helena Gil (DEQ- 10h00 - Anfiteatro IV da FLUC Painel 3 – Os Movimentos de Codificação
- “Contaminação e resíduos tóxicos no mar:
- “Direito do Mar e éticas de regulação”, FCTUC); Congresso Internacional: “O Mar Greco- Internacional
impacto ambiental/impacto na saúde huma-
José Manuel Pureza (FEUC) - “O potencial da Biotecnologia Marinha – a Romano”
na.”, Isabel Rita Barbosa. - Um Código Civil para a Europa,
- “Teoria económica dos Recursos descoberta de novos compostos com activi- - “La mar. Un archivo bien protegido”, por J.
- “Agentes biológicos”, João Poiares da - Instrumentos Internacionais de
Renováveis marinhos”, Rui Junqueira Lopes dade terapêutica”, por René Wijffels, Univ. M. Manuel Martin-Bueno (Univ. Saragoça),
Silva e Maria do Céu Sousa. (Universidade de Évora) Uniformização e Harmonização das regras
Wageningen (Holanda); - “O Reino de cristal, líquido e manso: deri-
- “Benefícios e riscos de produtos do mar.”, Painel 2 – “Economias do Mar”: de Direito Internacional Privado.
- “Gestão e valorização de subprodutos da vas de utopia na épica de Camões”, por J.
Irene Noronha Silveira e colaboradores. - “Quanto vale o mar na economia galega?”, pesca”, por Ricardo Isaac Perez Martin
Manuel Varela (Universidade de Vigo); A. Cardoso Bernardes (UC) DIA 11 MARÇO | SÁBADO
(Conselho Superior de Investigações
- “Quanto Vale o mar na economia portu- 12h00: - “O mar greco-romano antes de
14h30 - Sala de S. Pedro (BGUC) Até dia Científicas, Galiza)
guesa?”, Nuno Valério (ISEG); Gregos e Romanos”, por Ana Margarida 21h30 - TAGV
10 - Projecção áudio visual de documentários
Painel 3 - “Um mar de oportunidades: em- Arruda (Univ. Lisboa) e Raquel Vilaça (UC), “OS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES
“O mar é sempre tenebroso” alusivos ao tema.
presas e gestores”: - “Les Phéniciens, entre terres et mer”, por E O MAR”
Mostra sobre Monstros marinhos antigos e - Debate, Encerramento e conclusões fi-
-“O porto de Lisboa e o transporte marítimo Pierre Rouillard (CNRS-Paris)
modernos nas colecções da BGUC. nais. Espectáculo que pretende ilustrar musical-
internacional”, Luís Figueiredo 14h30: - “O mar na comédia plautina”, por
mente o caminho percorrido pelo povo por-
(Administrador do Grupo ETE, operadores Aires do Couto (Univ. Católica Portuguesa),
portuários); DIA 7 MARÇO | TERÇA-FEIRA tuguês.
15h00 - FLUC (Anf. IV- 5º piso) - “I socii navales e l’affermarsi di Roma
Ciclo de conferências: “MARE OCEANUS - - “A pesca longínqua portuguesa – presente I Parte – “Música Portuguesa do Período
come potenza marítima”, por Alfredo Valvo
Atlântico – espaço de diálogo”: e futuros”, Aníbal Paião (ADAPI, dos Descobrimento”: Ay Mi Dios e Regina
9h30-13h00 e 15h00-18h00 - Arquivo da (Univ. Católica Sacro Cuore, Milão),
- “A Solidariedade Atlântica”, por Adriano Administrador da Pascoal &Filhos Lda.); U.C - Sala D João III Coeli de D. Pedro de Cristo e Clamabat
- “A indústria transformadora de bacalhau – - “Hispania y el mediterrâneo en los siglos II
Moreira. Colóquio “Mediterrâneo, Orientes e Autem Mulier de Pedro Escobar;
um negócio global”, Joselito Lucas y I A. E.”. por Francisco Beltrán Lloris (Univ.
Globalização” II Parte – “As Descobertas”: No Mar de
(Administrador da Lugrade e ex-aluno da Saragoça)
17h00 - Colégio das Artes - 9h30: Abertura Emílio Porto, Olhos Negros de Ana Paula
FEUC); 16h30 : - “La bataille navale d’Aegitna.
(x2) Paisagens Aquáticas – Waterfronts (x2) - 10h00: Mesa redonda sobre “Política e Andrade, Morte que Mataste Lira de Adelino
- “Cultivar o mar – a aquacultura em Première intervention des Romais en Gaule”
Exposição Sociedade”, com Maria de Fátima Silva Martins, Minas com Bahia de Chico Amaral,
Portugal”, Alexandre Lobo Cunha (Inst. por Pascal Thiercy – D. Mathieu-Pavard
As paisagens aquáticas são hoje tema re- (FLUC, moderadora), Boaventura de Sousa Azulão de Jaime Ovalle, Leãozinho de
Ciências Biomédicas Abel Salazar) (Univ. Brest),
corrente e estimulante – no imaginário e no Santos (FEUC/CES), Maria Jesús Merinero
- “Monedas Viajeras”, por Francisca Chaves Caetano Veloso e Kolele Mai de Simão
desenho das novas paisagens – em todos (Univ. de Cáceres) e Djalal Sattari
DIA 4 MARÇO | SÁBADO Tristán (Univ. evilla) Barreto. Sendo o Brasil e África marcos de
os processos de requalificação ambiental, e (Investigador).
- 15h00: Mesa-redonda sobre “Cultura”, com relevo nesta temática serão convidados um
6. 1 Março 2006
6 Jornal da Universidade
MULHER
De “pobres mulheres inferiores”
a maioritárias na Universidade
essa ridícula contrafac- no Observatório D. Luís I. O sidade” – e que pode ler-se nas da Faculdade de Letras, que
ção de homensquot; lugar não lhe é atribuído por páginas centrais. nos facultou muito material
A verdade é que se ser mulher, apesar de ter ficado Mas este tema da evolução sobre a matéria, a maior parte
espanta a rudeza destas em primeiro lugar. Decide da Mulher na Universidade, e do qual ficou por referir. Assim,
afirmações, igualmente então seguir Medicina (1904) na sociedade em geral, tão e na sequência desta primeira
surpreende o que Maria aproveitando as cadeiras co- vasto quanto aliciante, tem abordagem (algo superficial por
Amália Vaz de Carvalho muns dos primeiros anos dos sido objecto de valiosos traba- limitações de espaço), voltare-
sustentava, já quase no outros cursos. lhos de investigação. Entre eles mos ao assunto em próximas
final desse século: O exemplo de Domitília de os da Prof.ª Irene Vaquinhas, edições.
quot;A mulher, graças à Carvalho é tanto mais meritório
sua inferioridade social, quanto é certo que a própria le-
graças à tradição que a gislação então vigente condicio-
tem posto fora da esfe- nava os direitos das mulheres.
ra em que se trabalha e O Código Civil Português (de
se versam os altos pro- 1867), atribuía ao marido a obri-
blemas da ciência, gra- gação de protecção e defesa,
ças à sua dependência cabendo à mulher o dever de
da casa familiar, tem-se obediência, e retirando-lhe toda
Domitília Carvalho, a primeira aluna
conservado longe da a autonomia na administração
da Universidade de Coimbra
tortura, cada vez mais dos bens familiares. Muito curi-
quot;Pobres mulheres! Elas são- requintada, que a ins- oso, e elucidativo, é o artigo
nos bem inferiores [...] pela trução moderna impõe ao indi- 1.187 do referido Código, segun-
anatomia dos ossos e dos mús- víduo do sexo masculinoquot;. do o qual quot;A mulher autora não
culos e pela constituição do cé- Perante tudo isto, não é es- pode publicar os seus escritos
rebro. Elas têm a cabeça mais tranho que nessa época (mais sem o consentimento de mari-
pequena, como as raças inferio- concretamente em 1891) tenha do, mas pode recorrer à autori-
res, têm os movimentos centrí- sido encarada como quase es- dade judicial em caso de injus-
petos, abotoam os vestidos candalosa ousadia a matrícula ta recusa delequot;…
para a direita, não sabem com- da primeira mulher na A seguir a Domitília de
por óperas, e nunca chegam a Universidade de Coimbra. A pi- Carvalho, outras mulheres deci-
entender a matemáticaquot;. oneira chamava-se Domitília diram matricular-se na
Assim escrevia Ramalho Orti- Hormezinda de Carvalho, que Universidade. Entre elas Maria
gão, convictamente, sem pre- viria a notabilizar-se não só Virgínia Pestana, felizmente
tender ser irónico, no último pelos três cursos que frequen- ainda viva e a residir em
quartel do séc. XIX!... tou na Universidade de Coimbra, e que quase a com-
Mas estas “farpas” machistas Coimbra, mas também pelo seu pletar a belíssima idade de 107
não eram monopólio de trabalho em prol da educação anos mantém contagiante jo-
Ramalho. das mulheres, na defesa da cri- vialidade e invejável memória –
Também Oliveira Martins re- ação do primeiro Liceu femini- como pode verificar-se no texto
clamava, pela mesma altura: no, e ainda pela actividade po- que a ela dedicamos nesta edi-
quot;Em vez de se fazerem dou- lítica, tendo pertencido ao ção.
toras, neste nosso modo de ver grupo das três primeiras depu- Outra Mulher marcante na UC
fóssil e bárbaro, era melhor fa- tadas do Estado Novo. Depois foi, e é, Maria Helena da Rocha
zerem-se caixeiras, fazerem-se das licenciaturas em Mate- Pereira, que igualmente conce-
compositoras, fazerem-se boti- mática (1894) e Filosofia (1895), deu uma entrevista com muito Reprodução de parte de artigo publicado em 29 de Janeiro de 1912 pela revista A
cárias, fazerem-se tudo, menos concorre ao lugar de astrónoma interesse ao “Jornal da Univer- Ilustração Portuguesa
Magistradas pioneiras saíram da UC
A primeira mulher a exercer o cargo de Também a primeira mulher a ingressar
juiz em Portugal foi Ruth Garcez. no Supremo Tribunal de Justiça se
Nascida em Moçambique em 1934, licenciou em Direito na Universidade de
licenciou-se em Direito na Universidade Coimbra (com a particularidade de o ter
de Coimbra em 1956. Entrou na feito como aluna voluntária, sem assistir
magistratura judicial em 1977, foi juiz a qualquer aula). Trata-se de Laura de
de Direito até 1993 e juiz desem- Carvalho Santana Maia Tomás Leonardo,
bargadora até 2005, altura em que se que tomou posse como Juiz Conselheira
Laura Leonardo jubilou. do STJ a 27 de Maio de 2004. Ruth Garcez
7. 1 Março 2006
MULHER
Jornal da Universidade 7
Cronologia e dados estatísticos
A primeira mulher que frequentou a existia ainda qualquer mulher. alunos inscritos, 4.544 são homens e Há 20 anos (ano lectivo 1985/86) a di-
Universidade de Coimbra foi Públia Em 19 de Dezembro de 1911 assume 4.817 mulheres. ferença já era significativa. Dos 13.150
Hortênsia, no séc. XVI, mas disfarçada de funções, na Faculdade de Letras, a pri- No ano lectivo 1974/75 (revolução do alunos, 6.103 eram do sexo masculino e
homem!... (ver caixa). meira mulher professora da Universidade 25 de Abril e fim da guerra colonial), os 7.047 do sexo feminino.
A primeira que ousou assumir-se como de Coimbra: Carolina Michaelis. homens voltam a ser mais numerosos:
estudante do sexo feminino foi Domitília No ano lectivo de 1925/26 (há 80 dos 8.582 alunos inscritos, 5.071 eram A realidade actual é a que espelham os
Carvalho, em 1891. E desde esse ano até anos) é pela primeira ultrapassada a cen- homens e 3.511 mulheres. gráficos que nesta página se publicam,
com dados relativos às diversas Facul-
1896 a Universidade de Coimbra foi fre- tena: 105 mulheres estudantes. No ano lectivo de 1982/83 as mu-
dades (referentes ao ano de 2005).
quentada por uma única mulher. Há 50 anos (ano lectivo 1955/56) a lheres tornam a ultrapassar os ho-
Depois, a progressão feminina na UC Universidade era frequentada por 4.278 alu- mens: dos 12.394 alunos inscritos,
No que respeita ao corpo docente, em
evoluiu da seguinte forma: nos, sendo 2.781 homens e 1.497 mulheres. 6.103 eram homens e 6.291 mulheres.
Maio de 1987 a UC tinha 1.175 professo-
Há 35 anos (no ano lectivo de De então para cá o número de mulhe-
res, dos quais 823 homens e 352 mulhe-
De 1896 a 1898: 3 mulheres. 1970/71), as mulheres ultrapassam os res foi sempre superior ao dos ho- res. Nessa mesma data, dos 278 mem-
No ano lectivo 1898/1899: 2 mulheres. homens, pela primeira vez: dos 9.361 mens, em percentagem crescente. bros dos Conselhos Científicos das diver-
No ano lectivo 1899/1900: 6 mulheres. sa Faculdades, 221 eram homens e 57
No ano lectivo 1900/1901: 7 mulheres mulheres.
No ano lectivo 1901/1902: 8 mulheres
No ano lectivo 1902/1903: 5 mulheres
NO SÉCULO XVI Relativamente aos funcionários, a pri-
No ano lectivo 1903/1904: 4 mulheres meira mulher foi contratada no ano lec-
No ano lectivo 1904/1905: 3 mulheres Mulher frequentou a Universidade tivo de 1911/12.
Mas há 19 anos (em Maio de 1987) as
Há 100 anos (ano lectivo 1905/1906)
frequentaram a Universidade de Coimbra
mas disfarçada de homem mulheres já suplantavam os homens.
Dos 1.808 funcionários, 850 eram ho-
apenas 3 mulheres: uma matriculada em mens e 958 mulheres.
Matemática e Filosofia e duas na Facul- Públia Hortênsia de Castro foi a primeira mulher a frequentar a Universidade
de Coimbra, ainda no século XVI. Só que, para tal, deve de ocultar a sua A situação que actualmente se verifica,
dade de Medicina.
condição feminina e disfarçar-se de homem. quanto a docentes e não docentes, vai
reflectida nos gráficos.
Em 1910/1911 (implantação da Re- Nascida em Vila Viçosa, veio para Coimbra juntamente com seu irmão Jerónimo
pública): 8 mulheres. de Castro, e certamente com a cumplicidade deste frequentou as aulas (Alguns dos elementos utilizados para esta cro-
Neste mesmo ano lectivo a Universi- envergando o trajo masculino. Na Universidade de Coimbra estudou nologia foram recolhidos da obra intitulada “A
dade era frequentada por 1.355 alunos. Humanidades e Filosofia, de que defendeu conclusões públicas em Évora, Mulher na Universidade de Coimbra”, do Prof.
Joaquim Ferreira Gomes, editada pela Almedina em
No seu corpo de funcionários não quando tinha apenas 17 anos, o que causou enorme espanto (e, por certo, 1987)
escandalizou muita gente). Estudou também Teologia e, para além de erudita,
viria a tornar-se grande oradora, tendo defendido, perante Filipe II de Espanha,
DOCENTES ideias teológicas que impressionaram o monarca de tal forma que este lhe FUNCIONÁRIOS
concedeu tença de 20.000 reis (apreciável quantia para a época). Viria a fazer
parte da corte que rodeava a Infanta D. Maria, tendo falecido em 1595. Deixou
os seguintes manuscritos: “Psalmos”, “Poesias várias latinas e portuguesas”,
“Cartas latinas e portuguesas” e ainda um opúsculo intitulado “Flosculus
theologalis”.
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FARMÁCIA ECONOMIA PSICOLOGIA DESPORTO