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A Deusa



                                   A Deusa foi a primeira divindade cultuada pelo homem pré-
                                   histórico. As suas inúmeras imagens encontradas em vários
                                   sítios históricos e arqueológicos do mundo inteiro
                                   representavam a fertilidade - da mulher e da Terra. Por ser
                                   a mulher a doadora da vida atribuiu-se à Fonte Criadora
                                   Universal a condição feminina e a Mãe Terra tornou-se o
                                   primeiro contato da raça humana com o divino.

                                   Quem é A Deusa?

Só o fato de termos que fazer essa pergunta demonstra o quanto nossa sociedade ocidental
formada sob a égide da mitologia judaico-cristã se afastou de nossas origens. Fomos criados
condicionados por uma cosmologia desprovida de símbolos do Sagrado Feminino, a não ser
Maria, Mãe Divina, que não tem os atributos divinos, que são reconhecidos apenas ao Pai e ao
Filho e é substituída na Trindade pelo conceito de Espírito Santo.

Maria é, quando muito, a intermediária para a atuação dos poderes do Deus... "peça à Mãe
que o Filho concede..." Mas Maria não é a Deusa, senão um de seus aspectos mais aceitos pela
sociedade patriarcal, de coadjuvante do Deus, reproduzindo o fenômeno social do patriarcado
em que a mulher auxilia o homem, mas sempre lhe é inferior e, por isso, deve submeter-se à
sua autoridade.

Constata-se que a ausência de uma Deusa nas mitologias pós-cristãs se deve ao franco
predomínio do patriarcado. Predomínio esse que nos trouxe, ao final do século XX, a uma
sociedade norteada pelos valores da competição selvagem, da sobrevivência do mais forte, da
violência ao invés da convivência, do predomínio da razão sobre a emoção. Mas a Deusa está
ressurgindo. Desde a década de 60, reafirmando-se nas últimas, a descoberta da Terra como
valor mais alto a preservar sob pena de não mais haver espécie humana fez decolar a
consciência ecológica e o renascimento dos valores ligados à Deusa: a paz, a convivência na
diversidade, a cultura, as artes, o respeito a outras formas de vida no planeta.

Cultuar a Deusa hoje significa reconsagrar o Sagrado Feminino, curando, assim, a Terra e a
essência humana. Quer sejamos homens ou mulheres, sabemos que nossa psique contém
aspectos masculinos e femininos. Aceitar e respeitar a Deusa como polaridade complementar
do Deus é o primeiro passo para a cura de nossa fragmentação dualística interior.

A Deusa é cultuada como Mãe Terra, representando a plenitude da Terra, sua sacralidade.
Sobre a Terra existimos e, ao fazê-lo, estamos pisando o corpo Onipotente e distante, que vive
nos céus... A Deusa é a Terra que pisamos, nossos irmãos animais e plantas, a água que
bebemos, o ar que respiramos, o fogo do centro dos vulcões, os rios, as cores do arco-íris, o
meu corpo, o seu corpo... A Deusa está em todas as coisas... Ela é Aquela que Canta na
Natureza... O Deus Cornífero seu consorte, segue sua música e é Aquele que Dança a Vida...
Cultuar a Deusa não significa substituir o Deus ou rejeitá-lo. Ambos, Deus e Deusa são as
expressões da polaridade que permitiu que o Grande Espírito, o UNO, se manifestasse no
universo... São os dois lados de uma mesma moeda... as duas faces do Todo, ou sua divisão
primeira. Assim, crer na Deusa e no Deus ainda é crer em um Ser Supremo que, ao se bipartir,
criou o princípio masculino e o princípio feminino, o Yin e o yang, o homem e a mulher.

A Deusa também é a Senhora da Lua e, mais uma vez, a explicação desse fato remonta às
cavernas em que já vivemos. O homem pré-histórico desconhecia o papel do homem na
reprodução, mas conhecia muito bem o papel da mulher. E ainda considerava a mulher
envolta em uma aura mística, porque sangrava todo mês e não morria, ao passo que para
qualquer dos homens sangrar significava morte. Portanto, a mulher devia ser muito poderosa,
ainda mais que conhecia o "segredo" de ter bebês... É fácil entender porque a mulher era
identificada com a Deusa, ou, melhor dizendo, porque a primeira divindade conhecida tinha
que ter caracteres femininos... Ainda mais quando as pessoas descobriram que a gravidez
durava 10 lunações e a colheita e o suceder das estações seguia um ciclo de 13 meses lunares.
O primeiro calendário do homem pré-histórico foi mostrado nas mãos da famosa estatueta da
Vênus de Laussel, que segura em sua mão um chifre em forma de crescente, com 13 talhos
que representam as lunações.

Por sua conexão com a Lua e a mulher, a Deusa é cultuada em 3 aspectos: a Donzela, que
corresponde à Lua Crescente, a Mãe representada na Lua Cheia e a Anciã, simbolizada na Lua
Decrescente, ou seja, Minguante e Nova.

Na tradição da Deusa a Donzela é representada pela cor branca e significa os inícios, tudo o
que vai crescer, o apogeu da juventude, as sementes plantadas que começam a germinar, a
Primavera, os animais no cio e seu acasalamento. Ela e a Virgem, não só aquela que é
fisicamente virgem, mas a mulher que se basta, independente e auto-suficiente.

Como Mãe a Deusa está em sua plenitude. Sua cor é o vermelho, sua época o verão. Significa
abundância, proteção, procriação, nutrição, os animais parindo e amamentando, as espigas
maduras, a prosperidade, a idade adulta. Ela é a Senhora da Vida, a face mais acolhedora da
Deusa.

Por fim, a Deusa é a Anciã, que é a Mulher Sábia, aquela que atingiu a menopausa e não mais
verte seu sangue, tornando-se assim mais poderosa por isso. Simboliza a paciência, a
sabedoria, a velhice, o anoitecer, a cor preta. A Anciã também é a Deusa em sua face Negra da
Ceifeira, a Senhora da Morte. Aquela que precisa agir para que o eterno ciclo dos
renascimentos seja perpetuado. Esta é o aspecto com que mais dificilmente nos conectamos,
porém, a Senhora da Sombra, a Guardiã das Trevas e Condutora das Almas é essencial em
nossos processos vitais. Que seria de nós se não existisse a morte? Não poderíamos renascer,
recomeçar...

Desta forma, é fácil compreendermos porque a Religião da Deusa postula a reencarnação. Se
fazemos parte de um universo em constante mutação, que sentido haveria em crermos que
somos os únicos a não participar do processo interminável da vida-morte-renascimento? Essa
realidade existe no microcosmo do ciclo das estações, da colheita que tem que ser feita para
que se reúnam as sementes e haja novo plantio. É justamente por isso que aqueles que
seguem o Caminho da Deusa celebram a chamada Roda do Ano, constituida pelos 8Sabbats
celtas que marcam a passagem das estações. Ao celebrar os Sabbats cremos que estamos
ajudando no giro da Roda da Vida, participando assim de um processo de co-criação do
mundo.

Por tudo o que dissemos fica fácil entender porque os caminhos, cultos e tradições centrados
na Deusa são religiões naturais, fundamentadas nos ciclos da natureza e no entendimento de
seus elementos e ritmos. Estas práticas de magia natural usam a conexão e correlação dos
elementos da natureza - Água, Terra, Fogo e Ar, as correspondências astrológicas (signos
zodiacais, influências planetárias, dias e horários propícios, pedras minerais, plantas, essências,
cores, sons) e a sintonia com os seres elementais (Devas Guardiões dos lugares, Gnomos,
Silfos, Ondinas, Salamandras,Duendes e Fadas).

A Deusa e o Deus

"Todas as Deusas são uma só Deusa, todos os Deuses são um só Deus."

Conquanto a Deusa presida a pulsação vital constante do Universo, é imprescindível que
entendamos o papel do Deus. Ela é a Senhora da Vida, mas Ele é o Portador da Luz; Ela é o
ventre, Ele o falo ereto; Ela gera a vida, Ele é a faísca que inicia o processo, em plena harmonia,
sem predomínios nem competições, mas pela completa união... Ambos parceiros no
desenrolar da música e dança que criam e recriam o universo ainda hoje... Na Primavera Ela é
a Donzela, Ele o Deus Azul do Amor... No verão ela é a Mãe, grávida, ele o Galhudo, o Deus da
Vegetação e dos Animais, Cernnunnos... No outono ele desce para o Mundo Subterrâneo,
como o Deus Negro do Mundo Inferior, do sacrifício e da Morte e Ela a Anciã que abre os
portais e o acolhe durante sua transmutação. No inverno ele renasce do próprio ventre escuro
da Deusa, que quase torna, assim, a um só tempo, sua consorte e sua mãe...

Os últimos anos têm assistido o fenômeno chamado "Renascer da Deusa", ou seja, o
ressurgimento do arquétipo do divino feminino na cultura, nas artes, na ciência e no psiquismo
das pessoas. Fazem parte desse renascimento a preocupação ecológica, as manifestações
pelapaz, o ressurgimento de religiões baseadas na natureza, pondo em relevo valores
femininos: o respeito à Mãe Terra, o reconhecimento dos seres humanos como irmãos dos
demais seres, a ênfase na conciliação dos sexos e das pessoas, ao invés da competição, a paz
ao invés dos conflitos, as terapias naturais respeitando o corpo e a Terra, a volta dos oráculos
(runas, tarot, geomancia) e das práticas xamânicas.

Dentro dessa nova mentalidade, o culto à Grande Mãe pode ser feito em diversos caminhos
espirituais. De certa maneira, a própria Igreja Católica participa dessa tendência de várias
maneiras, colocando em relevo depois de muitos anos a figura de Maria. As religiões centradas
na Deusa geralmente têm em comum o reconhecimento da natureza como a própria e, por
isso, são designadas como Cultos ou Tradições Naturais, muitos deles oriundos ou aplicando os
princípios do xamanismo. Os cultos à Deusa são religiões xamânicas, no sentido de reunirem
prática de magia natural e contatos com outras realidades, além de se basearem na interação
dos quatro elementos: Fogo, Água, Terra e Ar, unidos pela quitessência que é o Espírito.
Atualmente existem inúmeros cultos que poderíamos chamar de "centrados na Deusa", ou "A
Religião da Deusa". Mas o mais conhecido deles hoje, sem dúvida, é a Tradição Wicca, que
influencia de muitas formas todos os demais.

Wicca é uma religião pagã (usada esta palavra tanto no sentido comum de "não cristã", como
no sentido etimológico de "oriunda do campo", por ser uma religião de origem rural) que
cultua a Deusa Tríplice e seu consoante o Deus Cornífero. Ambos são expressões em
polaridades do Ser Supremo, a Divindade, chamado pelos nativos norte americanos de Grande
Espírito ou o Grande Mistério, O UNO ou a Fonte Criadora, que se manifesta na realidade
concreta nas representações da Deusa e do Deus.

A palavra WICCA se origina do inglês arcaico wicce, significando wise (sábio) e o verbo moldar,
dobrar. Portanto, um Wiccan (como são chamados seus adeptos) é um moldador, alguém que
dá outra feição à realidade que o cerca.

A Wicca surgiu na primeira metade do século XX, do estudo de alguns pioneiros como
Margaret Murray e Gerald Gardner, que procuraram resgatar as raízes da witchcraft (bruxaria)
praticada na Inglaterra rural e na Toscana (norte da Itália). Essas práticas eram, na origem, a
expressão popular da religião celta, que dominou a Europa Ocidental por séculos. A Wicca,
pois, se propõe a ser a versão moderna da Antiga Religião.

Na Tradição Wicca existem diversas vertentes, desde as mais rigidamente estruturadas,
seguindo normas e rituais fixos, até aquelas que são predominantemente ecléticas, com
adaptações regionais ou pessoais. Entre as mais tradicionais se encontram a Gardeneriana,
Alexandrina, Diânica, Celta, Georgiana etc. A Wicca pode ser praticada em grupos chamados
covens ou por solitários.

Todas as Deusas são uma única Deusa", múltiplas manifestações da Grande Mãe. Cultuar a
Grande Deusa pode se manifestar no culto a um ou mais dos arquétipos que a representem
nas diversas culturas do mundo. Assim, sejam as Lilith e a Shequinah judaicas, a babilônia
Inanna, a havaiana Pele, a chinesa Kwan-In, a japonesa Amaterasu, a inca Ixchel, as africanas
Yemanjá e Oyá, ou as hindus Sarasvati e Kali, sempre se estará prestando culto à mesma e
única Deusa. As diferentes mitologias enumeram milhares de nomes de Deusas,
correspondendo a aspectos ou atributos diversos. Assim, se escolhemos nos conectar com as
Deusas Afrodite ou Ishtar ao procurarmos trabalhar a energia do amor, o fazemos porque
essas formas do arquétipos, por disposição de milênios, mais se aproximam dessa energia. Se
precisamos tratar de estudos ou escrita, criatividade nas artes, invocamos Atena ou Saravasti,
por exemplo.

Muitas bruxas costumam se conectar com Deusas de diferentes mitologias, conforme a
necessidade de seus trabalhos. Outras se atém a um panteão determinado e só cultuam as
Deusas e Deuses daquela cultura. Ambas as formas de expressão fazem parte dos Caminhos da
Deusa. Algumas bruxas preferem se conectar com as Deusas em sua forma mais primitiva,
como Mãe Terra, daí utilizarem símbolos das chamadas Vênus pré-históricas, como de Laussel,
Willendorf, Deusa serpente de Creta, Deusa do Nilo.
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A Deusa

  • 1. A Deusa A Deusa foi a primeira divindade cultuada pelo homem pré- histórico. As suas inúmeras imagens encontradas em vários sítios históricos e arqueológicos do mundo inteiro representavam a fertilidade - da mulher e da Terra. Por ser a mulher a doadora da vida atribuiu-se à Fonte Criadora Universal a condição feminina e a Mãe Terra tornou-se o primeiro contato da raça humana com o divino. Quem é A Deusa? Só o fato de termos que fazer essa pergunta demonstra o quanto nossa sociedade ocidental formada sob a égide da mitologia judaico-cristã se afastou de nossas origens. Fomos criados condicionados por uma cosmologia desprovida de símbolos do Sagrado Feminino, a não ser Maria, Mãe Divina, que não tem os atributos divinos, que são reconhecidos apenas ao Pai e ao Filho e é substituída na Trindade pelo conceito de Espírito Santo. Maria é, quando muito, a intermediária para a atuação dos poderes do Deus... "peça à Mãe que o Filho concede..." Mas Maria não é a Deusa, senão um de seus aspectos mais aceitos pela sociedade patriarcal, de coadjuvante do Deus, reproduzindo o fenômeno social do patriarcado em que a mulher auxilia o homem, mas sempre lhe é inferior e, por isso, deve submeter-se à sua autoridade. Constata-se que a ausência de uma Deusa nas mitologias pós-cristãs se deve ao franco predomínio do patriarcado. Predomínio esse que nos trouxe, ao final do século XX, a uma sociedade norteada pelos valores da competição selvagem, da sobrevivência do mais forte, da violência ao invés da convivência, do predomínio da razão sobre a emoção. Mas a Deusa está ressurgindo. Desde a década de 60, reafirmando-se nas últimas, a descoberta da Terra como valor mais alto a preservar sob pena de não mais haver espécie humana fez decolar a consciência ecológica e o renascimento dos valores ligados à Deusa: a paz, a convivência na diversidade, a cultura, as artes, o respeito a outras formas de vida no planeta. Cultuar a Deusa hoje significa reconsagrar o Sagrado Feminino, curando, assim, a Terra e a essência humana. Quer sejamos homens ou mulheres, sabemos que nossa psique contém aspectos masculinos e femininos. Aceitar e respeitar a Deusa como polaridade complementar do Deus é o primeiro passo para a cura de nossa fragmentação dualística interior. A Deusa é cultuada como Mãe Terra, representando a plenitude da Terra, sua sacralidade. Sobre a Terra existimos e, ao fazê-lo, estamos pisando o corpo Onipotente e distante, que vive nos céus... A Deusa é a Terra que pisamos, nossos irmãos animais e plantas, a água que bebemos, o ar que respiramos, o fogo do centro dos vulcões, os rios, as cores do arco-íris, o meu corpo, o seu corpo... A Deusa está em todas as coisas... Ela é Aquela que Canta na Natureza... O Deus Cornífero seu consorte, segue sua música e é Aquele que Dança a Vida...
  • 2. Cultuar a Deusa não significa substituir o Deus ou rejeitá-lo. Ambos, Deus e Deusa são as expressões da polaridade que permitiu que o Grande Espírito, o UNO, se manifestasse no universo... São os dois lados de uma mesma moeda... as duas faces do Todo, ou sua divisão primeira. Assim, crer na Deusa e no Deus ainda é crer em um Ser Supremo que, ao se bipartir, criou o princípio masculino e o princípio feminino, o Yin e o yang, o homem e a mulher. A Deusa também é a Senhora da Lua e, mais uma vez, a explicação desse fato remonta às cavernas em que já vivemos. O homem pré-histórico desconhecia o papel do homem na reprodução, mas conhecia muito bem o papel da mulher. E ainda considerava a mulher envolta em uma aura mística, porque sangrava todo mês e não morria, ao passo que para qualquer dos homens sangrar significava morte. Portanto, a mulher devia ser muito poderosa, ainda mais que conhecia o "segredo" de ter bebês... É fácil entender porque a mulher era identificada com a Deusa, ou, melhor dizendo, porque a primeira divindade conhecida tinha que ter caracteres femininos... Ainda mais quando as pessoas descobriram que a gravidez durava 10 lunações e a colheita e o suceder das estações seguia um ciclo de 13 meses lunares. O primeiro calendário do homem pré-histórico foi mostrado nas mãos da famosa estatueta da Vênus de Laussel, que segura em sua mão um chifre em forma de crescente, com 13 talhos que representam as lunações. Por sua conexão com a Lua e a mulher, a Deusa é cultuada em 3 aspectos: a Donzela, que corresponde à Lua Crescente, a Mãe representada na Lua Cheia e a Anciã, simbolizada na Lua Decrescente, ou seja, Minguante e Nova. Na tradição da Deusa a Donzela é representada pela cor branca e significa os inícios, tudo o que vai crescer, o apogeu da juventude, as sementes plantadas que começam a germinar, a Primavera, os animais no cio e seu acasalamento. Ela e a Virgem, não só aquela que é fisicamente virgem, mas a mulher que se basta, independente e auto-suficiente. Como Mãe a Deusa está em sua plenitude. Sua cor é o vermelho, sua época o verão. Significa abundância, proteção, procriação, nutrição, os animais parindo e amamentando, as espigas maduras, a prosperidade, a idade adulta. Ela é a Senhora da Vida, a face mais acolhedora da Deusa. Por fim, a Deusa é a Anciã, que é a Mulher Sábia, aquela que atingiu a menopausa e não mais verte seu sangue, tornando-se assim mais poderosa por isso. Simboliza a paciência, a sabedoria, a velhice, o anoitecer, a cor preta. A Anciã também é a Deusa em sua face Negra da Ceifeira, a Senhora da Morte. Aquela que precisa agir para que o eterno ciclo dos renascimentos seja perpetuado. Esta é o aspecto com que mais dificilmente nos conectamos, porém, a Senhora da Sombra, a Guardiã das Trevas e Condutora das Almas é essencial em nossos processos vitais. Que seria de nós se não existisse a morte? Não poderíamos renascer, recomeçar... Desta forma, é fácil compreendermos porque a Religião da Deusa postula a reencarnação. Se fazemos parte de um universo em constante mutação, que sentido haveria em crermos que somos os únicos a não participar do processo interminável da vida-morte-renascimento? Essa realidade existe no microcosmo do ciclo das estações, da colheita que tem que ser feita para que se reúnam as sementes e haja novo plantio. É justamente por isso que aqueles que
  • 3. seguem o Caminho da Deusa celebram a chamada Roda do Ano, constituida pelos 8Sabbats celtas que marcam a passagem das estações. Ao celebrar os Sabbats cremos que estamos ajudando no giro da Roda da Vida, participando assim de um processo de co-criação do mundo. Por tudo o que dissemos fica fácil entender porque os caminhos, cultos e tradições centrados na Deusa são religiões naturais, fundamentadas nos ciclos da natureza e no entendimento de seus elementos e ritmos. Estas práticas de magia natural usam a conexão e correlação dos elementos da natureza - Água, Terra, Fogo e Ar, as correspondências astrológicas (signos zodiacais, influências planetárias, dias e horários propícios, pedras minerais, plantas, essências, cores, sons) e a sintonia com os seres elementais (Devas Guardiões dos lugares, Gnomos, Silfos, Ondinas, Salamandras,Duendes e Fadas). A Deusa e o Deus "Todas as Deusas são uma só Deusa, todos os Deuses são um só Deus." Conquanto a Deusa presida a pulsação vital constante do Universo, é imprescindível que entendamos o papel do Deus. Ela é a Senhora da Vida, mas Ele é o Portador da Luz; Ela é o ventre, Ele o falo ereto; Ela gera a vida, Ele é a faísca que inicia o processo, em plena harmonia, sem predomínios nem competições, mas pela completa união... Ambos parceiros no desenrolar da música e dança que criam e recriam o universo ainda hoje... Na Primavera Ela é a Donzela, Ele o Deus Azul do Amor... No verão ela é a Mãe, grávida, ele o Galhudo, o Deus da Vegetação e dos Animais, Cernnunnos... No outono ele desce para o Mundo Subterrâneo, como o Deus Negro do Mundo Inferior, do sacrifício e da Morte e Ela a Anciã que abre os portais e o acolhe durante sua transmutação. No inverno ele renasce do próprio ventre escuro da Deusa, que quase torna, assim, a um só tempo, sua consorte e sua mãe... Os últimos anos têm assistido o fenômeno chamado "Renascer da Deusa", ou seja, o ressurgimento do arquétipo do divino feminino na cultura, nas artes, na ciência e no psiquismo das pessoas. Fazem parte desse renascimento a preocupação ecológica, as manifestações pelapaz, o ressurgimento de religiões baseadas na natureza, pondo em relevo valores femininos: o respeito à Mãe Terra, o reconhecimento dos seres humanos como irmãos dos demais seres, a ênfase na conciliação dos sexos e das pessoas, ao invés da competição, a paz ao invés dos conflitos, as terapias naturais respeitando o corpo e a Terra, a volta dos oráculos (runas, tarot, geomancia) e das práticas xamânicas. Dentro dessa nova mentalidade, o culto à Grande Mãe pode ser feito em diversos caminhos espirituais. De certa maneira, a própria Igreja Católica participa dessa tendência de várias maneiras, colocando em relevo depois de muitos anos a figura de Maria. As religiões centradas na Deusa geralmente têm em comum o reconhecimento da natureza como a própria e, por isso, são designadas como Cultos ou Tradições Naturais, muitos deles oriundos ou aplicando os princípios do xamanismo. Os cultos à Deusa são religiões xamânicas, no sentido de reunirem prática de magia natural e contatos com outras realidades, além de se basearem na interação dos quatro elementos: Fogo, Água, Terra e Ar, unidos pela quitessência que é o Espírito.
  • 4. Atualmente existem inúmeros cultos que poderíamos chamar de "centrados na Deusa", ou "A Religião da Deusa". Mas o mais conhecido deles hoje, sem dúvida, é a Tradição Wicca, que influencia de muitas formas todos os demais. Wicca é uma religião pagã (usada esta palavra tanto no sentido comum de "não cristã", como no sentido etimológico de "oriunda do campo", por ser uma religião de origem rural) que cultua a Deusa Tríplice e seu consoante o Deus Cornífero. Ambos são expressões em polaridades do Ser Supremo, a Divindade, chamado pelos nativos norte americanos de Grande Espírito ou o Grande Mistério, O UNO ou a Fonte Criadora, que se manifesta na realidade concreta nas representações da Deusa e do Deus. A palavra WICCA se origina do inglês arcaico wicce, significando wise (sábio) e o verbo moldar, dobrar. Portanto, um Wiccan (como são chamados seus adeptos) é um moldador, alguém que dá outra feição à realidade que o cerca. A Wicca surgiu na primeira metade do século XX, do estudo de alguns pioneiros como Margaret Murray e Gerald Gardner, que procuraram resgatar as raízes da witchcraft (bruxaria) praticada na Inglaterra rural e na Toscana (norte da Itália). Essas práticas eram, na origem, a expressão popular da religião celta, que dominou a Europa Ocidental por séculos. A Wicca, pois, se propõe a ser a versão moderna da Antiga Religião. Na Tradição Wicca existem diversas vertentes, desde as mais rigidamente estruturadas, seguindo normas e rituais fixos, até aquelas que são predominantemente ecléticas, com adaptações regionais ou pessoais. Entre as mais tradicionais se encontram a Gardeneriana, Alexandrina, Diânica, Celta, Georgiana etc. A Wicca pode ser praticada em grupos chamados covens ou por solitários. Todas as Deusas são uma única Deusa", múltiplas manifestações da Grande Mãe. Cultuar a Grande Deusa pode se manifestar no culto a um ou mais dos arquétipos que a representem nas diversas culturas do mundo. Assim, sejam as Lilith e a Shequinah judaicas, a babilônia Inanna, a havaiana Pele, a chinesa Kwan-In, a japonesa Amaterasu, a inca Ixchel, as africanas Yemanjá e Oyá, ou as hindus Sarasvati e Kali, sempre se estará prestando culto à mesma e única Deusa. As diferentes mitologias enumeram milhares de nomes de Deusas, correspondendo a aspectos ou atributos diversos. Assim, se escolhemos nos conectar com as Deusas Afrodite ou Ishtar ao procurarmos trabalhar a energia do amor, o fazemos porque essas formas do arquétipos, por disposição de milênios, mais se aproximam dessa energia. Se precisamos tratar de estudos ou escrita, criatividade nas artes, invocamos Atena ou Saravasti, por exemplo. Muitas bruxas costumam se conectar com Deusas de diferentes mitologias, conforme a necessidade de seus trabalhos. Outras se atém a um panteão determinado e só cultuam as Deusas e Deuses daquela cultura. Ambas as formas de expressão fazem parte dos Caminhos da Deusa. Algumas bruxas preferem se conectar com as Deusas em sua forma mais primitiva, como Mãe Terra, daí utilizarem símbolos das chamadas Vênus pré-históricas, como de Laussel, Willendorf, Deusa serpente de Creta, Deusa do Nilo.