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1
Safra pode alcançar
213,5 milhões
de toneladas
CTC inaugura
complexo de
laboratórios
Alfafa pode
reduzir custos
de produção
Usinas modelos da
coragem nordestina
GRÃOS BIOTECNOLOGIA LEITE
PUMATYECRUANGI
CadernoCaderno
Ribeirão Preto SP • Outubro 2015 • Ano 17 • nº 200 • R$ 25,00
A cara do Brasil
Cooperativismo
A VOZ DO AGRONEGÓCIO
2
3
Editor Chefe: Doca Pascoal
Reportagem: Alexandre Carolo, Doca Pascoal
e Marcela Falsarella
Colaboradores desta edição: Paolo Buzollo, Laís
Forti Thomaz e Marcos Antônio Zordan
Foto Capa: Ale Carolo / alecarolo.com
Revisão: Agostinho Francisco Nicolas
Editor Gráfico: Jonatas Pereira
Contato: redacao@canamix.com.br
Outras publicações da Agrobrasil:
Guia Oficial de Compras
do Setor Sucroenergético
Revista CanaMix
Portal CanaMix
Publicidade:
Alexandre Richards (16) 98828 4185
alexandre@canamix.com.br
Fernando Masson (16) 98271 1119
fernando@canamix.com.br
Marcos Afonso (11) 94391 9292
marcos@canamix.com.br
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Plínio César (16) 98242 1177
plinio@canamix.com.br
Assinaturas: redacao@canamix.com.br
Grupo AgroBrasil
Av. Brasil, 2780 - 14075-030
Ribeirão Preto - SP
16 3446 3993 / 3446 7574
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Para assinar, esclarescer dúvidas sobre sua
assinatura ou adquirir números atrasados:
SAC 16 3446 3993 e 3446 7574 -
2º a 6º feira, das 9h às 12h e das
13h30 às 18h.
Artigos assinados, mensagens publicitárias e o caderno
Marketing Rural refletem ponto de vista dos autores e não
expressam a opnião da revista. É permitida a reprodução
total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte.
Diretor: Plínio César
A VOZ DO AGRONEGÓCIO
Plínio César
Diretor
Editorial
Modelo de sucesso
A matéria de capa desta edição é mais do que es-
pecial. Estive em Pernambuco no início de outubro e testemunhei
a alegria dos novos donos da Usina Cruangi, na Mata Norte do
Estado. Em recuperação judicial, fechada desde 2012, a unidade
produtiva foi arrendada pela Cooperativa do Agronegócio dos For-
necedores de Cana (COAF) e voltou a operar em setembro deste
ano. Centenas de plantadores de cana daquela região agora são
fornecedores e proprietários da planta, que nesta safra pretende
esmagar 400 mil toneladas de cana.
Um ano atrás, o mesmo aconteceu com a usina Pu-
maty, na Mata Sul pernambucana. A Cooperativa dos Produtores
de Cana (AgroCan) assumiu a unidade que entra em sua segunda
safra com boas perspectivas, já que no ciclo passado gerou um fa-
turamento bruto de R$ 50 milhões. Este modelo de cooperativismo
tem sido importante para reequilibrar o setor sucroenergético de
Pernambuco e pode ser adotado em outros estados nordestinos.
Parabéns ao Alexandre Lima (COAF) e ao Gerson Leão (AgroCan)
pela liderança neste processo.
Esta edição traz um conceito geral sobre cooperativis-
mo e um breve histórico de como tudo começou, na Inglaterra do
século 19. Fala sobre os pioneiros deste modelo no Brasil e revela
que a cooperação se destaca especialmente nos períodos de crise,
como esta que o País enfrenta atualmente. Entre os vários setores
nos quais o cooperativismo atua, o agropecuário é o mais repre-
sentativo. No segmento de cana, talvez seja a hora de considerar a
possibilidade de utilizar este sistema para salvar as dezenas de usi-
nas que fecharam no Centro-Sul.
O Grupo AgroBrasil,
através da revista Terra&Cia, está
aberto para promover este tipo de
discussão. Boa Leitura!
Divulgação
4
08
Capa
A hora é de cooperação
14
Entrevista
Laís Forti Thomaz:
País necessita de política
estável e permanente
Para o etanol
13 Caderno CanaMix
Matéria de capa
18 - Produtores do Nordeste
comemoram sucesso do cooperativismo
26 - Colaboradores retomam
atividades motivados
28 - CCT da Cruangi é parceria na prática
29 - Feira em Recife reúne produtores
de cana do NE
33 - Paulo Leal recebe medalha
do Mérito Canavieiro
35 - Subvenção para 2015 está
engavetada em Brasília
Tecnologia Agrícola
36 - Novo implemento colhe cana
em inclinação de até 31,5°
Crise
38 - CEISE Br repudia projeto
que reduz recursos do Sistema “S”
50
Grãos
Safra brasileira
de grãos pode chegar
a 213,5 milhões
de toneladas
60
Sustentabilidade
Brasil tem tecnologia para
reduzir emissões além da
meta do Plano ABC
Mercado
39 - Consumo interno
de etanol ajuda na recuperação
de preços
Pesquisa &
Desenvolvimento
42 - CTC inaugura complexo
de laboratórios de biotecnologia
45 - Monsanto encerra negócios
no mercado brasileiro de cana
Eventos
46 - Udop e Stab realizam
8º Congresso Nacional
da Bioenergia
47 - Seminário discute produtividade
e redução de custos
Sumário
Produção Agropecuária
53 - Riquezas produzidas no campo
somam quase R$ 481,4 bi
54 - Matopiba se destaca por sua vocação agrícola
Fruticultura
56 - Projeto de Irrigação beneficia produtores de frutas e
hortifrutigranjeiros em Tocantins
57 - Mapa define regras para importação
de uva e morango
Leite
64 - Alfafa pode reduzir custos na produção leiteira
66 - Agência de fomento libera R$ 75 mil para pequenos
agricultores do sertão alagoano
Agricultura Familiar
67 - Alagoas libera R$ 75 mil
para pequenos produtores do sertão
68 - Bahia busca apoio da FAO
para pequenos projetos agrícolas
69 - Extrativistas de 16 estados receberão apoio técnico
Opinião
70 - A nova doença dos suínos
brasileiros, por Paola Buzollo
5
Opinião
Crise e cooperativismo
*Marcos Antônio Zordan
E
u faço a apologia do cooperativismo porque sou apaixonado por essa doutrina
de organização dos talentos e esforços humanos e, também, porque conheço
seus resultados nas sociedades rurais e urbanas. Nesse cenário de crise polí-
tica e econômica que vergasta importantes setores e gera inquietação em trabalha-
dores e empresários, podemos constatar, com cristalina clareza, que as cooperativas
contribuem para levar tranquilidade e confiança onde a incompetência do Estado e a
ganância de homens públicos criaram instabilidades.
Recentemente, no Fórum de Dirigentes que presidi em Florianópolis, dis-
se que as cooperativas crescem nas crises – e isso não é retórica. Com sua vocação
para agregar talentos, organizar a produção e buscar a eficiência, as cooperativas
catarinenses registram altas taxas de crescimento, ano a ano, inclusive nos períodos
de crise. Em 2014, por exemplo, o crescimento foi de 16% e, em 2015, ficará em torno
de 12%. O resultado líquido (sobras) deve ficar abaixo do ano passado em razão da
elevação dos custos, especialmente dos preços administrados pelo Governo, como
combustíveis, energia elétrica, água, gás etc.
As empresas de natureza cooperativista não têm privilégios tributários e
não sofrem mais nem menos que as empresas mercantis em geral. Entretanto, o ca-
pital humano que cada uma reúne permite agir e reagir com a força e a criatividade
que somente o associativismo consegue proporcionar.
A crise brasileira é endógena, gerada pelos erros da política macroe-
conômica do governo federal. Durante os últimos 12 anos, a economia planetária
registrou o maior crescimento da história de todos os países emergentes – exceto o
Brasil. O quadro atual, marcado por recessão e inflação alta, configurando uma das
piores patologias da atualidade, é uma criação genuinamente brasileira, revelando a
deterioração dos fundamentos da economia, a inflação de 2015 fechará em 9,3% e o
crescimento do PIB será de aproximadamente 1,8% negativos. Já sabemos que o PIB
levará pelo menos dois anos para voltar a crescer.
Nos doze ramos do cooperativismo, as sociedades cooperativas vencem
o imobilismo, lançam novos produtos ou serviços, reinventam planos e programas,
encaram a crise como um potencial de oportunidades e reagem com convicção, oti-
mismo e firmeza. É assim que se constroem caminhos: avançar sempre, acovardar-
-se, jamais.
*Marcos Antônio Zordan é presidente da Organização das Cooperativas do Esta-
do de Santa Catarina (OCESC)
MB Comunicação
Marcos Antônio Zordan
6
7
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8
Capa
A hora é de
cooperação
O Brasil conta com 6,8 mil cooperativas ligadas à OCB
divididas em 13 ramos de atuação, com mais de 11,5 milhões
de associados e em torno de 340 mil empregos diretos
Uma cooperativa possui
gestão democrática, na qual
seus membros participam
economicamente de forma
igualitária, com autonomia,
independência, transparência
e forte senso comum
TWCordoba
Alexandre Carolo
M
ovimento livre da influência do Estado, o cooperativismo se revela um modelo
surpreendente de ações voluntárias abertas, cujo conceito prevê a convivên-
cia equilibrada entre o econômico e o social. Uma cooperativa possui gestão
democrática e livre, na qual seus membros participam economicamente de forma igua-
litária, com autonomia, independência, transparência e forte senso comum. É um mo-
vimento universal, mas que, no Brasil, ganha contornos fundamentais e estratégicos,
especialmente neste período longo de crise.
9
Márcio Lopes de Freitas: “As cooperativas são
empreendimentos sustentáveis que valorizam
a participação dos seus associados, a gestão
democrática e o interesse pela comunidade”
Diário do Poder
De acordo com Márcio Lopes
de Freitas, presidente do Sistema OCB
(Organização das Cooperativas Brasilei-
ras), o cooperativismo sempre fica mais
forte em momentos de crise. “Foi assim
em 2009, quando a economia global ba-
lançou. Naquele momento, as cooperati-
vas tiveram papel decisivo na recupera-
ção econômica das regiões onde estavam
instaladas. Tanto que a Organização das
Nações Unidas homenageou nosso mo-
delo de negócios, estipulando que 2012
seria o Ano Internacional das Cooperati-
vas.”
De acordo com Freitas, “as
cooperativas são empreendimentos sus-
tentáveis, que valorizam a participação
dos seus associados, a gestão demo-
crática e o interesse pela comunidade. O
espírito da cooperação nos faz encontrar
soluções inovadoras, capazes de gerar
retorno financeiro não só para os coope-
rados, mas para toda a comunidade. Um
crescimento revertido em emprego, em
renda e no aquecimento da economia
como um todo.”
De acordo com o documento
Proposta do Sistema OCB à Presidência
da República 2015-2018, enviado ano
passado para os candidatos ao Planal-
to, com ações e demandas do coopera-
tivismo nacional, o Brasil possui mais de
6,8 mil cooperativas ligadas à entidade,
distribuídas em 13 ramos de atividades
(2013). O crescimento de cooperados nos
últimos 10 anos foi de 87,9%, passando
do patamar de 11,5 milhões de associa-
dos. As cooperativas brasileiras geram
hoje cerca de 340 mil empregos formais,
crescimento de 83,2% na última década.
A força do cooperativismo no
mundo foi muito bem ilustrada no Relató-
rio de Atividades 2014 da OCB. Baseado
em dados de 2013, o documento mostra
que se as 300 maiores cooperativas do
mundo fossem um país, seriam a oitava
economia mundial, com um PIB de US$
2,2 trilhões – valor que corresponde ao fa-
turamento/volume de negócios. Ou seja,
é indiscutível que este modelo, além de
socialmente justo, cujo conceito condena
qualquer discriminação social, de gênero,
racial, política ou religiosa, é um sistema
economicamente eficiente.
No Brasil, dos 13 ramos de
atividades cooperativistas, a Agropecuá-
ria é a mais representativa, tanto no nú-
mero de cooperativas quanto na geração
de empregos diretos. Este ramo, formado
por cooperativas de produtores rurais ou
agropastoris e de pesca, cujos meios de
produção pertencem ao cooperado, é
representado por cerca de 1,6 mil coo-
perativas com mais de um milhão de as-
sociados, gerando empregos para aproxi-
madamente 165 mil pessoas.
Quase metade (48%) das ati-
vidades agropecuárias do País é formada
por produtores associados ao coopera-
tivismo. Dados do IBGE (2006) mostram
10
que a cultura do trigo conta com a parti-
cipação de 74% de produtores coopera-
dos. Em seguida aparecem a soja (57%);
café (48%); algodão (44%); milho (43%);
arroz (35%); e feijão (18%). De acordo
com o ranking de 2012 da revista Exame,
das 100 maiores empresas agropecuárias
do Brasil, 16 são cooperativas que juntas
possuem 179,3 mil associados e volume
de vendas de R$ 30,8 bilhões.
De acordo com o presiden-
te da Cooperativa de Fornecedores de
Cana de Açúcar (COAF) de Pernambuco,
Alexandre Andrade Lima, a caracterís-
tica essencial de uma cooperativa é ser
uma organização democrática que atua
no mercado para comercializar produtos
e serviços, sendo que o associado é, ao
mesmo tempo, dono e usuário. Ele afirma
que o cooperativismo tem um forte com-
ponente ideológico, mas admite que a
adesão a este modelo possa ter um viés
de “absoluta necessidade”.
E foi esta “necessidade” que
fez Alexandre encabeçar um movimento
que tem ajudado centenas de plantado-
res de cana da Mata Norte de Pernam-
buco. A COAF decidiu arrendar a usina
Cruangi, no município de Timbaúba, que
enfrenta um processo de Recuperação
Judicial. Fechada desde 2012, a unidade
foi reativada em setembro deste ano, com
a previsão de moer 400 mil toneladas de
cana para produção de 350 milhões de
litros de etanol hidratado. Colaboradores
recuperaram seus empregos e autoestima
e os fornecedores de cana sua fonte de
receita.
Em 2014, a mesma experiên-
cia foi vivida pelos canavieiros da Mata
Sul pernambucana. Organizados através
da Cooperativa dos Produtores de Cana
(AgroCan), sob a batuta do sindicalista e
produtor rural Gerson Carneiro Leão, os
Capa
Ale Carolo / alecarolo.com
Ale Carolo / alecarolo.com
Segundo Alexandre Andrade
Lima, o cooperativismo tem um
forte componente ideológico,
mas admite que a adesão a
este modelo pode ter um viés
de “absoluta necessidade”
Gerson Carneiro Leão e o neto,
que desde cedo já conhece a
importância da cooperação
11
fornecedores arrendaram a usina Puma-
ty, no município de Joaquim Nabuco. Já
na primeira safra, que começou em no-
vembro de 2014 e foi encerrada em maio
deste ano, a usina faturou R$ 50 milhões,
movimentação que rendeu aos cofres do
Estado cerca de R$ 7 milhões em tributos.
(Leia a matéria completa nesta edição)
No Brasil - A cultura da coo-
peração no País existe desde a época da
colonização portuguesa. Contornos mais
sistematizados são observados no final do
século 19, com o Movimento Cooperativis-
ta Brasileiro, organizado por funcionários
públicos, militares, profissionais liberais e
operários. A primeira cooperativa de con-
sumo de que se tem registro no Brasil foi
criada em 1889, denominada Sociedade
Cooperativa Econômica dos Funcionários
Públicos de Ouro Preto, em Minas Gerais.
No Rio Grande do Sul do fi-
nal do século 19, os agricultores viviam
em um contexto de dificuldades. Naque-
le período, o padre jesuíta suíço Theodor
Amstad, que vivia no Brasil desde 1885,
identificou a necessidade de ir além da
evangelização das comunidades. Em
1900, no município de Feliz, a 85 quilôme-
tros de Porto Alegre, Amstad criou a Asso-
ciação Interconfessional de Agricultores,
com a participação de aproximadamente
5 mil agricultores, a maior parte formada
por alemães e italianos.
O padre jesuíta conseguiu
unir agricultores que tinham na bagagem
diferentes influências religiosas, uma vez
Praça em Nova Petrópolis,
RJ, que leva o nome do
padre jesuíta suíço Theodor
Amstad, criador da primeira
cooperativa de crédito da
América Latina
Eugenio Hansen, OFS
12
Wikimedia Commons
Pioneiros de Rochdale,
grupo de tecelões que em
1844 formou a primeira
cooperativa moderna do
mundo, em Rochdale/
Manchester, na Inglaterra
que fervilhavam na Europa os conflitos entre católicos e protestan-
tes. A Amstad é atribuída a seguinte frase: “Se uma grande pedra
se atravessar no caminho e vinte pessoas quiserem passar, não
conseguirão se, uma a uma, procurarem removê-la individualmen-
te. Mas, se vinte pessoas se unirem e fizerem força ao mesmo tem-
po, sob a orientação de uma delas, conseguirão, solidariamente,
afastar a pedra e abrir caminho para todos”.
A dedicação do Padre Amstad lhe rendeu o apelido de
“Pai dos Colonos”. A história conta que ele viajou 129 mil quilôme-
tros, noite e dia, durante décadas, no lombo da sua mula “Diana”,
para visitar os colonos de vários municípios, levando conforto espi-
ritual e os incentivando a se organizarem em cooperativas. Amstad
também foi responsável pela criação da Sociedade Cooperativa
Caixa de Economia e Empréstimos de Nova Petrópolis, do tipo Rai-
ffeisen, hoje Sicredi Pioneira, primeira cooperativa de crédito da
América Latina.
O padre, que morreu em 1938 aos 87 anos, chegou a
fundar 62 cooperativas de crédito, das quais oito ainda estão em
funcionamento, sendo sete no Rio Grande do Sul e uma no município
de Itapiranga, em Santa Catarina, a mais antiga em funcionamento
naquele Estado. Do Rio Grande, o Cooperativismo de Crédito Rural
se estendeu a vários outros Estados do País.
Legislação - A Lei 5.764 de 1971, editada no período
da ditadura militar, disciplinou a criação de cooperativas, mas res-
tringiu a autonomia dos associados, interferindo na criação, funcio-
namento e fiscalização do empreendimento cooperativo. Tal limita-
ção, no entanto, foi superada pela Constituição Brasileira de 1988,
que proibiu a interferência do Estado nas
associações, dando início à autogestão
do cooperativismo.
Pioneiros de Rochdale - A
primeira cooperativa do mundo surgiu for-
malmente na cidade de Rochdale - hoje
um bairro de Manchester -, na Inglaterra,
em 1844. O grupo formado por 28 tecelões
é reconhecido como a primeira coopera-
tiva moderna, a Rochdale Equitable Pio-
neers Society Limited, a qual estabeleceu
princípios morais e de conduta que são até
hoje considerados a base do cooperativis-
mo autêntico. O grupo criou um armazém
que fornecia produtos a eles mesmos com
preços abaixo do mercado. O sucesso da
iniciativa se espalhou rapidamente e, em
1881, cerca de mil cooperativas de consu-
mo já operavam em todo o planeta, com
cerca de 550 mil associados.
13
Canadá MM15
Novo implemento
faz colheita
em inclinação
de até 31,5º
Mérito Canavieiro
Paulo Leal,
da Feplana,
é homenageado
em Recife
Etanol
Consumo
interno ajuda
na recuperação
de preços
USINA CRUANGIUSINA CRUANGIProdutores de PE comemoram sucesso do cooperativismo
AleCarolo/alecarolo.com
E N T R E V I S T A
14
| Laís Forti Thomaz
País necessita de política
estável e permanente
para o etanol
P
esquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de
Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU), Laís concedeu
entrevista ao Instituto de Políticas Públicas e Relações Interna-
cionais (IPPRI) da Unesp para falar sobre a política energética dos
EUA e de que forma ela influencia o mercado brasileiro do etanol.
Segundo ela, o governo brasileiro manteve o preço da
gasolina artificial por muito tempo, tornado o etanol pouco competi-
tivo. A mudança dessa política, com a possibilidade de retorno gra-
dual da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)
sobre a gasolina e derivados do petróleo, acende uma esperança,
“mas não é suficiente”.
O que motivou o governo dos EUA a substituir a ma-
triz energética de combustível fóssil para biocombustível?
Laís – Os choques do petróleo de 1973 e 1979 tiveram
grande impacto na busca de alternativas aos combustíveis fósseis
tanto no Brasil como nos EUA. As motiva-
ções têm várias origens, entre elas garantir
a segurança energética e se tornar menos
dependente dos países importadores de
petróleo, mitigar os efeitos das mudanças
climáticas por meio da redução da emis-
são de CO2 e agregar valor à cadeia pro-
dutiva do milho, principal matéria-prima
do etanol nos EUA. Desde 1978 existem
incentivos à utilização do etanol na mistu-
ra da gasolina por meio da Lei do Imposto
de Energia (Energy Tax Act). Mas o gran-
de impulso veio em 2004, quando o éter-
-metil-terciário-butílico (MTBE, em inglês)
foi banido como aditivo da gasolina por ser
considerado nocivo. O seu substituto foi o
Divulgação
Laís: “Desde o final de 2011 o mercado de
etanol entre Brasil e EUA é de livre comércio”
E N T R E V I S T A
15
etanol, o que gerou uma demanda de pelo
menos 10% na mistura de toda gasolina
vendida naquele país.
Como é a política energética
dos EUA para o etanol?
Laís – A partir de 2005, a po-
lítica energética para o etanol se baseia no
Renewable Fuels Standard (RFS), o qual é
basicamente um mandado de demanda.
Em 2007 o RFS foi ampliado e estabelece-
ram uma meta de 36 bilhões de galões de
etanol para o ano de 2022. Diante disso,
foi feita uma projeção anual que estabele-
ce metas de consumo, as quais são revisa-
das pela Environmental Protection Agency
(EPA). Vale ressaltar que dentro do RFS
existe uma classificação dos combustíveis
renováveis. O etanol de milho, considera-
do convencional, não é tão eficiente quan-
to o etanol de cana-de-açúcar, incluído na
categoria de avançado. Para além do RFS,
existem programas do U.S. Department of
Agriculture (USDA) e do U.S. Department
of Energy (DoE) que estimulam projetos
de usinas de etanol de segunda geração
por exemplo. O USDA acabou de lançar
um projeto de estímulo à infraestrutura dos
postos de combustíveis e promoção de
bombas de combustível que ofereçam o
E85 (combustível que contém até 85% de
etanol na mistura) e de E15 (15% de eta-
nol na mistura). Outros órgãos do gover-
no, especialmente Forças Armadas e Ma-
rinha, também estimulam a diversificação
da matriz energética como forma de ga-
rantir a segurança do país. Vale ressaltar
que existe um lobby contrário muito forte,
liderado pelos produtores de petróleo, que
argumentam que tais políticas como o RFS
fazem com que eles percam mercado.
De que forma essa política
influencia o mercado brasileiro de etanol
para exportação?
Laís – O setor agroenergéti-
co brasileiro, juntamente com o apoio do
Agroicone, comprovaram que o etanol de
cana-de-açúcar brasileiro se encaixa na
categoria de avançado dentro dos pa-
drões do RFS. Com isso, os EUA são um
mercado com potencial enorme para ex-
portação do etanol brasileiro. Os Estados
da Califórnia, Washington e Oregon tam-
bém trabalham no sentido de banir o uso
de etanol de milho por meio da criação
do Low Carbon Fuels Standards (LCFS), o
que acaba reforçando esse potencial. Mas
se a demanda é certa, atualmente a oferta
de etanol brasileiro não é das melhores.
O ano de 2011 é um marco
na política para o etanol nos EUA. O que
aconteceu?
Laís – No final de 2011, o
Congresso americano encerrou suas ati-
“O setor se sente
traído pelo governo
desde a descoberta
do pré-sal”
vidades sem ter renovado o VEETC (Volu-
metric Ethanol Excite Tax Credit), um crédi-
to tarifário por galão de etanol, destinado
aos misturadores de etanol na gasolina,
além do imposto de importação, o qual era
composto pela alíquota de 2,5% ad valo-
rem, de responsabilidade da United State
International Trade Commision (USITEC)
mais uma tarifa secundária de US$0.54
por galão importado (US$0.143 por litro).
Por muito tempo, essa era uma demanda
da UNICA (União da Indústria de Cana-de-
-açúcar). Vários são os motivos que con-
E N T R E V I S T A
16
| Laís Forti Thomaz
tribuíram nesse desfecho. Entre os fatores
internos, destacam-se alterações nas es-
tratégias e recursos das coalizões de defe-
sa do etanol. Entre os externos, a posição
de liderança mundial nas exportações do
etanol, atingida em 2011, mudanças de co-
ligações de governo advindas das eleições
de 2010, mudanças na opinião pública no
debate sobre biocombustíveis e alimentos,
surgimento de novas alternativas energéti-
cas, bem como cortes orçamentários para
diminuir o déficit público advindo da crise
financeira de 2008. Minha tese de doutora-
do foca exatamente em demonstrar como
foi esse processo e quais desses fatores
realmente foram decisivos. Por essa razão,
o estágio de Pesquisa nos EUA foi funda-
mental, já que pude ter acesso a funcio-
nários do governo, lobistas e acadêmicos
que são especialistas e participaram des-
ses acontecimentos.
Essa mudança na política de
subsídios dos EUA beneficia o Brasil?
Laís – Beneficia no sentido de
que o etanol brasileiro pode ter acesso ao
mercado norte-americano sem ser taxado.
Ou seja, desde o final de 2011 o mercado de
etanol entre Brasil e EUA é de livre comércio.
É sustentável a política de
produção de etanol no Brasil?
Laís – A produção de etanol
no Brasil passou por uma evolução nos úl-
timos anos. Estima-se que desde a criação
do Pró-Álcool foram gerados 1 milhão de em-
pregos diretos e cerca de 42% do consumo
da gasolina foram substituídos por etanol, o
que valeria dizer que houve uma redução
de 800 milhões de toneladas de gás carbô-
nico equivalente. A colheita foi mecanizada,
o que tecnicamente pôs fim as queimadas
e exigiu uma mão de obra mais qualificada.
Além disso, como subprodutos da cana-de-
-açúcar, ainda podem ser gerados eletrici-
dade e bioplástico, por exemplo. Atualmen-
te, o etanol de segunda geração ou etanol
celulósico está sendo produzido nas Usinas
da GranBio em Alagoas e Raízen em Piraci-
caba, SP. A Usina São Manoel, em parceria
com o Centro de Tecnologia Canavieira, tem
capacidade de processar 100 toneladas de
biomassa por dia. As usinas da Odebrecht
e a Petrobras estimam atingir escala comer-
cial em 2016. Por outro lado, o setor se sente
traído pelo governo desde a descoberta do
pré-sal. A partir de então, juntamente com os
efeitos da crise de 2008, o setor está pas-
sando por um momento complicado. O go-
verno brasileiro manteve o preço da gasolina
artificial por muito tempo, fazendo com que o
etanol não se tornasse tão competitivo. Ago-
ra que abandonou essa política e inclusive
estabeleceu o retorno gradual da Contribui-
ção de Intervenção no Domínio Econômi-
co (CIDE) sobre a gasolina e derivados do
petróleo, existe uma esperança, mas não é
suficiente.
“O etanol de milho, considerado convencional, não
é tão eficiente quanto o etanol de cana-de-açúcar,
incluído na categoria de avançado”
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Capa (cont.)
Produtores do Nordeste
comemoram sucesso do
cooperativismo
União de forças transforma plantadores de cana em
proprietários de usinas em Pernambuco, com um modelo de
gestão transparente que resgata empregos e autoestima dos
trabalhadores, além de gerar riqueza para o Estado
Alexandre Carolo, de Recife
M
odelo de gestão relativamente simples, largamente adotado em outras culturas
agrícolas no Brasil, o cooperativismo já é uma realidade de sucesso no setor su-
croenergético da região Nordeste. Em setembro de 2015, duas unidades indus-
triais de Pernambuco iniciaram a safra canavieira 2015/16 seguindo este sistema. As usinas
Cruangi, na Mata Norte, e a Pumaty, na Mata Sul do Estado, podem alcançar uma moagem
superior a 1 milhão de toneladas de cana na atual temporada, prevista para terminar em
Divulgação
19
Usina Pumaty, no município de Joaquim
Nabuco, experimenta o modelo de
cooperativismo desde a safra 2014/15
maio de 2016.
Em processo de recuperação
judicial, após um período de paralisação de
atividades que quase sucateou as instala-
ções, as usinas podem gerar aos cofres do
Estado algo em torno de R$ 100 milhões na
safra 15/16. Desafio este que tem mobiliza-
do milhares de produtores de cana-de-açú-
car que aceitaram participar de um modelo
de gestão onde os cooperados dividem
responsabilidades e riscos, mas também
lucros. O resgate dos ganhos e da autoesti-
ma dos trabalhadores, além do aumento de
receita para o Estado, são legados desta
iniciativa.
A usina Pumaty, localizada no
município de Joaquim Nabuco, a 123 qui-
lômetros da capital Recife, experimenta o
modelo de cooperativismo desde a safra passada, iniciada em se-
tembro de 2014, e que gerou um faturamento de R$ 50 milhões, movi-
mentação que rendeu aos cofres públicos cerca de R$ 7 milhões em
tributos. A unidade foi reativada a partir da iniciativa de produtores de
cana ligados à Associação dos Fornecedores de Cana de Pernam-
buco (AFCP) e ao Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar no
Estado de Pernambuco (Sindicape).
Antes de retomar as operações, em setembro do ano
passado, a Pumaty permaneceu dois anos fechada, comprometendo
o emprego de mais de quatro mil trabalhadores e gerando um exce-
dente de produção de 700 mil toneladas de cana. Diante da crise, os
plantadores se viram obrigados a reagir sob o risco de desencadear
um sério desequilíbrio econômico e social na região. Com isso, a ad-
ministração da unidade passou a ser compartilhada pelos produtores,
através da Cooperativa dos Produtores de Cana (AgroCan).
O grupo contou com o apoio do governo do Estado, que
promoveu uma queda de 50% na carga tributária das operações com
etanol hidratado - álcool comum vendido nos postos - e, posterior-
mente, a redução nas alíquotas do ICMS (Imposto sobre Operações
relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) do eta-
nol, de 25% para 23%. Já a alíquota da gasolina subiu de 27% para
29%, mudança que deve incentivar a substituição do combustível fós-
sil pelo renovável.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, destacou,
durante a cerimônia de início de safra, a importância da recupera-
ção dos empregos diretos e indiretos, além do incremento econômico
que a usina Pumaty representa para a região da Mata Sul. “Estamos
mostrando ao Brasil, onde muita coisa está fechando, que nós aqui
na Zona da Mata pernambucana estamos reabrindo usinas; fazendo
com que emprego e renda sejam gerados de maneira muito mais efe-
tiva, e de maneira muito mais rápida e ágil.”
Sobre a política do governo federal para o setor sucro-
energético pernambucano, o chefe do Executivo estadual disse que
não se pode deixar de trabalhar, “esperando que as intuições públi-
cas federais voltem a funcionar em favor do crescimento econômi-
co, em favor da geração de empregos. Nós temos que fazer com
que Pernambuco não pare. Que Pernambuco volte a gerar emprego,
cada vez mais”, disse Câmara, destacando o crescimento do setor
em 2015, mesmo em cenário de crise, sendo 8% no primeiro trimestre
e 7% no segundo trimestre.
Motivados pelo desempenho positivo alcançado pela
Pumaty, que está sob a batuta do presidente do Sindicape e AgroCan,
Gerson Carneiro Leão, plantadores de cana da Mata Norte também
20
21
22
Cooperativa reativou a
destilaria da Cruangi no
dia 15 de setembro com
a previsão de moer 400
mil toneladas de cana no
ciclo 2015/16
decidiram se unir para administrar a usina
Cruangi, em Timbaúba, a 108 km de Recife.
Sob a coordenação do presidente da AFCP,
Alexandre Andrade Lima, o grupo coopera-
do reativou a destilaria no dia 15 de setem-
bro com a previsão de moer 400 mil tonela-
das de cana no ciclo 2015/16. A produção
de etanol hidratado está estimada em 350
milhões de litros.
A exemplo da Pumaty, os co-
operados da Cruangi fizeram um investi-
mento inicial de R$ 10 milhões e firmaram
um contrato de locação da unidade fabril
que prevê o repasse de 4% do faturamento
Capa (cont.)
Ale Carolo / alecarolo.com
Colaboradores da Usina Cruangi vestem o
uniforme da empresa, que é de todos
Divulgação COAF
23
para a conta-depósito do processo de re-
cuperação judicial da unidade, que estava
fechada desde 2011. Quando paralisaram
as operações, a usina tinha uma dívida de
cerca de R$ 8 milhões com os fornecedores
de cana, além de outro montante em passi-
vos trabalhistas. A usina está sendo admi-
nistrada pela Cooperativa do Agronegócio
dos Fornecedores de Cana (COAF).
Apoio - Em 2014, mesmo em
meio a uma das maiores crises da história
do sucroenergético, a COAF conseguiu
um faturamento de R$ 4 milhões, com uma
sobra de R$ 208 mil, dos quais R$ 108 mil
foram aplicados em um fundo de investi-
mento e o restante distribuído entre os co-
operados. “Este montante repartido propor-
cionou para cada um dos beneficiados um
volume de compras de produtos dentro da
própria cooperativa deles”, disse Alexandre
Andrade Lima.
Segundo o presidente da en-
tidade, fundada há quatro anos, a partilha
das sobras contribui para fortalecer o gru-
po, uma vez que incentiva os seus coo-
perados a adquirirem produtos nela. Lima
lembra que a COAF foi criada com o objeti-
AleCarolo/alecarolo.com
Alexandre Andrade Lima está
à frente da COAF, cooperativa
que reequilibrou o mercado de
fornecimento de cana na Zona
da Mata Norte de Pernambuco
vo de diminuir os custos de produção dos cooperados em relação à
aquisição de insumos para o canavial, como herbicidas, inseticidas,
fungicidas, ferramentas e equipamentos diversos. Desde a sua cria-
ção, comercializa produtos com preços abaixo do valor de mercado.
A expectativa a partir de agora é que o desempenho da
COAF seja ainda maior, por conta da diversificação do mix de produ-
tos, que está sendo ampliado para o segmento pecuário, atendendo
a uma demanda do próprio setor canavieiro. “Com a diversificação
das áreas de cana se convertendo em pecuária, começamos a co-
mercializar sementes, arames e outros tipos de produtos de acordo
com as necessidades dos nossos cooperados”, observa Alexandre.
Futuro - Com as boas perspectivas, a Cruangi já plane-
Colônia onde vivem alguns dos colaboradores da
usina Cruangi. Salto de qualidade de vida após
reativação da unidade
Ale Carolo / alecarolo.com
24
ja retomar a produção de açúcar em 2017.
Para isso, a COAF pretende fazer investi-
mentos nas instalações do galpão, entre ou-
tras adequações industriais. Durante a safra,
os cooperados também pretendem investir
na recuperação de uma caldeira que ficou
deteriorada pelo tempo de inatividade. Aos
poucos, a unidade vai tomando forma. Cerca
de 350 colaboradores atuam diretamente na
usina, todos sem medir esforços, com o pro-
pósito de tornar a empresa lucrativa e dividir
a receita de forma mais justa.
De acordo com Alexandre
Lima, neste sistema de cooperativa o plan-
tador de cana consegue aumentar suas
margens, uma vez que o modelo leva a um
ponto de equilíbrio, sem tanta influência do
que o mercado dita. O dirigente da asso-
ciação reforça que se trata de um sistema
mais justo e transparente, no qual todos os
cooperados são agentes fiscalizadores das
atividades e do desempenho, desde o plan-
tio até o produto final. Esta configuração de
negócio, por si só, é capaz de reestabelecer
a relação de confiança entre usina e forne-
cedores, por exemplo.
No olho do furacão da crise,
durante o fechamento da Pumaty e Cruan-
gi, a situação dos plantadores de cana do
Estado já não andava nada bem. Segundo
Lima, os produtores sofreram com o atraso
ou inadimplência das usinas. Com a mar-
gem apertada, em meio a discussões e
questionamentos referentes ao ATR, além
da difícil relação pessoal entre plantadores
e usinas, a classe dos produtores de cana
só não ruiu de vez por conta de um subsídio
do governo, que ajudou, mas não o suficien-
te para permitir investimentos, por exemplo,
em tratos culturais.
A Cooperativa de Fornece-
dores de Cana (AgroCan), que administra
a Pumaty, beneficia aproximadamente 1,2
mil fornecedores ativos, dos quais 98% são
pequenos produtores. Já a Cooperativa do
Agronegócio dos Fornecedores de Cana
(COAF), da Cruangi, conta com cerca de
700 cooperados. Com a reativação das
duas unidades industriais, o sorriso de mi-
lhares de produtores e seus familiares que
vivem nas regiões de atuação da usina vol-
taram a refletir a alegria do povo pernambu-
cano, de um dos mais tradicionais estados
canavieiros do Brasil.
Parte do conselho de
administração da usina Cruangi
Desempenho positivo
alcançado pela Pumaty,
que está sob a batuta
do presidente do
Sindicape, Gerson
Carneiro Leão, motivou
a reabertura da Cruangi
Ale Carolo / alecarolo.com
Ale Carolo / alecarolo.com
25
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melhoramento genético. O resultado? Variedades com qualidades únicas.
26
Capa (cont.)
Colaboradores retomam
atividades motivados
A
os 44 anos, metade deles casado,
pai de três filhos - Paulo André,
Paulo Alexandre e Paulo Oberdan
- Paulo Roberto dos Santos mora nas de-
pendências da usina Cruangi há 24 anos.
Começou a atuar em pequenos serviços
de elétrica e foi ganhando experiência até
assumir responsabilidades na área de ser-
ralheria mecânica. Quando a usina fechou
as portas, em 2012, Paulo ficou quatro me-
ses sem receber salário. Apaixonado pela
usina, passou apertado, mas nunca per-
deu as esperanças.
Durante os mais de três anos
de interrupção das atividades na Cruangi,
Paulo foi trabalhar na área de rolamento de
motores, em uma empresa próxima à usina.
Em uma manhã, acompanhando a entrevis-
ta do presidente da Associação dos Forne-
cedores de Cana de Pernambuco (AFCP),
Alexandre Andrade Lima, em uma rádio lo-
cal, ficou sabendo que a usina iria retomar
as operações e que muita gente iria reaver
seus empregos. Mais do que depressa,
Paulo entrou em contato com a AFCP.
Ao receber a notícia de que
seria recontratado, Paulo chorou. “Nunca
perdi a esperança”, conta. O colaborador
a partir de então prometeu a si mesmo que
faria o que fosse possível para ver a usi-
na operar em sua plenitude novamente.
“Quando eu vim pra cá tive que ‘me virar
nos 30’ para dar conta do trabalho e fazer
de tudo para a usina partir na data combi-
nada. Tenho muito a agradecer a todos que
me apoiaram, principalmente a associação
e a cooperativa, que confiaram no meu tra-
balho”, disse Paulo.
“Amo o que faço”. A afirma-
ção é de Shirlene Maria da Silva, atual-
mente responsável pelo departamento de
compras da Cruangi. Casada com Francis-
co Antônio, que hoje atua na oficina mecâ-
nica da usina, Shirlene, mãe de um garoto
de 13 anos, ficou em prantos quando se
viu obrigada a sair da unidade em 2012,
após 14 anos e oito meses de trabalho. Na
ocasião, a empresa estava atrasada com o
pagamento de salários e tornou a situação
insustentável.
Shirlene entrou na usina aos
18 anos, a partir da “escolinha”, um pro-
grama cujo objetivo era dar oportunidades
para filhos de funcionários da usina. Ela
passou por um treinamento de seis meses
e foi contratada inicialmente como auxiliar
de escritório. “Em seguida passei a ser au-
xiliar de compras e posteriormente assumi
a função de compradora”, conta, orgulho-
sa da carreira. Ao sair da usina, em 2012,
Shirlene passou a atuar na área de com-
pras em uma empresa fabricante de tape-
tes de borracha para veículos.
Ao saber, através de amigos
e colegas, que a Cruangi seria reativada,
Shirlene se animou. Não demorou muito
para o engenheiro químico Plácido Borba,
responsável pelas indicações de antigos
colaboradores para a nova fase da usina,
convidar Shirlene para voltar ao trabalho.
“Fiquei muito feliz. Aceitei de imediato.
Quando se começa a amar uma usina, é
Paulo, 44 anos, que
mora na colônia da
Usina Cruangi desde os
20, se emocionou ao ter
seu emprego de volta
Artur Aranha Neto afirma que
a usina é de todos. Todos
são fiscais, cobram, buscam
resultados e acima de tudo
trabalham com motivação,
do campo à indústria
Ale Carolo / alecarolo.com
Ale Carolo / alecarolo.com
27
Shirlene entrou na usina como aprendiz aos 18 anos.
Depois do susto de ver o fim da unidade tão de perto, em
2012, está aliviada por ter reassumido a coordenação de
compras da empresa este ano
Ale Carolo / alecarolo.com
pra sempre”, disse a colaboradora que vive com a família no mu-
nicípio de Aliança, próximo à usina, na Zona da Mata Norte do
Estado.
Experiência - Quatro décadas cultivando cana fo-
ram suficientes para que Artur Aranha Neto, de 62 anos, pudesse
afirmar que o cooperativismo é realmente o modelo ideal para
reequilibrar o setor sucroenergético de Pernambuco. Proprietário
de uma área de 120 hectares, na qual produz 9 mil toneladas
de cana, Artur é um dos conselheiros administrativos da COAF
e atua na área de operações agrícolas na área de recepção da
usina Cruangi.
Pai de Artur Filho, 36 anos, e de André, 34, Artur
explica que neste sistema de gestão o compromisso dos co-
operados vai além do que é satisfatório para administrar uma
empresa sucroenergética. Isso porque a usina é de todos. To-
dos são fiscais, cobram, buscam resultados e acima de tudo
trabalham com motivação, do campo à indústria. Realmente
não é preciso andar muito para encontrar cooperados e cola-
boradores satisfeitos, que vivem um momento de recuperação
financeira, muito trabalho, resgate da autoestima, fé e, acima de
tudo, esperança. (AC)
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28
Capa (cont.)
CCT da Cruangi
é parceria na prática
“
Estamos juntos”. A expressão capaz de sintetizar o significado
de parceria, companheirismo e fidelidade é a tônica do coopera-
tivismo sucroenergético em Pernambuco. A área de Corte, Car-
regamento e Transporte de Cana (CCT) da Cruangi é um exemplo
disso. O coordenador do CCT da usina, Francisco Rabelo, faz ques-
tão de ressaltar o espírito colaborativo dos plantadores que integram
a Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana (COAF),
que administra a unidade industrial.
Na antiga gestão, que durou até 2012, todos os equipa-
mentos da área de CCT da usina eram próprios. Com o fechamento
da planta, os produtores de cana tiveram que comprar suas máqui-
nas para poder continuar a fornecer a matéria prima. Hoje, com o
sistema de cooperativa, o planejamento de corte, carregamento e
transporte é feito a partir de uma planilha que distribui o conjunto
de equipamentos para que a atividade seja feita com menor custo,
considerando distâncias, topografias, entre outras variáveis.
Francisco é o responsável por essa distribuição, que
respeita o senso comum da frase “o que é meu é seu”. O coorde-
nador trabalhou durante 15 anos na gestão anterior da Cruangi. Em
2008 foi coordenar o CCT da usina Cucaú, em Rio Formoso. Este
ano, com a retomada da Cruangi, aceitou o convite para retornar
à usina, na mesma função. “Voltei por acreditar neste modelo de
cooperativismo, onde todos dividem lucros e dividendos. Acho um
sistema justo e transparente. Como sou um pequeno produtor de
Ale Carolo / alecarolo.com
cana, estou aqui”, conta.
Com uma pequena área
equivalente a três mil toneladas de cana,
Francisco, que mora em Recife e passa a
semana na usina, direciona toda sua pro-
dução para a Cruangi. Com três frentes de
CCT 100% terceirizada, ele afirma que a
usina cooperada tornou-se um ponto de
equilíbrio para a região. “As outras usinas
passaram a negociar o preço da cana de
uma forma mais justa”, revela Francisco,
que ainda tenta receber o pagamento pela
cana fornecida a algumas usinas inadim-
plentes.
Em relação ao resgate da
confiança dos fornecedores de serviços,
peças e demais insumos à usina, tanto
na agrícola quanto na indústria, Francisco
afirma que a situação já está voltando ao
normal. Isso porque a usina possui hoje
um controle minucioso de suas contas,
atreladas a um processo de recuperação
judicial, que garante o cumprimento de no-
vos contratos. Ou seja, os anos de descon-
fiança do mercado por conta da má gestão
anterior já estão ficando para trás.
Para ele, os investimentos
ocorrerão com o tempo. Na área de CCT,
Francisco afirma que há necessidade de
mais alguns tratores e máquinas Bell, ca-
pazes de carregar a cana queimada em
locais inclinados, típicos da região Nor-
deste onde ficam as plantações de cana.
Colhedoras convencionais, utilizadas na
região Centro-Sul, onde os canaviais são
planos, em sua maioria, não conseguem
operar em inclinações elevadas. Portanto,
equipamentos adaptados e experimentais
ainda são necessários. (AC)
Francisco Rabelo está à frente do setor de CCT
da Cruangi e destaca o espírito colaborativo dos
plantadores de cana que integram a COAF
29
Feira em Recife reúne
produtores de cana do NE
Alexandre Carolo, de Recife
P
alestras técnicas, rodadas de negócios, exposição de produtos, implementos e
insumos agropecuários, além de lançamentos que podem mudar a dinâmica de
colheita de cana no Nordeste, deram a tônica da IV NorCana, feira voltada aos
produtores de cana, realizada dias 5 e 6 de outubro de 2015 na sede da Associação
dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), em Recife, PE. Na oportunida-
de, centenas de fornecedores, especialistas e autoridades do segmento canavieiro do
País, estiveram reunidos para troca de informações.
A NorCana é promovida pela AFCP em parceria com a Cooperativa de
Fornecedores de Cana-de-açúcar (COAF). Na edição de 2015, o evento contou com
a participação do secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim,
que proferiu uma palestra inaugural sobre políticas agrícolas. Na oportunidade, Jardim
elogiou a iniciativa das cooperativas AgroCan e COAF, que assumiram a retomada das
usinas Pumaty e Cruangi, ambas em recuperação judicial, promovendo assim um ree-
quilíbrio do setor canavieiro em Pernambuco.
O secretário paulista disse que pretende agendar uma visita do governa-
dor do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, às instalações das usinas pernambu-
Cerimônia de abertura
da NorCana 2015 reuniu
fornecedores de cana,
representantes de sindicatos e
associações de plantadores e
autoridades políticas
Ale Carolo / alecarolo.com
30
canas administradas pelas cooperativas,
para mostrar o modelo que tem sido bem
sucedido no estado. O setor sucroenergé-
tico de São Paulo, que é o principal Es-
tado produtor de cana-de-açúcar, passa
por dificuldades com o fechamento de
dezenas de unidades industriais que não
resistiram às dificuldades financeiras e à
falta de política federal de incentivo à cul-
tura da cana.
Segundo dados da Unica
(União da Indústria de Cana-de-açúcar),
desde 2008 foram fechadas 80 unidades
produtoras na região Centro-Sul do Brasil.
Só este ano, 10 usinas deixaram de ope-
rar e a previsão é de que outras encerrem
as atividades em 2016. As mais de 120
companhias associadas à Unica na região
Centro-Sul do Brasil são responsáveis por
mais de 50% do etanol e 60% do açúcar
produzidos no País.
Como o modelo de coope-
rativismo tem dado certo em usinas que
estão em recuperação judicial em Per-
nambuco, a intenção de Arnaldo Jardim
e dos representantes dos fornecedores
nordestinos, organizados em associações
e sindicatos, é mostrar a Geraldo Alckmin
que este sistema pode ser adotado em
unidades paulistas que estejam vivendo
esta realidade de crise.
A iniciativa foi aplaudida pelo
presidente do Sindicato dos Cultivadores
de Cana-de-açúcar no Estado de Pernam-
buco, Gerson Carneiro Leão, que quan-
do esteve à frente da Comissão Nacional
de Cana-de-açúcar da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) le-
vou a ideia do cooperativismo a vários for-
necedores de cana do Centro-Sul. “Tenho
mais de 30 anos de atuação em sindica-
tos e sempre acreditei no cooperativismo
Gerson Carneiro Leão: “Tenho
mais de 30 anos de atuação em
sindicatos e sempre acreditei
no cooperativismo como
modelo ideal de gestão para o
setor de açúcar e álcool”
Arnaldo Jardim elogiou a iniciativa das cooperativas
AgroCan e COAF, que assumiram a retomada das usinas
Pumaty e Cruangi, ambas em recuperação judicial
Ale Carolo / alecarolo.com
Ale Carolo / alecarolo.com
31
32
como modelo ideal de gestão para o setor
de açúcar e álcool”, disse o dirigente.
Essa troca de experiências é
válida também no âmbito dos benefícios
fiscais. Segundo Arnaldo Jardim, o gover-
nador Geraldo Alckmin está empenhado
na recuperação e fortalecimento do setor
sucroenergético ao manter o menor per-
centual de ICMS sobre a venda do etanol
hidratado, de 12%, e na promoção de
isenção fiscal para o retrofit de caldeiras
e turbinas para incentivar a cogeração,
simplificando com isso a cadeia tributária
do setor.
Um exemplo que pode ser
adotado nos estados do Nordeste. Per-
nambuco já segue esta linha de apoio ao
setor, com a recente decisão de baixar a
alíquota do ICMS do etanol hidratado de
25% para 23%. Segundo o presidente da
AFCP, Alexandre Andrade Lima, duran-
te a NorCana 2015, o secretário paulista
Arnaldo Jardim e o secretário de Agricul-
tura e Reforma Agrária de Pernambuco,
Nilton Mota, também começaram a dis-
cutir a possibilidade da formação de con-
vênios de cooperação para verticalizar
as atividades de apoio ao setor nos dois
Estados.
Lima acredita que a criação
de uma força conjunta que possa pres-
tar assessoria técnica às cooperativas
seja fundamental para garantir melhorias
de produtividade, um dos maiores desa-
fios da região Nordeste. “Podemos, por
exemplo, trabalhar para viabilizar a utili-
zação de melhores variedades de cana e
tecnologias de irrigação para que a quali-
dade da matéria-prima melhore”, observa
o dirigente, que também busca parceiros
fornecedores de bens de capital, equipa-
mentos, insumos e serviços que possam
agregar valor aos novos projetos basea-
dos no cooperativismo.
Ale Carolo / alecarolo.com
Presidente da AFCP,
Alexandre Lima; o secretário
da Agricultura do Estado
de São Paulo, Arnaldo
Jardim; e o presidente da
AgroBrasil, Plínio César
33
Paulo Leal recebeu a
comenda das mãos do
presidente da Associação
dos Fornecedores de Cana
de Pernambuco (AFCP),
Alexandre Lima
Paulo Leal recebe medalha
do Mérito Canavieiro
D
esde a primeira edição, em 2012, a
NorCana tem destacado personali-
dades do setor agroindustrial e do
segmento político pelos serviços prestados
em defesa da manutenção e fortalecimen-
to da cultura canavieira na região Nordes-
te. Este ano a medalha do Mérito Canaviei-
ro foi entregue ao presidente da Federação
Nacional dos Produtores de Cana (Fepla-
na), Paulo Sergio de Marco Leal. A honra-
ria é conferida pela União Nordestina dos
Produtores de Cana (Unida).
Paulo Leal recebeu a comen-
da das mãos do presidente da Associação
dos Fornecedores de Cana de Pernambu-
co (AFCP), Alexandre Lima. Representan-
tes de associações e sindicatos dos for-
necedores de cana, além de autoridades
políticas, prestigiaram a solenidade que
aconteceu na noite do dia 5 de outubro, na
sede da AFCP, em Recife, PE. Na oportu-
nidade, Paulo Leal destacou a importância
das entidades nordestinas ligadas ao setor
sucroenergético para o fortalecimento da
atuação da Feplana, como representante
de classe em Brasília, DF.
Em seu discurso, o presidente
da Feplana destacou o potencial do setor
de açúcar, álcool e bioenergia como gera-
dor de riquezas e divisas para o Brasil, mas
também criticou os equívocos cometidos
pelo atual Governo Federal, especialmente
por conta da retirada gradual da Contribui-
ção de Intervenção no Domínio Econômico
(Cide) e a opção de se manter artificial-
mente congelados os preços da gasolina,
causando uma concorrência desleal com
o etanol. “Nesses anos de congelamento,
os custos de produção subiram assustado-
ramente, sem contar os custos ambientais
e trabalhistas aos quais tivemos que nos
adaptar”, disse Leal.
De acordo com Paulo Leal,
a retirada gradual da Cide, até zerar em
2012, causou um imenso descompasso
entre os preços da gasolina e do etanol.
A importância desta Contribuição encon-
tra eco inclusive dentro do próprio Gover-
no, uma vez que a ministra da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu,
tem defendido a elevação da Cide sobre a
gasolina como forma de aumentar a com-
petitividade do álcool combustível (etanol)
e a sua participação na matriz energética
nacional.
Outro defensor da Cide é o
presidente da Empresa de Pesquisa Ener-
gética (EPE), Maurício Tolmasquim. No fim
de setembro, durante a Conferência Inter-
Ale Carolo / alecarolo.com
34
Capa (cont.)
nacional de Energia realizada na Câmara de Comércio Americana
do Rio de Janeiro (Amcham), Tolmasquim disse que “para o merca-
do do etanol seria muito importante sair a elevação da Cide. Outra
coisa importante é que a desvalorização do real ajuda o etanol, já
que o etanol é produzido em reais no Brasil e o petróleo é alinhado
ao mercado externo”.
Durante a NorCana, Paulo Leal conversou com a repor-
tagem da Terra&Cia sobre o grave problema do aumento do custo
de produção. “Com o fim da queima da palha da cana, a mecaniza-
ção, que deveria ser uma aliada para reduzir nossos custos de pro-
dução, chegou como vilã, pois tivemos novamente que sistematizar
nossos canaviais, além de mudar as variedades de cana que ainda
não estavam adaptadas ao corte mecânico, diminuindo desta forma
a vida útil dos canaviais.”
Como próximos desafios, Leal destaca a necessidade
de reestabelecer a situação financeira da indústria, que iniciou a
temporada no Centro-Sul, em abril deste ano, devendo quase uma
safra e meia, cerca de R$ 80 bilhões. O presidente da Feplana tam-
bém lamenta que, de 2008 para cá, mais de 80 usinas quebraram,
mais de 40 não moeram este ano e quase 50 entraram em recupera-
ção judicial. “Precisamos de um programa robusto de recuperação
de ativos, não só para o setor industrial como também para o setor
agrícola.”
Paulo também questiona a lentidão no desenvolvimento
de um motor flexfuel - que funciona com etanol hidratado ou gasolina
- com melhor desempenho. “Não é possível que se passaram mais
de duas décadas e ainda não houve melhorias no desempenho des-
ses motores. Parece-nos que isto interessa a alguém.”
A Feplana tem defendido algumas bandeiras em Bra-
sília, alinhadas ao que o setor busca. Paulo Leal tem defendido a
criação de um seguro-renda ou uma política de garantia de preços
mínimos que, segundo ele, ainda encontra objeção em alguns Mi-
nistérios. “Precisamos fortalecer nossas associações, de forma a
melhorar as negociações com as indústrias e a convivência com os
associados. Também temos que incentivar e apressar a transgenia
da cana, além de mostrar à sociedade os benefícios ou as externa-
lidades positivas do etanol.”
Segundo Leal, “a sociedade brasileira aparenta não ver
as externalidades positivas do etanol, pois esquece que se trata de
uma energia limpa, renovável e genuinamente brasileira. A socie-
dade olha apenas o preço e abastece seu veículo com combustível
mais barato, que nem sempre é o melhor para o País, nem sempre é
o melhor para os brasileiros”, observa.
Em recente discurso em Brasí-
lia, Paulo Leal criticou o aumento de juros
do Plano Safra. “Saímos de 6,75% para
8,75%, causando um prejuízo aos nossos
produtores de R$ 1,8 bilhão, saindo de 4,5
bilhões para 3 bilhões, diminuindo, assim,
o financiamento do Programa ABC (Agricul-
tura de Baixo Carbono) e aumentando de
4,5% para 9% os juros do ModerFrota. Mais
uma vez, nosso setor está servindo como
mourão de aroeira, suportando o PIB nacio-
nal e, agora, ainda, sendo penalizado com
o aumento de juros. É preciso não esquecer
que parte desse dinheiro é oriundo dos re-
cursos obrigatórios dos bancos nacionais.
Assim, não dá para engolir esse aumento
de juros criado pelo Governo.” (AC)
De acordo com Paulo Leal,
a retirada gradual da Cide,
até zerar em 2012, causou
um imenso descompasso
entre os preços da
gasolina e do etanol
AleCarolo/alecarolo.com
35
Subvenção para 2015 está
engavetada em Brasília
P
rodutores de cana do Nordeste e
do Rio de Janeiro estão em com-
passo de espera para a liberação
da subvenção da cana aprovada pela Lei
12.999/2014. No começo deste ano, o go-
verno federal publicou a Medida Provisó-
ria 666/2014 que determina a liberação de
R$ 187 milhões em recursos capazes de
beneficiar 35 mil produtores, sendo 91%
da agricultura familiar. No entanto, o paga-
mento está travado em Brasília, DF, porque
a MP ainda não foi aprovada (até o fecha-
mento desta edição) e, segundo o presi-
dente da União Nordestina de Produtores
de Cana de Açúcar (Unida), Alexandre An-
drade Lima, perdeu a eficácia.
No início de outubro, Lima e
outros representantes de plantadores da
região Nordeste foram à Brasília pedir ao
presidente do Senado, Renan Calheiros,
que interceda junto ao Ministério da Fazen-
da pela liberação da subvenção da cana-
-de-açúcar. A lei da subvenção foi aprova-
da em 2014 para socorrer os plantadores
nordestinos e cariocas que tiveram preju-
ízos com a seca na safra 2012/13. Cada
produtor tem direito a receber R$ 12 por
tonelada de cana, até o limite de 10 mil to-
neladas.
De acordo com o presidente
da Unida, se o pagamento for liberado
agora, os produtores terão condições
de fazer novos plantios, tratos culturais,
contratar mais mão de obra e gerar em-
prego e renda na região. “Agora está
todo mundo praticamente sobrevivendo
de plantios anteriores. A produtividade é
muito baixa, porque tem que haver uma
renovação desse canavial, o que não
está acontecendo”, lamentou Andrade.
Segundo ele, Renan Calheiros se com-
prometeu a conversar sobre o assunto
com o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy. (AC)
Sem a subvenção do
governo, os produtores
nordestinos não têm
condições de fazer novos
plantios e tratos culturais
adequados
Ale Carolo / alecarolo.com
36
Tecnologia Agrícola
Novo implemento
colhe cana em inclinação de até 31,5°
O
setor canavieiro nordestino enfrenta desafios diários na área
agrícola, especialmente por conta do clima seco e da topo-
grafia acidentada. Produtores que contam com sistema de
irrigação eficiente e possuem lavouras mais planas são abençoados.
Já quem não consegue investir em tratos culturais e possui áreas incli-
nadas, sofre com a falta de produtividade e com o difícil processo de
colheita. Se São Pedro não ajuda no envio de chuvas mais constantes,
há uma novidade que pode amenizar o sofrimento dos produtores.
Um novo implemento promete colher cana mecanicamente em uma
área de inclinação de até 31,5°.
A novidade foi apresentada durante a NorCana 2015,
evento voltado aos produtores de cana do Nordeste, realizado dias
5 e 6 de outubro, na sede da Associação dos Fornecedores de Cana
de Pernambuco (AFCP), em Recife, PE. O implemento está sendo pa-
tenteado e foi batizado de Canadá MM15. A invenção, que pode ser
acoplada a um trator, é resultado de uma pesquisa de quase cinco
anos realizada em parceria pelo Sindicato da Indústria do Açúcar e
do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), o soldador e in-
ventor do equipamento, Ednaldo Mesquita, e o empresário Fernando
Miranda, proprietário do engenho Capim Canela.
De acordo com o coordenador do projeto, Luiz Claudio
Melo, que também é consultor do Sindaçúcar, o implemento possibilita
o corte de 20 a 30 toneladas de cana-de-açúcar por hora. Cálculos dos
criadores da máquina mostram que a colheita mecanizada pode ser
capaz de gerar uma economia de aproximadamente R$ 15,00 por to-
nelada de cana, partindo de R$ 23/ha no corte manual, para R$ 8/ha na
colheita mecanizada. Cinco máquinas estão sendo produzidas, sendo
duas para usinas e três para fornecedores.
Cada implemento custa R$ 150 mil.
Desde o início da pesquisa,
em 2010, o Sindaçúcar-PE já investiu R$ 1,5
milhão por ano no desenvolvimento do im-
plemento. “É um esforço de inovação incre-
mental, agregando redução de custos e efi-
ciência nas operações”, disse o presidente
do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha. De acor-
do com o presidente da Associação dos
Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan),
Murilo Paraíso, “qualquer tecnologia que
venha facilitar a vida do produtor canavieiro
é bem-vinda e ainda mais em se tratando
de otimização de custos, tempo de colheita
e melhoria na produtividade.”
Segundo Luiz Claudio Melo,
o processo de mecanização do Nordeste
será lento, pois a renovação do canavial va-
ria de 10% a 15% ao ano. Além disso, para
que o equipamento possa ser usado com
eficiência, deve ser feito um nivelamento
do solo durante o plantio. “É um processo
lento que não vai ocorrer do dia para a noi-
te”, conta. Ele estima que metade da área
de declive da Mata Sul continuará tendo
colheita manual, porque não será possível
fazer corte mecanizado.
O implemento batizado de Canadá MM15 está
sendo patenteado e custa R$ 150 mil
Murilo Paraíso: “Qualquer tecnologia que venha
facilitar a vida do produtor canavieiro é bem-vinda”
Divulgação
AleCarolo/alecarolo.com
37
Leitores Terra&Cia têm
descontos especiais
38
Crise
CEISE Br repudia projeto que
reduz recursos do Sistema “S”
U
ma ação conjunta entre o CEISE Br
(Centro Nacional das Indústrias do
Setor Sucroenergético e Biocombus-
tíveis), o SESI e o SENAI de Sertãozinho, SP,
resultou em uma carta encaminhada à presi-
dente do Brasil, Dilma Rousseff, manifestan-
do a opinião das entidades sobre a proposta
do governo federal de reduzir os recursos do
Sistema “S”, que reúne as instituições SE-
NAI; SESI; SENAC; SESC; SEBRAE; SENAR;
SEST; SENAT; e SESCOOP.
A medida proposta pelo Planalto
faz parte do pacote de ajustes do orçamento
de 2016 e foi anunciada no mês passado pelo
governo, que considera essencial contar com
o dinheiro do Sistema “S” para obter a meta
de superávit primário de 0,7% do Produto In-
terno Bruto (o PIB é a soma da produção de
bens e serviços) no próximo ano.
O documento do CEISE Br foi
elaborado com base na necessidade cons-
tante do setor sucroenergético de se desen-
volver tecnologicamente, para poder crescer
e se manter competitivo no mercado. A carta
enviada ao Planalto faz um relato pautado em
números, em exemplos reais da importância
da continuidade dos serviços do Sistema
“S” - na integralidade como foram executa-
dos até o momento, e o impacto da redução
de 30% no repasse às instituições, o que vai
influenciar diretamente na capacidade de in-
vestimentos em educação básica e técnica,
comprometendo, consequentemente, o de-
senvolvimento industrial.
Um dos trechos da carta, que
também foi enviada aos presidentes do Se-
nado Federal, Renan Calheiros, e da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha, ressalta o
prejuízo socioeconômico do corte: “Calcula-
-se que o montante que deixaria de ser re-
passado às instituições para cobrir déficit da
previdência social causaria o fechamento de
1,8 milhão de vagas em cursos profissionali-
zantes oferecidos pelo SENAI por ano, com
o provável fechamento de mais 300 escolas
em todo o país. Outros 735 mil alunos vão
deixar de estudar no ensino básico ou na
educação de jovens e adultos oferecida pelo
SESI, pois estaria na iminência de fechar cer-
ca de 450 escolas no Brasil. As duas institui-
ções estimam que tenham de demitir cerca
de 30 mil trabalhadores em todo o país”.
Segundo o presidente do CEI-
SE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho, “a en-
tidade reconhece a atuação do Sistema “S”
na formação e capacitação de profissionais
em diversas áreas, principalmente nas rela-
cionadas à tecnologia e inovação do setor
sucroenergético – especialmente em Sertão-
zinho, onde a entidade está sediada, sendo
o munícipio o maior polo industrial dessa ca-
deia do país, localizado na região responsá-
vel por 60% da produção canavieira brasilei-
ra”, disse ele.
“A compreensão de que o
Brasil necessita, efetivamente, de um ajus-
te fiscal e de uma agenda otimista que nos
conduzam à retomada do crescimento sus-
tentável, permeia toda a população. Con-
tudo, a superação da crise econômica não
pode prescindir de medidas e reformas es-
truturais pró-competitividade, que permitam
a melhora do cenário econômico, dentre as
quais, preservar as condições de acesso à
educação básica e à educação profissional
de qualidade promovida, dentre outras insti-
tuições de igual valor, pelo SESI e pelo SE-
NAI”, finaliza a carta. (com Assessoria)
Segundo Tonielo, o impacto
da redução de 30% no
repasse às instituições vai
influenciar diretamente na
capacidade de investimentos
em educação básica e
técnica, comprometendo o
desenvolvimento industrial
Ale Carolo / alecarolo.com
39
Mercado
Consumo interno de etanol
ajuda na recuperação de preços
Divulgação
Doca Pascoal
O
aumento do consumo interno de
etanol no Brasil tem contribuído
para a recuperação dos preços
do biocombustível. De acordo com o presi-
dente da consultoria Datagro, Plínio Nasta-
ri, a participação do etanol vem crescendo
neste ano e deve alcançar 42% até o fim
de 2015. O especialista citou as mudanças
nos regimes de ICMS em alguns Estados,
como Minas Gerais, e a maior competitivi-
dade do etanol hidratado ante a gasolina
como causas desse aumento do consumo.
A Datagro também elevou sua
previsão de exportação de etanol do Brasil
em 2015/16, de 1,09 bilhão de litros para
1,8 bilhão de litros. Um dos motivos para
esta alta, segundo Plínio Nastari, é a ado-
ção do Low Carbon Fuel Standard Program
(LCFS) na Califórnia, EUA, que aumenta a
demanda pelo etanol de cana-de-açúcar
brasileiro. A expectativa é de que as expor-
tações do biocombustível para a Califórnia
em 2016 alcancem 240 milhões de galões,
o equivalente a 908 milhões de litros.
Como resultado, os estoques
de etanol no Brasil caíram em relação ao
nível observado em 2014. Segundo dados
da Datagro, em setembro, os estoques no
País somavam 7,2 bilhões de litros, abaixo
dos 9 bilhões de litros registrados há um
ano. Na medida de estoque em meses de
consumo, também houve queda. No mês
passado, o volume armazenado era sufi-
ciente para atender 3,8 meses de consu-
mo, frente aos 5,1 meses registrados em
setembro do ano passado.
A participação do etanol
deve alcançar 42% em 2015
40
Mercado
Segundo a consultoria, a pro-
dução do biocombustível da cana deve ser
recorde, podendo chegar a 30,45 bilhões
de litros. Na safra 2014/15 a produção de
etanol totalizou 29,49 bilhões de litros. Em
relação à moagem, a Datagro prevê que
as usinas e destilarias do País processem
663,83 milhões de toneladas na atual safra,
sendo 604,6 na região Centro-Sul e 59,18
milhões de toneladas no Norte/Nordeste.
Açúcar - As projeções da
Datagro indicam que a produção da com-
modity nesta safra alcance 31,39 milhões
de toneladas no Centro-Sul. Já no Norte/
Nordeste a produção foi estimada em 3,29
milhões de toneladas. O consumo deve cair
2,9% no Centro-Sul, para 9,027 milhões de
toneladas. No Norte/Nordeste a queda será
de 3% em comparação à safra anterior, pas-
sando para 2,098 milhões de toneladas.
O déficit mundial de açúcar no
ciclo 2015/16 deverá ser de 2,57 milhões
de toneladas, atribuído principalmente
à queda na produção da Índia, China e
União Europeia. Na temporada anterior,
houve um superávit de 3,64 milhões de
toneladas. Sendo assim, a relação entre
estoque e consumo deve alcançar 45,9%
em 30 de setembro de 2016. Este cenário
deve favorecer a gradual recuperação de
receita das usinas. No entanto, de acordo
com Nastari, “ainda precisaríamos de um
déficit acumulado de 9 milhões de tonela-
das a partir de 2016/17 para alcançar uma
relação de 41%, considerada ideal”.
Produção mundial - A pro-
dução chinesa de açúcar deve cair para
9,8 milhões de toneladas na safra 2015/16,
ante as 10,8 milhões de toneladas registra-
das na temporada passada. Já o consumo
no país asiático deve crescer das 15,9 mi-
lhões de toneladas do ciclo passado, para
16,4 milhões de toneladas na atual safra.
A estimativa indica, portanto, que a China
deverá aumentar a importação da com-
modity em aproximadamente 5 milhões de
toneladas, um recorde. No ciclo passado,
os chineses importaram 4,16 milhões de
toneladas.
Na Índia, a produção deve
cair especialmente por conta das condi-
ções climáticas. Ano passado as usinas
indianas produziram 27 milhões de tonela-
das. Na atual safra este volume deve cair
para 26,8 milhões de toneladas. Na safra
passada, a Índia produziu 28,4 milhões de
toneladas de açúcar. A Datagro estima que
este país mantenha uma exportação de 2,8
milhões de toneladas da commodity.
Oportunidade - O açúcar
branco brasileiro está ganhando mais es-
paço em alguns mercados asiáticos espe-
cialmente por conta da restrição de ofer-
ta da Tailândia e do frete marítimo global
mais barato. De acordo com informações
da Reuters, operadores europeus afirmam
que as ofertas de açúcar refinado da Índia
também estão levando vantagem com a re-
dução da disponibilidade do açúcar bran-
co da Tailândia, esgotada pela vigorosa
demanda chinesa.
Alguns mercados do Extremo
Oriente, que preferem o açúcar de alta
qualidade da Tailândia, aguardarão a nova
safra tailandesa começar no início de ja-
neiro. Mas, em mercados preparados para
aceitar um açúcar de menor qualidade, os
carregamentos brasileiros estão encon-
trando compradores, beneficiando-se de
fretes competitivos para longas distâncias.
Os operadores também disse-
ram que não esperam que a Índia renove
licenças de exportação de maneira imi-
nente, para a atual temporada, e aposta-
ram que o mercado futuro de açúcar bruto
precisaria de uma recuperação para 17
centavos de dólar a libra para impulsionar
vendas da Índia sem subsídios.
Segundo Plínio Nastari, a
produção do biocombustível da
cana deve ser recorde, podendo
chegar a 30,45 bilhões de litros
Ale Carolo / alecarolo.com
41
42
Pesquisa & Desenvolvimento
CTC inaugura complexo de
laboratórios de biotecnologia
Doca Pascoal
O
Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) inaugurou um complexo de laboratórios
de biotecnologia, dia 14 de outubro, em Piracicaba, SP, para desenvolver pes-
quisas de melhoramento genético da cana-de-açúcar. Com investimento de R$
40 milhões, o laboratório possui 1,4 mil metros quadrados.
Entre as inovações a serem realizadas no laboratório estão os tipos de cana
geneticamente melhorados, sementes artificiais e marcadores moleculares. O melhora-
mento genético permite que variedades mais produtivas, com maior teor de sacarose,
Equipe de pesquisadores do
complexo de laboratórios de
biotecnologia do CTC
43
nar a maneira como se planta a cultura, proporcionando reduções de
custo, melhoria da produtividade e simplificação operacional. “Hoje
para o plantio são utilizados pedaços de cana ou mudas. No futuro
essa tecnologia vai chegar através de uma semente artificial”, disse
o diretor de negócios de Melhoramento Genético do CTC, William
Lee Burnquist.
De acordo com a pesquisadora do CTC, Daniela Me-
lotto Passarin, a semente artificial no campo inicialmente facilitará
a logística. “Vamos plantar a estimativa de 300 quilos de sementes
artificiais por hectare, que é diferente do sistema atual, que gira em
torno de 20 toneladas. Usaremos 80% menos máquinas, que são
pesadas. Além disso, o material não possui doenças ou pragas, o
que pode garantir maior produtividade no campo.”
Segundo Burnquist, as inovações são uma solução
para tornar o mesmo hectare mais produtivo, o que “fatalmente” vai
tornar mais barata a produção. “Quanto mais você produzir por área,
mais barata fica a produção unitária. Essa é uma solução para as
dificuldades que o setor está passando em termos de aumento de
produtividade”, disse o pesquisador.
Economia - De acordo com o CTC, o emprego da bio-
tecnologia evita possíveis perdas estimadas em R$ 4 bilhões por
ano, além de gerar positivo impacto ambiental, pela redução do uso
de agroquímicos e energia. Já o emprego de marcadores molecula-
res permitirá a identificação de características desejáveis na cana-
-de-açúcar por meio da análise de seu DNA.
Segundo William Lee Burnquist, a realização de cru-
zamentos genéticos dirigidos é capaz de promover melhoramentos
mais rápidos. “Poderemos reduzir o tempo de desenvolvimento de
uma nova variedade em até dois anos, diminuindo ainda mais os
atuais oito”, afirmou.
O novo complexo de laboratórios pretende dobrar a
produtividade da cana-de-açúcar e do setor sucroenergético até
2025. Isso pode ajudar o Brasil a bater uma meta estabelecida pelo
governo federal. Segundo a presidente Dilma Rousseff, que esteve
presente na inauguração, as novas tecnologias vão aumentar de 30
para 50 milhões de toneladas a contribuição do etanol na matriz de
combustível do País.
Segundo o CTC, o aumento da produção também vai
ampliar a oferta de alimento, etanol e energia para o País. “Além de
dobrar a produção do setor, o laboratório pretende aumentar a ofer-
ta de energia, alimento e etanol. As novas tecnologias também vão
ajudar a reduzir a emissão de carbono e dos gases de feito estufa
para 43%, que é a meta do governo federal”, disse Gustavo Leite.
O Brasil vai ser pioneiro na área de biotecnologia para
tolerância à seca e resistência às pragas,
cheguem às indústrias do setor sucroener-
gético.
“No final de 2016 entregare-
mos à CTNBio o dossiê final para a libe-
ração da comercialização da primeira va-
riedade resistente”, disse o presidente do
CTC, Gustavo Teixeira Leite. Os produtores
rurais devem ter acesso à cana transgêni-
ca, com tecnologia Bt, em 2017. Já as se-
mentes artificiais, inéditas no mundo, de-
vem chegar ao mercado em 2019. O CTC
já pesquisa protótipos.
A inovação promete revolucio-
Roberto Stuckert Filho / PR
44
cana-de-açúcar. Segundo Leite, o produto, 100% nacional, precisa ser valorizado pe-
los brasileiros. “Empresas multinacionais não vão olhar para a cana. Se nós brasileiros
não fizermos nada pela cana-de-açúcar, estaremos perdendo uma oportunidade de
ouro porque ela tem potencial incomparável”, disse.
Expertise - O presidente do CTC destacou que para dar salto na tecno-
logia é preciso além de laboratórios de ponta. É necessário atrair profissionais com
qualificação diferenciada. Nesse sentido, dos 450 profissionais do complexo, 60%
são pesquisadores. E para completar o conhecimento brasileiro, 20 são do exterior. O
objetivo do intercâmbio de formação é garantir que todo o conhecimento seja englo-
bado e acelere as pesquisas.
“Esforçamo-nos para trazer pessoas de outros países do mundo que te-
nham conhecimento que precisamos para complementar o nosso conhecimento local.
Mapeamos o mundo para descobrir os principais talentos nas linhas de pesquisa de
atuação da área. Essa é uma forma de acelerar o processo e reter conhecimento.
Queremos indústria brasileira com tecnologia brasileira”, observou Leite.
Recursos - A construção do Laboratório de Biotecnologia contou com
recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Plano de Apoio Conjunto à Inovação
Tecnológica Agrícola no Setor Sucroenergético (PAISS). O governador Geraldo Alck-
min participou da inauguração do complexo, em Piracicaba.
“Aqui temos um dos mais sofisticados laboratórios do mundo. É um
setor socialmente importantíssimo. Um milhão de empregos diretos, fora os in-
diretos. Este é um setor central na geração de emprego e renda do nosso País”,
afirmou o governador, que destacou a necessidade urgente de aumentar a produ-
tividade dos canaviais.
“Aqui temos um dos
mais sofisticados
laboratórios do mundo.
É um setor socialmente
importantíssimo. Um milhão
de empregos diretos, fora os
indiretos”
Arquivo
45
A
Monsanto, gigante multinacional de sementes e biotecnologia, vai encerrar os
negócios no mercado brasileiro de cana-de-açúcar, no qual opera sob a marca
CanaVialis. Em comunicado, a companhia afirmou que no Brasil o foco serão as
atividades em sementes, proteção de cultivos, biológicos e agricultura digital. Para isso
estima investimentos de US$ 150 milhões.
A empresa vai discutir a possível transferência de tecnologias no segmen-
to canavieiro para entidades públicas de pesquisa no Brasil. Com o encerramento das
atividades, 150 funcionários serão afetados. No entanto, a empresa garante que nem
todos serão dispensados e que estuda meios de transferir “o maior número possível” de
pessoas para outros setores.
“Acreditamos que a cadeia de valor da cana-de-açúcar é extremamente im-
portante para o país e continuará contribuindo com o meio ambiente, a economia e a
sociedade do Brasil e do mundo. No entanto, os mercados globais de energia e bioener-
gia mudaram e resolvemos explorar as oportunidades das nossas outras culturas”, diz o
comunicado.
“Nós acreditamos fortemente no potencial da agricultura brasileira, que re-
presenta nossa segunda maior operação mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.
Depois de mais de 50 anos no Brasil, a Monsanto continua comprometida em trazer no-
vas soluções para contribuir com o sucesso dos agricultores brasileiros”, disse em nota
o presidente da Monsanto do Brasil, Rodrigo Santos.
A CanaVialis possui cinco estações de pesquisa no Brasil, sendo uma em
Alagoas (Maceió), três em São Paulo (Conchal, Araçatuba e Campinas) e uma no Pa-
raná (Mandaguaçú). Em 2012, a empresa lançou três variedades comerciais de cana -
CV7870, CV6654 e CV7231. Além de cana-de-açúcar, a CanaVialis também desenvolvia
pesquisas em sorgo sacarino.
Monsanto encerra negócios
no mercado brasileiro de cana
Rodrigo Santos,
presidente da Monsanto
do Brasil
Divulgação
46
Celso Franco: “Estamos
programando um Congresso
à altura de nosso segmento,
para que haja troca de
informações e experiências,
muito importante para
alavancarmos novamente
nosso setor”
Arquivo
Udop e Stab realizam
8º Congresso Nacional
da Bioenergia
A
União dos Produtores de Bioener-
gia (Udop) e a Sociedade dos Téc-
nicos Açucareiros e Alcooleiros do
Brasil (Stab) promovem, dias 11 e 12 de
novembro, no campus do UniSalesiano, em
Araçatuba, SP, o 8º Congresso Nacional da
Bioenergia. Nesta edição, além das salas
temáticas já tradicionais, o evento contará
com uma sala de Biomassa e Novos pro-
dutos e Inovação Tecnológica em Etanol de
Milho. O congresso também vai debater os
40 anos do Programa Nacional do Álcool
(ProÁlcool) e o futuro do etanol.
Evento tradicional na progra-
mação oficial do setor sucroenergético, o
Congresso Nacional da Bioenergia vai dis-
cutir novos conceitos, tecnologias e siste-
mas de produção altamente aplicáveis ao
dia a dia das usinas. Na edição de 2014
mais de 1,3 mil congressistas se dividiram
em 12 salas temáticas com palestras e
moderação de mais de 200 profissionais
de renome de usinas e destilarias, entida-
des e instituições de ensino do Brasil e do
exterior.
O evento é voltado para pro-
fissionais de níveis diretivo, gerencial e
técnico de usinas de vários estados; pres-
tadores de serviço em diversas áreas do
setor bioenergético; fornecedores de cana-
-de-açúcar; profissionais de empresas de
insumos, equipamentos, consultoria e ser-
viços. As salas temáticas estão divididas
em áreas de maior impacto das unidades:
Administrativa/Financeira; Agrícola; Bio-
massa e Novos Produtos; Comunicação;
Controladoria, Planejamento e Custos; Di-
reito do Agronegócio; Inovação Tecnológi-
ca em Etanol de Milho; Industrial; Merca-
do, Comercialização e Logística; Recursos
Humanos; Saúde, Segurança e Meio Am-
biente do Trabalho; e Tecnologia da Infor-
mação.
“O governo federal começou
a sinalizar com melhorias para o setor bio-
energético. Nossa esperança agora é que
estas melhorias não parem por aí e que
possam trazer o impulso que precisamos
para crescer. De nossa parte, estamos pro-
gramando um Congresso à altura de nosso
segmento, para que haja troca de informa-
ções e experiências, muito importante para
alavancarmos novamente nosso setor”,
disse o presidente da Udop, Celso Torqua-
to Junqueira Franco.
O Congresso Nacional da
Bioenergia tem apoio institucional da Al-
copar, BioSul, Siamig, Sifaeg, Sindalcool/
MT, do Fórum Nacional Sucroenergético e
do Unisalesiano. As inscrições podem ser
feitas no portal da Udop (udop.com.br) no
menu UniUDOP – Congresso Nacional da
Bioenergia. Dúvidas ou outras informações
nos contatos (18) 2103-0528 ou pelo e-mail
uniudop@udop.com.br. A revista Terra&Cia
é mídia parceira do evento.
Eventos
47
Seminário discute
produtividade
e redução de custos
N
os dias 2 e 3 de dezembro de 2015, o Centro de Convenções
de Ribeirão Preto recebe o 14º Seminário Produtividade &
Redução de Custos da Agroindústria Canavieira. Promovido
pelo grupo IDEA, o evento vai retratar as grandes mudanças que as
empresas do setor sucroenergético estão promovendo para volta-
rem a ser competitivas. “Observamos que as melhores empresas do
setor estão preocupadas em reduzir suas perdas, voltando a utilizar
de tecnologia para recuperar o que foi perdido”, relata Dib Nunes,
diretor do IDEA.
Segundo ele, de modo geral, o setor demorou, mas
percebeu que o melhor caminho para reduzir custos é melhorar a
produtividade. “Hoje temos novas tecnologias excelentes para ala-
vancar as produtividades e, por exemplo, superar os valores que o
setor apresentava antes de os grandes impactos da mecanização
alcançar o nível atual”, salienta Dib.
O evento também trará um balanço da safra 2015/16 no
Centro-Sul, perspectivas para o ciclo 2016/17 e os desafios do setor
para o próximo ano no que diz respeito à alta do dólar e à queda da
cotação do barril do petróleo. Como nas edições anteriores, o Se-
minário terá como palestrantes representantes de órgãos de classe,
executivos de grandes grupos produtores, consultores de credibili-
dade no mercado, aptos a oferecer aos presentes as informações e
análises mais atualizadas.
“A proposta é apresentar um cenário real do setor, per-
mitindo uma visão bastante prática e objetiva da realidade e ofe-
recendo subsídios aos participantes que ajudem na tomada de
decisões e novos conhecimentos que possam ser aplicados ime-
diatamente no cotidiano das empresas, seja permitindo redução de
custos ou garantindo o aumento da produtividade”, diz Dib. Cerca
de 400 pessoas são esperadas para o Seminário. Inscrições podem
ser feitas no site ideaonline.com.br até 30 de novembro.
O Seminário terá palestras que vão aprofundar o tema,
ao abordar questões variadas como:
- Dados mais atuais de custos para a produção de
cana, etanol e açúcar;
- Possíveis grandes mudan-
ças que estão por vir nos mercados interno
e externo;
- Apresentações de como as
empresas estão alcançando sucesso com
o aperfeiçoamento de seus procedimen-
tos;
- Novas tecnologias de adu-
bação que estão dando excelentes retor-
nos financeiros;
- Onde e como proceder para
recuperar o ATR perdido etc.
Dib Nunes, diretor do
Grupo IDEA
Divulgação
48
49
50
Grãos
Safra brasileira de grãos
pode chegar a 213,5
milhões de toneladas
O
Brasil deve alcançar mais um recorde no campo. Isso é o que indica a primeira
projeção feita pela Companha Nacional de Abastecimento (Conab) – vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – para a safra
2015/2016. Segundo números divulgados este mês pela estatal, em Brasília, DF, o País
pode produzir até 213,5 milhões de toneladas de grãos na temporada iniciada há pouco,
superando as 209 milhões de toneladas do período 2014/2015.
“O carro-chefe da lavoura continua sendo a soja, que pela primeira vez ul-
trapassará os 100 milhões de toneladas. É a grande surpresa desta safra”, destacou o
diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini. A produção
na safra que começou recentemente poderá alcançar até 102 milhões de toneladas da
oleaginosa.
A expectativa é de uma safra expressiva, reforçou o presidente em exercício
da estatal, Lineu Olímpio de Souza. “Não haverá, entretanto, aumento significativo de
área, que deverá ficar em torno de 59 milhões de hectares”, acrescentou. Com isso, o in-
cremento da área plantada pode atingir até 1,5% sobre a safra passada, de 58,1 milhões
de toneladas.
De acordo com Lineu, a decisão do agricultor em investir no campo se reflete
na força do agronegócio, que dá sustentação à economia brasileira e tem desempenho
O carro-chefe da lavoura
continua sendo a soja,
que pela primeira vez
ultrapassará os 100 milhões
de toneladas
Arquivo
51
12º SEMINÁRIO SOBRE CONTROLE DE PRAGAS DA CANA
10º Grande Encontro sobre
VARIEDADES DE
CANA-DE-AÇÚCAR
HERBISHOW
15ºSeminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana
DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA
15º PRODUTIVIDADE &
REDUÇÃO DE CU$TO$
52
Grãos
expressivo na balança comercial do país.
Culturas - No momento da
divulgação do levantamento pela Conab,
dia 9 de outubro, apenas as culturas de
primeira safra – como algodão, amendoim,
arroz, feijão, milho e soja – estavam com
o plantio iniciado, fase que se estende até
dezembro. As culturas de segunda e ter-
ceira safras e as culturas de inverno têm os
plantios concluídos em junho.
O maior incremento de área
cultivada é o da soja, com expansão de 1,2
milhão de hectares, representando cerca
de 33,2 milhões de hectares. Conforme a
Conab, há perspectiva de redução de área
nas lavouras de milho primeira safra. No
entanto, a se confirmar a trajetória da série
histórica, haverá ganhos significativos na
produção da segunda safra de milho.
De acordo com o prognóstico
da Conab, o feijão poderá ter acréscimos
na área e na produção devido ao mercado
atrativo, com alta nos preços. A estatal tam-
bém prevê uma pequena redução na área
plantada de algodão, mas o emprego de
tecnologias pelo produtor fará com que a
cultura alcance a mesma produção da sa-
fra 2014/2015, de 1,5 milhão de toneladas.
Ainda segundo a estatal, o cli-
ma foi favorável para a colheita do trigo. O
Paraná, principal estado produtor, vai co-
lher 3,6 milhões de toneladas do cereal.
Na avaliação do diretor da Conab, a chuva
que está ocorrendo na Região Sul vai ter
reflexo no volume a ser produzido de trigo,
com previsão de 6,6 milhões de toneladas.
“Menos do que se esperava”, acentuou.
Insumos - A estatal consta-
tou ainda que houve redução da deman-
da por fertilizantes no período de janeiro
a agosto deste ano. Essa queda, obser-
vou Intini, ocorreu porque o calendário
ainda não chegou ao seu principal mo-
mento. A partir dos dados de setembro,
acrescentou, será possível observar um
aumento do produto. “O volume recebido
pelos produtores é inferior ao ano passa-
do, não por falta de recursos ou condi-
ções tecnológicas.”
O secretário de Política Agrí-
cola do Mapa, André Nassar, ressaltou que
o país atravessa um ano de muita volatili-
dade cambial, o que atrapalhou a decisão
do produtor: “Por isso, a tomada de deci-
são do produtor foi atrasando e a compra
está sendo feita agora, perto da entrada da
safra”.
Nassar também apresentou
os números da liberação do financiamento
da agricultura empresarial entre julho e se-
tembro. “O fluxo do crédito rural está ocor-
rendo normalmente, principalmente nos
bancos públicos, onde há disponibilidade
de recursos devido aos depósitos à vista.
Ocorreu pequena retração nos bancos pri-
vados e nas cooperativas de crédito.”
Os financiamentos para cus-
teio, comercialização e investimento no
período chegaram perto de R$ 40 bilhões,
o que representa 21% do total disponibi-
lizado para safra 2015/2016, de R$ 187,7
bilhões.
Pela primeira vez, entidades
representativas de classe foram convi-
dadas para o anúncio do levantamento
da safra de grãos da Conab. Entre elas,
a Confederação da Agricultura e Pecuá-
ria do Brasil (CNA), Associação Brasileira
dos Produtores de Algodão (Abrapa), As-
sociação Brasileira de Sementes e Mudas
(Abrasem), Associação dos Produtores de
Soja do Brasil (Aprosoja), Associação Bra-
sileira dos Produtores de Semente de Soja
(Abrass), Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB) e Associação das Em-
presas de Cerealistas do Brasil (Acebra),
além de representantes da Câmara Temáti-
ca de Infraestrutura e Logística.
João Intini, da Conab: soja
deve ter colheita expressiva
no ciclo agrícola 2015/2016
Antônio Cruz / Agência Brasil
53
Produção Agropecuária
Riquezas produzidas
no campo somam quase R$ 481,4 bi
O
valor bruto da produção agrope-
cuária (VBP) brasileira de 2015
está estimado, com base em da-
dos de safras do setembro passado, em
R$ 481,4 bilhões, segundo a Secretaria
de Política Agrícola (SPA) do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). O montante é 1,3 % maior em va-
lores reais que o obtido no ano passado.
Dos R$ 481,4 bilhões, as
lavouras contribuíram com R$ 309,2 bi-
lhões, e a pecuária com R$ 172,2 bilhões.
A pecuária teve um crescimento real de
seu valor de produção de 2,2 %, e as la-
vouras, 0,8 %. O valor bruto da produção
deste ano é o maior nesta série, cujo le-
vantamento teve início em 1989, destaca
o coordenador-geral de Estudos e Análi-
ses da SPA, José Gasques.
De acordo com ele, as ativi-
dades agrícolas que vêm apresentando
os melhores resultados do VBP são a ce-
bola, com aumento real de 183,6 %; pi-
menta do reino, 64,1 %; soja, 4,9 %; milho,
4,2 %; e trigo e algodão, 1,1 %. Na pecu-
ária, acrescenta, os melhores resultados
foram da carne bovina, com aumento de
7,8 %; suínos, 3,2 %; e ovos, 1,3 %.
Preços - Entre os produtos
que têm apresentado redução do VBP em
2015, informa a nota da SPA, destacam-se
maçã, -20,8 %; uva, -19,5 %; tomate, -12,9
%; mandioca, -7,7 %; amendoim, -5,7 %;
e laranja, -5,3 %. Na pecuária, frango e
leite também tiveram queda no faturamen-
to neste ano, com -7,3 % e 0,2%, respec-
tivamente.
Ainda conforme a SPA, preços agrícolas mais baixos têm
marcado a presente safra. Entre as atividades analisadas neste le-
vantamento, a maior parte apresenta preços abaixo dos vigentes em
2014. Em alguns produtos, como soja e milho, o aumento de produ-
ção compensou a queda de preços, resultando em ganhos no VBP.
A exemplo de levantamentos anteriores, os dados regio-
nais mostram uma superioridade da Região Sul, com VBP de R$ 139,9
bilhões. Em seguida, aparecem o Centro-Oeste, com R$ 130,3 bi-
lhões; Sudeste, com R$ 121,0 bilhões; Nordeste, com R$ 47,6 bi-
lhões; e Norte, R$ 28,4 bilhões. Em ordem decrescente, Mato Gros-
so, São Paulo, Paraná e Minas Gerais são os estados com maior
valor da produção neste ano.
Cebola está na lista das atividades agrícolas
que vêm apresentando os melhores resultados
do VBP, com aumento real de 183,6 %
Maçã está entre os produtos que têm
apresentado redução do VBP em 2015,
com -20,8 %
54
Produção Agropecuária
Matopiba se destaca
por sua vocação agrícola
Em uma área de 315 mil
hectares, a produção de
algodão em pluma no
Matopiba chegou a 495
mil toneladas na safra
2014/15 – a maior parte
colhida na Bahia
M
ais nova fronteira agrícola do país,
o Matopiba se consolida como
uma região estratégica para aten-
der os mercados interno e externo, com a
proximidade de importantes portos do Nor-
te, como os de Belém, Itaqui, Pecém e Su-
ape. A região, que abrange 337 municípios
com 324 mil estabelecimentos agrícolas, é
formada por partes dos estados do Mara-
nhão (33%), Tocantins (38%), Piauí (11%) e
da Bahia (18%).
O território foi responsável por
9,4% da produção das 209,5 milhões de
toneladas de grãos na safra 2014/2015.
Matopiba produziu na última temporada
19,7 milhões de toneladas de algodão em
pluma, soja, arroz e milho, em uma área
de 5,7 milhões de hectares. Estudos da
Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) apontam que há um potencial de
crescimento futuro da área plantada de
cerca de 10 milhões de hectares.
A região tem chamado a aten-
ção pela produção e produtividade cada
vez mais crescentes. Segundo os técnicos
da Conab, o Matopiba produziu 8,7 milhões
de toneladas de soja na safra 2013/2014.
Na temporada 2014/2015, a produção da
oleaginosa teve aumento de 21,7% e che-
gou a 10,5 milhões de toneladas. A safra
do grão no território já representa 11% da
produção brasileira. A Bahia se destaca
com 2.940 kg/ha em produtividade e com
4,2 milhões de toneladas colhidas.
55
No ciclo 2013/2014, o Mato-
piba colheu 4,42 milhões de toneladas de
milho, obtendo uma variação positiva de
0,7% na safra seguinte, de 4,45 milhões
de toneladas – o que equivale a 5% do to-
tal nacional. O Maranhão foi o estado que
se sobressaiu na produção na temporada
2014/2015, com 1,3 milhão de toneladas.
Já o Piauí ganhou em produtividade, com
7.186 kg/ha.
O Matopiba também planta al-
godão em pluma. Em uma área de 315 mil
hectares, a produção na safra 2014/2015
chegou a 495 mil toneladas – a maior par-
te colhida na Bahia. Esse volume equivale
a 32% da produção brasileira. Tocantins é
o estado que se sobressai em produção
(605 mil toneladas) e produtividade (4.745
kg/ha) de arroz no Matopiba. Em 2014/2015 a região produziu 986
mil toneladas do cereal, ou 8% do total nacional.
Assistência técnica - Por suas peculiaridades, como
baixo preço das terras e uniformidade do clima, solo e relevo, que
permitem e facilitam a mecanização agrícola, a região tem atraído
agricultores de todo país. O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) pretende apoiar o crescimento sustentável
dos produtores com investimento em tecnologia, pesquisa em agri-
cultura de precisão e assistência técnica.
A Embrapa, que coordena o Grupo de Inteligência Ter-
ritorial Estratégica, é responsável por extenso trabalho feito sobre
o território, denominado de Desenvolvimento Territorial Estratégico
para Região do Matopiba, em parceria com o Incra/MDA. O decreto
nº 8.447, de maio deste ano, instituiu o Plano de Desenvolvimento
Agropecuário do Matopiba, que tem por finalidade promover e co-
ordenar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico
sustentável das atividades agrícolas e pecuárias que resultem na
melhoria da qualidade de vida da população.
56
Fruticultura
Projeto de Irrigação beneficia
produtores de frutas
e hortifrutigranjeiros em Tocantins
A
fruticultura tocantinense, atividade em franca expansão, tende a crescer com os
incentivos proporcionados pelo governo do Tocantins. O Estado conta com o pro-
jeto de irrigação São João, em Porto Nacional, onde se produzem atualmente
cerca de 160 mil toneladas de frutas e hortifrutigranjeiros, numa área de 800 hectares,
gerando uma receita anual de R$ 16 milhões.
O secretário do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins
(Seagro), Clemente Barros, destacou os incentivos do Governo do Estado para o cresci-
mento do setor. “Vamos implementar as ações de assistência técnica aos produtores do
projeto São João para que eles possam produzir frutas e abastecer o mercado da capital
e, posteriormente exportar para outros Estados”, projetou.
O plantio de açaí no São João é uma das novidades frutíferas para os pro-
dutores. O produtor Romildo Paixão iniciou o plantio de açaí, recentemente, apostando
no valor econômico do fruto. Nas safras 2015/16 a intenção é alcançar em torno de 100
hectares. “É um fruto de boa aceitação no mercado, portanto queremos implantar, em
Canal de irrigação do
Projeto São João, em Porto
Nacional, TO
FACTO
57
2015, uma indústria no assentamento para
processar o fruto e agregar mais valor no
produto”, disse.
Já o produtor de banana Mar-
cos Ribeiro cultiva uma área atual de 12
hectares de banana, mas a intenção para
a safra de 2016 é expandir essa área para
chegar aos 25 hectares e colher 360 tone-
ladas de banana. “O solo e clima do To-
cantins contribuem para chegar numa alta
produtividade da banana, aliada às tecno-
logias em manejos adequados da produ-
ção”, disse.
A produção de abacaxi cor-
responde a 50% da produção de frutas
do projeto São João. A produção total nas
safras 2015/16 deve alcançar 10 milhões
de unidades. O produtor Marcelo Galati é
um dos investidores desta fruta. Com uma
produção de 6 milhões de pés, pretende
inovar para conquistar mercado. “A inten-
ção é manter a produção e implantar uma
processadora para embalar o abacaxi des-
cascado”, destacou.
O projeto de irrigação São
João teve início em 2001 e compreende a
implantação de infraestrutura para irriga-
ção para hortifrutigranjeiros e fruticultores.
A localidade conta com produção de ba-
nana, maracujá, goiaba, mamão, melancia,
mandioca, açaí e coco, por meio de tecno-
logias avançadas de irrigação, gotejamen-
to e microaspersão.
Localizado à margem direita
do reservatório da usina Hidrelétrica Luiz
Eduardo Magalhães (rio Tocantins), no
sentido Palmas/Porto Nacional, pela rodo-
via TO-050, o projeto possui uma área total
de 5.129 hectares, sendo 3.654 hectares
de área irrigável. A área compreende 326
lotes para pequenos produtores e 38 em-
presariais.
R
equisitos fitossanitários para a importação de mudas de mo-
rango (Fragaria ananassa) produzidas na Espanha e para
frutos de uva (Vitis vinifera) in natura produzidos em Portugal
foram aprovados. As normas estabelecidas foram feitas com base
em procedimento específico de análise de risco visando proteger o
país da introdução de pragas.
Os carregamentos de uva de mesa de Portugal e mu-
das de morango da Espanha deverão vir acompanhados de certifi-
cados fitossanitários, atestando a ausência de pragas de importân-
cia quarentenária para o Brasil.
“As remessas de uva e de mudas de morango ainda se-
rão inspecionadas no ponto de ingresso pela fiscalização federal agro-
pecuária. Havendo motivos que justifiquem a coleta de amostras, estas
serão coletadas e enviadas para análise em laboratórios oficiais ou cre-
denciados ao Mapa”, diz o diretor de Sanidade Vegetal do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luís Rangel. Mudas de morango
(Fragaria ananassa)
Mapa define regras para
importação de uva e morango
Florafinder
5858
5959
Cooperativismo ajuda produtores a enfrentar criseO Brasil conta com cerca de 6,8 mil cooperativas ligadas à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), atuando em 13 ramos diferentes e reunindo mais de 11,5 milhões de associados. O modelo cooperativista se destaca especialmente em períodos de crise econômica, quando agrega talentos e organiza a produção de forma eficiente. Isso ficou evidenciado na crise global de 2009
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Cooperativismo ajuda produtores a enfrentar criseO Brasil conta com cerca de 6,8 mil cooperativas ligadas à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), atuando em 13 ramos diferentes e reunindo mais de 11,5 milhões de associados. O modelo cooperativista se destaca especialmente em períodos de crise econômica, quando agrega talentos e organiza a produção de forma eficiente. Isso ficou evidenciado na crise global de 2009

  • 1. 1 Safra pode alcançar 213,5 milhões de toneladas CTC inaugura complexo de laboratórios Alfafa pode reduzir custos de produção Usinas modelos da coragem nordestina GRÃOS BIOTECNOLOGIA LEITE PUMATYECRUANGI CadernoCaderno Ribeirão Preto SP • Outubro 2015 • Ano 17 • nº 200 • R$ 25,00 A cara do Brasil Cooperativismo A VOZ DO AGRONEGÓCIO
  • 2. 2
  • 3. 3 Editor Chefe: Doca Pascoal Reportagem: Alexandre Carolo, Doca Pascoal e Marcela Falsarella Colaboradores desta edição: Paolo Buzollo, Laís Forti Thomaz e Marcos Antônio Zordan Foto Capa: Ale Carolo / alecarolo.com Revisão: Agostinho Francisco Nicolas Editor Gráfico: Jonatas Pereira Contato: redacao@canamix.com.br Outras publicações da Agrobrasil: Guia Oficial de Compras do Setor Sucroenergético Revista CanaMix Portal CanaMix Publicidade: Alexandre Richards (16) 98828 4185 alexandre@canamix.com.br Fernando Masson (16) 98271 1119 fernando@canamix.com.br Marcos Afonso (11) 94391 9292 marcos@canamix.com.br Nilson Ferreira (16) 98109 0713 nilson@canamix.com.br Plínio César (16) 98242 1177 plinio@canamix.com.br Assinaturas: redacao@canamix.com.br Grupo AgroBrasil Av. Brasil, 2780 - 14075-030 Ribeirão Preto - SP 16 3446 3993 / 3446 7574 www.canamix.com.br Para assinar, esclarescer dúvidas sobre sua assinatura ou adquirir números atrasados: SAC 16 3446 3993 e 3446 7574 - 2º a 6º feira, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h. Artigos assinados, mensagens publicitárias e o caderno Marketing Rural refletem ponto de vista dos autores e não expressam a opnião da revista. É permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte. Diretor: Plínio César A VOZ DO AGRONEGÓCIO Plínio César Diretor Editorial Modelo de sucesso A matéria de capa desta edição é mais do que es- pecial. Estive em Pernambuco no início de outubro e testemunhei a alegria dos novos donos da Usina Cruangi, na Mata Norte do Estado. Em recuperação judicial, fechada desde 2012, a unidade produtiva foi arrendada pela Cooperativa do Agronegócio dos For- necedores de Cana (COAF) e voltou a operar em setembro deste ano. Centenas de plantadores de cana daquela região agora são fornecedores e proprietários da planta, que nesta safra pretende esmagar 400 mil toneladas de cana. Um ano atrás, o mesmo aconteceu com a usina Pu- maty, na Mata Sul pernambucana. A Cooperativa dos Produtores de Cana (AgroCan) assumiu a unidade que entra em sua segunda safra com boas perspectivas, já que no ciclo passado gerou um fa- turamento bruto de R$ 50 milhões. Este modelo de cooperativismo tem sido importante para reequilibrar o setor sucroenergético de Pernambuco e pode ser adotado em outros estados nordestinos. Parabéns ao Alexandre Lima (COAF) e ao Gerson Leão (AgroCan) pela liderança neste processo. Esta edição traz um conceito geral sobre cooperativis- mo e um breve histórico de como tudo começou, na Inglaterra do século 19. Fala sobre os pioneiros deste modelo no Brasil e revela que a cooperação se destaca especialmente nos períodos de crise, como esta que o País enfrenta atualmente. Entre os vários setores nos quais o cooperativismo atua, o agropecuário é o mais repre- sentativo. No segmento de cana, talvez seja a hora de considerar a possibilidade de utilizar este sistema para salvar as dezenas de usi- nas que fecharam no Centro-Sul. O Grupo AgroBrasil, através da revista Terra&Cia, está aberto para promover este tipo de discussão. Boa Leitura! Divulgação
  • 4. 4 08 Capa A hora é de cooperação 14 Entrevista Laís Forti Thomaz: País necessita de política estável e permanente Para o etanol 13 Caderno CanaMix Matéria de capa 18 - Produtores do Nordeste comemoram sucesso do cooperativismo 26 - Colaboradores retomam atividades motivados 28 - CCT da Cruangi é parceria na prática 29 - Feira em Recife reúne produtores de cana do NE 33 - Paulo Leal recebe medalha do Mérito Canavieiro 35 - Subvenção para 2015 está engavetada em Brasília Tecnologia Agrícola 36 - Novo implemento colhe cana em inclinação de até 31,5° Crise 38 - CEISE Br repudia projeto que reduz recursos do Sistema “S” 50 Grãos Safra brasileira de grãos pode chegar a 213,5 milhões de toneladas 60 Sustentabilidade Brasil tem tecnologia para reduzir emissões além da meta do Plano ABC Mercado 39 - Consumo interno de etanol ajuda na recuperação de preços Pesquisa & Desenvolvimento 42 - CTC inaugura complexo de laboratórios de biotecnologia 45 - Monsanto encerra negócios no mercado brasileiro de cana Eventos 46 - Udop e Stab realizam 8º Congresso Nacional da Bioenergia 47 - Seminário discute produtividade e redução de custos Sumário Produção Agropecuária 53 - Riquezas produzidas no campo somam quase R$ 481,4 bi 54 - Matopiba se destaca por sua vocação agrícola Fruticultura 56 - Projeto de Irrigação beneficia produtores de frutas e hortifrutigranjeiros em Tocantins 57 - Mapa define regras para importação de uva e morango Leite 64 - Alfafa pode reduzir custos na produção leiteira 66 - Agência de fomento libera R$ 75 mil para pequenos agricultores do sertão alagoano Agricultura Familiar 67 - Alagoas libera R$ 75 mil para pequenos produtores do sertão 68 - Bahia busca apoio da FAO para pequenos projetos agrícolas 69 - Extrativistas de 16 estados receberão apoio técnico Opinião 70 - A nova doença dos suínos brasileiros, por Paola Buzollo
  • 5. 5 Opinião Crise e cooperativismo *Marcos Antônio Zordan E u faço a apologia do cooperativismo porque sou apaixonado por essa doutrina de organização dos talentos e esforços humanos e, também, porque conheço seus resultados nas sociedades rurais e urbanas. Nesse cenário de crise polí- tica e econômica que vergasta importantes setores e gera inquietação em trabalha- dores e empresários, podemos constatar, com cristalina clareza, que as cooperativas contribuem para levar tranquilidade e confiança onde a incompetência do Estado e a ganância de homens públicos criaram instabilidades. Recentemente, no Fórum de Dirigentes que presidi em Florianópolis, dis- se que as cooperativas crescem nas crises – e isso não é retórica. Com sua vocação para agregar talentos, organizar a produção e buscar a eficiência, as cooperativas catarinenses registram altas taxas de crescimento, ano a ano, inclusive nos períodos de crise. Em 2014, por exemplo, o crescimento foi de 16% e, em 2015, ficará em torno de 12%. O resultado líquido (sobras) deve ficar abaixo do ano passado em razão da elevação dos custos, especialmente dos preços administrados pelo Governo, como combustíveis, energia elétrica, água, gás etc. As empresas de natureza cooperativista não têm privilégios tributários e não sofrem mais nem menos que as empresas mercantis em geral. Entretanto, o ca- pital humano que cada uma reúne permite agir e reagir com a força e a criatividade que somente o associativismo consegue proporcionar. A crise brasileira é endógena, gerada pelos erros da política macroe- conômica do governo federal. Durante os últimos 12 anos, a economia planetária registrou o maior crescimento da história de todos os países emergentes – exceto o Brasil. O quadro atual, marcado por recessão e inflação alta, configurando uma das piores patologias da atualidade, é uma criação genuinamente brasileira, revelando a deterioração dos fundamentos da economia, a inflação de 2015 fechará em 9,3% e o crescimento do PIB será de aproximadamente 1,8% negativos. Já sabemos que o PIB levará pelo menos dois anos para voltar a crescer. Nos doze ramos do cooperativismo, as sociedades cooperativas vencem o imobilismo, lançam novos produtos ou serviços, reinventam planos e programas, encaram a crise como um potencial de oportunidades e reagem com convicção, oti- mismo e firmeza. É assim que se constroem caminhos: avançar sempre, acovardar- -se, jamais. *Marcos Antônio Zordan é presidente da Organização das Cooperativas do Esta- do de Santa Catarina (OCESC) MB Comunicação Marcos Antônio Zordan
  • 6. 6
  • 7. 7 Obtenha melhor performance na produção e aumente seus resultados. O Promagma 2103® é um clarificante inorgânico que auxilia na remoção de materiais corantes. Entre suas vantagens competitivas estão: Maior uniformidade na formação dos cristais de sacarose. Maior rendimento de açúcar. Maior estabilidade na cor do açúcar durante a produção. Menor viscosidade nas massas cozidas. Menor consumo de insumos químicos, o que elimina a aplicação de tensoativos e enzimas. Melhora a filtrabilidade e flocos alcoólicos no açúcar final. www.prosugar.com.br Um produto com a qualidade Faça o máximo do VHP.
  • 8. 8 Capa A hora é de cooperação O Brasil conta com 6,8 mil cooperativas ligadas à OCB divididas em 13 ramos de atuação, com mais de 11,5 milhões de associados e em torno de 340 mil empregos diretos Uma cooperativa possui gestão democrática, na qual seus membros participam economicamente de forma igualitária, com autonomia, independência, transparência e forte senso comum TWCordoba Alexandre Carolo M ovimento livre da influência do Estado, o cooperativismo se revela um modelo surpreendente de ações voluntárias abertas, cujo conceito prevê a convivên- cia equilibrada entre o econômico e o social. Uma cooperativa possui gestão democrática e livre, na qual seus membros participam economicamente de forma igua- litária, com autonomia, independência, transparência e forte senso comum. É um mo- vimento universal, mas que, no Brasil, ganha contornos fundamentais e estratégicos, especialmente neste período longo de crise.
  • 9. 9 Márcio Lopes de Freitas: “As cooperativas são empreendimentos sustentáveis que valorizam a participação dos seus associados, a gestão democrática e o interesse pela comunidade” Diário do Poder De acordo com Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasilei- ras), o cooperativismo sempre fica mais forte em momentos de crise. “Foi assim em 2009, quando a economia global ba- lançou. Naquele momento, as cooperati- vas tiveram papel decisivo na recupera- ção econômica das regiões onde estavam instaladas. Tanto que a Organização das Nações Unidas homenageou nosso mo- delo de negócios, estipulando que 2012 seria o Ano Internacional das Cooperati- vas.” De acordo com Freitas, “as cooperativas são empreendimentos sus- tentáveis, que valorizam a participação dos seus associados, a gestão demo- crática e o interesse pela comunidade. O espírito da cooperação nos faz encontrar soluções inovadoras, capazes de gerar retorno financeiro não só para os coope- rados, mas para toda a comunidade. Um crescimento revertido em emprego, em renda e no aquecimento da economia como um todo.” De acordo com o documento Proposta do Sistema OCB à Presidência da República 2015-2018, enviado ano passado para os candidatos ao Planal- to, com ações e demandas do coopera- tivismo nacional, o Brasil possui mais de 6,8 mil cooperativas ligadas à entidade, distribuídas em 13 ramos de atividades (2013). O crescimento de cooperados nos últimos 10 anos foi de 87,9%, passando do patamar de 11,5 milhões de associa- dos. As cooperativas brasileiras geram hoje cerca de 340 mil empregos formais, crescimento de 83,2% na última década. A força do cooperativismo no mundo foi muito bem ilustrada no Relató- rio de Atividades 2014 da OCB. Baseado em dados de 2013, o documento mostra que se as 300 maiores cooperativas do mundo fossem um país, seriam a oitava economia mundial, com um PIB de US$ 2,2 trilhões – valor que corresponde ao fa- turamento/volume de negócios. Ou seja, é indiscutível que este modelo, além de socialmente justo, cujo conceito condena qualquer discriminação social, de gênero, racial, política ou religiosa, é um sistema economicamente eficiente. No Brasil, dos 13 ramos de atividades cooperativistas, a Agropecuá- ria é a mais representativa, tanto no nú- mero de cooperativas quanto na geração de empregos diretos. Este ramo, formado por cooperativas de produtores rurais ou agropastoris e de pesca, cujos meios de produção pertencem ao cooperado, é representado por cerca de 1,6 mil coo- perativas com mais de um milhão de as- sociados, gerando empregos para aproxi- madamente 165 mil pessoas. Quase metade (48%) das ati- vidades agropecuárias do País é formada por produtores associados ao coopera- tivismo. Dados do IBGE (2006) mostram
  • 10. 10 que a cultura do trigo conta com a parti- cipação de 74% de produtores coopera- dos. Em seguida aparecem a soja (57%); café (48%); algodão (44%); milho (43%); arroz (35%); e feijão (18%). De acordo com o ranking de 2012 da revista Exame, das 100 maiores empresas agropecuárias do Brasil, 16 são cooperativas que juntas possuem 179,3 mil associados e volume de vendas de R$ 30,8 bilhões. De acordo com o presiden- te da Cooperativa de Fornecedores de Cana de Açúcar (COAF) de Pernambuco, Alexandre Andrade Lima, a caracterís- tica essencial de uma cooperativa é ser uma organização democrática que atua no mercado para comercializar produtos e serviços, sendo que o associado é, ao mesmo tempo, dono e usuário. Ele afirma que o cooperativismo tem um forte com- ponente ideológico, mas admite que a adesão a este modelo possa ter um viés de “absoluta necessidade”. E foi esta “necessidade” que fez Alexandre encabeçar um movimento que tem ajudado centenas de plantado- res de cana da Mata Norte de Pernam- buco. A COAF decidiu arrendar a usina Cruangi, no município de Timbaúba, que enfrenta um processo de Recuperação Judicial. Fechada desde 2012, a unidade foi reativada em setembro deste ano, com a previsão de moer 400 mil toneladas de cana para produção de 350 milhões de litros de etanol hidratado. Colaboradores recuperaram seus empregos e autoestima e os fornecedores de cana sua fonte de receita. Em 2014, a mesma experiên- cia foi vivida pelos canavieiros da Mata Sul pernambucana. Organizados através da Cooperativa dos Produtores de Cana (AgroCan), sob a batuta do sindicalista e produtor rural Gerson Carneiro Leão, os Capa Ale Carolo / alecarolo.com Ale Carolo / alecarolo.com Segundo Alexandre Andrade Lima, o cooperativismo tem um forte componente ideológico, mas admite que a adesão a este modelo pode ter um viés de “absoluta necessidade” Gerson Carneiro Leão e o neto, que desde cedo já conhece a importância da cooperação
  • 11. 11 fornecedores arrendaram a usina Puma- ty, no município de Joaquim Nabuco. Já na primeira safra, que começou em no- vembro de 2014 e foi encerrada em maio deste ano, a usina faturou R$ 50 milhões, movimentação que rendeu aos cofres do Estado cerca de R$ 7 milhões em tributos. (Leia a matéria completa nesta edição) No Brasil - A cultura da coo- peração no País existe desde a época da colonização portuguesa. Contornos mais sistematizados são observados no final do século 19, com o Movimento Cooperativis- ta Brasileiro, organizado por funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários. A primeira cooperativa de con- sumo de que se tem registro no Brasil foi criada em 1889, denominada Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em Minas Gerais. No Rio Grande do Sul do fi- nal do século 19, os agricultores viviam em um contexto de dificuldades. Naque- le período, o padre jesuíta suíço Theodor Amstad, que vivia no Brasil desde 1885, identificou a necessidade de ir além da evangelização das comunidades. Em 1900, no município de Feliz, a 85 quilôme- tros de Porto Alegre, Amstad criou a Asso- ciação Interconfessional de Agricultores, com a participação de aproximadamente 5 mil agricultores, a maior parte formada por alemães e italianos. O padre jesuíta conseguiu unir agricultores que tinham na bagagem diferentes influências religiosas, uma vez Praça em Nova Petrópolis, RJ, que leva o nome do padre jesuíta suíço Theodor Amstad, criador da primeira cooperativa de crédito da América Latina Eugenio Hansen, OFS
  • 12. 12 Wikimedia Commons Pioneiros de Rochdale, grupo de tecelões que em 1844 formou a primeira cooperativa moderna do mundo, em Rochdale/ Manchester, na Inglaterra que fervilhavam na Europa os conflitos entre católicos e protestan- tes. A Amstad é atribuída a seguinte frase: “Se uma grande pedra se atravessar no caminho e vinte pessoas quiserem passar, não conseguirão se, uma a uma, procurarem removê-la individualmen- te. Mas, se vinte pessoas se unirem e fizerem força ao mesmo tem- po, sob a orientação de uma delas, conseguirão, solidariamente, afastar a pedra e abrir caminho para todos”. A dedicação do Padre Amstad lhe rendeu o apelido de “Pai dos Colonos”. A história conta que ele viajou 129 mil quilôme- tros, noite e dia, durante décadas, no lombo da sua mula “Diana”, para visitar os colonos de vários municípios, levando conforto espi- ritual e os incentivando a se organizarem em cooperativas. Amstad também foi responsável pela criação da Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos de Nova Petrópolis, do tipo Rai- ffeisen, hoje Sicredi Pioneira, primeira cooperativa de crédito da América Latina. O padre, que morreu em 1938 aos 87 anos, chegou a fundar 62 cooperativas de crédito, das quais oito ainda estão em funcionamento, sendo sete no Rio Grande do Sul e uma no município de Itapiranga, em Santa Catarina, a mais antiga em funcionamento naquele Estado. Do Rio Grande, o Cooperativismo de Crédito Rural se estendeu a vários outros Estados do País. Legislação - A Lei 5.764 de 1971, editada no período da ditadura militar, disciplinou a criação de cooperativas, mas res- tringiu a autonomia dos associados, interferindo na criação, funcio- namento e fiscalização do empreendimento cooperativo. Tal limita- ção, no entanto, foi superada pela Constituição Brasileira de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início à autogestão do cooperativismo. Pioneiros de Rochdale - A primeira cooperativa do mundo surgiu for- malmente na cidade de Rochdale - hoje um bairro de Manchester -, na Inglaterra, em 1844. O grupo formado por 28 tecelões é reconhecido como a primeira coopera- tiva moderna, a Rochdale Equitable Pio- neers Society Limited, a qual estabeleceu princípios morais e de conduta que são até hoje considerados a base do cooperativis- mo autêntico. O grupo criou um armazém que fornecia produtos a eles mesmos com preços abaixo do mercado. O sucesso da iniciativa se espalhou rapidamente e, em 1881, cerca de mil cooperativas de consu- mo já operavam em todo o planeta, com cerca de 550 mil associados.
  • 13. 13 Canadá MM15 Novo implemento faz colheita em inclinação de até 31,5º Mérito Canavieiro Paulo Leal, da Feplana, é homenageado em Recife Etanol Consumo interno ajuda na recuperação de preços USINA CRUANGIUSINA CRUANGIProdutores de PE comemoram sucesso do cooperativismo AleCarolo/alecarolo.com
  • 14. E N T R E V I S T A 14 | Laís Forti Thomaz País necessita de política estável e permanente para o etanol P esquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU), Laís concedeu entrevista ao Instituto de Políticas Públicas e Relações Interna- cionais (IPPRI) da Unesp para falar sobre a política energética dos EUA e de que forma ela influencia o mercado brasileiro do etanol. Segundo ela, o governo brasileiro manteve o preço da gasolina artificial por muito tempo, tornado o etanol pouco competi- tivo. A mudança dessa política, com a possibilidade de retorno gra- dual da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre a gasolina e derivados do petróleo, acende uma esperança, “mas não é suficiente”. O que motivou o governo dos EUA a substituir a ma- triz energética de combustível fóssil para biocombustível? Laís – Os choques do petróleo de 1973 e 1979 tiveram grande impacto na busca de alternativas aos combustíveis fósseis tanto no Brasil como nos EUA. As motiva- ções têm várias origens, entre elas garantir a segurança energética e se tornar menos dependente dos países importadores de petróleo, mitigar os efeitos das mudanças climáticas por meio da redução da emis- são de CO2 e agregar valor à cadeia pro- dutiva do milho, principal matéria-prima do etanol nos EUA. Desde 1978 existem incentivos à utilização do etanol na mistu- ra da gasolina por meio da Lei do Imposto de Energia (Energy Tax Act). Mas o gran- de impulso veio em 2004, quando o éter- -metil-terciário-butílico (MTBE, em inglês) foi banido como aditivo da gasolina por ser considerado nocivo. O seu substituto foi o Divulgação Laís: “Desde o final de 2011 o mercado de etanol entre Brasil e EUA é de livre comércio”
  • 15. E N T R E V I S T A 15 etanol, o que gerou uma demanda de pelo menos 10% na mistura de toda gasolina vendida naquele país. Como é a política energética dos EUA para o etanol? Laís – A partir de 2005, a po- lítica energética para o etanol se baseia no Renewable Fuels Standard (RFS), o qual é basicamente um mandado de demanda. Em 2007 o RFS foi ampliado e estabelece- ram uma meta de 36 bilhões de galões de etanol para o ano de 2022. Diante disso, foi feita uma projeção anual que estabele- ce metas de consumo, as quais são revisa- das pela Environmental Protection Agency (EPA). Vale ressaltar que dentro do RFS existe uma classificação dos combustíveis renováveis. O etanol de milho, considera- do convencional, não é tão eficiente quan- to o etanol de cana-de-açúcar, incluído na categoria de avançado. Para além do RFS, existem programas do U.S. Department of Agriculture (USDA) e do U.S. Department of Energy (DoE) que estimulam projetos de usinas de etanol de segunda geração por exemplo. O USDA acabou de lançar um projeto de estímulo à infraestrutura dos postos de combustíveis e promoção de bombas de combustível que ofereçam o E85 (combustível que contém até 85% de etanol na mistura) e de E15 (15% de eta- nol na mistura). Outros órgãos do gover- no, especialmente Forças Armadas e Ma- rinha, também estimulam a diversificação da matriz energética como forma de ga- rantir a segurança do país. Vale ressaltar que existe um lobby contrário muito forte, liderado pelos produtores de petróleo, que argumentam que tais políticas como o RFS fazem com que eles percam mercado. De que forma essa política influencia o mercado brasileiro de etanol para exportação? Laís – O setor agroenergéti- co brasileiro, juntamente com o apoio do Agroicone, comprovaram que o etanol de cana-de-açúcar brasileiro se encaixa na categoria de avançado dentro dos pa- drões do RFS. Com isso, os EUA são um mercado com potencial enorme para ex- portação do etanol brasileiro. Os Estados da Califórnia, Washington e Oregon tam- bém trabalham no sentido de banir o uso de etanol de milho por meio da criação do Low Carbon Fuels Standards (LCFS), o que acaba reforçando esse potencial. Mas se a demanda é certa, atualmente a oferta de etanol brasileiro não é das melhores. O ano de 2011 é um marco na política para o etanol nos EUA. O que aconteceu? Laís – No final de 2011, o Congresso americano encerrou suas ati- “O setor se sente traído pelo governo desde a descoberta do pré-sal” vidades sem ter renovado o VEETC (Volu- metric Ethanol Excite Tax Credit), um crédi- to tarifário por galão de etanol, destinado aos misturadores de etanol na gasolina, além do imposto de importação, o qual era composto pela alíquota de 2,5% ad valo- rem, de responsabilidade da United State International Trade Commision (USITEC) mais uma tarifa secundária de US$0.54 por galão importado (US$0.143 por litro). Por muito tempo, essa era uma demanda da UNICA (União da Indústria de Cana-de- -açúcar). Vários são os motivos que con-
  • 16. E N T R E V I S T A 16 | Laís Forti Thomaz tribuíram nesse desfecho. Entre os fatores internos, destacam-se alterações nas es- tratégias e recursos das coalizões de defe- sa do etanol. Entre os externos, a posição de liderança mundial nas exportações do etanol, atingida em 2011, mudanças de co- ligações de governo advindas das eleições de 2010, mudanças na opinião pública no debate sobre biocombustíveis e alimentos, surgimento de novas alternativas energéti- cas, bem como cortes orçamentários para diminuir o déficit público advindo da crise financeira de 2008. Minha tese de doutora- do foca exatamente em demonstrar como foi esse processo e quais desses fatores realmente foram decisivos. Por essa razão, o estágio de Pesquisa nos EUA foi funda- mental, já que pude ter acesso a funcio- nários do governo, lobistas e acadêmicos que são especialistas e participaram des- ses acontecimentos. Essa mudança na política de subsídios dos EUA beneficia o Brasil? Laís – Beneficia no sentido de que o etanol brasileiro pode ter acesso ao mercado norte-americano sem ser taxado. Ou seja, desde o final de 2011 o mercado de etanol entre Brasil e EUA é de livre comércio. É sustentável a política de produção de etanol no Brasil? Laís – A produção de etanol no Brasil passou por uma evolução nos úl- timos anos. Estima-se que desde a criação do Pró-Álcool foram gerados 1 milhão de em- pregos diretos e cerca de 42% do consumo da gasolina foram substituídos por etanol, o que valeria dizer que houve uma redução de 800 milhões de toneladas de gás carbô- nico equivalente. A colheita foi mecanizada, o que tecnicamente pôs fim as queimadas e exigiu uma mão de obra mais qualificada. Além disso, como subprodutos da cana-de- -açúcar, ainda podem ser gerados eletrici- dade e bioplástico, por exemplo. Atualmen- te, o etanol de segunda geração ou etanol celulósico está sendo produzido nas Usinas da GranBio em Alagoas e Raízen em Piraci- caba, SP. A Usina São Manoel, em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira, tem capacidade de processar 100 toneladas de biomassa por dia. As usinas da Odebrecht e a Petrobras estimam atingir escala comer- cial em 2016. Por outro lado, o setor se sente traído pelo governo desde a descoberta do pré-sal. A partir de então, juntamente com os efeitos da crise de 2008, o setor está pas- sando por um momento complicado. O go- verno brasileiro manteve o preço da gasolina artificial por muito tempo, fazendo com que o etanol não se tornasse tão competitivo. Ago- ra que abandonou essa política e inclusive estabeleceu o retorno gradual da Contribui- ção de Intervenção no Domínio Econômi- co (CIDE) sobre a gasolina e derivados do petróleo, existe uma esperança, mas não é suficiente. “O etanol de milho, considerado convencional, não é tão eficiente quanto o etanol de cana-de-açúcar, incluído na categoria de avançado” Divulgação
  • 17. E N T R E V I S T A 17 www.quimicareal.com.br Tel: +55 (31) 3057.2000 Fax: +55 (31) 3057.2036 Proteja seu fermento nas paradas por chuva com Kamoran e HJ Emulsão!!
  • 18. 18 Capa (cont.) Produtores do Nordeste comemoram sucesso do cooperativismo União de forças transforma plantadores de cana em proprietários de usinas em Pernambuco, com um modelo de gestão transparente que resgata empregos e autoestima dos trabalhadores, além de gerar riqueza para o Estado Alexandre Carolo, de Recife M odelo de gestão relativamente simples, largamente adotado em outras culturas agrícolas no Brasil, o cooperativismo já é uma realidade de sucesso no setor su- croenergético da região Nordeste. Em setembro de 2015, duas unidades indus- triais de Pernambuco iniciaram a safra canavieira 2015/16 seguindo este sistema. As usinas Cruangi, na Mata Norte, e a Pumaty, na Mata Sul do Estado, podem alcançar uma moagem superior a 1 milhão de toneladas de cana na atual temporada, prevista para terminar em Divulgação
  • 19. 19 Usina Pumaty, no município de Joaquim Nabuco, experimenta o modelo de cooperativismo desde a safra 2014/15 maio de 2016. Em processo de recuperação judicial, após um período de paralisação de atividades que quase sucateou as instala- ções, as usinas podem gerar aos cofres do Estado algo em torno de R$ 100 milhões na safra 15/16. Desafio este que tem mobiliza- do milhares de produtores de cana-de-açú- car que aceitaram participar de um modelo de gestão onde os cooperados dividem responsabilidades e riscos, mas também lucros. O resgate dos ganhos e da autoesti- ma dos trabalhadores, além do aumento de receita para o Estado, são legados desta iniciativa. A usina Pumaty, localizada no município de Joaquim Nabuco, a 123 qui- lômetros da capital Recife, experimenta o modelo de cooperativismo desde a safra passada, iniciada em se- tembro de 2014, e que gerou um faturamento de R$ 50 milhões, movi- mentação que rendeu aos cofres públicos cerca de R$ 7 milhões em tributos. A unidade foi reativada a partir da iniciativa de produtores de cana ligados à Associação dos Fornecedores de Cana de Pernam- buco (AFCP) e ao Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindicape). Antes de retomar as operações, em setembro do ano passado, a Pumaty permaneceu dois anos fechada, comprometendo o emprego de mais de quatro mil trabalhadores e gerando um exce- dente de produção de 700 mil toneladas de cana. Diante da crise, os plantadores se viram obrigados a reagir sob o risco de desencadear um sério desequilíbrio econômico e social na região. Com isso, a ad- ministração da unidade passou a ser compartilhada pelos produtores, através da Cooperativa dos Produtores de Cana (AgroCan). O grupo contou com o apoio do governo do Estado, que promoveu uma queda de 50% na carga tributária das operações com etanol hidratado - álcool comum vendido nos postos - e, posterior- mente, a redução nas alíquotas do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) do eta- nol, de 25% para 23%. Já a alíquota da gasolina subiu de 27% para 29%, mudança que deve incentivar a substituição do combustível fós- sil pelo renovável. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, destacou, durante a cerimônia de início de safra, a importância da recupera- ção dos empregos diretos e indiretos, além do incremento econômico que a usina Pumaty representa para a região da Mata Sul. “Estamos mostrando ao Brasil, onde muita coisa está fechando, que nós aqui na Zona da Mata pernambucana estamos reabrindo usinas; fazendo com que emprego e renda sejam gerados de maneira muito mais efe- tiva, e de maneira muito mais rápida e ágil.” Sobre a política do governo federal para o setor sucro- energético pernambucano, o chefe do Executivo estadual disse que não se pode deixar de trabalhar, “esperando que as intuições públi- cas federais voltem a funcionar em favor do crescimento econômi- co, em favor da geração de empregos. Nós temos que fazer com que Pernambuco não pare. Que Pernambuco volte a gerar emprego, cada vez mais”, disse Câmara, destacando o crescimento do setor em 2015, mesmo em cenário de crise, sendo 8% no primeiro trimestre e 7% no segundo trimestre. Motivados pelo desempenho positivo alcançado pela Pumaty, que está sob a batuta do presidente do Sindicape e AgroCan, Gerson Carneiro Leão, plantadores de cana da Mata Norte também
  • 20. 20
  • 21. 21
  • 22. 22 Cooperativa reativou a destilaria da Cruangi no dia 15 de setembro com a previsão de moer 400 mil toneladas de cana no ciclo 2015/16 decidiram se unir para administrar a usina Cruangi, em Timbaúba, a 108 km de Recife. Sob a coordenação do presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, o grupo coopera- do reativou a destilaria no dia 15 de setem- bro com a previsão de moer 400 mil tonela- das de cana no ciclo 2015/16. A produção de etanol hidratado está estimada em 350 milhões de litros. A exemplo da Pumaty, os co- operados da Cruangi fizeram um investi- mento inicial de R$ 10 milhões e firmaram um contrato de locação da unidade fabril que prevê o repasse de 4% do faturamento Capa (cont.) Ale Carolo / alecarolo.com Colaboradores da Usina Cruangi vestem o uniforme da empresa, que é de todos Divulgação COAF
  • 23. 23 para a conta-depósito do processo de re- cuperação judicial da unidade, que estava fechada desde 2011. Quando paralisaram as operações, a usina tinha uma dívida de cerca de R$ 8 milhões com os fornecedores de cana, além de outro montante em passi- vos trabalhistas. A usina está sendo admi- nistrada pela Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana (COAF). Apoio - Em 2014, mesmo em meio a uma das maiores crises da história do sucroenergético, a COAF conseguiu um faturamento de R$ 4 milhões, com uma sobra de R$ 208 mil, dos quais R$ 108 mil foram aplicados em um fundo de investi- mento e o restante distribuído entre os co- operados. “Este montante repartido propor- cionou para cada um dos beneficiados um volume de compras de produtos dentro da própria cooperativa deles”, disse Alexandre Andrade Lima. Segundo o presidente da en- tidade, fundada há quatro anos, a partilha das sobras contribui para fortalecer o gru- po, uma vez que incentiva os seus coo- perados a adquirirem produtos nela. Lima lembra que a COAF foi criada com o objeti- AleCarolo/alecarolo.com Alexandre Andrade Lima está à frente da COAF, cooperativa que reequilibrou o mercado de fornecimento de cana na Zona da Mata Norte de Pernambuco vo de diminuir os custos de produção dos cooperados em relação à aquisição de insumos para o canavial, como herbicidas, inseticidas, fungicidas, ferramentas e equipamentos diversos. Desde a sua cria- ção, comercializa produtos com preços abaixo do valor de mercado. A expectativa a partir de agora é que o desempenho da COAF seja ainda maior, por conta da diversificação do mix de produ- tos, que está sendo ampliado para o segmento pecuário, atendendo a uma demanda do próprio setor canavieiro. “Com a diversificação das áreas de cana se convertendo em pecuária, começamos a co- mercializar sementes, arames e outros tipos de produtos de acordo com as necessidades dos nossos cooperados”, observa Alexandre. Futuro - Com as boas perspectivas, a Cruangi já plane- Colônia onde vivem alguns dos colaboradores da usina Cruangi. Salto de qualidade de vida após reativação da unidade Ale Carolo / alecarolo.com
  • 24. 24 ja retomar a produção de açúcar em 2017. Para isso, a COAF pretende fazer investi- mentos nas instalações do galpão, entre ou- tras adequações industriais. Durante a safra, os cooperados também pretendem investir na recuperação de uma caldeira que ficou deteriorada pelo tempo de inatividade. Aos poucos, a unidade vai tomando forma. Cerca de 350 colaboradores atuam diretamente na usina, todos sem medir esforços, com o pro- pósito de tornar a empresa lucrativa e dividir a receita de forma mais justa. De acordo com Alexandre Lima, neste sistema de cooperativa o plan- tador de cana consegue aumentar suas margens, uma vez que o modelo leva a um ponto de equilíbrio, sem tanta influência do que o mercado dita. O dirigente da asso- ciação reforça que se trata de um sistema mais justo e transparente, no qual todos os cooperados são agentes fiscalizadores das atividades e do desempenho, desde o plan- tio até o produto final. Esta configuração de negócio, por si só, é capaz de reestabelecer a relação de confiança entre usina e forne- cedores, por exemplo. No olho do furacão da crise, durante o fechamento da Pumaty e Cruan- gi, a situação dos plantadores de cana do Estado já não andava nada bem. Segundo Lima, os produtores sofreram com o atraso ou inadimplência das usinas. Com a mar- gem apertada, em meio a discussões e questionamentos referentes ao ATR, além da difícil relação pessoal entre plantadores e usinas, a classe dos produtores de cana só não ruiu de vez por conta de um subsídio do governo, que ajudou, mas não o suficien- te para permitir investimentos, por exemplo, em tratos culturais. A Cooperativa de Fornece- dores de Cana (AgroCan), que administra a Pumaty, beneficia aproximadamente 1,2 mil fornecedores ativos, dos quais 98% são pequenos produtores. Já a Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana (COAF), da Cruangi, conta com cerca de 700 cooperados. Com a reativação das duas unidades industriais, o sorriso de mi- lhares de produtores e seus familiares que vivem nas regiões de atuação da usina vol- taram a refletir a alegria do povo pernambu- cano, de um dos mais tradicionais estados canavieiros do Brasil. Parte do conselho de administração da usina Cruangi Desempenho positivo alcançado pela Pumaty, que está sob a batuta do presidente do Sindicape, Gerson Carneiro Leão, motivou a reabertura da Cruangi Ale Carolo / alecarolo.com Ale Carolo / alecarolo.com
  • 25. 25 Variedades CTC. Novas e com 46 anos de experiência. Precocidade com alto teor de açúcar. Força e robustez gerando mais produtividade. Power CTC9004M e Sweet CTC9005HP. De um lado produtividade, do outro alto teordeaçúcar.Masacimadetudo,oconhecimento,aexperiênciaeavisãoinovadora da marca CTC, construídas em mais de quatro décadas de desenvolvimento e melhoramento genético. O resultado? Variedades com qualidades únicas.
  • 26. 26 Capa (cont.) Colaboradores retomam atividades motivados A os 44 anos, metade deles casado, pai de três filhos - Paulo André, Paulo Alexandre e Paulo Oberdan - Paulo Roberto dos Santos mora nas de- pendências da usina Cruangi há 24 anos. Começou a atuar em pequenos serviços de elétrica e foi ganhando experiência até assumir responsabilidades na área de ser- ralheria mecânica. Quando a usina fechou as portas, em 2012, Paulo ficou quatro me- ses sem receber salário. Apaixonado pela usina, passou apertado, mas nunca per- deu as esperanças. Durante os mais de três anos de interrupção das atividades na Cruangi, Paulo foi trabalhar na área de rolamento de motores, em uma empresa próxima à usina. Em uma manhã, acompanhando a entrevis- ta do presidente da Associação dos Forne- cedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima, em uma rádio lo- cal, ficou sabendo que a usina iria retomar as operações e que muita gente iria reaver seus empregos. Mais do que depressa, Paulo entrou em contato com a AFCP. Ao receber a notícia de que seria recontratado, Paulo chorou. “Nunca perdi a esperança”, conta. O colaborador a partir de então prometeu a si mesmo que faria o que fosse possível para ver a usi- na operar em sua plenitude novamente. “Quando eu vim pra cá tive que ‘me virar nos 30’ para dar conta do trabalho e fazer de tudo para a usina partir na data combi- nada. Tenho muito a agradecer a todos que me apoiaram, principalmente a associação e a cooperativa, que confiaram no meu tra- balho”, disse Paulo. “Amo o que faço”. A afirma- ção é de Shirlene Maria da Silva, atual- mente responsável pelo departamento de compras da Cruangi. Casada com Francis- co Antônio, que hoje atua na oficina mecâ- nica da usina, Shirlene, mãe de um garoto de 13 anos, ficou em prantos quando se viu obrigada a sair da unidade em 2012, após 14 anos e oito meses de trabalho. Na ocasião, a empresa estava atrasada com o pagamento de salários e tornou a situação insustentável. Shirlene entrou na usina aos 18 anos, a partir da “escolinha”, um pro- grama cujo objetivo era dar oportunidades para filhos de funcionários da usina. Ela passou por um treinamento de seis meses e foi contratada inicialmente como auxiliar de escritório. “Em seguida passei a ser au- xiliar de compras e posteriormente assumi a função de compradora”, conta, orgulho- sa da carreira. Ao sair da usina, em 2012, Shirlene passou a atuar na área de com- pras em uma empresa fabricante de tape- tes de borracha para veículos. Ao saber, através de amigos e colegas, que a Cruangi seria reativada, Shirlene se animou. Não demorou muito para o engenheiro químico Plácido Borba, responsável pelas indicações de antigos colaboradores para a nova fase da usina, convidar Shirlene para voltar ao trabalho. “Fiquei muito feliz. Aceitei de imediato. Quando se começa a amar uma usina, é Paulo, 44 anos, que mora na colônia da Usina Cruangi desde os 20, se emocionou ao ter seu emprego de volta Artur Aranha Neto afirma que a usina é de todos. Todos são fiscais, cobram, buscam resultados e acima de tudo trabalham com motivação, do campo à indústria Ale Carolo / alecarolo.com Ale Carolo / alecarolo.com
  • 27. 27 Shirlene entrou na usina como aprendiz aos 18 anos. Depois do susto de ver o fim da unidade tão de perto, em 2012, está aliviada por ter reassumido a coordenação de compras da empresa este ano Ale Carolo / alecarolo.com pra sempre”, disse a colaboradora que vive com a família no mu- nicípio de Aliança, próximo à usina, na Zona da Mata Norte do Estado. Experiência - Quatro décadas cultivando cana fo- ram suficientes para que Artur Aranha Neto, de 62 anos, pudesse afirmar que o cooperativismo é realmente o modelo ideal para reequilibrar o setor sucroenergético de Pernambuco. Proprietário de uma área de 120 hectares, na qual produz 9 mil toneladas de cana, Artur é um dos conselheiros administrativos da COAF e atua na área de operações agrícolas na área de recepção da usina Cruangi. Pai de Artur Filho, 36 anos, e de André, 34, Artur explica que neste sistema de gestão o compromisso dos co- operados vai além do que é satisfatório para administrar uma empresa sucroenergética. Isso porque a usina é de todos. To- dos são fiscais, cobram, buscam resultados e acima de tudo trabalham com motivação, do campo à indústria. Realmente não é preciso andar muito para encontrar cooperados e cola- boradores satisfeitos, que vivem um momento de recuperação financeira, muito trabalho, resgate da autoestima, fé e, acima de tudo, esperança. (AC) 2727 Embalado em saches hidrossolúveis de 100 gramas em baldes invioláveis de 8 kg. Ingrediente ativo: Monensina Sódica 100% Protemosto LAM é uma atividade padrão antimicrobina com Monensina Sódica. É eficaz contra uma grande variedade de bactérias Gram-positivas que normalmente infectam a fermentação do etanol combustível. Fale com nosso escritório: vendas@lallemand.com +55 62 3507 6200
  • 28. 28 Capa (cont.) CCT da Cruangi é parceria na prática “ Estamos juntos”. A expressão capaz de sintetizar o significado de parceria, companheirismo e fidelidade é a tônica do coopera- tivismo sucroenergético em Pernambuco. A área de Corte, Car- regamento e Transporte de Cana (CCT) da Cruangi é um exemplo disso. O coordenador do CCT da usina, Francisco Rabelo, faz ques- tão de ressaltar o espírito colaborativo dos plantadores que integram a Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana (COAF), que administra a unidade industrial. Na antiga gestão, que durou até 2012, todos os equipa- mentos da área de CCT da usina eram próprios. Com o fechamento da planta, os produtores de cana tiveram que comprar suas máqui- nas para poder continuar a fornecer a matéria prima. Hoje, com o sistema de cooperativa, o planejamento de corte, carregamento e transporte é feito a partir de uma planilha que distribui o conjunto de equipamentos para que a atividade seja feita com menor custo, considerando distâncias, topografias, entre outras variáveis. Francisco é o responsável por essa distribuição, que respeita o senso comum da frase “o que é meu é seu”. O coorde- nador trabalhou durante 15 anos na gestão anterior da Cruangi. Em 2008 foi coordenar o CCT da usina Cucaú, em Rio Formoso. Este ano, com a retomada da Cruangi, aceitou o convite para retornar à usina, na mesma função. “Voltei por acreditar neste modelo de cooperativismo, onde todos dividem lucros e dividendos. Acho um sistema justo e transparente. Como sou um pequeno produtor de Ale Carolo / alecarolo.com cana, estou aqui”, conta. Com uma pequena área equivalente a três mil toneladas de cana, Francisco, que mora em Recife e passa a semana na usina, direciona toda sua pro- dução para a Cruangi. Com três frentes de CCT 100% terceirizada, ele afirma que a usina cooperada tornou-se um ponto de equilíbrio para a região. “As outras usinas passaram a negociar o preço da cana de uma forma mais justa”, revela Francisco, que ainda tenta receber o pagamento pela cana fornecida a algumas usinas inadim- plentes. Em relação ao resgate da confiança dos fornecedores de serviços, peças e demais insumos à usina, tanto na agrícola quanto na indústria, Francisco afirma que a situação já está voltando ao normal. Isso porque a usina possui hoje um controle minucioso de suas contas, atreladas a um processo de recuperação judicial, que garante o cumprimento de no- vos contratos. Ou seja, os anos de descon- fiança do mercado por conta da má gestão anterior já estão ficando para trás. Para ele, os investimentos ocorrerão com o tempo. Na área de CCT, Francisco afirma que há necessidade de mais alguns tratores e máquinas Bell, ca- pazes de carregar a cana queimada em locais inclinados, típicos da região Nor- deste onde ficam as plantações de cana. Colhedoras convencionais, utilizadas na região Centro-Sul, onde os canaviais são planos, em sua maioria, não conseguem operar em inclinações elevadas. Portanto, equipamentos adaptados e experimentais ainda são necessários. (AC) Francisco Rabelo está à frente do setor de CCT da Cruangi e destaca o espírito colaborativo dos plantadores de cana que integram a COAF
  • 29. 29 Feira em Recife reúne produtores de cana do NE Alexandre Carolo, de Recife P alestras técnicas, rodadas de negócios, exposição de produtos, implementos e insumos agropecuários, além de lançamentos que podem mudar a dinâmica de colheita de cana no Nordeste, deram a tônica da IV NorCana, feira voltada aos produtores de cana, realizada dias 5 e 6 de outubro de 2015 na sede da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), em Recife, PE. Na oportunida- de, centenas de fornecedores, especialistas e autoridades do segmento canavieiro do País, estiveram reunidos para troca de informações. A NorCana é promovida pela AFCP em parceria com a Cooperativa de Fornecedores de Cana-de-açúcar (COAF). Na edição de 2015, o evento contou com a participação do secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, que proferiu uma palestra inaugural sobre políticas agrícolas. Na oportunidade, Jardim elogiou a iniciativa das cooperativas AgroCan e COAF, que assumiram a retomada das usinas Pumaty e Cruangi, ambas em recuperação judicial, promovendo assim um ree- quilíbrio do setor canavieiro em Pernambuco. O secretário paulista disse que pretende agendar uma visita do governa- dor do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, às instalações das usinas pernambu- Cerimônia de abertura da NorCana 2015 reuniu fornecedores de cana, representantes de sindicatos e associações de plantadores e autoridades políticas Ale Carolo / alecarolo.com
  • 30. 30 canas administradas pelas cooperativas, para mostrar o modelo que tem sido bem sucedido no estado. O setor sucroenergé- tico de São Paulo, que é o principal Es- tado produtor de cana-de-açúcar, passa por dificuldades com o fechamento de dezenas de unidades industriais que não resistiram às dificuldades financeiras e à falta de política federal de incentivo à cul- tura da cana. Segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), desde 2008 foram fechadas 80 unidades produtoras na região Centro-Sul do Brasil. Só este ano, 10 usinas deixaram de ope- rar e a previsão é de que outras encerrem as atividades em 2016. As mais de 120 companhias associadas à Unica na região Centro-Sul do Brasil são responsáveis por mais de 50% do etanol e 60% do açúcar produzidos no País. Como o modelo de coope- rativismo tem dado certo em usinas que estão em recuperação judicial em Per- nambuco, a intenção de Arnaldo Jardim e dos representantes dos fornecedores nordestinos, organizados em associações e sindicatos, é mostrar a Geraldo Alckmin que este sistema pode ser adotado em unidades paulistas que estejam vivendo esta realidade de crise. A iniciativa foi aplaudida pelo presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-açúcar no Estado de Pernam- buco, Gerson Carneiro Leão, que quan- do esteve à frente da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) le- vou a ideia do cooperativismo a vários for- necedores de cana do Centro-Sul. “Tenho mais de 30 anos de atuação em sindica- tos e sempre acreditei no cooperativismo Gerson Carneiro Leão: “Tenho mais de 30 anos de atuação em sindicatos e sempre acreditei no cooperativismo como modelo ideal de gestão para o setor de açúcar e álcool” Arnaldo Jardim elogiou a iniciativa das cooperativas AgroCan e COAF, que assumiram a retomada das usinas Pumaty e Cruangi, ambas em recuperação judicial Ale Carolo / alecarolo.com Ale Carolo / alecarolo.com
  • 31. 31
  • 32. 32 como modelo ideal de gestão para o setor de açúcar e álcool”, disse o dirigente. Essa troca de experiências é válida também no âmbito dos benefícios fiscais. Segundo Arnaldo Jardim, o gover- nador Geraldo Alckmin está empenhado na recuperação e fortalecimento do setor sucroenergético ao manter o menor per- centual de ICMS sobre a venda do etanol hidratado, de 12%, e na promoção de isenção fiscal para o retrofit de caldeiras e turbinas para incentivar a cogeração, simplificando com isso a cadeia tributária do setor. Um exemplo que pode ser adotado nos estados do Nordeste. Per- nambuco já segue esta linha de apoio ao setor, com a recente decisão de baixar a alíquota do ICMS do etanol hidratado de 25% para 23%. Segundo o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, duran- te a NorCana 2015, o secretário paulista Arnaldo Jardim e o secretário de Agricul- tura e Reforma Agrária de Pernambuco, Nilton Mota, também começaram a dis- cutir a possibilidade da formação de con- vênios de cooperação para verticalizar as atividades de apoio ao setor nos dois Estados. Lima acredita que a criação de uma força conjunta que possa pres- tar assessoria técnica às cooperativas seja fundamental para garantir melhorias de produtividade, um dos maiores desa- fios da região Nordeste. “Podemos, por exemplo, trabalhar para viabilizar a utili- zação de melhores variedades de cana e tecnologias de irrigação para que a quali- dade da matéria-prima melhore”, observa o dirigente, que também busca parceiros fornecedores de bens de capital, equipa- mentos, insumos e serviços que possam agregar valor aos novos projetos basea- dos no cooperativismo. Ale Carolo / alecarolo.com Presidente da AFCP, Alexandre Lima; o secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim; e o presidente da AgroBrasil, Plínio César
  • 33. 33 Paulo Leal recebeu a comenda das mãos do presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Lima Paulo Leal recebe medalha do Mérito Canavieiro D esde a primeira edição, em 2012, a NorCana tem destacado personali- dades do setor agroindustrial e do segmento político pelos serviços prestados em defesa da manutenção e fortalecimen- to da cultura canavieira na região Nordes- te. Este ano a medalha do Mérito Canaviei- ro foi entregue ao presidente da Federação Nacional dos Produtores de Cana (Fepla- na), Paulo Sergio de Marco Leal. A honra- ria é conferida pela União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida). Paulo Leal recebeu a comen- da das mãos do presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambu- co (AFCP), Alexandre Lima. Representan- tes de associações e sindicatos dos for- necedores de cana, além de autoridades políticas, prestigiaram a solenidade que aconteceu na noite do dia 5 de outubro, na sede da AFCP, em Recife, PE. Na oportu- nidade, Paulo Leal destacou a importância das entidades nordestinas ligadas ao setor sucroenergético para o fortalecimento da atuação da Feplana, como representante de classe em Brasília, DF. Em seu discurso, o presidente da Feplana destacou o potencial do setor de açúcar, álcool e bioenergia como gera- dor de riquezas e divisas para o Brasil, mas também criticou os equívocos cometidos pelo atual Governo Federal, especialmente por conta da retirada gradual da Contribui- ção de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e a opção de se manter artificial- mente congelados os preços da gasolina, causando uma concorrência desleal com o etanol. “Nesses anos de congelamento, os custos de produção subiram assustado- ramente, sem contar os custos ambientais e trabalhistas aos quais tivemos que nos adaptar”, disse Leal. De acordo com Paulo Leal, a retirada gradual da Cide, até zerar em 2012, causou um imenso descompasso entre os preços da gasolina e do etanol. A importância desta Contribuição encon- tra eco inclusive dentro do próprio Gover- no, uma vez que a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, tem defendido a elevação da Cide sobre a gasolina como forma de aumentar a com- petitividade do álcool combustível (etanol) e a sua participação na matriz energética nacional. Outro defensor da Cide é o presidente da Empresa de Pesquisa Ener- gética (EPE), Maurício Tolmasquim. No fim de setembro, durante a Conferência Inter- Ale Carolo / alecarolo.com
  • 34. 34 Capa (cont.) nacional de Energia realizada na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham), Tolmasquim disse que “para o merca- do do etanol seria muito importante sair a elevação da Cide. Outra coisa importante é que a desvalorização do real ajuda o etanol, já que o etanol é produzido em reais no Brasil e o petróleo é alinhado ao mercado externo”. Durante a NorCana, Paulo Leal conversou com a repor- tagem da Terra&Cia sobre o grave problema do aumento do custo de produção. “Com o fim da queima da palha da cana, a mecaniza- ção, que deveria ser uma aliada para reduzir nossos custos de pro- dução, chegou como vilã, pois tivemos novamente que sistematizar nossos canaviais, além de mudar as variedades de cana que ainda não estavam adaptadas ao corte mecânico, diminuindo desta forma a vida útil dos canaviais.” Como próximos desafios, Leal destaca a necessidade de reestabelecer a situação financeira da indústria, que iniciou a temporada no Centro-Sul, em abril deste ano, devendo quase uma safra e meia, cerca de R$ 80 bilhões. O presidente da Feplana tam- bém lamenta que, de 2008 para cá, mais de 80 usinas quebraram, mais de 40 não moeram este ano e quase 50 entraram em recupera- ção judicial. “Precisamos de um programa robusto de recuperação de ativos, não só para o setor industrial como também para o setor agrícola.” Paulo também questiona a lentidão no desenvolvimento de um motor flexfuel - que funciona com etanol hidratado ou gasolina - com melhor desempenho. “Não é possível que se passaram mais de duas décadas e ainda não houve melhorias no desempenho des- ses motores. Parece-nos que isto interessa a alguém.” A Feplana tem defendido algumas bandeiras em Bra- sília, alinhadas ao que o setor busca. Paulo Leal tem defendido a criação de um seguro-renda ou uma política de garantia de preços mínimos que, segundo ele, ainda encontra objeção em alguns Mi- nistérios. “Precisamos fortalecer nossas associações, de forma a melhorar as negociações com as indústrias e a convivência com os associados. Também temos que incentivar e apressar a transgenia da cana, além de mostrar à sociedade os benefícios ou as externa- lidades positivas do etanol.” Segundo Leal, “a sociedade brasileira aparenta não ver as externalidades positivas do etanol, pois esquece que se trata de uma energia limpa, renovável e genuinamente brasileira. A socie- dade olha apenas o preço e abastece seu veículo com combustível mais barato, que nem sempre é o melhor para o País, nem sempre é o melhor para os brasileiros”, observa. Em recente discurso em Brasí- lia, Paulo Leal criticou o aumento de juros do Plano Safra. “Saímos de 6,75% para 8,75%, causando um prejuízo aos nossos produtores de R$ 1,8 bilhão, saindo de 4,5 bilhões para 3 bilhões, diminuindo, assim, o financiamento do Programa ABC (Agricul- tura de Baixo Carbono) e aumentando de 4,5% para 9% os juros do ModerFrota. Mais uma vez, nosso setor está servindo como mourão de aroeira, suportando o PIB nacio- nal e, agora, ainda, sendo penalizado com o aumento de juros. É preciso não esquecer que parte desse dinheiro é oriundo dos re- cursos obrigatórios dos bancos nacionais. Assim, não dá para engolir esse aumento de juros criado pelo Governo.” (AC) De acordo com Paulo Leal, a retirada gradual da Cide, até zerar em 2012, causou um imenso descompasso entre os preços da gasolina e do etanol AleCarolo/alecarolo.com
  • 35. 35 Subvenção para 2015 está engavetada em Brasília P rodutores de cana do Nordeste e do Rio de Janeiro estão em com- passo de espera para a liberação da subvenção da cana aprovada pela Lei 12.999/2014. No começo deste ano, o go- verno federal publicou a Medida Provisó- ria 666/2014 que determina a liberação de R$ 187 milhões em recursos capazes de beneficiar 35 mil produtores, sendo 91% da agricultura familiar. No entanto, o paga- mento está travado em Brasília, DF, porque a MP ainda não foi aprovada (até o fecha- mento desta edição) e, segundo o presi- dente da União Nordestina de Produtores de Cana de Açúcar (Unida), Alexandre An- drade Lima, perdeu a eficácia. No início de outubro, Lima e outros representantes de plantadores da região Nordeste foram à Brasília pedir ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que interceda junto ao Ministério da Fazen- da pela liberação da subvenção da cana- -de-açúcar. A lei da subvenção foi aprova- da em 2014 para socorrer os plantadores nordestinos e cariocas que tiveram preju- ízos com a seca na safra 2012/13. Cada produtor tem direito a receber R$ 12 por tonelada de cana, até o limite de 10 mil to- neladas. De acordo com o presidente da Unida, se o pagamento for liberado agora, os produtores terão condições de fazer novos plantios, tratos culturais, contratar mais mão de obra e gerar em- prego e renda na região. “Agora está todo mundo praticamente sobrevivendo de plantios anteriores. A produtividade é muito baixa, porque tem que haver uma renovação desse canavial, o que não está acontecendo”, lamentou Andrade. Segundo ele, Renan Calheiros se com- prometeu a conversar sobre o assunto com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. (AC) Sem a subvenção do governo, os produtores nordestinos não têm condições de fazer novos plantios e tratos culturais adequados Ale Carolo / alecarolo.com
  • 36. 36 Tecnologia Agrícola Novo implemento colhe cana em inclinação de até 31,5° O setor canavieiro nordestino enfrenta desafios diários na área agrícola, especialmente por conta do clima seco e da topo- grafia acidentada. Produtores que contam com sistema de irrigação eficiente e possuem lavouras mais planas são abençoados. Já quem não consegue investir em tratos culturais e possui áreas incli- nadas, sofre com a falta de produtividade e com o difícil processo de colheita. Se São Pedro não ajuda no envio de chuvas mais constantes, há uma novidade que pode amenizar o sofrimento dos produtores. Um novo implemento promete colher cana mecanicamente em uma área de inclinação de até 31,5°. A novidade foi apresentada durante a NorCana 2015, evento voltado aos produtores de cana do Nordeste, realizado dias 5 e 6 de outubro, na sede da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), em Recife, PE. O implemento está sendo pa- tenteado e foi batizado de Canadá MM15. A invenção, que pode ser acoplada a um trator, é resultado de uma pesquisa de quase cinco anos realizada em parceria pelo Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), o soldador e in- ventor do equipamento, Ednaldo Mesquita, e o empresário Fernando Miranda, proprietário do engenho Capim Canela. De acordo com o coordenador do projeto, Luiz Claudio Melo, que também é consultor do Sindaçúcar, o implemento possibilita o corte de 20 a 30 toneladas de cana-de-açúcar por hora. Cálculos dos criadores da máquina mostram que a colheita mecanizada pode ser capaz de gerar uma economia de aproximadamente R$ 15,00 por to- nelada de cana, partindo de R$ 23/ha no corte manual, para R$ 8/ha na colheita mecanizada. Cinco máquinas estão sendo produzidas, sendo duas para usinas e três para fornecedores. Cada implemento custa R$ 150 mil. Desde o início da pesquisa, em 2010, o Sindaçúcar-PE já investiu R$ 1,5 milhão por ano no desenvolvimento do im- plemento. “É um esforço de inovação incre- mental, agregando redução de custos e efi- ciência nas operações”, disse o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha. De acor- do com o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso, “qualquer tecnologia que venha facilitar a vida do produtor canavieiro é bem-vinda e ainda mais em se tratando de otimização de custos, tempo de colheita e melhoria na produtividade.” Segundo Luiz Claudio Melo, o processo de mecanização do Nordeste será lento, pois a renovação do canavial va- ria de 10% a 15% ao ano. Além disso, para que o equipamento possa ser usado com eficiência, deve ser feito um nivelamento do solo durante o plantio. “É um processo lento que não vai ocorrer do dia para a noi- te”, conta. Ele estima que metade da área de declive da Mata Sul continuará tendo colheita manual, porque não será possível fazer corte mecanizado. O implemento batizado de Canadá MM15 está sendo patenteado e custa R$ 150 mil Murilo Paraíso: “Qualquer tecnologia que venha facilitar a vida do produtor canavieiro é bem-vinda” Divulgação AleCarolo/alecarolo.com
  • 38. 38 Crise CEISE Br repudia projeto que reduz recursos do Sistema “S” U ma ação conjunta entre o CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombus- tíveis), o SESI e o SENAI de Sertãozinho, SP, resultou em uma carta encaminhada à presi- dente do Brasil, Dilma Rousseff, manifestan- do a opinião das entidades sobre a proposta do governo federal de reduzir os recursos do Sistema “S”, que reúne as instituições SE- NAI; SESI; SENAC; SESC; SEBRAE; SENAR; SEST; SENAT; e SESCOOP. A medida proposta pelo Planalto faz parte do pacote de ajustes do orçamento de 2016 e foi anunciada no mês passado pelo governo, que considera essencial contar com o dinheiro do Sistema “S” para obter a meta de superávit primário de 0,7% do Produto In- terno Bruto (o PIB é a soma da produção de bens e serviços) no próximo ano. O documento do CEISE Br foi elaborado com base na necessidade cons- tante do setor sucroenergético de se desen- volver tecnologicamente, para poder crescer e se manter competitivo no mercado. A carta enviada ao Planalto faz um relato pautado em números, em exemplos reais da importância da continuidade dos serviços do Sistema “S” - na integralidade como foram executa- dos até o momento, e o impacto da redução de 30% no repasse às instituições, o que vai influenciar diretamente na capacidade de in- vestimentos em educação básica e técnica, comprometendo, consequentemente, o de- senvolvimento industrial. Um dos trechos da carta, que também foi enviada aos presidentes do Se- nado Federal, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ressalta o prejuízo socioeconômico do corte: “Calcula- -se que o montante que deixaria de ser re- passado às instituições para cobrir déficit da previdência social causaria o fechamento de 1,8 milhão de vagas em cursos profissionali- zantes oferecidos pelo SENAI por ano, com o provável fechamento de mais 300 escolas em todo o país. Outros 735 mil alunos vão deixar de estudar no ensino básico ou na educação de jovens e adultos oferecida pelo SESI, pois estaria na iminência de fechar cer- ca de 450 escolas no Brasil. As duas institui- ções estimam que tenham de demitir cerca de 30 mil trabalhadores em todo o país”. Segundo o presidente do CEI- SE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho, “a en- tidade reconhece a atuação do Sistema “S” na formação e capacitação de profissionais em diversas áreas, principalmente nas rela- cionadas à tecnologia e inovação do setor sucroenergético – especialmente em Sertão- zinho, onde a entidade está sediada, sendo o munícipio o maior polo industrial dessa ca- deia do país, localizado na região responsá- vel por 60% da produção canavieira brasilei- ra”, disse ele. “A compreensão de que o Brasil necessita, efetivamente, de um ajus- te fiscal e de uma agenda otimista que nos conduzam à retomada do crescimento sus- tentável, permeia toda a população. Con- tudo, a superação da crise econômica não pode prescindir de medidas e reformas es- truturais pró-competitividade, que permitam a melhora do cenário econômico, dentre as quais, preservar as condições de acesso à educação básica e à educação profissional de qualidade promovida, dentre outras insti- tuições de igual valor, pelo SESI e pelo SE- NAI”, finaliza a carta. (com Assessoria) Segundo Tonielo, o impacto da redução de 30% no repasse às instituições vai influenciar diretamente na capacidade de investimentos em educação básica e técnica, comprometendo o desenvolvimento industrial Ale Carolo / alecarolo.com
  • 39. 39 Mercado Consumo interno de etanol ajuda na recuperação de preços Divulgação Doca Pascoal O aumento do consumo interno de etanol no Brasil tem contribuído para a recuperação dos preços do biocombustível. De acordo com o presi- dente da consultoria Datagro, Plínio Nasta- ri, a participação do etanol vem crescendo neste ano e deve alcançar 42% até o fim de 2015. O especialista citou as mudanças nos regimes de ICMS em alguns Estados, como Minas Gerais, e a maior competitivi- dade do etanol hidratado ante a gasolina como causas desse aumento do consumo. A Datagro também elevou sua previsão de exportação de etanol do Brasil em 2015/16, de 1,09 bilhão de litros para 1,8 bilhão de litros. Um dos motivos para esta alta, segundo Plínio Nastari, é a ado- ção do Low Carbon Fuel Standard Program (LCFS) na Califórnia, EUA, que aumenta a demanda pelo etanol de cana-de-açúcar brasileiro. A expectativa é de que as expor- tações do biocombustível para a Califórnia em 2016 alcancem 240 milhões de galões, o equivalente a 908 milhões de litros. Como resultado, os estoques de etanol no Brasil caíram em relação ao nível observado em 2014. Segundo dados da Datagro, em setembro, os estoques no País somavam 7,2 bilhões de litros, abaixo dos 9 bilhões de litros registrados há um ano. Na medida de estoque em meses de consumo, também houve queda. No mês passado, o volume armazenado era sufi- ciente para atender 3,8 meses de consu- mo, frente aos 5,1 meses registrados em setembro do ano passado. A participação do etanol deve alcançar 42% em 2015
  • 40. 40 Mercado Segundo a consultoria, a pro- dução do biocombustível da cana deve ser recorde, podendo chegar a 30,45 bilhões de litros. Na safra 2014/15 a produção de etanol totalizou 29,49 bilhões de litros. Em relação à moagem, a Datagro prevê que as usinas e destilarias do País processem 663,83 milhões de toneladas na atual safra, sendo 604,6 na região Centro-Sul e 59,18 milhões de toneladas no Norte/Nordeste. Açúcar - As projeções da Datagro indicam que a produção da com- modity nesta safra alcance 31,39 milhões de toneladas no Centro-Sul. Já no Norte/ Nordeste a produção foi estimada em 3,29 milhões de toneladas. O consumo deve cair 2,9% no Centro-Sul, para 9,027 milhões de toneladas. No Norte/Nordeste a queda será de 3% em comparação à safra anterior, pas- sando para 2,098 milhões de toneladas. O déficit mundial de açúcar no ciclo 2015/16 deverá ser de 2,57 milhões de toneladas, atribuído principalmente à queda na produção da Índia, China e União Europeia. Na temporada anterior, houve um superávit de 3,64 milhões de toneladas. Sendo assim, a relação entre estoque e consumo deve alcançar 45,9% em 30 de setembro de 2016. Este cenário deve favorecer a gradual recuperação de receita das usinas. No entanto, de acordo com Nastari, “ainda precisaríamos de um déficit acumulado de 9 milhões de tonela- das a partir de 2016/17 para alcançar uma relação de 41%, considerada ideal”. Produção mundial - A pro- dução chinesa de açúcar deve cair para 9,8 milhões de toneladas na safra 2015/16, ante as 10,8 milhões de toneladas registra- das na temporada passada. Já o consumo no país asiático deve crescer das 15,9 mi- lhões de toneladas do ciclo passado, para 16,4 milhões de toneladas na atual safra. A estimativa indica, portanto, que a China deverá aumentar a importação da com- modity em aproximadamente 5 milhões de toneladas, um recorde. No ciclo passado, os chineses importaram 4,16 milhões de toneladas. Na Índia, a produção deve cair especialmente por conta das condi- ções climáticas. Ano passado as usinas indianas produziram 27 milhões de tonela- das. Na atual safra este volume deve cair para 26,8 milhões de toneladas. Na safra passada, a Índia produziu 28,4 milhões de toneladas de açúcar. A Datagro estima que este país mantenha uma exportação de 2,8 milhões de toneladas da commodity. Oportunidade - O açúcar branco brasileiro está ganhando mais es- paço em alguns mercados asiáticos espe- cialmente por conta da restrição de ofer- ta da Tailândia e do frete marítimo global mais barato. De acordo com informações da Reuters, operadores europeus afirmam que as ofertas de açúcar refinado da Índia também estão levando vantagem com a re- dução da disponibilidade do açúcar bran- co da Tailândia, esgotada pela vigorosa demanda chinesa. Alguns mercados do Extremo Oriente, que preferem o açúcar de alta qualidade da Tailândia, aguardarão a nova safra tailandesa começar no início de ja- neiro. Mas, em mercados preparados para aceitar um açúcar de menor qualidade, os carregamentos brasileiros estão encon- trando compradores, beneficiando-se de fretes competitivos para longas distâncias. Os operadores também disse- ram que não esperam que a Índia renove licenças de exportação de maneira imi- nente, para a atual temporada, e aposta- ram que o mercado futuro de açúcar bruto precisaria de uma recuperação para 17 centavos de dólar a libra para impulsionar vendas da Índia sem subsídios. Segundo Plínio Nastari, a produção do biocombustível da cana deve ser recorde, podendo chegar a 30,45 bilhões de litros Ale Carolo / alecarolo.com
  • 41. 41
  • 42. 42 Pesquisa & Desenvolvimento CTC inaugura complexo de laboratórios de biotecnologia Doca Pascoal O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) inaugurou um complexo de laboratórios de biotecnologia, dia 14 de outubro, em Piracicaba, SP, para desenvolver pes- quisas de melhoramento genético da cana-de-açúcar. Com investimento de R$ 40 milhões, o laboratório possui 1,4 mil metros quadrados. Entre as inovações a serem realizadas no laboratório estão os tipos de cana geneticamente melhorados, sementes artificiais e marcadores moleculares. O melhora- mento genético permite que variedades mais produtivas, com maior teor de sacarose, Equipe de pesquisadores do complexo de laboratórios de biotecnologia do CTC
  • 43. 43 nar a maneira como se planta a cultura, proporcionando reduções de custo, melhoria da produtividade e simplificação operacional. “Hoje para o plantio são utilizados pedaços de cana ou mudas. No futuro essa tecnologia vai chegar através de uma semente artificial”, disse o diretor de negócios de Melhoramento Genético do CTC, William Lee Burnquist. De acordo com a pesquisadora do CTC, Daniela Me- lotto Passarin, a semente artificial no campo inicialmente facilitará a logística. “Vamos plantar a estimativa de 300 quilos de sementes artificiais por hectare, que é diferente do sistema atual, que gira em torno de 20 toneladas. Usaremos 80% menos máquinas, que são pesadas. Além disso, o material não possui doenças ou pragas, o que pode garantir maior produtividade no campo.” Segundo Burnquist, as inovações são uma solução para tornar o mesmo hectare mais produtivo, o que “fatalmente” vai tornar mais barata a produção. “Quanto mais você produzir por área, mais barata fica a produção unitária. Essa é uma solução para as dificuldades que o setor está passando em termos de aumento de produtividade”, disse o pesquisador. Economia - De acordo com o CTC, o emprego da bio- tecnologia evita possíveis perdas estimadas em R$ 4 bilhões por ano, além de gerar positivo impacto ambiental, pela redução do uso de agroquímicos e energia. Já o emprego de marcadores molecula- res permitirá a identificação de características desejáveis na cana- -de-açúcar por meio da análise de seu DNA. Segundo William Lee Burnquist, a realização de cru- zamentos genéticos dirigidos é capaz de promover melhoramentos mais rápidos. “Poderemos reduzir o tempo de desenvolvimento de uma nova variedade em até dois anos, diminuindo ainda mais os atuais oito”, afirmou. O novo complexo de laboratórios pretende dobrar a produtividade da cana-de-açúcar e do setor sucroenergético até 2025. Isso pode ajudar o Brasil a bater uma meta estabelecida pelo governo federal. Segundo a presidente Dilma Rousseff, que esteve presente na inauguração, as novas tecnologias vão aumentar de 30 para 50 milhões de toneladas a contribuição do etanol na matriz de combustível do País. Segundo o CTC, o aumento da produção também vai ampliar a oferta de alimento, etanol e energia para o País. “Além de dobrar a produção do setor, o laboratório pretende aumentar a ofer- ta de energia, alimento e etanol. As novas tecnologias também vão ajudar a reduzir a emissão de carbono e dos gases de feito estufa para 43%, que é a meta do governo federal”, disse Gustavo Leite. O Brasil vai ser pioneiro na área de biotecnologia para tolerância à seca e resistência às pragas, cheguem às indústrias do setor sucroener- gético. “No final de 2016 entregare- mos à CTNBio o dossiê final para a libe- ração da comercialização da primeira va- riedade resistente”, disse o presidente do CTC, Gustavo Teixeira Leite. Os produtores rurais devem ter acesso à cana transgêni- ca, com tecnologia Bt, em 2017. Já as se- mentes artificiais, inéditas no mundo, de- vem chegar ao mercado em 2019. O CTC já pesquisa protótipos. A inovação promete revolucio- Roberto Stuckert Filho / PR
  • 44. 44 cana-de-açúcar. Segundo Leite, o produto, 100% nacional, precisa ser valorizado pe- los brasileiros. “Empresas multinacionais não vão olhar para a cana. Se nós brasileiros não fizermos nada pela cana-de-açúcar, estaremos perdendo uma oportunidade de ouro porque ela tem potencial incomparável”, disse. Expertise - O presidente do CTC destacou que para dar salto na tecno- logia é preciso além de laboratórios de ponta. É necessário atrair profissionais com qualificação diferenciada. Nesse sentido, dos 450 profissionais do complexo, 60% são pesquisadores. E para completar o conhecimento brasileiro, 20 são do exterior. O objetivo do intercâmbio de formação é garantir que todo o conhecimento seja englo- bado e acelere as pesquisas. “Esforçamo-nos para trazer pessoas de outros países do mundo que te- nham conhecimento que precisamos para complementar o nosso conhecimento local. Mapeamos o mundo para descobrir os principais talentos nas linhas de pesquisa de atuação da área. Essa é uma forma de acelerar o processo e reter conhecimento. Queremos indústria brasileira com tecnologia brasileira”, observou Leite. Recursos - A construção do Laboratório de Biotecnologia contou com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Plano de Apoio Conjunto à Inovação Tecnológica Agrícola no Setor Sucroenergético (PAISS). O governador Geraldo Alck- min participou da inauguração do complexo, em Piracicaba. “Aqui temos um dos mais sofisticados laboratórios do mundo. É um setor socialmente importantíssimo. Um milhão de empregos diretos, fora os in- diretos. Este é um setor central na geração de emprego e renda do nosso País”, afirmou o governador, que destacou a necessidade urgente de aumentar a produ- tividade dos canaviais. “Aqui temos um dos mais sofisticados laboratórios do mundo. É um setor socialmente importantíssimo. Um milhão de empregos diretos, fora os indiretos” Arquivo
  • 45. 45 A Monsanto, gigante multinacional de sementes e biotecnologia, vai encerrar os negócios no mercado brasileiro de cana-de-açúcar, no qual opera sob a marca CanaVialis. Em comunicado, a companhia afirmou que no Brasil o foco serão as atividades em sementes, proteção de cultivos, biológicos e agricultura digital. Para isso estima investimentos de US$ 150 milhões. A empresa vai discutir a possível transferência de tecnologias no segmen- to canavieiro para entidades públicas de pesquisa no Brasil. Com o encerramento das atividades, 150 funcionários serão afetados. No entanto, a empresa garante que nem todos serão dispensados e que estuda meios de transferir “o maior número possível” de pessoas para outros setores. “Acreditamos que a cadeia de valor da cana-de-açúcar é extremamente im- portante para o país e continuará contribuindo com o meio ambiente, a economia e a sociedade do Brasil e do mundo. No entanto, os mercados globais de energia e bioener- gia mudaram e resolvemos explorar as oportunidades das nossas outras culturas”, diz o comunicado. “Nós acreditamos fortemente no potencial da agricultura brasileira, que re- presenta nossa segunda maior operação mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Depois de mais de 50 anos no Brasil, a Monsanto continua comprometida em trazer no- vas soluções para contribuir com o sucesso dos agricultores brasileiros”, disse em nota o presidente da Monsanto do Brasil, Rodrigo Santos. A CanaVialis possui cinco estações de pesquisa no Brasil, sendo uma em Alagoas (Maceió), três em São Paulo (Conchal, Araçatuba e Campinas) e uma no Pa- raná (Mandaguaçú). Em 2012, a empresa lançou três variedades comerciais de cana - CV7870, CV6654 e CV7231. Além de cana-de-açúcar, a CanaVialis também desenvolvia pesquisas em sorgo sacarino. Monsanto encerra negócios no mercado brasileiro de cana Rodrigo Santos, presidente da Monsanto do Brasil Divulgação
  • 46. 46 Celso Franco: “Estamos programando um Congresso à altura de nosso segmento, para que haja troca de informações e experiências, muito importante para alavancarmos novamente nosso setor” Arquivo Udop e Stab realizam 8º Congresso Nacional da Bioenergia A União dos Produtores de Bioener- gia (Udop) e a Sociedade dos Téc- nicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil (Stab) promovem, dias 11 e 12 de novembro, no campus do UniSalesiano, em Araçatuba, SP, o 8º Congresso Nacional da Bioenergia. Nesta edição, além das salas temáticas já tradicionais, o evento contará com uma sala de Biomassa e Novos pro- dutos e Inovação Tecnológica em Etanol de Milho. O congresso também vai debater os 40 anos do Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool) e o futuro do etanol. Evento tradicional na progra- mação oficial do setor sucroenergético, o Congresso Nacional da Bioenergia vai dis- cutir novos conceitos, tecnologias e siste- mas de produção altamente aplicáveis ao dia a dia das usinas. Na edição de 2014 mais de 1,3 mil congressistas se dividiram em 12 salas temáticas com palestras e moderação de mais de 200 profissionais de renome de usinas e destilarias, entida- des e instituições de ensino do Brasil e do exterior. O evento é voltado para pro- fissionais de níveis diretivo, gerencial e técnico de usinas de vários estados; pres- tadores de serviço em diversas áreas do setor bioenergético; fornecedores de cana- -de-açúcar; profissionais de empresas de insumos, equipamentos, consultoria e ser- viços. As salas temáticas estão divididas em áreas de maior impacto das unidades: Administrativa/Financeira; Agrícola; Bio- massa e Novos Produtos; Comunicação; Controladoria, Planejamento e Custos; Di- reito do Agronegócio; Inovação Tecnológi- ca em Etanol de Milho; Industrial; Merca- do, Comercialização e Logística; Recursos Humanos; Saúde, Segurança e Meio Am- biente do Trabalho; e Tecnologia da Infor- mação. “O governo federal começou a sinalizar com melhorias para o setor bio- energético. Nossa esperança agora é que estas melhorias não parem por aí e que possam trazer o impulso que precisamos para crescer. De nossa parte, estamos pro- gramando um Congresso à altura de nosso segmento, para que haja troca de informa- ções e experiências, muito importante para alavancarmos novamente nosso setor”, disse o presidente da Udop, Celso Torqua- to Junqueira Franco. O Congresso Nacional da Bioenergia tem apoio institucional da Al- copar, BioSul, Siamig, Sifaeg, Sindalcool/ MT, do Fórum Nacional Sucroenergético e do Unisalesiano. As inscrições podem ser feitas no portal da Udop (udop.com.br) no menu UniUDOP – Congresso Nacional da Bioenergia. Dúvidas ou outras informações nos contatos (18) 2103-0528 ou pelo e-mail uniudop@udop.com.br. A revista Terra&Cia é mídia parceira do evento. Eventos
  • 47. 47 Seminário discute produtividade e redução de custos N os dias 2 e 3 de dezembro de 2015, o Centro de Convenções de Ribeirão Preto recebe o 14º Seminário Produtividade & Redução de Custos da Agroindústria Canavieira. Promovido pelo grupo IDEA, o evento vai retratar as grandes mudanças que as empresas do setor sucroenergético estão promovendo para volta- rem a ser competitivas. “Observamos que as melhores empresas do setor estão preocupadas em reduzir suas perdas, voltando a utilizar de tecnologia para recuperar o que foi perdido”, relata Dib Nunes, diretor do IDEA. Segundo ele, de modo geral, o setor demorou, mas percebeu que o melhor caminho para reduzir custos é melhorar a produtividade. “Hoje temos novas tecnologias excelentes para ala- vancar as produtividades e, por exemplo, superar os valores que o setor apresentava antes de os grandes impactos da mecanização alcançar o nível atual”, salienta Dib. O evento também trará um balanço da safra 2015/16 no Centro-Sul, perspectivas para o ciclo 2016/17 e os desafios do setor para o próximo ano no que diz respeito à alta do dólar e à queda da cotação do barril do petróleo. Como nas edições anteriores, o Se- minário terá como palestrantes representantes de órgãos de classe, executivos de grandes grupos produtores, consultores de credibili- dade no mercado, aptos a oferecer aos presentes as informações e análises mais atualizadas. “A proposta é apresentar um cenário real do setor, per- mitindo uma visão bastante prática e objetiva da realidade e ofe- recendo subsídios aos participantes que ajudem na tomada de decisões e novos conhecimentos que possam ser aplicados ime- diatamente no cotidiano das empresas, seja permitindo redução de custos ou garantindo o aumento da produtividade”, diz Dib. Cerca de 400 pessoas são esperadas para o Seminário. Inscrições podem ser feitas no site ideaonline.com.br até 30 de novembro. O Seminário terá palestras que vão aprofundar o tema, ao abordar questões variadas como: - Dados mais atuais de custos para a produção de cana, etanol e açúcar; - Possíveis grandes mudan- ças que estão por vir nos mercados interno e externo; - Apresentações de como as empresas estão alcançando sucesso com o aperfeiçoamento de seus procedimen- tos; - Novas tecnologias de adu- bação que estão dando excelentes retor- nos financeiros; - Onde e como proceder para recuperar o ATR perdido etc. Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA Divulgação
  • 48. 48
  • 49. 49
  • 50. 50 Grãos Safra brasileira de grãos pode chegar a 213,5 milhões de toneladas O Brasil deve alcançar mais um recorde no campo. Isso é o que indica a primeira projeção feita pela Companha Nacional de Abastecimento (Conab) – vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – para a safra 2015/2016. Segundo números divulgados este mês pela estatal, em Brasília, DF, o País pode produzir até 213,5 milhões de toneladas de grãos na temporada iniciada há pouco, superando as 209 milhões de toneladas do período 2014/2015. “O carro-chefe da lavoura continua sendo a soja, que pela primeira vez ul- trapassará os 100 milhões de toneladas. É a grande surpresa desta safra”, destacou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini. A produção na safra que começou recentemente poderá alcançar até 102 milhões de toneladas da oleaginosa. A expectativa é de uma safra expressiva, reforçou o presidente em exercício da estatal, Lineu Olímpio de Souza. “Não haverá, entretanto, aumento significativo de área, que deverá ficar em torno de 59 milhões de hectares”, acrescentou. Com isso, o in- cremento da área plantada pode atingir até 1,5% sobre a safra passada, de 58,1 milhões de toneladas. De acordo com Lineu, a decisão do agricultor em investir no campo se reflete na força do agronegócio, que dá sustentação à economia brasileira e tem desempenho O carro-chefe da lavoura continua sendo a soja, que pela primeira vez ultrapassará os 100 milhões de toneladas Arquivo
  • 51. 51 12º SEMINÁRIO SOBRE CONTROLE DE PRAGAS DA CANA 10º Grande Encontro sobre VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR HERBISHOW 15ºSeminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA 15º PRODUTIVIDADE & REDUÇÃO DE CU$TO$
  • 52. 52 Grãos expressivo na balança comercial do país. Culturas - No momento da divulgação do levantamento pela Conab, dia 9 de outubro, apenas as culturas de primeira safra – como algodão, amendoim, arroz, feijão, milho e soja – estavam com o plantio iniciado, fase que se estende até dezembro. As culturas de segunda e ter- ceira safras e as culturas de inverno têm os plantios concluídos em junho. O maior incremento de área cultivada é o da soja, com expansão de 1,2 milhão de hectares, representando cerca de 33,2 milhões de hectares. Conforme a Conab, há perspectiva de redução de área nas lavouras de milho primeira safra. No entanto, a se confirmar a trajetória da série histórica, haverá ganhos significativos na produção da segunda safra de milho. De acordo com o prognóstico da Conab, o feijão poderá ter acréscimos na área e na produção devido ao mercado atrativo, com alta nos preços. A estatal tam- bém prevê uma pequena redução na área plantada de algodão, mas o emprego de tecnologias pelo produtor fará com que a cultura alcance a mesma produção da sa- fra 2014/2015, de 1,5 milhão de toneladas. Ainda segundo a estatal, o cli- ma foi favorável para a colheita do trigo. O Paraná, principal estado produtor, vai co- lher 3,6 milhões de toneladas do cereal. Na avaliação do diretor da Conab, a chuva que está ocorrendo na Região Sul vai ter reflexo no volume a ser produzido de trigo, com previsão de 6,6 milhões de toneladas. “Menos do que se esperava”, acentuou. Insumos - A estatal consta- tou ainda que houve redução da deman- da por fertilizantes no período de janeiro a agosto deste ano. Essa queda, obser- vou Intini, ocorreu porque o calendário ainda não chegou ao seu principal mo- mento. A partir dos dados de setembro, acrescentou, será possível observar um aumento do produto. “O volume recebido pelos produtores é inferior ao ano passa- do, não por falta de recursos ou condi- ções tecnológicas.” O secretário de Política Agrí- cola do Mapa, André Nassar, ressaltou que o país atravessa um ano de muita volatili- dade cambial, o que atrapalhou a decisão do produtor: “Por isso, a tomada de deci- são do produtor foi atrasando e a compra está sendo feita agora, perto da entrada da safra”. Nassar também apresentou os números da liberação do financiamento da agricultura empresarial entre julho e se- tembro. “O fluxo do crédito rural está ocor- rendo normalmente, principalmente nos bancos públicos, onde há disponibilidade de recursos devido aos depósitos à vista. Ocorreu pequena retração nos bancos pri- vados e nas cooperativas de crédito.” Os financiamentos para cus- teio, comercialização e investimento no período chegaram perto de R$ 40 bilhões, o que representa 21% do total disponibi- lizado para safra 2015/2016, de R$ 187,7 bilhões. Pela primeira vez, entidades representativas de classe foram convi- dadas para o anúncio do levantamento da safra de grãos da Conab. Entre elas, a Confederação da Agricultura e Pecuá- ria do Brasil (CNA), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), As- sociação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), Associação Bra- sileira dos Produtores de Semente de Soja (Abrass), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Associação das Em- presas de Cerealistas do Brasil (Acebra), além de representantes da Câmara Temáti- ca de Infraestrutura e Logística. João Intini, da Conab: soja deve ter colheita expressiva no ciclo agrícola 2015/2016 Antônio Cruz / Agência Brasil
  • 53. 53 Produção Agropecuária Riquezas produzidas no campo somam quase R$ 481,4 bi O valor bruto da produção agrope- cuária (VBP) brasileira de 2015 está estimado, com base em da- dos de safras do setembro passado, em R$ 481,4 bilhões, segundo a Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O montante é 1,3 % maior em va- lores reais que o obtido no ano passado. Dos R$ 481,4 bilhões, as lavouras contribuíram com R$ 309,2 bi- lhões, e a pecuária com R$ 172,2 bilhões. A pecuária teve um crescimento real de seu valor de produção de 2,2 %, e as la- vouras, 0,8 %. O valor bruto da produção deste ano é o maior nesta série, cujo le- vantamento teve início em 1989, destaca o coordenador-geral de Estudos e Análi- ses da SPA, José Gasques. De acordo com ele, as ativi- dades agrícolas que vêm apresentando os melhores resultados do VBP são a ce- bola, com aumento real de 183,6 %; pi- menta do reino, 64,1 %; soja, 4,9 %; milho, 4,2 %; e trigo e algodão, 1,1 %. Na pecu- ária, acrescenta, os melhores resultados foram da carne bovina, com aumento de 7,8 %; suínos, 3,2 %; e ovos, 1,3 %. Preços - Entre os produtos que têm apresentado redução do VBP em 2015, informa a nota da SPA, destacam-se maçã, -20,8 %; uva, -19,5 %; tomate, -12,9 %; mandioca, -7,7 %; amendoim, -5,7 %; e laranja, -5,3 %. Na pecuária, frango e leite também tiveram queda no faturamen- to neste ano, com -7,3 % e 0,2%, respec- tivamente. Ainda conforme a SPA, preços agrícolas mais baixos têm marcado a presente safra. Entre as atividades analisadas neste le- vantamento, a maior parte apresenta preços abaixo dos vigentes em 2014. Em alguns produtos, como soja e milho, o aumento de produ- ção compensou a queda de preços, resultando em ganhos no VBP. A exemplo de levantamentos anteriores, os dados regio- nais mostram uma superioridade da Região Sul, com VBP de R$ 139,9 bilhões. Em seguida, aparecem o Centro-Oeste, com R$ 130,3 bi- lhões; Sudeste, com R$ 121,0 bilhões; Nordeste, com R$ 47,6 bi- lhões; e Norte, R$ 28,4 bilhões. Em ordem decrescente, Mato Gros- so, São Paulo, Paraná e Minas Gerais são os estados com maior valor da produção neste ano. Cebola está na lista das atividades agrícolas que vêm apresentando os melhores resultados do VBP, com aumento real de 183,6 % Maçã está entre os produtos que têm apresentado redução do VBP em 2015, com -20,8 %
  • 54. 54 Produção Agropecuária Matopiba se destaca por sua vocação agrícola Em uma área de 315 mil hectares, a produção de algodão em pluma no Matopiba chegou a 495 mil toneladas na safra 2014/15 – a maior parte colhida na Bahia M ais nova fronteira agrícola do país, o Matopiba se consolida como uma região estratégica para aten- der os mercados interno e externo, com a proximidade de importantes portos do Nor- te, como os de Belém, Itaqui, Pecém e Su- ape. A região, que abrange 337 municípios com 324 mil estabelecimentos agrícolas, é formada por partes dos estados do Mara- nhão (33%), Tocantins (38%), Piauí (11%) e da Bahia (18%). O território foi responsável por 9,4% da produção das 209,5 milhões de toneladas de grãos na safra 2014/2015. Matopiba produziu na última temporada 19,7 milhões de toneladas de algodão em pluma, soja, arroz e milho, em uma área de 5,7 milhões de hectares. Estudos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que há um potencial de crescimento futuro da área plantada de cerca de 10 milhões de hectares. A região tem chamado a aten- ção pela produção e produtividade cada vez mais crescentes. Segundo os técnicos da Conab, o Matopiba produziu 8,7 milhões de toneladas de soja na safra 2013/2014. Na temporada 2014/2015, a produção da oleaginosa teve aumento de 21,7% e che- gou a 10,5 milhões de toneladas. A safra do grão no território já representa 11% da produção brasileira. A Bahia se destaca com 2.940 kg/ha em produtividade e com 4,2 milhões de toneladas colhidas.
  • 55. 55 No ciclo 2013/2014, o Mato- piba colheu 4,42 milhões de toneladas de milho, obtendo uma variação positiva de 0,7% na safra seguinte, de 4,45 milhões de toneladas – o que equivale a 5% do to- tal nacional. O Maranhão foi o estado que se sobressaiu na produção na temporada 2014/2015, com 1,3 milhão de toneladas. Já o Piauí ganhou em produtividade, com 7.186 kg/ha. O Matopiba também planta al- godão em pluma. Em uma área de 315 mil hectares, a produção na safra 2014/2015 chegou a 495 mil toneladas – a maior par- te colhida na Bahia. Esse volume equivale a 32% da produção brasileira. Tocantins é o estado que se sobressai em produção (605 mil toneladas) e produtividade (4.745 kg/ha) de arroz no Matopiba. Em 2014/2015 a região produziu 986 mil toneladas do cereal, ou 8% do total nacional. Assistência técnica - Por suas peculiaridades, como baixo preço das terras e uniformidade do clima, solo e relevo, que permitem e facilitam a mecanização agrícola, a região tem atraído agricultores de todo país. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pretende apoiar o crescimento sustentável dos produtores com investimento em tecnologia, pesquisa em agri- cultura de precisão e assistência técnica. A Embrapa, que coordena o Grupo de Inteligência Ter- ritorial Estratégica, é responsável por extenso trabalho feito sobre o território, denominado de Desenvolvimento Territorial Estratégico para Região do Matopiba, em parceria com o Incra/MDA. O decreto nº 8.447, de maio deste ano, instituiu o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, que tem por finalidade promover e co- ordenar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável das atividades agrícolas e pecuárias que resultem na melhoria da qualidade de vida da população.
  • 56. 56 Fruticultura Projeto de Irrigação beneficia produtores de frutas e hortifrutigranjeiros em Tocantins A fruticultura tocantinense, atividade em franca expansão, tende a crescer com os incentivos proporcionados pelo governo do Tocantins. O Estado conta com o pro- jeto de irrigação São João, em Porto Nacional, onde se produzem atualmente cerca de 160 mil toneladas de frutas e hortifrutigranjeiros, numa área de 800 hectares, gerando uma receita anual de R$ 16 milhões. O secretário do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins (Seagro), Clemente Barros, destacou os incentivos do Governo do Estado para o cresci- mento do setor. “Vamos implementar as ações de assistência técnica aos produtores do projeto São João para que eles possam produzir frutas e abastecer o mercado da capital e, posteriormente exportar para outros Estados”, projetou. O plantio de açaí no São João é uma das novidades frutíferas para os pro- dutores. O produtor Romildo Paixão iniciou o plantio de açaí, recentemente, apostando no valor econômico do fruto. Nas safras 2015/16 a intenção é alcançar em torno de 100 hectares. “É um fruto de boa aceitação no mercado, portanto queremos implantar, em Canal de irrigação do Projeto São João, em Porto Nacional, TO FACTO
  • 57. 57 2015, uma indústria no assentamento para processar o fruto e agregar mais valor no produto”, disse. Já o produtor de banana Mar- cos Ribeiro cultiva uma área atual de 12 hectares de banana, mas a intenção para a safra de 2016 é expandir essa área para chegar aos 25 hectares e colher 360 tone- ladas de banana. “O solo e clima do To- cantins contribuem para chegar numa alta produtividade da banana, aliada às tecno- logias em manejos adequados da produ- ção”, disse. A produção de abacaxi cor- responde a 50% da produção de frutas do projeto São João. A produção total nas safras 2015/16 deve alcançar 10 milhões de unidades. O produtor Marcelo Galati é um dos investidores desta fruta. Com uma produção de 6 milhões de pés, pretende inovar para conquistar mercado. “A inten- ção é manter a produção e implantar uma processadora para embalar o abacaxi des- cascado”, destacou. O projeto de irrigação São João teve início em 2001 e compreende a implantação de infraestrutura para irriga- ção para hortifrutigranjeiros e fruticultores. A localidade conta com produção de ba- nana, maracujá, goiaba, mamão, melancia, mandioca, açaí e coco, por meio de tecno- logias avançadas de irrigação, gotejamen- to e microaspersão. Localizado à margem direita do reservatório da usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães (rio Tocantins), no sentido Palmas/Porto Nacional, pela rodo- via TO-050, o projeto possui uma área total de 5.129 hectares, sendo 3.654 hectares de área irrigável. A área compreende 326 lotes para pequenos produtores e 38 em- presariais. R equisitos fitossanitários para a importação de mudas de mo- rango (Fragaria ananassa) produzidas na Espanha e para frutos de uva (Vitis vinifera) in natura produzidos em Portugal foram aprovados. As normas estabelecidas foram feitas com base em procedimento específico de análise de risco visando proteger o país da introdução de pragas. Os carregamentos de uva de mesa de Portugal e mu- das de morango da Espanha deverão vir acompanhados de certifi- cados fitossanitários, atestando a ausência de pragas de importân- cia quarentenária para o Brasil. “As remessas de uva e de mudas de morango ainda se- rão inspecionadas no ponto de ingresso pela fiscalização federal agro- pecuária. Havendo motivos que justifiquem a coleta de amostras, estas serão coletadas e enviadas para análise em laboratórios oficiais ou cre- denciados ao Mapa”, diz o diretor de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luís Rangel. Mudas de morango (Fragaria ananassa) Mapa define regras para importação de uva e morango Florafinder
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