SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 6
Descargar para leer sin conexión
A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A DICOTOMIA SOCIAL NA REFORMA
                                         CAPANEMA

                                                               PAMPLONA, Ronaldo Mendes1
                                                                  OTRANTO, Célia Regina2

                                             1Mestrando em Educação Agrícola – PGEA/UFRRJ,
                                                             Prof. Colégio Técnico/UFRRJ, e-mail:
                                                                          rmpamplona@bol.com.br

                                         2 Profª Orientadora Doutora em Ciências CPDA/UFRRJ,
                                                               Profª do DTPE/IE/UFRRJ, e-mail:
                                                                       celiaotranto@terra.com.br



       A década de 1930 iniciou-se com a instalação do governo de Getúlio Vargas, a
princípio provisoriamente, em meio a uma crise generalizada no país, que clamava por
mudanças. Vargas permaneceu no poder por 15 anos, sendo que no período de 30 a 37,
com poder instável e de 37 a 45, sob um regime ditatorial. Com o golpe de 1937, Vargas
“promulgou” uma nova Constituição, que restringiu a amplitude do Estado com relação à
educação (ROMANELLI, 1999). No texto legal da nova Carta é visível a discriminação
social, quando destina a educação profissional, às classes sociais mais baixas. O art. 129,
assim dispõe literalmente: “O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes
menos favorecidas...”. Além disso, desobrigava o Estado de garantir educação a todos,
limitando-lhe a ação:


                        À infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários à educação em
                        instituições particulares, é dever da Nação dos Estados e dos Municípios,
                        assegurar, pela fundação de instituições públicas de ensino em todos os seus
                        graus, a possibilidade de receber uma educação adequada às suas faculdades,
                        aptidões e tendências vocacionais. (CF, 1937, art. 129)


       Desta forma, o Estado regrediu, na concepção de seu arcabouço educacional, pois
na Constituição anterior, de 1934, havia o dever do Estado, de prover a educação para
todos, e não somente àqueles que não tivessem recursos necessários para se educarem em
instituições particulares (ROMANELLI, 1999). Foi nesse contexto, numa época da história
da República conhecida como o Estado Novo, que surgiu a Reforma iniciada por
Capanema, em 1942, objeto de estudo deste trabalho.
2



A Reforma Capanema


   As Leis Orgânicas do Ensino foram instituídas, em 1942, através da modalidade
Decreto-lei, tipo de norma baixada pelo Executivo, similar ao que hoje conhecemos como
Medidas Provisórias. A reforma foi considerada parcial, já que não foi abrangente o
suficiente para acolher todo o ensino, de uma só vez (ROMANELLI, 1999). As Leis se
referiam a cada ramo de ensino, em separado e isoladamente. Tinham a intenção de
favorecer grupos políticos, com clara tendência voltada para agraciar empresários, em
prejuízo daqueles que pertenciam às camadas mais pobres da população (MANFREDI,
2003). Os currículos foram redefinidos e o ensino secundário ficou em oposição ao
profissional, com existência de articulação tênue entre eles, numa época que havia a
necessidade de formação de força de trabalho. O curso secundário foi eleito para formar os
dirigentes da nação, já os ramos da educação profissional foram designados para os
seguintes setores da produção: primário, para o ensino agrícola; secundário para o ensino
industrial; terciário para o ensino comercial e o ensino normal para a formação de
professores (MANFREDI, 2003). As Leis Orgânicas, segundo Romanelli (1999), ficaram
assim estruturadas:
   1. Lei Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-lei 4.073 de 30/01/42.
   2. Lei Orgânica do Ensino Secundário – Decreto-lei 4.244 de 09/04/42.
   3. Lei Orgânica do Ensino Comercial – Decreto-lei 6.141 de 28/12/43.
   Os Decretos acima foram instituídos na gestão de Capanema, enquanto Vargas era
Presidente da República. Após a queda de Vargas, a reforma continuou, com o Ministro da
Educação Raul Leitão da Cunha, no governo provisório de José Linhares, como se
apresenta a seguir:
    1. Lei Orgânica do Ensino Primário – Decreto-lei 8.529 de 02/01/46.
    2. Lei Orgânica do Ensino Normal – Decreto-lei 8.530 de 02/01/46.
    3. Lei Orgânica do Ensino Agrícola – Decreto-lei 9.613 de 20/08/46.
    A Lei Orgânica do Ensino Agrícola foi a última a ser editada, já no governo de Eurico
Gaspar Dutra, tendo como Ministro Netto Campelo Junior. Somam-se a essa organização
do ensino regular e profissional, a criação do SENAI, pelo Decreto-lei 4.048 de 22/01/42 e
o SENAC, pelos Decretos-lei 8.621 e 8.622 de 10/01/46, tomadas como importantes ações,
integradas à reforma, que lhe deram sustentáculo e seguiram a sua linha de pensamento. A
3



seguir aprofundaremos o estudo de cada uma delas na ordem hierárquica: primário,
secundário e finalmente profissionalizante.


O Curso Primário


       A reforma do curso primário, foi colocada em prática na última fase da reforma
Capanema, em janeiro de 1946, apesar de ser essa a primeira etapa da escolarização. Foi
instituída após a queda do governo Vargas e portanto sob novas lideranças. Segundo o
entendimento de Romanelli, (1999) o Decreto demonstra a volta à normalidade
democrática e não sofreu as influências fascistas, a exemplo do ensino secundário tratado
no início dos anos 40. Entretanto, Ribeiro (2003) entende de outra maneira, pois afirma
que o texto do Decreto tinha sido elaborado pelo grupo anterior, no caso, o próprio
Capanema, Ministro de Getúlio, embora reconheça sua desvinculação das idéias fascistas.
No Decreto, o curso primário era denominado de fundamental e subdividido em elementar,
com duração de 4 anos, e complementar, de apenas 1 ano. Era destinado a crianças de 7 a
14 anos. Havia também, o primário supletivo de 2 anos para adultos e jovens que não
tivessem cursado o período escolar na época própria (ROMANELLI, 1999).


O Curso Secundário


       Em sua exposição de motivos, para justificar a decretação da nova estrutura do
ensino secundário, o Ministro Gustavo Capanema, afirmava, segundo Maria Tetis Nunes,
citada por Romanelli (1999) o seguinte:


                       O que constitui o caráter específico do ensino secundário é a sua função de
                       formar nos adolescentes uma sólida cultura geral e, bem assim, de neles acentuar
                       e elevar a consciência patriótica e a consciência humanística. O ensino
                       secundário deve ser, por isto, um ensino patriótico por excelência, e patriótico no
                       sentido mais alto da palavra, isto é, um ensino capaz de dar ao adolescente a
                       compreensão dos problemas e das necessidades, da missão, e dos ideais da
                       nação, e bem assim dos perigos que a acompanhem, cerquem ou ameacem, um
                       ensino capaz, além disso, de criar, no espírito das gerações novas a consciência
                       da responsabilidade diante dos valores maiores da pátria, a sua independência, a
                       sua ordem, e seu destino.


       Reconhece-se na fala acima, que havia a intenção clara de reservar o ensino
secundário para as pessoas que tivessem requisitos básicos de posse econômica, a fim de
4



que ocupassem os mais altos cargos da nação. Observa-se, ainda, a forte ênfase dada ao
estímulo patriotismo. Também, o Decreto-lei 4.244, de 09/04/42, chamava a atenção, para
as finalidades do curso secundário, com atenção especial ao prosseguimento nos estudos
superiores.
              1. Formar, em prosseguimento da obra educativa do ensino primário, a
              personalidade integral dos adolescentes.

              2. Acentuar e elevar, na formação espiritual dos adolescentes, a consciência
              patriótica e a consciência humanística.

              3. Dar preparação intelectual geral que possa servir de base a estudos mais
              elevados de formação especial. (grifo nosso) (art. 1º)

       A Reforma do secundário seguiu a política autoritária espelhada no modelo fascista
experimentado na Itália, implantada por Gentile, em sua reforma (MANFREDI, 2003).
Pelas palavras apresentadas e pelo exame detalhado do Decreto, verifica-se a forte
tendência de adoção da ideologia fascista, já em andamento na Europa. Isso pode ser
percebido na leitura do texto que apresenta alguns fundamentos dessa ideologia, no art. 20,
por exemplo, há referência explícita a uma educação militar a ser dada no ensino
secundário, a cargo do Ministério da Guerra.

                         Art. 20. A educação militar será dada aos alunos do sexo masculino dos
                         estabelecimentos de ensino secundário, ressalvados os casos de incapacidade
                         física. Dar-se-á aos menores de dezesseis anos a instrução pré-militar, e a
                         instrução militar aos que tiverem completado essa idade. (Grifo Nosso)

                         Parágrafo único. As diretrizes pedagógicas da instrução pré-militar e da
                         instrução militar serão fixadas pelo Ministério da Guerra. (Grifo Nosso)


       É importante, também, se fazer menção, ao capítulo próprio da norma, que se refere
à Educação Moral e Cívica, como parte de uma doutrina totalitária, que deveria ser
considerada como um tema transversal, desenvolvido nas diversas atividades escolares e
principalmente nas disciplinas de Geografia e História do Brasil (arts. 22, 23 e 24 §§ 1º a
3º). Deve-se atentar para o detalhe da tentativa de formação da consciência do jovem
através da educação voltada para o patriotismo, com a determinação de que deveria ser
forjada uma “Juventude Brasileira”.
       Romanelli (1999) faz uma menção à essa “Juventude Brasileira”, comparando-a
com as existentes à época na Alemanha e Itália, que cultuavam e promoviam o patriotismo
e o nacionalismo acirrados. Outrossim, o Decreto, foi discriminador em sua essência, uma
5



vez que direcionado às classes favorecidas, já que se destinava a formar as
“individualidades condutoras, isto é, os homens que deverão assumir as responsabilidades
maiores dentro da sociedade e da nação [...]”, segundo as palavras do próprio Capanema,
sobre o ensino secundário (apud RIBEIRO, 2003). Dessa forma, o curso secundário, foi
preparado para que os estudantes que nele ingressassem pudessem seguir suas carreiras,
com a possibilidade de prestar vestibular para qualquer curso de nível superior,
indistintamente. O curso era constituído de duas partes, o Ginasial comum, com quatro
anos de duração e a 2ª parte, chamada de Colegial, contendo duas opções: o Clássico e o
Científico, ambos com 3 anos de duração, não havendo muita diferença curricular entre
eles (Ghiraldelli Jr., 2006). No entanto, o Clássico destinava-se àqueles que pretendiam
cursar o ensino superior, na área de humanas e o Científico na área de exatas e biomédicas.


A Educação Profissional

         A educação profissional se resumia a quatro Decretos que organizavam os ramos da
economia englobando os cursos Industrial, Comercial e Agrícola, e, ainda, o curso Normal
que possuía uma característica diversa, pois se destinava à formação de professores e era
elitista em termos de seleção. Os cursos profissionalizantes ficaram resumidos aos cursos
que de forma geral, eram compostos por 2 ciclos: um Fundamental (Ginasial), chamado de
Básico por Manfredi (2003), na maioria dos casos com 4 anos, e outro chamado de
Técnico com duração de 3 a 4 quatro anos, o último seqüencial ao primeiro. Há que se
compreender que o momento econômico mundial era delicado, já que a 2ª guerra mundial
estava em andamento e dificultava a vinda de mão-de-obra especializada oriunda de outros
países. Por outro lado a formação de pessoal era extremamente necessária, já que puxada
pela demanda interna por produtos industrializados, que crescia. (ROMANELLI, 1999). Os
alunos oriundos dos cursos profissionalizantes técnicos, no âmbito das Leis Orgânicas
ainda enfrentaram problemas para prosseguirem os estudos em nível superior. Esses cursos
somente permitiam acesso ao nível superior em outros pertencentes à mesma categoria
estudada, ou seja, não havia a possibilidade de mudança de área (GHIRALDELLI Jr.,
2006). Através do estudo das Leis Orgânicas do ensino profissionalizante, não foi
observada qualquer referência à implantação de matérias com ênfase na formação cívica e
moral.
6




Conclusões parciais

Considerando-se os fatos históricos relacionados e a situação legal imposta na década de
1940, com especial interesse na Reforma Capanema, nota-se a importância da educação
para a sociedade e observa-se que a separação entre trabalho manual e trabalho intelectual,
existente desde os primórdios da civilização brasileira continuou, agora plenamente
legalizada. Os cursos profissionais, voltados à realização de trabalhos manuais, estavam
destinados, segundo a Constituição de 1937, às camadas mais pobres da população, e
possuíam o requinte de serem considerados terminais, havendo restrições para o
prosseguimento nos estudos superiores. Por outro lado, o curso secundário era destinado
aos “dirigentes” da nação, agraciados com o direito de continuação dos estudos em
qualquer curso superior. Isso caracterizou a dicotomia social explicitada pela reforma, que
protegia os abastados, oferecendo-lhes melhores oportunidades, enquanto obrigava os
pobres a parar os estudos ou seguir precocemente uma profissão que carregaria para o resto
de sua vida. Observa-se também, a tentativa de se reproduzir o pensamento das elites da
época, através da escola, o que bem representa a idéia de que a escola funciona como um
aparelho ideológico de Estado, como defende Althusser (2003). No caso da reforma do
secundário, a ideologia dominante permeou todo o texto legal, com o objetivo de formar as
elites dentro das idéias fascistas, garantindo, assim, a manutenção do poder.



Referências

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado: nota sobre os aparelhos
ideológicos de Estado. Tradução de Walter José Evangelista e Maria Laura Viveiros de
Castro: introdução crítica de José Augusto Guilhon Albuquerque. 9.ed. São Paulo: Graal,
2003.

GHIRALDELLI Jr., Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2006.

MANFREDI, Sílvia Maria. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.

RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação brasileira: a organização escolar.
18.ed. Campinas: Autores Associados, 2003.

ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil (1930/1973). 23.ed.
Petrópolis: Vozes, 1999.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Ensino médio e formação humana integral, caderno 1
Ensino médio e formação humana integral, caderno 1Ensino médio e formação humana integral, caderno 1
Ensino médio e formação humana integral, caderno 1Kadu Lannes
 
Ensino superior no brasil
Ensino superior no brasil Ensino superior no brasil
Ensino superior no brasil anaervilha
 
Reforma do ensino superior no brasil
Reforma do ensino superior no brasilReforma do ensino superior no brasil
Reforma do ensino superior no brasilisraelfaifa
 
Web caderno-1
Web caderno-1Web caderno-1
Web caderno-1luci96
 
Ensino médio – um balanço histórico
Ensino médio – um balanço históricoEnsino médio – um balanço histórico
Ensino médio – um balanço históricoRosevi Maria
 
Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014
Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014
Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014IRACI SARTORI
 
Aula 3: História da educação no Brasil
Aula 3: História da educação no BrasilAula 3: História da educação no Brasil
Aula 3: História da educação no BrasilIsrael serique
 
Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo Igor13Reis
 

La actualidad más candente (13)

Ensino médio e formação humana integral, caderno 1
Ensino médio e formação humana integral, caderno 1Ensino médio e formação humana integral, caderno 1
Ensino médio e formação humana integral, caderno 1
 
Gustavo capanema
Gustavo capanemaGustavo capanema
Gustavo capanema
 
Aula 1 paloma
Aula 1 palomaAula 1 paloma
Aula 1 paloma
 
Ensino superior no brasil
Ensino superior no brasil Ensino superior no brasil
Ensino superior no brasil
 
Formacao do em caderno i
Formacao do em caderno iFormacao do em caderno i
Formacao do em caderno i
 
Reforma do ensino superior no brasil
Reforma do ensino superior no brasilReforma do ensino superior no brasil
Reforma do ensino superior no brasil
 
Web caderno-1
Web caderno-1Web caderno-1
Web caderno-1
 
Etapa I - Caderno 01
Etapa I - Caderno 01Etapa I - Caderno 01
Etapa I - Caderno 01
 
Ensino médio – um balanço histórico
Ensino médio – um balanço históricoEnsino médio – um balanço histórico
Ensino médio – um balanço histórico
 
Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014
Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014
Cardeno n° 1 do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio 2014
 
Aula 3: História da educação no Brasil
Aula 3: História da educação no BrasilAula 3: História da educação no Brasil
Aula 3: História da educação no Brasil
 
Historia da educacao
Historia da educacaoHistoria da educacao
Historia da educacao
 
Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo Trajetória do pedagogo
Trajetória do pedagogo
 

Destacado (8)

Np scae 2013
Np scae 2013Np scae 2013
Np scae 2013
 
Cumple Kriss
Cumple KrissCumple Kriss
Cumple Kriss
 
Combate el Spam en Servidores CPanel
Combate el Spam en Servidores CPanelCombate el Spam en Servidores CPanel
Combate el Spam en Servidores CPanel
 
Np visita roaster bienvenida
Np visita roaster bienvenidaNp visita roaster bienvenida
Np visita roaster bienvenida
 
SKATE
SKATESKATE
SKATE
 
Np honduras portrait country scaa 2012
Np honduras portrait country scaa 2012Np honduras portrait country scaa 2012
Np honduras portrait country scaa 2012
 
Publicación1
Publicación1Publicación1
Publicación1
 
Sara Glz Y Diego Parades
Sara Glz Y Diego ParadesSara Glz Y Diego Parades
Sara Glz Y Diego Parades
 

Similar a Educação profissional e reforma Capanema

Caderno1- Ensino Médio e Formação Humana Integral
Caderno1- Ensino Médio e Formação Humana IntegralCaderno1- Ensino Médio e Formação Humana Integral
Caderno1- Ensino Médio e Formação Humana IntegralDillzzaa
 
Pacto Nacional do Ensino Caderno1
Pacto Nacional do Ensino Caderno1Pacto Nacional do Ensino Caderno1
Pacto Nacional do Ensino Caderno1jjamesmarques
 
A Educação no Brasil no Período da Segunda República
A Educação no Brasil no Período da Segunda RepúblicaA Educação no Brasil no Período da Segunda República
A Educação no Brasil no Período da Segunda RepúblicaDonizete Soares
 
A educação brasileira durante o período da ditadura militar
A educação brasileira durante o período da ditadura militarA educação brasileira durante o período da ditadura militar
A educação brasileira durante o período da ditadura militarLara Utzig
 
Apresentação formação ii
Apresentação formação iiApresentação formação ii
Apresentação formação iiKadu Lannes
 
Processo histórico da EJA no Brasil - IFMA
Processo histórico da EJA no Brasil - IFMAProcesso histórico da EJA no Brasil - IFMA
Processo histórico da EJA no Brasil - IFMALeandro Marques
 
Gestão pedagógica do ensino fundamental i
Gestão  pedagógica do ensino fundamental iGestão  pedagógica do ensino fundamental i
Gestão pedagógica do ensino fundamental iunieubra
 
Trabalho de historia da educacao
Trabalho de historia da educacaoTrabalho de historia da educacao
Trabalho de historia da educacaocibele2
 
Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...
Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...
Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...ClaraAguiar
 
A educação no brasil
A educação no brasilA educação no brasil
A educação no brasilSarahLimaBruce
 

Similar a Educação profissional e reforma Capanema (20)

Caderno1- Ensino Médio e Formação Humana Integral
Caderno1- Ensino Médio e Formação Humana IntegralCaderno1- Ensino Médio e Formação Humana Integral
Caderno1- Ensino Médio e Formação Humana Integral
 
Caderno1
Caderno1Caderno1
Caderno1
 
Pacto Nacional do Ensino Caderno1
Pacto Nacional do Ensino Caderno1Pacto Nacional do Ensino Caderno1
Pacto Nacional do Ensino Caderno1
 
Políticas letras
Políticas letrasPolíticas letras
Políticas letras
 
A Educação no Brasil no Período da Segunda República
A Educação no Brasil no Período da Segunda RepúblicaA Educação no Brasil no Período da Segunda República
A Educação no Brasil no Período da Segunda República
 
A educação brasileira durante o período da ditadura militar
A educação brasileira durante o período da ditadura militarA educação brasileira durante o período da ditadura militar
A educação brasileira durante o período da ditadura militar
 
Ensino Médio
Ensino MédioEnsino Médio
Ensino Médio
 
Caderno 1 Sismédio
Caderno 1 SismédioCaderno 1 Sismédio
Caderno 1 Sismédio
 
Caderno 1 versao preliminar
Caderno 1 versao preliminarCaderno 1 versao preliminar
Caderno 1 versao preliminar
 
Apresentação formação ii
Apresentação formação iiApresentação formação ii
Apresentação formação ii
 
Web caderno-1
Web caderno-1Web caderno-1
Web caderno-1
 
Web caderno 1
Web caderno 1Web caderno 1
Web caderno 1
 
Web caderno-1
Web caderno-1Web caderno-1
Web caderno-1
 
Processo histórico da EJA no Brasil - IFMA
Processo histórico da EJA no Brasil - IFMAProcesso histórico da EJA no Brasil - IFMA
Processo histórico da EJA no Brasil - IFMA
 
Gestão pedagógica do ensino fundamental i
Gestão  pedagógica do ensino fundamental iGestão  pedagógica do ensino fundamental i
Gestão pedagógica do ensino fundamental i
 
Trabalho de historia da educacao
Trabalho de historia da educacaoTrabalho de historia da educacao
Trabalho de historia da educacao
 
Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...
Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...
Monografia - A indisciplina no processo de ensino aprendizagem em turmas do p...
 
Gustavo capanema (1)
Gustavo capanema (1)Gustavo capanema (1)
Gustavo capanema (1)
 
A educação no brasil
A educação no brasilA educação no brasil
A educação no brasil
 
177 6475-1-pb
177 6475-1-pb177 6475-1-pb
177 6475-1-pb
 

Último

matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxLusGlissonGud
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéisines09cachapa
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 

Último (20)

matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 

Educação profissional e reforma Capanema

  • 1. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E A DICOTOMIA SOCIAL NA REFORMA CAPANEMA PAMPLONA, Ronaldo Mendes1 OTRANTO, Célia Regina2 1Mestrando em Educação Agrícola – PGEA/UFRRJ, Prof. Colégio Técnico/UFRRJ, e-mail: rmpamplona@bol.com.br 2 Profª Orientadora Doutora em Ciências CPDA/UFRRJ, Profª do DTPE/IE/UFRRJ, e-mail: celiaotranto@terra.com.br A década de 1930 iniciou-se com a instalação do governo de Getúlio Vargas, a princípio provisoriamente, em meio a uma crise generalizada no país, que clamava por mudanças. Vargas permaneceu no poder por 15 anos, sendo que no período de 30 a 37, com poder instável e de 37 a 45, sob um regime ditatorial. Com o golpe de 1937, Vargas “promulgou” uma nova Constituição, que restringiu a amplitude do Estado com relação à educação (ROMANELLI, 1999). No texto legal da nova Carta é visível a discriminação social, quando destina a educação profissional, às classes sociais mais baixas. O art. 129, assim dispõe literalmente: “O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos favorecidas...”. Além disso, desobrigava o Estado de garantir educação a todos, limitando-lhe a ação: À infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários à educação em instituições particulares, é dever da Nação dos Estados e dos Municípios, assegurar, pela fundação de instituições públicas de ensino em todos os seus graus, a possibilidade de receber uma educação adequada às suas faculdades, aptidões e tendências vocacionais. (CF, 1937, art. 129) Desta forma, o Estado regrediu, na concepção de seu arcabouço educacional, pois na Constituição anterior, de 1934, havia o dever do Estado, de prover a educação para todos, e não somente àqueles que não tivessem recursos necessários para se educarem em instituições particulares (ROMANELLI, 1999). Foi nesse contexto, numa época da história da República conhecida como o Estado Novo, que surgiu a Reforma iniciada por Capanema, em 1942, objeto de estudo deste trabalho.
  • 2. 2 A Reforma Capanema As Leis Orgânicas do Ensino foram instituídas, em 1942, através da modalidade Decreto-lei, tipo de norma baixada pelo Executivo, similar ao que hoje conhecemos como Medidas Provisórias. A reforma foi considerada parcial, já que não foi abrangente o suficiente para acolher todo o ensino, de uma só vez (ROMANELLI, 1999). As Leis se referiam a cada ramo de ensino, em separado e isoladamente. Tinham a intenção de favorecer grupos políticos, com clara tendência voltada para agraciar empresários, em prejuízo daqueles que pertenciam às camadas mais pobres da população (MANFREDI, 2003). Os currículos foram redefinidos e o ensino secundário ficou em oposição ao profissional, com existência de articulação tênue entre eles, numa época que havia a necessidade de formação de força de trabalho. O curso secundário foi eleito para formar os dirigentes da nação, já os ramos da educação profissional foram designados para os seguintes setores da produção: primário, para o ensino agrícola; secundário para o ensino industrial; terciário para o ensino comercial e o ensino normal para a formação de professores (MANFREDI, 2003). As Leis Orgânicas, segundo Romanelli (1999), ficaram assim estruturadas: 1. Lei Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-lei 4.073 de 30/01/42. 2. Lei Orgânica do Ensino Secundário – Decreto-lei 4.244 de 09/04/42. 3. Lei Orgânica do Ensino Comercial – Decreto-lei 6.141 de 28/12/43. Os Decretos acima foram instituídos na gestão de Capanema, enquanto Vargas era Presidente da República. Após a queda de Vargas, a reforma continuou, com o Ministro da Educação Raul Leitão da Cunha, no governo provisório de José Linhares, como se apresenta a seguir: 1. Lei Orgânica do Ensino Primário – Decreto-lei 8.529 de 02/01/46. 2. Lei Orgânica do Ensino Normal – Decreto-lei 8.530 de 02/01/46. 3. Lei Orgânica do Ensino Agrícola – Decreto-lei 9.613 de 20/08/46. A Lei Orgânica do Ensino Agrícola foi a última a ser editada, já no governo de Eurico Gaspar Dutra, tendo como Ministro Netto Campelo Junior. Somam-se a essa organização do ensino regular e profissional, a criação do SENAI, pelo Decreto-lei 4.048 de 22/01/42 e o SENAC, pelos Decretos-lei 8.621 e 8.622 de 10/01/46, tomadas como importantes ações, integradas à reforma, que lhe deram sustentáculo e seguiram a sua linha de pensamento. A
  • 3. 3 seguir aprofundaremos o estudo de cada uma delas na ordem hierárquica: primário, secundário e finalmente profissionalizante. O Curso Primário A reforma do curso primário, foi colocada em prática na última fase da reforma Capanema, em janeiro de 1946, apesar de ser essa a primeira etapa da escolarização. Foi instituída após a queda do governo Vargas e portanto sob novas lideranças. Segundo o entendimento de Romanelli, (1999) o Decreto demonstra a volta à normalidade democrática e não sofreu as influências fascistas, a exemplo do ensino secundário tratado no início dos anos 40. Entretanto, Ribeiro (2003) entende de outra maneira, pois afirma que o texto do Decreto tinha sido elaborado pelo grupo anterior, no caso, o próprio Capanema, Ministro de Getúlio, embora reconheça sua desvinculação das idéias fascistas. No Decreto, o curso primário era denominado de fundamental e subdividido em elementar, com duração de 4 anos, e complementar, de apenas 1 ano. Era destinado a crianças de 7 a 14 anos. Havia também, o primário supletivo de 2 anos para adultos e jovens que não tivessem cursado o período escolar na época própria (ROMANELLI, 1999). O Curso Secundário Em sua exposição de motivos, para justificar a decretação da nova estrutura do ensino secundário, o Ministro Gustavo Capanema, afirmava, segundo Maria Tetis Nunes, citada por Romanelli (1999) o seguinte: O que constitui o caráter específico do ensino secundário é a sua função de formar nos adolescentes uma sólida cultura geral e, bem assim, de neles acentuar e elevar a consciência patriótica e a consciência humanística. O ensino secundário deve ser, por isto, um ensino patriótico por excelência, e patriótico no sentido mais alto da palavra, isto é, um ensino capaz de dar ao adolescente a compreensão dos problemas e das necessidades, da missão, e dos ideais da nação, e bem assim dos perigos que a acompanhem, cerquem ou ameacem, um ensino capaz, além disso, de criar, no espírito das gerações novas a consciência da responsabilidade diante dos valores maiores da pátria, a sua independência, a sua ordem, e seu destino. Reconhece-se na fala acima, que havia a intenção clara de reservar o ensino secundário para as pessoas que tivessem requisitos básicos de posse econômica, a fim de
  • 4. 4 que ocupassem os mais altos cargos da nação. Observa-se, ainda, a forte ênfase dada ao estímulo patriotismo. Também, o Decreto-lei 4.244, de 09/04/42, chamava a atenção, para as finalidades do curso secundário, com atenção especial ao prosseguimento nos estudos superiores. 1. Formar, em prosseguimento da obra educativa do ensino primário, a personalidade integral dos adolescentes. 2. Acentuar e elevar, na formação espiritual dos adolescentes, a consciência patriótica e a consciência humanística. 3. Dar preparação intelectual geral que possa servir de base a estudos mais elevados de formação especial. (grifo nosso) (art. 1º) A Reforma do secundário seguiu a política autoritária espelhada no modelo fascista experimentado na Itália, implantada por Gentile, em sua reforma (MANFREDI, 2003). Pelas palavras apresentadas e pelo exame detalhado do Decreto, verifica-se a forte tendência de adoção da ideologia fascista, já em andamento na Europa. Isso pode ser percebido na leitura do texto que apresenta alguns fundamentos dessa ideologia, no art. 20, por exemplo, há referência explícita a uma educação militar a ser dada no ensino secundário, a cargo do Ministério da Guerra. Art. 20. A educação militar será dada aos alunos do sexo masculino dos estabelecimentos de ensino secundário, ressalvados os casos de incapacidade física. Dar-se-á aos menores de dezesseis anos a instrução pré-militar, e a instrução militar aos que tiverem completado essa idade. (Grifo Nosso) Parágrafo único. As diretrizes pedagógicas da instrução pré-militar e da instrução militar serão fixadas pelo Ministério da Guerra. (Grifo Nosso) É importante, também, se fazer menção, ao capítulo próprio da norma, que se refere à Educação Moral e Cívica, como parte de uma doutrina totalitária, que deveria ser considerada como um tema transversal, desenvolvido nas diversas atividades escolares e principalmente nas disciplinas de Geografia e História do Brasil (arts. 22, 23 e 24 §§ 1º a 3º). Deve-se atentar para o detalhe da tentativa de formação da consciência do jovem através da educação voltada para o patriotismo, com a determinação de que deveria ser forjada uma “Juventude Brasileira”. Romanelli (1999) faz uma menção à essa “Juventude Brasileira”, comparando-a com as existentes à época na Alemanha e Itália, que cultuavam e promoviam o patriotismo e o nacionalismo acirrados. Outrossim, o Decreto, foi discriminador em sua essência, uma
  • 5. 5 vez que direcionado às classes favorecidas, já que se destinava a formar as “individualidades condutoras, isto é, os homens que deverão assumir as responsabilidades maiores dentro da sociedade e da nação [...]”, segundo as palavras do próprio Capanema, sobre o ensino secundário (apud RIBEIRO, 2003). Dessa forma, o curso secundário, foi preparado para que os estudantes que nele ingressassem pudessem seguir suas carreiras, com a possibilidade de prestar vestibular para qualquer curso de nível superior, indistintamente. O curso era constituído de duas partes, o Ginasial comum, com quatro anos de duração e a 2ª parte, chamada de Colegial, contendo duas opções: o Clássico e o Científico, ambos com 3 anos de duração, não havendo muita diferença curricular entre eles (Ghiraldelli Jr., 2006). No entanto, o Clássico destinava-se àqueles que pretendiam cursar o ensino superior, na área de humanas e o Científico na área de exatas e biomédicas. A Educação Profissional A educação profissional se resumia a quatro Decretos que organizavam os ramos da economia englobando os cursos Industrial, Comercial e Agrícola, e, ainda, o curso Normal que possuía uma característica diversa, pois se destinava à formação de professores e era elitista em termos de seleção. Os cursos profissionalizantes ficaram resumidos aos cursos que de forma geral, eram compostos por 2 ciclos: um Fundamental (Ginasial), chamado de Básico por Manfredi (2003), na maioria dos casos com 4 anos, e outro chamado de Técnico com duração de 3 a 4 quatro anos, o último seqüencial ao primeiro. Há que se compreender que o momento econômico mundial era delicado, já que a 2ª guerra mundial estava em andamento e dificultava a vinda de mão-de-obra especializada oriunda de outros países. Por outro lado a formação de pessoal era extremamente necessária, já que puxada pela demanda interna por produtos industrializados, que crescia. (ROMANELLI, 1999). Os alunos oriundos dos cursos profissionalizantes técnicos, no âmbito das Leis Orgânicas ainda enfrentaram problemas para prosseguirem os estudos em nível superior. Esses cursos somente permitiam acesso ao nível superior em outros pertencentes à mesma categoria estudada, ou seja, não havia a possibilidade de mudança de área (GHIRALDELLI Jr., 2006). Através do estudo das Leis Orgânicas do ensino profissionalizante, não foi observada qualquer referência à implantação de matérias com ênfase na formação cívica e moral.
  • 6. 6 Conclusões parciais Considerando-se os fatos históricos relacionados e a situação legal imposta na década de 1940, com especial interesse na Reforma Capanema, nota-se a importância da educação para a sociedade e observa-se que a separação entre trabalho manual e trabalho intelectual, existente desde os primórdios da civilização brasileira continuou, agora plenamente legalizada. Os cursos profissionais, voltados à realização de trabalhos manuais, estavam destinados, segundo a Constituição de 1937, às camadas mais pobres da população, e possuíam o requinte de serem considerados terminais, havendo restrições para o prosseguimento nos estudos superiores. Por outro lado, o curso secundário era destinado aos “dirigentes” da nação, agraciados com o direito de continuação dos estudos em qualquer curso superior. Isso caracterizou a dicotomia social explicitada pela reforma, que protegia os abastados, oferecendo-lhes melhores oportunidades, enquanto obrigava os pobres a parar os estudos ou seguir precocemente uma profissão que carregaria para o resto de sua vida. Observa-se também, a tentativa de se reproduzir o pensamento das elites da época, através da escola, o que bem representa a idéia de que a escola funciona como um aparelho ideológico de Estado, como defende Althusser (2003). No caso da reforma do secundário, a ideologia dominante permeou todo o texto legal, com o objetivo de formar as elites dentro das idéias fascistas, garantindo, assim, a manutenção do poder. Referências ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de estado: nota sobre os aparelhos ideológicos de Estado. Tradução de Walter José Evangelista e Maria Laura Viveiros de Castro: introdução crítica de José Augusto Guilhon Albuquerque. 9.ed. São Paulo: Graal, 2003. GHIRALDELLI Jr., Paulo. História da educação brasileira. São Paulo: Cortez, 2006. MANFREDI, Sílvia Maria. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da educação brasileira: a organização escolar. 18.ed. Campinas: Autores Associados, 2003. ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil (1930/1973). 23.ed. Petrópolis: Vozes, 1999.