O documento descreve uma atividade realizada em sala de aula sobre o texto "A última crônica" de Fernando Sabino. A atividade incluiu uma discussão sobre o título e conteúdo do texto, respondendo perguntas e atividades sobre o texto. Os alunos também produziram seus próprios textos para a Olimpíada de Língua Portuguesa.
1. ATIVIDADE 4
PLANEJANDO UMA ATIVIDADE COM HIPERTEXTO OU INTERNET
Cursista: Marcely Moreira Domingues Araújo.
Tutor: Edemar
Nível de Componente
Tema Gênero textual
Ensino Curricular
Ens. Fund. Língua oral e escrita: prática de produção de
Língua Portuguesa Crônica
9º ano textos orais e escritos
Apresentação
Primeiramente foi repassado aos alunos sobre:
A participação da turma na Olimpíada de Língua Portuguesa;
Os objetivos: 1º- Reduzir o “iletrismo” e o fracasso escolar.
2º - Contribuir para melhorar o ensino da leitura e da escrita.
3º - Contribuir direta e indiretamente para a formação docente.
As atividades realizadas em sala foram sugeridas no caderno do Professor seguindo a sequência
didática.
Esta atividade foi trabalhada em sala como complemento às atividades do caderno da
Olimpíada. Foi retirada do Portal do Professor mas realizada com algumas alterações.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=14871
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
• Leitura e interpretação de textos.
• Conhecer a vida e obra do escritor Fernando Sabino.
• Produzir um texto com a finalidade de participar da Olimpíada de Língua Portuguesa.
Duração das atividades
As atividades foram realizadas no 2º bimestre.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
• Habilidades básicas de leitura.
1ª AULA
Pesquisa sobre a vida e obra do escritor Fernando Sabino.
2ª AULA
2. Terminada esta atividade, apresentei o título do primeiro texto “A última crônica” de Fernando Sabino
(1ª oficina da olimpíada) e por meio de perguntas, explorei um pouco sobre o mesmo:
1. Esse título chama a atenção do leitor? Por quê?
2. O que ele sugere?
3. Pelo título dá para imaginar o assunto da crônica?
4. Que situação vocês acham que essa crônica vai retratar?
Depois de responderem estas perguntas oralmente, entreguei o texto e fizemos a leitura coletiva e
perguntei-lhes o que mudou sobre a percepção do texto após a leitura. Em seguida, fizemos
comentários sobre essa diferença. O passo a seguir foi responder as atividades.
TEXTO 1
A última crônica
Fernando Sabino
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade
estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar
com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia
apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz
mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer
num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me
simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo
meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema".
Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos
que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao
longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se
acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no
vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os
olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição
tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a
fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o
garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A
mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom.
Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira,
olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom
encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o
no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha,
contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente.
Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um
discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se
mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho.
Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto
ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha
repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater
palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra
3. você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha
agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para
ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai
corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração.
Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila,
ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."
Crônica publicada no livro "A Companheira de viagem" (Editora Record, 1965)
3ª AULA
Pedi aos alunos que realizem as atividades propostas sobre o texto. Corrijimos os exercícios
oralmente, observando as diferenças na interpretação.
Atividades:
1) Que tipo de narrador o texto “A última crônica” apresenta? Justifique sua resposta.
2) Retire do primeiro parágrafo as informações abaixo:
a) Quem entra no botequim?
b) Onde fica o botequim?
c) Em primeiro lugar, entra no botequim para quê?
d) Na verdade, o que ele faz nesse lugar?
e) o que ele deseja?
3) Sobre o trecho: “Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da
família, célula da sociedade.”, responda:
a) Quem são esses “três esquivos”?
b) Onde eles estão?
c) Levante hipóteses a respeito do que eles estão fazendo ali.
4) O que o pai pede ao garçom?
5) No trecho “A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a
aprovação do garçom.”, explique a ansiedade da mãe ao esperar a aprovação do garçom.
Por que o garçom não aprovaria o pedido do pai?
6) Observe que ao descrever a cena que está diante dos olhos, o narrador-personagem questiona: “Por
que não começa a comer?” Por quê? Levante hipóteses.
7) Em “Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual.”, a expressão
destacada será revelada mais adiante. O que representa esse ritual? Quais são os elementos que
compõem esse ritual?
8) Explique o que sentiu o narrador-personagem quando o pai sorri para ele.
“Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila,
ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.”
Avaliação
4. No texto de Fernando Sabino, o narrador-personagem procura algo do cotidiano para escrever a sua
última crônica e se depara com uma comemoração de aniversário de uma menininha de dois anos em
um lugar (botequim) um pouco improvável para o “ritual”.
Produção de texto para a Olimpíada de Língua Portuguesa:
Após o rodízio de leitura (crônicas) e a realização de várias oficinas do caderno do Professor, os
alunos produziram um pequeno texto a partir de um acontecimento que eles considerassem
importantes do seu dia a dia. O texto escolhido pela comissão do colégio já foi enviado e agora
estamos na torcida.
Segue abaixo o texto selecionado da aluna Maria Giselly, do 9ª “A”.
Um Sonho
Como sabemos quase todos os garotos sonham ser jogadores de futebol, mas é claro, nem todos
realizam esse sonho, afinal, o futebol como em outros esportes só há espaço para o melhor. Comigo
não foi diferente, sonhava acordada em ser uma grande jogadora, por isso praticava bastante. Eu e meu
amigo Marcos compartilhávamos do mesmo sonho. Aos 14 anos, nós jogamos no time da escola e do
bairro. Aos 15 anos decidimos arriscar e fizemos um teste para jogar em um grande time, um time de
verdade, um time profissional. Sabíamos que tínhamos poucas chances, mas mesmo assim fizemos.
Depois de muito esforço terminamos os testes, estávamos nervosos pensando que iríamos enfartar de
tanta tensão. Enfim a notícia chegou dizendo “Parabéns vocês passaram nos testes”. Finalmente um
Gooooool na nossa história de vida, finalmente alcançamos um sonho tão desejado que chegava a
parecer obsessão. Sentimos o gosto da vitória por vencermos no jogo e na vida. Quando olho para trás,
paro e penso “Se tiver um sonho, lute por ele, faça o possível e impossível para alcançá-lo. Sonhos são
como estrelas, parecem impossíveis de serem alcançados, mas quando enfim alcançamos, ficamos
maravilhados, deslumbrados”.
Nunca desista dos seus sonhos.
Maria Giselly – 9º “A”
Estratégias e recursos da aula:
Os materiais da Olimpíada.
http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf/index.php?option=com_content&task=view&id=18008
Espaço da aula ( sugestão da aula):
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html
Biografia do Fernando Sabino disponível nos sites:
http://www.releituras.com/fsabino_bio.asp
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino
Texto:
“A última crônica” de Fernando Sabino, disponível no site:
http://www.almacarioca.com.br/cro169.htm