1. Patativa do Assaré
Biografia, obras, poemas, repentes,
literatura de cordel e outras
informações sobre sua vida.
Patativa do Assaré: compositor, poeta e
improvisador
2. Patativa do Assaré era o nome artístico (pseudônimo) de Antônio Gonçalves
da Silva. Nasceu em 5 de março de 1909, na cidade de Assaré (estado do
Ceará). Foi um dos mais importantes representantes da cultura popular
nordestina.
3. Vida e obras
Dedicou sua vida a produção de cultura popular (voltada para o povo
marginalizado e oprimido do sertão nordestino). Com uma linguagem
simples, porém poética, destacou-se como compositor, improvisador e
poeta. Produziu também literatura de cordel, porém nunca se considerou um
cordelista.
4. Sua vida na infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa
família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho. O pai morreu
quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento começou a
trabalhar na roça para ajudar no sustento da família.
5. Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porém ficou poucos
meses nos bancos escolares. Nesta época, começou a escrever seus próprios
versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis
anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se
apresentar em pequenas festas da cidade.
6. Ganhou o apelido de Patativa, uma alusão ao pássaro de lindo canto, quando
tinha vinte anos de idade. Nesta época, começou a viajar por algumas
cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou também
diversas vezes na rádio Araripe.
7. No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração
Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais
importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu
outros que também fizeram muito sucesso. Ganhou vários prêmios e títulos
por suas obras.
Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em
sua cidade natal.
8. Livros
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Inspiração Nordestina - 1956
Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967
Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978
Ispinho e Fulô - 1988
Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991
Cordéis - 1993
Aqui Tem Coisa - 1994
Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000
Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001
Ao pé da mesa – 2001
9. Poemas mais conhecidos
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A Triste Partida
Cante Lá que eu Canto Cá
Coisas do Rio de Janeiro
Meu Protesto
Mote/Glosas
Peixe
O Poeta da Roça
Apelo dum Agricultor
Se Existe Inferno
Vaca estrela e Boi Fubá
Você e Lembra?
Vou Vorá
10. Poesia de Patativa do Assaré
Há dor que mata a pessoa
Sem dó nem piedade.
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.
Patativa do Assaré
Eu sou de uma terra que o povo
padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu
nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.
11. Patativa do Assaré
Meus versos é como semente
Que nasce arriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obras da criação
Patativa do Assaré
Sertão, argúem te cantô,
Eu sempre tenho cantado
E ainda cantando tô,
Pruquê, meu torrão amado,
Munto te prezo, te quero
E vejo qui os teus mistéro
Ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
E inda fica o qui cantá.
(De EU E O SERTÃO - Cante lá que eu
canto Cá - Filosofia de um trovador
nordestino - Ed.Vozes, Petrópolis,
1982)
12. Patativa do Assaré
"Saudade dentro do peito
É qual fogo de monturo
Por fora tudo perfeito,
Por dentro fazendo furo.
Há dor que mata a pesso
Sem dó e sem piedade,
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.
Saudade é um aperreio
Pra quem na vida gozou,
É um grande saco cheio
Daquilo que já passou.
Saudade é canto magoado
No coração de quem sente
É como a voz do passado
Ecoando no presente"
13. Patativa do Assaré
Patativa do Assaré
Dentre o cultivo de terras
surge o poeta do Ceará
de seus envolventes repentes
o maravilhoso desafio do improviso
o casamento da poesia e da música
o delicioso canto de criação de versos.
Ó ave Patativa
que beleza de canto, de poesia
de fineza, de melodia
de uma oralidade marcante
cheia de significações e sensações.
Entre a voz e a entonação
as pausas
entre o ritmo e o pigarro
a expressão
com perfeição sua ironia, veemência e
hesitação.
De sonetos clássicos
à décima e a sextilha nordestina
ora linguagem culta
ora linguagem do dia a dia
emerge a poesia matuta.
Antônio Gonçalves da Silva
agricultor, improvisador
compositor, cantor
poeta popular
nossa ave brasileira.
Danielli Rodrigues