O documento é uma carta de agradecimento escrita por Manoel Marcondes após a alta hospitalar de sua mãe Stella Marcondes após 64 dias de internação no Hospital Federal de Ipanema no Rio de Janeiro. A carta elogia e agradece a dedicação e competência de todos os profissionais de saúde que cuidaram de sua mãe, permitindo sua recuperação. O autor também destaca a importância e qualidade do Sistema Único de Saúde brasileiro.
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
- 90 anos? - Esquece!
1. – 90 anos? – Esquece!
Por Manoel Marcondes, filho de Stella Marcondes.
Esqueça a morte, esqueça o coma induzido, os maus tratos, o intratável. Esqueça as
carências, as incompetências e as insuficiências. Renal, cardíaca e pulmonar. Esqueça a
pressa, a urgência e a emergência. Esqueça as semanas, os dias e as intermináveis horas.
Ao fim e ao cabo de uma internação de 64 dias, saindo ontem do Hospital Federal de
Ipanema em ALTA, só posso agradecer, em nome de minha mãe – a (im)paciente, no meu
nome, e também no de meus irmãos, cunhadas e sobrinhos, a atenção, o desvelo, a
dedicação, a perseverança, a compreensão e o carinho de que Stella (no HFI apelidada
‘highlander’) foi alvo.
Quanto será que valeu tudo isso? Quanto será que custaram montanhas de gaze,
hectolitros de soro fisiológico, tonelada de medicamentos – tudo chegando e sendo
ministrado a tempo e a hora?
E o que dizer do sangue que minha mãe recebeu? Como na propaganda... não tem preço’.
Assim como não tem preço ter tido a dedicação de profissionais de TODAS as categorias:
médicos, do staff e da residência, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, auxiliares
de enfermagem, pessoal da limpeza, da segurança, da portaria, da manutenção, da
cozinha.
Nominando alguns, estendemos o nosso MUITO OBRIGADO:
À Dra. Cristine Maria dos Santos Quintas, médica do Serviço de Proctologia, nosso eterno
agradecimento por ter acreditado e tanto investido na recuperação de minha mãe. Sem
seus cuidados não estaríamos hoje, aqui.
Ao Dr. Jorge Benjamim Fayad, chefe do Serviço de Proctologia, e a seus residentes que
com carinho a acompanharam neste período de internação: Ariane Pinheiro Moreira
Oliveira, Debora Beckhauser Pinto e Vinícius Amaro Chagas Mesquita.
Ao Dr. Caio Cirilo Freitas da Silva, residente do Serviço de Proctologia, em especial, a
nossa gratidão pelo zelo, acompanhamento intensivo e profissionalismo. O Acre ganha
um grande médico.
Ao Dr. Paulo Gabriel Bastos, chefe do Centro de Terapia Intensiva, e a todo seu staff
médico, enfermagem e fisioterapeutas, pela dedicação à ‘causa’ Stella, o que foi
imprescindível para a sua recuperação. Nunca esqueceremos a logística do primeiro dia
da paciente sentada fora do leito e a emoção, nossa e de todos os profissionais
envolvidos nesta proeza.
2. Às anestesistas Bruna Mangaranite Moraes Encina e Emanuelle Assunção da Rocha,
presentes na primeira cirurgia, sempre preocupadas com a sua recuperação no pós-
operatório. E à equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico, chefiadas por Maria Vieira
Roges e Márcia Ramos do Nascimento.
Ao Dr. Luiz Alfredo Lamy, chefe do Serviço de Cínica Médica, e sua equipe, pela
assistência e acompanhamento durante os dias passados na enfermaria de clínica médica.
À fisioterapeuta Danielle Abelheira, pelos primeiros, pequenos e importantes passos
dados nos corredores da enfermaria. Mas para a paciente uma grande caminhada.
Você sabe que foi objeto de bons cuidados quando chega a sentir saudades do hospital.
Aquelas paredes nuas, aqueles móveis padronizados, janelas, equipamentos, bipes e
cliques passaram a fazer parte da sua vida. Os trajetos, as chegadas e partidas mais ou
menos otimistas. O choro no corredor, o sorrido forçado no CTI e os oitenta exatos
degraus que o separam do térreo. Isto acometeu-me, sinceramente, às vésperas da saída.
Como serão os dias e noites de minha mãe sem a religiosidade dos horários de banho, de
ministrar medicamentos, de aferir a pressão e a temperatura, fazer exercícios, sem contar
as visitas de hordas de pessoas vestidas branco e azul – um angélico ‘dream team’.
Volto hoje ao HFI para levar esta carta à Ouvidoria como quem vai rever o seu velho
colégio.
Mas o melhor é saber que temos tudo isso – e mais a cura (gol final tão esperado)
custeado pelo Estado brasileiro, pelo contribuinte, Ou seja, por nós. São nossos recursos
voltando para nós mesmos. E para muitos que desconhecemos, neste imenso país inteiro.
Não poderíamos deixar de agradecer à Dra. Selene Maria Rendeiro Bezerra, diretora do
HFI – pelo exemplar funcionamento de todo o seu corpo profissional. Sem uma gestão
eficaz, nada disso teria sido possível.
O SUS, como conceito, é perfeito e modelar para o mundo. Suas idiossincrasias e erros
devem-se a pontuais desvios – algo que pode e deve, sempre, ser aperfeiçoado. Uma
assistência de saúde de excelência é direito do cidadão e dever do Estado. O que
vivenciamos nestes exatos 64 dias de internação é a certeza de um sistema que pode
funcionar adequadamente e dar uma assistência digna aos seus usuários.
O exemplo do HFI é para ser seguido.
Rio de Janeiro, 19 de julho de 2016.
Manoel Marcondes Machado Neto