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FACULDADE DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E TEOLOGIA
       DO NORTE DO BRASIL - FACETEN
       PÓS - GRADUAÇÃO LATU SENSO




         JANIRES DA SILVA PEREIRA
       MARIA EDILENE COSTA DA SILVA




            A LEITURA PROPICIANDO O
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES
                 INICIAIS.




               BOA VISTA/RR
               OUTUBRO/2012
JANIRES DA SILVA PEREIRA1
                                 MARIA EDILENE COSTA DA SILVA2




                                          A LEITURA PROPICIANDO O
                   DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES
                                                    INICIAIS.
                                                               .


                                                                Artigo apresentado ao Centro de Pós-
                                                          Graduação da Faculdade de Ciências,
                                                          Educação e Teologia do Norte do Brasil -
                                                          FACETEN, como requisito para obtenção do
                                                          Título de Especialista Lato Senso.




                                                Boa Vista
                                                  2012
                                          A LEITURA PROPICIANDO O
1
    Graduada em Pedagogia pela Faculdade Roraimense de Educação Superior – FARES/RR
2
    Graduada em Pedagogia pela Faculdade Roraimense de Educação Superior – FARES/RR
DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES INICIAIS. 3.




                                                          RESUMO


Reconhecer a importância da leitura e incentivar a formação do hábito de ler na idade em que
todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido,
o incentivo ao hábito de ler na infância através da leitura de histórias é um caminho que leva a
criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e
significativa. O presente estudo inicia com um breve histórico da leitura e suas concepções e
apresenta conceitos de linguagem e leitura, enfoca a importância de ouvir histórias e do
contato da criança desde cedo com o livro e finalmente esboça algumas estratégias para
desenvolver o hábito de ler.
Palavras-chave: Leitura, Desenvolvimento da criança, Hábito de leitura.




3
 Artigo apresentado ao Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil -
FACETEN, como requisito para obtenção do Título de Especialista Lato Senso.
ABSTRACT


Recognizing the importance of reading and encouraging the formation of the habit of reading
at an age when all habits are formed, in the childhood, is what this article proposes. In this
sense, encouraging reading habit in children by reading stories is a path that leads the child to
develop imagination, emotions and feelings so pleasurable and meaningful. These studies
begins with a brief history of reading and introduces concepts and their conceptions of
language and reading, focuses on the importance of listening to stories and contact the child
early on with the book and finally outlines some strategies to develop the habit of reading.
Keywords: Reading, Child Development, Reading Habit.




.




INTRODUÇÃO
Muito se tem discutido a respeito do processo de leitura e escrita. Na tentativa de
explicar como se constitui sua aquisição na escola, o que pensam os educadores e a criança
sobre esse objeto e quais os fatores que contribuem para o fracasso na e da escola, muitos
autores têm elaborado questões que tornam possível repensar a prática escolar.
             Uma das formas de recreação mais importante para a criança, principalmente no que
se refere ao seu desenvolvimento e crescimento intelectual, psicológico, afetivo e espiritual é
a leitura.
             A literatura infantil, como meio de comunicação e modalidade da leitura, também é
um dos mais eficientes mecanismos de recreação e lazer, servindo como um método prático
de terapia educacional.
             Vivemos em uma sociedade altamente letrada, onde o domínio da leitura é uma
atividade de vital importância para o sucesso na vida de qualquer pessoa. É por meio dela que
conseguimos compreender e interagir com o mundo a nossa volta. O bom domínio da leitura
nos permite realizar com desenvoltura as atividades que colaboraram para o nosso
crescimento pessoal e intelectual e ainda capacita-nos a agir de forma ativa e critica na
sociedade em que vivemos.
             A leitura infantil é um dos fatores básicos para a criança buscar a sua realização
como pessoa humana, incumbindo às novas gerações uma grande responsabilidade quanto à
mudança de concepção ideológica, de maneira a que o hábito da leitura seja propugnado
desde a mais tenra idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos.




1 O ATO DE LER X FAZER LEITURA
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, afirmou Paulo Freire, na obra
intitulada A Importância do Ato de Ler (1988). Com essa afirmação, Freire revela que o
mundo que se movimenta para o sujeito em seu contexto pode ser diferente do mundo da
escolarização. Dessa forma, a leitura das palavras na escolarização, ou de sua escrita, de nada
implicaria na leitura da realidade.
         Fazer os alunos lerem com eficiência sempre foi um desafio para pais e professores.
Muitas pessoas encaram a leitura como simples decodificação de palavras. Muitos professores
reclamam da dificuldade que seus alunos apresentam na hora de se trabalhar a leitura, mas
este problema é mais comum e corriqueiro do que se imagina. Muitas crianças tem verdadeira
aversão à leitura por não conseguirem depreender o sentido do texto e acabam por ficarem
cada dia mais desmotivadas em relação ao ato de ler, principalmente a leitura que é imposta
pela escola.
         Freire se preocupava com os “textos”, as “palavras” e as “letras” daquele contexto
em que a percepção era experimentada pelo aluno. E notou que quanto mais “codificava” a
leitura dessa realidade, mais aumentava a capacidade do indivíduo de perceber e aprender. O
que resultava em uma série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão acontecia por
meio da relação com o concreto e com os pares.
         Esse processo de leitura organizado por Freire, denominado como o “ato de ler”,
busca a percepção crítica, a interpretação e a “reescrita” do lido pelo indivíduo. Tal
abordagem nos mostra que, o que antes era tratado e realizado de forma autoritária, agora é
concebido como “ato de conhecimento”.
         O papel do educador nessa proposta é de suma importância, bem como a coerência
entre o que o educador proclama e sua prática. Pois “não é o discurso que ajuíza a prática,
mas a prática que ajuíza o discurso”, afirma Freire.
         Contudo, podemos observar os desafios do texto sem contexto, e dos esforços que
levam ao sentido de uma correta compreensão do que é a palavra escrita, a linguagem, as
relações com o contexto de quem fala, de quem lê e escreve e, portanto, da relação entre
“leitura” do mundo e leitura da palavra.
         Todavia, para que isso seja entendido, deve-se, primeiro, entender o processo de
leitura em seu íntimo; como ele se desenvolve; os caminhos que podem tomar e sua relação
com o leitor, que irá determinar como essa ideia será entendida e transmitida a outrem.


                                      "fazer a leitura" de um gesto, de uma situação; "ler a mão", "ler o
                                      olhar de alguém", "ler o tempo", "ler o espaço", indicando que o ato
                                      de ler vai além da escrita (MARTINS, 2007, p.7)
Partindo dessa reflexão, tem-se uma visão de leitura em dois caminhos: o primeiro
seria a visão do leitor como um decodificador dos códigos linguísticos, ou seja, o indivíduo
que é capaz de decifrar o que está no papel na forma de códigos linguísticos, sendo isso o que
bastaria para se fazer a leitura. O segundo ponto de vista seria o da leitura global: o indivíduo
capaz de ler não só os códigos da língua, mas também de identificar as nuances e alterações
que acontecem a sua volta.


2 ORIGEM E IMPORTÂNCIA DA LEITURA


         Desde os primórdios da civilização o homem busca habilidades que lhe tornem mais
útil à vida em sociedade e que lhe possam tornar mais feliz. A criação de mecanismos que
possibilitassem a disseminação de seu conhecimento tornava-se um imperativo de
saber/poder, que ensejava respeito e admiração pelos companheiros de tribo.
         Daí o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente e num estágio
mais avançado das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que denotavam sua própria e
mais nobre conquista: a conquista de ser.
         Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes à própria história da
civilização.
         A criação dessa disponibilidade que chamamos escrita e leitura criam outras
disponibilidades, pois ela é a básica, dela provêm as demais. Através da leitura e da escrita o
homem conseguiu estreitar os laços de afetividade com seus semelhantes, harmonizar os
interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estágio atual da civilização, com a
abstração a que nominamos “Estado”. O homem se organizou politicamente.
         Mas voltando-nos ao campo do conhecimento humano, que é o que por ora nos
interessa, o mito poético que sempre embalou o homem, a fantasia dos deuses, descortinaram
as portas do saber, originando a busca da informação, do saber humano, do seu prazer.
         Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas aperfeiçoou-
se a tal ponto ser imprescindível à sua própria existência. A busca do conhecimento tornou-se
imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como ser social, como
centro de convergência de todos os outros interesses.
         Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da história da civilização,
percebe-se que quanto mais cedo o homem iniciar, mais cedo germinarão bons resultados. Ou
seja, a infância como uma fase especial de evolução e formação do ser, deve despertar-lhe
para este mundo, o mundo da simbologia, o mundo da leitura.


3 A ESCOLA E A LEITURA

3.1 Os Objetivos da Leitura na Escola


             No que se refere à Escola e aos objetivos da leitura ou ao “Para que ler na escola?”,
pode-se afirmar que ainda não existe nos currículos conhecidos e analisados, uma
concretização de um pressuposto geral básico, qual seja o da articulação entre a função social
da leitura e o papel da escola na formação do leitor.


                                        “A escola precisa ser um espaço mais amplamente aberto a todos os
                                       aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as
                                       quatro operações. Precisa investir em bons livros, considerando que a
                                       cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a escola
                                       representa a única oportunidade de ler que muitas crianças têm”.
                                       (BRAGA, 1985, P.7)


             O conceito básico de leitura, nesse contexto, passa ser então a “produção de sentido”.
Essa produção de sentido, por conseguinte, é determinada pelas condições socioculturais do
leitor, com os seus objetivos, seus conhecimentos de mundo e de língua, que lhe possibilitarão
a leitura.
                                       “É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca a dinamização
                                       da cultura viva, diversificada e criativa, que representa o conjunto de
                                       formas de pensar, agir e sentir do povo brasileiro.”
                                       (BRAGA, 1985, P.7)


             Nesse sentido, a construção do conhecimento, segundo entendimento de alguns
autores como elemento principal, se efetivará pelo hábito da leitura, uma vez inserida e
enfatizada no contexto escolar. Afinal, é principalmente através da leitura que os alunos
poderão encontrar respostas aos seus questionamentos, dúvidas e indagações, mormente no
que concerne aos caminhos por onde permeiam na construção do seu conhecimento, e não
apenas vinculados e adstritos a uma metodologia tradicional.
3.2 A Importância da Escola na Formação de Leitores
Numerosos estudos nos fazem supor que os livros preparados para a infância
remontam ao final do século XVII. Antes disso, as crianças, vistas como adultos em
miniatura, participavam desde a mais tenra idade, da vida adulta.
         Naqueles tempos não havia histórias dirigidas especificamente ao público infantil,
pois a infância, enquanto período de desenvolvimento humano, com particularidades que
deveriam ser respeitadas, inexistia.
         As     profundas   transformações   ocorridas   no   âmbito   social   e   econômico,
principalmente com o advento do Capitalismo e da Supremacia burguesa, fizeram com que
surgisse uma nova organização familiar e educacional, na qual a criança passou a ocupar um
espaço privilegiado. Com intuito de capacitar cidadãos a fim de enfrentar um mercado de
trabalho tão competitivo já naquela época, tornava-se imperioso o preparo eficiente das
crianças para o trabalho e, consequentemente, para um desenvolvimento social sustentável.
         Nesse sentido, reorganiza-se a Escola para que a atenda às novas exigências,
repensando-se todos os produtos culturais destinados a infância e, dentre eles, especialmente o
livro.
         A Escola há que estar atenta para a formação do leitor, conforme Eriche Fromm “o
elemento básico da cultura, a linguagem, é a precondição de qualquer realização humana”.
Nesse desiderato a Escola deve estar atenta à esta concepção da leitura como fonte do
conhecimento e de sua responsabilidade na formação do leitor.
         Surge assim a Literatura Infantil, criada com uma concepção ideológica compro
metida com um destinatário específico: a criança, embora persistissem resquícios ideológicos
amalgamados à transmissão de valores da sociedade então vigente.
         Com o passar dos tempos e com o surgimento de novos autores, os livro infantis vão
gradativamente sofrendo transformações e promovendo, através da disseminação de uma
leitura prazerosa e ao mesmo tempo vinculada à construção do conhecimento, um
alargamento vivencial para as crianças.
         Nesta direção, a Escola, como espaço socializador do conhecimento, fica com a
tarefa primordial de assegurar aos seus alunos o aprendizado da leitura, devendo fazer
circular em seu meio uma diversidade de materiais, com conteúdos ricos e variados, que
promovam a formação de leitores livres. Concebe-se assim, a prática da leitura, não como
habilidades linguísticas, mas como um processo de descoberta e de atribuição de sentidos que
venha possibilitar a interação leitor-mundo. Conforme FREIRE (1996): “(...) O ato de ler não
se esgota na decodificação pura da palavra escrita (...). A leitura do mundo precede a leitura
da palavra.”.
Por esta perspectiva, é oportuno reforçar a assertiva de que o professor deve
selecionar diferentes tipos de textos, literários ou não, que projetem a vida contemporânea do
local onde os alunos estão inseridos, bem como de outros lugares e tempos, os diversos pontos
de vistas, estimulando discussões, reflexões e confrontos entre os alunos.


                                      “Se educar é preparar para a vida, despertar a consciência,
                                    compreender e transformar a realidade, então a leitura só pode ser
                                    compreendida numa perspectiva crítica. Ler criticamente é admitir
                                    pluralidade de interpretação, desvelar significados ocultos, resgatar a
                                    consciência do mundo, estabelecendo, por meio dela, uma relação
                                    dialética com o texto.” (INDURSKY e ZINN. 1985. p. 23)


         Tornar o ambiente escolar e o livro objetos “amigos” do aluno, oportunizando o
contato com o belo, com o imaginário e com a arte da palavra, são condições que reforçarão o
estabelecimento do hábito de ler por prazer e entretenimento. Alcançados tais objetivos, os
demais propósitos referentes a relevância da leitura, virão como consequência.


4 NOVAS CONCEPÇÕES SOBRE LEITURA


         Um problema apontado por Daniel Pennac (1993: p. 13) é a forma como a leitura é
imposta aos alunos, segundo ele "o verbo ler não suporta o imperativo", ou seja, ler só porque
se é obrigado não garantirá que o leitor irá realizar a leitura com eficiência, o mais provável é
que a criança crie aversão ao ato de ler. Outro entrave à leitura apontado por Pennac é a
concorrência com os meios de comunicação em massa, sobretudo a televisão.
         Muitos autores tentam conceituar o que é leitura, Leffa (1996, p. 17-18), por
exemplo, ao indicar uma definição do que seja a leitura, afirma que a leitura é um processo
feito de múltiplos processos, que ocorrem tanto simultânea como sequencialmente; esses
processos incluem desde habilidades de baixo nível, executadas de modo automático na
leitura proficiente, até estratégias de alto nível, executadas de modo consciente.
         Diante do exposto percebemos que a leitura envolve múltiplos processos que vai
desde a decodificação das letras e palavras até a escolha de estratégias de leitura. Além disso,
a atividade leitora vai além da percepção da página impressa pelos olhos, ela deve ativar o
conhecimento prévio do aluno em relação a determinado assunto.
“A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela
                                   utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele
                                   já sabe o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a
                                   interação de diversos níveis de conhecimento como o conhecimento
                                   lingüístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue
                                   construir o sentido do texto..” (KLEIMAN, 1993 p. 13)


          Nem todos os profissionais conhecem as teorias a respeito da leitura e acabam por
trabalhar de forma inadequada repetindo antigas fórmulas e velhos "erros", escolhendo textos
inadequados para seus leitores. Antunes (2007, p.157) afirma que (...) aceitar as concepções
da linguagem – como atividade funcional, interativa, discursiva e interdiscursiva, como
prática social situada e imersa na realidade cultural e histórica da comunidade – acarreta
visíveis diferenças na vida da escola, conseqüentemente, no desempenho de professores e
alunos.
          Nestas novas concepções a língua deixa então de ser vista como mero depositário de
regras para se tornar como instrumento de interação e comunicação. Escolher um texto
aleatoriamente sem considerar o conhecimento de mundo dos leitores pode não só tornar a
leitura mais difícil como também não imprimir nenhum sentido na mente daquele que ler. Isso
não significa que se deve limitar o conteúdo lido ao conhecimento prévio do aluno, uma
interessante alternativa seria antes de uma leitura mais complexa fornecer aos alunos o
conhecimento necessário para a compreensão de determinado texto. Pode-se começar a aula
questionando o que os alunos sabem sobre o assunto que será tratado no texto. Esse tipo de
abordagem serve não só para o educador conhecer o que os leitores já sabem sobre
determinado assunto como também permitir uma interação entre o conhecimento de vários
indivíduos; essa troca de embromações com certeza será de vital importância para a execução
da leitura que poderá ser feita em seguida à discussão ou noutra ocasião, ou ainda ser
descartado o texto escolhido caso os alunos não tenham nenhum conhecimento ou interesse
sobre o assunto escolhido pelo professor.


5 A LEITURA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO E PRAZER


          A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado do
saber, no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, mormente diante de leituras
impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas que,
ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a devida
reflexão utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e tornando seus
leitores passivos diante de imagens efêmeras. Em contraposição, outras escolas utilizam
textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar para a leitura,
objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e memorização de
conteúdos, quase sempre aleatórias à realidade dos alunos.
         Esta antinomia existente em tais práticas de leitura estão longe de resgatar a história
do conhecimento humano, de estimular o pensamento ou induzir o aluno ao prazer em ler.
         Neste sentido, esta ambiguidade da prática educativa tornam os alunos alheios a
realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que pensa
e se mantêm bem informados. Parte-se então do pressuposto que a prática da leitura significa
a possibilidade de domínio através de um instrumento de poder, chamado linguagem formal,
pois é desta forma que estão escritas as leis que regem nosso país, e assim perceber os direitos
que se tem, o direito das elites que, com um discurso ideológico em prol da liberdade e da
justiça, os mantêm na condição de detentores do Poder
         Manter grande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal,
este é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexiva e através do
discernimento, não se permita a perpetuação de sua condição de dominados.


                                    “(...) a leitura aparece também como um instrumento de conquista de
                                    poder por outros atores, antes de ser meio de lazer ou evasão. O
                                    “acesso a leitura” de novas camadas sociais implica que leitura e
                                    produção de texto se tornem ferramentas de pensamento de uma
                                    experiência social renovada; ela supõe a busca de novos pontos de
                                    vista sobre uma realidade mais ampla, que a escrita ajuda a conceber e
                                    a mudar, a invenção simultânea e recíproca de novas relações, novos
                                    escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor pela
                                    transformação   da situação     que faz    que não se       o seja.”.
                                    (FOUCAMBERT 1994, p. 121)


         Faz-se necessário que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da
leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa apenas
alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além:


                                     “(...) o ato de ler não se esgota da decodificação pura da palavra
                                    escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na
                                    inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da
palavra (...) linguagem e realidade se prendem dinamicamente.”
                                     (FREIRE, 1997, p. 11):


         Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho
educativo que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização,
respeito a opiniões divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras
críticas e variadas.
         Reafirmamos que o exercício e prática da leitura transcendem ao uso de materiais
como meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como
atividades ligadas a lição e a intenção didática instrucional.
         Além da leitura como informação e, consequentemente, como fonte de acesso ao
conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer e
entretenimento, pois é de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrária sensu, o
prazer na prática da leitura levará automaticamente o leitor ao conhecimento.
         Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de
literatura infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc., que fazem
parte dos objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto,
compreensiva e mais agradável como processo pedagógico.
         A realização destas propostas pedagógicas, como alternativas e complementares,
poderá estimular nos alunos a vontade e o prazer da leitura.
         Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira
efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, se faz necessária uma mudança
na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos nos capítulos
iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo.
         Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor
ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de sua
cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler, não apenas
como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer!




CONSIDERAÇÕES FINAIS
Falar sobre a leitura sempre será um desafio, muita coisa já foi dita e muita coisa
ainda há por se dizer. Mas não se pode deixar de dizer que muitos avanços há na área, cabe,
porém aos futuros professores e os já atuantes tomarem posse desses conhecimentos e por em
prática, na sala de aula o que as novas concepções de leitura e educação sugerem.
           O trabalho contextualizado e eficaz nas séries iniciais e principalmente na educação
infantl são importantes, mas não se pode esquecer que muitos dos problemas enfrentados no
início da escolarização acabam se perpetuando até o final do Ensino Médio. Ao repensar o
ensino de leitura, deve-se ir além dos problemas enfrentados no Ensino Fundamental I e
entender que, principalmente, o professor de português, mas não apenas ele deve estar atento
à importância e relevância da leitura na sala de aula, e que a mesma deve exceder e muito aos
textos do livro didático, frente à infinidade de gêneros existentes do cotidiano da sociedade
Letrada.




REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Muito Além da gramática. Por um ensino de línguas sem pedras
no caminho. São Paulo. Parábola. 2007.
        BRAGA, Maria Lucia; SILVEIRA, Maria Helena. Revista de Estudos Regionais e
Urbanos. Vol. III, Rio de Janeiro, 1985.
        BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa /Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília, 1997. Disponível em:
        < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf >Brasília:144p. acesso em:
09/12/2012.
        FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22
ed. São Paulo: Cortez, 1988.
        FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
        FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
        FOUCAMBERT, Jean (1994). A Leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas
        INDURSKY, F. e ZINN, M.A.K (1985). Leitura como suporte para produção
textual. In: Trabalhos em Linguística Aplicada. KOCH, I.G.V. (1997).
        KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura. Campinas, SP: Pontes, 1993.
        KLEIMAN, Ângela. TEXTO E LEITOR: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas,
SP: Pontes, 2000
        LEFFA. Vilson. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sangra – Luzzatto, 1996.
        MARTINS, Maria Helena: O que é leitura. Revista Educar. Rio de Janeiro, 1º de
março de 2007.
        PENNAC, Daniel. Como um romance. Trad. Leny Werneck. Rio de Janeiro: Rocco,
1993.

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  • 1. FACULDADE DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E TEOLOGIA DO NORTE DO BRASIL - FACETEN PÓS - GRADUAÇÃO LATU SENSO JANIRES DA SILVA PEREIRA MARIA EDILENE COSTA DA SILVA A LEITURA PROPICIANDO O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES INICIAIS. BOA VISTA/RR OUTUBRO/2012
  • 2. JANIRES DA SILVA PEREIRA1 MARIA EDILENE COSTA DA SILVA2 A LEITURA PROPICIANDO O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES INICIAIS. . Artigo apresentado ao Centro de Pós- Graduação da Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil - FACETEN, como requisito para obtenção do Título de Especialista Lato Senso. Boa Vista 2012 A LEITURA PROPICIANDO O 1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade Roraimense de Educação Superior – FARES/RR 2 Graduada em Pedagogia pela Faculdade Roraimense de Educação Superior – FARES/RR
  • 3. DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO NAS SÉRIES INICIAIS. 3. RESUMO Reconhecer a importância da leitura e incentivar a formação do hábito de ler na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido, o incentivo ao hábito de ler na infância através da leitura de histórias é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. O presente estudo inicia com um breve histórico da leitura e suas concepções e apresenta conceitos de linguagem e leitura, enfoca a importância de ouvir histórias e do contato da criança desde cedo com o livro e finalmente esboça algumas estratégias para desenvolver o hábito de ler. Palavras-chave: Leitura, Desenvolvimento da criança, Hábito de leitura. 3 Artigo apresentado ao Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil - FACETEN, como requisito para obtenção do Título de Especialista Lato Senso.
  • 4. ABSTRACT Recognizing the importance of reading and encouraging the formation of the habit of reading at an age when all habits are formed, in the childhood, is what this article proposes. In this sense, encouraging reading habit in children by reading stories is a path that leads the child to develop imagination, emotions and feelings so pleasurable and meaningful. These studies begins with a brief history of reading and introduces concepts and their conceptions of language and reading, focuses on the importance of listening to stories and contact the child early on with the book and finally outlines some strategies to develop the habit of reading. Keywords: Reading, Child Development, Reading Habit. . INTRODUÇÃO
  • 5. Muito se tem discutido a respeito do processo de leitura e escrita. Na tentativa de explicar como se constitui sua aquisição na escola, o que pensam os educadores e a criança sobre esse objeto e quais os fatores que contribuem para o fracasso na e da escola, muitos autores têm elaborado questões que tornam possível repensar a prática escolar. Uma das formas de recreação mais importante para a criança, principalmente no que se refere ao seu desenvolvimento e crescimento intelectual, psicológico, afetivo e espiritual é a leitura. A literatura infantil, como meio de comunicação e modalidade da leitura, também é um dos mais eficientes mecanismos de recreação e lazer, servindo como um método prático de terapia educacional. Vivemos em uma sociedade altamente letrada, onde o domínio da leitura é uma atividade de vital importância para o sucesso na vida de qualquer pessoa. É por meio dela que conseguimos compreender e interagir com o mundo a nossa volta. O bom domínio da leitura nos permite realizar com desenvoltura as atividades que colaboraram para o nosso crescimento pessoal e intelectual e ainda capacita-nos a agir de forma ativa e critica na sociedade em que vivemos. A leitura infantil é um dos fatores básicos para a criança buscar a sua realização como pessoa humana, incumbindo às novas gerações uma grande responsabilidade quanto à mudança de concepção ideológica, de maneira a que o hábito da leitura seja propugnado desde a mais tenra idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos. 1 O ATO DE LER X FAZER LEITURA
  • 6. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, afirmou Paulo Freire, na obra intitulada A Importância do Ato de Ler (1988). Com essa afirmação, Freire revela que o mundo que se movimenta para o sujeito em seu contexto pode ser diferente do mundo da escolarização. Dessa forma, a leitura das palavras na escolarização, ou de sua escrita, de nada implicaria na leitura da realidade. Fazer os alunos lerem com eficiência sempre foi um desafio para pais e professores. Muitas pessoas encaram a leitura como simples decodificação de palavras. Muitos professores reclamam da dificuldade que seus alunos apresentam na hora de se trabalhar a leitura, mas este problema é mais comum e corriqueiro do que se imagina. Muitas crianças tem verdadeira aversão à leitura por não conseguirem depreender o sentido do texto e acabam por ficarem cada dia mais desmotivadas em relação ao ato de ler, principalmente a leitura que é imposta pela escola. Freire se preocupava com os “textos”, as “palavras” e as “letras” daquele contexto em que a percepção era experimentada pelo aluno. E notou que quanto mais “codificava” a leitura dessa realidade, mais aumentava a capacidade do indivíduo de perceber e aprender. O que resultava em uma série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão acontecia por meio da relação com o concreto e com os pares. Esse processo de leitura organizado por Freire, denominado como o “ato de ler”, busca a percepção crítica, a interpretação e a “reescrita” do lido pelo indivíduo. Tal abordagem nos mostra que, o que antes era tratado e realizado de forma autoritária, agora é concebido como “ato de conhecimento”. O papel do educador nessa proposta é de suma importância, bem como a coerência entre o que o educador proclama e sua prática. Pois “não é o discurso que ajuíza a prática, mas a prática que ajuíza o discurso”, afirma Freire. Contudo, podemos observar os desafios do texto sem contexto, e dos esforços que levam ao sentido de uma correta compreensão do que é a palavra escrita, a linguagem, as relações com o contexto de quem fala, de quem lê e escreve e, portanto, da relação entre “leitura” do mundo e leitura da palavra. Todavia, para que isso seja entendido, deve-se, primeiro, entender o processo de leitura em seu íntimo; como ele se desenvolve; os caminhos que podem tomar e sua relação com o leitor, que irá determinar como essa ideia será entendida e transmitida a outrem. "fazer a leitura" de um gesto, de uma situação; "ler a mão", "ler o olhar de alguém", "ler o tempo", "ler o espaço", indicando que o ato de ler vai além da escrita (MARTINS, 2007, p.7)
  • 7. Partindo dessa reflexão, tem-se uma visão de leitura em dois caminhos: o primeiro seria a visão do leitor como um decodificador dos códigos linguísticos, ou seja, o indivíduo que é capaz de decifrar o que está no papel na forma de códigos linguísticos, sendo isso o que bastaria para se fazer a leitura. O segundo ponto de vista seria o da leitura global: o indivíduo capaz de ler não só os códigos da língua, mas também de identificar as nuances e alterações que acontecem a sua volta. 2 ORIGEM E IMPORTÂNCIA DA LEITURA Desde os primórdios da civilização o homem busca habilidades que lhe tornem mais útil à vida em sociedade e que lhe possam tornar mais feliz. A criação de mecanismos que possibilitassem a disseminação de seu conhecimento tornava-se um imperativo de saber/poder, que ensejava respeito e admiração pelos companheiros de tribo. Daí o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente e num estágio mais avançado das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que denotavam sua própria e mais nobre conquista: a conquista de ser. Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes à própria história da civilização. A criação dessa disponibilidade que chamamos escrita e leitura criam outras disponibilidades, pois ela é a básica, dela provêm as demais. Através da leitura e da escrita o homem conseguiu estreitar os laços de afetividade com seus semelhantes, harmonizar os interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estágio atual da civilização, com a abstração a que nominamos “Estado”. O homem se organizou politicamente. Mas voltando-nos ao campo do conhecimento humano, que é o que por ora nos interessa, o mito poético que sempre embalou o homem, a fantasia dos deuses, descortinaram as portas do saber, originando a busca da informação, do saber humano, do seu prazer. Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas aperfeiçoou- se a tal ponto ser imprescindível à sua própria existência. A busca do conhecimento tornou-se imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como ser social, como centro de convergência de todos os outros interesses. Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da história da civilização, percebe-se que quanto mais cedo o homem iniciar, mais cedo germinarão bons resultados. Ou
  • 8. seja, a infância como uma fase especial de evolução e formação do ser, deve despertar-lhe para este mundo, o mundo da simbologia, o mundo da leitura. 3 A ESCOLA E A LEITURA 3.1 Os Objetivos da Leitura na Escola No que se refere à Escola e aos objetivos da leitura ou ao “Para que ler na escola?”, pode-se afirmar que ainda não existe nos currículos conhecidos e analisados, uma concretização de um pressuposto geral básico, qual seja o da articulação entre a função social da leitura e o papel da escola na formação do leitor. “A escola precisa ser um espaço mais amplamente aberto a todos os aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as quatro operações. Precisa investir em bons livros, considerando que a cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a escola representa a única oportunidade de ler que muitas crianças têm”. (BRAGA, 1985, P.7) O conceito básico de leitura, nesse contexto, passa ser então a “produção de sentido”. Essa produção de sentido, por conseguinte, é determinada pelas condições socioculturais do leitor, com os seus objetivos, seus conhecimentos de mundo e de língua, que lhe possibilitarão a leitura. “É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca a dinamização da cultura viva, diversificada e criativa, que representa o conjunto de formas de pensar, agir e sentir do povo brasileiro.” (BRAGA, 1985, P.7) Nesse sentido, a construção do conhecimento, segundo entendimento de alguns autores como elemento principal, se efetivará pelo hábito da leitura, uma vez inserida e enfatizada no contexto escolar. Afinal, é principalmente através da leitura que os alunos poderão encontrar respostas aos seus questionamentos, dúvidas e indagações, mormente no que concerne aos caminhos por onde permeiam na construção do seu conhecimento, e não apenas vinculados e adstritos a uma metodologia tradicional. 3.2 A Importância da Escola na Formação de Leitores
  • 9. Numerosos estudos nos fazem supor que os livros preparados para a infância remontam ao final do século XVII. Antes disso, as crianças, vistas como adultos em miniatura, participavam desde a mais tenra idade, da vida adulta. Naqueles tempos não havia histórias dirigidas especificamente ao público infantil, pois a infância, enquanto período de desenvolvimento humano, com particularidades que deveriam ser respeitadas, inexistia. As profundas transformações ocorridas no âmbito social e econômico, principalmente com o advento do Capitalismo e da Supremacia burguesa, fizeram com que surgisse uma nova organização familiar e educacional, na qual a criança passou a ocupar um espaço privilegiado. Com intuito de capacitar cidadãos a fim de enfrentar um mercado de trabalho tão competitivo já naquela época, tornava-se imperioso o preparo eficiente das crianças para o trabalho e, consequentemente, para um desenvolvimento social sustentável. Nesse sentido, reorganiza-se a Escola para que a atenda às novas exigências, repensando-se todos os produtos culturais destinados a infância e, dentre eles, especialmente o livro. A Escola há que estar atenta para a formação do leitor, conforme Eriche Fromm “o elemento básico da cultura, a linguagem, é a precondição de qualquer realização humana”. Nesse desiderato a Escola deve estar atenta à esta concepção da leitura como fonte do conhecimento e de sua responsabilidade na formação do leitor. Surge assim a Literatura Infantil, criada com uma concepção ideológica compro metida com um destinatário específico: a criança, embora persistissem resquícios ideológicos amalgamados à transmissão de valores da sociedade então vigente. Com o passar dos tempos e com o surgimento de novos autores, os livro infantis vão gradativamente sofrendo transformações e promovendo, através da disseminação de uma leitura prazerosa e ao mesmo tempo vinculada à construção do conhecimento, um alargamento vivencial para as crianças. Nesta direção, a Escola, como espaço socializador do conhecimento, fica com a tarefa primordial de assegurar aos seus alunos o aprendizado da leitura, devendo fazer circular em seu meio uma diversidade de materiais, com conteúdos ricos e variados, que promovam a formação de leitores livres. Concebe-se assim, a prática da leitura, não como habilidades linguísticas, mas como um processo de descoberta e de atribuição de sentidos que venha possibilitar a interação leitor-mundo. Conforme FREIRE (1996): “(...) O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita (...). A leitura do mundo precede a leitura da palavra.”.
  • 10. Por esta perspectiva, é oportuno reforçar a assertiva de que o professor deve selecionar diferentes tipos de textos, literários ou não, que projetem a vida contemporânea do local onde os alunos estão inseridos, bem como de outros lugares e tempos, os diversos pontos de vistas, estimulando discussões, reflexões e confrontos entre os alunos. “Se educar é preparar para a vida, despertar a consciência, compreender e transformar a realidade, então a leitura só pode ser compreendida numa perspectiva crítica. Ler criticamente é admitir pluralidade de interpretação, desvelar significados ocultos, resgatar a consciência do mundo, estabelecendo, por meio dela, uma relação dialética com o texto.” (INDURSKY e ZINN. 1985. p. 23) Tornar o ambiente escolar e o livro objetos “amigos” do aluno, oportunizando o contato com o belo, com o imaginário e com a arte da palavra, são condições que reforçarão o estabelecimento do hábito de ler por prazer e entretenimento. Alcançados tais objetivos, os demais propósitos referentes a relevância da leitura, virão como consequência. 4 NOVAS CONCEPÇÕES SOBRE LEITURA Um problema apontado por Daniel Pennac (1993: p. 13) é a forma como a leitura é imposta aos alunos, segundo ele "o verbo ler não suporta o imperativo", ou seja, ler só porque se é obrigado não garantirá que o leitor irá realizar a leitura com eficiência, o mais provável é que a criança crie aversão ao ato de ler. Outro entrave à leitura apontado por Pennac é a concorrência com os meios de comunicação em massa, sobretudo a televisão. Muitos autores tentam conceituar o que é leitura, Leffa (1996, p. 17-18), por exemplo, ao indicar uma definição do que seja a leitura, afirma que a leitura é um processo feito de múltiplos processos, que ocorrem tanto simultânea como sequencialmente; esses processos incluem desde habilidades de baixo nível, executadas de modo automático na leitura proficiente, até estratégias de alto nível, executadas de modo consciente. Diante do exposto percebemos que a leitura envolve múltiplos processos que vai desde a decodificação das letras e palavras até a escolha de estratégias de leitura. Além disso, a atividade leitora vai além da percepção da página impressa pelos olhos, ela deve ativar o conhecimento prévio do aluno em relação a determinado assunto.
  • 11. “A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento como o conhecimento lingüístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto..” (KLEIMAN, 1993 p. 13) Nem todos os profissionais conhecem as teorias a respeito da leitura e acabam por trabalhar de forma inadequada repetindo antigas fórmulas e velhos "erros", escolhendo textos inadequados para seus leitores. Antunes (2007, p.157) afirma que (...) aceitar as concepções da linguagem – como atividade funcional, interativa, discursiva e interdiscursiva, como prática social situada e imersa na realidade cultural e histórica da comunidade – acarreta visíveis diferenças na vida da escola, conseqüentemente, no desempenho de professores e alunos. Nestas novas concepções a língua deixa então de ser vista como mero depositário de regras para se tornar como instrumento de interação e comunicação. Escolher um texto aleatoriamente sem considerar o conhecimento de mundo dos leitores pode não só tornar a leitura mais difícil como também não imprimir nenhum sentido na mente daquele que ler. Isso não significa que se deve limitar o conteúdo lido ao conhecimento prévio do aluno, uma interessante alternativa seria antes de uma leitura mais complexa fornecer aos alunos o conhecimento necessário para a compreensão de determinado texto. Pode-se começar a aula questionando o que os alunos sabem sobre o assunto que será tratado no texto. Esse tipo de abordagem serve não só para o educador conhecer o que os leitores já sabem sobre determinado assunto como também permitir uma interação entre o conhecimento de vários indivíduos; essa troca de embromações com certeza será de vital importância para a execução da leitura que poderá ser feita em seguida à discussão ou noutra ocasião, ou ainda ser descartado o texto escolhido caso os alunos não tenham nenhum conhecimento ou interesse sobre o assunto escolhido pelo professor. 5 A LEITURA COMO FONTE DE INFORMAÇÃO E PRAZER A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado do saber, no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, mormente diante de leituras impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas que, ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a devida
  • 12. reflexão utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e tornando seus leitores passivos diante de imagens efêmeras. Em contraposição, outras escolas utilizam textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar para a leitura, objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e memorização de conteúdos, quase sempre aleatórias à realidade dos alunos. Esta antinomia existente em tais práticas de leitura estão longe de resgatar a história do conhecimento humano, de estimular o pensamento ou induzir o aluno ao prazer em ler. Neste sentido, esta ambiguidade da prática educativa tornam os alunos alheios a realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que pensa e se mantêm bem informados. Parte-se então do pressuposto que a prática da leitura significa a possibilidade de domínio através de um instrumento de poder, chamado linguagem formal, pois é desta forma que estão escritas as leis que regem nosso país, e assim perceber os direitos que se tem, o direito das elites que, com um discurso ideológico em prol da liberdade e da justiça, os mantêm na condição de detentores do Poder Manter grande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal, este é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexiva e através do discernimento, não se permita a perpetuação de sua condição de dominados. “(...) a leitura aparece também como um instrumento de conquista de poder por outros atores, antes de ser meio de lazer ou evasão. O “acesso a leitura” de novas camadas sociais implica que leitura e produção de texto se tornem ferramentas de pensamento de uma experiência social renovada; ela supõe a busca de novos pontos de vista sobre uma realidade mais ampla, que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a invenção simultânea e recíproca de novas relações, novos escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor pela transformação da situação que faz que não se o seja.”. (FOUCAMBERT 1994, p. 121) Faz-se necessário que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa apenas alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além: “(...) o ato de ler não se esgota da decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da
  • 13. palavra (...) linguagem e realidade se prendem dinamicamente.” (FREIRE, 1997, p. 11): Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho educativo que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização, respeito a opiniões divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras críticas e variadas. Reafirmamos que o exercício e prática da leitura transcendem ao uso de materiais como meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como atividades ligadas a lição e a intenção didática instrucional. Além da leitura como informação e, consequentemente, como fonte de acesso ao conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer e entretenimento, pois é de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrária sensu, o prazer na prática da leitura levará automaticamente o leitor ao conhecimento. Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de literatura infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc., que fazem parte dos objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto, compreensiva e mais agradável como processo pedagógico. A realização destas propostas pedagógicas, como alternativas e complementares, poderá estimular nos alunos a vontade e o prazer da leitura. Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, se faz necessária uma mudança na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos nos capítulos iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo. Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler, não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer! CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 14. Falar sobre a leitura sempre será um desafio, muita coisa já foi dita e muita coisa ainda há por se dizer. Mas não se pode deixar de dizer que muitos avanços há na área, cabe, porém aos futuros professores e os já atuantes tomarem posse desses conhecimentos e por em prática, na sala de aula o que as novas concepções de leitura e educação sugerem. O trabalho contextualizado e eficaz nas séries iniciais e principalmente na educação infantl são importantes, mas não se pode esquecer que muitos dos problemas enfrentados no início da escolarização acabam se perpetuando até o final do Ensino Médio. Ao repensar o ensino de leitura, deve-se ir além dos problemas enfrentados no Ensino Fundamental I e entender que, principalmente, o professor de português, mas não apenas ele deve estar atento à importância e relevância da leitura na sala de aula, e que a mesma deve exceder e muito aos textos do livro didático, frente à infinidade de gêneros existentes do cotidiano da sociedade Letrada. REFERÊNCIAS
  • 15. ANTUNES, Irandé. Muito Além da gramática. Por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo. Parábola. 2007. BRAGA, Maria Lucia; SILVEIRA, Maria Helena. Revista de Estudos Regionais e Urbanos. Vol. III, Rio de Janeiro, 1985. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1997. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf >Brasília:144p. acesso em: 09/12/2012. FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. FOUCAMBERT, Jean (1994). A Leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas INDURSKY, F. e ZINN, M.A.K (1985). Leitura como suporte para produção textual. In: Trabalhos em Linguística Aplicada. KOCH, I.G.V. (1997). KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura. Campinas, SP: Pontes, 1993. KLEIMAN, Ângela. TEXTO E LEITOR: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP: Pontes, 2000 LEFFA. Vilson. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sangra – Luzzatto, 1996. MARTINS, Maria Helena: O que é leitura. Revista Educar. Rio de Janeiro, 1º de março de 2007. PENNAC, Daniel. Como um romance. Trad. Leny Werneck. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.