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CASI 2012 - Congresso de Administração Sociedade e Inovação


                          Marcos José Corrêa Bueno mjvm@ig.com.br
                              André Luiz Cisi profcisi08@gmail.com
                           Daniela Bartholo dani.bartholo@gmail.com


          O Ensino da Disciplina de Empreendedorismo na Educação Tecnológica


A sociedade contemporânea elucida a necessidade de um cenário com protagonistas cada vez mais
empreendedores. A acepção empreendedora neste trabalho está fundamentada nos princípios humanistas de
sociedade, de ensino e, também, de aprendizagem. Nesse sentido, a formação empreendedora converge com as
necessidades e tendências da sociedade contemporânea no que se refere à formação do sujeito, à sua autonomia e
criatividade, à valorização do indivíduo enquanto ser humano dotado de unicidade quanto às suas experiências,
cultura, conhecimento, motivação entre outros. Sendo assim, a educação tecnológica pode receber um agregador
que permita sua transcendência da grade curricular focada na formação específica, simultaneamente,
possibilitando ao alunado a integralização de outros saberes constitutivos de uma formação mais empreendedora.
Para tanto, este trabalho se finda em conceber o empreendedorismo como parte integrante e constitutiva nos
cursos de educação tecnológica, ainda assim, indicando as diretrizes de fundamentação a tal necessidade. A
seguir, este trabalho apresenta quatro estudos de casos relatados com alunos que, ao final do curso, seguiram
carreira empreendedora com base na aplicação de seus estudos.

Palavras-chaves: empreendedorismo, ensino superior, educação tecnológica, abordagem humanista de ensino.

        1 INTRODUÇÃO

        1.1 O mercado e as novas exigências formativas

       A sociedade contemporânea elucida o cenário das conseqüentes transformações
decorrentes da globalização. Para tanto, a partir da década de 1990 os distintos e
interdependentes âmbitos político, geográfico, econômico e, sobretudo social sofreram
impactos que culminaram com novas exigências formativas e, portanto, com o repensar da
formação dos profissionais atuantes no mercado. Sendo assim, as novas exigências do
mercado incluem à obtenção de profissionais mais qualificados, conseqüentemente
preparados para atender as novas demandas impostas pelo mundo globalizado. Nesse sentido,
o conjunto educacional responsável pela formação do profissional direcionou-se à
reformulação dos conteúdos curriculares a fim de atender as necessidades emergentes do
mercado.
Para tanto, a preocupação, primordialmente do ensino superior constituiu-se em
entregar à sociedade o que ela necessita: quantidade de profissionais formados para atender a
crescente demanda e, principalmente profissionais qualificados para que a qualidade de
produtos, serviços e informações também fosse obtida. Sendo assim, emerge a necessidade de
formar profissionais engajados à composição de um novo modelo social, político e econômico
de sociedade, simultaneamente, competentes e habilidosos no que se refere à profissão, pois
segundo Gadotti (2000)
                       A substituição de certas atividades humanas por máquinas acentuou o caráter
                       cognitivo do fazer. O fazer deixou de ser puramente instrumental. Nesse sentido vale
                       mais hoje a competência pessoal que torna a pessoa apta a enfrentar novas situações
                       de emprego e a trabalhar em equipe do que a pura qualificação profissional.
                       (GADOTTI, 2000, p. 251)


       Diante de tais considerações, faz-se possível afirmar que o aluno concluinte do ensino
superior vê-se diante de um cenário desconhecido e exigente quanto aos seus distintos
saberes, pois
                       A obsolescência do conhecimento e da tecnologia implica o realinhamento e a
                       readaptação do profissional num curto espaço de tempo, pois os empregos
                       definitivos darão lugar à atuação coletiva, que exigirá flexibilidade e competência
                       para saber resolver problemas variados de acordo com a realidade que se apresentar
                       (MORAN et al, 2000, p.80)


        Partindo de tais pressupostos, faz-se possível afirmar que a qualificação do
profissional aumenta suas chances de empregabilidade, simultaneamente, manter-se
competitivo no mercado exige do profissional a manifestação de certas competências, tais
como, visão sistêmica dos negócios e processos da organização, estar predisposto a aprender e
aperfeiçoar-se, trabalhar em equipe, saber se comunicar, possuir formação específica e, ao
mesmo tempo, sob óptica de um generalista ao deter um saber global que lhe permita agir de
maneira eficaz localmente, pois a escola
                       Certamente não constitui a única fonte de aquisição dessas competências. A família,
                       os meios de comunicação, o convívio social ou a própria experiência de trabalho
                       são, também, instâncias importantes de qualificação. Entretanto, não há duvida de
                       que as oportunidades ocupacionais vêm exigindo perfis de qualificação para os quais
                       a responsabilidade da escola é cada vez mais proeminente (SALM, 1998, p.240)

       No que se refere às novas exigências, o profissional vê-se diante de desafios
impositivos à sua colocação e, também, permanência no mercado. Nesse sentido, desenvolve
habilidades de interpretação, identificação e de transformação, pois passa a interpretar o
mercado, identificar oportunidades e transformar conhecimento em novos conhecimentos.
       Ainda assim, a imprescindível competência inovadora emerge juntamente com a
necessidade de instituir empresas, também, inovadoras no mercado. Contexto já elucidado
previamente por Drucker (2000) ao afirmar que nas próximas décadas as escolas e
universidades sofrerão mudanças e inovações mais drásticas que nos seus últimos trezentos
anos quando se organizaram em torno da mídia impressa, pois as novas Tecnologias de
Informação e Comunicação, concomitantemente, todos os elementos dissidentes das mesmas,
poderão consolidar a chamada aprendizagem contínua.
        Nesse sentido, apresentaram-se novas demandas sociais, conseqüentemente impondo
às organizações respostas inovadoras perante a ineficiência das respostas antigas, uma vez
que, o emergente contexto é tipicamente dinâmico, mutável e complexo.
Ademais, a competitividade no mercado de trabalho elucida o cenário competitivo
entre as organizações, portanto, a inovação é inerente ao processo, uma vez que, para
manterem sua vantagem competitiva as empresas apostam nas criações propostas por seu
capital intelectual, pois segundo Porter (1986) a vantagem competitiva emerge do valor que
uma empresa é capaz de criar para seus consumidores, mesmo que o custo para a criação
desse valor seja excedido. Portanto, a empresas procuram criar estratégias que as diferenciem
de suas concorrentes.
       1.2 A inovação e empreendedorismo
      Convergente aos pressupostos elencados tem-se que as aquisições de conhecimento
que se fazem sob um processo contínuo de aprendizagens ampliam as possibilidades
empregatícias do profissional, tornando-o mais competitivo. Quanto à edificação da
competência inovadora do profissional, esta se vê impulsionada, também, pelos desafios
impostos pelo dinamismo contemporâneo nos distintos âmbitos sociais.
       Sendo assim, mudança e inovação são faces de um mesmo conjunto que indicam
novas diretrizes às estratégias de negócio. Portanto, as empresas se reconfiguram, se adaptam
e tornam-se mais descentralizadas, pois
                       A organização deve ser estruturada para tomar decisões rapidamente. E essas
                       decisões devem ser baseadas na proximidade - com o desempenho, com o mercado,
                       com a tecnologia, e com todas as muitas mudanças ocorrentes na sociedade, no meio
                       ambiente, na demografia e no conhecimento que propiciarão as oportunidades para a
                       inovação. (DRUCKER, 2000, p.7)


      Portanto, saber inovar implica assumir com comprometimento um projeto de
mudança, simultaneamente, consiste em acreditar que todos estarão engajados no projeto de
mudança.
       De acordo com Senge (1996) mudança e inovação caminham lado a lado, entretanto,
só se concretizam quando os envolvidos se posicionam em prol do aprender, do mudar, da
aquisição de novos saberes, simultaneamente, revendo conceitos arraigados. Ainda assim,
assumem novas posturas e refletem acerca da cultura pessoal e organizacional que se foi
perpetuada e praticada ao longo dos anos, concomitantemente, revêem valores e aderem
novos modos de pensar e de agir. No entanto, segundo Cardoso (1992) o termo inovação nem
sempre é utilizado na sua acepção mais correta, pois é quase sempre aplicado como sinônimo
de mudança, ou de renovação ou de reforma, mesmo sem ser sob realidades idênticas.
        Por outro lado, neste artigo, inovação será concebida pela identificação de algo
preexistente que se vê transformado a fim de adequar-se a um determinado contexto. Portanto,
sob esta óptica Freeman (1988, p.1) elucida que a questão da inovação tecnológica exige uma
formulação alternativa, simultaneamente, capaz de incorporar mudança tecnológica e
institucional à análise econômica, visando superar os limites da análise convencional, que a
trata como fator residual ou exógeno.
        Partindo dos pressupostos supracitados, tem-se que a competência inovadora poderá
ser inerente ao ato de empreender, entretanto, Dolabela (1999, p.20) pergunta: “pode alguém
aprender a ser empreendedor?”. Tal questionamento requisita abordagens acerca do
desenvolvimento e aprendizagem dos indivíduos, simultaneamente, elucidando maneiras
conceptivas de um empreendedor. Para tanto, a abordagem a ser utilizada à análise dos
conceitos neste trabalho concebe aprendizagem pela óptica humanista e, esta fundamenta
nossas intenções de pesquisa.
        Neill e Rogers representam a abordagem humanista de ensino que elucida suas
tendências e enfoques a partir do sujeito/indivíduo. Nesse contexto, o desenvolvimento da
personalidade do sujeito acontecerá por intermédio das relações estabelecidas com o meio,
simultaneamente, sob um processo de construção e organização da realidade. Situado no
mundo/único em sua vida interior, em suas percepções, em suas avaliações. Para Rogers
(apud Mizukami, 1986) o homem não nasce com um fim determinado, mas goza de liberdade
plena e se apresenta como um projeto permanente e inacabado. Nesse sentido, o indivíduo a
partir dessa visão é independente, autônomo e inerentemente diferente, portanto, deve ser
aceito e respeitado. Os sentimentos e experiências servem de base para o crescimento, uma
vez que, apresenta tendência a desenvolver-se, autodirigir-se e reajustar-se. O sujeito é a
pessoa do presente, sob a noção do “aqui e agora”, ainda assim, interage com outras pessoas e
é compreendido, ou ainda, aceito por quem o ajuda, simultaneamente, um pressuposto básico
da teoria de Rogers.
        Ademais, Rogers (apud Mizukami, 1986) concebe o sujeito como um arquiteto de si
mesmo, concomitantemente, é incompleto, vive sob transformação e transformando o mundo
que o circunda. Nesse sentido, o homem/sujeito vive sob um processo de atualização e, assim,
atualiza-se no mundo. Para tanto, o conhecimento se vê construído por meio da experiência
pessoal e subjetiva num processo do “vir – a - ser” da pessoa humana, simultaneamente, é
mutável e dinâmico.
       A educação do indivíduo sob a abordagem humanista de ensino se faz propulsora
formativa de pessoas com características peculiares e indispensáveis à conjuntura de mercado
da atualidade.
        Para tanto, iniciativa, responsabilidade, autodeterminação, discernimento, adaptação às
situações inéditas por corroborar com o caráter flexível de formação do sujeito, dentre outros,
constituem-se em elementos agregadores e intencionados por tal vertente de ensino. Ainda
assim, tal abordagem vislumbra a concepção de sujeitos livres e criativos que sabem colaborar
com os outros sem deixar de ser indivíduo convergindo com as intenções econômicas,
políticas e sociais do mundo global. Por fim, compreende a educação em tudo o que esteja a
serviço do crescimento pessoal, interpessoal ou intergrupal. Sendo assim, a abordagem de
ensino humanista é a que mais se aproxima da acepção empreendedora a ser adotada neste
trabalho.
       1.3 Empreendedorismo e Oportunidades: pressupostos conceituais
       Quanto a acepção do termo etimológico da palavra etimologia a recorrência aqui será
para os autores Dolabela, Drucker, Say, Schumpeter e o próprio GEM - Global
Entrepreneurship Monitor.
       A palavra “empreendedor” cuja expressão em inglês é entrepreneur surgiu na França
nos séculos XVII e XVIII, com o objetivo de designar aquelas pessoas ousadas que
estimulavam o progresso econômico, mediante novas e melhores formas de agir. Outra
concepção vem do economista francês Jean-Baptiste Say (1767 – 1832) no século XIX que
conceituou o empreendedor como o indivíduo capaz de alavancar recursos econômicos por
meio da transferência das áreas de baixa produtividade para as áreas de produtividade mais
altas e com maior possibilidade de retorno. Joseph Alois Schumpeter (1883 – 1950),
economista austríaco, utilizou o termo empreendedor para definir uma pessoa com
criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações. Peter F. Drucker (1909 – 2005) em 1970
introduziu o conceito de risco intimamente ligado ao empreendedorismo e afirmou que uma
pessoa empreendedora é aquela que tem coragem e disposição para arriscar em algum
negócio.      Por fim, a Global Entrepreneurship Monitor – GEM afirma que o
empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento de um país. Para a GEM
empreendedorismo fica assim definido: qualquer intento de novos negócios ou criação de
novas empresas, como o auto-emprego, a reorganização de um negócio, ou a expansão de um
já existente, por um indivíduo, grupo de indivíduos ou firmas já estabelecidas.
        Nos estudos e abordagens mais recentes a respeito do tema empreendedorismo Filion
(In: DOLABELA, 1999, p.75): “o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e
realiza visões”. Para tanto, empreendedorismo e oportunidades são termos complementares,
pois um não existe sem o outro. Para tanto, o elemento gerador da oportunidade é a ideia,
embora não devemos confundir os termos.
        Segundo Dolabela (1999) a oportunidade é uma ideia que está vinculada a um produto
ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, seja por meio da inovação ou ainda, pela
diferenciação. Filion (1997) afirma que o processo visionário descreve a busca de
oportunidades, enquanto a compreensão do setor antecede e alimenta a capacidade de
identificá-las. Portanto, antes de qualquer ação, o empreendedor deve munido de uma
estrutura de pensamento sistemática e visionária, graças à qual ele estabelece alvos e depois
instala um fio condutor, um corredor que segue para atingi-los.Sendo assim, “o empreendedor
é alguém que assume riscos calculados e, sempre que pode, tenta minimizá-los”
(DOLABELA, 1999, p.88)
       2 A Educação Tecnológica e os Tecnólogos
       A educação profissional tecnológica possui um histórico centenário no Brasil e em
âmbito mundial remonta à segunda metade do século XVIII, quando a revolução industrial se
consolidava na Europa e nos Estados Unidos. Trazemos aqui informações do sítio do MEC e
da Escola Agrotécnica Federal do Rio Grande do Sul:
                       A Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica teve sua origem em 1909,
                       quando, o então presidente da Republica, Nilo Peçanha, criou 19 escolas de
                       Aprendizes e Artífices que, mais tarde, dariam origem aos Centros Federais de
                       Educação Profissional e Tecnológica – CEFETS (Disponível em:
                       http//www.eafrs.gov.br).

      Na atualidade, tanto instituições de ensino superior quanto o mercado focaram atenção
nos cursos tecnológicos. Ação esta impulsionada pelas características do curso e pela
expansão do conceito que, originalmente voltava-se apenas ao setor de tecnologia.
       Sendo assim, na contemporaneidade há cerca de uma centena de graduações
tecnológicas organizadas em dez eixos, simultaneamente, atendem necessidades urgentes da
sociedade e do mercado de uma maneira geral. São estes: Produção Alimentícia, Recursos
Naturais, Produção Cultural e Design, Gestão e Negócios, Infraestrutura, Controle e
Processos Industriais, Produção Industrial, Hospitalidade e Lazer, Informação e
Comunicação, Saúde e Segurança.
       O Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, do Ministério da Educação
e Cultura, pode ser acessado no endereço Portal do MEC na internet. Para tanto, o objetivo do
MEC é que, por meio do catálogo o aluno possa ser ajudado quanto aos aspectos de
orientação, segurança na hora de escolher o curso e certificar-se de que terá a formação
adequada (NOGUEIRA, 2008, p.28).
       Os cursos tecnológicos impulsionam o Brasil à superação da defasagem em relação
aos países europeus e, também, Estados Unidos e, com isso corrigir arestas que remontam a
mais de meio século tal atraso tecnológico. O referido atraso foi ocasionado, principalmente
pela ausência de ações efetivas e eficazes capazes de promover os fomentos necessários e
exigidos nas áreas de abrangência destes cursos. Ainda assim, pela ausência de efetivação por
parte dos poderes públicos dos requisitos publicados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDBEN 9394/96, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso e de seu
ministro na época Paulo Renato de Souza.
       Há divergências quanto à necessidade, eficácia e, também, qualidade dos cursos
tecnológicos, pois há quem argumente que quanto maior a duração de um curso, melhor ele
será em termos de conteúdo e visão de mundo. É fato que o academicismo intenciona afastar-
se das acepções impostas pelas exigências do mercado, segundo Bolan (apud Nogueira,
2008). Nesse sentido, cursos tecnológicos e os denominados subcursos universitários
assumem a característica de objeto de comércio e lucro por serem, entre outros, de menor
duração e focado às necessidades do mercado competitivo e, estes aspectos já são suficientes
para o aumento da demanda de alunos em detrimento dos cursos de maior duração, como o
bacharelado e licenciatura.
        Bolan (apud Nogueira, 2008) colabora para o argumento favorável à existência deste
tipo de curso. Tais cursos suprem necessidades de conhecimentos técnicos e, também,
científicos que se façam mais adequados à inserção de profissionais mais qualificados e,
portanto, mais competitivos no mercado. Por outro lado, dado o caráter de especialidade desse
tipo de curso e por serem de menor duração, pode soar superficialidade formativa.
        A questão que envolve a discussão entre as duas correntes, mesmo porque este não é o
objeto da pesquisa deste trabalho, e ainda amparado no pensamento e na fala do Doutor
Bolan: a sociedade descobre a importância de cursos mais focados para a especialidade, como
é o caso dos tecnológicos do que dos generalistas com maior duração. Ou ainda segundo o
relato de Geringher (2008) que diz que muita gente pensa que o curso tecnológico é um curso
de nível técnico, mas certamente não é. Sendo assim, a LDBEN 9.394 de 1996 publica que o
curso tecnológico tem nível superior embora sua duração seja de dois a três anos.
Simultaneamente, seu objetivo é o de formar especialistas em determinadas áreas.
       2.1 Tecnólogos: a formação empreendedora e a metodologia conceptiva
        O ensino do empreendedorismo na educação tecnológica fundamenta-se, também, pela
aquisição por parte do aluno de competências capazes de torna-lo mais completo nos níveis
pessoal e profissional, pois fundamenta-se nos princípios humanistas de ensino já elucidados
neste trabalho.
       Para tanto, aos professores que ministram aulas em cursos tecnológicos são
necessárias competências didático-metodológicas imprescindíveis à formação qualitativa dos
alunos. Segundo Perrenoud (2000) há dez competências docentes que fazem diferença quanto
à atuação de professores, pois segundo o autor
                       É preciso reconhecer que os professores não possuem apenas saberes, mas também
                       competências profissionais que não se reduzem ao conteúdo dos saberes ensinados,
                       e aceitar a idéia de que a evolução exige que todos os professores possuam
competências antes reservadas aos inovadores ou àqueles que precisam lidar com
                         públicos difíceis.
                         Existe hoje um referencial que identifica cerca de 50 competências cruciais na
                         profissão de educador. Algumas delas são novas ou adquiriram uma crescente
                         importância nos dias de hoje em função das transformações dos sistemas educativos,
                         bem como da profissão e das condições de trabalho dos professores.
                         Essas competências dividem-se em 10 grandes "famílias":
                         1. Organizar e estimular situações de aprendizagem.
                         2. Gerar a progressão das aprendizagens.
                         3. Conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam.
                         4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e no trabalho.
                         5. Trabalhar em equipe.
                         6. Participar da gestão da escola.
                         7. Informar e envolver os pais.
                         8. Utilizar as novas tecnologias.
                         9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão.
                         10. Gerar sua própria formação contínua. (PERRENOUD, 2000, p.23).

       As dez competências propostas por Perrenoud (2000) embora focadas aos níveis
básico e médio de ensino, podem se adequar perfeitamente à educação tecnológica,
simultaneamente, servem aos professores que serão formados para informar e preparar o
aluno à realidade de educação direcionada ao empreendedorismo. Portanto, são competências
que complementam o ensino do empreendedorismo na educação tecnológica.
       Partindo de tais pressupostos, pode-se afirmar que a formação de tecnólogo
empreendedor pode ser vislumbrada pelo aluno que ingressou em algum curso de educação
em gestão tecnológica e aplicou de maneira literal a palavra “gestão” na prática, ainda assim,
um aluno que concebe a ideia de empreender sobrepondo a visão tradicional de buscar
colocação no mercado apenas por meio de um emprego formal. Aspectos estes que
convergem à afirmação de Dolabela (1999, p.191) que diz que um empreendedor pode mudar
a comunidade, enquanto que uma comunidade sem empreendedores estará mais distante do
desenvolvimento.
        Ademais, o ser empreendedor é aquele que domina a intelectualidade e consegue, por
meio desta, agir em seu meio percebendo suas dificuldades e necessidades sanando-as. Todo
indivíduo que é formado para pensar, raciocinar e refletir consegue ter atitudes
empreendedoras. Formar pessoas empreendedoras requer uma visão dotada de seriedade com
amplitudes de longo e médio prazo, ou seja, formar cidadãos autônomos e atuantes no
contexto social e constituir no futuro uma sociedade mais igualitária, com espírito de
coletividade e solidariedade tão inerentes aos princípios humanistas de educação.
        Portanto, faz-se necessário entender a cultura empreendedora compreendendo
diferenças e identificando sua amplitude em relação à educação tradicional. Para tanto, o
ensino prático do empreendedorismo são elementos que podem ser diferenciados a partir da
tabela 1 de Dolabela (1999).
             Tabela 1 – Ensino Tradicional e Aprendizado de Empreendedorismo
Convencional ou Tradicional                       Empreendedor
Ênfase no conteúdo que é visto como meta          Ênfase no processo; aprender a aprender
Conduzido e dominado pelo instrutor                    Apropriação do aprendizado pelo participante
O instrutor repassa o conhecimento                O instrutor como facilitador e educando; participantes
                                                  geram conhecimento

Aquisição de informações “corretas” de uma vez    O que se sabe pode mudar
por todas
Currículos e sessões fortemente programados       Sessões flexíveis e voltadas às necessidades
Objetivos do ensino impostos                      Objetivos do aprendizado negociados
Prioridade para o desempenho                      Prioridade para a auto-imagem geradora de desempenho
Rejeição ao desenvolvimento de conjecturas e      Conjecturas e pensamento divergente vistos como parte
pensamento divergente                             do processo criativo
Ênfase no pensamento analítico e linear           Envolvimento de todo o cérebro; aumento da
                                                  racionalidade do cérebro esquerdo através de estratégias
                                                  holísticas, não lineares, intuitivas; ênfase na confluência e
                                                  fusão dos dois processos
Conhecimento teórico e abstrato                   Conhecimento teórico amplamente complementado por
                                                  experimentos na sala de aula e fora dela
 Resistência à influência da comunidade           Encorajamento à influência da comunidade
 Ênfase no mundo exterior; experiência interior   Experiência interior é contexto para o aprendizado;
 considerada imprópria ao ambiente escolar        sentimentos incorporados à ação
 Educação encarada como uma necessidade social    Educação vista como um processo que dura toda a vida,
 durante certo período de tempo, para firmar      relacionado apenas tangencialmente com a escola
 habilidades mínimas para um determinado papel
 Erros não aceitos                                Erros como fonte do conhecimento
 O conhecimento é o elo entre aluno e professor   Relacionamento humano entre professores e a alunos é de
 alunos é de fundamental importância              fundamental importância
(DOLABELA, 1999, p.116)

       Ainda assim, Malraux (2000, p. 32) exemplifica o esforço pelo enfrentamento dos
desafios da educação no século XXI, estes definidos no Relatório Jacques Delors a partir do
estudo publicado pela UNESCO, que defende a ideia de que educar é desenvolver no ser
humano quatro competências básicas: Competência Pessoal (Aprender a Ser); Competência
Relacional (Aprender a Conviver); Competência Produtiva (Aprender a Fazer) e Competência
Cognitiva (Aprender a Conhecer). Essas quatro competências citadas por Antipoff (In:
DUFAUX, 2007, p. 19) atuam em favor de uma educação mais humanigtária e centrada em
valores e habilidades do homem, assumindo sua verdadeira condição de sujeito de sua jornada
de crescimento em direção à felicidade e à paz.
        A fundação francesa Jacques Delors se encarregou de organizar o relatório
desenvolvido por vários especialistas de todo o mundo, que compõem a Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI. Este relatório, concluído em 1996 é a base
da UNESCO para orientar seus projetos de ação (DELORS et al, 2006, p.23). Para tanto, a
educação brasileira, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e amparados pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394/96 prepara suas escolas, seus
profissionais da área de ensino e principalmente seus atuais e futuros estudantes para uma
realidade que já não pode mais ter como foco indivíduos pertencentes a uma elite econômica
ou intelectual. Para tanto, um conjunto de publicações cujas raízes discursivas e de ideais
fundamenta-se na concepção humanista de educação e demais espaços de convivência e
aprendizagem e, também, processos sociais.

       Valorizar o ensino baseado em projetos empreendedores significa desafiar a
capacidade do aluno estimulando-o a utilizar o raciocínio em detrimento da “decoreba”.
Quando o aluno encara um projeto com todas as suas forças ele aprende fazendo e gosta de se
empenhar e desempenhar para entregar o melhor modelo de produto que seus cérebros podem
conceber.

        Esta pesquisa é de cunho qualitativo e caráter bibliográfico, simultaneamente, sob o
tipo de estudo exploratório que analisa literaturas, livros, revistas impressas e eletrônicas e
materiais de apoio fundamentativo disponibilizados nos websites. Para tanto, as ferramentas
utilizadas para a realização da pesquisa sobre o ensino do empreendedorismo em sua visão
prática para os cursos tecnológicos estão embasados nos método indutivo de Francis Bacon
(1561 – 1626) e dedutivo proposto por Descartes (1596 – 1650) (LAKATOS, 2003, p.85).
           3. Estudos de Caso
       Caso 1. Confecção de Roupas e Uniformes Profissionais.
        A estudante Kelly Alarcon ingressou na universidade no curso de Tecnologia em
Gestão de Pessoas nas Organizações (hoje Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos) a
partir de agosto de 2007. Foi solicitado ao grupo de alunos da classe da Kelly um projeto de
melhoria sobre uma situação existente, como parte da disciplina denominada Indicadores de
Desempenho e Monitoração. Ou seja, o aluno iria detectar algum problema existente em uma
situação atual, fazer todo o levantamento diagnóstico da situação para propor uma melhoria
concreta e aplicável ao problema levantado dentro deste diagnóstico.
        Esta aluna trabalhava a três anos em uma empresa de captação e alocação de
profissionais no mercado empresarial do ABC paulista e ao ser solicitado e exigido para o
desenvolvimento e elaboração do projeto pensou na confecção que a mãe e a avó haviam
fundado e que se encontrava inativa por problemas diversos, como impostos, pendências com
a previdência, gerenciamento e até questões de ordem técnica. Eis o desafio que motivou
Kelly a escrever seu projeto e a partir dele sentir o despertar empreendedor que fez com que a
jovem estudante substituísse o emprego com carteira assinada para assumir as atividades
gerenciais daquela empresa familiar que estava em vias de se extinguir.
        Kelly durante os três anos em que trabalhou na popularmente conhecida agência de
empregos conheceu muitas pessoas e através dessas pessoas construiu uma excelente rede de
relacionamentos – modernamente denominada de Networking. Ao perguntar para um
empresário por telefone se os funcionários de sua empresa utilizavam uniformes e receber a
resposta afirmativa, Kelly então perguntou a seguir quais eram os valores e quem eram os
fornecedores dos vestuários dos trabalhadores. O empresário respondeu a todas as questões e
Kelly disse ao empresário se poderia participar da próxima concorrência de cotação de
fornecedores de uniformes recebendo consentimento por parte do proprietário da empresa,
com a condição de que assumisse a entrega de uma centena de aventais, com prazo e preços
determinados. Se as duas exigências fossem mais atrativas que as dos atuais fornecedores,
então a confecção que Kelly procurava reativar participaria da próxima concorrência. A seguir
Kelly foi procurar a mãe e esta verificou as condições para a entrega das cem peças em uma
quinzena. Consultou os fornecedores de matéria-prima, costureiras, condições das máquinas
que se encontravam em sua oficina de costura e estabeleceu o preço que foi prontamente
aceito pelo empresário consultado pela aluna. O pedido foi entregue com prazo reduzido em
uma semana, com boa aceitabilidade dos padrões de qualidade e a um preço mais atrativo de
que os fornecedores catalogados pela empresa praticavam. Com isso a empresa da mãe de
Kelly recebeu nova encomenda feita por aquela empresa, sem que houvesse necessidade de
uma cotação e seleção de fornecedores. A jovem ficou tão satisfeita com aquele feito que saiu
a consultar outras pessoas responsáveis por compras de uniformes, aventais e outras roupas
profissionais e entre muitos nãos, somaram-se alguns sins que passou a motivar e estimular
ainda mais a estudante de Gestão de Pessoas a não apenas escrever o projeto como a colocá-lo
em prática. De agosto de 2007 a janeiro de 2009, muita coisa mudou na vida de Kelly, tanto
do ponto de vista profissional, como acadêmica e principalmente sob o prisma pessoal. A
primeira dessas mudanças foi no campo profissional, pois ao enxergar uma oportunidade real
de auto-sustentação Kelly resolveu sair do emprego e dedicar seu tempo e seu esforço na
empresa que começava a se recuperar de maneira fabulosa e, por que não dizer espantosa.
No âmbito acadêmico Kelly também verificou diversas vantagens com a conclusão do
projeto e a conseqüente aplicação do mesmo. Hoje, cursando o último semestre do curso de
Gestão de Recursos Humanos, Kelly se diz mais questionadora e as disciplinas existentes no
curso são constituídas de informações que, em boa parte dos casos, constituem informações
aplicáveis na gestão do negócio reabilitado por Kelly a partir do desenvolvimento do projeto
solicitado. Em todos os cursos de Gestão Tecnológica da universidade onde a jovem estuda
existe a disciplina Empreendedorismo no último módulo semestral. Kelly aguarda esta
disciplina com maior expectativa de que todas as outras que existem no curso até então, pois
acredita que será a disciplina que possui a maior quantidade de informações com a
objetividade exigida para o bom desempenho e a melhoria do empreendimento por ela
capitaneado.
       Vale lembrar que o empreendedor é o indivíduo que está disposto a assumir risco e
que precisa saber planejar e organizar bem seu tempo e seu negócio. No caso de Kelly hoje
ela é muito mais ativa e se assume como uma workaholic (viciada em trabalho, em uma
tradução livre), pois dorme bem menos do que antes, trabalha muito e ultimamente tem
viajado muito também, sempre a trabalho.
       Caso 2. Carrinho de Feira com seis rodas
        Além da disposição para aceitar riscos, outra característica que marca o perfil de um
empreendedor é o seu poder de inovação e de criar produtos inéditos que atendam a uma
necessidade de mercado. Pode até acontecer de acrescentar um diferencial a um produto já
existente e que esse diferencial venha para facilitar o uso, proporcionando conforto ao
usuário. Foi com esse pensamento que Cristiano Lasso, aluno do curso de Tecnologia em
Gestão de Negócios e Finanças (hoje Gestão Financeira) teve a idéia de elaborar um carrinho
de feira diferente dos tradicionais com um eixo e duas rodas. Acrescentou mais dois eixos
com as respectivas rodas em suas extremidades e o carrinho de feira com seis rodas tem o
objetivo de facilitar seu transporte em escadas, tanto no aclive, ou subida, como no declive –
descida. Cristiano ao escrever o projeto junto com o grupo de mais cinco alunos para a
disciplina de estratégia de marketing no segundo semestre de seu curso resolveu publicá-lo na
Internet e dentro de poucos dias recebeu uma proposta de encomenda de algumas dezenas de
carrinhos para uma loja de material de construção localizada no Rio de Janeiro.
         A única montagem do produto realizada até aquele momento era justamente o
protótipo do produto que fora materializado em uma oficina do tipo “fundo de quintal”,
pertencente ao pai do aluno Cristiano para o dia da apresentação do projeto em sala de aula.
Mesmo assim Cristiano resolveu averiguar várias informações quase que simultaneamente. A
primeira delas sobre a veracidade do pedido incluindo aí a existência da dita loja no Rio de
Janeiro. Quando as informações chegaram o primeiro pedido foi logo aceito para que outras
preocupações chegassem, como prazo de entrega, condições de entrega e pagamento,
obtenção de materiais, regularização do negócio que até então só existia de maneira fictícia
para a elaboração do projeto da disciplina de marketing. Resultado: Pedido aceito e entregue
com sucesso e o segundo pedido não tardou a chegar e este vinha da unidade de uma loja
localizada em São Bernardo do Campo, pertencente a uma conhecida rede comercial de
utilidades domésticas, com lojas espalhadas em todos os estados brasileiros, que solicitou uma
encomenda de uma quantidade maior do que a primeira que o recente empreendimento
recebera. Novamente o acordo foi cumprido dentro da normalidade exigida nas bases
contratuais. Cristiano também alterou completamente suas rotinas e passou a dedicar-se ao
negócio de modo intensivo. Ao ingressar na faculdade Cristiano tinha outros planos para o
período acadêmico e pós-acadêmico, mas o projeto exigido na disciplina estratégias de
marketing mudou definitivamente os planos de Cristiano que hoje diz que a prática
empreendedora abriu novos horizontes para as suas aspirações profissionais.
       Caso 3. “Salgados e Doces”
        Eunice Rodrigues de Melo concluiu o curso tecnológico de Gestão em Logística em
dezembro de 2009 e a partir do projeto de marketing com pesquisa de mercado conseguiu
realizar um empreendimento, até então incipiente naquele momento. Os demais componentes
da equipe que desenvolveram e elaboraram o trabalho exigido pela disciplina ficaram restritos
apenas aos aspectos acadêmicos. A aluna Eunice, no entanto acreditou que o produto salgados
e doces para consumo rápido poderia despontar como uma boa oportunidade no mercado
popular. O aspecto técnico a aluna diz que tinha domínio, pois a mãe já trabalhara na
confecção desse tipo de produto e ela já acompanhava o processo produtivo desde esse
período, então os dois outros aspectos que restavam para atestar a viabilidade completa do
projeto empreendedor, a saber: mercadológico e financeiro fizeram com que a aluna se
movimentasse.
        O primeiro passo foi realizar uma pesquisa de mercado para a obtenção de
informações inerentes ao tamanho potencial do mercado consumidor na região em que
pretendia atuar a empresa até então sonhada. Pesquisou e sondou também os possíveis
concorrentes dentro de critérios e análise técnica bem apurada e desenvolvida durante alguns
meses de observação e muitas informações. Um dos resultados obtidos em sua pesquisa
orientava ao fato de que uma parcela considerável de seus clientes apresentava problemas de
hipertensão arterial. Estes clientes desejavam produtos com baixo teor de sódio (sal). Como
estes clientes tinham dificuldade em adquirir salgados com estas propriedades, Eunice tratou
de direcionar a produção de parte de seu volume de produção com estas características.
        Faltava ainda analisar os aspectos financeiros do empreendimento. Como iniciar as
atividades sem o capital desejado? Como calcular os custos fixos e variáveis dos produtos e
da empresa? A quantidade de questionamentos para esse tipo de análise é inúmera e pode
mais desmotivar que estimular a atividade empreendedora caso a empreendedora desprezasse
sua coragem e iniciativa de se introduzir no mercado com o minúsculo capital de R$ 120,00
para adquirir o material necessário, a fim de entregar algumas encomendas que ela aceitou,
mais na condição de um lote piloto do que fruto de um planejamento propriamente dito. A
recuperação do capital foi imediata e Eunice resolveu dar continuidade ao negócio que se
expande a cada dia nesses sombrios dias de 2008 e 2009, com crise anunciada pela imprensa
brasileira e mundial e instalada nos diversos segmentos econômicos e sociais.
        As próximas atitudes da aluna empreendedora estão relacionadas à abertura e
legalização da empresa que abriga suas atividades industriais e comerciais, além da
elaboração do Plano de Negócios que Eunice pretende escrever com auxílio de alguns
professores que lecionaram e lecionam para ela. Finalmente ela pretende ampliar seu negócio,
tanto em termos físicos com o aluguel ou mesmo a aquisição de um imóvel que apresente
condições mais propícias ao seu empreendimento que está apenas iniciando, como também a
compra de novos equipamentos e utensílios, além da contratação de mais mão de obra.
       Caso 4: “Kit dispositivo para trocas de pneus de motocicletas”
      Carlos Eduardo e Antonio Carlos são dois empreendedores que concluíram o curso de
Tecnologia em Gestão Financeira e colocaram em prática o projeto de natureza
empreendedora a partir de uma idéia de um amigo borracheiro chamado Rogério Rosas do
Nascimento, atualmente sócio de Carlos e Antonio, na cidade de Mauá, onde os três sócios
instalaram uma empresa que abriga a atividade empreendedora. Rogério criou uma técnica
para extração de pneus das rodas de motocicleta de uma maneira mais ágil e eficaz utilizando
apenas ferramentas comuns como serra, martelo, além de recursos próprios, dentro de um
processo, digamos assim, rudimentar.
       O comércio de motocicletas representa um mercado em franco e sucessivo
crescimento a cada ano, e essa tendência parece que continuará em plena ascensão, a despeito
de crise ou retração econômica devido, entre outros fatores, ao baixo custo de aquisição, se
comparado com o preço dos automóveis e também pela facilidade de locomoção e
deslocamento nos trânsitos, ditos caóticos, verificados nas grandes cidades e, também
vantajosos em relação aos carros que não possuem tal poder de mobilidade e agilidade.
        O caso do kit dispositivo para trocas de pneus de motocicletas reúne inovação, atitude
visionária e conhecimentos técnicos aliados à necessidade e oportunidade de mercado, pois o
marketing que é o conjunto de ferramentas e atividades necessárias para atender e entender o
processo empreendedor que, estuda primordialmente as necessidades, desejos e valores de um
mercado visado e adapta a organização para promover as satisfações desejadas de forma mais
efetiva e eficiente que seus concorrentes (KOTLER, 1991, p.42).
        Carlos que trabalha há vários anos como ferramenteiro e tem noções de desenhos de
projetos mecânicos aperfeiçoou a idéia e desenvolveu a confecção de novo ferramental para
implantação do kit para trocas de pneus de motos batizado pelos sócios e autores do projeto
de “Estepemoto”. O invento surge de forma inovadora e exerce a função de outras doze
ferramentas utilizadas para a troca ou reparo de pneus. Constituído de duas peças que
compõem o conjunto, o estepemoto possibilita a remoção e extração de ambas as rodas para
efetuar o reparo de maneira ainda mais rápida e eficaz.
        As motocicletas não carregam pneus estepes como acontece com outros veículos
automotores, por isso os sócios buscaram obter a maior quantidade de informações possíveis e
necessárias para que inserissem seu empreendimento de forma definitiva no mercado e, além
da pesquisa de marketing com o público alvo, ou seja, proprietários e condutores de
motocicletas fizeram outros tipos de levantamento de dados, como por exemplo, outros
modos de reparos existentes, cujas funções são preventivas e não corretivas, como é o caso do
estepemoto. Os exemplos citados são: a mecânica e tem também a tectire, que é uma fita
aplicada na banda de rodagem do pneu, mas que também não o protege totalmente contra
furos e rasgos laterais.
        Os três sócios iniciaram as atividades com R$ 80.000,00 e uma previsão de retorno em
trinta e seis meses. Há confiança nesse planejamento por parte dos autores do projeto devido
ao tamanho do mercado em que atuam, vejamos:
       Há 25 diferentes marcas de motocicletas presentes no mercado brasileiro, sendo que
em torno de 90% de todas as unidades possuem até 150 cilindradas e o volume total de motos
alcança 12 milhões no Brasil. Carlos afirma que ele e os outros dois sócios aprenderam muito
com os próprios erros, condição essencial para se tornar um empreendedor, conforme análise
de Dolabela (1999, p.113).
      Ainda falta a elaboração do plano de negócios para a descrição da atividade, da
empresa, das características do produto e de outras informações relevantes.
      Do volume de negócios gerado pela empresa, quase que a totalidade fica enquadrado
no B2B – Business to Business, ou Negócios realizados entre pessoas jurídicas. A parcela
gerada pelo B2C é relativamente pequena e devido a contrato entre clientes e a empresa, essa
assumiu o compromisso de praticar o preço estabelecido pelo mercado.
          4. Considerações Finais
       A proposta de educação empreendedora está direcionada para os cursos de gestão
tecnológica, estes emergentes e imprescindíveis ao atendimento das exigências do mercado
competitivo.
        Vale ressaltar que o público ingressante nesses cursos possui um perfil diferenciado
dos demais alunos de curso superior, pois o estudante que ingressa na educação tecnológica
busca preencher seu universo de conhecimento de maneira imediata e com informações
atualizadas, simultaneamente, sob uma postura mais objetiva e focada quanto à aquisição dos
conhecimentos. Dessa maneira o ensino do empreendedorismo e o amplo incentivo à sua
prática em alunos de cursos de gestão tecnológica atenderão de maneira mais dinâmica e
direta as lacunas que precisam ser preenchidas para o desenvolvimento econômico,
intelectuais e sociais tão exigidos pela sociedade e pelas políticas vigentes. Ainda assim, a
propositura de sociedade apoia-se nos princípios da abordagem humanista, estes convergentes
à ideia de educação e formação proposta neste trabalho. Sendo assim, o principal beneficiado
da proposta será o próprio aluno que receberá informações necessárias e adequadas para
desenvolver e aplicar projetos de natureza empreendedora e com isso desenvolver novos
conhecimentos e compreender a necessidade de estudar sempre e cada vez mais para
aperfeiçoar e aprimorar ideias e ideais.
       Ainda assim, as instituições de ensino superior também serão beneficiadas ao inserir o
ensino empreendedor em suas grades curriculares, pois uma das funções básicas do ensino
superior é colaborar no desenvolvimento socioeconômico das regiões onde estão localizadas.
Finalmente a sociedade como um todo receberá os benefícios advindos do ensino prático do
empreendedorismo no ensino superior dos cursos tecnológicos. Para tanto, a proposta deste
trabalho não se finda na defesa generalista de formar somente tecnólogos, pois conhecemos a
importância e a necessidade de outras áreas e formações profissionais.
        Para tanto, a sociedade atual impõe necessidades formativas que impulsionem o saber
agir diante dos desafios, simultaneamente, tornando a competência criativa um diferencial no
profissional formado.
       Ademais, as experiências adquiridas pelo indivíduo ao longo de sua vida constituem-
se no seu arcabouço de conhecimentos prévios, simultaneamente, imprescindíveis às novas
construções do saber. Sendo assim, a proposta deste trabalho está cunhada no auxílio de ações
promotoras do desenvolvimento dos indivíduos, concebendo-os sob a formação facilitadora
de visões mais críticas e empreendedoras que possam transcender o processo de aquisição e
reprodução de informações arraigadas no ensino tradicional.
          5. Referências


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CARDOSO, A. P., As atitudes dos professores e a inovação pedagógica. Revista
Portuguesa de Pedagogia, Ano XXVI, nº1, 1992, 85- 99.

DELORS, Jacques et al. Educação – um tesouro a descobrir. São Paulo, Cortez, 2006.
DOLABELA, Fernando. A oficina do empreendedor: A metodologia de ensino que ajuda a
transformar conhecimento em riqueza. São Paulo, Cultura, 1999.

_________. O segredo de Luísa. São Paulo, Cultura, 1999.

DRUCKER, Peter. Administrando para o futuro: Os anos 90 e a virada do século. 3ª ed.
São Paulo, Pioneira, 1992.

______________. Nova sociedade das organizações. In: HOWARD, R. (Org.) Aprendizado
organizacional. Rio de Janeiro: Campus, 2000; p. 01-07.

DUFAUX, E. e OLIVEIRA, W. S. de. Laços de Afeto. Caminhos do Amor na Convivência.
13ª ed. Belo Horizonte, Dufaux, 2007.

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Identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações. RAE – Revista de Administração de
Empresas. São Paulo, FGV, 2001.

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Economic Theory. London: Pinter, 1988.

 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 7ª ed.
São Paulo, Paz e Terra, 1998.

GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

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GEHRINGER, Max. Gehringer fala sobre os tecnólogos. Disponível em
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LAKATOS, E. M. e Marconi M. A. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo, Atlas,
2003.

LOUETTE, A. Compêndio para a sustentabilidade – ISO 26000. Disponível em
http://www.ahk.org.br/upload_ark/NORMAS_RSE... Acesso em 25.03.2009.

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MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:
EPU, 1986.
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_______________________. Teorias de aprendizagem são necessárias? Rev. Brasileira de
Análise do Comportamento. Vol. 1, nº1, 2005.

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O ensino da disciplina de empreendedorismo na educação tecnológica casi 2012

  • 1. CASI 2012 - Congresso de Administração Sociedade e Inovação Marcos José Corrêa Bueno mjvm@ig.com.br André Luiz Cisi profcisi08@gmail.com Daniela Bartholo dani.bartholo@gmail.com O Ensino da Disciplina de Empreendedorismo na Educação Tecnológica A sociedade contemporânea elucida a necessidade de um cenário com protagonistas cada vez mais empreendedores. A acepção empreendedora neste trabalho está fundamentada nos princípios humanistas de sociedade, de ensino e, também, de aprendizagem. Nesse sentido, a formação empreendedora converge com as necessidades e tendências da sociedade contemporânea no que se refere à formação do sujeito, à sua autonomia e criatividade, à valorização do indivíduo enquanto ser humano dotado de unicidade quanto às suas experiências, cultura, conhecimento, motivação entre outros. Sendo assim, a educação tecnológica pode receber um agregador que permita sua transcendência da grade curricular focada na formação específica, simultaneamente, possibilitando ao alunado a integralização de outros saberes constitutivos de uma formação mais empreendedora. Para tanto, este trabalho se finda em conceber o empreendedorismo como parte integrante e constitutiva nos cursos de educação tecnológica, ainda assim, indicando as diretrizes de fundamentação a tal necessidade. A seguir, este trabalho apresenta quatro estudos de casos relatados com alunos que, ao final do curso, seguiram carreira empreendedora com base na aplicação de seus estudos. Palavras-chaves: empreendedorismo, ensino superior, educação tecnológica, abordagem humanista de ensino. 1 INTRODUÇÃO 1.1 O mercado e as novas exigências formativas A sociedade contemporânea elucida o cenário das conseqüentes transformações decorrentes da globalização. Para tanto, a partir da década de 1990 os distintos e interdependentes âmbitos político, geográfico, econômico e, sobretudo social sofreram impactos que culminaram com novas exigências formativas e, portanto, com o repensar da formação dos profissionais atuantes no mercado. Sendo assim, as novas exigências do mercado incluem à obtenção de profissionais mais qualificados, conseqüentemente preparados para atender as novas demandas impostas pelo mundo globalizado. Nesse sentido, o conjunto educacional responsável pela formação do profissional direcionou-se à reformulação dos conteúdos curriculares a fim de atender as necessidades emergentes do mercado.
  • 2. Para tanto, a preocupação, primordialmente do ensino superior constituiu-se em entregar à sociedade o que ela necessita: quantidade de profissionais formados para atender a crescente demanda e, principalmente profissionais qualificados para que a qualidade de produtos, serviços e informações também fosse obtida. Sendo assim, emerge a necessidade de formar profissionais engajados à composição de um novo modelo social, político e econômico de sociedade, simultaneamente, competentes e habilidosos no que se refere à profissão, pois segundo Gadotti (2000) A substituição de certas atividades humanas por máquinas acentuou o caráter cognitivo do fazer. O fazer deixou de ser puramente instrumental. Nesse sentido vale mais hoje a competência pessoal que torna a pessoa apta a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe do que a pura qualificação profissional. (GADOTTI, 2000, p. 251) Diante de tais considerações, faz-se possível afirmar que o aluno concluinte do ensino superior vê-se diante de um cenário desconhecido e exigente quanto aos seus distintos saberes, pois A obsolescência do conhecimento e da tecnologia implica o realinhamento e a readaptação do profissional num curto espaço de tempo, pois os empregos definitivos darão lugar à atuação coletiva, que exigirá flexibilidade e competência para saber resolver problemas variados de acordo com a realidade que se apresentar (MORAN et al, 2000, p.80) Partindo de tais pressupostos, faz-se possível afirmar que a qualificação do profissional aumenta suas chances de empregabilidade, simultaneamente, manter-se competitivo no mercado exige do profissional a manifestação de certas competências, tais como, visão sistêmica dos negócios e processos da organização, estar predisposto a aprender e aperfeiçoar-se, trabalhar em equipe, saber se comunicar, possuir formação específica e, ao mesmo tempo, sob óptica de um generalista ao deter um saber global que lhe permita agir de maneira eficaz localmente, pois a escola Certamente não constitui a única fonte de aquisição dessas competências. A família, os meios de comunicação, o convívio social ou a própria experiência de trabalho são, também, instâncias importantes de qualificação. Entretanto, não há duvida de que as oportunidades ocupacionais vêm exigindo perfis de qualificação para os quais a responsabilidade da escola é cada vez mais proeminente (SALM, 1998, p.240) No que se refere às novas exigências, o profissional vê-se diante de desafios impositivos à sua colocação e, também, permanência no mercado. Nesse sentido, desenvolve habilidades de interpretação, identificação e de transformação, pois passa a interpretar o mercado, identificar oportunidades e transformar conhecimento em novos conhecimentos. Ainda assim, a imprescindível competência inovadora emerge juntamente com a necessidade de instituir empresas, também, inovadoras no mercado. Contexto já elucidado previamente por Drucker (2000) ao afirmar que nas próximas décadas as escolas e universidades sofrerão mudanças e inovações mais drásticas que nos seus últimos trezentos anos quando se organizaram em torno da mídia impressa, pois as novas Tecnologias de Informação e Comunicação, concomitantemente, todos os elementos dissidentes das mesmas, poderão consolidar a chamada aprendizagem contínua. Nesse sentido, apresentaram-se novas demandas sociais, conseqüentemente impondo às organizações respostas inovadoras perante a ineficiência das respostas antigas, uma vez que, o emergente contexto é tipicamente dinâmico, mutável e complexo.
  • 3. Ademais, a competitividade no mercado de trabalho elucida o cenário competitivo entre as organizações, portanto, a inovação é inerente ao processo, uma vez que, para manterem sua vantagem competitiva as empresas apostam nas criações propostas por seu capital intelectual, pois segundo Porter (1986) a vantagem competitiva emerge do valor que uma empresa é capaz de criar para seus consumidores, mesmo que o custo para a criação desse valor seja excedido. Portanto, a empresas procuram criar estratégias que as diferenciem de suas concorrentes. 1.2 A inovação e empreendedorismo Convergente aos pressupostos elencados tem-se que as aquisições de conhecimento que se fazem sob um processo contínuo de aprendizagens ampliam as possibilidades empregatícias do profissional, tornando-o mais competitivo. Quanto à edificação da competência inovadora do profissional, esta se vê impulsionada, também, pelos desafios impostos pelo dinamismo contemporâneo nos distintos âmbitos sociais. Sendo assim, mudança e inovação são faces de um mesmo conjunto que indicam novas diretrizes às estratégias de negócio. Portanto, as empresas se reconfiguram, se adaptam e tornam-se mais descentralizadas, pois A organização deve ser estruturada para tomar decisões rapidamente. E essas decisões devem ser baseadas na proximidade - com o desempenho, com o mercado, com a tecnologia, e com todas as muitas mudanças ocorrentes na sociedade, no meio ambiente, na demografia e no conhecimento que propiciarão as oportunidades para a inovação. (DRUCKER, 2000, p.7) Portanto, saber inovar implica assumir com comprometimento um projeto de mudança, simultaneamente, consiste em acreditar que todos estarão engajados no projeto de mudança. De acordo com Senge (1996) mudança e inovação caminham lado a lado, entretanto, só se concretizam quando os envolvidos se posicionam em prol do aprender, do mudar, da aquisição de novos saberes, simultaneamente, revendo conceitos arraigados. Ainda assim, assumem novas posturas e refletem acerca da cultura pessoal e organizacional que se foi perpetuada e praticada ao longo dos anos, concomitantemente, revêem valores e aderem novos modos de pensar e de agir. No entanto, segundo Cardoso (1992) o termo inovação nem sempre é utilizado na sua acepção mais correta, pois é quase sempre aplicado como sinônimo de mudança, ou de renovação ou de reforma, mesmo sem ser sob realidades idênticas. Por outro lado, neste artigo, inovação será concebida pela identificação de algo preexistente que se vê transformado a fim de adequar-se a um determinado contexto. Portanto, sob esta óptica Freeman (1988, p.1) elucida que a questão da inovação tecnológica exige uma formulação alternativa, simultaneamente, capaz de incorporar mudança tecnológica e institucional à análise econômica, visando superar os limites da análise convencional, que a trata como fator residual ou exógeno. Partindo dos pressupostos supracitados, tem-se que a competência inovadora poderá ser inerente ao ato de empreender, entretanto, Dolabela (1999, p.20) pergunta: “pode alguém aprender a ser empreendedor?”. Tal questionamento requisita abordagens acerca do desenvolvimento e aprendizagem dos indivíduos, simultaneamente, elucidando maneiras conceptivas de um empreendedor. Para tanto, a abordagem a ser utilizada à análise dos
  • 4. conceitos neste trabalho concebe aprendizagem pela óptica humanista e, esta fundamenta nossas intenções de pesquisa. Neill e Rogers representam a abordagem humanista de ensino que elucida suas tendências e enfoques a partir do sujeito/indivíduo. Nesse contexto, o desenvolvimento da personalidade do sujeito acontecerá por intermédio das relações estabelecidas com o meio, simultaneamente, sob um processo de construção e organização da realidade. Situado no mundo/único em sua vida interior, em suas percepções, em suas avaliações. Para Rogers (apud Mizukami, 1986) o homem não nasce com um fim determinado, mas goza de liberdade plena e se apresenta como um projeto permanente e inacabado. Nesse sentido, o indivíduo a partir dessa visão é independente, autônomo e inerentemente diferente, portanto, deve ser aceito e respeitado. Os sentimentos e experiências servem de base para o crescimento, uma vez que, apresenta tendência a desenvolver-se, autodirigir-se e reajustar-se. O sujeito é a pessoa do presente, sob a noção do “aqui e agora”, ainda assim, interage com outras pessoas e é compreendido, ou ainda, aceito por quem o ajuda, simultaneamente, um pressuposto básico da teoria de Rogers. Ademais, Rogers (apud Mizukami, 1986) concebe o sujeito como um arquiteto de si mesmo, concomitantemente, é incompleto, vive sob transformação e transformando o mundo que o circunda. Nesse sentido, o homem/sujeito vive sob um processo de atualização e, assim, atualiza-se no mundo. Para tanto, o conhecimento se vê construído por meio da experiência pessoal e subjetiva num processo do “vir – a - ser” da pessoa humana, simultaneamente, é mutável e dinâmico. A educação do indivíduo sob a abordagem humanista de ensino se faz propulsora formativa de pessoas com características peculiares e indispensáveis à conjuntura de mercado da atualidade. Para tanto, iniciativa, responsabilidade, autodeterminação, discernimento, adaptação às situações inéditas por corroborar com o caráter flexível de formação do sujeito, dentre outros, constituem-se em elementos agregadores e intencionados por tal vertente de ensino. Ainda assim, tal abordagem vislumbra a concepção de sujeitos livres e criativos que sabem colaborar com os outros sem deixar de ser indivíduo convergindo com as intenções econômicas, políticas e sociais do mundo global. Por fim, compreende a educação em tudo o que esteja a serviço do crescimento pessoal, interpessoal ou intergrupal. Sendo assim, a abordagem de ensino humanista é a que mais se aproxima da acepção empreendedora a ser adotada neste trabalho. 1.3 Empreendedorismo e Oportunidades: pressupostos conceituais Quanto a acepção do termo etimológico da palavra etimologia a recorrência aqui será para os autores Dolabela, Drucker, Say, Schumpeter e o próprio GEM - Global Entrepreneurship Monitor. A palavra “empreendedor” cuja expressão em inglês é entrepreneur surgiu na França nos séculos XVII e XVIII, com o objetivo de designar aquelas pessoas ousadas que estimulavam o progresso econômico, mediante novas e melhores formas de agir. Outra concepção vem do economista francês Jean-Baptiste Say (1767 – 1832) no século XIX que conceituou o empreendedor como o indivíduo capaz de alavancar recursos econômicos por meio da transferência das áreas de baixa produtividade para as áreas de produtividade mais altas e com maior possibilidade de retorno. Joseph Alois Schumpeter (1883 – 1950), economista austríaco, utilizou o termo empreendedor para definir uma pessoa com
  • 5. criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações. Peter F. Drucker (1909 – 2005) em 1970 introduziu o conceito de risco intimamente ligado ao empreendedorismo e afirmou que uma pessoa empreendedora é aquela que tem coragem e disposição para arriscar em algum negócio. Por fim, a Global Entrepreneurship Monitor – GEM afirma que o empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento de um país. Para a GEM empreendedorismo fica assim definido: qualquer intento de novos negócios ou criação de novas empresas, como o auto-emprego, a reorganização de um negócio, ou a expansão de um já existente, por um indivíduo, grupo de indivíduos ou firmas já estabelecidas. Nos estudos e abordagens mais recentes a respeito do tema empreendedorismo Filion (In: DOLABELA, 1999, p.75): “o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Para tanto, empreendedorismo e oportunidades são termos complementares, pois um não existe sem o outro. Para tanto, o elemento gerador da oportunidade é a ideia, embora não devemos confundir os termos. Segundo Dolabela (1999) a oportunidade é uma ideia que está vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, seja por meio da inovação ou ainda, pela diferenciação. Filion (1997) afirma que o processo visionário descreve a busca de oportunidades, enquanto a compreensão do setor antecede e alimenta a capacidade de identificá-las. Portanto, antes de qualquer ação, o empreendedor deve munido de uma estrutura de pensamento sistemática e visionária, graças à qual ele estabelece alvos e depois instala um fio condutor, um corredor que segue para atingi-los.Sendo assim, “o empreendedor é alguém que assume riscos calculados e, sempre que pode, tenta minimizá-los” (DOLABELA, 1999, p.88) 2 A Educação Tecnológica e os Tecnólogos A educação profissional tecnológica possui um histórico centenário no Brasil e em âmbito mundial remonta à segunda metade do século XVIII, quando a revolução industrial se consolidava na Europa e nos Estados Unidos. Trazemos aqui informações do sítio do MEC e da Escola Agrotécnica Federal do Rio Grande do Sul: A Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica teve sua origem em 1909, quando, o então presidente da Republica, Nilo Peçanha, criou 19 escolas de Aprendizes e Artífices que, mais tarde, dariam origem aos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica – CEFETS (Disponível em: http//www.eafrs.gov.br). Na atualidade, tanto instituições de ensino superior quanto o mercado focaram atenção nos cursos tecnológicos. Ação esta impulsionada pelas características do curso e pela expansão do conceito que, originalmente voltava-se apenas ao setor de tecnologia. Sendo assim, na contemporaneidade há cerca de uma centena de graduações tecnológicas organizadas em dez eixos, simultaneamente, atendem necessidades urgentes da sociedade e do mercado de uma maneira geral. São estes: Produção Alimentícia, Recursos Naturais, Produção Cultural e Design, Gestão e Negócios, Infraestrutura, Controle e Processos Industriais, Produção Industrial, Hospitalidade e Lazer, Informação e Comunicação, Saúde e Segurança. O Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, do Ministério da Educação e Cultura, pode ser acessado no endereço Portal do MEC na internet. Para tanto, o objetivo do MEC é que, por meio do catálogo o aluno possa ser ajudado quanto aos aspectos de
  • 6. orientação, segurança na hora de escolher o curso e certificar-se de que terá a formação adequada (NOGUEIRA, 2008, p.28). Os cursos tecnológicos impulsionam o Brasil à superação da defasagem em relação aos países europeus e, também, Estados Unidos e, com isso corrigir arestas que remontam a mais de meio século tal atraso tecnológico. O referido atraso foi ocasionado, principalmente pela ausência de ações efetivas e eficazes capazes de promover os fomentos necessários e exigidos nas áreas de abrangência destes cursos. Ainda assim, pela ausência de efetivação por parte dos poderes públicos dos requisitos publicados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394/96, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso e de seu ministro na época Paulo Renato de Souza. Há divergências quanto à necessidade, eficácia e, também, qualidade dos cursos tecnológicos, pois há quem argumente que quanto maior a duração de um curso, melhor ele será em termos de conteúdo e visão de mundo. É fato que o academicismo intenciona afastar- se das acepções impostas pelas exigências do mercado, segundo Bolan (apud Nogueira, 2008). Nesse sentido, cursos tecnológicos e os denominados subcursos universitários assumem a característica de objeto de comércio e lucro por serem, entre outros, de menor duração e focado às necessidades do mercado competitivo e, estes aspectos já são suficientes para o aumento da demanda de alunos em detrimento dos cursos de maior duração, como o bacharelado e licenciatura. Bolan (apud Nogueira, 2008) colabora para o argumento favorável à existência deste tipo de curso. Tais cursos suprem necessidades de conhecimentos técnicos e, também, científicos que se façam mais adequados à inserção de profissionais mais qualificados e, portanto, mais competitivos no mercado. Por outro lado, dado o caráter de especialidade desse tipo de curso e por serem de menor duração, pode soar superficialidade formativa. A questão que envolve a discussão entre as duas correntes, mesmo porque este não é o objeto da pesquisa deste trabalho, e ainda amparado no pensamento e na fala do Doutor Bolan: a sociedade descobre a importância de cursos mais focados para a especialidade, como é o caso dos tecnológicos do que dos generalistas com maior duração. Ou ainda segundo o relato de Geringher (2008) que diz que muita gente pensa que o curso tecnológico é um curso de nível técnico, mas certamente não é. Sendo assim, a LDBEN 9.394 de 1996 publica que o curso tecnológico tem nível superior embora sua duração seja de dois a três anos. Simultaneamente, seu objetivo é o de formar especialistas em determinadas áreas. 2.1 Tecnólogos: a formação empreendedora e a metodologia conceptiva O ensino do empreendedorismo na educação tecnológica fundamenta-se, também, pela aquisição por parte do aluno de competências capazes de torna-lo mais completo nos níveis pessoal e profissional, pois fundamenta-se nos princípios humanistas de ensino já elucidados neste trabalho. Para tanto, aos professores que ministram aulas em cursos tecnológicos são necessárias competências didático-metodológicas imprescindíveis à formação qualitativa dos alunos. Segundo Perrenoud (2000) há dez competências docentes que fazem diferença quanto à atuação de professores, pois segundo o autor É preciso reconhecer que os professores não possuem apenas saberes, mas também competências profissionais que não se reduzem ao conteúdo dos saberes ensinados, e aceitar a idéia de que a evolução exige que todos os professores possuam
  • 7. competências antes reservadas aos inovadores ou àqueles que precisam lidar com públicos difíceis. Existe hoje um referencial que identifica cerca de 50 competências cruciais na profissão de educador. Algumas delas são novas ou adquiriram uma crescente importância nos dias de hoje em função das transformações dos sistemas educativos, bem como da profissão e das condições de trabalho dos professores. Essas competências dividem-se em 10 grandes "famílias": 1. Organizar e estimular situações de aprendizagem. 2. Gerar a progressão das aprendizagens. 3. Conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam. 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e no trabalho. 5. Trabalhar em equipe. 6. Participar da gestão da escola. 7. Informar e envolver os pais. 8. Utilizar as novas tecnologias. 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. 10. Gerar sua própria formação contínua. (PERRENOUD, 2000, p.23). As dez competências propostas por Perrenoud (2000) embora focadas aos níveis básico e médio de ensino, podem se adequar perfeitamente à educação tecnológica, simultaneamente, servem aos professores que serão formados para informar e preparar o aluno à realidade de educação direcionada ao empreendedorismo. Portanto, são competências que complementam o ensino do empreendedorismo na educação tecnológica. Partindo de tais pressupostos, pode-se afirmar que a formação de tecnólogo empreendedor pode ser vislumbrada pelo aluno que ingressou em algum curso de educação em gestão tecnológica e aplicou de maneira literal a palavra “gestão” na prática, ainda assim, um aluno que concebe a ideia de empreender sobrepondo a visão tradicional de buscar colocação no mercado apenas por meio de um emprego formal. Aspectos estes que convergem à afirmação de Dolabela (1999, p.191) que diz que um empreendedor pode mudar a comunidade, enquanto que uma comunidade sem empreendedores estará mais distante do desenvolvimento. Ademais, o ser empreendedor é aquele que domina a intelectualidade e consegue, por meio desta, agir em seu meio percebendo suas dificuldades e necessidades sanando-as. Todo indivíduo que é formado para pensar, raciocinar e refletir consegue ter atitudes empreendedoras. Formar pessoas empreendedoras requer uma visão dotada de seriedade com amplitudes de longo e médio prazo, ou seja, formar cidadãos autônomos e atuantes no contexto social e constituir no futuro uma sociedade mais igualitária, com espírito de coletividade e solidariedade tão inerentes aos princípios humanistas de educação. Portanto, faz-se necessário entender a cultura empreendedora compreendendo diferenças e identificando sua amplitude em relação à educação tradicional. Para tanto, o ensino prático do empreendedorismo são elementos que podem ser diferenciados a partir da tabela 1 de Dolabela (1999). Tabela 1 – Ensino Tradicional e Aprendizado de Empreendedorismo Convencional ou Tradicional Empreendedor Ênfase no conteúdo que é visto como meta Ênfase no processo; aprender a aprender Conduzido e dominado pelo instrutor Apropriação do aprendizado pelo participante O instrutor repassa o conhecimento O instrutor como facilitador e educando; participantes geram conhecimento Aquisição de informações “corretas” de uma vez O que se sabe pode mudar por todas
  • 8. Currículos e sessões fortemente programados Sessões flexíveis e voltadas às necessidades Objetivos do ensino impostos Objetivos do aprendizado negociados Prioridade para o desempenho Prioridade para a auto-imagem geradora de desempenho Rejeição ao desenvolvimento de conjecturas e Conjecturas e pensamento divergente vistos como parte pensamento divergente do processo criativo Ênfase no pensamento analítico e linear Envolvimento de todo o cérebro; aumento da racionalidade do cérebro esquerdo através de estratégias holísticas, não lineares, intuitivas; ênfase na confluência e fusão dos dois processos Conhecimento teórico e abstrato Conhecimento teórico amplamente complementado por experimentos na sala de aula e fora dela Resistência à influência da comunidade Encorajamento à influência da comunidade Ênfase no mundo exterior; experiência interior Experiência interior é contexto para o aprendizado; considerada imprópria ao ambiente escolar sentimentos incorporados à ação Educação encarada como uma necessidade social Educação vista como um processo que dura toda a vida, durante certo período de tempo, para firmar relacionado apenas tangencialmente com a escola habilidades mínimas para um determinado papel Erros não aceitos Erros como fonte do conhecimento O conhecimento é o elo entre aluno e professor Relacionamento humano entre professores e a alunos é de alunos é de fundamental importância fundamental importância (DOLABELA, 1999, p.116) Ainda assim, Malraux (2000, p. 32) exemplifica o esforço pelo enfrentamento dos desafios da educação no século XXI, estes definidos no Relatório Jacques Delors a partir do estudo publicado pela UNESCO, que defende a ideia de que educar é desenvolver no ser humano quatro competências básicas: Competência Pessoal (Aprender a Ser); Competência Relacional (Aprender a Conviver); Competência Produtiva (Aprender a Fazer) e Competência Cognitiva (Aprender a Conhecer). Essas quatro competências citadas por Antipoff (In: DUFAUX, 2007, p. 19) atuam em favor de uma educação mais humanigtária e centrada em valores e habilidades do homem, assumindo sua verdadeira condição de sujeito de sua jornada de crescimento em direção à felicidade e à paz. A fundação francesa Jacques Delors se encarregou de organizar o relatório desenvolvido por vários especialistas de todo o mundo, que compõem a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Este relatório, concluído em 1996 é a base da UNESCO para orientar seus projetos de ação (DELORS et al, 2006, p.23). Para tanto, a educação brasileira, por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e amparados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN 9394/96 prepara suas escolas, seus profissionais da área de ensino e principalmente seus atuais e futuros estudantes para uma realidade que já não pode mais ter como foco indivíduos pertencentes a uma elite econômica ou intelectual. Para tanto, um conjunto de publicações cujas raízes discursivas e de ideais fundamenta-se na concepção humanista de educação e demais espaços de convivência e aprendizagem e, também, processos sociais. Valorizar o ensino baseado em projetos empreendedores significa desafiar a capacidade do aluno estimulando-o a utilizar o raciocínio em detrimento da “decoreba”. Quando o aluno encara um projeto com todas as suas forças ele aprende fazendo e gosta de se empenhar e desempenhar para entregar o melhor modelo de produto que seus cérebros podem conceber. Esta pesquisa é de cunho qualitativo e caráter bibliográfico, simultaneamente, sob o tipo de estudo exploratório que analisa literaturas, livros, revistas impressas e eletrônicas e materiais de apoio fundamentativo disponibilizados nos websites. Para tanto, as ferramentas utilizadas para a realização da pesquisa sobre o ensino do empreendedorismo em sua visão
  • 9. prática para os cursos tecnológicos estão embasados nos método indutivo de Francis Bacon (1561 – 1626) e dedutivo proposto por Descartes (1596 – 1650) (LAKATOS, 2003, p.85). 3. Estudos de Caso Caso 1. Confecção de Roupas e Uniformes Profissionais. A estudante Kelly Alarcon ingressou na universidade no curso de Tecnologia em Gestão de Pessoas nas Organizações (hoje Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos) a partir de agosto de 2007. Foi solicitado ao grupo de alunos da classe da Kelly um projeto de melhoria sobre uma situação existente, como parte da disciplina denominada Indicadores de Desempenho e Monitoração. Ou seja, o aluno iria detectar algum problema existente em uma situação atual, fazer todo o levantamento diagnóstico da situação para propor uma melhoria concreta e aplicável ao problema levantado dentro deste diagnóstico. Esta aluna trabalhava a três anos em uma empresa de captação e alocação de profissionais no mercado empresarial do ABC paulista e ao ser solicitado e exigido para o desenvolvimento e elaboração do projeto pensou na confecção que a mãe e a avó haviam fundado e que se encontrava inativa por problemas diversos, como impostos, pendências com a previdência, gerenciamento e até questões de ordem técnica. Eis o desafio que motivou Kelly a escrever seu projeto e a partir dele sentir o despertar empreendedor que fez com que a jovem estudante substituísse o emprego com carteira assinada para assumir as atividades gerenciais daquela empresa familiar que estava em vias de se extinguir. Kelly durante os três anos em que trabalhou na popularmente conhecida agência de empregos conheceu muitas pessoas e através dessas pessoas construiu uma excelente rede de relacionamentos – modernamente denominada de Networking. Ao perguntar para um empresário por telefone se os funcionários de sua empresa utilizavam uniformes e receber a resposta afirmativa, Kelly então perguntou a seguir quais eram os valores e quem eram os fornecedores dos vestuários dos trabalhadores. O empresário respondeu a todas as questões e Kelly disse ao empresário se poderia participar da próxima concorrência de cotação de fornecedores de uniformes recebendo consentimento por parte do proprietário da empresa, com a condição de que assumisse a entrega de uma centena de aventais, com prazo e preços determinados. Se as duas exigências fossem mais atrativas que as dos atuais fornecedores, então a confecção que Kelly procurava reativar participaria da próxima concorrência. A seguir Kelly foi procurar a mãe e esta verificou as condições para a entrega das cem peças em uma quinzena. Consultou os fornecedores de matéria-prima, costureiras, condições das máquinas que se encontravam em sua oficina de costura e estabeleceu o preço que foi prontamente aceito pelo empresário consultado pela aluna. O pedido foi entregue com prazo reduzido em uma semana, com boa aceitabilidade dos padrões de qualidade e a um preço mais atrativo de que os fornecedores catalogados pela empresa praticavam. Com isso a empresa da mãe de Kelly recebeu nova encomenda feita por aquela empresa, sem que houvesse necessidade de uma cotação e seleção de fornecedores. A jovem ficou tão satisfeita com aquele feito que saiu a consultar outras pessoas responsáveis por compras de uniformes, aventais e outras roupas profissionais e entre muitos nãos, somaram-se alguns sins que passou a motivar e estimular ainda mais a estudante de Gestão de Pessoas a não apenas escrever o projeto como a colocá-lo em prática. De agosto de 2007 a janeiro de 2009, muita coisa mudou na vida de Kelly, tanto do ponto de vista profissional, como acadêmica e principalmente sob o prisma pessoal. A primeira dessas mudanças foi no campo profissional, pois ao enxergar uma oportunidade real de auto-sustentação Kelly resolveu sair do emprego e dedicar seu tempo e seu esforço na empresa que começava a se recuperar de maneira fabulosa e, por que não dizer espantosa.
  • 10. No âmbito acadêmico Kelly também verificou diversas vantagens com a conclusão do projeto e a conseqüente aplicação do mesmo. Hoje, cursando o último semestre do curso de Gestão de Recursos Humanos, Kelly se diz mais questionadora e as disciplinas existentes no curso são constituídas de informações que, em boa parte dos casos, constituem informações aplicáveis na gestão do negócio reabilitado por Kelly a partir do desenvolvimento do projeto solicitado. Em todos os cursos de Gestão Tecnológica da universidade onde a jovem estuda existe a disciplina Empreendedorismo no último módulo semestral. Kelly aguarda esta disciplina com maior expectativa de que todas as outras que existem no curso até então, pois acredita que será a disciplina que possui a maior quantidade de informações com a objetividade exigida para o bom desempenho e a melhoria do empreendimento por ela capitaneado. Vale lembrar que o empreendedor é o indivíduo que está disposto a assumir risco e que precisa saber planejar e organizar bem seu tempo e seu negócio. No caso de Kelly hoje ela é muito mais ativa e se assume como uma workaholic (viciada em trabalho, em uma tradução livre), pois dorme bem menos do que antes, trabalha muito e ultimamente tem viajado muito também, sempre a trabalho. Caso 2. Carrinho de Feira com seis rodas Além da disposição para aceitar riscos, outra característica que marca o perfil de um empreendedor é o seu poder de inovação e de criar produtos inéditos que atendam a uma necessidade de mercado. Pode até acontecer de acrescentar um diferencial a um produto já existente e que esse diferencial venha para facilitar o uso, proporcionando conforto ao usuário. Foi com esse pensamento que Cristiano Lasso, aluno do curso de Tecnologia em Gestão de Negócios e Finanças (hoje Gestão Financeira) teve a idéia de elaborar um carrinho de feira diferente dos tradicionais com um eixo e duas rodas. Acrescentou mais dois eixos com as respectivas rodas em suas extremidades e o carrinho de feira com seis rodas tem o objetivo de facilitar seu transporte em escadas, tanto no aclive, ou subida, como no declive – descida. Cristiano ao escrever o projeto junto com o grupo de mais cinco alunos para a disciplina de estratégia de marketing no segundo semestre de seu curso resolveu publicá-lo na Internet e dentro de poucos dias recebeu uma proposta de encomenda de algumas dezenas de carrinhos para uma loja de material de construção localizada no Rio de Janeiro. A única montagem do produto realizada até aquele momento era justamente o protótipo do produto que fora materializado em uma oficina do tipo “fundo de quintal”, pertencente ao pai do aluno Cristiano para o dia da apresentação do projeto em sala de aula. Mesmo assim Cristiano resolveu averiguar várias informações quase que simultaneamente. A primeira delas sobre a veracidade do pedido incluindo aí a existência da dita loja no Rio de Janeiro. Quando as informações chegaram o primeiro pedido foi logo aceito para que outras preocupações chegassem, como prazo de entrega, condições de entrega e pagamento, obtenção de materiais, regularização do negócio que até então só existia de maneira fictícia para a elaboração do projeto da disciplina de marketing. Resultado: Pedido aceito e entregue com sucesso e o segundo pedido não tardou a chegar e este vinha da unidade de uma loja localizada em São Bernardo do Campo, pertencente a uma conhecida rede comercial de utilidades domésticas, com lojas espalhadas em todos os estados brasileiros, que solicitou uma encomenda de uma quantidade maior do que a primeira que o recente empreendimento recebera. Novamente o acordo foi cumprido dentro da normalidade exigida nas bases contratuais. Cristiano também alterou completamente suas rotinas e passou a dedicar-se ao negócio de modo intensivo. Ao ingressar na faculdade Cristiano tinha outros planos para o período acadêmico e pós-acadêmico, mas o projeto exigido na disciplina estratégias de
  • 11. marketing mudou definitivamente os planos de Cristiano que hoje diz que a prática empreendedora abriu novos horizontes para as suas aspirações profissionais. Caso 3. “Salgados e Doces” Eunice Rodrigues de Melo concluiu o curso tecnológico de Gestão em Logística em dezembro de 2009 e a partir do projeto de marketing com pesquisa de mercado conseguiu realizar um empreendimento, até então incipiente naquele momento. Os demais componentes da equipe que desenvolveram e elaboraram o trabalho exigido pela disciplina ficaram restritos apenas aos aspectos acadêmicos. A aluna Eunice, no entanto acreditou que o produto salgados e doces para consumo rápido poderia despontar como uma boa oportunidade no mercado popular. O aspecto técnico a aluna diz que tinha domínio, pois a mãe já trabalhara na confecção desse tipo de produto e ela já acompanhava o processo produtivo desde esse período, então os dois outros aspectos que restavam para atestar a viabilidade completa do projeto empreendedor, a saber: mercadológico e financeiro fizeram com que a aluna se movimentasse. O primeiro passo foi realizar uma pesquisa de mercado para a obtenção de informações inerentes ao tamanho potencial do mercado consumidor na região em que pretendia atuar a empresa até então sonhada. Pesquisou e sondou também os possíveis concorrentes dentro de critérios e análise técnica bem apurada e desenvolvida durante alguns meses de observação e muitas informações. Um dos resultados obtidos em sua pesquisa orientava ao fato de que uma parcela considerável de seus clientes apresentava problemas de hipertensão arterial. Estes clientes desejavam produtos com baixo teor de sódio (sal). Como estes clientes tinham dificuldade em adquirir salgados com estas propriedades, Eunice tratou de direcionar a produção de parte de seu volume de produção com estas características. Faltava ainda analisar os aspectos financeiros do empreendimento. Como iniciar as atividades sem o capital desejado? Como calcular os custos fixos e variáveis dos produtos e da empresa? A quantidade de questionamentos para esse tipo de análise é inúmera e pode mais desmotivar que estimular a atividade empreendedora caso a empreendedora desprezasse sua coragem e iniciativa de se introduzir no mercado com o minúsculo capital de R$ 120,00 para adquirir o material necessário, a fim de entregar algumas encomendas que ela aceitou, mais na condição de um lote piloto do que fruto de um planejamento propriamente dito. A recuperação do capital foi imediata e Eunice resolveu dar continuidade ao negócio que se expande a cada dia nesses sombrios dias de 2008 e 2009, com crise anunciada pela imprensa brasileira e mundial e instalada nos diversos segmentos econômicos e sociais. As próximas atitudes da aluna empreendedora estão relacionadas à abertura e legalização da empresa que abriga suas atividades industriais e comerciais, além da elaboração do Plano de Negócios que Eunice pretende escrever com auxílio de alguns professores que lecionaram e lecionam para ela. Finalmente ela pretende ampliar seu negócio, tanto em termos físicos com o aluguel ou mesmo a aquisição de um imóvel que apresente condições mais propícias ao seu empreendimento que está apenas iniciando, como também a compra de novos equipamentos e utensílios, além da contratação de mais mão de obra. Caso 4: “Kit dispositivo para trocas de pneus de motocicletas” Carlos Eduardo e Antonio Carlos são dois empreendedores que concluíram o curso de Tecnologia em Gestão Financeira e colocaram em prática o projeto de natureza empreendedora a partir de uma idéia de um amigo borracheiro chamado Rogério Rosas do Nascimento, atualmente sócio de Carlos e Antonio, na cidade de Mauá, onde os três sócios
  • 12. instalaram uma empresa que abriga a atividade empreendedora. Rogério criou uma técnica para extração de pneus das rodas de motocicleta de uma maneira mais ágil e eficaz utilizando apenas ferramentas comuns como serra, martelo, além de recursos próprios, dentro de um processo, digamos assim, rudimentar. O comércio de motocicletas representa um mercado em franco e sucessivo crescimento a cada ano, e essa tendência parece que continuará em plena ascensão, a despeito de crise ou retração econômica devido, entre outros fatores, ao baixo custo de aquisição, se comparado com o preço dos automóveis e também pela facilidade de locomoção e deslocamento nos trânsitos, ditos caóticos, verificados nas grandes cidades e, também vantajosos em relação aos carros que não possuem tal poder de mobilidade e agilidade. O caso do kit dispositivo para trocas de pneus de motocicletas reúne inovação, atitude visionária e conhecimentos técnicos aliados à necessidade e oportunidade de mercado, pois o marketing que é o conjunto de ferramentas e atividades necessárias para atender e entender o processo empreendedor que, estuda primordialmente as necessidades, desejos e valores de um mercado visado e adapta a organização para promover as satisfações desejadas de forma mais efetiva e eficiente que seus concorrentes (KOTLER, 1991, p.42). Carlos que trabalha há vários anos como ferramenteiro e tem noções de desenhos de projetos mecânicos aperfeiçoou a idéia e desenvolveu a confecção de novo ferramental para implantação do kit para trocas de pneus de motos batizado pelos sócios e autores do projeto de “Estepemoto”. O invento surge de forma inovadora e exerce a função de outras doze ferramentas utilizadas para a troca ou reparo de pneus. Constituído de duas peças que compõem o conjunto, o estepemoto possibilita a remoção e extração de ambas as rodas para efetuar o reparo de maneira ainda mais rápida e eficaz. As motocicletas não carregam pneus estepes como acontece com outros veículos automotores, por isso os sócios buscaram obter a maior quantidade de informações possíveis e necessárias para que inserissem seu empreendimento de forma definitiva no mercado e, além da pesquisa de marketing com o público alvo, ou seja, proprietários e condutores de motocicletas fizeram outros tipos de levantamento de dados, como por exemplo, outros modos de reparos existentes, cujas funções são preventivas e não corretivas, como é o caso do estepemoto. Os exemplos citados são: a mecânica e tem também a tectire, que é uma fita aplicada na banda de rodagem do pneu, mas que também não o protege totalmente contra furos e rasgos laterais. Os três sócios iniciaram as atividades com R$ 80.000,00 e uma previsão de retorno em trinta e seis meses. Há confiança nesse planejamento por parte dos autores do projeto devido ao tamanho do mercado em que atuam, vejamos: Há 25 diferentes marcas de motocicletas presentes no mercado brasileiro, sendo que em torno de 90% de todas as unidades possuem até 150 cilindradas e o volume total de motos alcança 12 milhões no Brasil. Carlos afirma que ele e os outros dois sócios aprenderam muito com os próprios erros, condição essencial para se tornar um empreendedor, conforme análise de Dolabela (1999, p.113). Ainda falta a elaboração do plano de negócios para a descrição da atividade, da empresa, das características do produto e de outras informações relevantes. Do volume de negócios gerado pela empresa, quase que a totalidade fica enquadrado no B2B – Business to Business, ou Negócios realizados entre pessoas jurídicas. A parcela
  • 13. gerada pelo B2C é relativamente pequena e devido a contrato entre clientes e a empresa, essa assumiu o compromisso de praticar o preço estabelecido pelo mercado. 4. Considerações Finais A proposta de educação empreendedora está direcionada para os cursos de gestão tecnológica, estes emergentes e imprescindíveis ao atendimento das exigências do mercado competitivo. Vale ressaltar que o público ingressante nesses cursos possui um perfil diferenciado dos demais alunos de curso superior, pois o estudante que ingressa na educação tecnológica busca preencher seu universo de conhecimento de maneira imediata e com informações atualizadas, simultaneamente, sob uma postura mais objetiva e focada quanto à aquisição dos conhecimentos. Dessa maneira o ensino do empreendedorismo e o amplo incentivo à sua prática em alunos de cursos de gestão tecnológica atenderão de maneira mais dinâmica e direta as lacunas que precisam ser preenchidas para o desenvolvimento econômico, intelectuais e sociais tão exigidos pela sociedade e pelas políticas vigentes. Ainda assim, a propositura de sociedade apoia-se nos princípios da abordagem humanista, estes convergentes à ideia de educação e formação proposta neste trabalho. Sendo assim, o principal beneficiado da proposta será o próprio aluno que receberá informações necessárias e adequadas para desenvolver e aplicar projetos de natureza empreendedora e com isso desenvolver novos conhecimentos e compreender a necessidade de estudar sempre e cada vez mais para aperfeiçoar e aprimorar ideias e ideais. Ainda assim, as instituições de ensino superior também serão beneficiadas ao inserir o ensino empreendedor em suas grades curriculares, pois uma das funções básicas do ensino superior é colaborar no desenvolvimento socioeconômico das regiões onde estão localizadas. Finalmente a sociedade como um todo receberá os benefícios advindos do ensino prático do empreendedorismo no ensino superior dos cursos tecnológicos. Para tanto, a proposta deste trabalho não se finda na defesa generalista de formar somente tecnólogos, pois conhecemos a importância e a necessidade de outras áreas e formações profissionais. Para tanto, a sociedade atual impõe necessidades formativas que impulsionem o saber agir diante dos desafios, simultaneamente, tornando a competência criativa um diferencial no profissional formado. Ademais, as experiências adquiridas pelo indivíduo ao longo de sua vida constituem- se no seu arcabouço de conhecimentos prévios, simultaneamente, imprescindíveis às novas construções do saber. Sendo assim, a proposta deste trabalho está cunhada no auxílio de ações promotoras do desenvolvimento dos indivíduos, concebendo-os sob a formação facilitadora de visões mais críticas e empreendedoras que possam transcender o processo de aquisição e reprodução de informações arraigadas no ensino tradicional. 5. Referências BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 17ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1986. CARDOSO, A. P., As atitudes dos professores e a inovação pedagógica. Revista Portuguesa de Pedagogia, Ano XXVI, nº1, 1992, 85- 99. DELORS, Jacques et al. Educação – um tesouro a descobrir. São Paulo, Cortez, 2006.
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  • 15. NOGUEIRA, G. A. Os tecnólogos estão chegando, Neomando. Santo André, ano 2, nº 16, p. 28. Nov. 2008. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. São Paulo, Artmed, 2000. PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 18ª Edição. São Paulo: Campus, 1986. SALM, Cláudio. Novos requisitos educacionais do mercado de trabalho. In: Economia e trabalho: textos básicos. Campinas: Unicamp, 1998. p. 235 – 252. SENGE, P. Conduzindo organizações voltadas para o aprendizado: o destemido, o poderoso e o invisível. In: HESSELBEIN, F.; GOLDSMITH, M.; BECKHARD, R. (Orgs.) O líder do futuro. São Paulo: Futura, 1996. SANTOS, Pablo S. M. B. dos. Gramsci e a sociologia da educação. Disponível em http//:buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?idk4768443p9. Acessado em 25.03.2009. SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico. Disponível em http://www.pensamentoeconomico.ecn.br/economistas/joseph_schumpeter.html. Acessado em 04.03.2009. SKINNER, Burrrhus Frederic. (1972). Tecnologia do ensino. (Rodolpho Azzi, Trad.). São Paulo: Herder, Ed. da universidade São Paulo, 1972. _______________________. Teorias de aprendizagem são necessárias? Rev. Brasileira de Análise do Comportamento. Vol. 1, nº1, 2005.