Este estudo epidemiológico avaliou a prevalência, causas e fatores associados à dor crônica no município de São Paulo. A prevalência de dor crônica encontrada foi de 28,7%, sendo maior em mulheres, na faixa etária de 50-59 anos e em indivíduos obesos. Problemas na coluna e dor de cabeça/enxaqueca foram as comorbidades mais comuns entre os entrevistados com dor crônica.
1. Universidade de São Paulo
Instituto do Câncer “Octávio Frias de Oliveira”
Centro Interdisciplinar de Dor – HCFMUSP
Liga de Dor
FMUSP/EEUSP
Universidade Guarulhos - UnG
EPI-Dor: retratos da
dor no Brasil
Profa. Dra. Karine A.S. Leão Ferreira
2. Declaração de Conflito de Interesse
• Recebi apoio financeiro de indústria farmacêutica para
participação em eventos científicos
– Wyeth
– Janssen-Cilag
– Cristália
• Apresentação de conferências técnico-científicas
– Novartis
– Wyeth
– Sanofi-Aventis
– Nycomed
– Schering-Plough
• Realizo pesquisa financiada por empresa farmacêutica
– Janssen-Cilag
– Grünenthal
3. Prevalência de Dor Crônica
É variável
Depende do conceito de dor crônica adotado
> 3 meses
> 6 meses
4. Definição de Dor Crônica
“Dor que persiste após o tempo necessário para
a cura de uma lesão, permanecendo por três
meses ou mais”
IASP (1986); Anderson et al., 1998
5. Dor Crônica: Mundo
Londres= 48% (Idade >18 a)
Espanha= 13% (Idade >18 a)
Escócia= 46,5% (Idade >25 a)
Dinamarca=19 -20,2%(Idade >18 a)
Finlândia= 35% (Idade >15 a)
Canadá= 11-16%
(idade>12a) França= 31,7% (Idade >18 a)
Itália= 26% (Idade >18 a)
Austrália= 19% (Idade >16 a)
Noruega= 30% (Idade >18 a)
6. Dor Crônica: Brasil
Salvador = dor > 6 m.
2297 pessoas (idade > 20 a)
41,4% com dor (Sá et al., 2008).
São Paulo= desconhecida?
Londrina= 451 idosos – 51,4%
com dor (costas e MMII)
(Dellaroza et al., 2007)
Rio Grande= 1259 idade > 15
anos – 54,4% dor de cabeça,
35,6 “juntas” e 35,1% costas
(Mendonza-Sassi et al., 2006)
7. Dor Crônica: São Paulo
DESCONHECIDA
Estudo Inédito na América Latina: inquerito telefônico
para Avaliação da Dor.
Prevalência, causas, gravidade, duração e local da dor
crônica
Distribuição por sexo e idade
Fatores sócio-demográficos e clínicos associados à
presença de dor crônica.
8. Investigadores
• Manoel Jacobsen Teixeira. Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo. Departamento de Neurocirurgia. Centro Multidisciplinar de
Dor. Hospital das Clínicas FMUSP.
• Maria Rosário Latorre - Departamento de Epidemiologia da Faculdade de
Saúde Pública da USP.
• Karine A. Sao Leão Ferreira - Centro Multidisciplinar de Dor. Hospital das
Clínicas FMUSP. Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Universidade
de Guarulhos.
• Aline M. Silva - Departamento de Eidemiologia da Faculdade de Saúde
Pública da USP.
• Telma R.P. Dias - Departamento Médico da Janssen-Cilag Brazil.
• José C. Appolinario -Departamento Médico da Janssen-Cilag Brazil.
9. Objetivos
Determinar a prevalência, causas, gravidade,
duração e local da dor crônica, segundo sexo e
idade
Identificar fatores sócio-demográficos e
clínicos associados à presença de dor crônica
10. Método
Desenho: transversal
Local: município de São Paulo
Sujeitos:
Critérios Inclusão: idade ≥ 18 anos e ter linha telefônica residencial fixa
População: 10.886.518 habitantes (IBGE, 2007).
Cobertura telefônica: 76,1% (VIGITEL- MS, 2007)
Estimativa: assumida prevalência de 50% (erro=2% e IC= 95%) 2.401 sujeitos.
Amostragem
1ª. Etapa: sorteio sistemático 5.000 linhas telefônicas
2ª. Etapa: re-sorteio em 40 réplicas – 200 linhas em cada.
3ª. Etapa: Contato telefônico e sorteio de 1 pessoa do domicílio
Coleta de dados
Entrevista telefone (10 tentativas)
Questionários: BPI, LANSS, CPG e Moreira-Jr. e Souza (2003)
11. Prevalência de Dor
• 2401 pessoas foram entrevistadas (homens e
mulheres com idade entre 18 a 91 anos -
Mediana = 42,0 anos).
• Prevalência de dor crônica = 28,7% (n=686)
12. Dor Crônica: Brasil
Salvador = dor > 6 m.
2297 pessoas (idade > 20 a)
41,4% com dor (Sá et al., 2008).
São Paulo= 28,7%
Londrina= 451 idosos – 51,4%
com dor (costas e MMII)
(Dellaroza et al., 2007)
13. Freqüência de comorbidade entre as
pessoas com dor crônica
Comorbidade n %
Problemas na coluna 283 41,25
Dor de cabeça/enxaqueca 214 31,20
Ansiedade/outro trans,psiq, 168 24,49
Depressão 132 19,24
Artrite 86 12,54
Diabetes 82 11,95
Reumatismo 73 10,64
Cirurgia há < 1 ano 62 9,04
Fibromialgia 50
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
7,29
14. Freqüência de comorbidade entre as
pessoas com dor crônica
Comorbidade n %
Osteoartrose 43 6,27
Cardiopatia < 1 ano 41 5,98
Fratura há menos de 1 ano 32 4,66
LER/doença ocupacional 26 3,79
Acidente há menos de 1 ano 21 3,06
Endometriose 18 2,62
Distrofia muscular 13 1,90
Câncer 13 1,90
Seqüela de AVC 10 1,46
Lupus 6 0,87
Esclerose múltipla 3 0,44
Doença de Crohn 3 0,44
HIV/Aids 2
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO 0,29
15. Prevalência de Dor Crônica
segundo Local da dor (n=2401)
ANTERIOR POSTERIOR
DIREITA ESQUERDA ESQUERDA DIREITA
7,1%
7.1% (n=170)
5,3%
5.3% (n=130)
8,2% (n=196)
5,2%
5.2% (n=125)
6,3% (n=151)
17. Prevalência de Dor segundo
Faixa Etária
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
18. Prevalência de Dor segundo
Estado Nutricional
40 38,5%
35
30,2%
30
26,4%
Prevalência (%)
25
20%
20
15
10
5
0
Desnutrido Eutrófico Sobrepeso Obeso
(N=55) (N=1362) (N=536) (N=299)
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
19. Prevalência de Dor segundo
Escolaridade
35,4%
37,0%
27,6%
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
20. Prevalência de Dor segundo
Situação de Trabalho
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
21. Percentual de pessoas segundo
comorbidade
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
22. Prevalência de Dor Crônica segundo o consumo
de medicamentos nos últimos 12 meses
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
23. Prevalência de Dor Crônica segundo uso de
terapias não-farmacológicas
90
80
79,0%
Pessoas c/ dor, segundo uso
70
de terapia (%). N=686.
60
50
40
30
20
10 7,5% 5,4% 6,7%
4,4%
0
Não Fisioterapia Acupuntura Massagem Outros
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
24. RESULTADOS PRELIMINARES
• A prevalência de dor crônica em São Paulo foi de 28,7%
• As mulheres apresentaram prevalência maior que os homens
• A faixa etária mais atingida foi a dos 50 a 59 anos
• A prevalência de dor crônica foi maior em indivíduos obesos
• As comorbidades mais freqüentes foram “problemas na coluna”
(22,1%), dor de cabeça/enxaqueca (19,6%) e ansiedade ou
outros transtornos psiquiátricos (14%)
• Uma parte significante dos entrevistados não estava recebendo
qualquer tratamento para dor e menos da metade estava
utilizando medicamentos prescritos por um médico
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA DOR NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
25. Qual o perfil dos pacientes que
buscam tratamento em Centros
de Referência em Dor?
Karine A.S.L. Ferreira, Silvia Regina D. T. de
Siqueira, Manoel Jacobsen Teixeira,
26. Dor em Centro de Referência
• Desenho: transversal
• Local: Centro Multidisciplinar de Dor da USP
• Amostra
– 550 pacientes com dor crônica
– Primeira consulta
27. Dor em Centro de Referência
• Dor musculoesquelética: 51,8% (n=285)
• Dor neuropática: 38,7% (n=213)
• Dor Oncológica: 9,5% (n=52)
Características Musculoesquelética Neuropática Oncológica Total p-valor
n % n % n % n %
Sexo 0,000
Feminino 210 73,7 103 48,4 30 57,7 343 62,4
Masculino 75 26,3 110 51,6 22 42,3 207 37,6
Faixa etária 0,000
<= 25 anos 21 7,4 11 5,2 - - 32 5,8
26 a 59 anos 214 75,1 141 66,2 29 55,8 384 69,8
>= 60 anos 49 17,2 61 28,6 23 44,2 133 24,2
Missing 1 0,4 - - - - 1 0,2
28. Dor em Centro de Referência
Características Total Musculoesquelética Neuropática Oncológica p-valor*
Duração (meses) 0,001
Média (dp) 56,58 (76,24) 64,93 (83,07) 54,01 (71,16) 20,67 (36,1) (M>O,0,00)
Médiana (Q1-Q3) 30 (10-72) 36 (15-81) 24(7-73) 7(5-15) (N>O, 0,014)
N de médicos 0,002
consultados (M>O,0,001)
Média (dp) 5,82 (5,79) 6,37 (6,46) 5,69 (5,1) 3,29 (3,52) (N>O, 0,023)
Médiana (Q1-Q3) 4 (2-7) 5 (3-8) 4(2-8) 2(1-4)
Intensidade da dor 0,080
Média (dp) 7,66 (2,16) 7,94 (1,79) 7,28 (2,58) 7,97(1,57)
Médiana (Q1-Q3) 8 (6,5-10) 8 (7-9,5) 8 (5-10) 8 (6,62-9,75)
32. Take home message
“A Excelência nunca é um acaso, é sempre
o resultado de uma elevada intenção, uma
dedicação sincera, decisão
inteligente, execução habilidosa, e a visão
de ver os obstáculos como oportunidades ”.
Autor desconhecido