O documento discute a importância do brincar no desenvolvimento da criança, explicando que através do brincar as crianças podem desenvolver habilidades como imaginação, linguagem, pensamento e cooperação. O brincar ajuda as crianças a aprender sobre o mundo e a se conhecerem, e passa por diferentes estágios com base na idade da criança.
A importancia do_brincar_no_desenvolvimento_da_crianca
1. A importância do brincar no desenvolvimento da criança
A Criança aprende a Brincar
O brincar é uma das formas mais comuns do
comportamento humano, principalmente
durante a infância. Infelizmente, até há
relativamente pouco tempo, o brincar era
desvalorizado e menosprezado, destituído de
valor a nível educativo. Com o evoluir dos
tempos, atravessa-se uma mudança na forma
como se percepciona o brincar, e a sua
importância no processo de desenvolvimento
duma criança.
Actualmente, verifica-se uma maior preocupação
com a formação das crianças: tanto pais, como
educadores, procuram a melhor forma de as
tornarem responsáveis, equilibradas, etc, contudo, não é raro esquecerem-se
que o brincar pode ser uma "ferramenta", por excelência, para que a criança
desenvolva essas qualidades.
Mais do que uma "ferramenta", o brincar é uma condição essencial para o
desenvolvimento da criança. Através do brincar, ela pode desenvolver
capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação.
Ao brincar, exploram e reflectem sobre a realidade e a cultura na qual estão
inseridas, interiorizando-as e, ao mesmo tempo, questionando as regras e
papéis sociais. O brincar potencia o desenvolvimento, já que assim aprende a
conhecer, aprende a fazer, aprende a conviver e, sobretudo, aprende a ser. Para
além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.
Através da brincadeira, as crianças ultrapassam a realidade, transformando-a
através da imaginação. Desta forma, expressam o que teriam dificuldades em
realizar através do uso de palavras. Os jogos das criança não são apenas
recordações do que vêem os adultos fazerem. Elas nunca reproduzem de forma
absolutamente igual ao sucedido na realidade. O que sucede é uma
transformação criadora do percepcionado para a formação de uma nova
realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança, ou seja,
uma reinvenção da realidade.
O brincar apresenta características diferentes de acordo com o desenvolvimento
das estruturas mentais, existindo, segundo Piaget, 3 etapas fundamentais:
Dos 0 aos 2 anos de idade- Aqui ocorrem os chamados Jogos de Exercício.
Neste período, a criança vai adquirindo competências motoras e aumentando a
sua autonomia. Vai preferindo o chão ao berço, demonstrando alegria nas
tentativas de imitação da fala... vai revelando prazer ao nível da descoberta do
seu corpo através dos sentidos.
Elabora então as suas brincadeiras à volta da exploração de objectos através dos
sentidos, da acção motora, e da manipulação - características dos "jogos de
1
2. manipulação". Estes jogos oferecem sentimentos importantes de poder e
eficácia, bem como fortalecem a auto-estima. Deste modo, constituem peças
fundamentais para o desenvolvimento global da criança.
Entre os 2 e os seis/sete anos de idade- A simbologia surge com um papel
fundamental nas brincadeiras, como são exemplo o "faz de conta", as histórias,
os fantoches, o desenho, o brincar com os objectos atribuindo-lhes outros
significados, etc. Os jogos simbólicos são possíveis dado que, nesta fase, a
criança já é capaz de produzir imagens mentais. A linguagem falada permite-lhe
o uso de símbolos para substituir objectos.
O jogo simbólico oferece à criança a compreensão e a aprendizagem dos papéis
sociais que fazem parte da sua cultura (papel de pai, de mãe, filho, médico, etc.).
A partir dos sete anos de idade – Por fim, as brincadeiras e jogos com
regras tornam-se cruciais para o desenvolvimento de estratégias de tomada de
decisões. Através da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta
formas de comportamento e socializa, descobrindo o mundo à sua volta. No
brincar com outras crianças, elas encontram os seus pares e interagem
socialmente, descobrindo desta forma que não são os únicos sujeitos da acção e
que, para alcançarem os seus objectivos, deverão considerar o facto de que os
outros também possuem objectivos próprios que querem satisfazer.
Nos jogos com regras, os processos originados e/ou desenvolvidos são outros,
uma vez que nestes o controlo do comportamento impulsivo é diferente e
necessário. É a partir das características específicas de cada jogo que a criança
desenvolve as suas competências para adaptar o seu comportamento,
distanciando-o cada vez mais da impulsividade. Nestes jogos, os objectivos são
dados de uma forma clara, devido à sua própria estrutura, o que exige e permite,
por parte da criança, um avanço na capacidade de pensar e reflectir sobre as
suas acções, o que lhe permite uma auto-avaliação do seu comportamento
moral, das suas habilidades e dos seus progressos.
Brinquedo
O brinquedo representa uma oportunidade de desenvolvimento. Ele traduz o
real para a "realidade infantil", suavizando o impacto provocado pelo tamanho e
força dos adultos, diminuindo o sentimento de impotência da criança. Os
problemas que surgem na manipulação dos brinquedos, jogos, etc, fazem a
criança crescer através da procura de soluções e alternativas. Por exemplo, um
boneco pode ser um bom companheiro e aliado; uma bola, um promotor do
desenvolvimento motor; um puzzle, estimular o desenvolvimento cognitivo; etc.
O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca, por exemplo, a correr
atrás duma bola, alcança níveis que só mesmo a motivação intrínseca consegue.
Simultaneamente, estimula-se a atenção, a concentração e a imaginação e, por
consequência, contribui para que fique mais calma, relaxada e aprenda a
pensar, estimulando a sua inteligência e autonomia.
Papel dos Adultos
2
3. O adulto pode (e deve) estimular a imaginação das crianças, despertando ideias,
questionando-as de forma a que elas próprias procurem soluções para os
problemas que surjam. Além disso, brincar com elas, procurando estimular as
crianças e servir de modelo, ajuda-as a crescer.
O brincar com alguém reforça os laços afectivos. Um adulto, ao brincar com
uma criança, está-lhe a fazer uma demonstração do seu amor. A participação do
adulto na brincadeira eleva o nível de interesse, enriquece e estimula a
imaginação das crianças.
Conclusão
O brincar não significa apenas recrear-se, antes pelo contrário, é a forma mais
completa que a criança tem de comunicar consigo mesma e com o mundo.
A criança precisa ter tempo e espaço para brincar. É importante proporcionar
um ambiente rico para a brincadeira e estimular a actividade lúdica no ambiente
familiar e escolar, lembrando que rico não quer dizer ter brinquedos caros, mas
fazer com que elas explorem as diferentes linguagens que a brincadeira
possibilita (musical, corporal, gestual, escrita), fazendo com que desenvolvam a
sua criatividade e imaginação.
É a brincar que aprende o que mais ninguém lhe pode ensinar. É dessa forma
que ela se estrutura e conhece a realidade. Além de estar a conhecer o mundo,
está-se a conhecer a si mesma. Ela descobre, compreende o papel dos adultos,
aprende a comportar-se e a sentir-se como eles.
O acto de brincar pode incorporar valores morais e culturais, em que as
actividades podem promover a auto-imagem, a auto-estima, a cooperação, já
que o lúdico conduz à imaginação, fantasia, criatividade e à aquisição dum
sentido crítico, entre outros aspectos que ajudam a moldar as suas vidas, como
crianças e, futuramente, como adultos.
É através da actividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando
a cultura do meio em que vive, integrando-se nele, adaptando-se às condições
que o mundo lhe oferece e aprendendo a competir, cooperar com os seus
semelhantes: a conviver como um ser social.
http://aconversacompais.blogspot.pt/2008/03/importncia-do-brincar-no.html
3