SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 27
O ARTISTA  AUTISTA Oliver Sacks In: O Homem que confundiu sua mulher com um chapéu Organizado por Norma Escosteguy
JOSÉ,  21 anos, magro, de aparência frágil.  Era considerado  irremediavelmente retardado.   Estava hospitalizado porque tinha tido um de seus  violentos ataques. Ainda estava agitado e inquieto, quando foi visto pela primeira vez por  Oliver Sacks .  - Desenhe isto – pediu-lhe, entregando a José seu  relógio de bolso. - Ele é um idiota, não sabe dizer as horas – falou o assistente. - Não consegue nem falar. Dizem que  ele é  “autista”,  mas eu acho que ele não passa de um  idiota. José ficou pálido, talvez mais devido ao tom, do  que ao conteúdo dessas palavras. - Vamos – disse O.S. Eu sei que você vai conseguir.
De imediato calmo, José pegou o  relógio  cuidadosamente, como se fosse uma jóia, colocou-o à sua frente, concentrado e imóvel. José  desenhou  com tranqüilidade e concentração, rápido e minucioso, sem necessidade de apagar, desligado  de tudo o mais. José desenhou o relógio com notável fidelidade,  com todas as características essenciais: a hora, os  segundos, a presilha de forma trapezoidal. Os números  eram de tamanhos, forma e estilos diferentes. Sua compreensão geral revelou-se surpreendente. E havia uma estranha mistura da precisão exata,  até mesmo obsessiva, com curiosas (e engraçadas) elaborações e variações.
 
Oliver Sacks , após lhe ter receitado, por telefone, uma mudança nos  anti-convulsivantes ,  devido às crises, permaneceu intrigado com José e decidiu vê-lo de novo.  Foi recebido com um sorriso tímido, inesperado, que iluminou o rosto antes inexpressivo e indiferente. - Tenho pensado a seu respeito, disse. Quero ver mais desenhos. E mostrou-lhe uma revista ricamente ilustrada, que  utiliza com finalidades neurológicas , para  testar  seus pacientes. De um artigo sobre pescaria, onde havia um rio, pedras e árvores, destacou uma truta, que saltava, em  primeiro plano. - Desenhe isto, disse, apontando para o peixe. Ele sorriu e, com óbvia satisfação, desenhou seu próprio peixe.
 
O peixe de José era intensamente expressivo,  com uma boca grande e cavernosa, de baleia, um olhar humano, uma espécie de “peixe-gente”. Agora, tratava-se de compreender a imaginação, a memória visual, a atenção e até o humor de José – que  não eram esperadas num autista. Alguns anos antes, numa clínica especializada em neurologia infantil, quando apresentava “crises intratáveis”,  não tinha havido dúvidas de que se tratava de um autista.
As crianças autistas apresentam desempenhos e habilidades baseadas apenas em cálculos e memória, não em alguma coisa imaginativa  ou  pessoal. Seus desenhos – quando ocorrem, são meramente mecânicos, nunca criativos. ,[object Object],[object Object],[object Object]
A HISTÓRIA DE JOSÉ Aos oito anos , José apresentara  febre muito alta , associada com o início de crises incessantes, e subseqüentemente continuadas, e o rápido aparecimento de uma condição de  lesão cerebral  ou  autismo  ( desde o início houve dúvidas diagnósticas).  Seu líquor estivera anormal durante a fase aguda da doença, uma provável encefalite.  Os EEGs mostravam grave perturbação lobo-temporal, tanto à direita, como à esquerda (Fatores orgânicos).  Esta perturbação justificava suas crises convulsivas de tipos muito variados: grande mal, pequeno mal e “psicomotoras” complexas.
[object Object],[object Object],[object Object],Os lobos temporais estão associados também com as capacidades auditivas, e, em particular, com a percepção e produção da  fala.
José foi rotulado definitivamente como uma criança epiléptica, autista, retardada, talvez afásica. Foi considerado não educável, incurável e genericamente irremediável. Aos 9 anos,  “desligou-se” da escola, da sociedade, de tudo aquilo que para uma criança normal constituiria a “realidade”. Durante 13 anos não saíra de casa, aparentemente devido às “crises intratáveis”, apesar das várias tentativas medicamentosas.
Durante seu confinamento, não havia perdido de todo sua vida interior: demonstrava paixão por revistas ilustradas, especialmente de história natural, e, quando podia, entre crises e repreensões, encontrava tocos de lápis e  desenhava o que podia . Assim se mantivera seu único elo com a realidade. Mas nada disso teria sido revelado, se não tivesse tido uma crise de fúria repentina, assustadora e sem precedentes – um acesso em que os objetos foram estilhaçados – que levou José a um hospital pela primeira vez.
O que provocara esta fúria está longe de ser esclarecido: - uma erupção epilética (tal como se observa, em raras ocasiões, nas crises lobo-temporais muito graves); - simplesmente  uma “psicose”, como constava na sua ficha de admissão; - ou um pedido de socorro, extremo e desesperado, de uma alma torturada que se achava muda e sem uma forma direta para expressar sua difícil situação, suas necessidades.
O que ficou evidente foi que sua vinda para o hospital, com as crises “controladas” por novas e poderosas drogas, deu-lhe pela primeira vez algum espaço e liberdade, uma “libertação” fisiológica e psicológica de uma espécie que ele não conhecera desde os oito anos. ,[object Object],[object Object]
A  EVOLUÇÃO  DE JOSÉ Na terceira vez que  Oliver Sacks  decidiu vê-lo, não o mandou chamar e foi direto à enfermaria, sem avisá-lo.  José estava sentado, embalando-se, os olhos fechados, um quadro de regressão. O.S.  teve uma sensação de terror ao vê-lo, pois cultivara a noção de uma “rápida recuperação”. Foi preciso ver José numa posição regredida (como tornaria a ver, repetidas vezes), para observar que não havia um “despertar” simples para ele, e sim um caminho carregado de um sentimento de perigo, de duplo risco, tão aterrorizante quanto excitante –porque ele acabou amando as grades de  sua prisão.
Assim que José  ouviu Oliver Sacks  chamá-lo, saltou e, ansioso e voraz, seguiu-o até a sala de desenhos. O médico deu-lhe uma caneta e disse: “Aquele peixe que você desenhou”, sugeriu, fazendo um gesto no ar, “aquele peixe, você pode lembrá-lo e desenhá-lo de novo?” Ele fez que sim com a cabeça, ávido, e pegou a caneta. Já fazia três semanas: o que ele desenharia agora? Ele fechou os olhos por um momento – e então desenhou. Era uma truta, com narinas (humanas?), a cauda em forquilha, e lábios desenvolvidos. Ele ia pegar a caneta, quando José prosseguiu. Rapidamente, esboçou um pequeno peixe, um companheiro, dando cambalhotas, em óbvia brincadeira. Depois desenhou a superfície da água e uma súbita onda elevando-se.
 
Enquanto desenhava, José foi ficando excitado e emitiu  um grito estranho e misterioso . Repleto de reflexões e simultânea precaução, O.S. ofereceu a caneta de novo a José, apontando apenas com um gesto, um pássaro, num cartão de Natal que estava sobre a mesa. O  pássaro foi desenhado com precisão  e ele usou uma caneta vermelha para o peito. Os pés pareciam garras, fortemente agarradas ao tronco.  Mas, o que estava acontecendo?  O galinho seco do inverno desenvolvera-se no desenho e expandira-se em florescências. José havia transformado o inverno em primavera!
 
 
Então, ele  começou a falar  – embora fossem sons estranhos, hesitantes, extremamente ininteligíveis, que brotavam, espantando-o, às vezes, tanto quanto à equipe, pois todos o consideravam irreversivelmente mudo. E aqui também foi impossível afirmar o quanto era “orgânico”, o quanto era questão de motivação. Suas perturbações lobo-temporais tinham sido reduzidas – seus EEG nunca eram normais, mostrando alterações nas ondas lentas, pontudas, disritmia.  Mas eram bem melhores do que os iniciais, quando chegara.
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Último episódio : José foi removido para uma ala do hospital com uma equipe  projetada para pacientes autistas, que lhe oferecessem “um lar para o coração”. Quando Oliver Sacks foi vê-lo, acenou espontaneamente, mostrando a porta, queria sair. Ele seguiu na frente, mostrando o caminho para o jardim ensolarado, de vegetação exuberante. (Nunca mais havia saído de casa, desde os 8 anos.) Colocou a prancheta no chão e desenhou flores, que olhava atento aos detalhes. Mostrava seu amor por essa realidade. A mente de José não fora constituída para o abstrato, para o conceitual. Isso não lhe era acessível. Mas o caminho particular  da natureza é também um caminho para a realidade e para o verdadeiro.
No autismo infantil “clássico” (primário) que se manifesta totalmente antes dos três anos, a separação dos outros acontece tão cedo, que pode não haver memória da ligação. No autismo “secundário” , como o de José, causado por uma lesão cerebral num estágio mais adiantado da vida, há alguma memória, talvez uma certa nostalgia.  Isto pode explicar por que José foi mais acessível e pode mostrar, através dos desenhos, uma interação acontecendo .
Para a pessoa autista, o abstrato, o categórico, não tem interesse – o concreto e o singular é tudo. Entretanto, a imaginação autista não é rara. Quanto mais os vejo, diz  Oliver Sacks , mais me parecem uma estranha espécie entre nós, esquisita, original, totalmente voltada para dentro, diferente dos outros. José poderia fazer muitas coisas, mas só o fará se tiver alguém muito compreensivo, com meios e oportunidades, para guiá-lo. Como muitos outros autistas .
Perda da fala e de capacidades adquiridas. Ausência de contato afetivo. Atitudes bizarras. Dificuldades na mutualidade social:  olhar , sorriso, gestos, fala. Ecolalia.Dificuldade de contato físico. Atração por movimentos circulares. “ Flapping”. Marcha na ponta dos pés. Preferência por objetos inanimados. Insensibilidade a perigos e à dor. Crises clásticas. Ausência de empatia. Sintomas Após 2 anos e mais tarde Desde o nascimento (antes de 3 anos) Idade Fatores psicológicos Fatores orgânicos? Genética? Fatores orgânicos? Etiologia AUTISMO SECUNDÁRIO AUTISMO  PRIMÁRIO (Autismo de Kanner, 1943)
X Espectro variável Aprendizagem Etiológico, medicamentoso, Adequado às necessidades Centros especializados, intervenção precoce e intensiva, visando o desenvolvimento de capacidades, especialmente do olhar, compreensão de expressões faciais e convívio Tratamento X Espectro variável  70% com retardo Inteligência X 5 em cada 10 000 crianças 4 vêzes mais freqüente em meninos Incidência AUTISMO SECUNDÁRIO AUTISMO  PRIMÁRIO (Autismo de Kanner, 1943

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

La actualidad más candente (20)

Processos Conativos
Processos ConativosProcessos Conativos
Processos Conativos
 
Vida e obra de Wuanhenga Xitu
Vida e obra de Wuanhenga XituVida e obra de Wuanhenga Xitu
Vida e obra de Wuanhenga Xitu
 
Psicologia B
Psicologia  BPsicologia  B
Psicologia B
 
Perceção
PerceçãoPerceção
Perceção
 
Psic doc3 m1
Psic doc3 m1Psic doc3 m1
Psic doc3 m1
 
A rapariga que roubava livros
A rapariga que roubava livrosA rapariga que roubava livros
A rapariga que roubava livros
 
Psicologia: a cultura
Psicologia: a culturaPsicologia: a cultura
Psicologia: a cultura
 
Hereditariedade e meio
Hereditariedade e meioHereditariedade e meio
Hereditariedade e meio
 
Psicologia 12º
Psicologia 12ºPsicologia 12º
Psicologia 12º
 
Pensamento
PensamentoPensamento
Pensamento
 
Psicologia b – tema 2 percepção
Psicologia b – tema 2 percepçãoPsicologia b – tema 2 percepção
Psicologia b – tema 2 percepção
 
Eu nos contextos - Modelo Ecológico do Desenvolvimento
Eu nos contextos - Modelo Ecológico do DesenvolvimentoEu nos contextos - Modelo Ecológico do Desenvolvimento
Eu nos contextos - Modelo Ecológico do Desenvolvimento
 
Sensação e Percepção
Sensação e PercepçãoSensação e Percepção
Sensação e Percepção
 
Psicologia Moderna (estudos)
Psicologia Moderna (estudos)Psicologia Moderna (estudos)
Psicologia Moderna (estudos)
 
A aprendizagem
A aprendizagem A aprendizagem
A aprendizagem
 
Behaviorismo
BehaviorismoBehaviorismo
Behaviorismo
 
Estádios de Erikson
Estádios de EriksonEstádios de Erikson
Estádios de Erikson
 
Unidade funcional do cérebro
Unidade funcional do cérebroUnidade funcional do cérebro
Unidade funcional do cérebro
 
Processos cognitivos1
Processos cognitivos1Processos cognitivos1
Processos cognitivos1
 
Memorial do Convento - Cap. IV
Memorial do Convento - Cap. IVMemorial do Convento - Cap. IV
Memorial do Convento - Cap. IV
 

Destacado

Destacado (20)

Palestra Autismo
Palestra AutismoPalestra Autismo
Palestra Autismo
 
O autista na escola inclusiva
O autista na escola inclusivaO autista na escola inclusiva
O autista na escola inclusiva
 
Slide Autismo
Slide   AutismoSlide   Autismo
Slide Autismo
 
Power point autismo
Power point  autismoPower point  autismo
Power point autismo
 
Modelo de projeto_interdisciplinar-autismo
Modelo de projeto_interdisciplinar-autismoModelo de projeto_interdisciplinar-autismo
Modelo de projeto_interdisciplinar-autismo
 
Autismo
AutismoAutismo
Autismo
 
Filme a cruzada
Filme a cruzadaFilme a cruzada
Filme a cruzada
 
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regularAutismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
Autismo: desafios da inclusão da criança autista na escola regular
 
Idade média ocidental cruzadas
Idade média ocidental   cruzadasIdade média ocidental   cruzadas
Idade média ocidental cruzadas
 
Autismo os educadores são a chave para inclusão!
Autismo  os educadores são a chave para inclusão!Autismo  os educadores são a chave para inclusão!
Autismo os educadores são a chave para inclusão!
 
Pedagogia - Autismo
Pedagogia - AutismoPedagogia - Autismo
Pedagogia - Autismo
 
Cruzadas (História)
Cruzadas (História)Cruzadas (História)
Cruzadas (História)
 
Cruzadas
CruzadasCruzadas
Cruzadas
 
Autismo
AutismoAutismo
Autismo
 
Projeto prevenção e combate ao bullying escolar slides
Projeto prevenção e combate ao bullying escolar slidesProjeto prevenção e combate ao bullying escolar slides
Projeto prevenção e combate ao bullying escolar slides
 
Cruzadas
CruzadasCruzadas
Cruzadas
 
Cruzadas
CruzadasCruzadas
Cruzadas
 
Cruzadas
CruzadasCruzadas
Cruzadas
 
Slide cruzadas
Slide cruzadasSlide cruzadas
Slide cruzadas
 
Cruzadas
CruzadasCruzadas
Cruzadas
 

Similar a Autismo

EDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdf
EDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdfEDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdf
EDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdfRosianny Loppes
 
Psicologia e arte nos processos de criação
Psicologia e arte nos processos de criaçãoPsicologia e arte nos processos de criação
Psicologia e arte nos processos de criaçãoLuciano Souza
 
Endereço certo (richard simonetti)
Endereço certo (richard simonetti)Endereço certo (richard simonetti)
Endereço certo (richard simonetti)Helio Cruz
 
Midnight Sun de
Midnight Sun de Midnight Sun de
Midnight Sun de vickvc
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos Atenienses
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos AteniensesSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos Atenienses
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos AteniensesRicardo Azevedo
 
Análise do conto berenice de edgar allan poe
Análise do conto berenice de edgar allan poeAnálise do conto berenice de edgar allan poe
Análise do conto berenice de edgar allan poefrederico194320
 
O espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / Paracelso
O espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / ParacelsoO espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / Paracelso
O espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / ParacelsoRodrigo Volponi
 
Allan kardec pestalozzi mesas girantes hydesville
Allan kardec pestalozzi mesas girantes hydesvilleAllan kardec pestalozzi mesas girantes hydesville
Allan kardec pestalozzi mesas girantes hydesvilleEduardo Moreno
 

Similar a Autismo (20)

Anna o
Anna oAnna o
Anna o
 
Zeno
ZenoZeno
Zeno
 
EDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdf
EDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdfEDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdf
EDGAR ALLAN POE Historias_Extraordinarias TRADUÇAO CLARICE LISPECTOR.pdf
 
Psicologia e arte nos processos de criação
Psicologia e arte nos processos de criaçãoPsicologia e arte nos processos de criação
Psicologia e arte nos processos de criação
 
Endereço certo (richard simonetti)
Endereço certo (richard simonetti)Endereço certo (richard simonetti)
Endereço certo (richard simonetti)
 
Amaoealuva
AmaoealuvaAmaoealuva
Amaoealuva
 
Midnight Sun de
Midnight Sun de Midnight Sun de
Midnight Sun de
 
Pequeno principesusan and
Pequeno principesusan and Pequeno principesusan and
Pequeno principesusan and
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos Atenienses
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos AteniensesSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos Atenienses
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 114 - Novos Atenienses
 
Ilse losa
Ilse losaIlse losa
Ilse losa
 
Análise do conto berenice de edgar allan poe
Análise do conto berenice de edgar allan poeAnálise do conto berenice de edgar allan poe
Análise do conto berenice de edgar allan poe
 
1º capitulo
1º capitulo1º capitulo
1º capitulo
 
A mão e a luva
A mão e a luvaA mão e a luva
A mão e a luva
 
Jung
JungJung
Jung
 
O espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / Paracelso
O espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / ParacelsoO espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / Paracelso
O espirito na arte e na ciencia - C.G. Jung / Paracelso
 
Caso anna o
Caso anna oCaso anna o
Caso anna o
 
Análise de Jesus
Análise de JesusAnálise de Jesus
Análise de Jesus
 
Alice resumo
Alice resumoAlice resumo
Alice resumo
 
Allan kardec pestalozzi mesas girantes hydesville
Allan kardec pestalozzi mesas girantes hydesvilleAllan kardec pestalozzi mesas girantes hydesville
Allan kardec pestalozzi mesas girantes hydesville
 
Nise da silveira
Nise da silveiraNise da silveira
Nise da silveira
 

Más de Maria D'

Macro Micro
Macro MicroMacro Micro
Macro MicroMaria D'
 
Brazil Presentation
Brazil PresentationBrazil Presentation
Brazil PresentationMaria D'
 
Pela Paz No Mundo
Pela Paz No MundoPela Paz No Mundo
Pela Paz No MundoMaria D'
 
Cristais De áGua
Cristais De áGuaCristais De áGua
Cristais De áGuaMaria D'
 
Chema Madoz
Chema MadozChema Madoz
Chema MadozMaria D'
 
Madagascar1
Madagascar1Madagascar1
Madagascar1Maria D'
 
Time Is Like A River
Time Is Like A RiverTime Is Like A River
Time Is Like A RiverMaria D'
 
Revolução da alma
Revolução da almaRevolução da alma
Revolução da almaMaria D'
 
Conselhos(Deumasenhorade92anos)
Conselhos(Deumasenhorade92anos)Conselhos(Deumasenhorade92anos)
Conselhos(Deumasenhorade92anos)Maria D'
 
O Caminho Do Mago
O Caminho Do MagoO Caminho Do Mago
O Caminho Do MagoMaria D'
 
Reich - Cristo Assassinado
Reich - Cristo AssassinadoReich - Cristo Assassinado
Reich - Cristo AssassinadoMaria D'
 
Livro Da Vida
Livro Da VidaLivro Da Vida
Livro Da VidaMaria D'
 
Zoom In Your Life
Zoom In Your LifeZoom In Your Life
Zoom In Your LifeMaria D'
 
Equilibrio
EquilibrioEquilibrio
EquilibrioMaria D'
 
Depende De Você
Depende De VocêDepende De Você
Depende De VocêMaria D'
 

Más de Maria D' (20)

Gauguin
GauguinGauguin
Gauguin
 
Macro Micro
Macro MicroMacro Micro
Macro Micro
 
Brazil Presentation
Brazil PresentationBrazil Presentation
Brazil Presentation
 
Atritos
AtritosAtritos
Atritos
 
Pela Paz No Mundo
Pela Paz No MundoPela Paz No Mundo
Pela Paz No Mundo
 
Cactus
CactusCactus
Cactus
 
Cristais De áGua
Cristais De áGuaCristais De áGua
Cristais De áGua
 
Chema Madoz
Chema MadozChema Madoz
Chema Madoz
 
Madagascar1
Madagascar1Madagascar1
Madagascar1
 
Energia
EnergiaEnergia
Energia
 
Atritos
AtritosAtritos
Atritos
 
Time Is Like A River
Time Is Like A RiverTime Is Like A River
Time Is Like A River
 
Revolução da alma
Revolução da almaRevolução da alma
Revolução da alma
 
Conselhos(Deumasenhorade92anos)
Conselhos(Deumasenhorade92anos)Conselhos(Deumasenhorade92anos)
Conselhos(Deumasenhorade92anos)
 
O Caminho Do Mago
O Caminho Do MagoO Caminho Do Mago
O Caminho Do Mago
 
Reich - Cristo Assassinado
Reich - Cristo AssassinadoReich - Cristo Assassinado
Reich - Cristo Assassinado
 
Livro Da Vida
Livro Da VidaLivro Da Vida
Livro Da Vida
 
Zoom In Your Life
Zoom In Your LifeZoom In Your Life
Zoom In Your Life
 
Equilibrio
EquilibrioEquilibrio
Equilibrio
 
Depende De Você
Depende De VocêDepende De Você
Depende De Você
 

Último

ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx2m Assessoria
 
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx2m Assessoria
 
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docxATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx2m Assessoria
 
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx2m Assessoria
 
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object CalisthenicsBoas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object CalisthenicsDanilo Pinotti
 
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdfProgramação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdfSamaraLunas
 
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemploPadrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemploDanilo Pinotti
 
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdfLuís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdfLuisKitota
 

Último (8)

ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - CUSTOS DE PRODUÇÃO - 52_2024.docx
 
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - LOGÍSTICA EMPRESARIAL - 52_2024.docx
 
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docxATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
 
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docxATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
ATIVIDADE 1 - ESTRUTURA DE DADOS II - 52_2024.docx
 
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object CalisthenicsBoas práticas de programação com Object Calisthenics
Boas práticas de programação com Object Calisthenics
 
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdfProgramação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
Programação Orientada a Objetos - 4 Pilares.pdf
 
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemploPadrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
Padrões de Projeto: Proxy e Command com exemplo
 
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdfLuís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
Luís Kitota AWS Discovery Day Ka Solution.pdf
 

Autismo

  • 1. O ARTISTA AUTISTA Oliver Sacks In: O Homem que confundiu sua mulher com um chapéu Organizado por Norma Escosteguy
  • 2. JOSÉ, 21 anos, magro, de aparência frágil. Era considerado irremediavelmente retardado. Estava hospitalizado porque tinha tido um de seus violentos ataques. Ainda estava agitado e inquieto, quando foi visto pela primeira vez por Oliver Sacks . - Desenhe isto – pediu-lhe, entregando a José seu relógio de bolso. - Ele é um idiota, não sabe dizer as horas – falou o assistente. - Não consegue nem falar. Dizem que ele é “autista”, mas eu acho que ele não passa de um idiota. José ficou pálido, talvez mais devido ao tom, do que ao conteúdo dessas palavras. - Vamos – disse O.S. Eu sei que você vai conseguir.
  • 3. De imediato calmo, José pegou o relógio cuidadosamente, como se fosse uma jóia, colocou-o à sua frente, concentrado e imóvel. José desenhou com tranqüilidade e concentração, rápido e minucioso, sem necessidade de apagar, desligado de tudo o mais. José desenhou o relógio com notável fidelidade, com todas as características essenciais: a hora, os segundos, a presilha de forma trapezoidal. Os números eram de tamanhos, forma e estilos diferentes. Sua compreensão geral revelou-se surpreendente. E havia uma estranha mistura da precisão exata, até mesmo obsessiva, com curiosas (e engraçadas) elaborações e variações.
  • 4.  
  • 5. Oliver Sacks , após lhe ter receitado, por telefone, uma mudança nos anti-convulsivantes , devido às crises, permaneceu intrigado com José e decidiu vê-lo de novo. Foi recebido com um sorriso tímido, inesperado, que iluminou o rosto antes inexpressivo e indiferente. - Tenho pensado a seu respeito, disse. Quero ver mais desenhos. E mostrou-lhe uma revista ricamente ilustrada, que utiliza com finalidades neurológicas , para testar seus pacientes. De um artigo sobre pescaria, onde havia um rio, pedras e árvores, destacou uma truta, que saltava, em primeiro plano. - Desenhe isto, disse, apontando para o peixe. Ele sorriu e, com óbvia satisfação, desenhou seu próprio peixe.
  • 6.  
  • 7. O peixe de José era intensamente expressivo, com uma boca grande e cavernosa, de baleia, um olhar humano, uma espécie de “peixe-gente”. Agora, tratava-se de compreender a imaginação, a memória visual, a atenção e até o humor de José – que não eram esperadas num autista. Alguns anos antes, numa clínica especializada em neurologia infantil, quando apresentava “crises intratáveis”, não tinha havido dúvidas de que se tratava de um autista.
  • 8.
  • 9. A HISTÓRIA DE JOSÉ Aos oito anos , José apresentara febre muito alta , associada com o início de crises incessantes, e subseqüentemente continuadas, e o rápido aparecimento de uma condição de lesão cerebral ou autismo ( desde o início houve dúvidas diagnósticas). Seu líquor estivera anormal durante a fase aguda da doença, uma provável encefalite. Os EEGs mostravam grave perturbação lobo-temporal, tanto à direita, como à esquerda (Fatores orgânicos). Esta perturbação justificava suas crises convulsivas de tipos muito variados: grande mal, pequeno mal e “psicomotoras” complexas.
  • 10.
  • 11. José foi rotulado definitivamente como uma criança epiléptica, autista, retardada, talvez afásica. Foi considerado não educável, incurável e genericamente irremediável. Aos 9 anos, “desligou-se” da escola, da sociedade, de tudo aquilo que para uma criança normal constituiria a “realidade”. Durante 13 anos não saíra de casa, aparentemente devido às “crises intratáveis”, apesar das várias tentativas medicamentosas.
  • 12. Durante seu confinamento, não havia perdido de todo sua vida interior: demonstrava paixão por revistas ilustradas, especialmente de história natural, e, quando podia, entre crises e repreensões, encontrava tocos de lápis e desenhava o que podia . Assim se mantivera seu único elo com a realidade. Mas nada disso teria sido revelado, se não tivesse tido uma crise de fúria repentina, assustadora e sem precedentes – um acesso em que os objetos foram estilhaçados – que levou José a um hospital pela primeira vez.
  • 13. O que provocara esta fúria está longe de ser esclarecido: - uma erupção epilética (tal como se observa, em raras ocasiões, nas crises lobo-temporais muito graves); - simplesmente uma “psicose”, como constava na sua ficha de admissão; - ou um pedido de socorro, extremo e desesperado, de uma alma torturada que se achava muda e sem uma forma direta para expressar sua difícil situação, suas necessidades.
  • 14.
  • 15. A EVOLUÇÃO DE JOSÉ Na terceira vez que Oliver Sacks decidiu vê-lo, não o mandou chamar e foi direto à enfermaria, sem avisá-lo. José estava sentado, embalando-se, os olhos fechados, um quadro de regressão. O.S. teve uma sensação de terror ao vê-lo, pois cultivara a noção de uma “rápida recuperação”. Foi preciso ver José numa posição regredida (como tornaria a ver, repetidas vezes), para observar que não havia um “despertar” simples para ele, e sim um caminho carregado de um sentimento de perigo, de duplo risco, tão aterrorizante quanto excitante –porque ele acabou amando as grades de sua prisão.
  • 16. Assim que José ouviu Oliver Sacks chamá-lo, saltou e, ansioso e voraz, seguiu-o até a sala de desenhos. O médico deu-lhe uma caneta e disse: “Aquele peixe que você desenhou”, sugeriu, fazendo um gesto no ar, “aquele peixe, você pode lembrá-lo e desenhá-lo de novo?” Ele fez que sim com a cabeça, ávido, e pegou a caneta. Já fazia três semanas: o que ele desenharia agora? Ele fechou os olhos por um momento – e então desenhou. Era uma truta, com narinas (humanas?), a cauda em forquilha, e lábios desenvolvidos. Ele ia pegar a caneta, quando José prosseguiu. Rapidamente, esboçou um pequeno peixe, um companheiro, dando cambalhotas, em óbvia brincadeira. Depois desenhou a superfície da água e uma súbita onda elevando-se.
  • 17.  
  • 18. Enquanto desenhava, José foi ficando excitado e emitiu um grito estranho e misterioso . Repleto de reflexões e simultânea precaução, O.S. ofereceu a caneta de novo a José, apontando apenas com um gesto, um pássaro, num cartão de Natal que estava sobre a mesa. O pássaro foi desenhado com precisão e ele usou uma caneta vermelha para o peito. Os pés pareciam garras, fortemente agarradas ao tronco. Mas, o que estava acontecendo? O galinho seco do inverno desenvolvera-se no desenho e expandira-se em florescências. José havia transformado o inverno em primavera!
  • 19.  
  • 20.  
  • 21. Então, ele começou a falar – embora fossem sons estranhos, hesitantes, extremamente ininteligíveis, que brotavam, espantando-o, às vezes, tanto quanto à equipe, pois todos o consideravam irreversivelmente mudo. E aqui também foi impossível afirmar o quanto era “orgânico”, o quanto era questão de motivação. Suas perturbações lobo-temporais tinham sido reduzidas – seus EEG nunca eram normais, mostrando alterações nas ondas lentas, pontudas, disritmia. Mas eram bem melhores do que os iniciais, quando chegara.
  • 22.
  • 23. Último episódio : José foi removido para uma ala do hospital com uma equipe projetada para pacientes autistas, que lhe oferecessem “um lar para o coração”. Quando Oliver Sacks foi vê-lo, acenou espontaneamente, mostrando a porta, queria sair. Ele seguiu na frente, mostrando o caminho para o jardim ensolarado, de vegetação exuberante. (Nunca mais havia saído de casa, desde os 8 anos.) Colocou a prancheta no chão e desenhou flores, que olhava atento aos detalhes. Mostrava seu amor por essa realidade. A mente de José não fora constituída para o abstrato, para o conceitual. Isso não lhe era acessível. Mas o caminho particular da natureza é também um caminho para a realidade e para o verdadeiro.
  • 24. No autismo infantil “clássico” (primário) que se manifesta totalmente antes dos três anos, a separação dos outros acontece tão cedo, que pode não haver memória da ligação. No autismo “secundário” , como o de José, causado por uma lesão cerebral num estágio mais adiantado da vida, há alguma memória, talvez uma certa nostalgia. Isto pode explicar por que José foi mais acessível e pode mostrar, através dos desenhos, uma interação acontecendo .
  • 25. Para a pessoa autista, o abstrato, o categórico, não tem interesse – o concreto e o singular é tudo. Entretanto, a imaginação autista não é rara. Quanto mais os vejo, diz Oliver Sacks , mais me parecem uma estranha espécie entre nós, esquisita, original, totalmente voltada para dentro, diferente dos outros. José poderia fazer muitas coisas, mas só o fará se tiver alguém muito compreensivo, com meios e oportunidades, para guiá-lo. Como muitos outros autistas .
  • 26. Perda da fala e de capacidades adquiridas. Ausência de contato afetivo. Atitudes bizarras. Dificuldades na mutualidade social: olhar , sorriso, gestos, fala. Ecolalia.Dificuldade de contato físico. Atração por movimentos circulares. “ Flapping”. Marcha na ponta dos pés. Preferência por objetos inanimados. Insensibilidade a perigos e à dor. Crises clásticas. Ausência de empatia. Sintomas Após 2 anos e mais tarde Desde o nascimento (antes de 3 anos) Idade Fatores psicológicos Fatores orgânicos? Genética? Fatores orgânicos? Etiologia AUTISMO SECUNDÁRIO AUTISMO PRIMÁRIO (Autismo de Kanner, 1943)
  • 27. X Espectro variável Aprendizagem Etiológico, medicamentoso, Adequado às necessidades Centros especializados, intervenção precoce e intensiva, visando o desenvolvimento de capacidades, especialmente do olhar, compreensão de expressões faciais e convívio Tratamento X Espectro variável 70% com retardo Inteligência X 5 em cada 10 000 crianças 4 vêzes mais freqüente em meninos Incidência AUTISMO SECUNDÁRIO AUTISMO PRIMÁRIO (Autismo de Kanner, 1943