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Capítulo 1
Introdução à conformação plástica dos metais
1.1 – Definição de processo de fabricação
A obtenção de um metal se inicia geralmente com a extração do respectivo
minério de jazidas naturais, minério este que é em seguida submetido a um processo
de beneficiamento a fim de eliminar ou diminuir o material de baixo valor econômico e
facilitar a posterior extração do metal. Esta é realizada através de processos químicos
(piro, hidro ou eletrometalúrgicos), que fornecem o metal em forma mais ou menos
pura. Seguem-se em muitos casos operações de refino, a fim de purificar o metal ou
atingir-se o teor adequado de elementos de liga.
O metal fornecido diretamente pelas operações de extração e refino vem
geralmente em forma líquida, sólida ou em pó. Torna-se necessário então converte-lo
em formas que possam ser convenientemente utilizadas nas diversas aplicações, o que
é feito mediante os processos de conformação.
Define-se processo de fabricação dos metais a modificação de um corpo
metálico, com o fim de lhe conferir uma forma definida.
1.2 - Classificação dos processos de fabricação
Os processos de fabricação podem ser classificados em dois grupos:
1-Processos metalúrgicos
2-Processos mecânicos
A Figura 1.1 esquematiza essa divisão dos processos de fabricação.
Nos processos metalúrgicos as modificações de forma são provocadas com
EE726293708CNOs processos metalúrgicos podem ser divididos em:
1-Conformação por solidificação
2-Conformação por sinterização.
Nos processos de conformação por solidificação a temperatura adotada é
superior ao ponto de fusão do material e a forma final é obtida pela transformação
líquido-sólido (T > Tfusão).
Exemplos:
1-Fundição: o metal no estado líquido é vazado dentro de um molde, que é um
negativo da peça a ser obtida, e se solidifica na forma desejada. Exemplos: Fundição
em areia (Figura 1.2), fundição em casca, fundição em cera perdida, etc.
2-Soldagem: é um conjunto de processos que permitem obter peças pela união
de várias partes, estabelecendo a continuidade do metal entre as mesmas e usando ou
não um metal de adição para servir de ligação (solda). Exemplos: Soldagem a arco
elétrico (Figura 1.3), soldagem a gás, etc.
1
Nos processos de conformação por sinterização a temperatura adotada é inferior
ao ponto de fusão do metal (T < Tfusão).Exemplo:
1-Metalurgia do pó (Figura 1.4): o metal ou liga em forma de pó é colocado em
um molde comprimido e em seguida aquecido (sinterizado) a fim de estabelecer-se
ligações entre as partículas vizinhas.
Nos processos mecânicos as modificações de forma são provocadas pela
aplicação de tensões externas.
Os processos mecânicos podem ser divididos em:
1-Conformação por usinagem
2-Conformação plástica.
Nos processos de conformação por usinagem as tensões aplicadas são sempre
superiores ao limite de resistência à ruptura do metal, sendo a forma final, portanto,
obtida por retirada de metal (σ > Rσ ).
Exemplos: Torneamento (Figura 1.5), furação. fresamento, etc.
Nos processos de conformação plástica as tensões aplicadas são geralmente
inferiores ao limite de resistência à ruptura do material (σ < Rσ ), sendo a forma final,
portanto obtida por deformação plástica.
Exemplos: Laminação, extrusão, trefilação, forjamento e estampagem (corte,
dobramento, estiramento, embutimento) (Figura 1.6).
As Figuras 1.7 e 1.8 ilustram o fluxograma esquemático dos processos de
fabricação. A Figura 1.9 representa o ciclo de um produto, desde a sua necessidade e
viabilidade, até sua entrega ao público. Esse diagrama pretende representar
genericamente um organograma funcional, não se considerando casos particulares de
organização.
1.3 – Características dos processos de fabricação
Existem quatro características principais em qualquer processo de fabricação, a
saber: geometria, tolerâncias, razão de produção e fatores ambientais e humanos.
Geometria. Cada processo de manufatura é capaz de produzir uma família de
geometrias. Dentro desta família há geometrias que podem ser produzidas somente
com extraordinários custo e esforço. Por exemplo, o processo de forjamento permite a
produção de componentes que podem ser facilmente extraídos de uma matriz, isto é,
matrizes superior e inferior.
Tolerâncias. Nenhuma dimensão pode ser produzida exatamente como é esperada
pelo projetista. Portanto, para cada dimensão é associada a uma tolerância, assim
como cada processo de fabricação permite a obtenção de certas tolerâncias
dimensionais, de forma e acabamento superficial. Por exemplo, pelo uso do processo
de fundição em cera perdida a vácuo é possível obter formas muito mais complexas
com tolerâncias mais fechadas do que usado nos processos de fundição em molde de
areia. Tolerâncias dimensionais servem a um duplo propósito. Primeiro, elas permitem
o funcionamento adequado dos componentes fabricados: por exemplo, um tambor de
freio de automóvel deve ser circular, dentro de certos limites, para evitar vibrações e
2
assegurar funcionamento correto dos freios. O segundo propósito das tolerâncias
dimensionais é a capacidade de substituir um componente defeituoso (um rolamento,
por exemplo) por um novo, de um fabricante diferente – a moderna produção seriada
seria inimaginável.
Razão de produção. A razão de produção ou produtividade pode ser aumentada
através e melhoria dos processos de fabricação existentes ou pela introdução de novos
processos e máquinas, todos requerendo novos investimentos. Contudo, o ingrediente
mais importante para o aumento da produtividade reside no ser humano e nos recursos
gerenciais, uma vez que boas decisões em investimentos (quando, quanto e em que)
são tomadas por pessoas bem treinadas e motivadas. Como resultado, o presente e o
futuro da produtividade da fabricação dentro de uma fábrica, indústria ou nação
dependem não somente do nível de investimentos numa nova fábrica ou equipamentos,
mas também do nível de treinamento e disposição dos engenheiros e especialistas em
fabricação dentro destas entidades.
Fatores ambientais e humanos. Todo processo de fabricação deve ser examinado
visando (a): seus efeitos ambientais, isto é, em termos de poluição do ar, água e
sonora, (b): sua interface com os recursos humanos, isto é, em termos de segurança
humana, efeitos fisiológicos e psicológicos; e (c) seu uso de energia e recursos
materiais, particularmente em termos de escassez de energia e materiais.
Consequentemente, a introdução e uso de um processo de fabricação devem antes ser
considerados com vistas a estes fatores ambientais.
1.4 – Definição de processo de conformação plástica
Define-se como conformação plástica de metais a operação onde se aplicam
solicitações mecânicas (forças externas) nos metais, que respondem com uma
mudança permanente de dimensões. A Figura 1.6 ilustra a situação para o caso de uma
operação de laminação; os cilindros giram, aplicando uma solicitação do metal,
obtendo-se como resposta uma diminuição de sua espessura.
Além da mudança de dimensões, outro resultado obtido comumente através da
conformação plástica é a alteração das propriedades do metal, em relação àquelas
anteriores ao processamento.
Nos processos de conformação plástica as tensões aplicadas são geralmente
inferiores ao limite de resistência à ruptura do material (σ < Rσ ), sendo a forma final,
portanto obtida por deformação plástica.
Exemplos: Laminação, extrusão, trefilação, forjamento e estampagem (corte,
dobramento, estiramento, embutimento). A Figura 1.6 ilustra esquematicamente os
processos de conformação plástica dos metais.
3
1.5 - Classificação dos processos de conformação plástica
É importante o estudo dos processos de conformação plástica dos metais porque
mais de 80% de todos os produtos metálicos produzidos são submetidos, em um ou
mais estágios, a tais processos.
Os processos de conformação plástica dos metais permitem a obtenção de
peças no estado sólido, com características controladas, através de esforços
mecânicos em corpos metálicos iniciais que mantém o volume constante. De uma
forma resumida, os objetivos desses processos são a obtenção de produtos finais com
especificação de:
a) dimensões e forma,
b) propriedades mecânicas,
c) condições superficiais
conciliando a qualidade com elevadas velocidades de produção e baixos custos de
fabricação (conformação).
Os processos de conformação plástica podem ser classificados:
a)quanto ao tipo de esforço predominante
b)quanto a temperatura de trabalho
c)outros métodos de classificação.
1.5.1 – Classificação quanto ao esforço predominante
Quanto à natureza dos esforços mecânicos predominantes, os processos de
conformação podem ser divididos em cinco categorias: processos de compressão direta
e indireta, de tração, de flexão (ou dobramento) e de cisalhamento. Nos processos de
compressão direta, o esforço é aplicado em duas superfícies do corpo e o material
escoa numa direção aproximadamente perpendicular à direção do esforço, como nos
casos típicos de laminação e forjamento. Nos processos de compressão indireta, o
esforço originalmente aplicado é de compressão ou de tração e o esforço resultante
que provoca o escoamento é de compressão, e em outra direção. Exemplos típicos são
os processos de trefilação, extrusão e parcialmente o de embutimento (na falange da
peça). No processo de estiramento de chapas sobre uma matriz, ocorre tipicamente o
caso de aplicação de esforço de tração, e no processo de dobramento de chapas em
prensas viradeiras tem-se o caso de flexão. Nos processos de embutimento,
comumente, além do esforço de compressão indireta, atuam esforços de tração e de
flexão. O esforço de cisalhamento é típico dos processos de corte de chapas em
guilhotinas (Figura 1.6).
1.5.2 – Classificação quanto à temperatura de trabalho
Em relação a temperatura de trabalho, os processos de conformação podem ser
classificados em processos com trabalho mecânico a frio e com trabalho mecânico a
quente. Quando a temperatura de trabalho é maior que a temperatura que provoca a
recristalização do metal, o processo é designado como de trabalho a quente e, abaixo
dessa temperatura é designado como de trabalho a frio.
4
A temperatura de recristalização é a menor temperatura na qual uma estrutura
deformada de um metal trabalhado a frio é restaurada ou é substituída por outra
estrutura nova livre de tensões, após permanecer nesta temperatura por tempo
determinado. A Tabela 1.1 ilustra os processos de conformação plástica quanto a
temperatura de trabalho.
1.5.3 – Outros métodos de classificação
Os métodos de classificação dos processos de conformação plástica mais
comuns são os dois mencionados anteriormente (quanto ao tipo de esforço
predominante e quanto à temperatura de trabalho).
Existem também outros métodos, cujos empregos, no entanto, são menos
comuns. Um deles é a classificação de acordo coma forma do metal trabalhado:
1.Processos de conformação maciça (de volumes)
2.Processos de conformação de chapas (de superfícies) (Figura 1.6)
Em ambos os casos, as superfícies do material deformado e das ferramentas
estão em contato e o atrito entre elas tem grande influência no processo.
Processos que se enquadram na categoria de conformação maciça têm as
seguintes formas distintas:
• O componente passa por uma grande deformação plástica, resultando numa
apreciável mudança de forma e seção transversal.
• A porção do componente que sofre deformação plástica é, geralmente, muito
maior do que aquela que sofre deformação elástica, portanto o retorno elástico é
insignificante.
Exemplos de processos de conformação plástica maciço são: extrusão,
forjamento, trefilação e laminação.
As características dos processos de conformação de chapas são:
• O componente é uma chapa ou é fabricado a partir de uma chapa.
• A deformação normalmente causa mudanças significativas na forma, mas não na
seção transversal da chapa.
• Em alguns casos, a magnitude da deformação plástica permanente é
comparável à deformação elástica, portanto, o efeito mola ou retorno elástico
pode ser significativo.
Exemplos de processos que se enquadram nesta categoria são: o dobramento,
embutimento e estiramento.
Alguns processos podem ser enquadrados em ambas as categorias
(conformação maciça ou de chapas), dependendo da configuração do produto. Por
exemplo, na redução da espessura da parede de um tubo, partindo de um tubo de
parede grossa, o processo de trefilação poderia ser considerado como de conformação
maciça. Por outro lado, se o blank inicial fosse uma lata fabricada com uma chapa fina,
a trefilação seria considerada como conformação de chapas.
Pode-se também classificar os processos de acordo com o tamanho da região
deforamada em: processos com região de deformação localizada, que incluem a
laminação, a trefilação e a extrusão, e processos com região de deformação
5
generalizada, como por exemplo os processos de embutimento e o forjamento (Figura
1.6).
De acordo com o tipo de fluxo de deformação do metal, podem ser classificados
em processos de fluxo contínuos ou quase-estacionários (com movimento constante)
e processos de fluxo intermitente. Como exemplos do primeiro tipo, pode-se citar os
processos de laminação, trefilação e extrusão a quente. Os processos de extrusão a
frio, embutimento e forjamento são exemplos de processos com fluxo intermitente
(Figura 1.6).
A Tabela 1.1 apresenta um resumo da classificação dos processos de
conformação plástica.
1.6 – Variáveis dos processos de conformação plástica
Na conformação plástica de metais, um componente inicialmente simples - um
tarugo ou uma chapa metálica, por exemplo - é plasticamente deformado entre as
ferramentas (matriz ou estampo) para a obtenção da configuração final desejada.
Portanto, um componente de geometria simples é transformado num outro complexo,
em que as ferramentas guardam a geometria desejada e aplicam pressão ao material
em deformação através da interface ferramenta-material. O processo de conformação
plástica de metais comumente produz pouca ou nenhuma sobra e a geometria final do
componente aparece num curto período de tempo, normalmente com um ou poucos
golpes de uma prensa ou martelo. Como resultado final, a conformação plástica de
metais apresenta um potencial para economia de energia e material - especialmente
em médios e grandes lotes, em que o custo de ferramental pode ser facilmente
amortizado. Além disso, para um dado peso, componentes produzidos por conformação
plástica exibem melhores propriedades mecânicas, metalúrgicas e confiabilidade do
que aqueles produzidos por fundição e usinagem.
Conformação plástica de metais é a tecnologia da experiência orientada. No
decorrer dos anos, uma grande quantidade de conhecimento e experiência tem ido
acumulada neste campo, na sua maioria pelo método da tentativa-e-erro. No entanto, a
indústria de conformação plástica de metais tem sido capaz de fornecer sofisticados
produtos fabricados dentro das mais rígidas normas, usando ligas recentemente
desenvolvidas e difíceis de conformar.
Os fenômenos físicos que descrevem uma operação de conformação plástica
são de difícil expressão através de relações quantitativas. O fluxo de metais, o atrito na
interface ferramenta-peça, a geração e transferência de calor durante o fluxo plástico do
metal e o seu relacionamento com a microestrutura, as propriedades e as condições do
processo são difíceis de prever e analisar. Frequentemente, várias operações
intermediárias de conformação (pré-conformação) são necessárias para transformar a
geometria inicial simples em uma complexa, sem causar danos ao material ou
prejudicar suas propriedades. Consequentemente, o principal objetivo de qualquer
método de análise é auxiliar o engenheiro de conformação plástica no projeto de
conformação e/ou seqüência de pré-formas. Para uma dada operação de conformação
(pré-conformação ou conformação final), o projeto essencialmente consiste em:
6
a)estabelecer as relações cinemáticas (forma, velocidades, taxas de deformações,
deformações) entre a parte deformada e a parte indeformada, isto é, prever o fluxo de
metal;
b)estabelecer o limite e conformabilidade, ou seja, determinar se é ou não possível a
conformação sem rupturas internas ou na superfície do metal; e
c)prever as forças e tensões necessárias para efetuar a operação de conformação a fim
de que o ferramental e equipamento possam ser projetados ou selecionados.
Para entender, projetar, dimensionar e otimizar a operação de conformação
plástica é útil:
a)considerar o processo de conformação plástica de metais como um sistema;
b)classifica-lo de forma sistêmica.
Um sistema de conformação plástica metálica consiste de todas as variáveis de
entrada, tais como tarugo (geometria e material), o ferramental (geometria e material),
as condições de interface ferramenta-peça, o mecanismo de deformação plástica, o
equipamento usado, as características do produto final e, finalmente, o ambiente de
fábrica onde o processo está sendo conduzido.
A maneira de encarar o problema do ponto de vista do “sistema” na conformação
plástica de metais permite o estudo da relação entrada-saída e dos efeitos das
variáveis do processo na qualidade do produto e no aspecto econômico do processo. A
chave para o sucesso na operação de conformação plástica, isto é, para obter a forma
e propriedades adequadas, é o entendimento e o controle do fluxo metálico. A direção
deste fluxo, sua magnitude de deformação e a distribuição de temperatura envolvida
afetam significativamente as propriedades do componente conformado. O fluxo
metálico determina ambas as propriedades relacionadas com a deformação local e a
formação de defeitos, tais como trincas ou dobras na superfície ou sob ela. O fluxo
metálico local é, por sua vez, influenciado pelas variáveis do processo, as quais estão
relacionadas na Tabela 1.2 A Figura 1.10 ilustra esquematicamente um sistema geral
de um processo de conformação plástica dos metais.
7
Figuras
Figura 1.1 – Classificação dos processos de fabricação.
Figura 1.2 – Processo de fundição em areia
8
Figura 1.3 - Processo de soldagem a arco elétrico
Figura 1.4 – Processo de metalurgia do pó.
9
Figura 1.5 - Processo de usinagem (torneamento)
Figura 1.6 - Ilustração esquemática dos processos de conformação plástica.
10
Figura 1.7 – Fluxograma esquemático dos processos de fabricação I
11
Figura 1.8 – Fluxograma esquemático dos processos de fabricação II
12
Figura 1.9 - Diagrama funcional mostrando a Engenharia de Fabricação dentro do ciclo produtivo de uma empresa.
13
Figura 1.10 – Esquema geral de um processo de conformação plástica.
14
Tabelas
Tabela 1.1 - Classificação dos processos de conformação plástica
15
Tabela 1.2 – Variáveis mais significativas num processo de conformação plástica
MATERIAL DO TARUGO
• Tensão de escoamento como função da deformação, taxa de deformação,
temperatura e microestrutura (equações constitutivas)
• Conformabilidade como função da deformação, da taxa de deformação,
temperatura e microestruturas (curvas limites de conformação)
• Condições superficiais
• Propriedades termo-físicas
• Condições iniciais (composição química, temperatura, estados anteriores da
microestrutura)
• Efeitos de mudanças em microestrutura e composição química na tensão de
escoamento e conformabilidade
FERRAMENTAL
• Geometria das ferramentas
• Condições superficiais
• Material/dureza/tratamento térmico
• Temperatura
• Rigidez e precisão
CONDIÇÕES DA INTERFACE FERRAMENTA-PEÇA
• Tipo de lubrificante e temperatura de trabalho
• Isolação e características de resfriamento na camada de interface
• Lubrificação e tensão de cisalhamento ao atrito
• Temperaturas (geração e transferência de calor)
ZONA DE DEFORMAÇÃO
• Mecanismo de deformação, modelo usado para análise
• Fluxo de metal, velocidade, taxa de deformação, deformação (cinemática)
• Tensões (variação durante a deformação)
• Temperaturas (geração e transferência de calor)
EQUIPAMENTO USADO
• Velocidade/razão de produção
• Força/capacidade de conversão de energia
• Rigidez e pressão
PRODUTO
• Geometria
• Precisão dimensional/tolerâncias
• Acabamento superficial
• Microestrutura, propriedades mecânicas e metalúrgicas
AMBIENTE
• Capacidade de mão-de-obra
• Poluição do ar e sonora e resíduos líquidos
• Controle da produção e equipamentos disponíveis na fábrica
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Introdução à conformação plástica dos metais

  • 1. Capítulo 1 Introdução à conformação plástica dos metais 1.1 – Definição de processo de fabricação A obtenção de um metal se inicia geralmente com a extração do respectivo minério de jazidas naturais, minério este que é em seguida submetido a um processo de beneficiamento a fim de eliminar ou diminuir o material de baixo valor econômico e facilitar a posterior extração do metal. Esta é realizada através de processos químicos (piro, hidro ou eletrometalúrgicos), que fornecem o metal em forma mais ou menos pura. Seguem-se em muitos casos operações de refino, a fim de purificar o metal ou atingir-se o teor adequado de elementos de liga. O metal fornecido diretamente pelas operações de extração e refino vem geralmente em forma líquida, sólida ou em pó. Torna-se necessário então converte-lo em formas que possam ser convenientemente utilizadas nas diversas aplicações, o que é feito mediante os processos de conformação. Define-se processo de fabricação dos metais a modificação de um corpo metálico, com o fim de lhe conferir uma forma definida. 1.2 - Classificação dos processos de fabricação Os processos de fabricação podem ser classificados em dois grupos: 1-Processos metalúrgicos 2-Processos mecânicos A Figura 1.1 esquematiza essa divisão dos processos de fabricação. Nos processos metalúrgicos as modificações de forma são provocadas com EE726293708CNOs processos metalúrgicos podem ser divididos em: 1-Conformação por solidificação 2-Conformação por sinterização. Nos processos de conformação por solidificação a temperatura adotada é superior ao ponto de fusão do material e a forma final é obtida pela transformação líquido-sólido (T > Tfusão). Exemplos: 1-Fundição: o metal no estado líquido é vazado dentro de um molde, que é um negativo da peça a ser obtida, e se solidifica na forma desejada. Exemplos: Fundição em areia (Figura 1.2), fundição em casca, fundição em cera perdida, etc. 2-Soldagem: é um conjunto de processos que permitem obter peças pela união de várias partes, estabelecendo a continuidade do metal entre as mesmas e usando ou não um metal de adição para servir de ligação (solda). Exemplos: Soldagem a arco elétrico (Figura 1.3), soldagem a gás, etc. 1
  • 2. Nos processos de conformação por sinterização a temperatura adotada é inferior ao ponto de fusão do metal (T < Tfusão).Exemplo: 1-Metalurgia do pó (Figura 1.4): o metal ou liga em forma de pó é colocado em um molde comprimido e em seguida aquecido (sinterizado) a fim de estabelecer-se ligações entre as partículas vizinhas. Nos processos mecânicos as modificações de forma são provocadas pela aplicação de tensões externas. Os processos mecânicos podem ser divididos em: 1-Conformação por usinagem 2-Conformação plástica. Nos processos de conformação por usinagem as tensões aplicadas são sempre superiores ao limite de resistência à ruptura do metal, sendo a forma final, portanto, obtida por retirada de metal (σ > Rσ ). Exemplos: Torneamento (Figura 1.5), furação. fresamento, etc. Nos processos de conformação plástica as tensões aplicadas são geralmente inferiores ao limite de resistência à ruptura do material (σ < Rσ ), sendo a forma final, portanto obtida por deformação plástica. Exemplos: Laminação, extrusão, trefilação, forjamento e estampagem (corte, dobramento, estiramento, embutimento) (Figura 1.6). As Figuras 1.7 e 1.8 ilustram o fluxograma esquemático dos processos de fabricação. A Figura 1.9 representa o ciclo de um produto, desde a sua necessidade e viabilidade, até sua entrega ao público. Esse diagrama pretende representar genericamente um organograma funcional, não se considerando casos particulares de organização. 1.3 – Características dos processos de fabricação Existem quatro características principais em qualquer processo de fabricação, a saber: geometria, tolerâncias, razão de produção e fatores ambientais e humanos. Geometria. Cada processo de manufatura é capaz de produzir uma família de geometrias. Dentro desta família há geometrias que podem ser produzidas somente com extraordinários custo e esforço. Por exemplo, o processo de forjamento permite a produção de componentes que podem ser facilmente extraídos de uma matriz, isto é, matrizes superior e inferior. Tolerâncias. Nenhuma dimensão pode ser produzida exatamente como é esperada pelo projetista. Portanto, para cada dimensão é associada a uma tolerância, assim como cada processo de fabricação permite a obtenção de certas tolerâncias dimensionais, de forma e acabamento superficial. Por exemplo, pelo uso do processo de fundição em cera perdida a vácuo é possível obter formas muito mais complexas com tolerâncias mais fechadas do que usado nos processos de fundição em molde de areia. Tolerâncias dimensionais servem a um duplo propósito. Primeiro, elas permitem o funcionamento adequado dos componentes fabricados: por exemplo, um tambor de freio de automóvel deve ser circular, dentro de certos limites, para evitar vibrações e 2
  • 3. assegurar funcionamento correto dos freios. O segundo propósito das tolerâncias dimensionais é a capacidade de substituir um componente defeituoso (um rolamento, por exemplo) por um novo, de um fabricante diferente – a moderna produção seriada seria inimaginável. Razão de produção. A razão de produção ou produtividade pode ser aumentada através e melhoria dos processos de fabricação existentes ou pela introdução de novos processos e máquinas, todos requerendo novos investimentos. Contudo, o ingrediente mais importante para o aumento da produtividade reside no ser humano e nos recursos gerenciais, uma vez que boas decisões em investimentos (quando, quanto e em que) são tomadas por pessoas bem treinadas e motivadas. Como resultado, o presente e o futuro da produtividade da fabricação dentro de uma fábrica, indústria ou nação dependem não somente do nível de investimentos numa nova fábrica ou equipamentos, mas também do nível de treinamento e disposição dos engenheiros e especialistas em fabricação dentro destas entidades. Fatores ambientais e humanos. Todo processo de fabricação deve ser examinado visando (a): seus efeitos ambientais, isto é, em termos de poluição do ar, água e sonora, (b): sua interface com os recursos humanos, isto é, em termos de segurança humana, efeitos fisiológicos e psicológicos; e (c) seu uso de energia e recursos materiais, particularmente em termos de escassez de energia e materiais. Consequentemente, a introdução e uso de um processo de fabricação devem antes ser considerados com vistas a estes fatores ambientais. 1.4 – Definição de processo de conformação plástica Define-se como conformação plástica de metais a operação onde se aplicam solicitações mecânicas (forças externas) nos metais, que respondem com uma mudança permanente de dimensões. A Figura 1.6 ilustra a situação para o caso de uma operação de laminação; os cilindros giram, aplicando uma solicitação do metal, obtendo-se como resposta uma diminuição de sua espessura. Além da mudança de dimensões, outro resultado obtido comumente através da conformação plástica é a alteração das propriedades do metal, em relação àquelas anteriores ao processamento. Nos processos de conformação plástica as tensões aplicadas são geralmente inferiores ao limite de resistência à ruptura do material (σ < Rσ ), sendo a forma final, portanto obtida por deformação plástica. Exemplos: Laminação, extrusão, trefilação, forjamento e estampagem (corte, dobramento, estiramento, embutimento). A Figura 1.6 ilustra esquematicamente os processos de conformação plástica dos metais. 3
  • 4. 1.5 - Classificação dos processos de conformação plástica É importante o estudo dos processos de conformação plástica dos metais porque mais de 80% de todos os produtos metálicos produzidos são submetidos, em um ou mais estágios, a tais processos. Os processos de conformação plástica dos metais permitem a obtenção de peças no estado sólido, com características controladas, através de esforços mecânicos em corpos metálicos iniciais que mantém o volume constante. De uma forma resumida, os objetivos desses processos são a obtenção de produtos finais com especificação de: a) dimensões e forma, b) propriedades mecânicas, c) condições superficiais conciliando a qualidade com elevadas velocidades de produção e baixos custos de fabricação (conformação). Os processos de conformação plástica podem ser classificados: a)quanto ao tipo de esforço predominante b)quanto a temperatura de trabalho c)outros métodos de classificação. 1.5.1 – Classificação quanto ao esforço predominante Quanto à natureza dos esforços mecânicos predominantes, os processos de conformação podem ser divididos em cinco categorias: processos de compressão direta e indireta, de tração, de flexão (ou dobramento) e de cisalhamento. Nos processos de compressão direta, o esforço é aplicado em duas superfícies do corpo e o material escoa numa direção aproximadamente perpendicular à direção do esforço, como nos casos típicos de laminação e forjamento. Nos processos de compressão indireta, o esforço originalmente aplicado é de compressão ou de tração e o esforço resultante que provoca o escoamento é de compressão, e em outra direção. Exemplos típicos são os processos de trefilação, extrusão e parcialmente o de embutimento (na falange da peça). No processo de estiramento de chapas sobre uma matriz, ocorre tipicamente o caso de aplicação de esforço de tração, e no processo de dobramento de chapas em prensas viradeiras tem-se o caso de flexão. Nos processos de embutimento, comumente, além do esforço de compressão indireta, atuam esforços de tração e de flexão. O esforço de cisalhamento é típico dos processos de corte de chapas em guilhotinas (Figura 1.6). 1.5.2 – Classificação quanto à temperatura de trabalho Em relação a temperatura de trabalho, os processos de conformação podem ser classificados em processos com trabalho mecânico a frio e com trabalho mecânico a quente. Quando a temperatura de trabalho é maior que a temperatura que provoca a recristalização do metal, o processo é designado como de trabalho a quente e, abaixo dessa temperatura é designado como de trabalho a frio. 4
  • 5. A temperatura de recristalização é a menor temperatura na qual uma estrutura deformada de um metal trabalhado a frio é restaurada ou é substituída por outra estrutura nova livre de tensões, após permanecer nesta temperatura por tempo determinado. A Tabela 1.1 ilustra os processos de conformação plástica quanto a temperatura de trabalho. 1.5.3 – Outros métodos de classificação Os métodos de classificação dos processos de conformação plástica mais comuns são os dois mencionados anteriormente (quanto ao tipo de esforço predominante e quanto à temperatura de trabalho). Existem também outros métodos, cujos empregos, no entanto, são menos comuns. Um deles é a classificação de acordo coma forma do metal trabalhado: 1.Processos de conformação maciça (de volumes) 2.Processos de conformação de chapas (de superfícies) (Figura 1.6) Em ambos os casos, as superfícies do material deformado e das ferramentas estão em contato e o atrito entre elas tem grande influência no processo. Processos que se enquadram na categoria de conformação maciça têm as seguintes formas distintas: • O componente passa por uma grande deformação plástica, resultando numa apreciável mudança de forma e seção transversal. • A porção do componente que sofre deformação plástica é, geralmente, muito maior do que aquela que sofre deformação elástica, portanto o retorno elástico é insignificante. Exemplos de processos de conformação plástica maciço são: extrusão, forjamento, trefilação e laminação. As características dos processos de conformação de chapas são: • O componente é uma chapa ou é fabricado a partir de uma chapa. • A deformação normalmente causa mudanças significativas na forma, mas não na seção transversal da chapa. • Em alguns casos, a magnitude da deformação plástica permanente é comparável à deformação elástica, portanto, o efeito mola ou retorno elástico pode ser significativo. Exemplos de processos que se enquadram nesta categoria são: o dobramento, embutimento e estiramento. Alguns processos podem ser enquadrados em ambas as categorias (conformação maciça ou de chapas), dependendo da configuração do produto. Por exemplo, na redução da espessura da parede de um tubo, partindo de um tubo de parede grossa, o processo de trefilação poderia ser considerado como de conformação maciça. Por outro lado, se o blank inicial fosse uma lata fabricada com uma chapa fina, a trefilação seria considerada como conformação de chapas. Pode-se também classificar os processos de acordo com o tamanho da região deforamada em: processos com região de deformação localizada, que incluem a laminação, a trefilação e a extrusão, e processos com região de deformação 5
  • 6. generalizada, como por exemplo os processos de embutimento e o forjamento (Figura 1.6). De acordo com o tipo de fluxo de deformação do metal, podem ser classificados em processos de fluxo contínuos ou quase-estacionários (com movimento constante) e processos de fluxo intermitente. Como exemplos do primeiro tipo, pode-se citar os processos de laminação, trefilação e extrusão a quente. Os processos de extrusão a frio, embutimento e forjamento são exemplos de processos com fluxo intermitente (Figura 1.6). A Tabela 1.1 apresenta um resumo da classificação dos processos de conformação plástica. 1.6 – Variáveis dos processos de conformação plástica Na conformação plástica de metais, um componente inicialmente simples - um tarugo ou uma chapa metálica, por exemplo - é plasticamente deformado entre as ferramentas (matriz ou estampo) para a obtenção da configuração final desejada. Portanto, um componente de geometria simples é transformado num outro complexo, em que as ferramentas guardam a geometria desejada e aplicam pressão ao material em deformação através da interface ferramenta-material. O processo de conformação plástica de metais comumente produz pouca ou nenhuma sobra e a geometria final do componente aparece num curto período de tempo, normalmente com um ou poucos golpes de uma prensa ou martelo. Como resultado final, a conformação plástica de metais apresenta um potencial para economia de energia e material - especialmente em médios e grandes lotes, em que o custo de ferramental pode ser facilmente amortizado. Além disso, para um dado peso, componentes produzidos por conformação plástica exibem melhores propriedades mecânicas, metalúrgicas e confiabilidade do que aqueles produzidos por fundição e usinagem. Conformação plástica de metais é a tecnologia da experiência orientada. No decorrer dos anos, uma grande quantidade de conhecimento e experiência tem ido acumulada neste campo, na sua maioria pelo método da tentativa-e-erro. No entanto, a indústria de conformação plástica de metais tem sido capaz de fornecer sofisticados produtos fabricados dentro das mais rígidas normas, usando ligas recentemente desenvolvidas e difíceis de conformar. Os fenômenos físicos que descrevem uma operação de conformação plástica são de difícil expressão através de relações quantitativas. O fluxo de metais, o atrito na interface ferramenta-peça, a geração e transferência de calor durante o fluxo plástico do metal e o seu relacionamento com a microestrutura, as propriedades e as condições do processo são difíceis de prever e analisar. Frequentemente, várias operações intermediárias de conformação (pré-conformação) são necessárias para transformar a geometria inicial simples em uma complexa, sem causar danos ao material ou prejudicar suas propriedades. Consequentemente, o principal objetivo de qualquer método de análise é auxiliar o engenheiro de conformação plástica no projeto de conformação e/ou seqüência de pré-formas. Para uma dada operação de conformação (pré-conformação ou conformação final), o projeto essencialmente consiste em: 6
  • 7. a)estabelecer as relações cinemáticas (forma, velocidades, taxas de deformações, deformações) entre a parte deformada e a parte indeformada, isto é, prever o fluxo de metal; b)estabelecer o limite e conformabilidade, ou seja, determinar se é ou não possível a conformação sem rupturas internas ou na superfície do metal; e c)prever as forças e tensões necessárias para efetuar a operação de conformação a fim de que o ferramental e equipamento possam ser projetados ou selecionados. Para entender, projetar, dimensionar e otimizar a operação de conformação plástica é útil: a)considerar o processo de conformação plástica de metais como um sistema; b)classifica-lo de forma sistêmica. Um sistema de conformação plástica metálica consiste de todas as variáveis de entrada, tais como tarugo (geometria e material), o ferramental (geometria e material), as condições de interface ferramenta-peça, o mecanismo de deformação plástica, o equipamento usado, as características do produto final e, finalmente, o ambiente de fábrica onde o processo está sendo conduzido. A maneira de encarar o problema do ponto de vista do “sistema” na conformação plástica de metais permite o estudo da relação entrada-saída e dos efeitos das variáveis do processo na qualidade do produto e no aspecto econômico do processo. A chave para o sucesso na operação de conformação plástica, isto é, para obter a forma e propriedades adequadas, é o entendimento e o controle do fluxo metálico. A direção deste fluxo, sua magnitude de deformação e a distribuição de temperatura envolvida afetam significativamente as propriedades do componente conformado. O fluxo metálico determina ambas as propriedades relacionadas com a deformação local e a formação de defeitos, tais como trincas ou dobras na superfície ou sob ela. O fluxo metálico local é, por sua vez, influenciado pelas variáveis do processo, as quais estão relacionadas na Tabela 1.2 A Figura 1.10 ilustra esquematicamente um sistema geral de um processo de conformação plástica dos metais. 7
  • 8. Figuras Figura 1.1 – Classificação dos processos de fabricação. Figura 1.2 – Processo de fundição em areia 8
  • 9. Figura 1.3 - Processo de soldagem a arco elétrico Figura 1.4 – Processo de metalurgia do pó. 9
  • 10. Figura 1.5 - Processo de usinagem (torneamento) Figura 1.6 - Ilustração esquemática dos processos de conformação plástica. 10
  • 11. Figura 1.7 – Fluxograma esquemático dos processos de fabricação I 11
  • 12. Figura 1.8 – Fluxograma esquemático dos processos de fabricação II 12
  • 13. Figura 1.9 - Diagrama funcional mostrando a Engenharia de Fabricação dentro do ciclo produtivo de uma empresa. 13
  • 14. Figura 1.10 – Esquema geral de um processo de conformação plástica. 14
  • 15. Tabelas Tabela 1.1 - Classificação dos processos de conformação plástica 15
  • 16. Tabela 1.2 – Variáveis mais significativas num processo de conformação plástica MATERIAL DO TARUGO • Tensão de escoamento como função da deformação, taxa de deformação, temperatura e microestrutura (equações constitutivas) • Conformabilidade como função da deformação, da taxa de deformação, temperatura e microestruturas (curvas limites de conformação) • Condições superficiais • Propriedades termo-físicas • Condições iniciais (composição química, temperatura, estados anteriores da microestrutura) • Efeitos de mudanças em microestrutura e composição química na tensão de escoamento e conformabilidade FERRAMENTAL • Geometria das ferramentas • Condições superficiais • Material/dureza/tratamento térmico • Temperatura • Rigidez e precisão CONDIÇÕES DA INTERFACE FERRAMENTA-PEÇA • Tipo de lubrificante e temperatura de trabalho • Isolação e características de resfriamento na camada de interface • Lubrificação e tensão de cisalhamento ao atrito • Temperaturas (geração e transferência de calor) ZONA DE DEFORMAÇÃO • Mecanismo de deformação, modelo usado para análise • Fluxo de metal, velocidade, taxa de deformação, deformação (cinemática) • Tensões (variação durante a deformação) • Temperaturas (geração e transferência de calor) EQUIPAMENTO USADO • Velocidade/razão de produção • Força/capacidade de conversão de energia • Rigidez e pressão PRODUTO • Geometria • Precisão dimensional/tolerâncias • Acabamento superficial • Microestrutura, propriedades mecânicas e metalúrgicas AMBIENTE • Capacidade de mão-de-obra • Poluição do ar e sonora e resíduos líquidos • Controle da produção e equipamentos disponíveis na fábrica 16
  • 17. 17