Este documento descreve uma análise da serigrafia de Marilyn Monroe feita por Andy Warhol. Apresenta informações sobre Warhol e sua técnica de usar a serigrafia para reproduzir imagens de celebridades como Marilyn Monroe. Também fornece detalhes sobre a vida e carreira de Marilyn Monroe.
Análise da serigrafia de Marilyn Monroe por Andy Warhol
1. Semiótica da Comunicação
Instituto Superior Miguel Torga
Comunicação Empresarial
Semiótica da Comunicação
Prof. Dr. José Vasconcelos Sá
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2. Semiótica da Comunicação
Análise integral da imagem de
Marilyn Monroe.
Grupo:
Elementos do Grupo:
Inês Manuel Ferreira Cavadas – 7695
Maria de Castro e Sousa Maló de Abreu – 7479
Pedro Miguel de Almeida Neto - 7591
10 de Maio de 2008
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3. Semiótica da Comunicação
Introdução
Este trabalho tem como principal objectivo fazer a descrição
pormenorizada de uma imagem, à nossa escolha, tendo em conta vários
aspectos.
A célebre actriz Marilyn Monroe foi um dos temas mais
desenvolvidos por Warhol nas suas serigrafias baseadas num original
fotográfico do rosto da actriz. Diversas transformações de cor e de
mancha conseguiram oferecer uma imagem que, sendo sempre
diferente, permanece constantemente invariável. Temos então um
magnífico exemplo da desumanização do mito na época presente e da
banal valorização das imagens culturais convertidas na arte de consumo.
Andy Warhol foi uma artista que indubitavelmente contribuiu
para o impulso da cultura moderna, através da utilização de várias
técnicas pioneiras mas principalmente pelo isolamento visual da
imagética.
Desta forma, a imagem escolhida pelo nosso grupo, recai sobre
uma serigrafia de Marilyn Monroe executada por este autor.
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4. Semiótica da Comunicação
A serigrafia de Marilyn
As serigrafias de cores
gritantes de estrelas americanas
como Marilyn Monroe, tornaram-
se ícones da segunda metade do
século XX e povoam ainda hoje o
imaginário colectivo.
O responsável por esse
fenómeno é Andy Warhol, um
dos rostos da Pop Art, que mais
do que um movimento artístico
encarna toda uma revolução social e cultural. Warhol personifica, talvez
mais do que ninguém, uma ligação entre a arte e a vida, entre a arte e a
sociedade mediatizada, capitalista e industrial das grandes metrópoles.
Warhol mostrava o quanto personalidades públicas são figuras
impessoais e vazias. Mostrava isso associando a técnica com que
reproduzia estes retratos, numa produção mecânica ao invés do trabalho
manual. Da mesma forma, utilizou a técnica da serigrafia para representar
a impessoalidade do objecto produzido em massa para o consumo….
É especificamente nas obras em que retrata Marilyn Monroe que
uma das faces mais fortes da psique de Andy Warhol se revela. Apesar de
ser fã de celebridades e de entender o carácter transitório da fama, o seu
interesse estava no público e na sua devoção a uma figura como um
símbolo cultural da época, uma figura criada pela imprensa.
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5. Semiótica da Comunicação
Andy Warhol, um pouco mais…
Nasceu em 6 de Agosto de 1928, em Pittsburgh, nos E.U.A.
Morreu em 22 de Fevereiro de 1987, em Nova Iorque. Estudou no liceu
de Schenley onde frequentou as aulas de arte, assim como as aulas do
Museu Carnegie, instituição sedeada
perto do liceu.
A família, com base nas poupanças,
conseguiu pagar-lhe os estudos
universitários no célebre Instituto de
Tecnologia Carnegie, a actual Carnegie
Melon University, onde teve que se esforçar
bastante, sobretudo na cadeira de
Expressão, devido ao seu deficiente
conhecimento de inglês, já que a mãe nunca tinha deixado de falar checo
em família. Por sua vez, nas aulas artísticas, Andy criava problemas, ao não
aceitar seguir as regras estabelecidas
De qualquer forma, devido ao final da 2.ª Guerra Mundial, foi obrigado a
abandonar o Instituto no fim do primeiro ano, para dar lugar aos soldados
americanos desmobilizados, a beneficiar de entrada preferencial nas
Universidades americanas com a passagem da Lei de Desmobilização (GI
Bill). Alguns dos seus professores defenderam a sua permanência na
instituição, e pôde por isso frequentar o Curso de Verão, que lhe permitiria
reinscrever-se no Outono seguinte. Os seus trabalhos nesse Curso fizeram-
no ganhar um prémio do Instituto e a exposição dos seus trabalhos. Acabou
a licenciatura com uma menção honrosa em desenho, indo viver para Nova
Iorque em Junho de 1949, à procura de emprego como artista comercial.
Contratado pela revista Glamour, começou por desenhar sapatos, mas os
primeiros desenhos apresentados tiveram de ser refeitos devido às suas
claras sugestões sexuais. Passou a desenhar anúncios - actualmente ainda
muito normais na publicidade de moda nos EUA - para revistas como a
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6. Semiótica da Comunicação
Vogue e a Harper's Bazaar, assim como capas de livros e cartões de
agradecimento.
Em 1961 realizou a sua primeira obra em série usando as latas da sopa
Campbell's como tema, continuando com as garrafas de Coca-Cola e as
notas de Dólar, reproduzindo continuamente as suas obras, com diferenças
entre as várias séries, tentando tornar a sua arte o mais industrial possível,
usando métodos de produção em massa. Estas obras foram expostas,
primeiro em Los Angeles, na Ferus Gallery, depois em Nova Iorque, na Stable
Gallery. “O mês de Julho de 1962 foi também um importante mês para
Warhol porque foi então que ele levou a cabo a sua exposição individual
como ilustre artista”, (Andy Warhol, Eric Shanes, Lisma, 2005, 34).
Em 1963 a sua tentativa de «viver como uma máquina» teve uma primeira
aproximação com a inauguração do seu estúdio permanente - The Factory.
Andy Warhol passou então a usar pessoas universalmente conhecidas,
desde Jacqueline Kennedy a Marilyn Monroe, passando por Mao Tse-tung,
Che Guevara ou Elvis Presley; em vez de objectos de uso massificado, como
fontes do seu trabalho.
A técnica baseava-se em pintar grandes telas com fundos, lábios,
sobrancelhas, cabelo, etc. com cores berrantes, transferindo por serigrafia
fotografias para a tela. Estas obras foram um enorme sucesso, o que já não
aconteceu com a sua série Death and Disaster (Morte e Desastre), que
consistia em reproduções monocromáticas de desastres de automóvel
brutais, assim como de uma cadeira eléctrica.
Em 1963 começou a filmar, realizando filmes experimentais,
propositadamente muito simples e bastante aborrecidos, como um dos seus
primeiros - Sleep (Dormir) - que se resumia à filmagem durante oito horas
seguidas um homem a dormir, ou Empire (Império), que filmou o Empire
State Building do nascer ao pôr-do-sol. Mas os filmes foram tornando-se mais
sofisticados, começando a incluir som e argumento. O filme Chelsea Girls, de
1966, que mostra duas fitas lado a lado documentando a vida na Factory, foi
o primeiro filme underground a ser apresentado numa sala de cinema
comercial.
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7. Semiótica da Comunicação
Para além do cinema Warhol também
foi produtor do grupo de rock-and-roll
Velvet Underground, que incluía
naquela época Sterling Morrison,
Maureen Tucker, John Cale e Lou Reed
e o cantor alemão Nico. Arranjou-lhes
um local para ensaiar, pagou-lhes os
instrumentos musicais e deu-lhes
alguma da sua aura. Para além dos
discos, os Velvet e Warhol produziram o espectáculo Exploding Plastic
Inevitable, que utilizava a música do grupo e os filmes do artista.
Em Junho de 1968 Valerie Solanas, uma frequentadora da Factory, criadora
solitária da SCUM (Society for Cutting Up Men), entrou no estúdio de
Warhol e alvejou-o quase mortalmente. O pintor demorou mais de dois
meses a recuperar. Quando saiu do hospital tinha perdido muita da sua
popularidade junto da comunicação social. Dedicou-se então a criar a revista
“Interview”, e a apoiar jovens artistas em início de carreira, para além de
escrever livros - a sua autobiografia The Philosophy of Andy Warhol (From A
to B and Back Again) foi publicada em 1975, e apresentar dois programas
em canais de televisão por cabo. A sua pintura voltou-se para o
abstraccionismo e o expressionismo, criando a série de pinturas - Oxidation
que tinham como característica principal o terem recebido previamente
urina sua.
Em 1987 foi operado à vesícula. A operação correu bem mas Andy Warhol
morreu no dia seguinte. Era célebre há 35 anos. De facto, a sua conhecida
frase: «In the future everyone will be famous for fifteen minutes» (No futuro,
toda a gente será célebre durante quinze minutos), só se aplicará no futuro,
quando a produção cultural for totalmente massificada e em que a arte será
distribuída por meios de produção de massa.
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8. Semiótica da Comunicação
Monroe…
Um pouco sobre Maryn Monroe…
Um dos maiores símbolos
sexuais já produzidos por
Hollywood, Norma Jean Baker
Mortenson (seu nome
verdadeiro) nasceu em Los
Angeles Califórnia e viveu parte
da infância em orfanatos. Casou-
se aos 16 anos, com James
Dougherty, e aproveitou
quando o marido serviu na 2ª Guerra para tentar a sorte no
cinema.
Começou com pequenas aparições em quot;O Segredo das Jóiasquot;
(1950) e quot;A Malvadaquot; (1950), e despontou com quot;Só a Mulher
Pecaquot; (1952) e quot;Torrentes de Paixãoquot; (1953). Depois, virou mito.
Sua exuberância pode ser conferida em quot;Os Homens Preferem as
Lourasquot; (1953), quot;O Pecado Mora ao Ladoquot; (1955) e quot;Quanto Mais
Quente Melhorquot; (1959).
Divorciada de James Dougherty, casou-se com o ex-jogador
de basebol Joe Di Maggio e posteriormente com o dramaturgo
Arthur Miller. Teve também um romance com o actor francês
Yves Montand durante as filmagens de quot;Adorável Pecadoraquot;
(1960), e manteve relações jamais esclarecidas com o então
presidente John Kennedy e com seu irmão, Robert.
Morreu, devido a uma overdose de sedativos e barbitúricos. Mas
não existem provas concretas, apenas suposições e depoimentos
- alguns dos quais aparecem no documentário inglês quot;Marilyn e
os Kennedyquot; (1985). No fim, a glamurosa loura de Hollywood
morreu durante o sono com a tenra idade de 36 anos em 5 de
Agosto de 1962..
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9. Semiótica da Comunicação
Relação Publico/imagem
A Arte Pop é considerada como uma reacção ao
Expressionismo Abstracto, um movimento artístico, liderado entre outros
por Andy Warhol. O Expressionismo Abstracto, que floresceu na Europa e
nos Estados Unidos nos anos 50, reforçava a individualidade e
expressividade do artista rejeitando os elementos figurativos.
Pelo contrário, o universo da Arte Pop nada tem de abstracto
ou de expressionista, porque transpõe e interpreta a iconografia da
cultura popular. A televisão, a banda desenhada, o cinema, os meios de
comunicação de massas fornecem os símbolos que alimentam os artistas
Pop. O sentido e os símbolos da Arte Pop pretendiam ser universais e
facilmente reconhecidos por todos, numa tentativa de eliminar o fosso
entre arte erudita e arte popular.
Marilyn Monroe tornou-se a sacerdotisa da arte pop,
frequentemente celebrada como símbolo da sexualidade feminina, mas às
vezes condenada pela sociedade por comercialização do sexo.
A primeira vez que Warhol usou a imagem de Marilyn foi em
1962 numa tela chamada quot;The Six Marilynsquot; ou quot;Marilyn Six-Packquot;.
Warhol escolheu uma fotografia promocional da actriz num filme,
aumentou o seu rosto para proporções imensas e pintou a imagem numa
tela seis vezes. Manipulou a imagem usando verdes exuberantes,
magentas para os olhos e lábios e ajeitando as cores para que
contrastassem.
A fama de Marilyn estava no seu rosto, especialmente nos seus
lábios vermelhos e sedutores. A pintura de Warhol distorce,
propositadamente, a sua face e lábios, enfatizando a artificialidade da sua
imagem e suscitando que isso era comercialização grosseira de uma
imagem que poderia levar Marilyn ao declínio.
Warhol reciclou o retrato de Marilyn em várias outras telas
durante os anos 60, ocasionalmente usando-as como papel de parede.
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Ele mudava as cores da boca e dos olhos com frequência, mas usava
sempre a mesma fotografia.
Se os artistas às vezes usaram a imagem de uma estrela de cinema
para representar uma ideia abstracta, então a pop art também pode fazer
o mesmo. Três décadas depois da sua morte, o rosto de Marilyn e sua
imagem estampam uma série de itens, desde cartões até baralhos, de
cerâmica a lençóis.
Agradando uma multidão de fãs, a figura de Marilyn encanta no
Museu de Cera Madame Tussaud, em Londres. A estátua de cera, criada
no fim dos anos 50, tem sido periodicamente tratada para reflectir as
mudanças da pessoa pública de Marilyn. De um modo mais modesto, a
sua imagem continua a ser usada na publicidade e na promoção de
produtos, incluindo propaganda, outdoors e publicidade televisiva.
A arte, os produtos, os livros, os filmes, os rumores, as
comemorações, tudo isso é consequência da longevidade única de
Marilyn, que continua a encantar com seu talento e a fascinar com a sua
beleza. Nos corações de muitos, continua insuperável. Mas ainda assim, a
sua morte deixa uma sombra escura sobre a sua imagem.
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imagem
Relação redundância/entropia da imagem
A redundância da imagem está na sua repetição e banalização.
Não se trata de uma cópia mas sim do mesmo objectivo dito
ou feito de maneira diferente, ou seja, o resultado é visivelmente diferente
mas objectivamente igual. Vejamos que numa imagem aparece Marilyn
com o cabelo azul, noutra com o cabelo vermelho. Não é de todo igual,
mas é a mesma figura.
A entropia da imagem está no processo de criar “alguma coisa”
com regras. Marilyn Monroe tinha o cabelo loiro platinado mas numa
imagem fiel há varias nuances, vários tons. No pop art de Andy Warhol,
como o grau de entropia desta imagem é elevado, vai desprezar esses
pormenores e por isso simplifica tudo e generaliza-a numa só cor.
Ao simplificar a imagem de todos os pormenores ao máximo,
Warhol concebe um sistema novo em que o código de cores como o
conhecemos é alterado e entropicamente reinventado.
É a entropia que torna a imagem simples e com regras de cor
novas e faz por isso com que a redundância exista uma vez que a
repetição é favorecida por essa aleatoriedade.
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Conclusão
A Pop Arte salienta não só o carácter autónomo da obra de arte
assim como os seus instrumentos e os seus produtos que se submetem às
regras do mercado. A Pop Arte manteve um diálogo com o seu contexto
cultural, e ao contrário do que se pode pensar, a arte Pop não está
compartilhada com a lógica do sistema ou até mesmo com a reprodução
da sua linguagem, mas sim com uma maneira não subjectiva de reagir a
uma espécie de crise, uma maneira inovadora, ousada, irónica e crítica.
Da Pop Art resultaram fenómenos como: sensacionalismo, o culto
das estrelas, a perda da individualidade e a importância e eficácia dos
clichés.
Os motivos da Pop Art americana foram geralmente adoptados a
partir de outros media: recortes de revistas, foto gramam, imagens
publicitárias.
Usaram-se processos e técnicas especiais de impressão para
transferir a imagem para o respectivo suporte, onde era colorida e
alterada.
Andy warhol sempre esteve dentro da sociedade consumista, na
medida em que comprar é mais americano do que pensar (De Diego,
1999: 146), logo, vai comprando e fazendo a sua própria colecção a
partir da qual vai buscar ideias para as suas obras. Esta tendência
americana consumista foi contribuir, em parte, para a queda das barreiras
entre a arte e o resto do mundo e foi capaz de retirar com sucesso o
chamado “artist’s touch” da arte (bell cit. In Russell e Gablik: 1969:1115).
Reprodução e intertextualidade trabalham juntas em Warhol na
medida em que as suas obras acabam por dar a conhecer as marcas da
publicidade utilizada por ele em todo o mundo, vendendo-as.
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Bibliografia
◊ Breton Philippe/ Serge Proulx, A Explosão da Comunicação,
Bizancio, Lisboa 2000;
◊ Warhol, Andy, Lisma, 2005;
◊ Fiske, John, Introdução ao Estudo da Comunicação, Edições ASA
◊ História da Arte, as vanguardas do expressionismo ao abstracto,
Editorial Salvat, 2006;
◊ Joly, Martine, Introdução à Analise da Imagem, Edições 70;
◊ http://dossiers.publico.clix.pt/noticia.aspx?idCanal=293&id=67084
◊http://www.biblarte.gulbenkian.pt/content.asp?cod=destaque10&m
enu=home&parent=destaques_ant&lang=
◊http://dossiers.publico.clix.pt/noticia.aspx?idCanal=293&id=67319
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