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Como escrever texto científico
                          Kelley Cristine Gonçalves Dias Gasque


A vida acadêmica e profissional, quase sempre, exige a produção de textos científicos. Às
vezes, surgem muitas ideias para escrever, mas entre a elaboração mental e a produção
textual parece haver um grande abismo. As palavras somem da memória, as frases
parecem desarticuladas e as idéias desorganizadas. A sensação de impotência mexe
com a auto-estima. Escrever bem parece uma competência impossível de se desenvolver.
Porém, felizmente existem estratégias que podem ajudar na construção do texto. A regra
básica consiste em estruturá-lo em introdução, desenvolvimento e conclusão.


Muitos estudiosos afirmam que bons leitores são bons produtores de texto. Essa
afirmativa não é totalmente verdadeira. Ler e escrever exigem competências
diferenciadas. A leitura propicia idéias, novos pontos de vistas e visão crítica ao leitor, isto
é, oferece os ingredientes para confecção do bolo. Por sua vez, a escrita requer
organização e representação das ideias, de maneira lógica e coerente. Ou seja, os
ingredientes precisam ser colocados na medida certa, com procedimentos adequados. A
Beleza do bolo está na elegância do estilo do autor.


Para escrever bem é necessário ler para se ter ideias e praticar a escrita. Inicialmente,
requer identificar o assunto principal e os conceitos relacionados. Em seguida, esboçar
um esquema do que será tratado e em que ordem. Isso porque um erro bastante comum
é abordar os assuntos secundários em vários parágrafos, isto é, com repetição freqüente
do assunto, sem segmentar o texto.


A regra básica no que concerne à organização dos conteúdos é a construção textual em
introdução, desenvolvimento e conclusão. Apesar da aprendizagem da técnica se iniciar
na educação básica, nem sempre o texto é produzido considerando tal estrutura. A
primeira parte do texto é a introdução, cuja função é apresentar ao leitor o assunto a ser
abordado e a sua importância, bem como os objetivos do autor em relação ao texto. Em
geral, pela introdução o leitor avaliará a relevância do assunto e se o mesmo é oportuno
para as suas necessidades de informação. Por isso, torna-se crucial dar uma visão geral
do texto para instigar a curiosidade do leitor a continuar a leitura. Em casos de pesquisas,
é importante relatar brevemente a metodologia utilizada. O tamanho da introdução
depende do gênero textual. Em dissertações e teses, as introduções são mais extensas.
No artigo científico, de aproximadamente 15 paginas, a introdução deve abranger por
volta de 1 página. Em textos pequenos, de uma a duas paginas, um parágrafo é
suficiente. Esses são alguns parâmetros (não rígidos!) que podem ajudar os estudantes.


Na fase de “desenvolvimento” do texto são tratados os conceitos apresentados na
introdução. O assunto é organizado em vários tópicos e subtópicos com os respectivos
títulos e subtítulos, se necessário. Entre um tópico e outro é desejável finalizar o assunto
relacionando-o com o próximo conteúdo a ser tratado. Deve-se construir “pontes” que
integrem os vários tópicos de maneira lógica para que os leitores percebam o fio
condutor, como explicam Platão e Fiorin:


“Ao primeiro contato com um texto qualquer, por mais simples que ele pareça,
normalmente o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de
tantos significados que ocorrem na sua superfície (...). Mas, quando se trata de um bom
texto, por trás do aparente caos há ordem. Quando após varias leituras, encontra-se o fio
condutor, a primeira impressão de desorganização cede lugar à percepção de que o texto
tem harmonia e coerência (...). A partir da observação dos dados concretos da superfície,
pode se chegar à compreensão de significados mais abstratos, que dão unidade e
organização ao texto”.(1997,p.35).


No desenvolvimento do texto, os conceitos principais de cada tópico devem ser bem
definidos. Uma dica importante é iniciar pelo sentido etimológico do conceito e pela
análise das citações, preferencialmente, indireta de dois ou mais autores que pesquisam
sobre o assunto. Essa estratégia é conhecida como “argumento de autoridade”, visto que
um texto ganha mais credibilidade, quando se sustenta em outros textos que tratam do
mesmo tema.


Somente isso não é suficiente para tornar o texto convincente. Existem outros recursos de
argumentação que devem ser usados, quais sejam, a unidade textual, estabelecimento de
correlações lógicas entre as partes, uso de exemplos concretos e adequados e a
refutação de argumentos contrários. A unidade textual refere-se ao foco no assunto,
evitando dispersões e informações desencontradas. A variedade é bem-vinda desde que
desenvolvida e concluída dentro do tema central. As correlações lógicas referem-se à
articulação entre as partes relacionando as causas e efeitos das proposições, que devem
ser confirmadas com exemplos concretos que revelem os dados da realidade observável.
Por fim, a refutação de argumentos contrários é o procedimento de apresentar as opiniões
opostas às defendidas, expondo com clareza as objeções conhecidas e os argumentos
que as refutam. (PLATÃO;FIORIN,1997).


Um ponto importante a ressaltar trata da questão do plágio. Qualquer ideia retirada de
outro texto/autor precisa ser citada. Isso vale para citação literal - transcrição da forma
como consta no texto e, também, para as paráfrases ou citações indiretas - transcrições
similares ao texto. Portanto, o plágio se refere à cópia da ideia sem citação da autoria!
Plágio é crime!


A conclusão é o fechamento do texto com chave de ouro. Para isso, deve-se recapitular o
assunto e apresentar dados relacionados com os objetivos propostos e com as questões
levantadas, mostrando de forma sucinta os resultados encontrados. Um erro comum a ser
evitado na conclusão é trazer conceitos e assuntos novos que não constam no corpo do
trabalho. Ao contrário disso, a conclusão requer precisão para sintetizar os aspectos mais
importantes do estudo, bem como mostrar ao leitor as limitações encontradas no estudo,
sugerindo novos temas de pesquisas.


Após finalizar o texto, deixe-o “de molho” por algumas horas ou dias para depois lê-lo
novamente. Isso ajuda a ter outra visão do texto. Leia-o mais duas ou três vezes para
avaliar se ele representa as suas ideias de maneira clara e objetiva. Avalie se a
introdução propicia uma visão geral ao leitor. Observe se os tópicos estão bem articulados
e se a conclusão está adequada. Escrever é reescrever tantas vezes quanto forem
necessárias para o texto ficar bom.


Enfim, escrever bem requer leituras - fonte de inspiração das idéias - visão crítica
dedicação e persistência. Dessa maneira, de acordo com Mario de Andrade, “Você irá
escrevendo, irá escrevendo, se aperfeiçoando, progredindo, progredindo aos poucos: um
belo dia (se você aguentar o tranco) os outros percebem que existe um grande escritor”.


Sugere-se             a               leitura         de            dois             livros:
BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as idéias. São Paulo: Ática, 2002.
FIORIN, Jose Luiz; PLATAO. Para entender o texto: leitura e redação. 13 ed. São Paulo:
Ática, 1997.
P.s: Na parte 2, serão abordadas mais dicas sobre o texto científico.


Principais tópicos do texto cientifico




Como escrever texto científico – Parte II
Escrever um texto acadêmico requer estruturá-lo em introdução, desenvolvimento e
conclusão. Contudo, outros aspectos também são importantes para que ele fique objetivo,
preciso e elegante, por exemplo, evitar os “defeitos de argumentação” e estar atento às
normas lingüísticas.


Antes de discutir sobre os defeitos de argumentação, é necessário explicar o que se
entende por argumentação. De acordo com o Idicionário Aulete, o termo refere-se ao
raciocínio apresentado para convencer alguém ou chegar a uma conclusão. Se o objetivo
do autor é persuadir o leitor pelos argumentos, ele deve utilizar os recursos lógicos e
lingüísticos, tais como, unidade textual, argumento de autoridade, correlações lógicas
entre as partes do texto, demonstração por meio de modelos e exemplos e refutação dos
argumentos contrários.


Os defeitos de argumentação, de acordo com Platão e Fiorin (1997), referem-se, em
primeiro lugar, ao emprego de noções confusas com uso de palavras de extensão
abrangente, caráter amplo e vago como liberdade, justiça, violência, por exemplo. Essas
palavras podem ter significados diferentes de acordo com o contexto em que se inserem e
precisam ser definidas no texto para evitar ambigüidade. Em segundo, há o emprego das
noções de totalidade indeterminada, isto é, o uso de afirmações genéricas que demonstra
ausência de visão analítica e falta de informação, propiciando margem à contra-
argumentação. Um exemplo desse tipo de problema é a frase: “todos os políticos são
iguais, só querem poder e dinheiro”. Pode até parecer verdade, mas existem políticos
(talvez difíceis de serem encontrados!) honestos, que pensam em projetos em longo
prazo e no bem-estar da população.


O   terceiro   defeito   de   argumentação     relaciona-se   ao   emprego   de   noções
semiformalizadas. Expressões como classe social, práxis, burguesia, comunismo, devem
estar claramente definidas, pois os termos científicos não podem ser empregados no
senso comum. Platão e Fiorin (1997) exemplificam a questão com o enunciado: “Não se
deve negar ao cidadão o direito de protestar. Isso já é comunismo!”. No exemplo, o autor
usa o termo comunismo, quando deveria usar autoritarismo. Outro problema ocorre pelo
uso de ilustração ou modelos inadequados que levam a falsa conclusão. Muitas vezes,
usam-se fatos que não correspondem à verdade. Isso pode ser observado na frase: “a
maioria da população ativa no Brasil ganha acima de dez salários mínimos”. E, por fim,
um erro recorrente observado nos textos dos alunos é o da falsa conclusão. Esse
problema ocorre, em geral, após o relato de uma sequência de episódios, em que as
conclusões não estão contidas nos dados apresentados.


O uso das normas lingüísticas é importante para dar maior credibilidade ao texto e
convencer o leitor das idéias apresentadas. O texto científico admite a impessoalidade no
texto, ou seja, o uso da terceira pessoa do singular na voz ativa, por exemplo, “pretende-
se com esse trabalho...”. Deve-se usar a língua padrão ou norma culta, evitando
linguagem rebuscada, cheia de preciosismos e palavras difíceis de serem compreendidas
pela maioria das pessoas, além de palavras supérfluas, gírias, e ainda, aumentativos,
diminutivos e superlativos. Os termos usados devem estar claros e precisos. Uma boa
dica é evitar frases longas, com mais de três linhas.


Em relação às palavras supérfluas, Dad Squarizi publicou artigo intitulado “lipoaspiração
no texto” no Correio Braziliense com 5 dicas para a elegância e objetividade do texto.


1. Cortar os artigos indefinidos: o artigo indefinido deve ser usado com parcimônia
extrema, visto que atenua a força do substantivo, tornando-o vago e impreciso. Por
exemplo:
Hugo Chávez quer implantar (um) novo socialismo na América do Sul.
Sarcozy deu (uma) entrevista ao Correio Braziliense.
Em 2010, haverá (uma) renovação no Congresso Nacional.


2. Cortar os pronomes “seu” e “sua” : os referidos pronomes tornam o vocábulo
ambíguo ou, sem função. Eis alguns exemplos:
No (seu) pronunciamento, Lula elogiou o acordo bilionário com a França.
No acidente, quebrou a (sua) perna, fraturou os (seus) dedos, arranhou o (seu) rosto.
Antes de sair, calçou os (seus) sapatos, vestiu a (sua) blusa e pôs os (seus) óculos.


3. Cortar o pronome sujeito:
(eu) saio, (ele) sai, (nós) saímos, (eles) saem.


4. Cortar o pronome “todos”: o artigo definido engloba “todos”. Ao dizer "os candidatos
fazem campanha pela internet", englobam-se todos os candidatos, o que requer cortar o
pronome todos em muitas situações, por exemplo:


Estudo inglês todas as terças e quintas-feiras.
Estudo inglês às terças e quintas-feiras.


Todos os estudantes que faltaram perderam a explicação.
Os alunos que faltaram perderam a explicação.


5. Cortar expressões desnecessárias:
Decisão tomada no âmbito da diretoria.
Decisão tomada pela diretoria.


Trabalho de natureza temporária.
Trabalho temporário.


Problema de ordem familiar.
Problema familiar.


Curso em nível de pós-graduação.
Curso de pós-graduação
São muitos os problemas associados à norma culta, os mais comuns podem ser
categorizados em 4 classes:


Questões ortográficas: tais como acentuação, pontuação, uso de crase.
Questões de sintaxe: referem-se à combinação das palavras ou frases. Nessa categoria
estão os problemas de concordância, de regência e a colocação de pronomes.
Questões de morfologia: referem-se aos aspectos gramaticais que descrevem os
processos de formação e de flexão das palavras, tais como conjugação verbal, flexão de
substantivos e adjetivos e palavras invariáveis.
Questões de léxico: referente ao vocabulário utilizado no texto


Não se pretende abordar os aspectos gramaticais em detalhes, visto que podem ser
encontrados em boas gramáticas da língua portuguesa. Porém, descrevem-se exemplos
comuns de vícios a serem evitados, de acordo o mini dicionário Sacconi da língua
portuguesa (1996) e exemplos observados em gramáticas. As frases são apresentadas,
em primeiro lugar, de forma correta, seguida da forma errada, a ser evitada:


1) Torcemos pelo Cruzeiro. Torcemos para o cruzeiro.
2) Isso é para eu fazer. Isso não é “prá mim” fazer.
3) Fiquei para recuperação, na escola, por isso perdi minhas férias. Fiquei de
recuperação, na escola, por isso perdi minha féria.
4) A que horas começa a festa?. Que horas começa a festa?
5) Ele chega às 20h. Ele chega as 20h.
6) Nunca disse um palavrão desses. Nunca disse um palavrão “desse”.
7) Quando chegar, bata à porta!. Quando chegar, bata na porta!
8) Desfrute tudo na vida. Desfrute de tudo na vida.
9) Compartilho sua opinião. Compartilho de sua opinião.
10) Ela deu à luz gêmeos. Ela deu a luz a gêmeos.
11) Daqui a Campinas é longe? Daqui em Campinas é longe?
12) Está muito alto o preço das coisas. Está muito caro o preço das coisas.
13) O jantar está na mesa. A janta está na mesa!
14) Sentei-me à mesa com eles. Sentei na mesa com eles.
15) Você é como o seu pai: teimoso! Você é que nem o seu pai: teimoso!
16) Farei uma expedição à Antártica. Farei uma expedição à Antártida.
17) Tinha chegado cedo à escola. Tinha chego cedo à escola.
18) Tenho trazido pouco dinheiro. Tenho trago pouco dinheiro.
19) Acusaram o goleiro de ter entregado o jogo. Acusaram o goleiro de ter entregue o
jogo.
20) Não posso pagar-lhe hoje. Não posso pagar-lo hoje.
21) O pai não quis perdoar-lhe. O pai não quis perdoar-lo.
22) Você sabe fazer a prova dos noves? Você sabe fazer a prova dos nove?
23) Em que pese aos políticos, o Brasil vai indo. Em que pese os políticos, o Brasil vai
indo.
24) A 5ª e 6ª series estão sem aula. As 5ª e 6ª series estão sem aula.
25) De quem é o par de sapatos e aquele maço de cigarros? De quem é o par de
sapato e aquele maço de cigarro?
26) O professor medeia as relações em sala. O professor media as relações em sala.
27) Dois bilhões de pessoas assistiram as últimas Olimpíadas. Duas bilhões de
pessoas assistiram a última Olimpíada.
28) Um milhão de eleitores votou nele. Um milhão de eleitores votaram nele.
29) Um bilhão de estrelas brilha no céu. Um bilhão de estrelas brilham no céu.
30) Entregamos em domicílio. Entregamos à domicílio.
31) Houve muitas reclamações. Houveram muitas reclamações.
32) Faz dez anos que não viajo. Fazem dez anos que não viajo.
33) Espero que você seja feliz! Espero que você seje feliz!
34) Que Deus esteja convosco! Que Deus esteje convosco!
35) Impetrar mandado de segurança. Impetrar mandato de segurança.
36) Dois milhares de latas foram retirados das praias. Duas milhares de latas foram
retiradas das praias.
37) Os aficionados de computadores reivindicam preços mais acessíveis. Os
aficcionados de computadores reinvindicam preços mais accessíveis.
38) Os pedágios são controlados pelo DERSA. Os pedágios são controlados pela
DERSA.
39) Após a partida, os jogadores confraternizaram. Após a partida,os jogadores se
confraternizaram.
40) Compro frutas e legumes no CEASA. Compro frutas e legumes na CEASA.
41) Comprei duzentos gramas de presunto. Comprei duzentas gramas de presunto.
42) O jogador saiu de campo, puxando da perna esquerda. O jogador saiu de campo,
puxando a perna esquerda.
43) Fui classificado em octogésimo lugar. Fui classificado em octagésimo lugar.
44) Não tenho pegado resfriados ultimamente. Não tenho pego resfriados ultimamente.
45) Onde você mora ? Aonde você mora ?
46) “Viver a Divina Comédia Humana em que nada é eterno....”.”Viver a Divina Comédia
Humana onde nada é eterno....”
47) O caminhão veio de encontro ao muro. O caminhão veio ao encontro do muro.
48) Trata-se de um mau administrador. Trata-se de um mal administrador.
49) O mal é que não se toma nenhuma atitude. O mau é que não se toma nenhuma
atitude.
50) As moedas fortes mantêm o câmbio praticamente ao par. As moedas fortes mantêm o
câmbio praticamente a par.
51) Tais fatos aconteceram há dez anos. Tais fatos aconteceram a dez anos.
52) Partiriam dali a duas horas. Partiriam dali há duas horas.
53) Ele foi à festa, mas voltou bem cedo. Ele foi à festa, mais voltou bem cedo.
54) Haverá uma palestra acerca das consequências das queimadas sobre a temperatura
ambiente. Haverá uma palestra a cerca das consequências das queimadas sobre a
temperatura ambiente.
55) Os primeiros colonizadores surgiram há cerca de quinhentos anos. Os primeiros
colonizadores surgiram acerca de quinhentos anos.
56) Ele teve cerca de mil votos a favor. Ele teve a cerca de mil votos a favor.
57) São personalidades afins. São personalidades a fins.
58) Mostra-se capaz de inúmeras tarefas a fim de nos enganar. Mostra-se capaz de
inúmeras tarefas afim de nos enganar.
59) Preciso de mais um copo de leite. Preciso demais um copo de leite.
60) Estou até bem demais! Estou até bem de mais!
61) Não fazia coisa alguma senão criticar. Não fazia coisa alguma se não criticar.
62) Se não houver seriedade, o país não sairá da situação em que se encontra. Senão
houver seriedade, o país não sairá da situação em que se encontra.

Os exemplos descritos mostram que a língua portuguesa é complexa. Para escrever um
bom texto acadêmico é necessário, além do assunto, recorrer com frequência às
gramáticas e aos dicionários. E ainda assim, corre-se o risco de errar! A produção textual
não é tarefa fácil, mas com observação dos preceitos linguísticos, muita prática e reescrita
é possível escrever bem. Stephen Kanitz, em “Como escrever um bom artigo”, afirma que
o texto deve ser esculpido e não escrito! Para ele, o segredo do bom texto não é uma
questão de talento, mas de dedicação e persistência. Então, a dica é praticar muito até
que escrever se torne um ato fácil e simples, como descrito ironicamente por Pablo
Neruda: “Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio
você coloca as idéias”. Simples, assim!!!

Texto escrito por: GASQUE, Kelley Cristine Gonçalves Dias. Como escrever textos
científicos – Parte II. Disponível em: < http://kelleycristinegasque.blogspot.com/>.


Para rir um pouquinho:


ERRO DE ESCRITA
Aquela cidadezinha do interior enfrentava um problema gravíssimo: faltava sal. todo
mundo estava cozinhando sem tempero, por causa da escassez. Um grupo de cidadãos
resolve apelar ao prefeito para resolver a parada.
- Deixem comigo!! - ele responde - Já encaminhei um pedido ao governo federal, que vai
nos abastecer de sal por muito tempo!!!
Dias depois, chega à cidade um comboio de caminhões. O prefeito arma um fuzuê para
receber a carga. A população leva o pó branco pra casa e o resultado é que muita gente
sofre intoxicação. Exames mostram que o produto não era sal, mas sim, cal. O povo se
concentra na porta da prefeitura em protesto. O prefeito, constrangido, aparece na janela
e se justifica:
- Desculpe, meu povo. Ô cabeça, a minha! Esqueci de pôr a cedilha no "c"!!!



Referências:

AULETE. Idicionario Aulete. Disponível em: http://aulete.uol.com.br. Acesso em: 7 mai.
2011.
FIORIN, Jose Luiz; PLATAO. Para entender o texto: leitura e redação. 13 ed. São Paulo:
Ática, 1997.
KANITZ, Stephen. Como escrever um bom artigo. Disponível em:
http://www.kanitz.com.br/impublicaveis/como_escrever_um_artigo.asp
SACCONI, Luiz Antonio. Minidicionário Sacconi da Língua Portuguesa. São Paulo: atual,
1996.

Disponível no site: http://kelleycristinegasque.blogspot.com.br/2011/05/como-escrever-
texto-cientifico-parte-ii.html

Acessado em 21.08.2012

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Como escrever texto científico de forma estruturada

  • 1. Como escrever texto científico Kelley Cristine Gonçalves Dias Gasque A vida acadêmica e profissional, quase sempre, exige a produção de textos científicos. Às vezes, surgem muitas ideias para escrever, mas entre a elaboração mental e a produção textual parece haver um grande abismo. As palavras somem da memória, as frases parecem desarticuladas e as idéias desorganizadas. A sensação de impotência mexe com a auto-estima. Escrever bem parece uma competência impossível de se desenvolver. Porém, felizmente existem estratégias que podem ajudar na construção do texto. A regra básica consiste em estruturá-lo em introdução, desenvolvimento e conclusão. Muitos estudiosos afirmam que bons leitores são bons produtores de texto. Essa afirmativa não é totalmente verdadeira. Ler e escrever exigem competências diferenciadas. A leitura propicia idéias, novos pontos de vistas e visão crítica ao leitor, isto é, oferece os ingredientes para confecção do bolo. Por sua vez, a escrita requer organização e representação das ideias, de maneira lógica e coerente. Ou seja, os ingredientes precisam ser colocados na medida certa, com procedimentos adequados. A Beleza do bolo está na elegância do estilo do autor. Para escrever bem é necessário ler para se ter ideias e praticar a escrita. Inicialmente, requer identificar o assunto principal e os conceitos relacionados. Em seguida, esboçar um esquema do que será tratado e em que ordem. Isso porque um erro bastante comum é abordar os assuntos secundários em vários parágrafos, isto é, com repetição freqüente do assunto, sem segmentar o texto. A regra básica no que concerne à organização dos conteúdos é a construção textual em introdução, desenvolvimento e conclusão. Apesar da aprendizagem da técnica se iniciar na educação básica, nem sempre o texto é produzido considerando tal estrutura. A primeira parte do texto é a introdução, cuja função é apresentar ao leitor o assunto a ser abordado e a sua importância, bem como os objetivos do autor em relação ao texto. Em geral, pela introdução o leitor avaliará a relevância do assunto e se o mesmo é oportuno para as suas necessidades de informação. Por isso, torna-se crucial dar uma visão geral do texto para instigar a curiosidade do leitor a continuar a leitura. Em casos de pesquisas,
  • 2. é importante relatar brevemente a metodologia utilizada. O tamanho da introdução depende do gênero textual. Em dissertações e teses, as introduções são mais extensas. No artigo científico, de aproximadamente 15 paginas, a introdução deve abranger por volta de 1 página. Em textos pequenos, de uma a duas paginas, um parágrafo é suficiente. Esses são alguns parâmetros (não rígidos!) que podem ajudar os estudantes. Na fase de “desenvolvimento” do texto são tratados os conceitos apresentados na introdução. O assunto é organizado em vários tópicos e subtópicos com os respectivos títulos e subtítulos, se necessário. Entre um tópico e outro é desejável finalizar o assunto relacionando-o com o próximo conteúdo a ser tratado. Deve-se construir “pontes” que integrem os vários tópicos de maneira lógica para que os leitores percebam o fio condutor, como explicam Platão e Fiorin: “Ao primeiro contato com um texto qualquer, por mais simples que ele pareça, normalmente o leitor se defronta com a dificuldade de encontrar unidade por trás de tantos significados que ocorrem na sua superfície (...). Mas, quando se trata de um bom texto, por trás do aparente caos há ordem. Quando após varias leituras, encontra-se o fio condutor, a primeira impressão de desorganização cede lugar à percepção de que o texto tem harmonia e coerência (...). A partir da observação dos dados concretos da superfície, pode se chegar à compreensão de significados mais abstratos, que dão unidade e organização ao texto”.(1997,p.35). No desenvolvimento do texto, os conceitos principais de cada tópico devem ser bem definidos. Uma dica importante é iniciar pelo sentido etimológico do conceito e pela análise das citações, preferencialmente, indireta de dois ou mais autores que pesquisam sobre o assunto. Essa estratégia é conhecida como “argumento de autoridade”, visto que um texto ganha mais credibilidade, quando se sustenta em outros textos que tratam do mesmo tema. Somente isso não é suficiente para tornar o texto convincente. Existem outros recursos de argumentação que devem ser usados, quais sejam, a unidade textual, estabelecimento de correlações lógicas entre as partes, uso de exemplos concretos e adequados e a refutação de argumentos contrários. A unidade textual refere-se ao foco no assunto, evitando dispersões e informações desencontradas. A variedade é bem-vinda desde que desenvolvida e concluída dentro do tema central. As correlações lógicas referem-se à
  • 3. articulação entre as partes relacionando as causas e efeitos das proposições, que devem ser confirmadas com exemplos concretos que revelem os dados da realidade observável. Por fim, a refutação de argumentos contrários é o procedimento de apresentar as opiniões opostas às defendidas, expondo com clareza as objeções conhecidas e os argumentos que as refutam. (PLATÃO;FIORIN,1997). Um ponto importante a ressaltar trata da questão do plágio. Qualquer ideia retirada de outro texto/autor precisa ser citada. Isso vale para citação literal - transcrição da forma como consta no texto e, também, para as paráfrases ou citações indiretas - transcrições similares ao texto. Portanto, o plágio se refere à cópia da ideia sem citação da autoria! Plágio é crime! A conclusão é o fechamento do texto com chave de ouro. Para isso, deve-se recapitular o assunto e apresentar dados relacionados com os objetivos propostos e com as questões levantadas, mostrando de forma sucinta os resultados encontrados. Um erro comum a ser evitado na conclusão é trazer conceitos e assuntos novos que não constam no corpo do trabalho. Ao contrário disso, a conclusão requer precisão para sintetizar os aspectos mais importantes do estudo, bem como mostrar ao leitor as limitações encontradas no estudo, sugerindo novos temas de pesquisas. Após finalizar o texto, deixe-o “de molho” por algumas horas ou dias para depois lê-lo novamente. Isso ajuda a ter outra visão do texto. Leia-o mais duas ou três vezes para avaliar se ele representa as suas ideias de maneira clara e objetiva. Avalie se a introdução propicia uma visão geral ao leitor. Observe se os tópicos estão bem articulados e se a conclusão está adequada. Escrever é reescrever tantas vezes quanto forem necessárias para o texto ficar bom. Enfim, escrever bem requer leituras - fonte de inspiração das idéias - visão crítica dedicação e persistência. Dessa maneira, de acordo com Mario de Andrade, “Você irá escrevendo, irá escrevendo, se aperfeiçoando, progredindo, progredindo aos poucos: um belo dia (se você aguentar o tranco) os outros percebem que existe um grande escritor”. Sugere-se a leitura de dois livros: BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as idéias. São Paulo: Ática, 2002.
  • 4. FIORIN, Jose Luiz; PLATAO. Para entender o texto: leitura e redação. 13 ed. São Paulo: Ática, 1997. P.s: Na parte 2, serão abordadas mais dicas sobre o texto científico. Principais tópicos do texto cientifico Como escrever texto científico – Parte II Escrever um texto acadêmico requer estruturá-lo em introdução, desenvolvimento e conclusão. Contudo, outros aspectos também são importantes para que ele fique objetivo, preciso e elegante, por exemplo, evitar os “defeitos de argumentação” e estar atento às normas lingüísticas. Antes de discutir sobre os defeitos de argumentação, é necessário explicar o que se entende por argumentação. De acordo com o Idicionário Aulete, o termo refere-se ao raciocínio apresentado para convencer alguém ou chegar a uma conclusão. Se o objetivo do autor é persuadir o leitor pelos argumentos, ele deve utilizar os recursos lógicos e lingüísticos, tais como, unidade textual, argumento de autoridade, correlações lógicas entre as partes do texto, demonstração por meio de modelos e exemplos e refutação dos argumentos contrários. Os defeitos de argumentação, de acordo com Platão e Fiorin (1997), referem-se, em primeiro lugar, ao emprego de noções confusas com uso de palavras de extensão abrangente, caráter amplo e vago como liberdade, justiça, violência, por exemplo. Essas palavras podem ter significados diferentes de acordo com o contexto em que se inserem e precisam ser definidas no texto para evitar ambigüidade. Em segundo, há o emprego das noções de totalidade indeterminada, isto é, o uso de afirmações genéricas que demonstra ausência de visão analítica e falta de informação, propiciando margem à contra-
  • 5. argumentação. Um exemplo desse tipo de problema é a frase: “todos os políticos são iguais, só querem poder e dinheiro”. Pode até parecer verdade, mas existem políticos (talvez difíceis de serem encontrados!) honestos, que pensam em projetos em longo prazo e no bem-estar da população. O terceiro defeito de argumentação relaciona-se ao emprego de noções semiformalizadas. Expressões como classe social, práxis, burguesia, comunismo, devem estar claramente definidas, pois os termos científicos não podem ser empregados no senso comum. Platão e Fiorin (1997) exemplificam a questão com o enunciado: “Não se deve negar ao cidadão o direito de protestar. Isso já é comunismo!”. No exemplo, o autor usa o termo comunismo, quando deveria usar autoritarismo. Outro problema ocorre pelo uso de ilustração ou modelos inadequados que levam a falsa conclusão. Muitas vezes, usam-se fatos que não correspondem à verdade. Isso pode ser observado na frase: “a maioria da população ativa no Brasil ganha acima de dez salários mínimos”. E, por fim, um erro recorrente observado nos textos dos alunos é o da falsa conclusão. Esse problema ocorre, em geral, após o relato de uma sequência de episódios, em que as conclusões não estão contidas nos dados apresentados. O uso das normas lingüísticas é importante para dar maior credibilidade ao texto e convencer o leitor das idéias apresentadas. O texto científico admite a impessoalidade no texto, ou seja, o uso da terceira pessoa do singular na voz ativa, por exemplo, “pretende- se com esse trabalho...”. Deve-se usar a língua padrão ou norma culta, evitando linguagem rebuscada, cheia de preciosismos e palavras difíceis de serem compreendidas pela maioria das pessoas, além de palavras supérfluas, gírias, e ainda, aumentativos, diminutivos e superlativos. Os termos usados devem estar claros e precisos. Uma boa dica é evitar frases longas, com mais de três linhas. Em relação às palavras supérfluas, Dad Squarizi publicou artigo intitulado “lipoaspiração no texto” no Correio Braziliense com 5 dicas para a elegância e objetividade do texto. 1. Cortar os artigos indefinidos: o artigo indefinido deve ser usado com parcimônia extrema, visto que atenua a força do substantivo, tornando-o vago e impreciso. Por exemplo:
  • 6. Hugo Chávez quer implantar (um) novo socialismo na América do Sul. Sarcozy deu (uma) entrevista ao Correio Braziliense. Em 2010, haverá (uma) renovação no Congresso Nacional. 2. Cortar os pronomes “seu” e “sua” : os referidos pronomes tornam o vocábulo ambíguo ou, sem função. Eis alguns exemplos: No (seu) pronunciamento, Lula elogiou o acordo bilionário com a França. No acidente, quebrou a (sua) perna, fraturou os (seus) dedos, arranhou o (seu) rosto. Antes de sair, calçou os (seus) sapatos, vestiu a (sua) blusa e pôs os (seus) óculos. 3. Cortar o pronome sujeito: (eu) saio, (ele) sai, (nós) saímos, (eles) saem. 4. Cortar o pronome “todos”: o artigo definido engloba “todos”. Ao dizer "os candidatos fazem campanha pela internet", englobam-se todos os candidatos, o que requer cortar o pronome todos em muitas situações, por exemplo: Estudo inglês todas as terças e quintas-feiras. Estudo inglês às terças e quintas-feiras. Todos os estudantes que faltaram perderam a explicação. Os alunos que faltaram perderam a explicação. 5. Cortar expressões desnecessárias: Decisão tomada no âmbito da diretoria. Decisão tomada pela diretoria. Trabalho de natureza temporária. Trabalho temporário. Problema de ordem familiar. Problema familiar. Curso em nível de pós-graduação. Curso de pós-graduação
  • 7. São muitos os problemas associados à norma culta, os mais comuns podem ser categorizados em 4 classes: Questões ortográficas: tais como acentuação, pontuação, uso de crase. Questões de sintaxe: referem-se à combinação das palavras ou frases. Nessa categoria estão os problemas de concordância, de regência e a colocação de pronomes. Questões de morfologia: referem-se aos aspectos gramaticais que descrevem os processos de formação e de flexão das palavras, tais como conjugação verbal, flexão de substantivos e adjetivos e palavras invariáveis. Questões de léxico: referente ao vocabulário utilizado no texto Não se pretende abordar os aspectos gramaticais em detalhes, visto que podem ser encontrados em boas gramáticas da língua portuguesa. Porém, descrevem-se exemplos comuns de vícios a serem evitados, de acordo o mini dicionário Sacconi da língua portuguesa (1996) e exemplos observados em gramáticas. As frases são apresentadas, em primeiro lugar, de forma correta, seguida da forma errada, a ser evitada: 1) Torcemos pelo Cruzeiro. Torcemos para o cruzeiro. 2) Isso é para eu fazer. Isso não é “prá mim” fazer. 3) Fiquei para recuperação, na escola, por isso perdi minhas férias. Fiquei de recuperação, na escola, por isso perdi minha féria. 4) A que horas começa a festa?. Que horas começa a festa? 5) Ele chega às 20h. Ele chega as 20h. 6) Nunca disse um palavrão desses. Nunca disse um palavrão “desse”. 7) Quando chegar, bata à porta!. Quando chegar, bata na porta! 8) Desfrute tudo na vida. Desfrute de tudo na vida. 9) Compartilho sua opinião. Compartilho de sua opinião. 10) Ela deu à luz gêmeos. Ela deu a luz a gêmeos. 11) Daqui a Campinas é longe? Daqui em Campinas é longe? 12) Está muito alto o preço das coisas. Está muito caro o preço das coisas. 13) O jantar está na mesa. A janta está na mesa! 14) Sentei-me à mesa com eles. Sentei na mesa com eles. 15) Você é como o seu pai: teimoso! Você é que nem o seu pai: teimoso! 16) Farei uma expedição à Antártica. Farei uma expedição à Antártida.
  • 8. 17) Tinha chegado cedo à escola. Tinha chego cedo à escola. 18) Tenho trazido pouco dinheiro. Tenho trago pouco dinheiro. 19) Acusaram o goleiro de ter entregado o jogo. Acusaram o goleiro de ter entregue o jogo. 20) Não posso pagar-lhe hoje. Não posso pagar-lo hoje. 21) O pai não quis perdoar-lhe. O pai não quis perdoar-lo. 22) Você sabe fazer a prova dos noves? Você sabe fazer a prova dos nove? 23) Em que pese aos políticos, o Brasil vai indo. Em que pese os políticos, o Brasil vai indo. 24) A 5ª e 6ª series estão sem aula. As 5ª e 6ª series estão sem aula. 25) De quem é o par de sapatos e aquele maço de cigarros? De quem é o par de sapato e aquele maço de cigarro? 26) O professor medeia as relações em sala. O professor media as relações em sala. 27) Dois bilhões de pessoas assistiram as últimas Olimpíadas. Duas bilhões de pessoas assistiram a última Olimpíada. 28) Um milhão de eleitores votou nele. Um milhão de eleitores votaram nele. 29) Um bilhão de estrelas brilha no céu. Um bilhão de estrelas brilham no céu. 30) Entregamos em domicílio. Entregamos à domicílio. 31) Houve muitas reclamações. Houveram muitas reclamações. 32) Faz dez anos que não viajo. Fazem dez anos que não viajo. 33) Espero que você seja feliz! Espero que você seje feliz! 34) Que Deus esteja convosco! Que Deus esteje convosco! 35) Impetrar mandado de segurança. Impetrar mandato de segurança. 36) Dois milhares de latas foram retirados das praias. Duas milhares de latas foram retiradas das praias. 37) Os aficionados de computadores reivindicam preços mais acessíveis. Os aficcionados de computadores reinvindicam preços mais accessíveis. 38) Os pedágios são controlados pelo DERSA. Os pedágios são controlados pela DERSA. 39) Após a partida, os jogadores confraternizaram. Após a partida,os jogadores se confraternizaram. 40) Compro frutas e legumes no CEASA. Compro frutas e legumes na CEASA. 41) Comprei duzentos gramas de presunto. Comprei duzentas gramas de presunto. 42) O jogador saiu de campo, puxando da perna esquerda. O jogador saiu de campo, puxando a perna esquerda.
  • 9. 43) Fui classificado em octogésimo lugar. Fui classificado em octagésimo lugar. 44) Não tenho pegado resfriados ultimamente. Não tenho pego resfriados ultimamente. 45) Onde você mora ? Aonde você mora ? 46) “Viver a Divina Comédia Humana em que nada é eterno....”.”Viver a Divina Comédia Humana onde nada é eterno....” 47) O caminhão veio de encontro ao muro. O caminhão veio ao encontro do muro. 48) Trata-se de um mau administrador. Trata-se de um mal administrador. 49) O mal é que não se toma nenhuma atitude. O mau é que não se toma nenhuma atitude. 50) As moedas fortes mantêm o câmbio praticamente ao par. As moedas fortes mantêm o câmbio praticamente a par. 51) Tais fatos aconteceram há dez anos. Tais fatos aconteceram a dez anos. 52) Partiriam dali a duas horas. Partiriam dali há duas horas. 53) Ele foi à festa, mas voltou bem cedo. Ele foi à festa, mais voltou bem cedo. 54) Haverá uma palestra acerca das consequências das queimadas sobre a temperatura ambiente. Haverá uma palestra a cerca das consequências das queimadas sobre a temperatura ambiente. 55) Os primeiros colonizadores surgiram há cerca de quinhentos anos. Os primeiros colonizadores surgiram acerca de quinhentos anos. 56) Ele teve cerca de mil votos a favor. Ele teve a cerca de mil votos a favor. 57) São personalidades afins. São personalidades a fins. 58) Mostra-se capaz de inúmeras tarefas a fim de nos enganar. Mostra-se capaz de inúmeras tarefas afim de nos enganar. 59) Preciso de mais um copo de leite. Preciso demais um copo de leite. 60) Estou até bem demais! Estou até bem de mais! 61) Não fazia coisa alguma senão criticar. Não fazia coisa alguma se não criticar. 62) Se não houver seriedade, o país não sairá da situação em que se encontra. Senão houver seriedade, o país não sairá da situação em que se encontra. Os exemplos descritos mostram que a língua portuguesa é complexa. Para escrever um bom texto acadêmico é necessário, além do assunto, recorrer com frequência às gramáticas e aos dicionários. E ainda assim, corre-se o risco de errar! A produção textual não é tarefa fácil, mas com observação dos preceitos linguísticos, muita prática e reescrita é possível escrever bem. Stephen Kanitz, em “Como escrever um bom artigo”, afirma que o texto deve ser esculpido e não escrito! Para ele, o segredo do bom texto não é uma questão de talento, mas de dedicação e persistência. Então, a dica é praticar muito até
  • 10. que escrever se torne um ato fácil e simples, como descrito ironicamente por Pablo Neruda: “Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca as idéias”. Simples, assim!!! Texto escrito por: GASQUE, Kelley Cristine Gonçalves Dias. Como escrever textos científicos – Parte II. Disponível em: < http://kelleycristinegasque.blogspot.com/>. Para rir um pouquinho: ERRO DE ESCRITA Aquela cidadezinha do interior enfrentava um problema gravíssimo: faltava sal. todo mundo estava cozinhando sem tempero, por causa da escassez. Um grupo de cidadãos resolve apelar ao prefeito para resolver a parada. - Deixem comigo!! - ele responde - Já encaminhei um pedido ao governo federal, que vai nos abastecer de sal por muito tempo!!! Dias depois, chega à cidade um comboio de caminhões. O prefeito arma um fuzuê para receber a carga. A população leva o pó branco pra casa e o resultado é que muita gente sofre intoxicação. Exames mostram que o produto não era sal, mas sim, cal. O povo se concentra na porta da prefeitura em protesto. O prefeito, constrangido, aparece na janela e se justifica: - Desculpe, meu povo. Ô cabeça, a minha! Esqueci de pôr a cedilha no "c"!!! Referências: AULETE. Idicionario Aulete. Disponível em: http://aulete.uol.com.br. Acesso em: 7 mai. 2011. FIORIN, Jose Luiz; PLATAO. Para entender o texto: leitura e redação. 13 ed. São Paulo: Ática, 1997. KANITZ, Stephen. Como escrever um bom artigo. Disponível em: http://www.kanitz.com.br/impublicaveis/como_escrever_um_artigo.asp SACCONI, Luiz Antonio. Minidicionário Sacconi da Língua Portuguesa. São Paulo: atual, 1996. Disponível no site: http://kelleycristinegasque.blogspot.com.br/2011/05/como-escrever- texto-cientifico-parte-ii.html Acessado em 21.08.2012