SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 17
Baixar para ler offline
Sabeísmo e a
Religião Iorubana

Keyvan Bueno Nikobin
Sabeísmo e a Religião Iorubana

Agradecimentos ao:
Apelegi Alabó Tobi de Lembaraganga
(Antonio Pereira da Silva, 1951-1997)
da Casa de Caridade do Senhor
do Bonfim (1981-1997)
de Campinas, SP, Brasil

© 1993 copyright
Todos os direitos em português reservados para:
EDITORA BAHÁ’Í DO BRASIL
Caixa Postal 1085
13800-973 Mogi Mirim SP
www.editorabahaibrasil.com.br
ISBN: 978-85-320-0215-0

1ª Edição: 1993
2ª Edição: 2010 (revisada)

Caso for imprimir o livro utilizar
papel A4: 210 x 297 mm.

[2]
Sabeísmo e a Religião Iorubana

ESTE TRABALHO consiste em apresentar uma das Religiões Mundiais, o Sabeísmo e

um dos seus seguimentos – a Religião Iorubana – para a partir destes dados, nós, da Comunidade Bahá’í, podermos entender, promover e ensinar laços humanísticos vitais em benefício
da compreensão espiritual entre os povos e mostrar aos seres humanos que cultuam um dos
seguimentos desta Religião no Brasil, a Fé Universal, a Fé de Bahá’u’lláh e que todos somos
oriundos de uma Grande Família, a Família de Deus.
... o princípio fundamental que constitui o alicerce da crença bahá’í, o princípio que
a verdade religiosa não é absoluta mas relativa, que a Revelação Divina é regular,
contínua e progressiva, e não espamódica ou final...1
	

Bahá’u’lláh nos ensina que o Báb iniciou um novo Ciclo Profético, o Ciclo das Realizações, o Ciclo Bahá’í (destinado a durar não menos que 500.000 anos) e findou o
Ciclo Adâmico, o Ciclo das Profecias2, iniciado por Adão a mais ou menos 6.000 anos
atrás, não querendo dizer com isto que não existiram outros profetas antes de Adão,
mas sim que não existem registros anteriores a Adão, e que deve ser atribuído ao seu
longínquo extremo, e também às vastas mudanças às quais a Terra passou desde aquela
época.3

	
	
Dentro deste Ciclo Adâmico, podemos citar nove Religiões Mundiais (em algumas
delas há um grande sectarismo ou divisões em seitas):
Religião

Fundador

Sabeísmo
Hinduísmo
Judaísmo
Zoroastrianismo
Budismo
Cristianismo
Islamismo
Fé Babí
Fé Bahá’í

Data

Desconhecido
Krishna
Moisés
Zoroastro
Buda
Cristo
Muhammad
O Báb
Bahá’u’lláh

Livro Revelado
4.000 A.C.*
3.000 A.C.*
1.330 A.C.*
1.000 A.C.*
560 A.C.*
1 D.C.
622 D.C.
1.844 D.C.
1.853 D.C.

(*aproximadamente)

[3]

Relatos verbais
Bhagavad-Gita
Torá
Zend-Avesta
Tri-Pitákas
Bíblia
Alcorão
Báyan
+ 15.000 Epístolas
Sabeísmo e a Religião Iorubana
	
Interessante lembrar que as Casas de Adoração Bahá’í – Templos Bahá’ís – possuem
nove entradas, uma porta para cada crença, culminando em uma única cúpula – Deus, um
lugar onde todos os seres humanos vão para adorá-Lo.
	
O Sabeísmo (ou Sabeanismo ou Religião Sabeísta), cujos seguidores poderão ser chamados de sabeístas, sabeítas ou sabeãos (não confundi-los com os seguidores de João Batista,
que não aceitaram a Cristo como o Prometido e também eram chamados de sabeãos), não
possui provas definitivas, e segundo Shoghi Effendi, nem a História poderá prover detalhes
suficientes e confiáveis para responder a respeito de Seu Fundador4 mas que, com certeza,
foi um Mensageiro Divino; há dúvidas também sobre a correta data de inauguração da era
sabeísta ou hinduísmo.5 Outras referências aos sabeístas, encontramos no Alcorão, nas Suras
2:59, 5:74 e 22:17.
	
Podemos considerar Abraão como um seguidor desta Fé6, pois o país no qual o Sabeísmo foi largamente disseminado foi o Iraque (antiga Caldéia, região de Ur), tendo mais tarde
se desenvolvido na África. Conta a Bíblia (Gen. 2, 10 a 14), que desta região saíam 4 rios, sendo o
segundo para a África (Etiópia, terra de Cuxe). Sabemos que não existem rios saindo da Ásia
para a África, sendo um dos simbolismos do Rio Maior com seus Braços, a de Deus e Seus
Mensageiros.
	
É neste período que surge a figura de Nimrod (não confundir com o rei que perseguiu
Abraão), na qual, segundo historiadores africanos e europeus, após um pacto semelhante ao
de Deus com Abraão, ao de Abraão para Abraão, Nimrod passa a se chamar Odudúwa, em
iorubá (língua largamente usada em várias regiões da África, com muita influência no Norte), que traduzida para o português ficaria: Recipiente do Criador da Existência ou Fonte
Geradora de Vida, criando a partir daquele instante a Religião Iorubana, juntamente com o
Império e a Cultura Iorubana. É interessante frisar o nome com que Nimrod se proclamou –
Recipiente do Criador da Existência, ou seja, Ele não se intitula um Deus, mas sim apenas
um Recipiente, um Espaço para que Deus atue, O Vestígio de Deus, tal como Bahá’u’lláh nos
ensina, que os Mensageiros de Deus são os Canais Perfeitos, de Deus para com os homens,
Espelhos completamente limpos, que refletem toda a intensidade de luz que recebem.
	
Os relatos que se seguem são pesquisas feitas por historiadores, as quais não podemos
afirmar sua veracidade, mas podemos aproximarmos-nos mais e entender este povo, dos quais
muitos brasileiros descendem. De todas as teorias existentes, irei me concentrar na de Clapperton (Travels and Discoveries in Northen and Central África 1822 / 1824) onde segundo
suas próprias palavras:
“Os habitantes da província de Yarba são supostamente descendentes dos filhos de
Canaã que pertenciam à tribo de Nimrod. Desse ponto de origem, avançaram para o
interior da África até Yarba, onde fixaram residência. Em seu caminho, pararam em
vários lugares desmembrando-se em pequenas tribos da mesma origem étnica. Assim,
supõe-se que todas as tribos do Sudão que habitam as montanhas são oriundas desses,
bem como os habitantes de Yao-ry. Também a mesma descrição é dada ao povo de
Neofee (Nupe). No nome Lamurudu ou Namurudu podemos facilmente reconhecer
a modificação fonética do nome Nimrod. Se este Nimrod era conhecido por o forte,
filho de Hassoul, ou Nimrod, o guerreiro bíblico, ou ainda se ambos eram a mesma
pessoa, não podemos afirmar. Porém, o conteúdo das teses não só confirma as tradições
da origem, como garante a veracidade das lendas. É sabido que os descendentes de

[4]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
Nimrod (fenícios) foram levados a guerrear os filhos de Ismael e após foram perseguidos por razões religiosas até a África.”
	
Os manuscritos, achados arqueológicos e lendas sobre a venerada figura do ancestral
dessa raça, também acentua profundamente a forma egípcia em seu todo, sendo a mais famosa
de todas as peças encontradas até os dias de hoje, e considerada uma das maravilhas de Ifé, é
o Opá Oranian (monólito de Oranian), um obelisco tido como sendo o túmulo deste herói,
e que possui características de origem fenícia. Nesse mesmo monólito, encontramos palavras
pertencentes à Kabala hebraica inscritas de forma clara e evidente como uma mensagem à
posteridade. As palavras (símbolos) são YOD, RESH, VÔ, BETH e ALEPH, definição hebraica no nome YORUBÁ e cuja tradução seria a seguinte:
		
		
		
		
		

YOD – A divindade por ordem da
RESH – unidade psíquica do ser
VÔ – deu origem
BETH – ao movimento de luz, objeto central
ALEPH – e estabilidade coletiva do homem.

	
Assim, os símbolos Yod e resh comporiam as letras Y – O – R, o símbolo Vô a letra
U, o símbolo Beth a letra B e o símbolo Aleph a letra A:
	
	
YOD = YO, RESH = R, VÔ = U, BETH = B, ALEPH = Á
	
	
Ao mesmo tempo em que se tem a definição da origem cabalística da palavra Yorubá,
temos no mesmo monólito a profecia que define a implantação do Império Yorubano por
Nimrod, sob o nome de Odudúwa, fundador da antiga cidade de Ilê Ifê, berço da Cultura
Iorubana.
	
Lembramos, também, que Nimrod era descendente de Noé, neto de Cam e filho de
Cuxe (Gen. 10, cap. 8 e 9), por conseguinte Abraão (ex-Abrão) descendente de Sem (filho de Noé)
e Odudúwa (ex-Nimrod), eram parentes; relembrando a promessa de Deus de que os Manifestantes de Deus seriam Seus descendentes (Gen. 12, cap. 3). [O próprio Bahá’u’lláh descende de
Katurah, segunda esposa de Abraão].
	
Essas teses são defendidas por teólogos africanos ligados ao estudo básico da religião
negra, no entanto, durante o período colonialista na África, injunções foram feitas para torcer os
conceitos religiosos africanos e a maioria de suas tradições, culturas e história foram passadas
verbalmente, e como sabemos, não é esta a melhor forma de se preservar os acontecimentos
e fatos, pois a veracidade não pode ser provada e muitas vezes são alteradas, perdendo-se
muito os conceitos originais.
	
O africano, ao contrário do que afirmam certos autores, cultua a um só Deus, dando
à natureza e seus reinos – mineral, vegetal, animal e humano – uma função vital no mundo
que nos cerca. Teme e ama a água, que o afoga e aplaca sua sede – teme e ama o fogo, que
queima e o aquece – teme e ama o sol, que o ilumina e seca a terra, e assim por diante. Nada
acontece por acaso, e todos os fenômenos da natureza têm uma explicação lógica, consequentemente, os fenômenos podem ser alterados, propiciados, estimulados e impedidos, tal como
na vida – nascimento, circuncisão, adolescência, casamento e morte são eventos, que para

[5]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
os africanos, são de cunho altamente espiritual, pois associam suas vidas à vida da natureza
numa comunhão entre Deus e o Homem.
	
No sentido amplo da teosofia africana, o culto é monoteísta, não se aceitando a idolatria.
Exatamente ao contrário do que se apregoa, a respeito, fora da África. Monoteísta sim, por
cultuar a um só Deus, Onipotente, chamado na língua iorubana de Olorum ou Oludumaré
ou ainda Olorumilá.
	
Para os iorubanos, existe um envio de Manifestantes, e apesar de não saberem que
isto acontece de tempos em tempos, muitos chegaram a aceitar Moisés, Cristo e Maomé
– necessitam saber da vinda de Bahá’u’lláh – e existe também um acordo (ou Convênio)
onde através da formação das dinastias, homens e mulheres, alguns Reis ou Rainhas e outros
através de parentesco com Odudúwa, governaram regiões da África e seus povos, a ponto
de se tornarem lendários ou Heróis Iorubanos. (Para os bahá’ís também é aplicado a Lei do
Grande Convênio, onde Deus [Olorum, God, Dieu, Dios, Alá, etc] envia um Mensageiro de
tempo em tempo para conduzir os homens a Ele, existindo também outro Convênio, onde o
Manifestante deixa um escolhido para interpretar Suas Leis, Textos e Escritos Sagrados, no
caso bahá’í, ‘Abdu’l-Bahá.)
	
Numa das mais ricas lendas ou folclores, os personagens iorubanos (muitos com
sua existência comprovada historicamente), instituem regulamentos para uma sociedade e
as funções da família e suas organizações. Por continuar o trabalho iniciado por Odudúwa,
recebem o nome de Orixá – Energia ou Guardião da Mente Humana e assevera-se que seu
número sobe a centenas, mas as figuras principais são relativamente poucas, em número de
16 (pode-se multiplicar ou diminuir este número, dependendo da nação africana), cada um
recebe uma responsabilidade e função na natureza e por conseguinte no mundo de Deus,
sendo suas vidas, relatadas verbalmente através de lendas, passando ensinamentos morais
e éticos, criando conceitos de organização social e também: respeito e entendimento com a
natureza; iniciação científica (ex.: setor da medicina, através do conhecimento das plantas);
exploração e incentivo ao trabalho; criação do comércio e troca de mercadorias; educação
às artes; beneficiamento e melhorias das plantações e colheitas; manufatura de artefatos para
culinária, vestuário, habitação e explanações sobre conceitos espirituais, tais como a morte
(evolução espiritual nos vários mundos de Deus e não o conceito de reencarnação como muitos
apregoam), criação do mundo, existência de um só Deus, etc.
	
Estes Orixás, que conduzem espiritualmente o povo africano, se tornaram imortais
através de suas lendas e são os elos dentro da Religião Iorubana para melhorar o contato de
Deus com a Sua Maior Obra na Terra – o homem. Tal como ‘Abdu’l-Bahá, Shoghi Effendi
e a Casa Universal de Justiça se tornaram a base e a guia para uma melhor compreensão e
administração da Fé Bahá’í, eles, os Orixás, se tornaram a guia e o ponto mestre dos iorubanos. Atualmente, o culto baseia-se neles e ao próprio Odudúwa, onde através de um ritual
envolvendo a dança e o canto, seus adeptos circulam, dançam ao som de atabaques e entoam
orações em dialetos ou línguas africanas, formando uma Roda Humana, na qual em seu
centro é reverenciado o Monolito de Oraniam, simbolizando a ligação entre o Céu e a Terra
ou entre Deus e os homens, portanto, é reverenciado o Intercomunicador – O Mensageiro,
numa Trilogia similar ao Grande Nome Bahá’í ou à Santíssima Trindade Cristã (pesquisar
a explicação de ‘Abdu’l-Bahá sobre o assunto, no livro: Respostas a Algumas Perguntas,
Editora Bahá’í do Brasil).
	
Esta facção do Sabeísmo, como citamos anteriormente, é uma das grandes heranças
do iorubano, povo de pele negra que entrou por nossos portos, como escravo, nos porões

[6]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
de navios intitulados Negreiros, sob as condições mais desumanas, mas apesar de todas as
fatalidades se frutificaram produzindo a Cultura Afro-brasileira, também presente na música,
dança (como a capoeira, lundu, chiba, samba, jongo, etc), culinária (como o acarajé, vatapá,
caruru, abará, etc), vestimentas e ornamentos e que após 400 anos puderam criar, juntamente
com as outras culturas existentes no Brasil, um Conglomerado Cultural Universal. Sendo
este um dos importantes pontos para o rompimento de nossos preconceitos culturais e intelectuais, unindo-nos no trabalho para a nossa tão almejada Unidade Mundial – Unidade na
Diversidade.
	
Como sabemos, a fase de manutenção dos impérios africanos resultou em guerras
intertribais, que resultou na conquista de territórios, além de gerar a posse dos prisioneiros.
Esses prisioneiros, a princípio mantidos como escravos, foram vendidos ou trocados por sal,
utensílios, contas, etc, com o aparecimento dos primeiros portugueses.
	
A tal ponto que chegou o interesse dos mercadores portugueses no produto cativo das
guerras intertribais, que teve início um sistema de espionagem e intriga organizados, para
levar as tribos a guerrear mais, sem que as mesmas soubessem da sua dualidade de contatos.
Assim, quando os Fons invadiram Keto, Abeokutá, Ibadan e outras cidades, os prisioneiros
Iorubás eram vendidos no porto de Ouidah aos portugueses. Quando a invasão era em sentido contrário, os Mahiis, Minas, Sombas e outros eram vendidos no porto de Lagos. Raras
foram as vezes em que os Fons conseguiram atingir a capital iorubana de Oyó e raras foram
as vezes também que os iorubas atingiram a capital Fon do Abomey. Daí a menor incidência
de escravos Fons e Oyós no Brasil, razão pela qual seus rituais e tradições, conhecidos por
Vodú e Oyóigbalé, são praticamente desconhecidos no Brasil.
	
Em 1545, encontramos os primeiros relatos de Pedro de Gois, sobre a vinda e necessidade de escravos africanos para a indústria açucareira. Daquele tempo até a proibição
do tráfico de escravos, cerca de 10 a 12 milhões de negros africanos foram trazidos para o
Brasil. Desse montante, em torno de 280 etnias eram encontrados nos mercados de escravos,
entre elas podemos destacar os Mushi-Congos, Benguelas, Cabindas, Endembos, Iorubás,
Ijeshás, Oyós, Haussas, Mandingas, Fantis, Ashantis, Minas, Fons, Mahiis, Ijebus, Fulanis,
Ibos, Krobos, Bantos, Zulus, etc.
	
Esses escravos aqui chegaram com seus rituais e tradições, encontrando o país em
plena vigência da Santa Inquisição, fato que os obrigou a esconderem seus costumes. Jamais
passaria pela cabeça do inquisitor que aquele era um ritual monoteísta que cultuava um
mesmo Deus. No entanto, foi tido como paganismo, barbárie e subcultura dos negros escravos, considerados como raça inferior. Necessário seria continuar com as tradições africanas,
mormente em se tratando de uma situação nova, na qual o sofrimento, a vergonha e a dor se
misturavam com a humilhação.
	
Tanto quanto os índios e os judeus, os africanos eram obrigados a adotar novos nomes,
aceitando o batismo e a eucaristia. Essa imposição de novos mitos e santos brancos gerou uma
união entre os africanos que, no afã de se manter fiéis às suas origens de culto, e na falta de
sacerdotes da mesma etnia, se adaptaram à cultura de outros africanos, transformando culturas
que na África eram regionais, em um panteão nacional. A partir deste momento criaram o
nome Candomblé – Samba de Roda (ou Dança em Roda), simbolizando na ação da dança,
o sincretismo da Religião Iorubana.
	
Era preciso manter os rituais de uma forma que não despertasse dúvidas nos senhores
brancos. Assim, na calada da noite, faziam o assentamento da divindade africana, enterrando
uma pedra, cercada de rituais e por cima o santo da igreja católica, aquele que mais se asse-

[7]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
melhasse ao Orixá de sua terra (como explicamos anteriormente, algumas regiões cultuavam
somente a um dos personagens). Assim, Ogum recebeu em cima de seu assentamento, a imagem de São Jorge, Oxalá recebeu a imagem de Cristo, Obaluayê recebeu a imagem de São
Lázaro, e assim por diante. Quando o feitor ou inquisitor vinha fiscalizar o local, os encontrava
cantando em seus dialetos para Ogum, Oxalá, Obaluayê, porém, não vendo os assentamentos
que estavam por debaixo das imagens católicas, pensava que os escravos estavam cultuando
a São Lázaro, a Cristo e a São Jorge, os quais poderiam ter outros nomes nos seus dialetos,
porém, para eles, feitores, eram os mesmos santos católicos. Estava criado, portanto, o Sincretismo Católico – Fetichista, que posteriormente veio a ser as razões da Umbamba. Um
dos grandes misticismos foi com o Orixá denominado “Exu”; este personagem por ter uma
lenda e personalidade mais brincalhona e extrovertida, foi vinculado ao “Diabo” do catolicismo, gerando muitas incompreensões em torno deste assunto, mas no culto original ele é um
personagem que divulga e ensina ao ser humano a melhorar sua vida, baseando-se sempre
na melhoria da comunicação (entre Deus e os homens, entre os próprios homens, entre pais
e filhos, etc), sempre voltado para o Bem.
	
Os Orixás africanos consequentemente foram identificados da seguinte forma (pode-se
multiplicar ou diminuir este número, dependendo da nação africana):
Yorubá (Keto)

Fon (Vodú/Gegê)

Angola

Santo Católico

Oxalá

Mahwú/Lissa

Lembaraganga

Cristo

Obaluayê

Sakpatá

Kajanjá/Kaviungo

São Lázaro/Roque

Xangô

Envioso

Kanbaranguanje

São Gerônimo

Oshossi

Aguê

Gongobira

São Sebastião

Inhansã

Abé

Matamba/Oyá

Santa Bárbara

Yemonjá

Abotô

Kaitumbá/Inaê

N. Sra. Conceição

Oxum

Aziri

Dandalunda

N. Sra. Aparecida

Exu

Odin/Elegbá

Bombojira/Aluvaiá

Diabo/Satanáz

Ogum

Gú

Mucumbê/Incôssi

São Jorge/Antônio

Ifá

Fá

Kassumbenca

Guia Divina

Oxumaré

Obessem

Angoromea

São Bartolomeu

Ibejí

Hoho/Tobossa

Wunje

Cosme e Damião

Egum

Geledê

Yombe

Almas outro mundo

Ossaym

Neossum

Catendê

São Expedito

Iroko

Loko

Tempo

São Onofre

Nanan Burukú

Anabiocô

Zumbarandá

Santa Ana

Soponã

Ajagum

Kafundegi

São Pedro/José

[8]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
	
Sabemos que hoje existem inúmeras facções iorubanas, tais como o Candomblé que
originou a Umbanda e a Quimbanda; o Maculêlê; Casa de Minas (facção Dahomeana em São
Luis do Maranhão); o Grupo Oyó ou Xangô em Porto Alegre; Batuque; Pará; Casa de Lia na
Ilha de Itamaracá, Katimbó, entre outras.
	
Deste montante, o misticismo ficou incontrolável e várias modificações foram inseridas. Dentre elas podemos ilustrar as Festas ou Cerimônias que se realizavam na África e
que eram sempre vinculadas à agricultura, à época das colheitas ou plantio e aqui no Brasil
se vincularam à cultuar somente aos Orixás (ex: colheita do inhame na África, comemorase no Brasil as famosas “Águas de Oxalá”). Durante a Quaresma e Semana Santa Católica,
muitos senhores e capatazes das fazendas proibiam os negros de cantarem e dançarem e até
hoje muitas Casas do Culto Iorubano – denominam-se Barracão, não possuem atividades
religiosas e até as proíbem nesse período.
	
A semana do africano possuía somente 4 dias, vinculada aos 4 elementos essenciais
(Terra, Fogo, Ar e Água), aos 4 fatores humanos (corpo, mente, alma e espírito), às 4 idades
(infância, juventude, maturidade e velhice), às 4 estações e aos 4 pontos cardeais e quando
desembarcaram no Brasil, depararam-se com a semana de 7 dias; como vinculavam seus
cultos e rituais ao calendário, várias modificações foram feitas. Os sacerdotes que na África
se dividiam em 4, cada um com uma função específica: o Babalorixá era responsável por
manter os Orixás respeitados, prosseguindo com seus cultos; o Babalaô era responsável pelos
homens, ajudando-os através do culto ao Ifá (processo de adivinhação, através de conchas
do mar – búzios); o Babalosain era responsável pela saúde da tribo, conhecedor de folhas,
preparava os remédios, era conhecido como “curandeiro” (hoje, através de uma universidade
e um diploma e a troca do conhecimento das plantas pelo conhecimento científico, os chamamos de “médicos”); e por fim o Babaogê, responsável por explicar a vida após a morte e
impor respeito às pessoas que passaram por esta vida, chamavam-no para cultuar aos Eguns
(Mortos). Pois bem, hoje no Brasil, encontramos somente um Líder Iorubano (Pai-de-Santo
ou Zelador-dos-Orixás) exercendo as 4 funções. Relembremos que quando chegavam os
escravos, em seu meio poderia encontrar-se um sacerdote, mas muito ou quase impossível
encontrar os 4 no mesmo mercado e comprados pelo mesmo dono da fazenda, o que acarretava
na escolha de um líder entre os negros que na falta de outros, exercia as 4 funções.
	
Outro ponto interessante é o Monolito de Oraniam, em muitas Casas Iorubanas, nem
sempre ele é visível e muitos nem sabem que quando dançam em sua volta, em Roda, estão
adorando à Odudúwa. Sabem que no centro da roda está algo enterrado na terra e algumas
oferendas suspensas ao teto do Barracão, simbolizando oferendas para o Céu, mas não sabem
seu correto significado. Outra grande ajuda à miscigenação foram os vários dialetos e nações,
sem nenhuma semelhança entre si, a não ser a cor da pele (o mesmo que igualar japoneses
e melanésios). Somente entre os Bantus, encontramos mais de 275 dialetos, sem falar nas
línguas dos colonizadores, por isso que encontra-se em alguns rituais iorubanos, cantigas ou
orações em inglês ou francês. Podemos provar, também, a visível influência dos invasores
europeus nas vestimentas usadas pelos iorubanos, quando estão exercendo algum culto de
grande importância (enormes saias rodadas com saiotes engomados, usadas pelos europeus
no começo do século passado).
	
O Culto Iorubano pode ser praticado em qualquer lugar. No Brasil, a prática se faz
normalmente em Barracões ou Roças, preferencialmente distante da cidade, porque os toques
ou rituais produzem sons muito alto e por vezes se prolongam, podendo até mesmo durar 21

[9]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
dias. A congregação dos frequentadores de um Barracão é chamado de filhos-de-Santo e é
dirigido pelo Babalaô, ou Pai-de-Santo ou sacerdote iorubano.
	
A denominação de Barracão vem das senzalas dos escravos, mas pode ser qualquer
tipo de edificação; na África eram ao ar livre. No centro do Barracão encontra-se enterrado o
Airíaxé (força oculta), que é ligado por um mastro ao teto, já esplanado anteriormente. Anexo
ao recinto principal, ou terreiro, ficam o Sabagi e o Roncó; estes são todos locais fechados aos
visitantes, são câmaras separadas. Em torno do Barracão há os Ilês (casas consagradas aos
Orixás). O Sabagi é o recinto onde estão assentados os otás dos Orixás. O Roncó é onde se
preparam os iaôs e recebem do Babalaô e da mãe-criadeira os ensinamentos para prosseguir
com os rituais, quando se dá a iniciação ou durante as demais obrigações. No Brasil é usual
colocar um altar aos mortos, denominado Casa de Balé.
	
Os nomes e hierarquia usados em nosso país para as funções religiosas dos iorubanos,
muitas como poderão notar, distoou do original. Qualquer pessoa pode assistir às cerimônias
comuns do Candomblé, como visitante, sem participação, bastando solicitar permissão ao
Babalaô ou qualquer iniciado. Os que tomam parte nas cerimônias são chamados de filhosde-Santo. Àquele que embora compareça com regularidade às suas práticas, mas não se tenha
ainda iniciado no culto, dá-se no nome de abiã. Depois do abiã passar por vários rituais, passa
à condição de iaô. Os iaôs levam 7 anos de aprendizado para completar seu estágio. Durante
esse tempo, recebem várias funções, que os vão preparando para se tornarem Babalorixás
ou se mulheres, Ialorixás. Existem, também, as Equedes. São aquelas que auxiliam diretamente ao Zelador-de-Santo, zelam pelos assentamentos e quartinhas no Sabagi e transmitem
os ensinamentos de vida aos abiãs. Os Ebâmis são aqueles que após 7 anos de aprendizado
como iaô, recebem este título. Ele poderá receber o Decá, ordem para iniciar outro Barracão
sob sua direção, mas se continuar no mesmo, terá funções específicas e gozar de prestígios,
geralmente é tratado por “paizinho ou padrinho” (equivalente, mãezinha ou madrinha ou
mãe-pequena), ou ainda tio ou tia. O Babalorixá é um Ebâmi que foi levantado a esta posição
depois de 7 anos de seguir o culto e seus rituais (ou comumente chamado de “feito no Santo”),
nunca antes. Babalaô é o sacerdote qualificado para ministrar o culto aos Orixás, chama-se,
também, de Pai-de-Santo. É um Babalorixá que recebeu de um babalaô dois poderes: o poder
de iniciar outras pessoas no ritual iorubano e o poder de mão-de-búzios. Gostaria de fazer
algumas explicações sobre o assunto:
	
O Jogo de Búzios ou consulta dos oráculos de Ifá é um dos métodos usado para adivinhações. Encontramos atualmente vários tipos, tais como: o carteado, leitura pelas folhas
de chá, pedras (usados pelos Vikings e Irlandeses), moedas (Ishing), pó de café, varetas e
uma infinidade de outros. Estes processos são antigos métodos que o ser humano encontrou
para promover ajuda a outro ser humano, que face à dificuldades e problemas que a vida
lhe apresenta durante algum período, procura conselhos, respostas e direção em sua vida.
Muitas vezes usando sua intuição, poderemos atualmente encontrar psicólogos e terapeutas
exercendo esta função que outros faziam em séculos passados. A diferença básica é que estes
conselheiros utilizam meios místicos para orientar as pessoas e os profissionais terapêuticos
utilizam a medicina moderna para solucionar os problemas. Não quero denegrir, nem elogiar
o que se fez ou o que se está fazendo, mas somente quando houver uma junção destes dois
lados: psicanalistas utilizando a Religião, aceitando a existência de um Deus governando
nossas vidas e por outro lado a capacidade destes conselheiros (tal como o método que os
católicos utilizam na confissão) com sua carisma e em querer ajudar as pessoas através do
amor que transmitem através de conselhos somente intuitivos, porém assimilando esta ajuda à

[10]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
profissionais da medicina – é que veremos eficácia nos remédios ministrados, é que veremos
nosso pássaro voando – uma asa simbolizando a Ciência, a outra a Religião. Caso contrário,
Bahá’u’lláh afirma que usando somente a religião, obteremos como resultado a superstição
e o fanatismo e com o uso somente da ciência, obteremos o materialismo desenfreado.
	
Voltando às hierarquias do Candomblé, temos o Babalaô que é um criador de iaôs
e futuros Babalaôs. Assim, é um patriarca (ou matriarca) espiritual, que forma verdadeiras
famílias ou clãs, que o reverenciam por toda a vida e o chamam respeitosamente de “Pai”.
Depois temos o Tata, que é quando o Babalaô atinge 21 anos de atividades no seu Barracão.
Nesta ocasião ele pode escolher um filho para funcionar como segunda pessoa e seu substituto.
A seguir, existem os Vodussi, que são muito raros, em virtude das exigências, especialmente
do tempo, 50 anos de culto e chefia do Barracão.
	
Lembremos que os iorubanos, após ingressar no culto aos Orixás e realizando todos
os rituais pertinentes, modificam o nome que receberam de seus pais carnais, para um nome
na língua iorubá, numa tradição parecida com a de Nimrod para Odudúwa. (Ex: Maria de
Fátima para Kayadijalê – Mãe dos peixes da casa). Através de sua digina (nome) em iorubá,
sabe-se que a pessoa pertence a Religião Iorubana.
	
Estas hierarquias são de obrigações e não hierarquias de direitos, apesar de muitos
não entenderem esta fato, pois, quanto maior a posição maior os deveres, maior o exemplo,
maior a humildade. Esta verdade, ‘Abdu’l-Bahá nos dá o exemplo do oceano, que apesar de
sua grandeza, imensidão e imponência, ele se coloca em um nível mais baixo para que então
possa receber as águas dos rios que fluem para ele. Fora estas, existe uma Confederação
Afro-Brasileira, mas por vários problemas as encontramos somente em âmbito estadual,
dificilmente unidas nacionalmente, e encontra-se várias dessas instituições a nível local, mas
infelizmente, com ideias partidárias e linhas de pensamento contrárias.
	
Meu intuito com este trabalho foi o de apresentar novos conceitos, também o de fazer
um bahá’í entrar em uma Casa de Culto Iorubano ou Barracão de Candomblé, entender o
que está se passando, entender as pessoas, suas origens e conceitos, tão qual se entra em uma
igreja ou sinagoga ou mesquita, ou conversa-se com um padre, pastor, rabino ou sacerdote
iorubano, sabendo respeitá-lo e aos que lá se abrigaram e a partir do conhecimento da Fé da
pessoa poder propagar a Mensagem de Bahá’u’lláh a este povo brasileiro, sedento e cheio
de esperança, muito receptivo e já executor de alguns conselhos de Bahá’u’lláh – em seus
cultos podemos encontrar negros e brancos, ricos e pobres, homens e mulheres (considerase a igualdade entre ambos), intelectuais e os menos capacitados, todos juntos se unindo em
busca de algo; na busca desesperada de resgatar a Fé, de melhorar e lapidar seu interior, sua
alma e mente.
	
Não detalhei suas lendas e rituais, pois divergem e mudam de nação para nação e
também dentro do mesmo ramo familiar. Também não entrei no que concerne à mediunidade
que é utilizada e muito divulgada nos cultos iorubanos. Este setor é por demais polêmico
e o que devemos nos ater é que inaugurou-se um novo ciclo profético, o Ciclo Bahá’í, do
qual Bahá’u’lláh é a Figura Central7 e que estamos todos sendo abençoados e convidados
a progredir espiritualmente, não necessitando de materializar esta espiritualidade, nem de
interlocutores religiosos, sejam eles deste mundo ou do vindouro.
	
Estão ao nosso alcance as Orações Bahá’ís, traduzidas para mais de 800 línguas e
idiomas. São Orações Sagradas reveladas por Bahá’u’lláh. Podemos usá-las para adorá-Lo (a
Deus), ajudar a evoluir nossos entes que já se foram e em muitas outras ocasiões. Lembrando
que estas orações foram prescritas a todos os seres humanos, e que qualquer um pode usá-las,

[11]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
dando a devida atenção para se evitar o asceticismo, e que após a oração, deve vir a meditação
e a ação, pois nossas palavras não devem exceder nossos atos. Utilizando também os Seus
ensinamentos e leis, divulgando e conhecendo o Grande Plano de Deus: o de que através de
Adão, Noé, Abraão, Odudúwa, Krishna formou-se a Família e a Tribo; através de Moisés,
Zoroastro, Buda formou-se a Cidade-Estado; através de Cristo e Maomé a Nação; e através
do Báb e Bahá’u’lláh formar-se-á uma e única Mega-Nação-Estado – a Unidade Mundial.
	
É a certeza de que reconhecendo a Bahá’u’lláh, o iorubano estará também, aceitando a
Odudúwa e cumprindo Seus mandamentos para os dias de hoje, prosseguindo com o trabalho
e serviço a Deus, transformando nossas vidas em eterna comunhão de amor e paz com nossos
semelhantes.

[12]
Sabeísmo e a Religião Iorubana

Anexo 1
Oração Obrigatória Curta

Revelada por Bahá’u’lláh
Tradução Oficial para a Língua Iorubá8

 

	
“Mo  sẹ  ijẹrii si i, lwọ Ọlọrun mi, pe lwọ da mi lati mọ Ọ
ati lati sin Ọ Mo jẹwọ ni akoko Yi niti ailagbara mi, atiniti agbara Rẹ, niti aini ati niti Ọla Rẹ.
	
Ko si Ọlọrun miran bi ko se lwọ Oluranlọwọ nigba isoro,
Eni ti ki i ku, Ẹni ti o le da duro.”
										

Bahá’u’lláh

Tradução:
	
“Dou Testemunho, ó meu Deus, de que Tu me criaste para Te conhecer e adorar.
Confesso, neste momento, minha incapacidade e Teu poder, minha pobreza e Tua riqueza.
	
Não há outro Deus além de Ti, o Amparo no Perigo, O que subsiste por Si próprio.”

[13]
Sabeísmo e a Religião Iorubana

Anexo 2
Carta à Igreja de Éfeso

(Apocalipse de São João, Bíblia, Cap. 2: 1 a 7)
	
Um dos esclarecimentos do Apocalipse de São João, Livro no qual é finalizado o
Novo Testamento e sela a Bíblia, é todo em parábolas (como toda Bíblia), tratando de fatos
e acontecimentos futuros, datas e a vinda do próximo Mensageiro. Este Livro é muito bem
estudado e relatado, com base nas Cartas e estudos do Báb, Bahá’u’lláh, ‘Abdu’l-Bahá e Shoghi Effendi sobre o assunto, feito por Robert Riggs, em seu livro The Apocalypse Unsealed,
onde foram extraídos os próximos relatos:
	
No começo do Apocalipse, 7 cartas são dirigidas aos 7 anjos das 7 igrejas da Ásia
(conclui-se que a Ásia naquele tempo era: Palestina, Arábia, Pérsia e Índia). Sendo os 7
candeeiros: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Serdes, Filadélfia e Laodiceia, onde podemos
relacionar:
Revelação

Simbolismo

Religião

Éfeso

Família

Paz

Sabeísmo

Esmirna

Mirra

Benevolência

Judaísmo

Pérgamo

Pergaminho

Justiça

Hinduísmo

Tiatira

Cipreste

Luz

Zoroastrianismo

Serdes

Pedra

Verdade

Budismo

Filadélfia

Irmandade

Amor

Cristianismo

Laodicéia
	

Significado

Justos

Harmonia

Islamismo

Sendo assim, a primeira carta é direcionada ao Revelador do Sabeísmo.
“1Ao anjo da igreja em Éfeso escreve:
Estas coisas diz Aquele que conserva na mão direita as 7 estrelas e que anda
no meio dos 7 candeeiros de ouro:

	
Na denominação de Aquele, se refere à Bahá’u’lláh. Na Epístola O Jovem do Paraíso
Bahá’u’lláh identifica a Si mesmo como A Palavra na qual dependem as almas de Todos os
Profetas de Deus e Seus escolhidos.
Conheço as tuas obras, assim o teu labor como a tua perseverança, e que não
podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se
declararam apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;
3
e tens perseverança, e suportaste provas por causa de meu nome, e não te
deixaste esmorecer.
2

	

Apóstolos são os confiáveis; por esmorecer, também se entende fatigados.

[14]
Sabeísmo e a Religião Iorubana

		

Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras
obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não
te arrependas.
6
Tens, contudo, a teu favor, que odeias, as obras dos nicolaítas, as quais eu
também odeio.
7
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor, Darlhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.”
4

5

	
Deus falando através de Bahá’u’lláh, está ameaçando remover sua Fé da Terra, porque eles se desviaram dos ensinamentos originais. Nicolaítas, seguidores de Nícolas, foram
rompedores do Convênio no começo do cristianismo, e aqui simbolizam os rompedores do
Convênio de qualquer Fé divinamente revelada. Nícolas pode ter sido originalmente um
convertido de Antióquia que é mencionado em Atos 6:5. A doutrina de Nícolas inclui a teoria
de que a aceitação de Jesus Cristo colocava o crente acima das leis e moral dos não-cristãos,
e o padrão de comportamento tornou-se grandemente uma questão de inclinação pessoal. A
promessa que Deus está fazendo é que aquele que superar os falsos ensinamentos existentes
nas atuais Igrejas (Fé), receberá vida, luz e alimento espiritual através da Manifestação de
Deus, a Árvore da Vida – Bahá’u’lláh.9

[15]
Sabeísmo e a Religião Iorubana
REFERÊNCIAS
1	
2	
3	
4	
5	
6	
7	
8	
9	

Shoghi Effendi, Unfolding Destiny.
Vide A Revelação de Bahá’u’lláh, vol. 2, 398.
1683, Light of Guidance.
1693, Light of Guidance.
1694, Light of Guidance.
1694, Light of Guidance.
A Revelação de Bahá’u’lláh, vol. 1, 341.
The Bahá’í World, 1976 – 1979, Vol. XVII, pag. 510.
Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá, 28.

BIBLIOGRAFIA
1. Hinnells, John R. Dicionário das religiões. Editora Cultrix Ltda, São Paulo, Brasil, 1984.
2. Fonseca Júnior, Eduardo. Dicionário Yorubá (Nago) Português. Editora Brasileira S.A., R.J., Brasil, 1988.
3. Compilado por: Hornby, Helen. Light of Guidance – A Bahá’í Reference File. Bahá’í Publishing Trust,
N.D., Índia, 1988.
4. Woolson, Gayle. Divine Symphony. Bahá’í Publishing Trust. N.D. Índia, 1971.
5. Dicionário Aurélio. Ed. Nova Fronteira. 1988.
6. Folheto Bahá’í: A Unidade do Gênero Humano. Lisboa, Portugal.
7. Taherzadeh, Adib. A Revelação de Bahá’u’lláh. Editora Bahá’í do Brasil, 1ª ed., 2001.
8. Riggs, Robert F. The Apocalypse unsealed. Philosophical Library, inc., N.Y., USA. 1981.
9. Costa, Fernando. A Prática do Candomblé no Brasil. Editora Renes, R. J., Brasil. 1974.
10. Effendi, Shoghi. Unfolding Destiny. Bahá’í Publishing Trust. London, Ing. 1981.
11. A Bíblia Sagrada. Traduzida para português por João F. de Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil. 1959.
12. The Koran. Traduzida do árabe para inglês por J. M. Rodwell. Everymen’s Library. London, Ingl. 1974.
13. The Bahá’í World, vol. XVII, 1976 - 1979. The Universal House of Justice. Haifa, Israel. 1981.
14. Verger, Pierre F. Lendas Africanas dos Orixás. Ed Corrupio.
15. Bastide, Roger. O Candomblé na Bahia. Ed. Nacional. São Paulo, Brasil. 1961.
Literatura sugerida:
•	
•	
•	
•	
•	

Cárdenas, B. V. (w/ d.). Apuntes sobre los Sabeanos. http://bahai-library.com/file.php5?file=villarcardenas_apuntes_sobre_sabeanos&language: Bahá’í Library Online.
Departamento de Pesquisa da Casa Universal de Justiça (2006). Sabeísmo, Buda, Krishna, Zoroastro e
Assuntos Correlatos. Mogi Mirim: Editora Bahá’í do Brasil.
Frankl, V. E. (1982). La voluntad del sentido – Conferencias escogidas sobre logoterapia. Barcelona:
Editorial Herder (4ª edição em espanhol: 2002).
Gündüz, S. (1994). The Knowledge of Life. Journal of Semitic Studies.
Mehrabkhání, R. (1995). Los sabeos y el Sabeísmo. Apuntes Bahá’ís, 53-72.

[16]
KEYVAN BUENO NIKOBIN, arquiteto hospitalar, formado pela
Universidade Farias Brito em São Paulo, sempre se preocupou
com a falta de igualdade da raça negra no Brasil. Juntamente
com o Pai-de-Santo, Antonio Pereira da Silva, preparou na década de 1990, este pequeno ensaio sobre esta primeira religião dos
primórdios da humanidade, da qual sabemos tão pouco e temos
tantos adeptos no Brasil.
Após 20 anos trabalhando para o terceiro setor, sendo mais
de uma década no ramo editorial, traz novamente esta edição
em formato digital para ampliar os horizontes daqueles puros de
coração e sem preconceitos de credo, raça ou tonalidade de pele.

www.editorabahaibrasil.com.br

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3
128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3
128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3Helton Pereira
 
Obàtálà e Òdùdúwà na Gênese Iorubá
Obàtálà e Òdùdúwà na Gênese IorubáObàtálà e Òdùdúwà na Gênese Iorubá
Obàtálà e Òdùdúwà na Gênese IorubáJ. Alfredo Bião
 
O candomblé e seus fundamentos abebes
O candomblé e seus fundamentos abebesO candomblé e seus fundamentos abebes
O candomblé e seus fundamentos abebesAnna Silva
 
Esu bara do corpo vs baraa a pessoa
Esu bara do corpo vs baraa a pessoaEsu bara do corpo vs baraa a pessoa
Esu bara do corpo vs baraa a pessoaLuiz L. Marins
 
140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buzios
140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buzios140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buzios
140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buziosedison wander de s.felippe
 
21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...
21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...
21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...Rodrigo Agra
 
Detalhes do candomblé ketu
Detalhes do candomblé ketuDetalhes do candomblé ketu
Detalhes do candomblé ketuAsogun Sebastian
 

Mais procurados (17)

Apostila adimu ebo e ofo aos orixas
Apostila adimu ebo e ofo aos orixas Apostila adimu ebo e ofo aos orixas
Apostila adimu ebo e ofo aos orixas
 
Ipori 5
Ipori 5Ipori 5
Ipori 5
 
Obi abatá 2
Obi abatá 2Obi abatá 2
Obi abatá 2
 
128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3
128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3
128316034 ifa-divination-poetry-abimbo3
 
Ifa portugues(ojo)
Ifa portugues(ojo)Ifa portugues(ojo)
Ifa portugues(ojo)
 
Ifá
IfáIfá
Ifá
 
Obàtálà e Òdùdúwà na Gênese Iorubá
Obàtálà e Òdùdúwà na Gênese IorubáObàtálà e Òdùdúwà na Gênese Iorubá
Obàtálà e Òdùdúwà na Gênese Iorubá
 
O candomblé e seus fundamentos abebes
O candomblé e seus fundamentos abebesO candomblé e seus fundamentos abebes
O candomblé e seus fundamentos abebes
 
Dafa traduzido
Dafa traduzidoDafa traduzido
Dafa traduzido
 
Ogun e oxum os orixas que governa ano 2015
Ogun e oxum os orixas que governa ano  2015Ogun e oxum os orixas que governa ano  2015
Ogun e oxum os orixas que governa ano 2015
 
Ori definição-ya-maria
Ori definição-ya-mariaOri definição-ya-maria
Ori definição-ya-maria
 
59359503 igbadu
59359503 igbadu59359503 igbadu
59359503 igbadu
 
Ilê público2
Ilê público2Ilê público2
Ilê público2
 
Esu bara do corpo vs baraa a pessoa
Esu bara do corpo vs baraa a pessoaEsu bara do corpo vs baraa a pessoa
Esu bara do corpo vs baraa a pessoa
 
140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buzios
140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buzios140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buzios
140109274 orientacao-fundamentos-dos-odus-de-ifa-jogo-de-buzios
 
21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...
21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...
21759209 18107606-16654601-esu-a-pedra-primordial-da-teologia-yoruba-apostila...
 
Detalhes do candomblé ketu
Detalhes do candomblé ketuDetalhes do candomblé ketu
Detalhes do candomblé ketu
 

Semelhante a Sabeísmo e a Religião Iorubana em

Jesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religioso
Jesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religiosoJesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religioso
Jesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religiosoLeandro Nazareth Souto
 
Dicionário Ilustrado das Religiões
Dicionário Ilustrado das ReligiõesDicionário Ilustrado das Religiões
Dicionário Ilustrado das ReligiõesRODRIGO ORION
 
Dicionario ilustrado-das-religioes
Dicionario ilustrado-das-religioesDicionario ilustrado-das-religioes
Dicionario ilustrado-das-religioesCarolina Batista
 
Dicionario ilustrado de religiões livro
Dicionario ilustrado de religiões  livroDicionario ilustrado de religiões  livro
Dicionario ilustrado de religiões livroMarcos Silvabh
 
Historia geral-das-religioes-karina-bezerra
Historia geral-das-religioes-karina-bezerraHistoria geral-das-religioes-karina-bezerra
Historia geral-das-religioes-karina-bezerraSandra Helena
 
A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01
A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01
A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01Victor Lopes
 
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕESBREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕESAntonio Marcos
 
Introdução ao estudo do evangelho
Introdução ao estudo do evangelhoIntrodução ao estudo do evangelho
Introdução ao estudo do evangelhoCláudio Fajardo
 
LivroLucia_RelOrientais.pdf
LivroLucia_RelOrientais.pdfLivroLucia_RelOrientais.pdf
LivroLucia_RelOrientais.pdfHarryNeto1
 
Religião- Judaísmo e Hinduísmos
Religião- Judaísmo e HinduísmosReligião- Judaísmo e Hinduísmos
Religião- Judaísmo e HinduísmosIsabele Félix
 

Semelhante a Sabeísmo e a Religião Iorubana em (20)

Candomblé
Candomblé Candomblé
Candomblé
 
Jesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religioso
Jesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religiosoJesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religioso
Jesus, cristo e os desafios do ecumenismo e do diálogo inter religioso
 
Religiões de matriz africana
Religiões de matriz africanaReligiões de matriz africana
Religiões de matriz africana
 
A história de israel
A história de israelA história de israel
A história de israel
 
Candomble nacoes
Candomble nacoesCandomble nacoes
Candomble nacoes
 
Esin ibile.jpg
Esin ibile.jpgEsin ibile.jpg
Esin ibile.jpg
 
Dicionário Ilustrado das Religiões
Dicionário Ilustrado das ReligiõesDicionário Ilustrado das Religiões
Dicionário Ilustrado das Religiões
 
Dicionario ilustrado-das-religioes
Dicionario ilustrado-das-religioesDicionario ilustrado-das-religioes
Dicionario ilustrado-das-religioes
 
Dicionario ilustrado das religioes
Dicionario ilustrado das religioesDicionario ilustrado das religioes
Dicionario ilustrado das religioes
 
Dicionario ilustrado de religiões livro
Dicionario ilustrado de religiões  livroDicionario ilustrado de religiões  livro
Dicionario ilustrado de religiões livro
 
Historia geral-das-religioes-karina-bezerra
Historia geral-das-religioes-karina-bezerraHistoria geral-das-religioes-karina-bezerra
Historia geral-das-religioes-karina-bezerra
 
A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01
A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01
A descendencia-do-orisa-130430184042-phpapp01
 
Os iorubás
Os iorubásOs iorubás
Os iorubás
 
Os iorubás
Os iorubásOs iorubás
Os iorubás
 
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕESBREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES
BREVE HISTÓRICO DAS RELIGIÕES
 
Introdução ao estudo do evangelho
Introdução ao estudo do evangelhoIntrodução ao estudo do evangelho
Introdução ao estudo do evangelho
 
Ezequiel
EzequielEzequiel
Ezequiel
 
Povo hebreu
Povo hebreuPovo hebreu
Povo hebreu
 
LivroLucia_RelOrientais.pdf
LivroLucia_RelOrientais.pdfLivroLucia_RelOrientais.pdf
LivroLucia_RelOrientais.pdf
 
Religião- Judaísmo e Hinduísmos
Religião- Judaísmo e HinduísmosReligião- Judaísmo e Hinduísmos
Religião- Judaísmo e Hinduísmos
 

Mais de Mauricio Gonçalves

Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)
Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)
Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)Mauricio Gonçalves
 
Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...
Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...
Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...Mauricio Gonçalves
 
Sentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literária
Sentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literáriaSentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literária
Sentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literáriaMauricio Gonçalves
 
Subsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasil
Subsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasilSubsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasil
Subsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasilMauricio Gonçalves
 
Manual+procedimentos+para+publicações
Manual+procedimentos+para+publicaçõesManual+procedimentos+para+publicações
Manual+procedimentos+para+publicaçõesMauricio Gonçalves
 
Fundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentável
Fundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentávelFundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentável
Fundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentávelMauricio Gonçalves
 
Manual+do+instrutor (lido até a 52)
Manual+do+instrutor (lido até a 52)Manual+do+instrutor (lido até a 52)
Manual+do+instrutor (lido até a 52)Mauricio Gonçalves
 
Importância e funcionamento da assembleia espiritual local
Importância e funcionamento da assembleia espiritual localImportância e funcionamento da assembleia espiritual local
Importância e funcionamento da assembleia espiritual localMauricio Gonçalves
 
Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)
Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)
Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)Mauricio Gonçalves
 
Desenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'í
Desenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'íDesenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'í
Desenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'íMauricio Gonçalves
 
Fé em ação religião e desenvolvimento
Fé em ação religião e desenvolvimentoFé em ação religião e desenvolvimento
Fé em ação religião e desenvolvimentoMauricio Gonçalves
 
Crescimeto+espiritual+do+ser+humano
Crescimeto+espiritual+do+ser+humanoCrescimeto+espiritual+do+ser+humano
Crescimeto+espiritual+do+ser+humanoMauricio Gonçalves
 
Algumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi blia
Algumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi bliaAlgumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi blia
Algumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi bliaMauricio Gonçalves
 

Mais de Mauricio Gonçalves (20)

Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)
Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)
Alcorão sagrado helmi nasr (18 mb)
 
Um novo modo de vida
Um novo modo de vidaUm novo modo de vida
Um novo modo de vida
 
Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...
Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...
Programa baha'i de vivência integral livro ii a prática da meditação no cresc...
 
Sentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literária
Sentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literáriaSentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literária
Sentimentos em letras coletânea de expressões sinceras através da arte literária
 
Subsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasil
Subsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasilSubsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasil
Subsidios+bahais+aos+novos+governantes+e+legisladores+do+brasil
 
Promessas+de+vitorias
Promessas+de+vitoriasPromessas+de+vitorias
Promessas+de+vitorias
 
Manual+procedimentos+para+publicações
Manual+procedimentos+para+publicaçõesManual+procedimentos+para+publicações
Manual+procedimentos+para+publicações
 
Os bahá'ís e a constituinte
Os bahá'ís e a constituinteOs bahá'ís e a constituinte
Os bahá'ís e a constituinte
 
Fundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentável
Fundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentávelFundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentável
Fundamentos+espirituais+para+uma+sociedade+ecologicamente+sustentável
 
Manual+do+instrutor (lido até a 52)
Manual+do+instrutor (lido até a 52)Manual+do+instrutor (lido até a 52)
Manual+do+instrutor (lido até a 52)
 
Importância e funcionamento da assembleia espiritual local
Importância e funcionamento da assembleia espiritual localImportância e funcionamento da assembleia espiritual local
Importância e funcionamento da assembleia espiritual local
 
Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)
Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)
Jejum bahá'í, o (lido até a p. 96)
 
Ensino religioso nas escolas
Ensino religioso nas escolasEnsino religioso nas escolas
Ensino religioso nas escolas
 
Desenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'í
Desenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'íDesenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'í
Desenvolvimento sócio econômico, uma perspectiva bahá'í
 
Doces sabores da santidade
Doces sabores da santidadeDoces sabores da santidade
Doces sabores da santidade
 
Fé bahá'í albúm
Fé bahá'í   albúmFé bahá'í   albúm
Fé bahá'í albúm
 
Fé em ação religião e desenvolvimento
Fé em ação religião e desenvolvimentoFé em ação religião e desenvolvimento
Fé em ação religião e desenvolvimento
 
Crescimeto+espiritual+do+ser+humano
Crescimeto+espiritual+do+ser+humanoCrescimeto+espiritual+do+ser+humano
Crescimeto+espiritual+do+ser+humano
 
Conhecendo a fé bahá'í
Conhecendo a fé bahá'íConhecendo a fé bahá'í
Conhecendo a fé bahá'í
 
Algumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi blia
Algumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi bliaAlgumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi blia
Algumas notas sobre as provas baha'i's baseadas na bi blia
 

Último

2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptx
2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptx2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptx
2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptxhenrygabrielsilvarib
 
Gestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptx
Gestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptxGestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptx
Gestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptxSebastioFerreira34
 
LIÇÕES - PG my life usar uma vez por semana
LIÇÕES - PG my life usar uma vez por semanaLIÇÕES - PG my life usar uma vez por semana
LIÇÕES - PG my life usar uma vez por semanaWillemarSousa1
 
Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus: Verdadeira Pureza , ...
Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus:  Verdadeira Pureza , ...Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus:  Verdadeira Pureza , ...
Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus: Verdadeira Pureza , ...silvana30986
 
Evangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns Esclarecedores
Evangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns EsclarecedoresEvangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns Esclarecedores
Evangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns EsclarecedoresAntonino Silva
 
10 Orações Para Honrar São José Operário
10 Orações Para Honrar São José Operário10 Orações Para Honrar São José Operário
10 Orações Para Honrar São José OperárioNilson Almeida
 
GÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 E
GÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 EGÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 E
GÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 EMicheleRosa39
 
Lição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptx
Lição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptxLição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptx
Lição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptxCelso Napoleon
 
LIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica Dominical
LIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica DominicalLIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica Dominical
LIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica DominicalAmaroJunior21
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pão
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pãoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pão
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pãoRicardo Azevedo
 
07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JA
07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JA07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JA
07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JAhenrygabrielsilvarib
 

Último (12)

2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptx
2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptx2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptx
2024 - PPT_Sermֶo 01 - Quartas de Poder - PT.pptx
 
Gestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptx
Gestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptxGestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptx
Gestos e Posturas na Santa Missa_20240414_055304_0000.pptx
 
LIÇÕES - PG my life usar uma vez por semana
LIÇÕES - PG my life usar uma vez por semanaLIÇÕES - PG my life usar uma vez por semana
LIÇÕES - PG my life usar uma vez por semana
 
Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus: Verdadeira Pureza , ...
Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus:  Verdadeira Pureza , ...Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus:  Verdadeira Pureza , ...
Bem aventurados os puros de coração, pois verão a Deus: Verdadeira Pureza , ...
 
Evangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns Esclarecedores
Evangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns EsclarecedoresEvangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns Esclarecedores
Evangeliza - Diálogo com os Espíritos - Médiuns Esclarecedores
 
10 Orações Para Honrar São José Operário
10 Orações Para Honrar São José Operário10 Orações Para Honrar São José Operário
10 Orações Para Honrar São José Operário
 
GÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 E
GÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 EGÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 E
GÊNESIS A-2.pptx ESTUDO INTEGRADO DE CAPITULO 1 E
 
Lição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptx
Lição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptxLição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptx
Lição 3 - O céu - o Destino do Cristão.pptx
 
LIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica Dominical
LIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica DominicalLIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica Dominical
LIÇÃO 02 - JOVENS - Escola Bíblica Dominical
 
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pão
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pãoSérie Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pão
Série Evangelho no Lar - Pão Nosso - Cap. 129 - Ao partir do pão
 
07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JA
07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JA07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JA
07 - SINAIS DA VOLTA DE JESUS.ppt.IASD>JA
 
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.pptFluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
 

Sabeísmo e a Religião Iorubana em

  • 1. Sabeísmo e a Religião Iorubana Keyvan Bueno Nikobin
  • 2. Sabeísmo e a Religião Iorubana Agradecimentos ao: Apelegi Alabó Tobi de Lembaraganga (Antonio Pereira da Silva, 1951-1997) da Casa de Caridade do Senhor do Bonfim (1981-1997) de Campinas, SP, Brasil © 1993 copyright Todos os direitos em português reservados para: EDITORA BAHÁ’Í DO BRASIL Caixa Postal 1085 13800-973 Mogi Mirim SP www.editorabahaibrasil.com.br ISBN: 978-85-320-0215-0 1ª Edição: 1993 2ª Edição: 2010 (revisada) Caso for imprimir o livro utilizar papel A4: 210 x 297 mm. [2]
  • 3. Sabeísmo e a Religião Iorubana ESTE TRABALHO consiste em apresentar uma das Religiões Mundiais, o Sabeísmo e um dos seus seguimentos – a Religião Iorubana – para a partir destes dados, nós, da Comunidade Bahá’í, podermos entender, promover e ensinar laços humanísticos vitais em benefício da compreensão espiritual entre os povos e mostrar aos seres humanos que cultuam um dos seguimentos desta Religião no Brasil, a Fé Universal, a Fé de Bahá’u’lláh e que todos somos oriundos de uma Grande Família, a Família de Deus. ... o princípio fundamental que constitui o alicerce da crença bahá’í, o princípio que a verdade religiosa não é absoluta mas relativa, que a Revelação Divina é regular, contínua e progressiva, e não espamódica ou final...1 Bahá’u’lláh nos ensina que o Báb iniciou um novo Ciclo Profético, o Ciclo das Realizações, o Ciclo Bahá’í (destinado a durar não menos que 500.000 anos) e findou o Ciclo Adâmico, o Ciclo das Profecias2, iniciado por Adão a mais ou menos 6.000 anos atrás, não querendo dizer com isto que não existiram outros profetas antes de Adão, mas sim que não existem registros anteriores a Adão, e que deve ser atribuído ao seu longínquo extremo, e também às vastas mudanças às quais a Terra passou desde aquela época.3 Dentro deste Ciclo Adâmico, podemos citar nove Religiões Mundiais (em algumas delas há um grande sectarismo ou divisões em seitas): Religião Fundador Sabeísmo Hinduísmo Judaísmo Zoroastrianismo Budismo Cristianismo Islamismo Fé Babí Fé Bahá’í Data Desconhecido Krishna Moisés Zoroastro Buda Cristo Muhammad O Báb Bahá’u’lláh Livro Revelado 4.000 A.C.* 3.000 A.C.* 1.330 A.C.* 1.000 A.C.* 560 A.C.* 1 D.C. 622 D.C. 1.844 D.C. 1.853 D.C. (*aproximadamente) [3] Relatos verbais Bhagavad-Gita Torá Zend-Avesta Tri-Pitákas Bíblia Alcorão Báyan + 15.000 Epístolas
  • 4. Sabeísmo e a Religião Iorubana Interessante lembrar que as Casas de Adoração Bahá’í – Templos Bahá’ís – possuem nove entradas, uma porta para cada crença, culminando em uma única cúpula – Deus, um lugar onde todos os seres humanos vão para adorá-Lo. O Sabeísmo (ou Sabeanismo ou Religião Sabeísta), cujos seguidores poderão ser chamados de sabeístas, sabeítas ou sabeãos (não confundi-los com os seguidores de João Batista, que não aceitaram a Cristo como o Prometido e também eram chamados de sabeãos), não possui provas definitivas, e segundo Shoghi Effendi, nem a História poderá prover detalhes suficientes e confiáveis para responder a respeito de Seu Fundador4 mas que, com certeza, foi um Mensageiro Divino; há dúvidas também sobre a correta data de inauguração da era sabeísta ou hinduísmo.5 Outras referências aos sabeístas, encontramos no Alcorão, nas Suras 2:59, 5:74 e 22:17. Podemos considerar Abraão como um seguidor desta Fé6, pois o país no qual o Sabeísmo foi largamente disseminado foi o Iraque (antiga Caldéia, região de Ur), tendo mais tarde se desenvolvido na África. Conta a Bíblia (Gen. 2, 10 a 14), que desta região saíam 4 rios, sendo o segundo para a África (Etiópia, terra de Cuxe). Sabemos que não existem rios saindo da Ásia para a África, sendo um dos simbolismos do Rio Maior com seus Braços, a de Deus e Seus Mensageiros. É neste período que surge a figura de Nimrod (não confundir com o rei que perseguiu Abraão), na qual, segundo historiadores africanos e europeus, após um pacto semelhante ao de Deus com Abraão, ao de Abraão para Abraão, Nimrod passa a se chamar Odudúwa, em iorubá (língua largamente usada em várias regiões da África, com muita influência no Norte), que traduzida para o português ficaria: Recipiente do Criador da Existência ou Fonte Geradora de Vida, criando a partir daquele instante a Religião Iorubana, juntamente com o Império e a Cultura Iorubana. É interessante frisar o nome com que Nimrod se proclamou – Recipiente do Criador da Existência, ou seja, Ele não se intitula um Deus, mas sim apenas um Recipiente, um Espaço para que Deus atue, O Vestígio de Deus, tal como Bahá’u’lláh nos ensina, que os Mensageiros de Deus são os Canais Perfeitos, de Deus para com os homens, Espelhos completamente limpos, que refletem toda a intensidade de luz que recebem. Os relatos que se seguem são pesquisas feitas por historiadores, as quais não podemos afirmar sua veracidade, mas podemos aproximarmos-nos mais e entender este povo, dos quais muitos brasileiros descendem. De todas as teorias existentes, irei me concentrar na de Clapperton (Travels and Discoveries in Northen and Central África 1822 / 1824) onde segundo suas próprias palavras: “Os habitantes da província de Yarba são supostamente descendentes dos filhos de Canaã que pertenciam à tribo de Nimrod. Desse ponto de origem, avançaram para o interior da África até Yarba, onde fixaram residência. Em seu caminho, pararam em vários lugares desmembrando-se em pequenas tribos da mesma origem étnica. Assim, supõe-se que todas as tribos do Sudão que habitam as montanhas são oriundas desses, bem como os habitantes de Yao-ry. Também a mesma descrição é dada ao povo de Neofee (Nupe). No nome Lamurudu ou Namurudu podemos facilmente reconhecer a modificação fonética do nome Nimrod. Se este Nimrod era conhecido por o forte, filho de Hassoul, ou Nimrod, o guerreiro bíblico, ou ainda se ambos eram a mesma pessoa, não podemos afirmar. Porém, o conteúdo das teses não só confirma as tradições da origem, como garante a veracidade das lendas. É sabido que os descendentes de [4]
  • 5. Sabeísmo e a Religião Iorubana Nimrod (fenícios) foram levados a guerrear os filhos de Ismael e após foram perseguidos por razões religiosas até a África.” Os manuscritos, achados arqueológicos e lendas sobre a venerada figura do ancestral dessa raça, também acentua profundamente a forma egípcia em seu todo, sendo a mais famosa de todas as peças encontradas até os dias de hoje, e considerada uma das maravilhas de Ifé, é o Opá Oranian (monólito de Oranian), um obelisco tido como sendo o túmulo deste herói, e que possui características de origem fenícia. Nesse mesmo monólito, encontramos palavras pertencentes à Kabala hebraica inscritas de forma clara e evidente como uma mensagem à posteridade. As palavras (símbolos) são YOD, RESH, VÔ, BETH e ALEPH, definição hebraica no nome YORUBÁ e cuja tradução seria a seguinte: YOD – A divindade por ordem da RESH – unidade psíquica do ser VÔ – deu origem BETH – ao movimento de luz, objeto central ALEPH – e estabilidade coletiva do homem. Assim, os símbolos Yod e resh comporiam as letras Y – O – R, o símbolo Vô a letra U, o símbolo Beth a letra B e o símbolo Aleph a letra A: YOD = YO, RESH = R, VÔ = U, BETH = B, ALEPH = Á Ao mesmo tempo em que se tem a definição da origem cabalística da palavra Yorubá, temos no mesmo monólito a profecia que define a implantação do Império Yorubano por Nimrod, sob o nome de Odudúwa, fundador da antiga cidade de Ilê Ifê, berço da Cultura Iorubana. Lembramos, também, que Nimrod era descendente de Noé, neto de Cam e filho de Cuxe (Gen. 10, cap. 8 e 9), por conseguinte Abraão (ex-Abrão) descendente de Sem (filho de Noé) e Odudúwa (ex-Nimrod), eram parentes; relembrando a promessa de Deus de que os Manifestantes de Deus seriam Seus descendentes (Gen. 12, cap. 3). [O próprio Bahá’u’lláh descende de Katurah, segunda esposa de Abraão]. Essas teses são defendidas por teólogos africanos ligados ao estudo básico da religião negra, no entanto, durante o período colonialista na África, injunções foram feitas para torcer os conceitos religiosos africanos e a maioria de suas tradições, culturas e história foram passadas verbalmente, e como sabemos, não é esta a melhor forma de se preservar os acontecimentos e fatos, pois a veracidade não pode ser provada e muitas vezes são alteradas, perdendo-se muito os conceitos originais. O africano, ao contrário do que afirmam certos autores, cultua a um só Deus, dando à natureza e seus reinos – mineral, vegetal, animal e humano – uma função vital no mundo que nos cerca. Teme e ama a água, que o afoga e aplaca sua sede – teme e ama o fogo, que queima e o aquece – teme e ama o sol, que o ilumina e seca a terra, e assim por diante. Nada acontece por acaso, e todos os fenômenos da natureza têm uma explicação lógica, consequentemente, os fenômenos podem ser alterados, propiciados, estimulados e impedidos, tal como na vida – nascimento, circuncisão, adolescência, casamento e morte são eventos, que para [5]
  • 6. Sabeísmo e a Religião Iorubana os africanos, são de cunho altamente espiritual, pois associam suas vidas à vida da natureza numa comunhão entre Deus e o Homem. No sentido amplo da teosofia africana, o culto é monoteísta, não se aceitando a idolatria. Exatamente ao contrário do que se apregoa, a respeito, fora da África. Monoteísta sim, por cultuar a um só Deus, Onipotente, chamado na língua iorubana de Olorum ou Oludumaré ou ainda Olorumilá. Para os iorubanos, existe um envio de Manifestantes, e apesar de não saberem que isto acontece de tempos em tempos, muitos chegaram a aceitar Moisés, Cristo e Maomé – necessitam saber da vinda de Bahá’u’lláh – e existe também um acordo (ou Convênio) onde através da formação das dinastias, homens e mulheres, alguns Reis ou Rainhas e outros através de parentesco com Odudúwa, governaram regiões da África e seus povos, a ponto de se tornarem lendários ou Heróis Iorubanos. (Para os bahá’ís também é aplicado a Lei do Grande Convênio, onde Deus [Olorum, God, Dieu, Dios, Alá, etc] envia um Mensageiro de tempo em tempo para conduzir os homens a Ele, existindo também outro Convênio, onde o Manifestante deixa um escolhido para interpretar Suas Leis, Textos e Escritos Sagrados, no caso bahá’í, ‘Abdu’l-Bahá.) Numa das mais ricas lendas ou folclores, os personagens iorubanos (muitos com sua existência comprovada historicamente), instituem regulamentos para uma sociedade e as funções da família e suas organizações. Por continuar o trabalho iniciado por Odudúwa, recebem o nome de Orixá – Energia ou Guardião da Mente Humana e assevera-se que seu número sobe a centenas, mas as figuras principais são relativamente poucas, em número de 16 (pode-se multiplicar ou diminuir este número, dependendo da nação africana), cada um recebe uma responsabilidade e função na natureza e por conseguinte no mundo de Deus, sendo suas vidas, relatadas verbalmente através de lendas, passando ensinamentos morais e éticos, criando conceitos de organização social e também: respeito e entendimento com a natureza; iniciação científica (ex.: setor da medicina, através do conhecimento das plantas); exploração e incentivo ao trabalho; criação do comércio e troca de mercadorias; educação às artes; beneficiamento e melhorias das plantações e colheitas; manufatura de artefatos para culinária, vestuário, habitação e explanações sobre conceitos espirituais, tais como a morte (evolução espiritual nos vários mundos de Deus e não o conceito de reencarnação como muitos apregoam), criação do mundo, existência de um só Deus, etc. Estes Orixás, que conduzem espiritualmente o povo africano, se tornaram imortais através de suas lendas e são os elos dentro da Religião Iorubana para melhorar o contato de Deus com a Sua Maior Obra na Terra – o homem. Tal como ‘Abdu’l-Bahá, Shoghi Effendi e a Casa Universal de Justiça se tornaram a base e a guia para uma melhor compreensão e administração da Fé Bahá’í, eles, os Orixás, se tornaram a guia e o ponto mestre dos iorubanos. Atualmente, o culto baseia-se neles e ao próprio Odudúwa, onde através de um ritual envolvendo a dança e o canto, seus adeptos circulam, dançam ao som de atabaques e entoam orações em dialetos ou línguas africanas, formando uma Roda Humana, na qual em seu centro é reverenciado o Monolito de Oraniam, simbolizando a ligação entre o Céu e a Terra ou entre Deus e os homens, portanto, é reverenciado o Intercomunicador – O Mensageiro, numa Trilogia similar ao Grande Nome Bahá’í ou à Santíssima Trindade Cristã (pesquisar a explicação de ‘Abdu’l-Bahá sobre o assunto, no livro: Respostas a Algumas Perguntas, Editora Bahá’í do Brasil). Esta facção do Sabeísmo, como citamos anteriormente, é uma das grandes heranças do iorubano, povo de pele negra que entrou por nossos portos, como escravo, nos porões [6]
  • 7. Sabeísmo e a Religião Iorubana de navios intitulados Negreiros, sob as condições mais desumanas, mas apesar de todas as fatalidades se frutificaram produzindo a Cultura Afro-brasileira, também presente na música, dança (como a capoeira, lundu, chiba, samba, jongo, etc), culinária (como o acarajé, vatapá, caruru, abará, etc), vestimentas e ornamentos e que após 400 anos puderam criar, juntamente com as outras culturas existentes no Brasil, um Conglomerado Cultural Universal. Sendo este um dos importantes pontos para o rompimento de nossos preconceitos culturais e intelectuais, unindo-nos no trabalho para a nossa tão almejada Unidade Mundial – Unidade na Diversidade. Como sabemos, a fase de manutenção dos impérios africanos resultou em guerras intertribais, que resultou na conquista de territórios, além de gerar a posse dos prisioneiros. Esses prisioneiros, a princípio mantidos como escravos, foram vendidos ou trocados por sal, utensílios, contas, etc, com o aparecimento dos primeiros portugueses. A tal ponto que chegou o interesse dos mercadores portugueses no produto cativo das guerras intertribais, que teve início um sistema de espionagem e intriga organizados, para levar as tribos a guerrear mais, sem que as mesmas soubessem da sua dualidade de contatos. Assim, quando os Fons invadiram Keto, Abeokutá, Ibadan e outras cidades, os prisioneiros Iorubás eram vendidos no porto de Ouidah aos portugueses. Quando a invasão era em sentido contrário, os Mahiis, Minas, Sombas e outros eram vendidos no porto de Lagos. Raras foram as vezes em que os Fons conseguiram atingir a capital iorubana de Oyó e raras foram as vezes também que os iorubas atingiram a capital Fon do Abomey. Daí a menor incidência de escravos Fons e Oyós no Brasil, razão pela qual seus rituais e tradições, conhecidos por Vodú e Oyóigbalé, são praticamente desconhecidos no Brasil. Em 1545, encontramos os primeiros relatos de Pedro de Gois, sobre a vinda e necessidade de escravos africanos para a indústria açucareira. Daquele tempo até a proibição do tráfico de escravos, cerca de 10 a 12 milhões de negros africanos foram trazidos para o Brasil. Desse montante, em torno de 280 etnias eram encontrados nos mercados de escravos, entre elas podemos destacar os Mushi-Congos, Benguelas, Cabindas, Endembos, Iorubás, Ijeshás, Oyós, Haussas, Mandingas, Fantis, Ashantis, Minas, Fons, Mahiis, Ijebus, Fulanis, Ibos, Krobos, Bantos, Zulus, etc. Esses escravos aqui chegaram com seus rituais e tradições, encontrando o país em plena vigência da Santa Inquisição, fato que os obrigou a esconderem seus costumes. Jamais passaria pela cabeça do inquisitor que aquele era um ritual monoteísta que cultuava um mesmo Deus. No entanto, foi tido como paganismo, barbárie e subcultura dos negros escravos, considerados como raça inferior. Necessário seria continuar com as tradições africanas, mormente em se tratando de uma situação nova, na qual o sofrimento, a vergonha e a dor se misturavam com a humilhação. Tanto quanto os índios e os judeus, os africanos eram obrigados a adotar novos nomes, aceitando o batismo e a eucaristia. Essa imposição de novos mitos e santos brancos gerou uma união entre os africanos que, no afã de se manter fiéis às suas origens de culto, e na falta de sacerdotes da mesma etnia, se adaptaram à cultura de outros africanos, transformando culturas que na África eram regionais, em um panteão nacional. A partir deste momento criaram o nome Candomblé – Samba de Roda (ou Dança em Roda), simbolizando na ação da dança, o sincretismo da Religião Iorubana. Era preciso manter os rituais de uma forma que não despertasse dúvidas nos senhores brancos. Assim, na calada da noite, faziam o assentamento da divindade africana, enterrando uma pedra, cercada de rituais e por cima o santo da igreja católica, aquele que mais se asse- [7]
  • 8. Sabeísmo e a Religião Iorubana melhasse ao Orixá de sua terra (como explicamos anteriormente, algumas regiões cultuavam somente a um dos personagens). Assim, Ogum recebeu em cima de seu assentamento, a imagem de São Jorge, Oxalá recebeu a imagem de Cristo, Obaluayê recebeu a imagem de São Lázaro, e assim por diante. Quando o feitor ou inquisitor vinha fiscalizar o local, os encontrava cantando em seus dialetos para Ogum, Oxalá, Obaluayê, porém, não vendo os assentamentos que estavam por debaixo das imagens católicas, pensava que os escravos estavam cultuando a São Lázaro, a Cristo e a São Jorge, os quais poderiam ter outros nomes nos seus dialetos, porém, para eles, feitores, eram os mesmos santos católicos. Estava criado, portanto, o Sincretismo Católico – Fetichista, que posteriormente veio a ser as razões da Umbamba. Um dos grandes misticismos foi com o Orixá denominado “Exu”; este personagem por ter uma lenda e personalidade mais brincalhona e extrovertida, foi vinculado ao “Diabo” do catolicismo, gerando muitas incompreensões em torno deste assunto, mas no culto original ele é um personagem que divulga e ensina ao ser humano a melhorar sua vida, baseando-se sempre na melhoria da comunicação (entre Deus e os homens, entre os próprios homens, entre pais e filhos, etc), sempre voltado para o Bem. Os Orixás africanos consequentemente foram identificados da seguinte forma (pode-se multiplicar ou diminuir este número, dependendo da nação africana): Yorubá (Keto) Fon (Vodú/Gegê) Angola Santo Católico Oxalá Mahwú/Lissa Lembaraganga Cristo Obaluayê Sakpatá Kajanjá/Kaviungo São Lázaro/Roque Xangô Envioso Kanbaranguanje São Gerônimo Oshossi Aguê Gongobira São Sebastião Inhansã Abé Matamba/Oyá Santa Bárbara Yemonjá Abotô Kaitumbá/Inaê N. Sra. Conceição Oxum Aziri Dandalunda N. Sra. Aparecida Exu Odin/Elegbá Bombojira/Aluvaiá Diabo/Satanáz Ogum Gú Mucumbê/Incôssi São Jorge/Antônio Ifá Fá Kassumbenca Guia Divina Oxumaré Obessem Angoromea São Bartolomeu Ibejí Hoho/Tobossa Wunje Cosme e Damião Egum Geledê Yombe Almas outro mundo Ossaym Neossum Catendê São Expedito Iroko Loko Tempo São Onofre Nanan Burukú Anabiocô Zumbarandá Santa Ana Soponã Ajagum Kafundegi São Pedro/José [8]
  • 9. Sabeísmo e a Religião Iorubana Sabemos que hoje existem inúmeras facções iorubanas, tais como o Candomblé que originou a Umbanda e a Quimbanda; o Maculêlê; Casa de Minas (facção Dahomeana em São Luis do Maranhão); o Grupo Oyó ou Xangô em Porto Alegre; Batuque; Pará; Casa de Lia na Ilha de Itamaracá, Katimbó, entre outras. Deste montante, o misticismo ficou incontrolável e várias modificações foram inseridas. Dentre elas podemos ilustrar as Festas ou Cerimônias que se realizavam na África e que eram sempre vinculadas à agricultura, à época das colheitas ou plantio e aqui no Brasil se vincularam à cultuar somente aos Orixás (ex: colheita do inhame na África, comemorase no Brasil as famosas “Águas de Oxalá”). Durante a Quaresma e Semana Santa Católica, muitos senhores e capatazes das fazendas proibiam os negros de cantarem e dançarem e até hoje muitas Casas do Culto Iorubano – denominam-se Barracão, não possuem atividades religiosas e até as proíbem nesse período. A semana do africano possuía somente 4 dias, vinculada aos 4 elementos essenciais (Terra, Fogo, Ar e Água), aos 4 fatores humanos (corpo, mente, alma e espírito), às 4 idades (infância, juventude, maturidade e velhice), às 4 estações e aos 4 pontos cardeais e quando desembarcaram no Brasil, depararam-se com a semana de 7 dias; como vinculavam seus cultos e rituais ao calendário, várias modificações foram feitas. Os sacerdotes que na África se dividiam em 4, cada um com uma função específica: o Babalorixá era responsável por manter os Orixás respeitados, prosseguindo com seus cultos; o Babalaô era responsável pelos homens, ajudando-os através do culto ao Ifá (processo de adivinhação, através de conchas do mar – búzios); o Babalosain era responsável pela saúde da tribo, conhecedor de folhas, preparava os remédios, era conhecido como “curandeiro” (hoje, através de uma universidade e um diploma e a troca do conhecimento das plantas pelo conhecimento científico, os chamamos de “médicos”); e por fim o Babaogê, responsável por explicar a vida após a morte e impor respeito às pessoas que passaram por esta vida, chamavam-no para cultuar aos Eguns (Mortos). Pois bem, hoje no Brasil, encontramos somente um Líder Iorubano (Pai-de-Santo ou Zelador-dos-Orixás) exercendo as 4 funções. Relembremos que quando chegavam os escravos, em seu meio poderia encontrar-se um sacerdote, mas muito ou quase impossível encontrar os 4 no mesmo mercado e comprados pelo mesmo dono da fazenda, o que acarretava na escolha de um líder entre os negros que na falta de outros, exercia as 4 funções. Outro ponto interessante é o Monolito de Oraniam, em muitas Casas Iorubanas, nem sempre ele é visível e muitos nem sabem que quando dançam em sua volta, em Roda, estão adorando à Odudúwa. Sabem que no centro da roda está algo enterrado na terra e algumas oferendas suspensas ao teto do Barracão, simbolizando oferendas para o Céu, mas não sabem seu correto significado. Outra grande ajuda à miscigenação foram os vários dialetos e nações, sem nenhuma semelhança entre si, a não ser a cor da pele (o mesmo que igualar japoneses e melanésios). Somente entre os Bantus, encontramos mais de 275 dialetos, sem falar nas línguas dos colonizadores, por isso que encontra-se em alguns rituais iorubanos, cantigas ou orações em inglês ou francês. Podemos provar, também, a visível influência dos invasores europeus nas vestimentas usadas pelos iorubanos, quando estão exercendo algum culto de grande importância (enormes saias rodadas com saiotes engomados, usadas pelos europeus no começo do século passado). O Culto Iorubano pode ser praticado em qualquer lugar. No Brasil, a prática se faz normalmente em Barracões ou Roças, preferencialmente distante da cidade, porque os toques ou rituais produzem sons muito alto e por vezes se prolongam, podendo até mesmo durar 21 [9]
  • 10. Sabeísmo e a Religião Iorubana dias. A congregação dos frequentadores de um Barracão é chamado de filhos-de-Santo e é dirigido pelo Babalaô, ou Pai-de-Santo ou sacerdote iorubano. A denominação de Barracão vem das senzalas dos escravos, mas pode ser qualquer tipo de edificação; na África eram ao ar livre. No centro do Barracão encontra-se enterrado o Airíaxé (força oculta), que é ligado por um mastro ao teto, já esplanado anteriormente. Anexo ao recinto principal, ou terreiro, ficam o Sabagi e o Roncó; estes são todos locais fechados aos visitantes, são câmaras separadas. Em torno do Barracão há os Ilês (casas consagradas aos Orixás). O Sabagi é o recinto onde estão assentados os otás dos Orixás. O Roncó é onde se preparam os iaôs e recebem do Babalaô e da mãe-criadeira os ensinamentos para prosseguir com os rituais, quando se dá a iniciação ou durante as demais obrigações. No Brasil é usual colocar um altar aos mortos, denominado Casa de Balé. Os nomes e hierarquia usados em nosso país para as funções religiosas dos iorubanos, muitas como poderão notar, distoou do original. Qualquer pessoa pode assistir às cerimônias comuns do Candomblé, como visitante, sem participação, bastando solicitar permissão ao Babalaô ou qualquer iniciado. Os que tomam parte nas cerimônias são chamados de filhosde-Santo. Àquele que embora compareça com regularidade às suas práticas, mas não se tenha ainda iniciado no culto, dá-se no nome de abiã. Depois do abiã passar por vários rituais, passa à condição de iaô. Os iaôs levam 7 anos de aprendizado para completar seu estágio. Durante esse tempo, recebem várias funções, que os vão preparando para se tornarem Babalorixás ou se mulheres, Ialorixás. Existem, também, as Equedes. São aquelas que auxiliam diretamente ao Zelador-de-Santo, zelam pelos assentamentos e quartinhas no Sabagi e transmitem os ensinamentos de vida aos abiãs. Os Ebâmis são aqueles que após 7 anos de aprendizado como iaô, recebem este título. Ele poderá receber o Decá, ordem para iniciar outro Barracão sob sua direção, mas se continuar no mesmo, terá funções específicas e gozar de prestígios, geralmente é tratado por “paizinho ou padrinho” (equivalente, mãezinha ou madrinha ou mãe-pequena), ou ainda tio ou tia. O Babalorixá é um Ebâmi que foi levantado a esta posição depois de 7 anos de seguir o culto e seus rituais (ou comumente chamado de “feito no Santo”), nunca antes. Babalaô é o sacerdote qualificado para ministrar o culto aos Orixás, chama-se, também, de Pai-de-Santo. É um Babalorixá que recebeu de um babalaô dois poderes: o poder de iniciar outras pessoas no ritual iorubano e o poder de mão-de-búzios. Gostaria de fazer algumas explicações sobre o assunto: O Jogo de Búzios ou consulta dos oráculos de Ifá é um dos métodos usado para adivinhações. Encontramos atualmente vários tipos, tais como: o carteado, leitura pelas folhas de chá, pedras (usados pelos Vikings e Irlandeses), moedas (Ishing), pó de café, varetas e uma infinidade de outros. Estes processos são antigos métodos que o ser humano encontrou para promover ajuda a outro ser humano, que face à dificuldades e problemas que a vida lhe apresenta durante algum período, procura conselhos, respostas e direção em sua vida. Muitas vezes usando sua intuição, poderemos atualmente encontrar psicólogos e terapeutas exercendo esta função que outros faziam em séculos passados. A diferença básica é que estes conselheiros utilizam meios místicos para orientar as pessoas e os profissionais terapêuticos utilizam a medicina moderna para solucionar os problemas. Não quero denegrir, nem elogiar o que se fez ou o que se está fazendo, mas somente quando houver uma junção destes dois lados: psicanalistas utilizando a Religião, aceitando a existência de um Deus governando nossas vidas e por outro lado a capacidade destes conselheiros (tal como o método que os católicos utilizam na confissão) com sua carisma e em querer ajudar as pessoas através do amor que transmitem através de conselhos somente intuitivos, porém assimilando esta ajuda à [10]
  • 11. Sabeísmo e a Religião Iorubana profissionais da medicina – é que veremos eficácia nos remédios ministrados, é que veremos nosso pássaro voando – uma asa simbolizando a Ciência, a outra a Religião. Caso contrário, Bahá’u’lláh afirma que usando somente a religião, obteremos como resultado a superstição e o fanatismo e com o uso somente da ciência, obteremos o materialismo desenfreado. Voltando às hierarquias do Candomblé, temos o Babalaô que é um criador de iaôs e futuros Babalaôs. Assim, é um patriarca (ou matriarca) espiritual, que forma verdadeiras famílias ou clãs, que o reverenciam por toda a vida e o chamam respeitosamente de “Pai”. Depois temos o Tata, que é quando o Babalaô atinge 21 anos de atividades no seu Barracão. Nesta ocasião ele pode escolher um filho para funcionar como segunda pessoa e seu substituto. A seguir, existem os Vodussi, que são muito raros, em virtude das exigências, especialmente do tempo, 50 anos de culto e chefia do Barracão. Lembremos que os iorubanos, após ingressar no culto aos Orixás e realizando todos os rituais pertinentes, modificam o nome que receberam de seus pais carnais, para um nome na língua iorubá, numa tradição parecida com a de Nimrod para Odudúwa. (Ex: Maria de Fátima para Kayadijalê – Mãe dos peixes da casa). Através de sua digina (nome) em iorubá, sabe-se que a pessoa pertence a Religião Iorubana. Estas hierarquias são de obrigações e não hierarquias de direitos, apesar de muitos não entenderem esta fato, pois, quanto maior a posição maior os deveres, maior o exemplo, maior a humildade. Esta verdade, ‘Abdu’l-Bahá nos dá o exemplo do oceano, que apesar de sua grandeza, imensidão e imponência, ele se coloca em um nível mais baixo para que então possa receber as águas dos rios que fluem para ele. Fora estas, existe uma Confederação Afro-Brasileira, mas por vários problemas as encontramos somente em âmbito estadual, dificilmente unidas nacionalmente, e encontra-se várias dessas instituições a nível local, mas infelizmente, com ideias partidárias e linhas de pensamento contrárias. Meu intuito com este trabalho foi o de apresentar novos conceitos, também o de fazer um bahá’í entrar em uma Casa de Culto Iorubano ou Barracão de Candomblé, entender o que está se passando, entender as pessoas, suas origens e conceitos, tão qual se entra em uma igreja ou sinagoga ou mesquita, ou conversa-se com um padre, pastor, rabino ou sacerdote iorubano, sabendo respeitá-lo e aos que lá se abrigaram e a partir do conhecimento da Fé da pessoa poder propagar a Mensagem de Bahá’u’lláh a este povo brasileiro, sedento e cheio de esperança, muito receptivo e já executor de alguns conselhos de Bahá’u’lláh – em seus cultos podemos encontrar negros e brancos, ricos e pobres, homens e mulheres (considerase a igualdade entre ambos), intelectuais e os menos capacitados, todos juntos se unindo em busca de algo; na busca desesperada de resgatar a Fé, de melhorar e lapidar seu interior, sua alma e mente. Não detalhei suas lendas e rituais, pois divergem e mudam de nação para nação e também dentro do mesmo ramo familiar. Também não entrei no que concerne à mediunidade que é utilizada e muito divulgada nos cultos iorubanos. Este setor é por demais polêmico e o que devemos nos ater é que inaugurou-se um novo ciclo profético, o Ciclo Bahá’í, do qual Bahá’u’lláh é a Figura Central7 e que estamos todos sendo abençoados e convidados a progredir espiritualmente, não necessitando de materializar esta espiritualidade, nem de interlocutores religiosos, sejam eles deste mundo ou do vindouro. Estão ao nosso alcance as Orações Bahá’ís, traduzidas para mais de 800 línguas e idiomas. São Orações Sagradas reveladas por Bahá’u’lláh. Podemos usá-las para adorá-Lo (a Deus), ajudar a evoluir nossos entes que já se foram e em muitas outras ocasiões. Lembrando que estas orações foram prescritas a todos os seres humanos, e que qualquer um pode usá-las, [11]
  • 12. Sabeísmo e a Religião Iorubana dando a devida atenção para se evitar o asceticismo, e que após a oração, deve vir a meditação e a ação, pois nossas palavras não devem exceder nossos atos. Utilizando também os Seus ensinamentos e leis, divulgando e conhecendo o Grande Plano de Deus: o de que através de Adão, Noé, Abraão, Odudúwa, Krishna formou-se a Família e a Tribo; através de Moisés, Zoroastro, Buda formou-se a Cidade-Estado; através de Cristo e Maomé a Nação; e através do Báb e Bahá’u’lláh formar-se-á uma e única Mega-Nação-Estado – a Unidade Mundial. É a certeza de que reconhecendo a Bahá’u’lláh, o iorubano estará também, aceitando a Odudúwa e cumprindo Seus mandamentos para os dias de hoje, prosseguindo com o trabalho e serviço a Deus, transformando nossas vidas em eterna comunhão de amor e paz com nossos semelhantes. [12]
  • 13. Sabeísmo e a Religião Iorubana Anexo 1 Oração Obrigatória Curta Revelada por Bahá’u’lláh Tradução Oficial para a Língua Iorubá8   “Mo  sẹ  ijẹrii si i, lwọ Ọlọrun mi, pe lwọ da mi lati mọ Ọ ati lati sin Ọ Mo jẹwọ ni akoko Yi niti ailagbara mi, atiniti agbara Rẹ, niti aini ati niti Ọla Rẹ. Ko si Ọlọrun miran bi ko se lwọ Oluranlọwọ nigba isoro, Eni ti ki i ku, Ẹni ti o le da duro.” Bahá’u’lláh Tradução: “Dou Testemunho, ó meu Deus, de que Tu me criaste para Te conhecer e adorar. Confesso, neste momento, minha incapacidade e Teu poder, minha pobreza e Tua riqueza. Não há outro Deus além de Ti, o Amparo no Perigo, O que subsiste por Si próprio.” [13]
  • 14. Sabeísmo e a Religião Iorubana Anexo 2 Carta à Igreja de Éfeso (Apocalipse de São João, Bíblia, Cap. 2: 1 a 7) Um dos esclarecimentos do Apocalipse de São João, Livro no qual é finalizado o Novo Testamento e sela a Bíblia, é todo em parábolas (como toda Bíblia), tratando de fatos e acontecimentos futuros, datas e a vinda do próximo Mensageiro. Este Livro é muito bem estudado e relatado, com base nas Cartas e estudos do Báb, Bahá’u’lláh, ‘Abdu’l-Bahá e Shoghi Effendi sobre o assunto, feito por Robert Riggs, em seu livro The Apocalypse Unsealed, onde foram extraídos os próximos relatos: No começo do Apocalipse, 7 cartas são dirigidas aos 7 anjos das 7 igrejas da Ásia (conclui-se que a Ásia naquele tempo era: Palestina, Arábia, Pérsia e Índia). Sendo os 7 candeeiros: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Serdes, Filadélfia e Laodiceia, onde podemos relacionar: Revelação Simbolismo Religião Éfeso Família Paz Sabeísmo Esmirna Mirra Benevolência Judaísmo Pérgamo Pergaminho Justiça Hinduísmo Tiatira Cipreste Luz Zoroastrianismo Serdes Pedra Verdade Budismo Filadélfia Irmandade Amor Cristianismo Laodicéia Significado Justos Harmonia Islamismo Sendo assim, a primeira carta é direcionada ao Revelador do Sabeísmo. “1Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz Aquele que conserva na mão direita as 7 estrelas e que anda no meio dos 7 candeeiros de ouro: Na denominação de Aquele, se refere à Bahá’u’lláh. Na Epístola O Jovem do Paraíso Bahá’u’lláh identifica a Si mesmo como A Palavra na qual dependem as almas de Todos os Profetas de Deus e Seus escolhidos. Conheço as tuas obras, assim o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declararam apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; 3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa de meu nome, e não te deixaste esmorecer. 2 Apóstolos são os confiáveis; por esmorecer, também se entende fatigados. [14]
  • 15. Sabeísmo e a Religião Iorubana Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas. 6 Tens, contudo, a teu favor, que odeias, as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio. 7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor, Darlhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.” 4 5 Deus falando através de Bahá’u’lláh, está ameaçando remover sua Fé da Terra, porque eles se desviaram dos ensinamentos originais. Nicolaítas, seguidores de Nícolas, foram rompedores do Convênio no começo do cristianismo, e aqui simbolizam os rompedores do Convênio de qualquer Fé divinamente revelada. Nícolas pode ter sido originalmente um convertido de Antióquia que é mencionado em Atos 6:5. A doutrina de Nícolas inclui a teoria de que a aceitação de Jesus Cristo colocava o crente acima das leis e moral dos não-cristãos, e o padrão de comportamento tornou-se grandemente uma questão de inclinação pessoal. A promessa que Deus está fazendo é que aquele que superar os falsos ensinamentos existentes nas atuais Igrejas (Fé), receberá vida, luz e alimento espiritual através da Manifestação de Deus, a Árvore da Vida – Bahá’u’lláh.9 [15]
  • 16. Sabeísmo e a Religião Iorubana REFERÊNCIAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Shoghi Effendi, Unfolding Destiny. Vide A Revelação de Bahá’u’lláh, vol. 2, 398. 1683, Light of Guidance. 1693, Light of Guidance. 1694, Light of Guidance. 1694, Light of Guidance. A Revelação de Bahá’u’lláh, vol. 1, 341. The Bahá’í World, 1976 – 1979, Vol. XVII, pag. 510. Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá, 28. BIBLIOGRAFIA 1. Hinnells, John R. Dicionário das religiões. Editora Cultrix Ltda, São Paulo, Brasil, 1984. 2. Fonseca Júnior, Eduardo. Dicionário Yorubá (Nago) Português. Editora Brasileira S.A., R.J., Brasil, 1988. 3. Compilado por: Hornby, Helen. Light of Guidance – A Bahá’í Reference File. Bahá’í Publishing Trust, N.D., Índia, 1988. 4. Woolson, Gayle. Divine Symphony. Bahá’í Publishing Trust. N.D. Índia, 1971. 5. Dicionário Aurélio. Ed. Nova Fronteira. 1988. 6. Folheto Bahá’í: A Unidade do Gênero Humano. Lisboa, Portugal. 7. Taherzadeh, Adib. A Revelação de Bahá’u’lláh. Editora Bahá’í do Brasil, 1ª ed., 2001. 8. Riggs, Robert F. The Apocalypse unsealed. Philosophical Library, inc., N.Y., USA. 1981. 9. Costa, Fernando. A Prática do Candomblé no Brasil. Editora Renes, R. J., Brasil. 1974. 10. Effendi, Shoghi. Unfolding Destiny. Bahá’í Publishing Trust. London, Ing. 1981. 11. A Bíblia Sagrada. Traduzida para português por João F. de Almeida. Sociedade Bíblica do Brasil. 1959. 12. The Koran. Traduzida do árabe para inglês por J. M. Rodwell. Everymen’s Library. London, Ingl. 1974. 13. The Bahá’í World, vol. XVII, 1976 - 1979. The Universal House of Justice. Haifa, Israel. 1981. 14. Verger, Pierre F. Lendas Africanas dos Orixás. Ed Corrupio. 15. Bastide, Roger. O Candomblé na Bahia. Ed. Nacional. São Paulo, Brasil. 1961. Literatura sugerida: • • • • • Cárdenas, B. V. (w/ d.). Apuntes sobre los Sabeanos. http://bahai-library.com/file.php5?file=villarcardenas_apuntes_sobre_sabeanos&language: Bahá’í Library Online. Departamento de Pesquisa da Casa Universal de Justiça (2006). Sabeísmo, Buda, Krishna, Zoroastro e Assuntos Correlatos. Mogi Mirim: Editora Bahá’í do Brasil. Frankl, V. E. (1982). La voluntad del sentido – Conferencias escogidas sobre logoterapia. Barcelona: Editorial Herder (4ª edição em espanhol: 2002). Gündüz, S. (1994). The Knowledge of Life. Journal of Semitic Studies. Mehrabkhání, R. (1995). Los sabeos y el Sabeísmo. Apuntes Bahá’ís, 53-72. [16]
  • 17. KEYVAN BUENO NIKOBIN, arquiteto hospitalar, formado pela Universidade Farias Brito em São Paulo, sempre se preocupou com a falta de igualdade da raça negra no Brasil. Juntamente com o Pai-de-Santo, Antonio Pereira da Silva, preparou na década de 1990, este pequeno ensaio sobre esta primeira religião dos primórdios da humanidade, da qual sabemos tão pouco e temos tantos adeptos no Brasil. Após 20 anos trabalhando para o terceiro setor, sendo mais de uma década no ramo editorial, traz novamente esta edição em formato digital para ampliar os horizontes daqueles puros de coração e sem preconceitos de credo, raça ou tonalidade de pele. www.editorabahaibrasil.com.br