O documento analisa o design italiano dos anos 1950-1960 através da cadeira Universale de Joe Colombo e a obra pop art "White Bread" de James Rosenquist. Descreve o contexto pós-guerra na Itália que levou ao surgimento de novos estilos de design inovadores. Em seguida, analisa os detalhes funcionais e conceituais da cadeira Universale e da obra de Rosenquist, mostrando como ambos refletem suas respectivas épocas e movimentos artísticos.
1. AUH 2810 História do Design III | Monografia | Design Italiano e Pop Art | 28 de abril de 2009 | Aimeê da S. Ferreira 1
FAUUSP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
Curso de Design
Design Italiano e Pop Art
Monografia apresentada à matéria
AUH 2810 História do Design III,
ministrada pelo Prof. Dr. Marcos Braga,
em 28 de abril de 2009.
Aimeê da Silva Ferreira
Nº USP 5914311
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Na seguinte monografia pretende-se analisar um objeto de design de produto e uma peça de design grá-
fico, cada um deles referentes a um estilo ou movimento, juntamente com seu contexto histórico. Dentre as opções
dadas, referentes ao período pós-Guerra, escolheu-se analisar-se a cadeira Universale, de Cesare “Joe” Colombo,
inserida no contexto Italiano dos anos 50 e 60, e obra “White Bread”, de James Rosenquist, considerado perten-
cente ao movimento Pop Art dos anos 60.
Universale, 1965, Joe Colombo
Contexto Histórico
O cenário italiano do pós-Guerra, de rápida reconstrução industrial e de aparecimento de vanguardas, foi
decisivo para a evolução do design de produto. A união entre arquitetos e empresários a fim de reconstruir a econo-
mia da Itália abriu espaços para criações baseadas em inovações tecnológicas — resultado mundial das pesquisas
bélicas – e, ao mesmo tempo, guiadas pelo improviso e pela criatividade italianos. Exemplo disso é a criação de
Achille e Pier Giacomo Castiglioni, Mezzadro Stool, feito a partir da base de um banco de trator, ou mesmo a famosa
Vespa, de Enrico Piaggio, que trazia pneus de aeronáutica e guidão de bicicleta.
Mezzadro Stool, de Achille e Pier G. Castiglioni Publicidade de Vespa, de Enrico Piaggio
Os novos materiais e a promessa de um novo estilo de vida, a influência da corrida espacial e as exaltações
da modernidade levaram o design a ganhar espaço na indústria, como fator de diferenciação, que possibilitaria o
aumento das vendas1.
Seguindo a linha do design criativo e funcional, até mesmo um pouco lúdico, e com certa influência do
Futurismo italiano, encontra-se Cesare “Joe” Colombo. Colombo pretendia que suas criações se encaixassem, ou
formassem, o que ele chamava de “ambiente do futuro”. Buscando o uso de materiais como plástico e alumínio,
usando processos de produção novos e pensando intensamente em questões como empilhamento, limpeza e
modularidade, Colombo criou peças e ambientes inteiros que influenciam até hoje o design de produto.
1 http://www.aboutitaliandesign.info/history-of-industrial-design.html
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Análise do objeto
“I don’t think myself as an artist, nor as a technician, but as an epistemologist.”
Cesare Colombo
Nascido em Milão em 1930, Colombo estudou pintura na
Brera Academy of Fine Arts e depois arquitetura na Milan Poly-
technic. Entrou tardiamente no campo do design, seguido de uma
época de experimentações em pintura e escultura. Segundo a
comissária Dominique Forest do departamento moderno e contem-
porâneo do Musée des arts décoratifs, em Paris, Colombo “parte
antes de tudo da função para chegar à forma, bela e confortável,
levando o bem-estar até a utopia2”. Suas peças visavam um ambi-
ente modular modificável pelo próprio usuário, como podemos ver
em sua Tube Chair, de 1969.
Já a Universale Chair, obra sua que aqui será analisada, parte de outros princípios, que dialogam com suas
idéias de modularidade e mutabilidade.
A Universale teve seu projeto
desenvolvido em 2 anos, em par-
ceria com a empresa Kartell, para
que pudesse ser feita de um úni-
co material — vê-se que o buraco
em suas costas, além de servir
como pega, também é resultado
de seu processo de produção (no
movimento de tirar-se a cadeira
do molde). A mutabilidade da
peça se dá na intercambialidade
que ela permite com suas per-
nas. Trocando-as por maiores
ou retirando-as, o usuário pode
usufruir de 3 modelos diferentes:
um alto, no estilo banco de bar,
um médio, como uma cadeira de
mesa de jantar, e um mais baixo.
Essa troca de peças, “almost toy-like”3, é característica desta fase lúdica e alternativa do design italiano.
2 http://br.franceguide.com/---Joe-Colombo--o-designer-que-despertava-o-bom-humor.htm?nodeID=1&EditoId=89462&criterias=6
3 http://www.moderncontractseating.com/universal-seating-with-the-universale-chair-by-joe-colombo
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Outro aspecto muito estudado por Colombo, e aplicado também a outras muitas peças suas, é o empilha-
mento. A Universale também foi projetada para que seja estocada tanto verticalmente quanto horizontalmente4.
White Bread, 1964, James Rosenquist
Contexto Histórico
“Popular... Transient... Expendable... Low Cost, Mass Produced, Young... Witty, Sexy,
Glimmicky, Glamorous, Big Bussiness”
Richard Hamilton sobre a Pop Art
A cultura popular dos anos 50-60, influenciada pela retomada da economia e o aparecimento da televisão,
é caracterizada pela mídia de grande alcance, propagandas exaltando estilos de vida — que por sua vez influencia-
vam a compra de certos objetos —, revistas, filmes, álbuns de música, etc, enfim, a cultura de massa americana,
que inspirou alguns artistas ingleses a questioná-la (ou a exaltá-la) em suas obras. É recorrente o uso de cores
fortes, aspectos infantis, formas não-austeras, objetos cotidianos e de utilitário diário (o que mostra uma conexão
com o movimento Dada). Tais obras buscavam um questionamento sobre a efemeridade e a superficialidade das
relações e ações de tal época; usavam referências encontradas no dia-a-dia do público, para que pudesse atingi-lo
e mostrar-lhe as conseqüências do consumo da elite (como a transformação de personalidades em objetos de con-
sumo, como mostrado nas obras de Andy Warhol).
4 http://www.joecolombo.com/inddes_index.html
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Repetição do rosto de Marilyn Monroe em serigrafia, feita por
Warhol.
Análise da Obra
James Rosenquist (1933-) é conside-
rado um dos expoentes do movimento Pop
Art, embora não tenha tido contato com Andy
Warhol ou Roy Lichtenstein no aparecimento
do movimento.
Percebemos já de imediato que a obra
de Rosenquist apresenta alguns dos aspec-
tos supracitados da Pop Art — referência ao
cotidiano, consumo, cores fortes. Em segunda
inspeção, podemos captar certas críticas
inerentes à tal imagem, como a artificialidade
do pão e da margarina industrializados, inse-
ridos em um estilo de vida americano que é
“vendido” internacionalmente (como vemos em
propagandas da época que, embora veicula-
das em países que seguiam culturas comple-
tamente diferentes — como o Brasil —, ainda
assim usavam a imagem do lifestyle americano
como plano de fundo).
A planificação da obra, mostrando objetos e ambiente tridimensionais de forma bidimensional, achatada,
pode fazer referência justamente à superficialidade das imagens produzidas na época, fruto da publicidade. Ron-
senquist apresenta, assim, um quadro igualmente irônico e icônico da época, mas de uma maneira mais sutil do que
seus companheiros de movimento.
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Referências:
- JULIER, Guy - The Thames & Hudson Dictionary of Design since 1900; Thames & Hudson World of Art; 1993, Lon-
dres, Inglaterra.
- Site oficial de Jon Colombo, em http://www.joecolombo.com/inddes_index.html; último acesso em 27 de abril de
2009.
- A brief history of industrial design; em http://www.aboutitaliandesign.info/history-of-industrial-design.html; último
acesso em 27 de abril de 2009.
- Joe Colombo, o designer que despertava bom humor, em http://br.franceguide.com/---Joe-Colombo--o-designer-
que-despertava-o-bom-humor.htm?nodeID=1&EditoId=89462&criterias=6; último acesso em 27 de abril de 2009.
- Universal seating with the Universale chair by Joe Colombo, em http://www.moderncontractseating.com/universal-
seating-with-the-universale-chair-by-joe-colombo; último acesso em 27 de abril de 2009.
- Imagens retiradas de http://www.designmuseum.org/design/joe-colombo; último acesso em 27 de abril de 2007.
- Site oficial de James Rosenquist, em www.jimrosenquist-artist.com, último acesso em 27 de abril de 2009.
- FRY, Edward F. - James Rosenquist; em http://popartmachine.com/masters/JAMES_ROSENQUIST.htm; último
acesso em 27 de abril de 2009.
- Página sobre o artista na Wikipédia, em http://popartmachine.com/masters/JAMES_ROSENQUIST.htm; último
acesso em 27 de abril de 2009.
- Anotações feitas em aula, da matéria AUH 2810 História do Design III, Ministrada pelo prof. Dr. Marcos Braga, no
curso de Design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, nos dias 24 de março de
2009 e 14 de abril de 2009.