1. 11ºAno
René Descartes
O Racionalismo Dogmático: Teoria Cartesiana Da OrigemDo
Conhecimento (o método e a dúvida)
Trabalho realizado por:
- Leonardo Figueiredo nº10
- Mário Rui nº13
- Vasco Seixas nº20
2. Índice
Introdução....................................................................................................................................3
Biografia de René Descartes.........................................................................................................4
Origem do Conhecimento – Racionalismo vs Empirismo vs Intelectualismo................................5
Racionalismo Cartesiano..............................................................................................................7
Método.....................................................................................................................................7
DÚVIDA ....................................................................................................................................8
COGITO.....................................................................................................................................9
EXISTÊNCIA DE DEUS..............................................................................................................10
Conclusão...................................................................................................................................11
Bibliografia.................................................................................................................................12
3. Introdução
No âmbito da disciplina de Filosofia, foi-nos proposta a realização deste trabalho de carácter
obrigatório, que consiste na apresentação da teoria do conhecimento do filósofo francês, René
Descartes.
Este trabalho, está subdividido em três partes, em que inicialmente é apresentada a biografia
do filósofo em questão.
Nas partes seguintes, é apresentado todo o pensamento cartesiano bem como as razões que
levam Descartes a pensar de tal modo, nunca deixando esquecer a época em que se encontra
inserido, que consta ser das mais instáveis de sempre.
Com este trabalho, pretende-se compreender o problema da possibilidade do conhecimento,
bem como compreender e discutir a solução cartesiana para o problema da possibilidade do
conhecimento, abordando conceitos como: dúvida metódica, cogito, génio maligno, ideias
claras e distintas, racionalismo, entre outros.
Ilustração 1 - Penso, Logo Existo (1)
4. Biografia de René Descartes
René Descartes nasceu em França a 31 de Março de 1596 e é considerado o pai da Filosofia
Moderna. Filósofo, físico e matemático, é conhecido sobretudo, pela célebre frase: “Penso, logo
existo!”
Começou a sua formação num colégio jesuíta, sendo que em seguida estudou Direito, apesar
de nunca ter exercido.
Ao longo da sua vida, deixou uma vasta obra matemática, física e filosófica. Se na matemática
foi inovador ao lançar as bases da geometria analítica e na física defendeu o modelo
heliocêntrico, é à filosofia que ele dedica a maior parte da sua obra. Revolucionário, inaugurou
o racionalismo da Idade Moderna e são poucas as obras de epistemologia, datadas depois da
sua morte, que não o citam.
Apesar de católico e de inclusive ter apresentado a prova da existência de Deus no seu
entender, a Igreja nunca o viu com bons olhos por questionar sucessivamente a sua influência
no campo do conhecimento. Aliás, todas as suas obras, foram colocadas no seu Índice de
Livros Proibidos.
Durante a sua vida viveu na Alemanha, na Holanda e Suécia, onde morreu de pneumonia a 11
de Fevereiro de 1650.
Ilustração 2 - Réne Descartes
5. Origem do Conhecimento – Racionalismo vs Empirismo vs
Intelectualismo
O homem sentiu, desde sempre, necessidade de explicar o mundo que o rodeia. Por isso, o
problema do conhecimento foi colocado logo desde o início da filosofia grega.
Embora o conhecimento seja, não um estado mas sim um processo e, como tal,
necessariamente relacionado com a actividade prática do homem (conhecer não é só possuir
uma representação mental do mundo, é também actuar no mundo a partir da representação
que dele temos), tradicionalmente, o conhecimento foi descrito como uma relação entre um
sujeito, enquanto agente conhecedor, e um objecto, enquanto coisa conhecida. Dois grandes
problemas se colocam:
Qual a origem do conhecimento?
Será que todo o conhecimento procede apenas da experiência? Será que alguns dos
nossos conhecimentos têm a sua origem na razão? Ou será que todo o conhecimento
resulta de uma elaboração racional a partir dos dados da experiência?
Três respostas são possíveis a esta questão: o empirismo, o racionalismo e o empírico-
racionalismo ou intelectualismo.
O empirismo
O empirismo considera como fonte de todas as nossas representações os dados
fornecidos pelos sentidos. Assim, todo o conhecimento é «a posteriori», isto é,
provém da experiência e à experiência se reduz. Segundo os empiristas, inclusivamente as
noções matemáticas seriam cópias mentais estilizadas das figuras e objectos que se
apresentam à percepção.
" Os pontos, as linhas, os círculos que cada um tem no espírito são simples cópias dos
pontos, linhas e círculos que conheceu na experiência"
Stuart Mill
6. O racionalismo
Os racionalistas consideram que só é verdadeiro conhecimento aquele que for logicamente
necessário e universalmente válido, isto é, o conhecimento matemático é o próprio modelo do
conhecimento. Assim sendo, o racionalismo tem que admitir que há determinados tipos de
conhecimento, em especial as noções matemáticas, que têm origem na razão. Não quer isso
dizer que neguem a existência do conhecimento empírico. Admitem-no. Consideram-no porém
como simples opinião, desprovido de qualquer valor científico. O conhecimento, assim
entendido, supõe a existência de ideias ou essências anteriores e independentes de toda a
experiência.
Descartes defende uma particular posição no interior do racionalismo: o racionalismo
dogmático/cartesiano.
O empírico-racionalismo ou intelectualismo
Para os defensores desta teoria, as nossas representações são construções «a posteriori»
elaboradas pela razão a partir dos dados experimentais. Assim, o conhecimento tem a sua
origem na experiência mas a sua validade só pode ser garantida pela razão.
As noções matemáticas são construções racionais a partir da observação dos objectos e
figuras que rodeiam o homem. Decorrem de processos de abstracção e regularização
relativamente à irregularidade das figuras reais.
Ilustração 3 - David Hume - Empirismo
7. Racionalismo Cartesiano
Os racionalistas procuram um conhecimento absoluto, isto é, válido universalmente, adoptam
como modelo o conhecimento matemático, duvidam da validade do conhecimento empírico e
pressupõem a existência de ideias inatas.
Descartes assume uma atitude céptica mas apenas para poder demonstrar que existe
conhecimento que resiste à dúvida mais radical e exagerada. Por isso, dizemos que a dúvida
em Descartes é metódica e que a investigação que ele realizou o levou a negar e a vencer o
cepticismo e a afirmar o dogmatismo, com base num conhecimento unicamente racional.
A dúvida metódica conduz Descartes a uma primeira ideia indubitável: a existência do eu
pensante ou cogito. Considera-a indubitável por ser captada por intuição racional de forma
clara e nítida.
Da existência indubitável do eu pensante, Descartes parte para a afirmação da existência em
nós de uma ideia de Deus, e desta para a demonstração racional da existência de Deus como
ser perfeito.
Da existência de Deus, Descartes deduz a existência do mundo físico e a possibilidade de
haver dele um conhecimento racional.
No sistema cartesiano, Deus é o fundamento e a garantia da possibilidade e da verdade de
todo o conhecimento racional.
Dos corpos materiais, só é verdadeiro o conhecimento das qualidades quantitativas. As suas
características qualitativas dependem do efeito que produzem nos nossos órgãos sensoriais,
não devendo ser consideradas como fonte de conhecimento verdadeiro.
• Método
8. O método utilizado no racionalismo dogmático é inspirado na matemática, uma vez que as
suas proposições têm uma origem exclusivamente racional.
As quatro regras que integram o método são:
A. A evidência, nunca aceitar qualquer coisa como totalmente verdadeira.
B. A análise, simplificar cada problema para que fosse possível uma mais fácil resolução.
C. A síntese, estabelecer uma ordem crescente de complexidade, permitindo alcançar o
conhecimento mais complexo
D. A enumeração, revisão geral e completa para a certificação de que nada era omitido.
Estas regras permitirão guiar a razão orientando devidamente as operações fundamentais
do espírito:
A intuição, apreensão directa e imediata de noções simples, evidentes e indubitáveis.
A dedução, encadeamento das intuições, para que através dos princípios evidentes se
pudesse cegar a consequências necessárias.
• DÚVIDA
A dúvida é um momento fundamental, no método. Através dela, rejeitaremos tudo aquilo
que levantar a mínima suspeita de incerteza, excepto as verdades ligadas à fé e ao
sobrenatural, que não estão sujeitas a esta.
A dúvida é posta ao serviço da verdade, no processo de procura dos princípios
fundamentais e indubitáveis.
A dúvida é justificada por:
A. Preconceitos e juízos precipitados formulados na infância.
B. O carácter enganador dos sentidos.
C. Não existir um critério que permite distinguir o sonho da vigília.
D. A possibilidade de erro na formulação das demonstrações matemáticas.
E. A existência de um deus enganar ou um génio maligno que nos engana no que toca a
verdade, levando a que estejamos sempre enganado a respeito das verdade, das
demonstrações matemática e da existência das coisas.
9. Assim, a dúvida é uma suspensão do juízo e tem uma função catártica, pois liberta-nos dos
erros que perturbam o processo de busca da verdade. Sendo um exercício voluntário
permite a eliminação de preconceitos e opiniões erradas. É fulcral para a obtenção de
princípios evidentes e universais.
• COGITO
Sendo um acto livre, a dúvida leva-nos a uma verdade incontestável, a afirmação da minha
existência, enquanto for um ser que pensa e dúvida não deixo de existir.
A afirmação, “Penso, logo existo”, obtida por intuição, tem uma certeza inabalável, é deste
modo, o paradigma de todas as afirmações verdadeiras.
A verdade consiste na evidência, isto é, na clareza e distinção das ideias. Um conhecimento
é evidente quando as ideias são conhecidas por todas e estão separadas umas em relação
às outras.
A detenção intuitiva da existência mostra-nos como esta é inseparável do próprio
pensamento. A natureza do sujeito é o pensamento.
O pensamento é toda a actividade consciente e é equivalente à alma, que é conhecida
antes de tudo e de uma forma bastante simples.
10. • EXISTÊNCIA DE DEUS
Não é possível alcançar a fundamentação do conhecimento sem se descobrir o que se
encontra na base do pensamento e na origem do sujeito pensante.
Numa das ideias inatas encontra-se a noção de um ser omnisciente, omnipotente e perfeito.
Este é o ponto de partida para a investigação da existência de um ser divino.
11. Conclusão
René Descartes foi um filósofo racionalista em que, o racionalismo é a doutrina
epistemológica que defende que a razão é por direito próprio uma fonte de conhecimento,
estando esta ideia presente em Descartes sob várias modalidades.
Em primeiro lugar, Descartes pensava que podemos intuir a verdade de certas proposições
por meios estritamente racionais e sem o recurso à experiência. É nesta intuição puramente
racional que se apoia a tese de que as proposições claras e distintas têm de ser
verdadeiras. Podemos, por exemplo, com base numa avaliação racional, determinar como
verdadeiras as proposições básicas da Geometria e da Matemática.
Das proposições que intuímos como verdadeiras, podemos deduzir outras proposições cuja
verdade é também considerada à priori.
Os fundamentos do conhecimento (o cogito e Deus) podem ser conhecidos desta forma,
bem como a distinção entre o corpo e a mente.
Descartes é considerado o primeiro filósofo "moderno". A sua contribuição à epistemologia
é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou o
seu desenvolvimento. Descartes criou, nas suas obras “Discurso sobre o
método” e “Meditações” – ambas escritas no vernáculo, ao invés do latim tradicional dos
trabalhos de filosofia – as bases da ciência contemporânea.