O documento discute a evolução da antropologia contemporânea e como a globalização levou a uma crise de identidade. A antropologia passou de um enfoque em distanciamento cultural para um paradigma hermenêutico de interpretação, reconhecendo a capacidade simbólica dos sujeitos. Grupos minoritários também ganharam voz política à medida que instituições perderam capacidade de consolidar identidades.
2. A antropologia sempre trabalhou com a lógica do distanciamento, distanciamento entre o pesquisador e pesquisado, distanciamento entre civilizações e culturas, distanciamento no tempo e no espaço entre o europeu e o não europeu. Ocorre que a história e a crescente internacionalização dom capitalismo promoveram o contínuo encurtamento dessas distancias.
3.
4. É nesse cenário que cientistas sociais como Roberto Cardoso de Oliveira veem emergir junto aos modelos tradicionais de pesquisa antropológica, que ele denomina como racionalista/funcionalista; estrutural/funcionalista e culturalista, um novo paradigma denominado HERMENÊUTICO. * esse modelo, combina a tradição européia com a metodologia interpretativa norte-americana. ( reação ao modelo idealista iluminista ) Segundo Michel Foucault, o homem é um ser de linguagem. O estudo tem que decifrar suas formas de expressão. A hermenêutica é a ciência da interpretação do dito, do não dito e das entrelinhas. Modelo decifrativo que se apóia em sinais, em vestígios para descobrir na expressão simbólica conteúdos profundamente significativos.
5. O sujeito deixa de ser visto como um objetividade para ganhar toda a riqueza de sua capacidade simbólica. Clifford Geertz, O conceito de cultura que eu defendo, e cuja utilidade os ensaios abaixo tentam demonstrar, é essencialmente semiótico. Acreditando como Max Weber que o homem é um animal amarrado a teia de significados que ele teceu, assumo a cultura como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa à procura de significados.
6.
7. Os estudos recentes mostram que as instituições como o Estado,a Igreja e os Partidos políticos perderam a capacidade de consolidar identidades individuais e coletivas, pois a cultura de massa acaba padronizando o imaginário das pessoas de forma global. A sociedade contemporânea tornou ineficazes as formas tradicionais da cultura pelas quais se construíram as identidades de grupo e individuais, entre elas o ofício, o regionalismo e o nacionalismo.
8. Os cientistas partem do princípio de que a sociedade contemporânea tornou ineficazes as formas tradicionais da cultura pelas quais se construíam as identidades de grupo e individuais, entre elas o ofício ou profissão, o regionalismo e o nacionalismo. A antropologia abandonou a busca por formas de identidade normativas, regulares ou institucionais, como família e a nação, para se pesquisar mecanismo identitários Emergentes, de natureza cultural e política, como a organização das minorias.
9.
10.
11.
12.
13. Ao mesmo tempo em que a representatividade apoiada na maioria de votos garantia a legitimidade aos governos e às suas ações – por menor que fosse o grupo que representassem-, a idéia de consenso, associada à de maioria e unanimidade, dava às instituições sociais um sentido de normalidade e saúde. * O uso indiscriminado da estatística ajudou na disseminação desses princípios. Os números (índices e taxas ), conforme o seu uso, transformam a realidade em quantidades, fazem desaparecer as nuanças e impedem uma real avaliação das situações. A metade mais um é maioria?
14. Atualmente, entende-se por maioria ou minoria a capacidade de certos grupos sociais fazerem pressão e obterem sucesso em suas reivindicações. É a força da ação política que torna as questões majoritárias ou minoritárias. Na história da sociedade ocidental, os homens passaram da diferenciação à massificação. A formação política das minorias raciais, sexuais ou profissionais foram revertendo essa tendência, assim como foram criando condições para a emergência de uma nova política: a democracia participativa.