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Fromm, Erich, A arte de amar / Erich Fromm: Tradução Eduardo Bradão. – São Paulo:
Martins Fontes, 2000.




       Erich Fromn é psicanalista e filósofo. Nasceu na Alemanha e mais tarde
nacionalizado americano. É autor do livro trabalhado: “A arte de amar”. Este livro é um
dos títulos chave na biografia de Erich Fromm. Não se trata de um manual nem um
guia, ao passo que Fromm considera o amor não como uma sensação prazerosa de auto-
satisfação, mas como uma arte que faz os demais que requerem um conhecimento e um
esforço. Assim sendo, o conteúdo abordado não é caráter de auto-ajuda, entretanto é um
livro que provoca a reflexão e o pensar sobre a mensagem complexa e atraente que o
autor designa sobre o amor. Em sua ideia densa o Dr. Fromn, propõem ensinar ao leitor
a necessidade de amar como requisito necessário para compreender que este não é um
conhecimento inato, ou algo que simplesmente acontece, é, sobretudo uma arte, uma
arte que requer e promove aprendizado, maturidade, compreensão e muito suor, ao
passo que estamos muito longe de conhecer toda a complexidade desse sentimento.

       A princípio o desafio é entender o que é o amor- O que é o amor? Para responder
as inúmeras questões levantadas sobre essa indagação, o autor, ao construir uma teoria
acerca do sentimento, diferencia-o em suas várias formas. Apresenta assim,
primeiramente, o amor infantil (aquele que diz – amo porque preciso de você)
diferenciando do amor adulto (o que diz – sou amado porque amo). Dessa forma
avaliando as diferentes revelações deste sentimento, frente ao objeto amado, colocado
pelo o autor que se apresentam como sendo: (fraterno, materno, erótico, amor próprio,
amor a Deus). A questão que implica refletir adentre deste assunto é que não temos a
capacidade de amar outra pessoa e reconhecê-la como alguém separado e diferente, se
não tivermos suficientemente amor próprio. Logo, implica dizer que o verdadeiro amor
precisa de amadurecimento, pois não é um refúgio, é uma experiência de crescimento.
Entende-se que este sentimento é um tipo de atividade que não se trata de um afeto
passivo, mas sim de uma promoção e, não uma queda.
Erich Fromm diz o seguinte: “Amar alguém não é apenas um sentimento forte, é
uma decisão, é um juízo, é uma promessa. Se o amor fosse apenas um sentimento, não
haveria base para a promessa de amar um ao outro para sempre. Um sentimento vem e
pode ir. Como posso julgar se ele vai ficar para sempre, se meu ato não envolver juízo e
decisão?” Nessa perspectiva podemos considerar inicialmente o pensamento do autor
como sendo uma linha indagadora diante de respostas precisas. Assim sendo, nota-se
um ponto muito interessante, que é o ideal amoroso realizado nos roteiros
cinematográficos é desmistificado. É preciso que haja um acordo entre o estado de que
separa o homem e o treinamento do livre-arbítrio dentro da prática do poder de amar,
oferecendo ao outro as expressões e revelações de que se é vivo nele, em sua alacridade,
interesse, compreensão, conhecimento, sem sacrificar a própria vida, assim o pseudo
amor se esvai com as primeiras incompatibilidades.

       O sentimento de amor pode ser revelado como réplica ao problema da existência
humana. Dando base a essa pequena explanação, podemos citar o pensamento do autor,
em que o mesmo diz: “Só há certeza com relação ao passado; com relação ao futuro, a
única certeza que existe é a da morte.” Podemos entender que a consciência do estado
de separação do homem faz com que este mesmo homem procure a união para superar a
solidão, o dolo e a aflição. É a partir da necessidade de se unir que se pode notar os mais
remotos mitos como, por exemplo, a história bíblica de Adão e Eva.

       Fromm ainda diz: “O amor é o único meio de conhecimento: no ato de união ele
dá resposta à minha busca. No ato de amar, de me dar, no ato de penetrar o outro, eu me
encontro, eu me descubro, eu descubro a mim e ao outro, eu descubro o homem.”
O amor é solícito em suas variações. Há várias formas de se amar: Quando se ama
fraternamente se tem amor por todos os seres humanos, se ama universalmente pelos
iguais. Quando se ama maternamente se tem uma asseveração absoluta da vida: são dois
seres humanos que eram uma, em pouco se separam e vivem a cogente relação
simbiótica aos primeiros anos no amadurecimento do vínculo. Quando se ama
eroticamente sente-se a vontade da completa composição, neste tipo de amor ocorre a
contradição nos pontos em que dois seres se tornam um, ainda permanecendo dois.
Quando ama a si fica liberto da marca de ser egoísta para ser a declaração de capacidade
de amar. E quando se ama a Deus está frente à forma religiosa do amor e também nasce
da necessidade de superar o estado de separação e alcançar a união.
O autor fala muito bem sobre a questão de desintegração do amor dentro da
sociedade ocidental contemporânea. Diante dos expostos do autor, podemos concluir
que a questão é que a sociedade abona muitos paliativos que ajudam as pessoas a se
tornarem conscientemente inconscientes de sua própria solidão. Começa pela à estrita
rotina do trabalho mecânico, burocratizado, que as auxilia a continuarem sem
conhecimento de seus desejos humanos mais basais, do anseio de transcendência e
unidade. Ou seja, é esta sociedade capitalista que produz tudo que é preciso para as
pessoas não tomar consciência de seu estado de solidão, e as psicopatologias presentes
no homem moderno como os distúrbios neuróticos e as relações eivadas de sadismo e
masoquismo.

       É bem colocada a fala do autor, quando ele diz: “O que importa em relação ao
amor é a fé em nosso próprio amor, na capacidade que este tem de produzir amor nos
outros e na confiabilidade desse amor.” Vejamos que ter a capacidade de amar é fazer
uso da coragem admitindo nossas falhas e riscos para assim tentar responder o jeito
mais excepcional e profícuo ao enigma da existência humana. Ter fé na probabilidade
do amor, também como um fenômeno social, com a fé coerente, raciona e precisa
fundamentada na compreensão da natureza verdadeira do homem.

       Através da prazerosa leitura feita sob o vasto e excelente conteúdo da obra “A
arte de amar” de autoria do grande Erich Fromn, é possível concluir que em questão de
amor é necessário agirmos como verdadeiros alunos aplicados e desempenhados a
aprender uma arte, da mesma forma como faríamos se quiséssemos aprender qualquer
outra arte, porque como diz Erich Fromn: “amar é uma arte.” Em virtude disso,
recomendo a leitura a todos os tipos de leitores, sobretudo aos estudantes do curso de
psicologia, pois é uma ferramenta eficaz no exercício da profissão. Esse é livro
apaixonante tanto pela expressão do conteúdo em si, ao passo que o assunto tratado é de
vital importância, tanto pela maneira acessível e de fácil entendimento em que o autor
trabalha a temática.




                                                              Nágila de Sousa Freitas
                                             Cajazeiras- PB 14 de dezembro de 2011

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  • 1. Fromm, Erich, A arte de amar / Erich Fromm: Tradução Eduardo Bradão. – São Paulo: Martins Fontes, 2000. Erich Fromn é psicanalista e filósofo. Nasceu na Alemanha e mais tarde nacionalizado americano. É autor do livro trabalhado: “A arte de amar”. Este livro é um dos títulos chave na biografia de Erich Fromm. Não se trata de um manual nem um guia, ao passo que Fromm considera o amor não como uma sensação prazerosa de auto- satisfação, mas como uma arte que faz os demais que requerem um conhecimento e um esforço. Assim sendo, o conteúdo abordado não é caráter de auto-ajuda, entretanto é um livro que provoca a reflexão e o pensar sobre a mensagem complexa e atraente que o autor designa sobre o amor. Em sua ideia densa o Dr. Fromn, propõem ensinar ao leitor a necessidade de amar como requisito necessário para compreender que este não é um conhecimento inato, ou algo que simplesmente acontece, é, sobretudo uma arte, uma arte que requer e promove aprendizado, maturidade, compreensão e muito suor, ao passo que estamos muito longe de conhecer toda a complexidade desse sentimento. A princípio o desafio é entender o que é o amor- O que é o amor? Para responder as inúmeras questões levantadas sobre essa indagação, o autor, ao construir uma teoria acerca do sentimento, diferencia-o em suas várias formas. Apresenta assim, primeiramente, o amor infantil (aquele que diz – amo porque preciso de você) diferenciando do amor adulto (o que diz – sou amado porque amo). Dessa forma avaliando as diferentes revelações deste sentimento, frente ao objeto amado, colocado pelo o autor que se apresentam como sendo: (fraterno, materno, erótico, amor próprio, amor a Deus). A questão que implica refletir adentre deste assunto é que não temos a capacidade de amar outra pessoa e reconhecê-la como alguém separado e diferente, se não tivermos suficientemente amor próprio. Logo, implica dizer que o verdadeiro amor precisa de amadurecimento, pois não é um refúgio, é uma experiência de crescimento. Entende-se que este sentimento é um tipo de atividade que não se trata de um afeto passivo, mas sim de uma promoção e, não uma queda.
  • 2. Erich Fromm diz o seguinte: “Amar alguém não é apenas um sentimento forte, é uma decisão, é um juízo, é uma promessa. Se o amor fosse apenas um sentimento, não haveria base para a promessa de amar um ao outro para sempre. Um sentimento vem e pode ir. Como posso julgar se ele vai ficar para sempre, se meu ato não envolver juízo e decisão?” Nessa perspectiva podemos considerar inicialmente o pensamento do autor como sendo uma linha indagadora diante de respostas precisas. Assim sendo, nota-se um ponto muito interessante, que é o ideal amoroso realizado nos roteiros cinematográficos é desmistificado. É preciso que haja um acordo entre o estado de que separa o homem e o treinamento do livre-arbítrio dentro da prática do poder de amar, oferecendo ao outro as expressões e revelações de que se é vivo nele, em sua alacridade, interesse, compreensão, conhecimento, sem sacrificar a própria vida, assim o pseudo amor se esvai com as primeiras incompatibilidades. O sentimento de amor pode ser revelado como réplica ao problema da existência humana. Dando base a essa pequena explanação, podemos citar o pensamento do autor, em que o mesmo diz: “Só há certeza com relação ao passado; com relação ao futuro, a única certeza que existe é a da morte.” Podemos entender que a consciência do estado de separação do homem faz com que este mesmo homem procure a união para superar a solidão, o dolo e a aflição. É a partir da necessidade de se unir que se pode notar os mais remotos mitos como, por exemplo, a história bíblica de Adão e Eva. Fromm ainda diz: “O amor é o único meio de conhecimento: no ato de união ele dá resposta à minha busca. No ato de amar, de me dar, no ato de penetrar o outro, eu me encontro, eu me descubro, eu descubro a mim e ao outro, eu descubro o homem.” O amor é solícito em suas variações. Há várias formas de se amar: Quando se ama fraternamente se tem amor por todos os seres humanos, se ama universalmente pelos iguais. Quando se ama maternamente se tem uma asseveração absoluta da vida: são dois seres humanos que eram uma, em pouco se separam e vivem a cogente relação simbiótica aos primeiros anos no amadurecimento do vínculo. Quando se ama eroticamente sente-se a vontade da completa composição, neste tipo de amor ocorre a contradição nos pontos em que dois seres se tornam um, ainda permanecendo dois. Quando ama a si fica liberto da marca de ser egoísta para ser a declaração de capacidade de amar. E quando se ama a Deus está frente à forma religiosa do amor e também nasce da necessidade de superar o estado de separação e alcançar a união.
  • 3. O autor fala muito bem sobre a questão de desintegração do amor dentro da sociedade ocidental contemporânea. Diante dos expostos do autor, podemos concluir que a questão é que a sociedade abona muitos paliativos que ajudam as pessoas a se tornarem conscientemente inconscientes de sua própria solidão. Começa pela à estrita rotina do trabalho mecânico, burocratizado, que as auxilia a continuarem sem conhecimento de seus desejos humanos mais basais, do anseio de transcendência e unidade. Ou seja, é esta sociedade capitalista que produz tudo que é preciso para as pessoas não tomar consciência de seu estado de solidão, e as psicopatologias presentes no homem moderno como os distúrbios neuróticos e as relações eivadas de sadismo e masoquismo. É bem colocada a fala do autor, quando ele diz: “O que importa em relação ao amor é a fé em nosso próprio amor, na capacidade que este tem de produzir amor nos outros e na confiabilidade desse amor.” Vejamos que ter a capacidade de amar é fazer uso da coragem admitindo nossas falhas e riscos para assim tentar responder o jeito mais excepcional e profícuo ao enigma da existência humana. Ter fé na probabilidade do amor, também como um fenômeno social, com a fé coerente, raciona e precisa fundamentada na compreensão da natureza verdadeira do homem. Através da prazerosa leitura feita sob o vasto e excelente conteúdo da obra “A arte de amar” de autoria do grande Erich Fromn, é possível concluir que em questão de amor é necessário agirmos como verdadeiros alunos aplicados e desempenhados a aprender uma arte, da mesma forma como faríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, porque como diz Erich Fromn: “amar é uma arte.” Em virtude disso, recomendo a leitura a todos os tipos de leitores, sobretudo aos estudantes do curso de psicologia, pois é uma ferramenta eficaz no exercício da profissão. Esse é livro apaixonante tanto pela expressão do conteúdo em si, ao passo que o assunto tratado é de vital importância, tanto pela maneira acessível e de fácil entendimento em que o autor trabalha a temática. Nágila de Sousa Freitas Cajazeiras- PB 14 de dezembro de 2011