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Negritude, Negrismo, Literaturas de
        Afro-descendentes
Movimentos literários nos EUA, Caribe e Brasil

Pontos principais:

Desejo de volta à África x Desejo de enraizamento no solo americano


Criação da Libéria             Impossibilidade de retorno
Back to África                 “o Ser já não é o mesmo”
Negritude(Aimé Césaire)            (Edouard Glissant)

   “Ele simplesmente deseja que alguém possa ser ao mesmo
   tempo Negro e americano sem ser amaldiçoado e cuspido
   por seus camaradas, sem ter as portas da Oportunidade
   brutalmente batidas na cara”(Du Bois, 1999, p.54)
Movimentos Culturais e Vanguardas
                 Início do século XX
*“Descoberta” da ÁFRICA pelos europeus
->Estudos científicos – etnográficos e antropológicos
->Artístico – revolução vanguardista e “arte negra”




                         Les demoiselles d’Avignon – Pablo Picasso
Harlem Renaissance
                 Eclosão de literatura, música e crítica social

Marcos históricos pré-movimento:
*Migração de 2 milhões de negros do sul rural para fábricas do norte;
*Ressurgimento da Ku Klux Klan

Defesa dos direitos civis dos negros:
->Frederick Douglass - Orador Abolicionista
->Booker T. Washington - Empresário
->W.E.B. Du Bois – Intelectual

       Em 1920, no Harlem, surge o primeiro movimento artístico de
       importância, reunindo escritores, músicos de jazz e artistas:
       Langston Hughes, Claude McKay, Louis Armstrong

1925 – Antologia The New Negro: An Interpretation, de Alain Locke
Negritude
Criada por Aimé Césaire, Léon Gontran Damas e Léopold Sédar
Senghor. Fundam, em 1935, o jornal L’étudiant noir

Outros articuladores do período sofreram pressões governamentais

Contatos com as vanguardas européias e com o Harlem Renaissance

Ideias apoiadas no
Marxismo – equalização de recursos, contesta as desigualdades

Surrealismo – liberação de forças inconscientes, valorização da arte
primitiva

Senghor – contribui para a identidade, trazendo conhecimentos da
origem africana
Outros movimentos no Caribe

*Indigenismo e negrismo (Haiti)
Indigenismo no sentido de nacional; valorização do vodu e da
língua criola (movimento principalmente literário)

*Negrismo (Porto Rico, Cuba, República Dominicana)
Denúncias da situação do negro

*República Dominicana, caso especial
Luta com o Haiti (contra o negro, africano, praticante de vodu)
Visão do negro como o outro
Compreensão superficial da cultura negra
Mestiçagem
Conceito que engloba biologia, práticas políticas e categoria identitária

Caráter depreciativo x Caráter afirmativo

Ligadas aos conceitos de transculturação e culturas híbridas (no século XX)

No Brasil: mestiçagem para eliminar o negro e o índio (branqueamento)
Imaginação romântica
Ideologia da confraternização
Mestiço forte x mestiço com supremacia branca
Aculturação
Mito da criação do brasileiro: Iracema, Moreninha, Escrava Isaura

                  Imaginação científica

Ideias de enfraquecimento do mestiço – inferior e estéril
Marca diferenciadora – o mestiço brasileiro se afasta das 3 raças
formadoras
Imigração para transformar mestiços em branco
“fantasia romântica de acreditar no resultado maravilhoso da mistura
de raças inteiramente diversas”
Nina Rodrigues                    Gilberto Freyre
       Paulo Prado                      Arthur Ramos


Impossibilidade de civilizar o negro   “Abrasileiramento”

Dificuldade de exterminar o mestiço    Convivência entre cultura civilizada e
                                       primitiva
  Sociedade culpada das misturas
                                       Antagonismo em equilíbrio
   Negro relaxado e sem moral
                                       Mestiçagem desmistificada
    Luxúria aproximou as raças


    Abrasileiramento- Ideologia de mestiço superior, Nordeste
    como reservatório (Era Vargas
Representação do Negro
             na Literatura Brasileira
Personagens                  Escritores

Rita Baiana                  Luiz Gama

Bertoleza                    Machado de Assis

Mulato Firmo                 Cruz e Sousa

Raimundo                     Lima Barreto

Poemas da Negra              Solano Trindade

Personagens de Jorge Amado   Carolina de Jesus
Literatura Afro-brasileira
Abdias Nascimento – quilombismo

Diálogo com Hughes, Du Bois, Césaire

Década de 70 – Cadernos Negros / Quilombhoje

Leis essenciais:
*Eu lírico em ascensão
*Construção da epopéia negra - Canto dos Palmares e Dionísio
esfacelado
*Valorização das características físicas e simbólicas negras
* Criação de nova ordem simbólica (ressignificação dos elementos
culturais e ancestrais)
Literatura feminina afro-brasileira
*Rompimento com a hegemonia e
supremacia masculina;

*Função de desenhar e reconhecer
existências e práticas sociais
diferenciadas entre os gêneros;

*CONDIÇÃO FEMININA: PAPEL
DISTINTO do masculino, mas não
inferior ou desigual;

* Desejo de autonomia políticas e
culturais e anseios por conquistas do
espaço público
ESTRANHAMENTO: MULHER E NEGRA
  DUPLA CONDIÇÃO DE RACISMO

          *Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz,
          primeira escritora negra no Brasil,
          escrava, começou a escrever Sagrada
          Teologia do Amor Divino das Almas
          Peregrinas com 30 anos, em 1749.
          Teve seu manuscrito destruído por seu
          ex-proprietário.

          *Outras autoras: Teresa Margarida da
          Silva e Orta, Maria Firmina dos Reis,
          Antonieta de Barros, Auta de Souza,
          Carolina Maria de Jesus
A ESCRITORA NEGRA
Em geral a tendência da escritora negra é se engajar na luta do
homem, chamada de geral. A especificidade de ser mulher escritora
que aflora nos trabalhos passa então desapercebida. (...) A arte é
liberdade, libertação. A minha arte é engajada comigo. Eu sou o quê?
Eu sou negra, mulher, mãe solteira, empresária, filha, funcionária,
militante. (...)
Se eu não consigo falar num conto, eu vou falar num poema.
Se eu não consigo no poema, eu escrevo uma novela. Se eu
não consigo numa novela, eu tento um romance. Se eu não
conseguir em nada disso, quem sabe uma história em
quadrinhos resolva? São os meus instrumentos. A literatura é o
meu instrumento. Se eu conseguir me comunicar enchendo o
papel de vírgula, e o leitor entender que eu estou falando do
lugar onde o Brasil se instala, da miserabilidade em que a
população negra se encontra, se eu conseguir falar com
vírgulas, eu vou encher o papel de vírgula. (Miriam Alves)
TEMÁTICA LITERATURA AFROFEMININA




*BUSCA POR IDENTIDADE
*ORALIDADE
*MEMÓRIA
*EXPRESSÃO DO CORPO
*RESGATES DAS RAÍZES AFRICANAS
*REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DA MULHER
*MULHER GUERREIRA X FEMINILIDADE
Nasceu em 1946, numa favela em Belo
Horizonte.
Filha de lavadeira, foi doméstica desde os 9
anos.
Só terminou o Normal com 25 anos e teve
dificuldades para conseguir trabalho como
professora.
Mudou-se para o Rio de Janeiro e foi
aprovada em concurso público para o
magistério e também no vestibular para o
curso de Letras na UFF.




Escreveu poemas, tendo sido alguns deles
publicados nos Cadernos Negros.
Fez o mestrado em Letras da PUC-RJ e o
doutorado em Literatura Comparada pela
UFF.
No conto, questões que envolvem “a vida dos excluídos por razões de natureza étnico-
racial” são apresentadas.

     *As personagens negras passam de “figura escrita” a “figura inscrita” , negro como
sujeito.

    *A cor da pele das personagens é um mero detalhe:
    “(...) Da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela...(...) se tornava uma
grande boneca negra para as filhas.. (...) E também, já naquela época, eu entoava cantos de
louvor a todas as nossas ancestrais, que desde a África vinham arando a terra da vida com suas
próprias mãos, palavras e sangue”

     Resgate das tradições de seus antepassados. A personagem narradora do conto, na sua
busca pela cor dos olhos de sua mãe, procura sua real identidade, pode ser lida como uma
metáfora do retorno às suas origens. Esse movimento reforça a ideia de que a narradora,
embora tenha se distanciado de seu lar e de sua família, não consegue romper com os vínculos
que a ligam ao passado:
     “E assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita. Vivia a sensação de estar cumprindo um ritual,
em que a oferenda aos orixás deveria ser a descoberta da cor dos olhos de minha mãe”

     *Outro problema que também é tematizado no conto é o cotidiano da família que enfrenta
sérias dificuldades o qual é denunciado na escrita de Conceição Evaristo de uma forma poética
e da mesma forma poética é feito em seu conto o resgate do universo cultural trazido pelos
antigos africanos.

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  • 3. Movimentos literários nos EUA, Caribe e Brasil Pontos principais: Desejo de volta à África x Desejo de enraizamento no solo americano Criação da Libéria Impossibilidade de retorno Back to África “o Ser já não é o mesmo” Negritude(Aimé Césaire) (Edouard Glissant) “Ele simplesmente deseja que alguém possa ser ao mesmo tempo Negro e americano sem ser amaldiçoado e cuspido por seus camaradas, sem ter as portas da Oportunidade brutalmente batidas na cara”(Du Bois, 1999, p.54)
  • 4. Movimentos Culturais e Vanguardas Início do século XX *“Descoberta” da ÁFRICA pelos europeus ->Estudos científicos – etnográficos e antropológicos ->Artístico – revolução vanguardista e “arte negra” Les demoiselles d’Avignon – Pablo Picasso
  • 5. Harlem Renaissance Eclosão de literatura, música e crítica social Marcos históricos pré-movimento: *Migração de 2 milhões de negros do sul rural para fábricas do norte; *Ressurgimento da Ku Klux Klan Defesa dos direitos civis dos negros: ->Frederick Douglass - Orador Abolicionista ->Booker T. Washington - Empresário ->W.E.B. Du Bois – Intelectual Em 1920, no Harlem, surge o primeiro movimento artístico de importância, reunindo escritores, músicos de jazz e artistas: Langston Hughes, Claude McKay, Louis Armstrong 1925 – Antologia The New Negro: An Interpretation, de Alain Locke
  • 6. Negritude Criada por Aimé Césaire, Léon Gontran Damas e Léopold Sédar Senghor. Fundam, em 1935, o jornal L’étudiant noir Outros articuladores do período sofreram pressões governamentais Contatos com as vanguardas européias e com o Harlem Renaissance Ideias apoiadas no Marxismo – equalização de recursos, contesta as desigualdades Surrealismo – liberação de forças inconscientes, valorização da arte primitiva Senghor – contribui para a identidade, trazendo conhecimentos da origem africana
  • 7. Outros movimentos no Caribe *Indigenismo e negrismo (Haiti) Indigenismo no sentido de nacional; valorização do vodu e da língua criola (movimento principalmente literário) *Negrismo (Porto Rico, Cuba, República Dominicana) Denúncias da situação do negro *República Dominicana, caso especial Luta com o Haiti (contra o negro, africano, praticante de vodu) Visão do negro como o outro Compreensão superficial da cultura negra
  • 9. Conceito que engloba biologia, práticas políticas e categoria identitária Caráter depreciativo x Caráter afirmativo Ligadas aos conceitos de transculturação e culturas híbridas (no século XX) No Brasil: mestiçagem para eliminar o negro e o índio (branqueamento)
  • 10. Imaginação romântica Ideologia da confraternização Mestiço forte x mestiço com supremacia branca Aculturação Mito da criação do brasileiro: Iracema, Moreninha, Escrava Isaura Imaginação científica Ideias de enfraquecimento do mestiço – inferior e estéril Marca diferenciadora – o mestiço brasileiro se afasta das 3 raças formadoras Imigração para transformar mestiços em branco “fantasia romântica de acreditar no resultado maravilhoso da mistura de raças inteiramente diversas”
  • 11. Nina Rodrigues Gilberto Freyre Paulo Prado Arthur Ramos Impossibilidade de civilizar o negro “Abrasileiramento” Dificuldade de exterminar o mestiço Convivência entre cultura civilizada e primitiva Sociedade culpada das misturas Antagonismo em equilíbrio Negro relaxado e sem moral Mestiçagem desmistificada Luxúria aproximou as raças Abrasileiramento- Ideologia de mestiço superior, Nordeste como reservatório (Era Vargas
  • 12. Representação do Negro na Literatura Brasileira Personagens Escritores Rita Baiana Luiz Gama Bertoleza Machado de Assis Mulato Firmo Cruz e Sousa Raimundo Lima Barreto Poemas da Negra Solano Trindade Personagens de Jorge Amado Carolina de Jesus
  • 13. Literatura Afro-brasileira Abdias Nascimento – quilombismo Diálogo com Hughes, Du Bois, Césaire Década de 70 – Cadernos Negros / Quilombhoje Leis essenciais: *Eu lírico em ascensão *Construção da epopéia negra - Canto dos Palmares e Dionísio esfacelado *Valorização das características físicas e simbólicas negras * Criação de nova ordem simbólica (ressignificação dos elementos culturais e ancestrais)
  • 14. Literatura feminina afro-brasileira *Rompimento com a hegemonia e supremacia masculina; *Função de desenhar e reconhecer existências e práticas sociais diferenciadas entre os gêneros; *CONDIÇÃO FEMININA: PAPEL DISTINTO do masculino, mas não inferior ou desigual; * Desejo de autonomia políticas e culturais e anseios por conquistas do espaço público
  • 15. ESTRANHAMENTO: MULHER E NEGRA DUPLA CONDIÇÃO DE RACISMO *Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, primeira escritora negra no Brasil, escrava, começou a escrever Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas com 30 anos, em 1749. Teve seu manuscrito destruído por seu ex-proprietário. *Outras autoras: Teresa Margarida da Silva e Orta, Maria Firmina dos Reis, Antonieta de Barros, Auta de Souza, Carolina Maria de Jesus
  • 16. A ESCRITORA NEGRA Em geral a tendência da escritora negra é se engajar na luta do homem, chamada de geral. A especificidade de ser mulher escritora que aflora nos trabalhos passa então desapercebida. (...) A arte é liberdade, libertação. A minha arte é engajada comigo. Eu sou o quê? Eu sou negra, mulher, mãe solteira, empresária, filha, funcionária, militante. (...) Se eu não consigo falar num conto, eu vou falar num poema. Se eu não consigo no poema, eu escrevo uma novela. Se eu não consigo numa novela, eu tento um romance. Se eu não conseguir em nada disso, quem sabe uma história em quadrinhos resolva? São os meus instrumentos. A literatura é o meu instrumento. Se eu conseguir me comunicar enchendo o papel de vírgula, e o leitor entender que eu estou falando do lugar onde o Brasil se instala, da miserabilidade em que a população negra se encontra, se eu conseguir falar com vírgulas, eu vou encher o papel de vírgula. (Miriam Alves)
  • 17. TEMÁTICA LITERATURA AFROFEMININA *BUSCA POR IDENTIDADE *ORALIDADE *MEMÓRIA *EXPRESSÃO DO CORPO *RESGATES DAS RAÍZES AFRICANAS *REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DA MULHER *MULHER GUERREIRA X FEMINILIDADE
  • 18. Nasceu em 1946, numa favela em Belo Horizonte. Filha de lavadeira, foi doméstica desde os 9 anos. Só terminou o Normal com 25 anos e teve dificuldades para conseguir trabalho como professora. Mudou-se para o Rio de Janeiro e foi aprovada em concurso público para o magistério e também no vestibular para o curso de Letras na UFF. Escreveu poemas, tendo sido alguns deles publicados nos Cadernos Negros. Fez o mestrado em Letras da PUC-RJ e o doutorado em Literatura Comparada pela UFF.
  • 19. No conto, questões que envolvem “a vida dos excluídos por razões de natureza étnico- racial” são apresentadas. *As personagens negras passam de “figura escrita” a “figura inscrita” , negro como sujeito. *A cor da pele das personagens é um mero detalhe: “(...) Da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela...(...) se tornava uma grande boneca negra para as filhas.. (...) E também, já naquela época, eu entoava cantos de louvor a todas as nossas ancestrais, que desde a África vinham arando a terra da vida com suas próprias mãos, palavras e sangue” Resgate das tradições de seus antepassados. A personagem narradora do conto, na sua busca pela cor dos olhos de sua mãe, procura sua real identidade, pode ser lida como uma metáfora do retorno às suas origens. Esse movimento reforça a ideia de que a narradora, embora tenha se distanciado de seu lar e de sua família, não consegue romper com os vínculos que a ligam ao passado: “E assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita. Vivia a sensação de estar cumprindo um ritual, em que a oferenda aos orixás deveria ser a descoberta da cor dos olhos de minha mãe” *Outro problema que também é tematizado no conto é o cotidiano da família que enfrenta sérias dificuldades o qual é denunciado na escrita de Conceição Evaristo de uma forma poética e da mesma forma poética é feito em seu conto o resgate do universo cultural trazido pelos antigos africanos.