O documento discute como promover a integração entre a família e a escola na educação das crianças. Sugere que o diálogo entre as duas instituições e a participação da família em atividades escolares podem ajudar a desenvolver uma parceria produtiva no processo de ensino-aprendizagem.
Que alternativas poderiam promover a integração da família na escola?
1. Que alternativas poderiam promover a integração da família na escola.
Estamos vivendo em uma sociedade multicultural com inúmeras
variedades e mudanças. Em muitos aspectos estamos perdendo não apenas a
homogeneidade, mas consenso sobre aspectos básicos, como a família, os
valores, a educação. Um dos maiores desafios que enfrentamos é o diálogo
entre as instituições família e escola.
Num longo período, as comunicações entre os espaços de formação
educacional estiveram abaladas, de um lado a escola e suas concepções de
formação do aluno/a e a formação do saber pela busca, pela descoberta, pela
formação de hábitos e atitudes. De outro lado à família, que para subsistir no
mercado de trabalho, reduziu seu tempo de presença na vida de seus filhos/as,
delegando para a escola a formação de seus filhos/as.
Antes do século XVI, a educação era normalmente feita por mestres
que conviviam com os jovens. Estes se afastavam dos pais durante
a adolescência, aprendiam a profissão de ferreiros, produtores de
vinhos, etc. Muitos pagam um preço emocional caríssimo, pois se
isolavam dos pais dos 7 aos 14 anos, prejudicando a relação afetiva
com eles. Quando a escola se difundiu, houve um grande salto
emocional, pois além do ganho educacional que tinham nas escolas
as crianças retornavam todos os dias para o convívio com os pais. A
afetividade entre eles cresceu. Pais abraçavam seus filhos
diariamente. Logo que a escola se difundiu, injetou combustível nas
relações sociais. Foi um belo começo. A família era uma festa. Pais
tinham tempo para os filhos, e os filhos admiravam seus pais. Mas,
nos séculos seguintes, as relações se distanciaram muito. Hoje os
pais e filhos mal têm tempo para conversar. (CURY, 2003, p.138,
139).
Atualmente, a necessidade do diálogo se tornou desafiadora e a
participação dos pais na vida escolar dos filhos/as retoma-se um velho
questionamento: Qual o papel da escola, e qual o papel dos pais na educação
dos filhos/as? É possível assim afirmar que a maior ferramenta para promover
o desenvolvimento integral da criança é o diálogo entre as duas instituições,
desenvolver um trabalho conjunto de parceria.
O ser humano não nasce completo, depende biologicamente e se
constitui como sujeito a partir da qualidade das relações que
2. estabelece. Esse ser é incompleto, pois se humaniza a partir da
apropriação da cultura em que está inserido, das ferramentas sociais
com que tem contato, do seu desejo e do desejo do outro, numa
dinâmica de aprender e conhecer, conhecendo-se. (PAROLIN, 2005,
p.49).
Para que haja um trabalho produtivo no processo de
ensino/aprendizagem das crianças é imprescindível alguns encaminhamentos
na relação entre família/escola. Pontos importantes: - o diálogo para tomadas
de decisões significativas para o andamento escolar; - a participação da família
nos temas de casa; - eventos de construção do conhecimento (jogos, chás
culturais, reuniões de formação, planejamento escolar, desenvolvimento de
atividades em sala de aula e passeios de estudos) com a presença da família.
Pois, os/as educandos/as que se sentem seguros/as e estimulado/as na família
e tem na escola um desempenho mais livre e criativo, “sem medo de errar”, vão
experimentando situações novas e fazendo descobertas, pois educar é
acompanhar pelos caminhos da vida.
Com o diálogo entre educadoras/es e os responsáveis pelos alunos/as é
possível, muitas vezes, solucionar pequenos problemas dentro e fora da sala
de aula: um comportamento diferente, gerado no ambiente familiar, pode ter
causas que o/a educador/ra não tenha conhecimento, mas com uma boa
conversa tudo pode ser esclarecido. A participação dos familiares, junto aos
seus filhos/as nas tarefas, como: realizando leituras, proporcionando um
ambiente rico em conhecimento onde a criança seja livre para perguntar,
contribui para despertar o interesse em conhecer, explorar e faz com que
elas/es, na sala, sejam crianças participativas, absorvendo assim, o
conhecimento gerado no coletivo.
Cada vez mais se faz necessário que escola e a família estabeleçam um
vínculo de comunicação, facilitando a troca mútua, de informações, das
atividades realizadas pelas crianças nas instituições família/escola. Se esse
contanto é mantido com freqüência possibilita a troca de informações referente
ao desempenho das crianças na escola, assim como a família contribuirá com
a escola na prática exercida pela criança no ambiente familiar. “Com essa
3. prática a criança ganha intelectualmente e socialmente, pois permitem-lhe fazer
julgamentos críticos sobre os fatos que a rodeiam”. (FERRARI, 1955, p. 147).
Para que essa parceria aconteça e funcione é importante fazer uso do
diálogo entre família e educadores/as por meio de reuniões, encontros de
formações, participações em atividades de sala de aula, planejamentos
escolares e conversas individuais ou em grupos, visando sempre o bem estar
das crianças. Nas reuniões sugerimos realizar um momento de reflexão, onde
famílias e professores possam conversar, explanar idéias, informar, construir o
caminho percorrido pelas crianças e de como eles poderão contribuir para
melhorar o desenvolvimento dos educandos/as.
A família e a escola não podem ignorar a riqueza que o mundo moderno
coloca ao alcance das crianças.
O relacionamento escola - pais, é um caminho de mão dupla em
constante movimento que merece ser trilhado com máxima atenção.
As crianças levam conhecimentos adquiridos na vivência escolar para
sua relação com os pais, ao mesmo tempo, em que trazem para a
escola conteúdos de sua vivência em casa. (MOREIRA, 1987, p. 44).
A troca de experiências entre ambas: família/escola é fundamental, no
processo de ensino/aprendizagem, pois, é por meio da complementaridade
dessa relação que é possível maior tranqüilidade e segurança entre as
mesmas.
Em meio a tantos desafios em mantermos espaços para que aconteça a
relação de comprometimento no desenvolvimento infantil, entre os
responsáveis dos alunos/as e os educandos/as, precisamos nos manter firmes
no propósito de realizar encontros de formação. E nesses encontros é
significativo trabalhar com os valores humanos.
É função escolar, proporcionar espaço que favoreçam a conscientização
da família em trabalhar temas como: a frustração, a firmeza, as tarefas diárias
4. e limites. Para que isso ocorra, é significativo se for mediado pela interação
com os adultos; nossas crianças são frutos do meio, porém é na relação
familiar que os verdadeiros valores se formam e se consolidam. De nada
adianta os pais darem limites, como assistir a TV só em determinadas horas,
proibir certos tipos de música, cobrar respeito ao próximo, exigir que não falem
palavrão, se eles não cumprem as normas e os valores éticos. As atitudes dos
membros da família valem mais do que mil palavras, pois é através do exemplo
que aprendemos.
Alertar a família nas ações simples e concretas, que possam vir a ajudar
as crianças a assumir responsabilidades de forma coesa e correta, como por
exemplo: ajudar com os afazeres (guardar os brinquedos, limpar a mesa ou
guardar a roupa limpa...), contribuirá para colocar a par da realidade
educacional. A criança que aprende ter responsabilidades, desde pequena,
saberá enfrentar suas dificuldades futuras, em seus problemas cotidianos.
Vivian Pagnussato Zanoni
BIBLIOGRAFIA:
CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, professores fascinantes. Rio de
Janeiro: Sextante, 2003.
FERRARI, Alfonso Trujillo. A família em protengi. Em: Sociologia vol. XVII, n.
2, maio 1995).
MOREIRA, Suley G. Reunião de pais, momentos de troca e
esclarecimento. In: Nova Escola. Ano II, n.12, maio 1987.
PAROLIN, Isabel. PROFESSORES FORMADORES: a relação entre família,
a escola e a aprendizagem. Curitiba: Positivo, 2005.