Este estudo da OCDE conclui que os estudantes portugueses de 15 anos têm desempenhos abaixo da média em ciências, leitura e matemática. A origem socioeconómica tem um maior impacto no desempenho escolar em Portugal do que na média dos outros 57 países estudados. Embora os resultados continuem negativos, tem havido melhorias graduais desde 2000.
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Estudo da OCDE coloca estudantes
portugueses abaixo da média
publicado 17:01 04 Dezembro '07
Os dados revelam que a origem socio-económica dos alunos tem, em Portugal, um peso
mais significativo no desempenho escolar RTP
Os alunos portugueses de 15 anos estão abaixo da média dos estudantes de 57
países no que diz respeito aos conhecimentos científicos, indica um estudo da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Estudo da OCDE coloca estudantes portugueses abaixo da média
Os dados constam do estudo PISA 2006 (Programme for International Student
Assessment), que avaliou, no ano passado, os conhecimentos de 400 mil alunos em
fase de conclusão do ensino obrigatório. O estudo assenta na comparação dos
resultados recolhidos em 30 países-membros da Organização e 27 parceiros. Em
Portugal, cinco mil jovens fizeram as provas.
Na terceira edição do PISA, a ênfase recaiu sobre os conhecimentos científicos,
área em que os jovens portugueses reuniram uma pontuação de 474. Ou seja,
quedaram-se pela 37ª posição na lista dos 57 países avaliados. A média dos países-
membros da OCDE foi de 500 pontos, ao passo que a média global fixou-se em 491.
Em seis níveis de complexidade definidos para a área dos conhecimentos
científicos, 53,3 por cento dos alunos portugueses não ultrapassam o nível dois,
demonstrando um domínio básico das matérias. Apenas 0,1 por cento dos
estudantes demonstram conhecimentos suficientes para integrar o nível seis,
naquela que é a pior cifra entre os membros da Organização.
Apesar destes resultados, a percentagem de estudantes portugueses que
ambicionam prosseguir uma via profissional no domínio da ciência é a mais alta no
conjunto dos países da OCDE. De acordo com os dados do PISA 2006, 38,8 por
cento dos alunos portugueses acalentam o desejo de enveredar por uma profissão
científica, quando a média dos 30 países-membros não vai além de 25,2 por cento.
Embora permaneça negativo, o desempenho dos alunos portugueses nas matérias
da ciência evoluiu favoravelmente por comparação com os anos de 2000 e 2003 - as
pontuações então registadas foram de 459 e 468, respectivamente.
Matemática
Quanto aos conhecimentos de Matemática, os alunos portugueses ficam 32 pontos
abaixo da média da OCDE (498 pontos) e 18 abaixo da média da totalidade dos
2. países analisados (484 pontos) – resultados que não se afastam dos dados
recolhidos em 2003.
Mais de metade dos alunos portugueses de 15 anos distribuem-se, neste domínio,
pelos níveis um e dois. Somente 0,8 por cento evidenciam conhecimentos
compatíveis com o nível mais elevado.
Leitura
No que diz respeito às competências de leitura, os estudantes portugueses reúnem
472 pontos, menos 20 face à média dos membros da OCDE e menos 12
relativamente à média do total de países.
À semelhança dos resultados a Matemática, também nesta área não há mudanças
substanciais por comparação com os dados de 2003.
Preponderância da origem sócio-económica
Os dados do PISA 2006 revelam que a origem sócio-económica dos alunos tem, em
Portugal, um peso mais significativo no desempenho escolar, em comparação com
a média dos 57 países analisados.
No domínio da Matemática, a diferença de desempenhos entre estudantes oriundos
de meios favorecidos e os seus colegas com uma origem sócio-económica menos
abonada é de 95 pontos – 519 contra 424. Em leitura, os resultados são
semelhantes, com os primeiros a somarem 529 pontos e os segundos a ficarem-se
por 421. A disparidade é menos significativa no que diz respeito aos conhecimentos
científicos.
Outro dos factores decisivos prende-se com as habilitações académicas dos pais. No
conjunto dos alunos cujos pais não foram além do terceiro ciclo do ensino básico
(perto de 54 por cento), as pontuações são de 452 nos conhecimentos científicos,
450 em competências de leitura e 446 a Matemática. Por seu turno, os alunos cujos
pais possuem habilitações superiores (22,5 por cento) revelam, respectivamente,
desempenhos médios de 513, 515 e 504 pontos.
Em declarações citadas pela Agência Lusa, o secretário de Estado adjunto da
Educação, Jorge Pedreira, reconheceu que os resultados do estudo da OCDE
“estão aquém do que seria desejável” e sublinham uma “disfunção do sistema
educativo português”.
Para o governante, os resultados devem-se em larga medida às elevadas taxas de
retenção de alunos. Até porque os jovens portugueses que conseguem ter "um
percurso escolar normal" apresentam resultados "acima da média".
"A retenção não é em si própria uma ferramenta que tenha demonstrado
utilidade", afirmou Jorge Pedreira. "É necessário também dar maior flexibilidade
e mais algum tempo às escolas para poderem utilizar devidamente os planos de
recuperação e o apoio diferenciado e individualizado aos alunos".